DORMINDO ACORDADO
Como o sonambulismo pode ser perigoso para quem apresenta o distúrbio

O sono é fundamental para nosso organismo descansar e executar algumas funções importantes. No entanto, para muitas pessoas, o momento relaxante do dia pode ganhar contornos de preocupação e risco.
Imagine-se “acordando” de madrugada, e caminhando até a geladeira ou, quem sabe, 14 quilômetros em direção à cidade vizinha. Isso tudo com um ingrediente a mais: a ausência de consciência sobre o que está fazendo. Parece loucura ou o enredo de um filme de Hollywood, mas, segundo Leonardo Ierardi, neurofisiologista e médico especialista em transtornos do sono, essa é a realidade de 17% das crianças entre oito e 12 anos, além de outros tantos adultos.
SEM CONSCIÊNCIA
O sono é dividido em duas fases: REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos); e não REM, em que ocorrem as parassonias do sono. “O sonambulismo faz parte de um conjunto de manifestações caracterizadas por um despertar parcial. Nesse caso, apenas algumas funções cerebrais têm funcionamento semelhante ao que se tem, durante a vigília”, explica Leonardo. Dentre os sinais apresentados por sonâmbulos, o principal é o caminhar, seja uma breve ida à cozinha e o retorno para a cama, até sair de casa.
Além disso, outras áreas sofrem alterações durante um período de sonambulismo, principalmente no cérebro. “Há a estimulação de parte dos mecanismos de despertar (por exemplo, a função de deambulação está ativada, mas a do julgamento e consciência não). No corpo, pode haver ativação de funções relacionadas ao estresse, como o aumento de frequência cardíaca”, ressalta.
É HEREDITÁRIO?
Muitos fatores podem dar origem a uma crise de sonambulismo, começando pela hereditariedade. ”A genética tem um papel importante na predisposição: só 5% das pessoas com o distúrbio têm antecedentes familiares”, descreve Leonardo. Algumas atividades comuns, como ingerir medicamentos e álcool e estar exposto à luminosidade e estímulos sonoros, podem dar origem ao quadro em quem já possui essa tendência.
Apesar de as pessoas predispostas possuírem mais possibilidade de desenvolver o sonambulismo, qualquer um está sujeito a apresentar o quadro, principalmente em ocasiões de ansiedade e estresse.
HÁ SEQUELAS?
Muitas dúvidas permeiam o campo do sonambulismo, principalmente em relação aos riscos envolvidos. Por exemplo, a pessoa pode cair de uma escada ou ser atropelada ao atravessar a rua. “Em crises de sonambulismo, há a possibilidade de ocorrer ocidentes em decorrência dessa manifestação, mas não há consequência de doença ou degeneração cerebral”, frisa Leonardo Ierardi, neurofisiologista e médico especialista em transtornos do sono. Outro mito é o de que não se pode acordar um sonâmbulo. Ele só ficará confuso e não entenderá o que ocorre no momento. Apesar disso, o mais indicado é orientar a pessoa até conseguir levá-la de volta para a cama (sim, ela conseguirá entender o que é dito, mas não se lembrará de nada no outro dia).
DISTÚRBIOS DO SONO
Além do sonambulismo, o período de sono pode apresentar outras disfunções. Abaixo, estão algumas das mais recorrentes.
DESPERTAR CONFUSO: há confusão e desorientação. Ocorre principalmente em bebês, com choros durante a noite, mesmo com a criança dormindo;
TERROR NOTURNO: nesse caso, os pequenos também podem chorar, mas apresentam outros comportamentos, como correr pela casa com os olhos arregalados e gritos. Já os adultos, há a possibilidade de atitudes agressivas;
BRUXISMO: pessoas com esse distúrbio rangem ou pressionam os maxilares durante o sono. Com isso, surgem as dores de cabeça, os dentes gastos, entre outras consequências.
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