EU ACHO …

MODO REINVENÇÃO

Depois da retomada, eu vejo um novo começo de era. As marcas e os negócios trocarão a missão pelo propósito

Passados quase 60 dias – que parecem seis meses – do início desta quarentena, resolvi colocar em palavras meus sentimentos sobre tudo o que a humanidade está vivendo neste momento.

Eu sou judeu, não sou religioso, mas sigo a religião. Acredito realmente que exista uma força maior que rege tudo e todos que possuem vida. Portanto, para mim é impossível não pensar que haja algum motivo para que estejamos passando por tudo o que estamos passando.

O ser humano teimava em destruir as florestas e o meio ambiente e não fazia nada para consertar a enorme e crescente desigualdade social no mundo.

Esse vírus quase não mata crianças e animais, esse vírus não contamina o ar e as águas, esse vírus contamina e mata os humanos, independentemente de raça, credo, gênero e quantidade de dinheiro na conta bancária.

Por toda a vida tememos a saudade que viria quando perdêssemos nossos pais, mães, avôs e avós. Por outro lado, deixávamos de aproveitar a presença deles ao máximo, e até de dizer quanto os amamos.

Esse vírus faz com que os mais velhos estejam no grupo de risco e, por consequência, isolados de nós. Esse vírus faz com que sintamos a saudade que tememos a vida toda, só que com nossos parentes em vida.

Nos últimos anos nos apaixonamos pelos likes, pelos shares, pelos comments, e muitas vezes nos esquecemos de quem deveria importar e que estava do nosso lado.

Esse vírus nos prende em casa com aqueles que jamais deveríamos ter trocado pelos celulares; os nossos filhos e nossa(o) companheira(o).

Nos últimos anos nos dividimos: destros, canhotos e ambidestros. Esse vírus faz com que tenhamos saudade do beijo, do abraço. Ele nos faz sentir saudade de amigos e familiares com os quais deixamos de falar por coisas que parecem agora absurdamente pequenas.

A maior parte das empresas só se preocupa com os lucros financeiros. Elas ignoram os traumas socioambientais que esse lucro deixa pelo caminho.

Esse vírus fecha escritórios, obriga as empresas a repensar seus processos e a entender que nenhum negócio sobrevive sem o mundo ou as pessoas.

Vivemos a maior crise sanitária do século. Seremos impotentes espectadores da morte.

Por isso é impossível não pensar que, de alguma maneira, a natureza está forçando a humanidade a parar para que ela possa se ajustar e se recompor das agressões que tem sofrido todos estes anos. Para que ela possa nos salvar de nós mesmos.

A única coisa que uma epidemia nos dá certeza é de que ela vai passar. Portanto, após um inverno triste e nebuloso, a primavera vai chegar. E eu tenho certeza de que seremos todos mais humanos e tudo vai mudar, desde a forma como vivemos até a forma como consumimos.

Nesse sentido, além do ”modo sobrevivência”, os negócios e as empresas também precisam entrar no ”modo reinvenção”. Quando os tempos mudam, a vida costuma ser cruel com os negócios que se negam a mudar.

Faço aqui da reflexão a matéria-prima para a reinvenção: haja vista o que está acontecendo no mundo, os consumidores buscaram seu negócio pelos mesmos motivos e da mesma maneira como buscavam antes?

Você tem investido para pensar como a covid-19 afeta o consumidor e suas decisões de consumo? Deveria.

Foram vários os ”novos fatos” que, quando surgiram, levaram à falência milhões de empresas: as duas grandes guerras mundiais, o 11 de Setembro, o carro, a câmera digital, a Netflix, o iPod e o coronavírus…

A Blockbuster não desapareceu por causa da Netflix, e sim por causa dela mesma. Na zona de conforto, a companhia se negou a perceber que os tempos haviam mudado e por várias vezes se negou a comprar a Net:llix dizendo ”não acreditar naquele modelo de negócios”. A Blockbuster se suicidou.

A covid-19 mudará para sempre a relação dos negócios com as pessoas, principalmente no que diz respeito à jornada do consumidor e ao nível de consciência socioambiental de suas escolhas de consumo.

Se a jornada de consumo já estava mudando de ”eu descobri o produto na TV/jornal/revista e fui à loja comprar” para ”eu vi vários(as) amigos(as) falando sobre o produto/marca nas mídias sociais, fui ao Google procurar o site, entrei no site, li ratings , decidi experimentar na loja física e comprei on ou offline”, na retomada da economia ela acelerará ainda mais nessa direção. E os negócios precisarão se fazer presentes, e necessários, em cada etapa dessa nova jornada.

Após a retomada, teremos o cuidado de escolher produtos e marcas com preocupação socioambiental, fazendo nossa parte na mudança do mundo no qual queremos que nossos filhos e netos vivam.

Durante e após a covid-19, as marcas e os negócios deixarão de viver para a missão e passarão a viver pelo propósito. Sou empreendedor brasileiro e, portanto, um otimista por vocação: ”Eu vejo um novo começo de era. De gente fina, elegante e sincera”.

RONY MEISLER – é empreendedor e cofundador da grife de moda Reserva

OUTROS OLHARES

TODOS PERDEM – UNS MAIS QUE OUTROS

Estudantes de todo o Brasil vivem há quatro meses a rotina do ensino remoto em meio à pandemia do novo coronavírus. Com o retorno das aulas ainda incerto, o que se sabe é que as desigualdades entre alunos das redes pública e privada devem se aprofundar

O sonho de ser médico começou aos 11 anos para o estudante Cauê Vitorasso, depois de seu irmão nascer com uma doença respiratória grave e as frequentes idas ao hospital entrarem na rotina da família. Desde então, ele se prepara para disputar uma vaga em um dos cursos mais concorridos do ensino superior brasileiro. A maratona de vestibulares estava planejada para acontecer no final de 2020, quando Cauê concluiria o 3° ano do ensino médio, mas a chegada da pandemia do novo coronavírus dificultou seus planos. Aluno em uma escola pública de tempo integral em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o jovem de 17 anos estuda desde março por meio de aulas remotas. São 9 horas diárias de aulas ao vivo pela internet – o mesmo tempo que permaneceria dentro da escola. Apesar de contar com o auxílio de um tutor, ele reconhece que a suspensão das aulas presenciais poderá adiar sua entrada na faculdade – e, por consequência, no mercado de trabalho. ”Comecei o ano com foco total no vestibular, mas quando algo tão inesperado acontece há um desequilíbrio emocional e acadêmico”, afirma Cauê.

As angústias do aspirante a médico são compartilhadas por outros 7,5 milhões de estudantes brasileiros que estão no ensino médio e a caminho do mercado de trabalho. Mesmo antes da pandemia, essa etapa escolar já era a que os alunos mais abandonavam e na qual os resultados de aprendizagem eram piores. No Ideb, índice que mede a qualidade da educação básica, a nota do ensino médio foi de 3,8 pontos no último levantamento, a pior entre todas as etapas e a que menos evoluiu nos últimos 15 anos.

Um estudo recente do Insper mensurou o possível impacto do fechamento das escolas durante a pandemia no decorrer da vida dos estudantes da rede pública. Liderado pelo economista Ricardo Paes de Barros, um dos principais especialistas em desigualdade social no país, o trabalho considera a influência do conteúdo perdido durante o ano letivo de 2020 na renda futura dos alunos. Quem cursa o ensino médio hoje, por exemplo, pode ter uma perda média anual de renda na vida adulta entre 11.000 e 70.000 reais, dependendo das respostas dadas pelo poder público para recuperar os tópicos prejudicados no período de suspensão de aulas. Mesmo os alunos do ensino fundamental, ainda longe de ingressar no mercado de trabalho, podem sofrer no futuro o efeito da perda de conteúdo – um prejuízo anual que pode chegar a 36.000 reais por indivíduo. Considerando-se o impacto da pandemia nos 35 milhões de estudantes da rede pública, a perda para a economia do país pode variar de 350 bilhões a 1,4 trilhão de reais, distribuídos ao longo do tempo – recursos que equivalem, respectivamente, a 5,3% e 23% do PIB brasileiro. ”É melhor um jovem que está concluindo o ensino médio adiar em um ano a entrada no mercado de trabalho do que sacrificar seu estoque de conhecimento necessário para a vida adulta”, diz Paes de Barros.

Os custos e os riscos da pandemia para a educação têm sido dimensionados em diversos lugares. Mais de 1,5 bilhão de estudantes no mundo foram atingidos pela pandemia, segundo a Unesco. Uma projeção de pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, com base em testes realizados por 5 milhões de alunos, mostra que os estudantes podem chegar às aulas no segundo semestre com no máximo 68% do conteúdo normalmente absorvido em leitura e com 50 % do conteúdo de matemática ministrado no primeiro semestre. E o que a experiência internacional tem revelado é que a pandemia aprofunda desigualdades que já existiam, afetando, sobretudo, os mais pobres. A consultoria McKinsey projeta que, se as aulas continuarem no modelo híbrido até meados de 2021, alunos americanos mais pobres poderão perder, em média, 12 meses de escolaridade na comparação com as aulas presenciais – o dobro dos alunos mais ricos. O maior risco é a evasão: se os alunos deixarem a escola, a perda individual poderá ultrapassar 21%da renda ao longo da vida, segundo a McKinsey. Tudo somado, a geração impactada pela covid-19 poderá levar, em 2040, a um rombo de até 271 bilhões de dólares na economia americana.

A educação sempre foi um terreno em que imperam desigualdades mundo afora. Análise da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países mais ricos, com base em dados de alunos do Pisa, mostra que apenas um terço dos alunos de 15 anos na América Latina tem acesso a uma plataforma eficaz de apoio à aprendizagem online na escola, ante quase dois terços nos países-membros da OCDE. ”A pandemia pode dizimar todos os ganhos que os países mais pobres levaram duas décadas para conseguir”, diz a professora Carol Anne Spreen, especialista em desigualdades na educação na Universidade de Nova York.

No Brasil, a batalha educacional da pandemia começou nas semanas seguintes ao fechamento das escolas, o que já dura cerca de quatro meses. Todas as secretarias estaduais conseguiram oferecer pelo menos um método de ensino remoto, segundo monitoramento do Conselho Nacional de Secretários de Educação. Estados como São Paulo e Maranhão avaliam a possibilidade de implementar um quarto ano opcional no ensino médio, como estratégia para recuperar o conteúdo perdido. ”Não dá nem para começar do zero completamente nem para considerar que essa matéria foi dada. É preciso equilíbrio”, afirma Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas. No Ceará, estado que se tornou uma referência na melhora dos índices de aprendizado, um plano para tirar parte do atraso imposto pela pandemia – e não perder os avanços obtidos na última década -vem sendo discutido com escolas e municípios. ”Estamos verificando juntos quais turmas precisam voltar primeiro e quais adaptações serão feitas no conteúdo”, diz Eliana Estrela, secretária de Educação do estado.

É fato que levar escolas cujas estratégias de aprendizado se resumiam ao professor e à lousa para o ambiente digital exigido pela quarentena não foi tarefa fácil. Quando as aulas pararam, a supervisora Mirian Bernardo, do Colégio Municipal Doutor José Vargas de Souza, em Poços de Caldas, Minas Gerais, foi com o próprio carro até a casa de dezenas de alunos, porque a família deles simplesmente não respondia aos contatos e, assim, não era possível repassar as atividades. ”Não queremos perder os alunos”, afirma a supervisora. ”Nossos alunos têm sonhos, os mais velhos querem fazer vestibular, e é nosso dever tentar fazer o melhor”, diz a diretora do colégio, Angela Borba. Escolas públicas atendem mais de 80% dos alunos brasileiros. Mais de 90% deles têm renda média familiar menor que dois salários mínimos. Na rede mineira, onde há 3,5 milhões de alunos nas escolas públicas, há conteúdos impressos, professores tirando dúvidas por WhatsApp, centro de mídia e transmissão pela TV. ”Sabíamos que, se tivéssemos só material digital, não chegaríamos a muitos alunos”, diz a secretária de Educação de Minas Gerais, Julia Sant’Anna.

A necessidade de diversificar as estratégias de conteúdo para contemplar o maior número possível de alunos se repetiu em todo o Brasil. Em São Luís, a estudante Leanny Pinheiro, que está no 2º ano do ensino médio na rede pública do Maranhão, acompanha desde o início da quarentena as aulas transmitidas via rádio. Lá, a Secretaria de Educação, que responde por 1,8 milhão de alunos na rede pública, também oferece conteúdo pela internet, mas Leanny não tem computador e o celular da família não conta com acesso restrito à internet. Acompanhar as aulas pela Rádio Timbira, que pertence ao governo do estado, foi a forma mais efetiva que ela encontrou para não ficar sem estudar por tanto tempo. ”É preciso se concentrar bastante para escutar direito, porque, como não dá para voltar, é fácil perder o conteúdo”, diz.

O aprendizado remoto é um desafio mesmo para as escolas privadas, nas quais as barreiras tecnológicas são menos frequentes. Só 9% dos alunos das escolas privadas não têm acesso a computador ou tablet em casa, ante 39% dos estudantes da escola pública, segundo dados do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb). Lucia Dellagnelo, diretora-presidente do Cieb e ex­ consultora do Banco Mundial, afirma que o uso da tecnologia na educação pode ajudar a entender e a contemplar as especificidades de cada aluno. Mas ela precisa ser incorporada corretamente, acompanhada de uma visão sobre por que usá-la, competência de professores e gestores, recursos digitais de qualidade na escola e infraestrutura em casa. ”Por melhores que sejam as plataformas, a tecnologia não tem um impacto positivo sem essas quatro dimensões atuando simultaneamente”, diz.

As irmãs Fernanda e Gabrielly Cordeiro, de 9 e 14 anos, estão, respectivamente, no 4° e no 9° ano do ensino fundamental em uma escola particular na Vila Matilde, zona leste de São Paulo. As aulas ao vivo duram várias horas por dia, e cada uma as acompanha no próprio computador. ”Eu consigo tirar as dúvidas, falar com a professora, não tive dificuldade”, diz Fernanda. Gabrielly, a mais velha, que tem uma carga de trabalho maior em casa, afirma que o mais difícil é organizar o tempo. ”Na aula presencial, o professor consegue até ver nos seus olhos se você está com dúvida, e isso é algo que eu gosto”, conta. ”Em casa, tenho de identificar sozinha o que não aprendi direito. Aí pergunto aos professores e meus colegas.” Uma pesquisa de entidades educacionais, como a Unesco e o Instituto Porvir, que ouviu 33.000 alunos constatou que, mais do que a eventual falta de infraestrutura e tecnologia, aspectos como organização do tempo e saúde mental são alguns dos principais desafios dos alunos na pandemia. ”As escolas vinham dizendo que ensinam as crianças a ser flexíveis e a pensar criticamente. Mas, quando chegou a hora de as próprias escolas se organizarem em um cenário mais complexo, nem todas estavam preparadas”, afirma Thamila Zaher, diretora executiva do Grupo SEB, que tem mais de 200.000 alunos e mais de 300 escolas, entre unidades próprias e franqueadas.

Entre uma plataforma e outra, o papel dos professores ficou ainda maior durante a quarentena. Uma pesquisa do Instituto Península com professores na pandemia mostrou que 88% não tinham experiência anterior com ensino à distância e que mais da metade deseja ajuda com a saúde mental. ”A ponte entre o sistema escolar e o aluno ficou restrita quase unicamente ao professor, o que é uma responsabilidade muito grande”, afirma Heloísa Morel, diretora do Península. O professor de geografia André Pereira Mazini, que leciona há 20 anos, vem dedicando cada vez mais tempos a adaptar as atividades – entre aulas gravadas, ao vivo, reuniões e plantões de dúvidas – aos diferentes perfis dos estudantes que atende nas redes pública e privada na zona sul de São Paulo. Ele se preocupa sobretudo com a evasão de seus alunos da escola pública. ”A rotina mudou completamente”, diz Mazini.

Com 2,2 milhões de professores no Brasil e a maioria com mais de 40 anos de idade, as novas demandas da educação na quarentena jogam luz sobre outros problemas históricos da formação e da carreira docente no país. Ao contrário do professor Mazini, que concluiu um doutorado na área em que leciona, apenas 36% dos professores da rede pública cursaram pós-graduação, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A carreira é também pouco atraente para os jovens.

Menos concorridos, os cursos de licenciatura são alguns dos que têm as menores notas de corte dos vestibulares. No Brasil, os professores ganham, em geral, 75% da remuneração média obtida por profissionais com ensino superior. ”O momento deixou claro que, assim como ocorre com os profissionais da saúde, o país precisará valorizar os professores e sua formação”, diz Tatiana Klix, diretora do Instituto Porvir.

ENSINO HÍBRIDO

Apesar de todos os desafios que este período impôs à educação mundial, as mudanças vieram para ficar. As medidas de distanciamento social, de higiene e de controle de aglomerações já são uma realidade e não mudarão enquanto não houver uma vacina disponível. Países como China, França e Coreia do Sul, que começaram a retomar as aulas em meados de maio, foram forçados a fechar algumas unidades após um novo aumento do número de casos de contágio de coronavírus. Com o risco iminente de novas levas de infecção, a tendência é que prevaleça a modalidade de ensino híbrido, com uma mescla de aulas presenciais e aulas online. No estado de São Paulo, a expectativa é que as escolas reabram a partir de 8 de setembro, mas há uma série de parâmetros relacionados à doença que precisam ser atingidos, o que poderá adiar os planos do governo paulista.

Nesse cenário incerto, algumas soluções apresentadas durante a suspensão das aulas devem se manter no plano de retomada. No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Educação antecipou um projeto de tecnologia nas salas de aula que seria implementado ao longo de três anos. No retorno, todos os professores poderão usar a plataforma Google for Education como ferramenta de aprendizado. ”Conseguimos pôr no ar 37.000 turmas virtuais, que espelham o funcionamento das turmas físicas.

Entrarão também plataformas educacionais de apoio, como uma biblioteca virtual que terá 35.000 livros”, afirma Faisal Karam, secretário de Educação da rede gaúcha. No colégio Marista, rede privada com 35.000 alunos, distribuídos em mais de 40 unidades, a diretora educacional, Viviane Flores, diz que as escolas foram preparadas para continuar atendendo de forma remota e adaptando o uso da tecnologia às necessidades de cada turma. ”Não vamos voltar para o mundo que existia em março”, afirma.

Viabilizar essa transformação educacional exige um investimento maciço em soluções tecnológicas, infraestrutura e formação de professores. O dramático cenário econômico no pós-coronavírus vai atingir em cheio o setor educacional. No ensino público, 72% do financiamento depende de recursos vinculados à arrecadação de impostos, principalmente do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, um dos mais afetados pelo fechamento da economia do país. Um estudo da ONG Todos pela Educação projeta que o conjunto das redes estaduais deverá perder neste ano de 9 bilhões a 28 bilhões de reais em tributos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, a depender do agravamento da crise econômica. ”Com as restrições orçamentárias, os gestores terão de reavaliar os gastos, mas também serão obrigados a investir em tecnologia. É uma equação difícil”, afirma João Marcelo, diretor do Todos pela Educação.

A resposta educacional durante a pandemia ficou concentrada nos estados, em parte pelas características do próprio modelo federativo brasileiro, que delega a eles e aos municípios a responsabilidade pela gestão da educação básica. Mas, embora não gerencie escolas diretamente, o governo federal será demandado também na retomada das aulas: no Brasil, mais de 60º/o dos impostos estão concentrados na União, o que reforça o argumento dos estados de que Brasília precisa participar mais do financiamento. Após a saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, ninguém havia assumido o cargo definitivamente até o fechamento desta edição, no dia 29 de junho. O presidente Jair Bolsonaro havia escolhido o professor Carlos Alberto Decotelli para o posto, mas, após questionamentos sobre seu currículo, a nomeação não havia sido confirmada. O próximo ministro vai assumir o cargo com o desafio de guiar a retomada das aulas. Com a perda de arrecadação, circula no Congresso uma proposta de socorro emergencial voltado para a área. A renovação do Fundeb, fundo da educação básica, que expira neste ano, é considerada pauta prioritária da agenda e trará outro embate: atualmente, a União complementa 10% do orçamento do fundo, mas há propostas de que a uma fatia seja de até 50%. Para o setor privado, o futuro também é nebuloso. O faturamento das escolas particulares de pequeno e médio porte caiu 50% em maio, segundo um levantamento da consultoria Explora. Só no mês passado, mais de 95% das escolas perderam alunos, numa evasão que está em torno de 10%. Da educação infantil ao ensino médio, os impactos da pandemia recairão de forma desigual sobre os estudantes. É uma corrida contra o tempo e contra o orçamento. A pior conta, a das eventuais decisões ruins e da inação nas medidas tomadas agora, poderá perdurar por décadas.

UMA GERAÇÃO QUE VAI APRENDER MENOS

Estudos mostram que os países adotaram diferentes estratégias educacionais na pandemia, de programas na TV a aulas ao vivo pela internet. Ainda assim, os dados sugerem que os estudantes vão aprender menos ã distância do que na sala de aula

O CUSTO DA PANDEMIA

Um estudo liderado pelo economista Ricardo Paes de Barros avaliou os prejuízos potenciais para a economia com a suspensão das aulas

MAIS DIFÍCIL DO QUE PARECE

Um mapeamento de 232 redes de ensino municipais mostra que 82% delas oferecem aulas ou conteúdos pedagógicos durante a pandemia

A DESIGUALDADE COMEÇA NA ESCOLA

Mais de 80% dos alunos do ensino básico no Brasil estão na rede pública. A taxa de reprovação e abandono de quem cursa essa fase nas escolas públicas é dez vezes maior do que a dos estudantes da rede privada

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE CONSOLO PARA A ALMA

DIA 19 DE AGOSTO

JESUS RESSUSCITA O FILHO DA VIÚVA DE NAIM

Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! (Lucas 7.14).

Jesus estava acompanhado de uma multidão quando entrou na cidade de Naim. Outra multidão saía da cidade levando para o cemitério o filho único de uma viúva. Aquelas duas caravanas se encontraram: a caravana da vida e a caravana da morte, uma capitaneada por Jesus e a outra encabeçada pela mãe enlutada. A viúva que perdera o único filho liderava a caravana da morte. Jesus se compadeceu dela e disse: Não chores! (v. 13). Interrompendo o cortejo fúnebre, Jesus tocou o caixão e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu à sua mãe. A multidão, atemorizada diante de tão grandioso milagre, glorificou a Deus, dizendo: Grande profeta se levantou entre nós e: Deus visitou o seu povo. Jesus levou vida aonde reinava a morte, consolo aonde dominava a tristeza, esperança aonde imperava o desespero. Jesus tem poder não apenas para enxugar nossas lágrimas, mas também para pôr fim às causas que nos fazem chorar. Jesus é poderoso para aliviar o seu coração agora e dar a você uma esperança eterna. Nem mesmo a morte pode desafiar o poder de Jesus. Ele já venceu a morte e arrancou o seu aguilhão. Agora, a morte não tem mais a última palavra. A morte foi tragada pela vitória!

GESTÃO E CARREIRA

É HORA DE VOLTAR?

Com a perspectiva de retomada das aulas das crianças, surgem os planos – ainda incertos – para o fim do home office e a criação de modelos alternativos de trabalho

Atividades físicas e aula de espanhol on-line são os dois novos compromissos que Núbia Castro, gerente de projetos de uma multinacional de tecnologia, em São Paulo, conseguiu encaixar em sua rotina depois de ser mandada para casa, em regime de home office, em 13 de março. Ela consegue intercalá-los com a jornada de dez horas de trabalho, se diz satisfeita com a nova vida e não acha que voltará tão cedo a dar expediente presencial na empresa. “Recebemos um questionário sobre nosso sentimento em relação a voltar para o escritório, mas acho que o retorno foi tão negativo que ninguém voltou a falar do assunto”, contou. Já Bruno Hartz, funcionário do Tribunal de Contas da União (TCU) no Rio de Janeiro, que mora a 20 minutos do trabalho, não vê a hora de voltar. “Quando vou ao trabalho, fico focado oito horas direto. Em casa, não trabalho direito, não dou atenção direito aos filhos, não faço as atividades domésticas direito. Estou dormindo menos. Tenho almoçado no computador. No final, estou trabalhando até as 23 horas”, lamentou.

As dores e vantagens do trabalho remoto voltaram às discussões nas empresas e famílias em razão de dois acontecimentos: a redução gradual de novos casos de Covid-19 em parte das capitais do país, que tem acelerado a retomada das atividades, e a volta às aulas, que já é realidade em algumas cidades e deverá ganhar escala a partir de setembro. Os estudantes podem estar prestes a colocar a mochila nas costas novamente, mas, diante dos dilemas do home office, nem todos os pais voltarão aos escritórios. As empresas estão colocando na ponta do lápis o custo da volta sem uma vacina, numa equação de difícil solução. É preciso oferecer mais espaço para assegurar o distanciamento, mas, ao mesmo tempo, já se sabe que não é mais necessário ter tanta gente no escritório para fazer o que as empresas conseguiram executar com todos em casa.

Desde o início de maio, quando o IBGE começou a medir os impactos da pandemia no mercado de trabalho semanalmente, foram identificados 8,9 milhões de pessoas que estão trabalhando em casa. E, mesmo com a retomada das atividades, na primeira semana de julho esse contingente permanecia no mesmo patamar. Só recentemente, na segunda semana de julho, essa situação começou a mudar: 700 mil pessoas voltaram aos escritórios. Mas o retorno ainda é permeado de incertezas. Muitos temem deixar suas casas porque não querem se expor à transmissão viral. Enquanto outros acreditam que sua ausência na empresa pode significar desleixo ou desinteresse, dando margem para que sejam demitidos num período de crise profunda e dificuldade de recolocação profissional.

Carlos Machado de Freitas, coordenador geral do Observatório Covid-19 da Fiocruz, lista uma série de medidas básicas a serem adotadas por empresas de qualquer porte e que já fazem parte da rotina da população, como a oferta de máscaras, de álcool em gel e a implantação de um ambiente mais arejado, onde o ar possa circular. Os detalhes começam a se tornar mais complexos conforme se planeja o distanciamento social interno dentro de uma empresa. Funcionários devem estar afastados por, no mínimo, 2 metros e preferencialmente com barreiras físicas entre suas mesas, tais como as já vistas no caixa de supermercados e no balcão de farmácias.

Outro procedimento necessário é ampliar a testagem, identificando pessoas que manifestem sintomas relacionados à Covid-19 e fazendo o rastreio de funcionários com quem elas tiveram contato, colocando-os imediatamente em quarentena. São medidas que requerem investimento e planejamento num período em que muitas empresas demitem justamente em decorrência da crise. “O empregado deve ficar o menor tempo possível em seu trabalho. Se havia duas pessoas que trabalhavam juntas por oito horas, o ideal seria que fizessem turnos diferentes e de menor duração”, explicou Freitas, da Fiocruz.

Cada vez fica mais claro, contudo, que, apesar dos protocolos a serem seguidos, não haverá modelo único de volta ao trabalho. Há desde grandes empresas que voltaram há um mês aos escritórios àquelas que aboliram de vez um endereço físico. Na Froneri, multinacional fabricante de sorvetes e licenciadora de marcas como Nestlé, Lacta e Oreo, o retorno ao trabalho presencial da parte administrativa em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, está completando quatro semanas, sem casos de Covid-19, com 80 funcionários em rodízio que permite no máximo 60% dos trabalhadores no local. “É o momento de voltar? Eu acho que uma vez estando avalizado e recomendado pelas autoridades sanitárias, e baseado em nossa experiência do ganho de produtividade do retorno, é o momento, sem abrir mão de toda a segurança”, explicou Sudário Martins, diretor-geral da Froneri Brasil.

A empresa, que faturou R$ 715 milhões no ano passado, tomou a decisão com base em experiências em suas unidades da Europa, do Oriente Médio, da Argentina, Austrália, Filipinas e África do Sul. A maior mudança específica para o Brasil foi no transporte, com a criação de quatro rotas exclusivas de ônibus privados e o pagamento de Uber ou táxi para outros colaboradores. A fábrica, que ficou fechada entre final de abril e começo de maio, já havia voltado a funcionar com seus 300 funcionários e apenas cinco casos de Covid-19 registrados. O RH mapeou cada funcionário de grupo de risco ou com familiares vulneráveis em casa. A limpeza do escritório, que era semanal, passou a ser diária. Na fábrica, onde ocorria duas vezes por dia, passou a ser repetida a cada quatro horas.

Para voltar foi preciso pensar não só no transporte e no espaço entre os funcionários, como também em cada pequeno aspecto da rotina. Foram adotados novos protocolos de vestiário, o self-service no refeitório deu lugar a um menu à la carte, foram criadas embalagens plásticas para depositar as máscaras durante a refeição e os funcionários receberam aulas sobre como vestir, usar e manusear o adereço de proteção.

Outras empresas já traçaram estratégias para transformar, ao menos parcialmente, o home office forçado em prática definitiva. Em São Paulo, o Metrô colocará 600 funcionários da área administrativa trabalhando em casa, desocupando 13 mil metros quadrados, divididos em três prédios. A Petrobras já anunciou que manterá metade do pessoal administrativo em casa trabalhando. São 10 mil funcionários. O Banco do Brasil também vai pôr 30% em home office permanente, com a devolução de 16 prédios. Já o Google postergou em um ano a estratégia definitiva e anunciou que pretende deixar seus empregados em home office até o fim de junho de 2021.

Em empresas menores, contudo, a solução tem sido pensada caso a caso. No escritório de advocacia Kincaid – Mendes Vianna, na unidade do Rio, com 100 funcionários, as atividades deverão ser retomadas no fim de agosto, de forma escalonada, seguindo protocolos sanitários. Já a sede paulista entregou a sala que ocupava na Avenida Juscelino Kubitschek, no Itaim, e agora testa o trabalho com 100% de home office e uso de coworking apenas para reuniões. “Vamos testar os diferentes escritórios compartilhados da cidade. Pode ser bom fechar com alguma rede que nos permita, em um mês, fazer uma reunião na região da Berrini e, no outro, ter uma estação de trabalho na Paulista”, afirmou Lucas Leite Marques, sócio da banca.

Em países onde a pandemia apresenta recuo consistente, como é o caso do Reino Unido, há a expectativa de que, até o final do ano, dois terços dos britânicos tenham retornado ao escritório. Esse movimento foi estimulado, em parte, pelo próprio premiê Boris Johnson, que deu declarações, em julho, convocando a população a voltar. Entre as firmas londrinas que retomaram as atividades estão as filiais das consultorias PwC e Deloitte. No caso da PwC, a empresa calcula que, até o final de setembro, pelo menos 50% dos funcionários terão voltado a dar expediente, mesmo que parcialmente, no escritório, segundo o The Guardian. Contudo, ainda de acordo com o jornal, a avaliação das 30 maiores empresas da City of London, o centro financeiro da capital britânica, é que, no máximo, 40% das equipes voltarão ao trabalho fisicamente nos próximos meses.

Na França, onde o presidente Emmanuel Macron conclamou a volta da normalidade em maio e deu diretrizes sanitárias estritas às empresas, a subida dos novos casos de contágio coloca em xeque a retomada. Na primeira semana de julho, o número de no­ vos casos no país alcançou o mesmo patamar de dias antes do lockdown, anunciado em março, o que já faz as autoridades francesas falarem em uma “nova onda”.

Com o ingrediente a mais da crise econômica, a única coisa certa até agora é que o primeiro a perder será o mercado de locação de imóveis comerciais. O baque que o setor já sofreu poderá se tornar permanente. Uma pesquisa inédita da consultoria Cushman & Wakefield, especializada em imóveis corporativos, mostra que 30% de mais de 200 grandes empresas pretendem diminuir o espaço físico dos escritórios. Dados da Apsa, uma das maiores administradoras de imóveis no Rio, corroboram essa tendência. No segundo trimestre havia 15 mil salas, lojas e galpões desocupados, um aumento de 50% no estoque na comparação com o primeiro trimestre. Muitos deles são imóveis de até 50 metros quadrados.

Até mesmo nas ruas mais disputadas do eixo Rio- SP, a expectativa é que o burburinho se traduza em mudança nas estatísticas já no terceiro trimestre. É o caso da Faria Lima, em São Paulo, e de ruas centrais do Rio, que contam com contratos longos, com multas altas em caso de rescisão, o que faz o inquilino só devolver o imóvel diante da certeza de uma mudança definitiva de cenário. “A Faria Lima tem uma vacância baixíssima, em torno de 2,6%. Se a empresa decidir desocupar o escritório e depois perceber que foi uma decisão errada, poderá não encontrar mais vaga”, explicou Felipe Robert Giuliano, diretor de locação da CBRE, empresa que atua no mercado imobiliário.

A baixa vacância, contudo, ainda não contempla a saída da XP do centro financeiro paulistano. A empresa, que ocupa dois prédios de 30 andares na região, determinou home office definitivo e manterá apenas uma base na Faria Lima para receber alguns clientes. Uma pesquisa da Mercer, uma das maiores consultorias na área de recursos humanos no país, com mais de 200 grandes empresas, adianta o que pode ser o impacto do home office para o setor imobiliário. O levantamento constatou que 13% das empresas pretendem deixar em média 44% do pessoal trabalhando em casa permanentemente. E 85% delas vão permitir o home office opcional. “A grande maioria (97%)foi bem-sucedida com home office”, disse Antônio Salvador, da Mercer.

Se pudesse escolher, Leandro Brusque trabalharia em casa. Gerente da Ocyan, empresa da área de petróleo e gás, com escritórios no centro do Rio, ganhou tempo com a mudança na rotina. A empresa vai colocar 50% do pessoal em casa, com os funcionários se revezando no escritório. Morador de Niterói, Brusque levava uma hora e meia para chegar ao trabalho. “Com mais tempo livre, consegui ler, organizar as lembranças de família, escanear documentos”, disse. O esquema de revezamento, além de agradar a Brusque, também se mostra mais versátil para um futuro incerto sobre o qual muitos preferem não pensar: a ideia de que, nos próximos meses – e até anos -, enquanto a vacina não for acessível a todos, a pandemia possa voltar a crescer, à medida que o distanciamento social diminuir. “Esse processo deve ser lento e gradual, porque a transmissão aumenta facilmente se houver muitas pessoas na rua. Até termos um tratamento ou vacina, nós viveremos no fio da navalha o tempo inteiro, abrindo e fechando os negócios”, disse Carlos Machado de Freitas, da Fiocruz.

O especialista avalia que o momento não é o mais adequado para a volta à normalidade, em razão dos números ainda elevados de infectados pelo Brasil. Machado apontou que a sensação de que o país possa ter atingido seu “platô” – ou seja, quando há uma estabilidade entre o número de novos casos e o de novas mortes – esconderia uma leitura mais cética dos números. Segundo ele, uma análise mais aprofundada revela que muitas cidades “estacionaram” em uma média elevada de casos e mantêm uma alta taxa de leitos de UTI ocupados. Desta forma, uma nova onda de infecções provocaria rapidamente a falência do sistema hospitalar. Diante de tantas incertezas, a imprevisibilidade continua sendo a palavra de ordem da pandemia. Empresas que conseguirem criar modelos mais dinâmicos e retráteis de retomada, mantendo os protocolos de segurança, tendem a navegar melhor nesses novos mares.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O EFEITO DO DOPING MUSICAL

Estudos detalham o impacto extremamente positivo que as trilhas sonoras podem ter no desempenho das atividades físicas, especialmente as aeróbicas

Você está na academia, cansado, desanimado, considerando não completar o treino, quando uma música nova começa a tocar na sua playlist e, eis que de repente, uma energia extra lhe faz seguir em frente – heroica e animadamente. Não é preciso ser um especialista para perceber que uma trilha sonora adequada é capaz de tornar a atividade física mais fácil e prazerosa. Pois agora a ciência esmiuçou os detalhes dessa associação. Pesquisadores da prestigiosa Universidade Brunel, em Londres, mostraram que as batidas sonoras tornam o consumo de oxigênio mais eficiente e estimulam o trabalho do coração. O levantamento, ancorado em 139 pesquisas de diversas instituições de saúde internacionais, comprovou que a música permeia as áreas do cérebro associadas à liberação do neurotransmissor dopamina, ligado à emoção, à euforia e à cognição, e também àquelas ligadas a reflexos físicos. Trata-se do mesmo composto químico que o organismo utiliza para avaliar ou reforçar alguns comportamentos essenciais à sobrevivência, como o da alimentação, e ainda aquele que aciona um outro mecanismo essencial, o de prazer por recompensas. “A dopamina aumenta a força da contração do músculo cardíaco, o que favorece a resistência do corpo no rendimento da atividade física”, diz Ludhmila Hajjar, professora de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e intensivista da Rede D’Or.

Os benefícios de ouvir música durante a prática de exercícios foram descritos pela primeira vez por cientistas americanos em 1911, ao observar ciclistas que iam mais rápido quando uma banda militar tocava nas ruas, em comparação a corridas em silêncio. Não é qualquer ritmo, no entanto, que consegue provocar o impacto positivo. Assim como o compasso de uma fanfarra, as músicas que aumentam o rendimento têm batidas definidas e fortes, como o estilo dance pop. Além disso, devem incluir palavras de incentivo, como run (correr), move (movimento), action (ação). Entre os exemplos de canções selecionadas pelos estudiosos, estão pequenos clássicos modernos entoados por Lenny Kravitz, Beyoncé e Bruce Springsteen.

Um dos principais trabalhos analisados pela Universidade Brunel foi celebrado pelo mais recente encontro anual do American College of Cardiology, centro de inteligência e influência decisiva para todo o mundo. O levantamento avaliou o impacto da música na tolerância ao exercício durante testes de stress cardíacos conduzidos em esteiras ergométricas. São provas em que o corpo é submetido à alta carga de exercícios em pouco tempo, monitorado com o uso de eletrodos no peito. A velocidade e a inclinação da esteira aumentaram a cada três minutos ao longo de até oito minutos. Os 127 homens e mulheres participantes, com idade média de 53 anos, foram aleatoriamente divididos em dois grupos – o dos que ouviram músicas em ritmo acelerado com fones de ouvido e o dos que se exercitaram sem nada nos ouvidos. A distância percorrida em um mesmo período foi significativamente maior entre os que ouviram música: cerca de 15% a mais.

Há ainda uma outra vantagem. As baladas fortes distraem o foco do exercício em si e, consequentemente, ganha-se mais afinco. As batidas musicais fizeram com que o organismo usasse menos 7% de oxigênio, indicou um outro trabalho. A conclusão foi feita com base em testes com adultos que praticavam treinos aeróbicos com trilhas sonoras no estilo dance pop. A música não afetou o quão cansados eles se sentiam, mas os fez gostar de correr mais, em relação aos que se exercitaram em silêncio. Os mecanismos cerebrais foram medidos por eletrodos. De acordo com os cientistas, o som também estimula ondas elétricas em áreas do cérebro associadas ao prazer, tornando o esforço mais agradável. Ou seja: se estiver pensando em dar uma corridinha, vale a pena levar seus fones portáteis e escolher uma boa playlist.

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