EU ACHO …

NÃO ENTENDER

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

*** CLARICE LISPECTOR

OUTROS OLHARES

PASSARELA COM CAUSA

Empenhadas em alcançar os consumidores jovens, marcas de luxo contratam ativistas para ocupar o lugar de modelos em suas campanhas

Foi-se o tempo em que a moda fugia da política, preferindo manter-se em um patamar acima das rixas ideológicas. Hoje em dia, com os millenials e suas questões sociais assumindo o timão do consumo no mundo, as grifes deram meia volta e puseram o ativismo na passarela. O movimento, que envolve marcas de luxo, agências de modelo e figuras engajadas em causas variadas, aparece retratado em campanhas, desfiles e tapetes vermelhos com o propósito de fazer barulho. “Há algum tempo a moda procura personalidades que não sejam modelos profissionais para endossar seus produtos”, diz Kátia Lamarca, especialista em pedagogia empresarial e professora do Instituto Europeo di Design (IED). “Agora, essa busca se estende a pessoas conhecidas por seu comportamento político e seu posicionamento”. Atenta ao mercado, a agência IMG, a maior e a mais disputada do setor, que representa estrelas como as irmãs Bella e Gigi Hadid e teve Gisele Bundchen em seus quadros até o fim do ano passado, saiu na frente e, em menos de um mês, fechou contrato com duas jovens que viraram expoentes da juventude engajada: a poetisa Amanda Gorman e a influencer Ella Emhoff. Feministas e superativas nasredes, elas chamaram atenção na cerimônia de posse do presidente americano Joe Biden, em janeiro. Amanda, de 23 anos, ativista da luta antirracismo, leu um poema de sua autoria – vestida de Prada dos pés à cabeça envolvida em uma chamativa tiara vermelha. De lá para cá, apresentou-se em um intervalo do Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano, foi capa da revista semanal Time e recebeu uma avalanche de ofertas de marcas que desejam associar produtos ao seu rosto.

Ella, de 21 anos, estudante de design e empenhada divulgadora da moda sustentável e de campanhas em prol da comunidade transexual, que, ainda por cima, esbanja atitude com axilas não depiladas, é enteada da vice-presidente democrata Kamala Harris e, na posse em Washington, destacou-se pelo visual moderno em um mar de vestidos comportados. Desde então desfilou para a Proenza Schouler na New York Fashion Weck em fevereiro, saiu na capa da revista moderninha Dust e vai assinar uma coleção pura a marca nova-iorquina Batsheva. O alvo das novas campanhas é a chamada geração Z, nascida entre 1995 e 2010. que representa 40%dos consumidores globais e tem poder de compra estimado em 140 bilhões de dólares. De olho nela, a Dior Perfumes lançou em outubro a campanha Dior Stands with Women (Dior Apoia as Mulheres), puxada pelas atrizes Charlize Theron e Natalie Portman – ambas porta-vozes da causa feminista – e composta de vídeos curtos com cientistas, arquitetas, coreógrafas e até uma florista.

Outra marca francesa, a Louis Vuitton, contratou-a como “embaixadora”, posto que nasceu do encontro da moda com o ativismo, a tenista japonesa Naomi Osaka, 23 anos, de pai haitiano, apoiadora de causas sociais – usou máscara do movimemo Black Lives Matter em seus jogos do US Open em 2020. Ainda do mundo do esporte, o jogador Marcus Rashford, do Manchester United, foi contratado pela Burberry em novembro para vestir as roupas da grife e associar seu nome a uma campanha de investimento em jovens empreendedores.

“Atrelar marcas a militantes traz visibilidade e, como consequência, uma melhor relação com seu público”, diz Kátia Lamarca. Mais vendas também: em 2018, a Nike cooptou o jogador de futebol americano Colin Kaepernick, inventor do gesto de se ajoelhar na hora do hino dos Estados Unidos em protesto contra a violência policial dirigida aos negros, e, apesar da enorme controvérsia, as vendas subiram 31% logo na primeira semana da campanha. Como todos os ativistas-modelo costumam ter multidões de seguidores, as grifes marcam as contas pessoais deles nas postagens no Instagram e assim se associam não só à pessoa, mas também a seus posicionamentos e suas escolhas de vida. A moda entrou no ativismo, o ativismo entrou na moda e todo mundo sai ganhando com isso – na conta bancária. Os tempos estão mudando.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 13 DE ABRIL

O ENSINO SÁBIO NOS LIVRA DA MORTE

O ensino do sábio é fonte de vida, para que se evitem os laços da morte (Provérbios 13.14).

As cadeias estão lotadas de homens e mulheres que taparam os ouvidos aos sábios ensinos de seus pais. Os cemitérios estão repletos de vítimas da desobediência. O ensino do sábio é fonte de vida, pois livra os seus pés dos laços da morte. Quem o segue caminha em segurança e usufrui o melhor da vida. Há muitas armadilhas perigosas e mortais espalhadas ao longo do nosso caminho. São laços de morte que nos cercam. São atrativos que apelam ao nosso coração. São prazeres que gritam aos impulsos da nossa carne. São vantagens imediatas que acendem os faróis e nos incitam a buscá-las. O pecado, porém, é um embuste. Embora venha embalado de forma tão elegante e atraente, é um veneno mortal. Não obstante seja agradável aos olhos e desejável ao paladar, é maligníssimo. Quem coloca o pé nesse laço cai na cova da morte. O pecado é enganador. Promete mundos e fundos, mas não tem nada a oferecer a não ser dor, sofrimento e morte. O ensino do sábio, contudo, é árvore de vida. Alimenta e deleita, fortalece e alegra, enriquece e abençoa. Os sábios fogem das trilhas escorregadias, afastam-se do caminho dos pecadores e andam pelas veredas da justiça.

GESTÃO E CARREIRA

GRANDES LÍDERES, GRANDES EDUCADORES

Hoje as empresas buscam muito mais que uma liderança situacional. Com uma liderança educadora, os colaboradores apresentam mais motivação para o desenvolvimento e entrega de resultados

Muito se sabe sobre o papel do líder, aquele indivíduo que precisa mobilizar pessoas na busca de resultados constantes e cada vez maiores. Abraham Lincoln deu uma definição muito sábia para esse papel: ”A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”.

Atualmente, as organizações buscam mais do que alguém que saiba exercer a “liderança situacional”, importante modelo de Hersey e Ken Blanchard no qual o líder se adapta ao perfil de cada profissional. Hoje, o estilo mais procurado pelas empresas é a liderança educadora, um plus da liderança situacional que tem por essência acreditar no potencial da equipe e preparar um ambiente corporativo que estimule a aprendizagem, o desenvolvimento e a adaptação às mudanças.

O líder educador não só ensina, mas também aprende com os liderados. Ele não apenas delega, mas também realiza junto à equipe em busca dos melhores resultados. Isto é, ele não se coloca em uma posição de superior idade que o limita de participar da execução de tarefas, mas conquista o respeito da equipe com as lições diárias de ética, companheirismo, paciência e educação.

Estamos vivendo em um mundo muito mais complexo, em que os líderes atuais precisam ser capazes de atuar de forma mais consistente no desenvolvimento das pessoas no trabalho. É um caminho para que as pessoas estejam mais capacitadas para enfrentar os desafios, possivelmente as soluções que tínhamos para resolver problemas e adversidades já não são as mesmas de hoje.

Para que o processo de aprendizagem seja mais fácil é necessário escolher o treinamento eficaz para sua equipe, considerando as experiências e demandas tanto do grupo como as individuais e exercendo com sabedoria o papel do líder. É importante considerar que o ambiente organizacional está em constante transformação e o clima é mutável e as adaptações contínuas. A concorrência é globalizada e o foco está totalmente nos resultados e inovação.

A liderança educadora verifica constantemente se as pessoas estão motivadas para o desenvolvimento e entrega de resultados no trabalho. Ela consiste em dar apoio e desenvolver as pessoas em suas atividades, fornecendo suporte e orientação, além de motivar para novos desafios, objetivos e situações como o aprendizado de novas competências e tarefas e auxílio nos problemas de relacionamento no trabalho ou queda de desempenho.

Os líderes educadores têm forte empatia pelas pessoas e se interessam pelo trabalho de sua equipe. Investir na capacidade dos liderados significa investir nas organizações, e é por isso que devemos sempre construir novos paradigmas de liderança. Dessa forma, o gestor educador passa a ser uma referência, um modelo.

Existem algumas atividades que estão relacionadas ao dia a dia do líder educador como integração, desenvolvimento da comunicação, gestão do tempo e o desenvolvimento do potencial profissional de sua equipe. Já no contexto pessoal, essa liderança tem algumas características peculiares como postura reflexiva, capacidade de observação, inovação e facilidade em aprender com os outros e com suas próprias experiências.

O líder que possui a essência educativa gerencia sua equipe por meio do diálogo. Ele define sua gestão como um espaço de aprendizagem para o desenvolvimento de novas competências e estimula o compromisso com a equipe e demais pessoas, criando um ambiente melhor de trabalho e possibilitando mais qualidade e inovação.

Um líder educador possui algumas habilidades essenciais. Ele descobre e estimula novos talentos, desenvolve a atenção e o foco, estimula a autoconfiança, tem flexibilidade, cria um ambiente de trabalho em que o reconhecimento e o bem-estar estão sempre presentes. Incentiva o relacionamento interpessoal, a motivação, o desenvolvimento da competência emocional e tolerância às diferenças.

O líder educador está envolvido em um mundo em que o trabalho possui alguns fatores como a competitividade, ênfase em qualidade e mudanças rápidas nas áreas tecnológicas, de responsabilidade social e globalização. Ele busca o desenvolvimento de uma organização que aprende, que define objetivos e cria os resultados que deseja.

Independentemente do contexto em que o líder educador esteja inserido, ele é a pessoa – chave para a integração e o desenvolvimento dos recursos humanos. Ele desenvolve novas habilidades para a construção de uma liderança que é eficaz e transformadora.

EDUARDO SHINYASHIKI – é palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade CreSer Treinamentos, colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros Viva Como Você Quer VM:Y; A Vida é um Milagre e Transforme seus Sonhos em Vida (Editora Gente). Para mais informações: www.edushin.com.br

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR … É POSSÍVEL?

Pessoas com deficiência cognitiva ainda têm dificuldades em encontrar estratégias desenvolvidas em universidades que possam viabilizar a verdadeira inclusão, principalmente no sentido de absorver conteúdos acadêmicos

Pedro é um rapaz de 20 anos de idade. Sempre fora esportista e há dois anos prestou vestibular e foi inserido em uma renomada universidade. Entretanto, há cerca de um ano, um grave acidente automobilístico mudou totalmente sua vida. Pedro teve um traumatismo cranioencefálico. O traumatismo cranioencefálico é uma lesão no cérebro, não de natureza genética ou degenerativa, mas causada por uma agressão externa. Constitui um grande problema na sociedade atual, uma vez que, em sua maioria, atinge jovens em idade produtiva, e como poderemos ver devido, também, aos comprometimentos cognitivos, sociais e emocionais na vida do paciente que sofre tal dano.

Os estudos divulgados em 2010 e 2013 pela Organização Mundial da Saúde são assustadores, indicativos de uma situação mundial muito crítica no trânsito. No ano de 2010, aconteceram 1,24 milhão de mortes por acidente de trânsito em 182 países do mundo.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Prevenção a Acidentes de Trânsito, em São Paulo, de cada dez vítimas de paralisia quatro se envolveram em acidentes de trânsito. As batidas de motos, de carros e atropelamentos agora são a principal causa de lesões na medula.

No caso de Pedro, o trauma ocorreu na parte lateral esquerda da cabeça e parcialmente frontal, afetando importantes áreas cerebrais. O rapaz permaneceu em coma por dois meses, teve comprometimentos na saúde, fraturas diversas e, neurologicamente, lesão axional difusa.

A lesão axional difusa ocorre quando um axônio, ou vários, é destruído ou lesionado. O axônio é uma parte do neurônio prolongada, responsável por passar informações a outro neurônio. Esse processo neural é chamado de sinapse.

O funcionamento sináptico pode ser associado, para efeito de ilustração, àquela antiga brincadeira de telefone sem fio, em que cada neurônio vai passando a informação que recebeu de um outro, para o próximo, sucessivamente, até que essa informação chegue ao seu destino e seja totalmente processada para que haja uma resposta ou para que qualquer outra função cerebral seja acionada.

Quando um axônio é destruído ou lesado significativamente o neurônio inteiro morre. Outros, que dele dependem para receber estímulo, podem morrer também. Nesses casos, a comunicação intraneural fica bastante comprometida, sabendo-se que todas as informações que chegam ao cérebro e requerem uma resposta devem passar por esse processo de comunicação neural.

Houve grave lesão cerebelar, que comprometeu áreas motoras e de equilíbrio, além de comprometimentos neurológicos, muitos deles causados pela lesão axional difusa: fala, leitura e escrita, memória, atenção, funções executivas, velocidade no processamento da informação, abstração foram alguns.

Geralmente, nesses casos de TCE (traumatismo cranioencefálico), o paciente também é afetado na área emocional, podendo apresentar sintomas de estresse pós-traumático, depressão, embora este não tenha sido o caso de Pedro, apesar dele passar a apresentar uma labilidade emocional e excitabilidade.

Apesar de todo o drama pessoal pelo qual passava, o rapaz decidiu lutar, encarando seus novos desafios, passando a frequentar sessões semanais de fisioterapia, musculação, pilates, equoterapia e acompanhamento psicopedagógico, que, desde o início, o ajudaram muito nos processos de reabilitação.

Assim, decidiu continuar seus estudos universitários, mas o grande problema enfrentado agora era justamente manter o curso, com todas as limitações que passara a ter. A universidade, por sua vez, diante do ocorrido, deveria, então, passar a avaliar e lidar com Pedro no regime de inclusão, mas surgia a grande questão: como praticar a inclusão pedagógica na universidade? Quais as estratégias que viabilizariam essa inclusão, na prática? E não só no caso de Pedro, mas nos demais casos que envolvem defasagens em processos cognitivos, como atuar frente ao conteúdo acadêmico?

MUDANÇA DE PERFIL

Quando se fala em inclusão, em instâncias como o ensino superior, logo se pensa em pessoas com deficiência física e acessibilidade, ou em pessoas com deficiência auditiva e visual e a inclusão acontece de uma forma menos complexa, passando-se à tradução do conteúdo didático usando-se o sistema braile ou o de Libras, utilização de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência física e outros recursos próprios para essas situações. Mas e nesse caso, em que um aluno que sofreu um TCE ou por algum outro motivo repentino muda seu perfil cognitivo como estudante, como praticar a inclusão pedagógica? Como incluir no ensino superior alunos com deficiências intelectuais?

No Brasil, pouco se discute esse tipo de inclusão no ensino superior e praticamente inexiste literatura que oriente educadores e gestores nesse sentido, indicando, ainda, uma carência de debates, estudos e criação de estratégias voltadas a esse assunto tão relevante e que merece mais atenção das políticas educacionais e da sociedade.

Quem tem deficiência intelectual ou comprometimentos cognitivos foi sempre visto de forma estigmatizada, como incapaz, diferente, e, portanto, sem condições de frequentar um curso superior, uma vez que o mesmo exige um alto grau de complexidade intelectual para o acompanhamento do currículo acadêmico.

É grande a preocupação e responsabilidade por parte da universidade em preparar seus alunos para o mercado de trabalho. Assim, existe a dúvida a respeito de quais seriam os recursos que deveriam ser utilizados nesse caso. Infelizmente, por falta de preparo, de estratégias, ou mesmo diante da preocupação em formar profissionais de excelência para o mercado, muitas universidades acabam desistindo desses alunos, ao tratarem os casos apenas como uma inclusão social, acolhendo-os, porém sem saber elaborar novas estratégias para promover, de forma individualizada e real, a aprendizagem de cada aluno diante de suas necessidades. Como consequência, o aluno não evolui em seu potencial de aprendizagem, não acompanha o processo e acaba desistindo do seu curso e de seu sonho.

De acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde, 10% da população têm algum tipo de deficiência, sendo que desse percentual 50% têm deficiência intelectual. Existe uma demanda muito grande de alunos com deficiências intelectuais em todas as etapas da educação, além dos casos como o de Pedro, que exigem do sujeito uma readaptação escolar frente a sua nova situação cognitiva.

A Constituição Federal garante, em seu artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, em seu 2° artigo, cita a inclusão no ensino superior, além de outros pareceres e decretos referentes à inclusão no ensino básico, que deixam clara a intenção de apoiar esses alunos na continuidade de seus estudos em outras instâncias.

Segundo a nota técnica n° 4 de 2014, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006), promulgada no Brasil, estabelece o compromisso de assegurar às pessoas com deficiência um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino.

Em termos de legislação, as pessoas com deficiências físicas, assim como aquelas que sofrem com deficiências na área cognitiva, ou ainda as que apresentam problemas de aprendizagem e que podem ser beneficiadas no Regime de Inclusão, estão respaldadas em seus direitos a um processo de educação e escolarização, em todos os níveis que lhes garantam tais necessidades. Porém, na realidade, nem sempre isso ocorre, pois tanto as instituições como os educadores possuem muitas dúvidas ainda a respeito de como praticar essa inclusão, principalmente quando a demanda exige uma flexibilização de conteúdos e de recursos didáticos e metodológicos.

Se na educação básica este se configura um dos maiores problemas para que a inclusão ocorra verdadeiramente, na educação superior o processo é ainda mais difícil, uma vez que a complexidade do conteúdo acadêmico é muito maior e a flexibilidade desse conteúdo exige um trabalho muito minucioso, pois trata-se de um material bastante importante para o futuro profissional do aluno. Sendo assim, qualquer perda nesse conteúdo poderá ocasionar futuramente uma lacuna em sua prática profissional.

DIRECIONAMENTO

As políticas de inclusão preveem alunos no ensino superior, mas falta direcionamento, nesse sentido, aos gestores, coordenadores, pedagogos e professores universitários a fim de prepará-los para essa inclusão, para o trabalho a ser realizado com a metodologia que envolve esta flexibilização, enfim, em relação à criação de novos recursos pedagógicos e didáticos para esta demanda de alunos.

Os recursos e as estratégias deverão, ainda, ser escolhidos de acordo com as necessidades dos alunos mediante casos diferentes de inclusão. Sendo assim, eles sempre serão individualizados, direcionados a cada caso e necessidade em particular.

Um aluno que dentro desse contexto possui áreas como a atenção e memória debilitadas em grau leve poderia, por exemplo, fazer uso de aparelho gravador em sala de aula, recorrendo a outro tipo de estratégia para a recepção e o processamento da informação, que lhe garanta posteriormente a repetição das aulas, para estudo. Já outro aluno, que tenha esse quadro de forma mais severa, precisará de outro recurso, pois apenas essa mudança didática não suprirá suas necessidades.

Pedro, por exemplo, necessita de alguém que leia e medie sua interpretação, direcionando sua inferência sobre o conteúdo a ser aprendido. Dessa forma, para os estudos, necessita de um tutor que o auxilie no processo de aquisição de novos conhecimentos, uma vez que as habilidades necessárias para esse processo foram comprometidas.

As avaliações e o próprio conteúdo disciplinar podem ser adaptados, de acordo com a necessidade individual do aluno, diante de seu problema. Dessa forma, para que esse atendimento seja realizado, faz-se necessária a presença de um psicopedagogo ou outro profissional capacitado, que, estudando caso a caso, consiga criar estratégias didáticas e metodológicas para garantir a esses alunos acessibilidade ao ensino em condições de igualdade com os demais alunos, como a lei prevê.

Cabe aqui salientar ainda, segundo Werneck (1997), que, de acordo com a ONU, alguns fatores que interferem na inclusão são a ignorância, a negligência e o medo. Esses fatores, diz o estudioso, são mantidos certamente pela desinformação a respeito das deficiências e inclusão.

DIFERENÇA

Há uma grande diferença entre integração social e inclusão escolar. Na primeira opção, o aluno é acolhido, tratado com respeito e carinho, mas precisa se adaptar ao ensino, procurando estratégias, mediadores fora da instituição, para acompanhar o ritmo de sua série escolar. Já a segunda funciona de forma contrária, ou seja, é a instituição escolar que se adapta ao aluno, em todos os sentidos e não apenas no aspecto físico.

Não é o fato de estar dentro da sala de aula, matriculado, acolhido pelos grupos discente e docente que fará com que esse aluno, que tem necessidades diferenciadas, esteja incluído.

E não se pode falar em inclusão se houver ainda escolhas diante de quais alunos poderiam estar mais preparados para serem incluídos pedagogicamente, ou quais seriam aqueles que responderiam melhor a essa inclusão.

Os professores nesse processo julgam-se despreparados e impotentes frente a essa realidade. Reclamam, sentem-se sozinhos, dizem não terem estudado para enfrentarem tais situações, sentem-se receosos ao que podem, devem ou não fazer diante desses alunos, ou seja, como mudar e adaptar sua prática pedagógica às diferentes situações de inclusão que lhes são impostas. E, então, muitas vezes desistem, até mesmo receosos em pedir ajuda, ou, ainda pior, sem saberem a quem recorrer.

Assim, antes de qualquer atitude frente à inclusão, o primeiro passo para se chegar a ela é a capacitação do professor nessa área. Obviamente, ele não precisa, necessariamente, nem obrigatoriamente, de uma especialização em educação especial, mas sim de estratégias para saber lidar com o aluno com deficiência, assim como, juntamente com um profissional especializado (aí, sim, um especialista em educação especial ou um psicopedagogo), ser capacitado a adaptar seu conteúdo disciplinar, seu processo avaliativo e sua didática a fim de alcançar esse aluno com dificuldades, possibilitando ao mesmo o acesso a esse material, no sentido de promover, ao máximo, seu potencial frente ao processo de aprendizagem.

De acordo com Pires (2006), “é o reconhecimento das desigualdades que nos constroem enquanto humanos e sociais, através da valorização das diferenças que dão sentido à complexidade dinâmica do ser humano”.

Nesse sentido, um olhar sensível e aguçado, criatividade, conhecimento do assunto e ousadia são habilidades indispensáveis ao professor em sua práxis frente ao desafio da inclusão, que já faz parte da realidade educacional.

AVALIAÇÃO

Tratando-se de inclusão de aluno com comprometimentos cognitivos, este deveria, previamente à matrícula, passar por avaliação neuropsicológica, para que, ao chegar à instituição escolar, os profissionais que o recebessem conseguissem, mediante seu laudo, elaborar os processos necessários de adaptação, que vão diferir, como dito antes, dependendo de cada caso.

Para que esse processo ocorra há necessidade da presença desse profissional capacitado na área, seja como consultor, coaching ou mesmo parte da equipe pedagógica, que dará esse suporte necessário ao corpo docente no processo de mediação entre o aluno de inclusão e seu processo de aprendizagem. É certo que não existem receitas prontas e muito menos aquelas que se aplicam de maneira generalizada. Cada caso é individual e exige um olhar também individualizado, criativo e humanitário e estimulado, enquanto aluno acadêmico.

Pedro continua otimista e não quer desistir de seu curso. Porém, sabe o quanto essa etapa de sua vida lhe será mais difícil. Espera ser realmente compreendido por sua universidade em suas necessidades.

Falar em inclusão exige uma quebra de paradigmas educacionais e sociais. A ideia de uma escola e de uma sociedade inclusiva baseia-se na aceitação da diversidade em todos os sentidos e vemos que o nosso país está, apenas, engatinhando nessa nova filosofia de vida. A jornada está só começando!

A NOVA LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO

A lei Brasileira de Inclusão, recentemente aprovada no Senado Federal e sancionadas pelo Executivo com vetos, apresenta uma série de avanços em relação aos direitos das pessoas com deficiência. Entre os muitos artigos, alguns se relacionam especificamente às pessoas com deficiência cognitiva. O artigo 6°, por exemplo, diz que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para se casar ou constituir união estável: exercer direitos sexuais e reprodutivos: exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar: conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária, exercer o direito à guarda. à tutela, à curatela e à adoção. em igualdade de oportunidades em relação aos demais. Dentro do tema, as pessoas com deficiência intelectual só poderão receber curatelas protetivas e não restritivas, aquelas que tiravam direitos básicos, como casar, votar, ser votado e até mesmo retirar a Carteira Nacional de Habilitação, salvo exceções.

Estão contemplados benefícios que dizem respeito à inclusão na sociedade em seus amplos aspectos, como trabalho, educação, moradia, entre outros.

ORIGEM DA LIBRAS

A língua Brasileira de Sinais teve sua origem a partir do Alfabeto Manual Francês. que chegou ao Brasil no ano de 1856. Um surdo natural daquele país, Ernest Huet, veio ao Rio de Janeiro a passeio e observou um grupo de surdos perdidos e mendigando na praia. Preocupado com a falta de comunicação dessas pessoas, passou a se dedicar voluntariamente ao ensino dessa língua. Os brasileiros logo aprenderam e divulgaram por todo o país. A Libras é formada pelos componentes pertinentes às línguas orais, como semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos, preenchendo os requisitos científicos para ser considerada instrumento linguístico de poder e força. Embora possua todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demande prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua, a Libras se distingue do Português, como língua oral. A diferença básica entre as duas modalidades de língua não está no uso de aparelho fonador ou na utilização das mãos no espaço, mas em certas características da organização fonológica das duas modalidades: a linearidade, mais explorada nas línguas orais, e a simultaneidade, que é marca básica das línguas de sinais. Todos os sinais que se incorporam ao léxico usam os parâmetros considerados gramaticais.

AVANÇO

Segundo o Ministério da Educação, o Brasil quadruplicou o número de pessoas com deficiências matriculadas no ensino superior nos últimos anos. Esse número passou de 145 mil em 2003 para 698 mil em 2014. Na rede federal de educação superior, esse índice quintuplicou, passando de 3.705 alunos para 19.812 no mesmo ano.

Esse índice é o resultado de avanços em políticas públicas inclusivas, que, através da legislação, asseguram o direito à educação aos portadores de necessidades especiais, sejam elas físicas, sensoriais, intelectuais, ou outras, no sentido de se vencer o desafio da universalização do acesso à educação, como um direito de todos.

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