Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece. E nem ao menos posso fazer o que uma menina semiparalítica fez em vingança: quebrar um jarro. Não sou semiparalítica. Embora alguma coisa em mim diga que somos todos semiparalíticos. E morre-se, sem ao menos uma explicação. E o pior – vive-se, sem ao menos uma explicação. E ter empregadas, chamemo-las de uma vez de criadas, é uma ofensa à humanidade. E ter a obrigação de ser o que se chama de apresentável me irrita. Por que não posso andar em trapos, como homens que às vezes vejo na rua com barba até o peito e uma bíblia na mão, esses deuses que fizeram da loucura um meio de entender? E por que, só porque eu escrevi, pensam que tenho que continuar a escrever? Avisei a meus filhos que amanheci em cólera, e que eles não ligassem. Mas eu quero ligar. Quereria fazer alguma coisa definitiva que rebentasse com o tendão tenso que sustenta meu coração.
E os que desistem? Conheço uma mulher que desistiu. E vive razoavelmente bem: o sistema que arranjou para viver é ocupar-se. Nenhuma ocupação lhe agrada. Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor estraçalhou- se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia. E criaram o Dia dos Analfabetos. Só li a manchete, recusei-me a ler o texto. Recuso-me a ler o texto do mundo, as manchetes já me deixam em cólera. E comemora-se muito. E guerreia-se o tempo todo. Todo um mundo de semiparalíticos. E espera-se inutilmente o milagre. E quem não espera o milagre está ainda pior, ainda mais jarros precisaria quebrar. E as igrejas estão cheias dos que temem a cólera de Deus. E dos que pedem a graça, que seria o contrário da cólera.
Não, não tenho pena dos que morrem de fome. A ira é o que me toma. E acho certo roubar para comer. – Acabo de ser interrompida pelo telefonema de uma moça chamada Teresa que ficou muito contente de eu me lembrar dela. Lembro- me: era uma desconhecida, que um dia apareceu no hospital, durante os quase três meses onde passei para me salvar do incêndio. Ela se sentara, ficara um pouco calada, falara um pouco. Depois fora embora. E agora me telefonou para ser franca: que eu não escreva no jornal nada de crônicas ou coisa parecida. Que ela e muitos querem que eu seja eu própria, mesmo que remunerada para isso. Que muitos têm acesso a meus livros e que me querem como sou no jornal mesmo. Eu disse que sim, em parte porque também gostaria que fosse sim, em parte para mostrar a Teresa, que não me parece semiparalítica, que ainda se pode dizer sim.
A presença constante na internet, em especial em plataformas de videoconferência, faz surgir um novo tipo de neurose comportamental
O advogado e comentarista Jeffrey Toobin, muito conhecido nos Estados Unidos por seu trabalho na revista The New Yorker e na CNN, viveu um incidente no mínimo inusitado dois meses atrás. Ao que tudo indica, ele esqueceu a câmera do computador ligada em uma videoconferência, via plataforma Zoom, e acabou cometendo um erro fatal para sua carreira: foi flagrado se masturbando. Sem fazer juízo de valor quanto às preferências de Toobin, o caso traz à tona uma preocupação crescente das pessoas que trabalham remotamente: o risco de ser pego em situações delicadas e o estado de constante alerta para evitar que isso aconteça.
Apelidado de Fobo, fear of being on (medo de estar on-line), o receio está virando neurose. Sinal dos tempos, o aumento vertiginoso do uso de aplicativos e plataformas de videochamada gera pensamentos paranoicos. Desliguei a câmera? Cliquei para fechar o som antes de gritar com o cachorro? Lavei o rosto antes de entrar na reunião? Será que viram o que esqueci na estante atrás de mim?
Uma vez que a adoção de reuniões remotas é um procedimento que veio para ficar – Google Meet e Zoom ganham cada vez mais usuários -, a única forma de combater o medo de gafes e descuidos é adotar alguns hábitos compulsórios quando for entrar on-line, seja pelo computador, seja pelo smartphone. Especialistas recomendam conferir a aparência e o modo como está vestido, exatamente como se fosse uma reunião presencial. É sempre bom dar uma olhada no ambiente antes de começar: o lugar da reunião precisa ser apropriado, silencioso e discreto. Quanto ao sistema de bloqueio de som e imagem, aconselha-se dominar completamente o dispositivo que estiver usando. Além disso, toda vez que terminar de falar, é melhor apertar “mudo”. Se virar um hábito natural, deixará de ser neurose, como quando se ganha experiência ao dirigir e os movimentos se tornam naturais.
O medo de estar on-line, embora possa parecer tolo, não é gratuito. Afinal, um incidente aparentemente banal é o suficiente para gerar embaraços que vão desde o desconforto entre colegas até a demissão, como ocorreu com Toobin. Além das inconfidências auto infligidas, a privacidade está sujeita a ataques de terceiros. No ano passado, foi descoberta uma falha no Zoom que permitia que hackers controlassem a câmera de computadores, inclusive para invadir reuniões e videochamadas caso não estivessem protegidas por senha.
Vale destacar que ameaças à privacidade não se concentram apenas no Zoom. À medida que atraem mais usuários, sites e aplicativos estão sujeitos a fraudes e exposição externa. Sob diversos aspectos, o mundo virtual é uma guerra sem trégua entre provedores de serviços e criminosos – uma dança interminável de inteligência e contrainteligência. O Zoom tem sido o alvo preferido, pois ocupa a primeira posição na preferência dos usuários. Embora exija cautelas, o fenômeno não deveria ser motivo de pânico, uma vez que falhas de segurança costumam ser detectadas e corrigidas, na maioria dos casos, em questão de horas pelas plataformas.
O termo Fobo foi criado pela designer Holly Allen, do site Slate. Segundo ela, o medo de estar on-line é definido como uma ansiedade que culmina na necessidade de verificar se a pessoa está mesmo invisível aos olhos da tecnologia – algo que, na prática, ninguém pode garantir. Na verdade, a sigla é uma variação do Forno, seu primo mais conhecido, acrônimo de fear of missing out, ou medo de ficar de fora, que consiste na vontade irrefreável de absorver todo o conteúdo possível das redes sociais, sem perder nenhum show, notícia, anúncio ou atualização no Facebook, por exemplo. Igor Lemos, psicólogo da escola Cognitiva Scientia, acredita que a pandemia funcionou como um gatilho para disparar sintomas que já existiam, aumentando sua frequência: “Muito antes de 2020, eu já tinha pacientes que relatavam sintomas desse tipo, como medo preocupante de fazer ligações sem querer”. No Brasil, estima-se que a dependência digital já atinja mais de 4,3 milhões pessoas, 25% delas adolescentes. O índice brasileiro de permanência na internet é um dos mais altos do mundo: mais de nove horas em média, contra menos de sete horas de outros países.
O problema de tendências como o Forno e o Fobo, segundo estudiosos do assunto, é que suas cicatrizes podem ser mais duradouras e profundas do que se pensa, afetando o comportamento social e a saúde mental. Pensamentos obsessivos, que geram perturbações emocionais e apreensão, não são inteiramente compreendidos pelas pessoas. Mais alarmante é o fato de que são poucos os brasileiros que buscam informações sobre as consequências advindas do uso exagerado da internet. Por outro lado, abrir mão dos serviços que o mundo virtual oferece não seria prático. Estudo a distância, transferências financeiras, compras e, no caso em evidência, comunicação remota com colegas de trabalho são atividades já efetivamente implementadas na sociedade. O melhor é se adequar a elas, seguindo as regras da boa convivência. Se começar a relaxar demais, lembre-se do flagrante de Toobin.
Quem procura o bem alcança favor, mas ao que corre atrás do mal, este lhe sobrevirá (Provérbios 11.27).
Você encontra aquilo que procura. Se a sua vida é uma corrida atrás do bem, você será respeitado e verá cumprido o seu desejo. Porém, se você corre atrás do mal, ele virá ao seu encontro. O filho pródigo deixou a casa do pai e partiu para um país distante. Gastou o dinheiro em rodas de amigos e com prostitutas. Viveu dissolutamente e esbanjou irresponsavelmente sua herança. Acabou colhendo o que semeou. Ficou sem dinheiro no bolso e sem amigo na praça. A fome o torturava, até que ele foi parar num chiqueiro. Ele buscou o mal, e o mal lhe deu um abraço apertado. Esse jovem, então, caiu em si e lembrou-se do pai e de como tinha pão com fartura na casa paterna. Arrependido do seu erro, resolveu voltar para o pai. Sabedor de que havia sido inconscientemente feliz na casa do pai, estava agora conscientemente infeliz no país distante. Ao colocar o pé na estrada da volta, encontrou o pai de braços abertos. Disposto a ser apenas um trabalhador, recebeu de volta a posição de filho. Porque o filho pródigo procurou o bem, alcançou o favor do pai. Faça você o mesmo. Busque o bem, empenhe-se por alcançá-lo, e ele virá ao seu encontro. Deteste o mal, e ele fugirá de você.
Em uma sociedade polarizada por opiniões radicais e verdades únicas, ganham as empresas que estimulam a diversidade cognitiva, prática baseada no diálogo e no respeito ao outro
Embora extremamente importante, a diversidade vem sendo tratada em diferentes níveis de maturidade, dependendo da companhia. Algumas sequer iniciaram a discussão, apesar de serem muito cobradas pela geração predominante no mercado – os nillennials, que consideram a inclusão essencial no ambiente de trabalho, segundo o estudo lnclusion insights, da Deloitte. Outras avançaram olhando para equidade gênero, enquanto poucas, mas representativas, já estão desenvolvendo ações afirmativas em quase todos os pilares: gênero, raça e etnia, geracional, social, LGBTI+, e por aí vai.
Mas chegou a hora de dar um novo passo para garantir outro tipo de diversidade: a cognitiva, que depende de um ambiente em que opiniões contrárias sejam debatidas, refutando-se polarizações – tão comuns nos dias de hoje. É daí que vem o verdadeiro ganho com a questão da diversidade: extrair a melhor solução a partir de olhares divergentes. “Estamos vivendo em um mundo dividido, e as empresas ganham a responsabilidade de contribuir para a mudança na sociedade, afirmando: ‘Aqui nós aceitamos o debate e opiniões diferentes das nossas”, diz Antônio Salvador, líder de negócios de career para o Brasil da consultoria Mercer.
Claro que, em um país como o Brasil, com um dos maiores índices de desigualdade do mundo, a diversidade cognitiva precisa fazer parte de uma política ampla de busca por representatividade. “Uma coisa é tratar a questão cognitiva por si só na Suécia, onde quase não há desigualdade de renda. Mas nossa realidade não está pronta para contemplar apenas a diversidade de pensamento”, diz Liliane Rocha, fundadora da Gestão Kairós, consultoria especializada em diversidade e sustentabilidade. “Se defendermos somente essa ideia, se tornará cômodo para o conselho falar que estão contemplando a diversidade cognitiva, quando estará trabalhando nisso dentro dos 87% de executivos que são homens brancos.”
PONTOS DE ATENÇÃO
Ter pessoas de diferentes origens num grupo aumenta a chance de o pensamento diverso acontecer. Liliane pontua, por exemplo, que, por mais que uma mulher negra da periferia tenha estudado numa instituição de ensino elitizada, ela terá uma visão de mundo marcada por sua origem, que será diferente da visão da maioria de seus colegas.
Mas, segundo Ana Carolina Souza, neurocientista e sócia fundadora da Nêmesis, consultoria especializada em neurociência organizacional, a diversidade por si só não assegura a pluralidade de raciocínio. “Quando trazemos pessoas de realidades diferentes, espera-se que elas tenham visões de mundo diferentes, mas não garantimos isso com amplitude. Então entramos nessa necessidade de olhar para a diversidade cognitiva, porque ela precisa necessariamente refletir uma diversidade de pensamento, de perspectiva, e ai, sim, aumentamos o potencial de criação.”
A diversidade cognitiva está relacionada à personalidade dos indivíduos, já que cada um tem uma maneira de reunir e processar informações, de tomar decisões e de comunicar. Diante de situações de ganhos e perdas, enquanto alguns focam as recompensas, outros concentram-se nos prejuízos – e aí está um exemplo de distinção cognitiva. Estudos sugerem que os times que entregam melhores resultados são aqueles em que se consegue aproveitar as diferenças para encontrar soluções e resolver desafios.
Uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review chegou à conclusão de que as equipes resolvem problemas com mais rapidez quando são cognitivamente mais diversas. O time de pesquisados autores britânicos Alison Reynolds e David Lewis desafiou grupos com diversidade de fenótipos e outros com comprovada diversidade cognitiva (identificada após a aplicação de testes) por mais de 100 vezes nos últimos 12 anos. O resultado foi que alguns grupos se saíram excepcionalmente bem e outros incrivelmente mal, independentemente da diversidade de gênero, etnia e idade. Um aprofundamento do exercício, por sua vez, mostrou uma correlação significativa entre alta diversidade cognitiva e alto desempenho.
“Não podemos detectar facilmente a diversidade cognitiva de fora. Ela não pode ser prevista ou facilmente orquestrada. O próprio fato de ser uma diferença interna exige que trabalhemos duro para superá-la e aproveitar seus benefícios”, explicam os autores em artigo.
VIÉS FUNCIONAL
Um inibidor à divergência de pensamentos pode ser o excessivo enquadramento cultural exigido pelas empresas. Quando um novo funcionário entra na companhia e logo é ensinado sobre como deve se comportar, o que é aceitável em determinados fóruns de discussão, o dress code rigoroso que precisa seguir e o par que o orientará quanto ao modo de conduzir suas tarefas, ele já está abrindo mão de sua forma própria de executar e pensa r – o que vai minando o raciocínio diverso.
“Se eu entrego o que precisa ser entregue, por que tanto apreço ao como? A expressão é de cada um. O que importa é a performance, e não a forma. Acredito que as empresas estejam migrando para esse olhar”, explica a neurocientista Ana Carolina, da Nêmesis.
Segundo os autores do artigo publicado na Harvard Business Review, a tendência é que as pessoas gravitem em torno de colegas que pensem e se expressem de maneira parecida. Como resultado, as organizações geralmente acabam com equipes com ideias semelhantes. Quando isso acontece, dizem os pesquisadores, “temos o que os psicólogos chamam de viés funcional – e baixa diversidade cognitiva”. O viés funcional nada mais é do que seguir o padrão e fazer tudo de acordo com o que o grupo legitima como correto.
A mesma máxima torna-se realidade quando lideranças muito conservadoras e autoritárias tentam imprimir sua forma de agir e realizar em todos os membros do time. Alison Reynolds e David Lewis dizem que “as pessoas gostam de se encaixar, então elas são cautelosas ao não arriscar o pescoço. Quando temos uma cultura forte e homogênea (por exemplo, uma cultura de engenharia, uma cultura operacional ou uma cultura relacional), reprimimos a diversidade cognitiva natural nos grupos por meio da pressão para se conformar”.
Para superar essas barreiras, é importante que os processos de recrutamento identifiquem, além do alinhamento cultural, a diferença de pensamento e recrutem com foco na diversidade cognitiva. E, mais do que isso, como líder, é importante saber estimular um ambiente de discussões saudáveis. Portanto, diante de uma situação nova, incerta e complexa, em que todos concordam sobre o que fazer, encontre alguém que discorde – e valorize essa atitude. O embate se faz necessário.
BOA BATALHA
Um ambiente de conflito respeitoso estimula a inovação. Isso porque a convivência com grupos diversos, em um contexto aberto à discussão, provoca o fenómeno da neuroplasticidade, ou seja, a formação de novas conexões cerebrais que são construídas diante de novidades e durante a troca de experiências – favorecendo, dessa forma, o processo criativo e o aprendizado.
A interação com diferentes formas de pensar e de avaliar o mesmo cenário mantém o cérebro constantemente desafiado, estimulando o pensamento criativo. “Quanto mais convivemos com pessoas diferentes, mais diminuímos a força dos vieses. Ganhamos multiplicidade e passamos a entender que não existe um caminho 100% certo “, explica Ana Carolina.
Autores do livro The Best Team Wins (“O melhor time ganha”, numa tradução livre, ainda sem edição em português), os americanos Adrian Gostick e Chester Elton dedicaram um capítulo para tratar conflitos após estudarem 860.000 profissionais de empresas de diversos setores. A conclusão foi que em grupos onde inexistem contestação e divergências os resultados são menos inovadores e produtivos. Para evitar que tudo seja feito sempre da mesma forma, é preciso que as equipes discordem – e, como mágica, novas ideias surgem. Segundo o livro, bons lideres promovem fóruns de discussão com temas específicos e dão espaço para que os liderados discordem de tudo e de todos, inclusive deles. O primeiro passo é cultivar um ambiente onde as pessoas saibam que podem se manifestar, fazer perguntas e expressar divergências.
Fazer isso é promover o que especialistas chamam de respeito cognitivo, ou seja, a capacidade de criar uma conexão geral e disseminar o entendimento de que cada pessoa tem uma perspectiva válida, mas talvez diferente.
Outra regra é ouvir com respeito, ouvir para aprender e, em seguida, ter curiosidade em construir a partir de ideias novas, em vez de adotar uma visão competitiva. “Valorizar a diversidade é conviver de forma harmônica”, diz Liliane, da Gestão Kairós.
Segundo a neurocientista Ana Carolina, para construir esse caminho as empresas têm investido muito nos aspectos de empatia, lógica de confiança e abertura de diálogo, “Promovendo, assim, um espaço onde é possível discordar, e onde o erro é aceito de maneira saudável, como busca por aprendizado. Trabalhar diversidade cognitiva sem trabalhar soft skills não muda a cultura”, explica.
Outra possibilidade é garantir a mensagem já no momento do recrutamento. “Empresas têm adotado um modelo onboard diferente para garantir que as pessoas coexistam e interajam entre si, independentemente de suas personalidades”, afirma Antônio Salvador, da Mercer Brasil.
MUDANÇAS NO PROCESSO
A Braskem, multinacional brasileira da indústria química, está avançando em seu programa de diversidade. Criado em 2014 com foco em aumentar a participação de mulheres no setor, expandiu a atuação, definindo em 2015 os pilares do programa que agora atinge todos os grupos minorizados. Para o próximo ano, a companhia fará reajustes no recrutamento dos estagiários com objetivo exatamente de aumentar a diversidade cognitiva.
“Muitos candidatos esbarravam nas questões de raciocínio lógico, que exigiam aptidão em matemática, e essa não era uma necessidade para todas as vagas”, diz Fernanda Tognolli, analista de employer branding da Braskem e responsável pelo programa de estágio. “Nossa empresa tem uma origem tecnicista, e precisamos de outros tipos de inteligência para agregar transformações à organização”, completa Debora Gepp, responsável pelo programa de diversidade e inclusão da Braskem. Assim, o processo terá uma avaliação diferente: um jogo em que os candidatos vão simular a tomada de decisão diante de um desafio da companhia. “Todas as respostas estarão certas, mas elas dirão respeito como a pessoa pensa, age e toma decisões. Com base nesse teste, vamos identificar a aderência do candidato a determinada vaga”, explica Fernanda.
Isso é interessante porque, com a substituição das provas de matemática pelo teste de tomada de decisão, a Braskem recruta com mais diversidade cognitiva e amplia o escopo dos candidatos: não serão apenas os que tiveram acesso a uma educação mais privilegiada que terão a chance de ser aprovados. “O processo fica mais orientado a trazer profissionais com diferentes perspectivas, diferentes repertórios e comportamentos aderentes do que esperamos. A gente valoriza as competências comportamentais”, diz Débora. “Com isso, esperamos ter um ambiente de mais inovação e disrupção de processos, com pessoas que questionem nosso modus operandi.”
Para promover um ambiente em que os funcionários se sintam à vontade para questionar, a Braskem está investindo em transformações como flexibilização do código de vestimenta e inserção de duas novas competências na avaliação de desempenho: vulnerabilidade (poder errar e não ter todas as respostas) e adaptabilidade (ser flexível e se adaptar a diferentes cenários e pessoas). “Com isso, espera se que as pessoas sintam que podem se expressar verdadeiramente aqui”, diz Fernanda.
MAPEAR É PRECISO
Na Visa, a área de recursos humanos tem aplicado o mapeamento de perfis para identificar as diferenças cognitivas representadas nos times. Recentemente, o setor de marketing recebeu um novo gestor e, para promover uma atividade de aproximação e reconhecimento de toda a área foi aplicada a metodologia insights discovery, que mapeia dados da personalidade de todos os membros da equipe, independentemente do nível hierárquico. “Pela ferramenta conseguimos perceber o estilo, as características de cada um na tomada de decisão, na influência e no relacionamento interpessoal”, afirma Priscila Mônaco, diretora de RH da Visa. Como resultado, os profissionais recebem um relatório detalhado com a análise do comportamento e dos pontos fortes e fracos.
“Compartilhamos qual é o estilo de pensamento e de trabalho de cada um e focamos o modo corno devemos nos comunicar e nos relacionar com cada pessoa, conforme seu jeito. Isso corrobora para uma equipe mais harmônica”, explica Priscila.
Além de se entenderem melhor, os membros dos times acabam ficando mais confortáveis em se expressar verdadeiramente, já que são compreendidos por suas maneiras de pensar. Incentiva-se, dessa forma, um ambiente respeitoso cognitivamente.
Outra vantagem é fazer ajustes para conquistar mais diversidade. “Quando olhamos os resultados, percebemos que tínhamos muita gente do mesmo perfil atuando junta. Entendemos que valia fazer algumas mudanças e trocamos alguns profissionais entre áreas”, afirma a diretora de RH. Ela ainda garante que as equipes que sofreram os ajustes tiveram melhora na performance.
Afinal, com pessoas com o mesmo comportamento, é impossível fazer diferente.
DISCORDAR FAZ PARTE
Veja cinco passos para estimular o pensamento diverso
1. Não punir quem discordar do status quo; ao contrário, incentivar esse comportamento
2. Criar ambientes em que os funcionários se sintam seguros para dar suas opiniões, mesmo que divergentes
3. Capacitar as lideranças para ouvir atentamente ideias fora do padrão e avaliar como os insights devem ser aplicados
4. Mapear os estilos de comportamento e de pensamento das equipes para fazer intercâmbios de pessoas que pensem de maneiras diferentes. Isso diminui a homogeneidade na tomada de decisão.
5. Desenhar programas de recrutamento que ampliem a diversidade, seja atraindo grupos minorizados seja tirando as amarras de testes que padronizem os candidatos
As expectativas do paciente têm enorme influência sobre o sucesso do tratamento e as alterações metabólicas do corpo e do cérebro desencadeadas por placebos já são mensuráveis. O efeito desses agentes é provocado não apenas pela crença, mas por condicionamento
O senhor Wright sofria de câncer terminal. Os médicos já sabiam que só lhes restava tentar diminuir seu sofrimento. No entanto, ele estava confiante: tinha ouvido falar em um novo medicamento chamado Krebiozen – e queria ser tratado com ele de qualquer jeito. Em 1957, o psicólogo Bruno Klopfer (1900-1971), da Universidade da California, em Loa Angeles, descreveu o histórico clínico do paciente no artigo “Magnitude da influência psicológica sobre o câncer. Wright recebeu sua primeira injeção numa sexta-feira. No fim do dia, o médico responsável deixou no hospital um homem com dificuldades para respirar, febril e acamado. Mas na segunda-feira ele já estava passeando alegre pelos corredores e conversando com as enfermeiras. E o mais importante: nos três dias seguintes à aplicação da droga os tumores foram reduzidos á metade do seu tamanho.
Dois meses depois, surgiram na mídia vários relatos controversos sobre a eficiência do Krebiozen que deixaram o senhor Wright bastante inseguro. Ele sofreu uma recaída. Foi então que seu médico decidiu enganá-lo: disse-lhe que a medicação expirava após certo tempo, mas havia agora um outro Krebiozen “melhorado”, duas vezes mais eficiente, recém-lançado. O paciente entusiasmou-se e o médico aplicou-lhe uma injeção – que não tinha uma única molécula do medicamento. Mesmo assim, melhorou ainda mais que da primeira vez: os tumores simplesmente desapareceram.
Tais casos dramáticos sugerem que a expectativa de um paciente em relação ao tratamento tem uma enorme influência: aparentemente, o estado de saúde de Wright dependia fortemente de sua crença no Krebiozen, cuja efetividade, aliás, logo foi contestada. Mesmo as injeções sem nenhuma substância ativa levaram a um sucesso evidente. Nesse caso, os médicos falam em efeito placebo – o poder curativo de um agente que não possui nenhuma substância farmacológica.
CONTRA A DOR
Esse fenômeno é provavelmente tão antigo quanto a profissão de curador. No século XVIII, os médicos utilizavam conscientemente as chamadas “pílulas inertes” quando não tinham nenhum medicamento adequado à mão. Com isso, esperavam apoiar o processo de cura. Na metade do século XIX, as pessoas se impuseram o objetivo de explicar doenças físicas de forma puramente físico-química, o que fez com que, por volta da virada do século, os placebos quase desaparecessem da prática terapêutica.
Nas últimas décadas, porém, a documentação detalhada do uso de pseudotratamentos se multiplicou para quase todos os tipos de patologias. Assim, os placebos ajudam no caso de dores, depressões, ansiedades e problemas cardiovasculares. Também apresentam efetividade considerável na doença de Parkinson em problemas inflamatórios. Mesmo no caso do câncer é possível comprovar um pequeno efeito: pelo menos um estudo estima que em uma parcela de 2% a 7% dos pacientes os cancros reagem a esse recurso.
Mas como eles funcionam? A princípio parece inacreditável que possam reduzir fortes dores em pouco tempo. Será que os pacientes realmente apenas imaginam a recuperação? Ou não têm coragem de admitir para o médico que na verdade não sentem nenhuma melhora? Essa hipótese cai por terra, já que vários estudos comprovaram que os placebos desencadeiam inúmeras alterações mensuráveis no metabolismo do corpo e do cérebro. Recentemente, Donald Price, da Universidade da Flórida, em Gainesville, e seus colaboradores acompanharam pacientes com síndrome do intestino irritável e os submeteram a tomografias por ressonância magnética. Os cientistas constataram que a convicção de que tinham recebido analgésico associava-se a uma atividade neural reduzida em regiões cerebrais processadoras da dor – incluindo as regiões primárias somatossensoriais, onde estímulos dolorosos vindos do corpo chegam em primeiro lugar.
Atualmente, pesquisadores partem do princípio de que a resposta ao placebo ocorre devido a dois componentes: a expectativa e o condicionamento, sendo este último pouco associado à crença e à confiança. Especialistas acreditam hoje que estímulos como a roupa típica dos médicos, aparelhos e odores característicos são suficientes para deflagrar reações físicas inconscientes. Assim, apenas a visão do médico com uma seringa na mão já pode desencadear, em algumas pessoas, efeito positivo, se a situação já foi anteriormente associada a uma recuperação perceptível. Tudo isso ocorre sem que seja necessária a crença explícita na efetividade da substância.
A melhora ou, no melhor dos cenários, a cura dos sintomas, surge da combinação do efeito farmacológico do medicamento com a reação condicionada. Esta última pressupõe experiências positivas com medicamentos e profissionais da área da saúde. O nosso grupo de trabalho, sob a coordenação de Manfred Schedlowski, comprovou em inúmeros experimentos com animais e seres humanos no Hospital Universitário de Duisberg-Essen e na Escola Técnica Federal de Zurique que o condicionamento funciona bem no caso de reações imunes. Para nossos estudos, desenvolvemos um modelo de condicionamento em ratazanas. Utilizamos como estímulo incondicionado (EI) a ciclosporina A (CsA), uma droga imunossupressora, ministrada em pacientes que sofreram transplantes para evitar a rejeição. Concomitantemente à injeção de CsA, oferecemos aos animais uma beberagem até então desconhecida por eles: adoçante sacarina diluído em água. Assim, aparentemente surge no cérebro dos roedores uma associação entre a substância ativa (EI) e a bebida. Esta última transforma-se em estímulo condicionado (EC). Quando apresentamos às cobaias, após essa associação temporária, apenas a solução com sacarina, observamos resposta imune enfraquecida. Como as ratazanas não vinculam nenhuma expectativa consciente à bebida, o efeito placebo deve estar embasado no condicionamento, um processo associativo de aprendizagem e memória. Isso também demonstra que, para que um placebo tenha efeito, não é obrigatoriamente necessário que a pessoa tenha esperança quanto aos resultados.
Estudos com animais que receberam transplantes demonstraram que esse tipo de condicionamento também é clinicamente significativo: as ratazanas sobreviveram durante tempo expressivamente mais longo com o coração de uma outra linhagem do que as cobaias não condicionadas do grupo de controle. Em alguns dos indivíduos submetidos à solução de sacarina, os corações transplantados chegaram a bater durante mais de 100 dias – período considerado de imunotolerância em ratazanas.
Em seres humanos, o condicionamento imunológico com ciclosporina também funciona, como a pesquisadora Marion Goebel, de nosso grupo de trabalho, demonstrou pela primeira vez em 2002, em uma pesquisa com sujeitos saudáveis. Os voluntários tomaram a droga por três dias seguidos na forma de cápsulas, junto com uma vitamina de morango tingida de verde, aromatizada com lavanda. Cinco dias depois, eles receberam a bebida com uma cápsula sem a substância ativa. Consequência: todos os parâmetros imunológicos caíram visivelmente após a administração do remédio.
Será que a tão citada crença no efeito de um tratamento, no final das contas, não é nada mais que um condicionamento? Afinal, seria concebível que o senhor Wright estivesse sugestionado pelas promessas da mídia com base na experiência aprendida de que um medicamento reconhecido e elogiado pela mídia seria eficiente? Diversos resultados de pesquisas, porém, indicam que a expectativa e o condicionamento são processos diferentes. Por exemplo, em 1999 Martina Amanzio e Fabrizio Benedetti, da Universidade dos Estudos de Turim, na Itália, investigaram a influência de pseudo tratamentos por meio de um teste de dor no braço em 229 voluntários. No primeiro grupo experimental, o efeito placebo foi induzido apenas por expectativas. Um dizia aos participantes: “Agora você vai receber um potente medicamento para aliviar a dor” – e injetava-lhes uma simples solução salina. Mesmo assim, essas pessoas sentiam menos dor no teste subsequente do que aquelas que não tinham recebido o reforço verbal.
Os resultados do segundo grupo experimental demonstraram que esse resultado da expectativa se baseava principalmente na ação de opioides, analgésicos produzidos naturalmente pelo corpo: nesse segundo caso, o médico também prometeu uma redução da dor, mas injetou, em vez da solução salina, o antagonista do opioide, Naloxon, ou seja, uma substância que impede que os opioides desenvolvam seu efeito. E, nesse caso, o efeito placebo redutor da dor de fato foi totalmente inexistente!
O pesquisador Jon-Kar Zubieta e seus colegas da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, comprovaram por meio de exames por imagem, em 2005, que após a administração do placebo, a atividade neuronal mediada pelos opioides aumenta justamente nas regiões cerebrais que participam do processamento da dor.
LIBERAÇÃO HORMONAL
Mas a sensação dolorosa pode ser aliviada de diversas formas. Assim, os cientistas de Turim administraram a uma parte dos sujeitos durante dois dias consecutivos, antes do teste, a substância analgésica Ketorolac, que tem efeito bastante diferente dos opioides. Mais uma vez, os cientistas conseguiram uma associação do medicamento ao procedimento da injeção. Antes do último teste de dor, os pesquisadores aplicaram uma solução de sal diluído em água.
Resultado, as injeções de placebo tiveram efeito um pouco mais fraco. O fato surpreendente ocorreu quando, em vez desse preparado salino, foi injetado o bloqueador de opioide Naloxon. Aparentemente, nesse caso o placebo era construído por dois componentes: o efeito da expectativa que é transmitido pelos mecanismos opioides – e eliminado pelo bloqueador – e o efeito condicionador que provavelmente funciona da mesma forma que o analgésico utilizado e é, portanto, insensível ao Naloxon.
Provavelmente, o efeito da expectativa interfere fortemente em sintomas dos quais as pessoas têm consciência, como é o caso da dor. Isso está de acordo com uma observação de Fabrizio Benedetti, feita com base em um estudo realizado em 2003. Ele e seu grupo conseguiram suprimir os efeitos placebo analgésicos por meio de sugestões negativas opostas: assim, se um sujeito recebe uma substância inócua que tem a mesma aparência do comprimido que já o ajudou várias vezes, mas o médico diz: “Desta vez você está recebendo uma substância que aumenta a dor”, então o efeito analgésico desaparece.
Curiosamente, esse efeito nocebo não funciona com processos físicos inconscientes, como a liberação de hormônios. No experimento de Benedetti, os sujeitos receberam o medicamento Sumatripan, contra enxaqueca, que estimula a liberação do hormônio de crescimento GH e que, por sua vez, inibe o cortisol, hormônio do stress. A injeção de solução salina no dia seguinte desencadeou um aumento do nível do hormônio de crescimento e uma queda da concentração de cortisol – independentemente de o médico ter acompanhado a aplicação da injeção de sugestões positivas ou negativas.
Um campo bastante promissor para o uso de placebos é o das alergias. Um segundo estudo de Marion Coebel demonstra isso. Ela condicionou pacientes com intolerância à poeira com a administração de uma bebida nova junto com Desloratadin, droga bloqueadora do efeito das histaminas que servem como mensageiras nas reações alérgicas, por cinco dias. Os pacientes que receberam, durante a fase evocatória, um placebo com a bebida, sentiram-se melhor e o teste de pele de alergia teve resultados mais leves.
Além disso, a resposta imunológica enfraquecida também foi detectada pela atividade de determinadas células de defesa – um efeito que não pôde ser atingido somente pela instauração de uma expectativa positiva.
Por meio de qual mecanismo fisiológico os placebos influenciam a resposta imunológica? Uma coisa é certa: nenhum caminho escapa da passagem pelo cérebro. Quando nosso grupo identificou áreas neurológicas que desempenham papel importante no condicionamento de ratazanas, com ciclosporina A e sacarina, o córtex insular revelou-se uma região-chave. Mas a amígdala, que comprovadamente participa de processos de apredizagem, também foi indispensável para o condicionamento imunológico.
Considerando que a maioria dos efeitos placebo apoia-se em uma combinação de condicionamento com expectativa positiva, as respostas imunológicas e hormonais são mais influenciadas pelo condicionamento do que por desejos conscientes. Os dados experimentais também mostram que o efeito placebo quase sempre é maior quando há condicionamento anterior com medicamento efetivo do que em situações em que o pseudomedicamento já é utilizado desde o início do tratamento.
A importância e o condicionamento poderiam explicar por que até hoje não se conseguiu identificar características de personalidade que tornem uma pessoa mais ou menos suscetível aos placebos. Por outro lado, a apresentação do pseudomedicamento é importante: tamanho, cor, frequência da administração e até mesmo o nome – inclusive quanto tempo o médico dedica ao paciente. Hoje os pesquisadores partem do princípio de que o efeito placebo é acentuado quando o procedimento médico parece mais complicado. O uso do pseudotratamento, portanto, distancia-se do simples comprimido sem substância ativa e aproxima-se da simulação convincente de um tratamento real.
Nesse contexto, causou sensação um experimento realizado em 2004 por Cynthia McRae, da Universidade de Denver, no Colorado, no qual pesquisadores implantaram neurônios embrionários no cérebro de pacientes com Parkinson – ou só fingiram que o faziam! Realmente, os 30 voluntários haviam concordado em participar de testes. Pouco antes de iniciar o procedimento, o cirurgião abria um envelope lacrado que o informava se faria uma operação real ou aparente. Em seguida, ele realizava todos os passos da operação em detalhes, apenas as células-tronco faltavam na preparação, em parte das intervenções. Surpreendentemente, após um ano não houve nenhuma diferença significativa em relação aos pacientes dos dois grupos – nem nas suas condições físicas, nem nas psíquicas. Somente a suposição dos voluntários de que tinham participado do grupo que realmente sofreu a intervenção cirúrgica ou dos pseudo-operados influenciou a forma como se sentiram depois.
Os últimos resultados das pesquisas libertam o efeito placebo do limbo do inacreditável e do superficial e o transformam em um recurso terapêutico promissor. Cada vez mais se difunde a ideia de que quando os profissionais da saúde não apenas reforçam a crença dos pacientes no sucesso do tratamento, mas também utilizam conscientemente estímulos condicionados, os benefícios podem ser efetivos – e fazer grande diferença no processo de cura.
APRENDER SEM PERCEBER
Durante a fase de associação, uma ratazana recebeu durante vários dias consecutivos um medicamento imunossupressor (ciclosporina A) como estímulo incondicionado (EI). Concomitantemente, foi oferecida água adoçada com sacarina ao animal e este estímulo neutro transformou-se em estímulo condicionado (EC) por meio do “emparelhamento temporal”. Na chamada “fase evocatória” do experimento, os animais receberam a solução de sacarina sem o medicamento. Resultado: somente a presença da bebida (os animais a evitam depois da etapa de aprendizagem) leva a uma resposta imunológica mais fraca. Quais áreas cerebrais participam da reação imunológica condicionada? Em animais com o córtex insular lesionado (aqui visível em um corte aumentado de um cérebro de rata zana) não se pode mais observar a imunossupressão condicionada. Ao que tudo indica, essa área neurológica representa a região-chave para a associação de estímulos químicos (EI e EC). Porém, uma amígdala intacta também é indispensável, mas apenas na fase de associação. O hipotálamo, por sua vez, é necessário só na fase evocatória. Ele provavelmente funciona como uma espécie de porta de saída e regula o caminho do sinal imunossupressor dentro do corpo.
NEM TÃO INÓCUO ASSIM
Os placebos produzem o efeito que seu nome promete: por meio da liberação de dopamina e endorfina, despertam sentimentos agradáveis. Não importa se em forma de comprimido, talismã ou como encenação de uma cirurgia, os placebos funcionam desde que o paciente tenha expectativa de melhora. Os resultados levantam a questão sobre propriedade de uso de comprimidos de lactose ou de amido. Especialistas recomendam o uso de placebos em regime de abstenção de drogas. Afinal, o aumento da produção de dopamina não exigiria necessariamente uma “substância” forte – bastaria um pouco de pó branco, mas inofensivo. Mas é preciso ser prudente. Pois os placebos também não são completamente inofensivos. Há pacientes que reclamam de efeitos colaterais típicos, como sequidão bucal, cansaço, tontura e mesmo distúrbios de visão. Observa-se até mesmo a ocorrência de delírios de abstinência após a suspensão dos pseudo medicamentos.
E mais forte é a objeção segundo a qual os placebos não equivalem aos medicamentos substituídos. Eles produzem efeito, mas de outra maneira. Assim, Helen Mayberg, da Universidade Emory, em Toronto, adverte para o risco do uso exclusivo de placebos. Em seus pacientes depressivos, o medicamento Prozac atuou não apenas com mais eficácia, mas um exame com tomografia por emissão de pósitrons (TEP) indicou também que o fármaco verdadeiro provocou reações em mais regiões do cérebro, em comparação aos efeitos do pseudomedicamento.
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