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ALÔ, ALÔ

A pandemia traz de volta o antiquado costume das ligações pelo telefone

Confinamentos prolongados provocados por pandemias ou conflitos armados tendem a exacerbar a predisposição humana para se solidarizar com familiares e com o próximo. Para ficar apenas em dois exemplos, foi esse o caso nas regiões mais afetadas pela sars na década passada e em Sarajevo, na guerra nos Bálcãs, nos anos 1990. Na visão de psicólogos, essa característica pode ser explicada pelo fato de que, ao longo de nossa evolução, aqueles que enfrentaram períodos de dificuldade em grupo tiveram mais chances de sobreviver.

O Brasil tem confirmado essa tendência e um dos termômetros desse canal de solidariedade é o telefone — tanto o celular quanto o fixo. O tráfego de ligações no país em março registrou um aumento de 50%, segundo a consultoria Celfinet. A quarentena trouxe de volta as chamadas para parentes e amigos, um hábito que andava meio esquecido desde que os celulares viraram uma espécie de computador de mão, mais usados para acessar redes sociais e enviar mensagens por aplicativos.

O brasileiro não apenas está telefonando mais vezes, como está passando mais tempo ao telefone. Com base nas informações das operadoras, a duração das chamadas aumentou 20% no mês passado. O advogado Luís Claudio Couto, de 25 anos, se surpreendeu quando trocou o tradicional recado pelo Facebook por um telefonema para desejar parabéns ao pai pelo aniversário de 61 anos. “Com a quarentena, aproveitei para ligar para meu pai e dizer quanto sinto sua falta, quanto gostaria de estar próximo e dar um abraço. A pandemia me fez dar importância ao afeto”, contou Couto. A apresentadora Aline Malafaia percebeu a mudança de hábitos. No último aniversário, em abril, recebeu dezenas de telefonemas no lugar das mensagens de texto. E aproveita a nova rotina para reencontrar virtualmente amigas que moram fora do Rio de Janeiro. “Anda faltando dia para falar ao telefone. E há momentos em que fico angustiada. Só uma conversa para aliviar”, disse Malafaia.

É curioso que, com tantos recursos de comunicação por mensagem e por voz e imagem, os telefones estejam tendo um revival. Segundo Paula Chimenti, professora da área de estratégia, organização e sistemas de informação do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há uma explicação. “Para muita gente, a pausa do telefonema virou uma válvula de escape para fugir de uma nova rotina em frente ao computador”, afirmou. “Neste momento, estamos todos refletindo sobre a importância do contato humano. Vamos sair mais conscientes desta crise”, completou Chimenti.

Falar ao telefone celular ou fixo também já não custa o mesmo que antigamente, quando adolescentes pendurados na linha se tornavam um peso a mais no orçamento de qualquer família. Conforme a chamada telefônica foi caindo em desuso, as empresas criaram incentivos para diminuir a perda de receita. Principalmente entre os mais jovens, as ligações foram substituídas por mensagens de texto, e-mail, chamadas via Skype, FaceTime ou Snap. Quase todos os pacotes contam com planos de ligações ilimitadas para todas as operadoras.

Segundo o consultor Sergio Quiroga, ex-presidente da Ericsson, o aumento nas chamadas telefônicas na pandemia não é coisa só do Brasil, mas um fenômeno que se repetiu em países como Espanha, Itália e Portugal durante a pandemia. Nos Estados Unidos, uma reportagem do jornal The New York Times relatou que a operadora americana Verizon estava administrando uma média de 800 milhões de chamadas diárias, mais do que o dobro do número registrado no Dia das Mães, uma das datas historicamente mais movimentadas no ano. “Como não há mais aquela pausa para o café, as pessoas pegam o telefone e ligam. O novo normal ainda precisa desse momento do cafezinho. Isso fez com que as empresas tivessem de redimensionar a rede para conseguir suportar o aumento do uso”, disse Quiroga.

No mundo dos negócios, a volta dos telefonemas tem razões menos sentimentais. Uma mensagem por aplicativo pode ser ignorada. A empresária Edilma Lima, dona de uma confecção de fraldas reutilizáveis no Rio de Janeiro, passou a ligar diretamente para os fornecedores que demoravam a responder por mensagens e aplicativos. Na clínica Fisioterapia Barra, também no Rio, a secretária Valéria Shirley Santos passou a ligar da linha fixa para todos os pacientes que têm hora marcada. A intenção é reagendar os horários para evitar aglomerações. “Se liga pelo celular, o povo não atende um número desconhecido. Nunca tinha usado o telefone fixo desde que comecei a trabalhar aqui, há dois anos. O mais curioso é que as pessoas estão atendendo”, contou Santos.

O aumento repentino da demanda foi sentido de forma diferente em cada empresa de telefonia. Na Claro, o tempo médio das ligações aumentou 20% em março. Marcio Carvalho, diretor de marketing da empresa, lembrou que, na primeira semana do isolamento social, o tráfego geral das redes de telecomunicações cresceu o equivalente a 12 meses. Na Oi, o aumento da demanda exigiu medidas de gerenciamento de rede. Rodrigo Abreu, presidente da companhia, disse que o movimento é uma tendência natural diante da necessidade de substituir o contato no dia a dia. Na Vivo, as chamadas, que aumentaram tanto na rede fixa quanto na móvel, tiveram avanço de 26% em sua duração. No caso da TIM, a mudança de hábito do brasileiro reviveu a época das grandes promoções, em que as operadoras anunciavam faixas de horário em que as ligações saíam mais em conta. Agora o horário do rush para a operadora é por volta das 20 horas.

A pergunta que muitos se fazem é se a nova moda dos telefones é algo passageiro ou se voltou para ficar. Para Eduardo Peixoto, do Cesar, um centro de inovação em design, tecnologia e educação com sede no Recife, a pandemia trará mudanças na forma de se comunicar. “A gente achava que o home office não funcionava, que a videoconferência não era prática. Muitos tabus estão sendo quebrados”, disse. Peixoto acredita que não está descartada a hipótese de que a pandemia tenha reavivado os telefonemas por um bom tempo — pelo menos, até que uma vacina contra o novo coronavírus seja inventada.

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

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