Somos animais conectados que temem sucumbir à morte pela fome. Isolamento, quarentena e pandemia são gatilhos de medo que nos advertem para manter o caro metabolismo da vida funcionando. Precisamos viver, mas… e se faltar comida!? Emotivos, corremos às compras, abastecemos a despensa, entupimos a geladeira e, por um dia ou dois, nos convencemos a não desfalecer.
Um filé grelhado marca nossa evolução mais do que possamos imaginar. Cozinhar nos manteve vivos, saudáveis e mais inteligentes. No entanto, mesmo passados 160 mil anos, códigos de comportamentos “caçador e coletor” estão ainda impregnados em nossos genes e cérebro. Esse aparato embutido na caixa craniana mantém ativo um complexo sistema de estímulo e recompensa; uma batalha interminável povoada por dopamina, serotonina, norepinefrina… E comida! Olha ela de novo.
Entre estímulo e recompensa estão os hábitos reprogramados pela Covid-19. Compartilhamos fotos de gôndolas vazias, símbolos do inconsciente coletivo do medo da fome: falta álcool, falta papel higiênico, falta feijão! Mas não falta, só não demos tempo de serem repostos. Incapazes de caçar, coletar e cultivar, a esperança está no supermercado. E a imagem da prateleira vazia é um desserviço, pois cria a insensatez da estocagem, que desequilibra toda a cadeia de abastecimento e expõe seres humanos. Não nos cabe mais esse instinto egoísta de autopreservação. É preciso recalibrar as emoções — e educar é o melhor caminho. Não morreremos de fome pelo vírus, mas podemos sucumbir à peste da ignorância.
Fome é fome. Vírus é vírus. Estamos ressignificando o alimento e uma das nossas atividades mais básicas: comer. O coronavírus ataca os pulmões, mas também faz refletir sobre a importância do outro para nutrir a alma e, para nutrir o corpo, sobre como comemos, compramos alimento e cozinhamos. O vírus não consome o alimento, mas a nossa fantasia imaginária de onipotência. A comida, contudo, é a matéria que impulsionará alterações dos rituais de consumo nos próximos meses, porque não fomos programados, como sapiens modernos, a lidar com a fome; e como capitalistas fomos educados a rejeitar o que não é sucesso. Como se não bastasse, nós, os habitantes do mundo virtual, preferimos mais os likes à qualidade do afeto. Caímos em nossa própria armadilha. E foi necessário um vírus para espirrar em nossa cara o quanto somos vulneráveis.
Corpos, mentes e cérebros na era do design inteligente sucumbem ao pavor do risco à sobrevivência da espécie. Somos chamados a resgatar a interação social que nos define como humanos, mas agora valorando a presença pela ausência. Educação dolorosa que aponta a colaboração social e orquestrada como única saída. Somos convocados a criar uma rede de segurança mundial contra um inimigo invisível que se manifesta em choque econômico, mortes e caos.
Um sujeito microscópico, coroado e desaforado, nos trancafiou em quarentena e nos obriga ao diálogo interior. Um vírus governa no momento em que, pela primeira vez em bilhões de anos, estamos alterando o jogo da vida com a biotecnologia e a Inteligência Artificial. Se o que nos trouxe aqui como espécie foi a diversidade biológica e genética, não temos o direito de empobrecer as gerações futuras. Nós, Homo sapiens, somos os únicos responsáveis pelo legado que dará sentido à vida daqui em diante. Para o surto haverá fim. Para o mal haverá cura. Para a fome, comida. Mas, atente-se: o medo que nos ameaça não pode ser recompensado por pão. Estamos desfalecendo não pelo vírus, não pela fome, mas por termos perdido a capacidade de ver, no outro, um reflexo de nós mesmos.
A preparação para a volta às aulas com o vírus ainda rondando intensifica o debate sobre o ensino on-line. Poucos gostaram da experiência, mas ela é inescapável – e isso pode ser bom.
As aulas mal haviam começado no Brasil em 2020 quando a pandemia chegou e todas as escolas fecharam. Presos em casa, pais, alunos e professores precisaram se adaptar de uma hora para outra ao ensino on-line – e muita gente não ficou satisfeita. Foram meses de aulas marcadas por distração, tédio e pouco aprendizado de um lado e um esforço nem sempre recompensado de outro. Isso, quando havia conexão decente: um em cada quatro brasileiros não tem sequer acesso a internet. Agora que se começa a falar no retorno à sala de aula, outras questões despontam no desconhecido mundo que se avizinha. Como manter o tão recomendado distanciamento social? Como saber quanto cada um verdadeiramente assimilou em casa? E como, afinal, recuperar o conteúdo perdido?
Enquanto os planos vão sendo traçados, duas certezas se cristalizam. Uma delas é que o ensino tal qual o conhecíamos deixará de existir por um bom tempo, talvez para sempre. A outra é que a educação remota, que a necessidade forçou sobreas pessoas, veio para ficar, por ser a única forma – de abranger todos os alunos ao mesmo tempo. A perspectiva pode soar assustadora, pela má impressão inicial que o aprendizado eletrônico deixou, mas ela tem o mérito de pôr o ensino pela internet na torre de lançamento para uma muito anunciada e nunca materializada transformação da educação. “Crises são aceleradoras de futuro. Estamos assistindo ao princípio de uma revolução”, diz Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas.
Enquanto a amplitude dessa revolução vai sendo construída, o sentimento predominante entre pais e alunos é de que o ano escolar está perdido. Os números são vagos no Brasil, mas uma pesquisa americana mostra que o estudante médio iniciará o próximo ano letivo com um terço do progresso esperado em leitura e metade em matemática. O maior equívoco do ensino oferecido durante a pandemia foi tratá-lo como mera extensão da sala de aula, sem atentar para o fato de que, na internet, a sintaxe é outra. “A linguagem ali se aproxima da do entretenimento, mais veloz e mais coloquial”, observa João Marcelo Borges, diretor da ONG Todos Pela Educação.
Engatinhando na transição, a preocupação inicial das escolas foi migrar para as telas em tempo recorde. O SEB, um dos maiores grupos de educação básica do país, com 400 escolas, precisou treinar 6.000 professores em duas semanas. Treinamento é, de fato, ingrediente imprescindível: em pesquisa inédita realizada pelo Instituto Península, 88% dos professores disseram jamais ter lecionado a distância. “Tivemos percalços, como a conexão caindo e o microfone falhando. Com o tempo, as coisas foram se ajeitando,” relata Alessandra Dias, diretora pedagógica da rede mineira Coleguium. Na casa de Nina, 14 anos, e Sofia Kwaks, 17, alunas do carioca pH, dois computadores são compartilhados entre elas e os pais, ambos trabalhando em esquema de home office. “As manhãs são nossas. Logo nas primeiras semanas percebemos os professores que estavam à vontade e os que sofriam na sala digital”, conta Nina. A avenida das dificuldades em circular pela escola a distância tem duas mãos. “Ser nativo digital não é sinônimo de saber produzir nesse meio. Alguns alunos no princípio não conseguiam anexar um arquivo no e-mail ou escanear uma redação”, afirma Vicente Delorme, diretor de planejamento do pH.
A maioria dos pais relata impotênciadiante de filhos desmotivados. “Tentava manter o ritmo de aprendizado da escola, mas me descobri uma péssima professora”, lembra a influenciadora digital Mariana Bridi, 35 anos, casada com o ator Rafael Cardoso, 34, e mãe de Valentim, 2, que teve a matrícula adiada, e de Aurora, 5, que está na alfabetização de um colégio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e tem dois encontros virtuais por semana, de uma hora cada um, com a “tia” e os coleguinhas. Confinado em uma fazenda, o casal se reveza em frente à tela e na tentativa de ensinar Aurora a ler. “Não temos a didática de um professor, mas fazemos o melhor que podemos, sem stress”, diz Cardoso. Um dos pontos frágeis da educação doméstica são justamente as séries iniciais, por causa da falta de autonomia dos pequenos e do afastamento físico entre eles. “A ausência de interação social é uma grande desvantagem para as crianças menores”, alerta Tatiana Filgueiras, vice-presidente de educação e inovação do Instituto Ayrton Senna. Outro fio esgarçado é o último ano do ensino médio, pelo receio de que o estudante perca conteúdos essenciais às vésperas do Enem. “Tive medo de que minha filha ficasse desestimulada”, afirma a médica Ana Lodhia Almeida, 50 anos, mãe de Mila, 17, aluna do Colégio Farias Brito, no Ceará, que sonha seguir a mesma carreira. “Sinto falta dos amigos, mas fiquei ainda mais focada. Estudo o tempo inteiro,” afirma Mila.
A reação de Mila é uma mostra de resiliência, uma das célebres competências do século XXI – ao lado da resolução colaborativa de problemas, da adaptabilidade ao incerto e outras – que as escolas modernas têm incluído em seus currículos e que a sala de aula na cozinha de casa acabou, sem querer, estimulando. “Os estudantes tiveram de aprimorar a capacidade de organização, já que não havia professor monitorando”, pontua Katia Smole, diretora do Instituto Reúna e ex-secretária de educação básica do MEC. Ao longo da nova jornada, saíram na frente os alunos de instituições que já desenvolviam iniciativas sólidas na área, como a filial paulistana da internacional Avenues e as cariocas Eleva e Escola Americana. “Não tive problema com a mudança. Até pude aprender a mexer com outras ferramentas”, conta Beny Fuks, 11 anos, aluno da Escola Americana do Rio que, no confinamento, criou um canal no YouTube, onde já entrevistou personalidades como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Joaquim Levy, ex ministro da Fazenda.
Os transtornos causados pela pandemia no ano escolar não deixaram carteira sobre carteira, infelizmente. Com as escolas fechadas, 1,5 bilhão de alunos ficaram em casa no planeta.
No Brasil, foram 47,8 milhões de estudantes da educação básica e 8,4 milhões de universitários. Entre os primeiros, os efeitos foram dramáticos, sobretudo na enorme parcela que frequenta a rede pública: segundo pesquisa do Datafolha encomendada pelo ltaú Social, pela Fundação Lemann e pela instituição Imaginable Futures, 58% dos pais consideram “muito difícil manter a rotina de estudos. Já no ensino superior particular (o público está sem aula de qualquer espécie), em que a educação a distância é bastante difundida, mais de 80% das escolas fizeram a transposição para a internet sem aparente problema. “A previsão é que, em 2022, teremos no Brasil mais alunos remotos do que presenciais, o que é inédito no mundo”, antecipa Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior.
Tudo continua fechado no Brasil, mas os governos estaduais e os colégios começam a montar o quebra-cabeça da volta. São Paulo acaba de anunciar a reabertura das redes pública e particular no dia 8 de setembro, com capacidade máxima de 35% nas escolas. O Rio de Janeiro prevê uma retomada gradual a partir de meados de agosto. Girar a engrenagem do retorno será operação complexa, envolvendo peças que vão do cuidado emocional de alunos e professores que perderam pessoas próximas à disposição física de tudo e todos para evitar o contágio. Com 9.000 alunos, o Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, contratou a consultoria do Hospital Albert Einstein para criar um protocolo de biossegurança. Entre as medidas anunciadas estão a aferição de temperatura na entrada, o espaçamento entre carteiras e a troca de bebedouros por refil de garrafas. No geral, não se sabe quanto tempo a tomada de temperatura levará, se as crianças terão de usar máscara o tempo todo e como se fará com que as menores fiquem separadas umas das outras.
No aspecto pedagógico, o ensino híbrido, em parte on-line, em parte presencial, será etapa obrigatória da transmissão de conteúdo – enquanto uns estudam na escola, outros aprendem em casa (resta ver como se encaixará na rotina de pais que trabalham). “Temos de olhar com desapego para a escola que vigorava em março”, diz Tatiana Filgueiras, do Instituto Ayrton Senna. Experiências bem-sucedidas em outros países servem de bússola para as escolas brasileiras. Uma delas é o modelo criado em Israel pelo Instituto Weizmann, um dos mais reputados centros multidisciplinares do mundo. Chamado de 10-4, o método prevê que tanto os estudantes, no aprendizado, quanto seus pais, no emprego de cada um, intercalem quatro dias de atividade presencial com dez em casa. Na Coreia do Sul, a volta às aulas foi com divisórias de acrílico entre as carteiras e ocupação de um terço das salas. A Inglaterra dividiu as turmas: parte vai à escola na segunda e terça, parte na quinta e sexta. Quarta é dia de limpeza.
Superado o desafio da acomodação, os colégios terão de lidar com a inevitável defasagem no aprendizado. Haverá avaliações para saber o que foi absorvido e quem precisa do reforço de aulas extras, com extensão do ano letivo ou ampliação da carga horária. A Secretaria de Educação de São Paulo está estruturando um 4º ano do ensino médio, optativo para quem não entrar na faculdade. No ensino público, a tendência é diluir o conteúdo represado em 2021 e 2022. “A orientação agora é se concentrar no essencial de cada matéria, para que o aluno avance sem prejuízos”, explica Cecília Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação.
A inédita adaptação universal ao ensino on-line abre espaço para que a educação, fortuna da humanidade, embarque em seu maior salto desde que o alemão Johannes Gutenberg inventou, no século XV, a prensa e os tipos móveis de metal que permitiram a impressão em grande escala. Até então, o modo de ensinar seguia basicamente como nascera na Grécia antiga, por transmissão oral (escola vem do grego schloe, que quer dizer discussão, conferência). O advento dos livros democratizou o conhecimento e levou ao surgimento, 300 anos depois, da escola nos moldes atuais. “A evolução que acontece agora em tempo recorde vai ter um impacto consistente a longo prazo”, antecipa o matemático americano Salman Khan, precursor do ensino digital com a plataforma Khan Academy, que registrou com a pandemia um aumento de acessos de 300%. Tendo a internet como aliada, o professor pode customizar as aulas, detectando deficiências de cada aluno e oferecendo explicações antes que dúvidas se convertam em gargalos insolúveis. “Se alcançar uma boa simbiose com a tecnologia, o educador sabe rá em tempo real o nível de absorção de conteúdo e as lacunas, podendo dar suporte para que cada um progrida no seu próprio tempo”, ensina Khan, criador e promotor das chamadas flipped classes – o estudante adquire o conhecimento na internet e reserva as aulas para debater e sanar dúvidas. Aindependência e o avanço gradativo no terreno do conhecimento estimulados pela chamada gamificação, em que o aluno sobe de nível à medida que resolve questões cada vez mais complexas, são subprodutos bem-vindos da tecnologia quando bem empregada – “um recurso que fala o idioma desta geração”, na definição de Rafael Parente, diretor da BEi Educação. “O aprendizado tende a ser mais personalizado, envolvente e centrado no aluno”, resume Fernando Reimers, diretor do Programa de Mestrado em Política de Educação Internacional da Universidade Harvard. Que fique claro: nada disso quer dizer que a escola vá desaparecer. O contato olho no olho entre aluno e professor, atestam os educadores, é insubstituível, assim como a interação entre colegas e as trocas que fazem com que uns aprendam com os outros. Mas as mudanças embutidas na solidificação do ensino on-line, que a pandemia precipitou, terão efeitos profundos. Disse o filósofo Immanuel Kant: “O ser humano é aquilo que a educação faz dele”. Aproveitar bem essa chance é certeza de um planeta habitado por indivíduos melhores.
UMA DURÍSSIMA LIÇÃO
Enquanto os alunos duelam do lado de cá do computador, do lado de lá da tela os professores tentam se virar como podem para dar aulas em um terreno no qual quase nenhum deles havia pisado antes. Frustrações se acumulam no meio do percurso, seja porque os mestres percebem não estar prontos para o desafio que lhes surgiu de forma tão repentina, seja porque a rotina posta do avesso os abalou emocionalmente. Esse aspecto pouco visível da corrida para ensinar a distância aparece em uma pesquisa feita com 7.700 docentes de escolas públicas e particulares, do ciclo fundamental ao médio, pelo Instituto Península. A franqueza dos entrevistados chama atenção: 83% reconhecem estar despreparados para a missão, 67% chegam a apresentar quadros de ansiedade E apenas 7% expressam satisfação com o resultado final. “No início, chorava constantemente. A falta dos alunos drenou minha criatividade, mas consegui estabelecer o vínculo com eles e, juntos, já fazemos planos para quando a vida voltar ao normal”, conta Carla Brenes Teixeira, 46 anos, do Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, que, como outros colegas, teve de improvisar uma “sala de aula” em casa com os filhos em volta. Muitos revelam angústia diante de classes virtuais “mornas, apáticas, por vezes caóticas” e se ressentem da baixa participação da garotada. Sem formação nem prática para atuar no universo on-line (só 12% já haviam lecionado a distância), eles estão tendo de aprender tudo sobre esse admirável mundo novo quase que em tempo real – aliás, para o bem do ensino. “Essa grande mudança forçada pode deixar uma herança valiosa”, avalia Maria Elizabeth Almeida, professora da Faculdade de Educação da PUC de São Paulo. Certo é que, depois desta temporada, os professores nunca mais serão os mesmos.
De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento (1Timóteo 6.6).
Todas as semanas, visito as livrarias dos aeroportos brasileiros. A maior seção é a dos livros de autoajuda e daqueles que ensinam os segredos da prosperidade financeira. Esse últimos enchem bibliotecas e são consumidos com voracidade. Passa-se a ideia de que o dinheiro pode trazer segurança e felicidade. Muitos acreditam que o dinheiro é a ponte para a ilha da fantasia, onde mora a felicidade. Mas aqueles que querem enriquecer caem em tentação e cilada e atormentam a si mesmos com muitos flagelos. Muitos se desviaram da fé nessa cobiça desenfreada. O dinheiro em si não é mal, mas o amor do dinheiro é a raiz de todos os males. O apóstolo Paulo diz que a piedade com contentamento é grande fonte de lucro. Tendo o que comer, o que beber e o que vestir, devemos estar contentes. Nossa felicidade e nossa segurança não estão no dinheiro, mas em Deus. Paulo exorta os ricos a não colocarem sua confiança na instabilidade da riqueza, mas em Deus. O dinheiro é bom quando nós o possuímos, mas não quando ele nos possui. O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Só nos traz felicidade quando o distribuímos com generosidade, não quando o retemos com usura.
Custos menores e mais agilidade no pagamento abrem espaço para o crescimento da modalidade de compra feita pela câmera do celular. Trata-se de uma ameaça às tradicionais maquininhas.
A chamada “guerra das maquininhas”, que define a disputa dos bancos e empresas de meios de pagamento, intensificada nos últimos cinco anos, ainda parece estar longe de um armistício. Existem cerca de 20 milhões de pontos com capacidade para receber os equipamentos no mercado empreendedor e atualmente 10 milhões de máquinas estão ativas. Um grande campo a ser explorado, que deve ser preenchido em pouco tempo, segundo especialistas e players. Paralelamente, já começou a “batalha do QR Code”, que num futuro não tão distante pode acabar com maquininhas. Para enfrentar essa luta tecnológica dos pagamentos e transações comerciais, o Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, mostrou algumas de suas armas, promete avançar algumas casas e ganhar terreno nessa disputa.
A aposta no QR Code leva em consideração, entre outros fatores, a mudança do mercado, os custos mais baixos e o comportamento do consumidor. O vice-presidente do Mercado Pago, Tulio Oliveira, classifica como “a grande notícia de 2019” o crescimento da empresa nesse sistema de pagamento. O executivo não revela os números de transações nem o volume de dinheiro movimentado desde a implementação da plataforma de QR Code pelo Mercado Pago, em novembro de 2018. Mas mostra um pouco de seu mapa de atuação. Pouco mais de um ano depois de lançar o código bidimensional, são 16 milhões de consumidores que possuem conta no Mercado Livre e no Mercado Pago com potencial para usar o sistema, além de 170 mil estabelecimentos que aceitam o QR Code da marca em todo o Brasil, que podem chegar a 1,5 milhão de vendedores se somados os terminais POS a partir de parceria com a Cielo.
Apesar da visão otimista, o desafio é grande. Primeiro porque a briga para ampliar mercado deve ser tão voraz quanto a das maquininhas. Segundo, e principalmente, com relação à cultura do brasileiro no uso do QR Code. “A vida não vai ter aventuras se você não se propor a fazer coisas diferentes. Estamos numa grande aventura”, afirma Oliveira, que está desde 2014 no Mercado Pago. “Deixamos de ser uma empresa que apenas processava pagamentos dentro do Mercado Livre para ser uma das líderes do setor. E agora fazemos a entrega de soluções de conta digital para nossos clientes.”
A mais nova aventura, que também pode ser chamada de guerra pelos menos eufemistas, é disseminar essa tecnologia que ainda não faz parte do cotidiano da grande massa. Para se ter ideia da dificuldade, faz pouco tempo, alguns grupos de mídia lançaram o QR Code como estratégia para fisgar novos públicos, com conteúdos exclusivos a partir da leitura do código, como vídeos, fotos e entrevistas, por exemplo. Não emplacou. Algumas cidades turísticas também colocaram o sistema em seus principais locais de visitação, para os turistas terem informações complementares no celular sobre o lugar ou uma obra de arte, no caso de museus. Não emplacou. “Há muitos casos no mundo inteiro que funcionaram e que não funcionaram. É uma tecnologia que vem evoluindo para maior adoção das pessoas”, diz o vice-presidente do Mercado Pago.
Mas um progresso começa a ser perceptível quando a maior rede de televisão do País coloca o QR Code no meio da transmissão das partidas de futebol. E explica para o telespectador que, ao apontar o celular para a tela da TV e escanear o código, ele é direcionado ao site da emissora com notícias de seu clube. Isso ajuda a popularizar o QR Code. Porém, esse é um exemplo de fator externo que auxilia na divulgação do sistema. O que, então, o Mercado Pago está fazendo para impulsionar a utilização do QR Code para vendedores e consumidores? Oliveira afirma que a empresa trabalha em duas frentes principais: apoio e treinamento para comerciantes e descontos para consumidores.
No apoio direto ao empreendedor, são explicadas as vantagens do QR Code. Com as grandes redes de varejistas, são feitas integrações de sistemas e de informações. Com os pequenos, distribuições de dados mais massivas pelo APP. Um dos segredos é a conscientização do empresário sobre a necessidade do sistema que, segundo Oliveira, é mais rápido, eficiente e barato do que as transações com cartão de débito ou crédito.
Outro diferencial é que por meio do pagamento na plataforma do Mercado Pago as empresas sabem mais sobre seus clientes, seus gostos, seus hábitos e costumes e com isso podem oferecer serviços e produtos mais adequados a cada perfil. Os argumentos têm atraído adeptos. O Mercado Pago já tem parceiros como Burguer King, Cielo, Cinemark, Cobasi, Grand Vision, McDonald’s, Rei do Mate e Spoleto. E recentemente anunciou a adesão de 5àsec, Giraffas, Lopes Supermercados, Madero, Outback, Petz e outros.
VANTAGENS
A funcionalidade do uso do QR Code também satisfaz o consumidor. Na prática, o sistema facilita e agiliza o pagamento. No método da tradicional maquininha, numa conta dividida entre oito amigos numa steakhouse, por exemplo, o aparelho passa na mão dos oito colegas, com o atendente colocando o cartão e o valor de cada um, para em seguida ser colocada a senha. Um processo que pode demorar alguns minutos. Com o QR, um único código é impresso na conta e cada amigo, com seu próprio celular, o escaneia e paga sua parte ao mesmo tempo. A conta é quitada integralmente em segundos. Outro benefício que convida o comprador são os descontos disponibilizados no APP do Mercado Pago. Nesta semana havia mais de 1.000 cupons de descontos de R$ 20 em compras em supermercados, R$ 15 em restaurantes e farmácias e R$ 10 em cinemas e postos de combustível.
Para o executivo do Mercado Pago, a central de ofertas “é um ponto chave” do sucesso e do crescimento da utilização do código bidimensional. “Desconto gera benefício claro e o cliente testa a tecnologia.” As promoções podem ser feitas pelo próprio parceiro diretamente no aplicativo do Mercado Pago. O varejista pode apresentar seus descontos ou fazer campanha agressiva e direcionada a quem usa o QR. “É um estímulo para as pessoas usarem o sistema”, diz o executivo. “Quanto maior o nível de fidelidade do consumidor, maiores são os descontos”, completa.
Na ponta do processo de popularização do QR Code estão garçons e caixas, geralmente responsáveis pelas cobranças e pagamentos. A pergunta que eles mais fazem no momento da compra é: “Débito ou crédito?” O desafio é incluir a opção de QR Code nesse questionamento.
Para isso, o Mercado Pago tem se esforçado em melhorar a comunicação com esses profissionais. E produziu vídeo e tutoriais para auxiliar os empreendedores e redes varejistas a treinarem os trabalhadores. “No começo, ninguém sabia o que era QR Code. A relação com o cliente mudou. Hoje tem muita gente preparada para atender nesse sistema”, diz Oliveira. “Varejista que é engajado com a solução, gera resultado, cresce a força de vendas”, acrescenta, ao colocar parte da responsabilidade do sucesso da ferramenta nas mãos dos comerciantes e empresários. E diz que o Mercado Pago também disponibilizará nas próximas semanas saques em caixas eletrônicos da rede 24 horas por meio do QR Code.
Da internet à sala de casa, como a quarentena alterou o comportamento sexual, a rotina dos solteiros e o convívio de casais
Fica em casa… E manda nudes. Em Nova York, foi essa a recomendação de um comunicado compartilhado pelo departamento de saúde da prefeitura. A cartilha do sexo na quarentena sugere substituir encontros com parceiros sexuais por salas de bate-papo, mensagens picantes e vídeos. “A masturbação não espalhará Covid-19, principalmente se você lavar as mãos com água e sabão”, orienta o texto. “Você é seu parceiro sexual mais seguro.” Por aqui, a hora também é de redescoberta do sexo solitário. O isolamento é um bom momento para explorar novidades, acredita o terapeuta tântrico Mukto. “Não sabemos o que será o novo normal depois, mas antes da pandemia muita gente reclamava de falta de tempo”, aponta. “Agora tem menos essa desculpa.” Tanto para casais como para quem está sozinho, Mukto recomenda sessões de tantra com um especialista. “E uma aula para a expansão da energia sexual em todo o corpo, não focada só no genital”, descreve. O exercício, uma espécie de “toque guiado”, dura cerca de uma hora. Com uma seleção de músicas, o profissional conduz a prática em vídeo e dá orientações para explorar sensações pelo corpo. “As pessoas têm uma ideia errada do tantra, acham que é só sexual”, opina a massoterapeuta Julia Facincani, que começou a praticar no início do ano. “Mas tem uma questão de autocuidado, uma gentileza com o corpo. Sente-se prazer onde não se sentia antes, onde nem imaginaria sentir.”
O designer Fábio B., 38, e a professora Cristina C., 35 (eles preferem não revelar o sobrenome), namoram há três anos. Fábio foi a Ribeirão Preto para cuidar da mãe, de 72 anos, que mora sozinha, no início da quarentena. Planejou ficar lá até 7 de abril, mas acabou não voltando e o casal não se viu mais. Encontraram uma maneira de se relacionar sexualmente a distância. “Combinamos encontros via chamada de vídeo com masturbação simultânea. Começamos com conversas quentes e evoluiu para o auto toque. É um prazer diferente, que nunca teríamos tentado se não fosse a pandemia”, diz Cristina.
“Muitos têm vivido relações virtuais, chamadas de vídeo, em que cada um se toca no seu canto”, pontua Thais Plaza, terapeuta sexual e criadora do canal Se Toca, no YouTube. “Este é um bom momento para se reconectar com o próprio corpo e parar para conhecê-lo melhor”, incentiva. “O grande legado que a quarentena vai deixar no comportamento sexual das pessoas é essa atenção para o ‘estar presente’, estar mais conectado com o agora”, aposta Thais. “Esse é o convite feito pelo isolamento social: desacelerar o externo para pensar melhor em tudo o que ocorre internamente.”
Para a psicoterapeuta de casais Célia Horta, alguns pares estão tendo mais intimidade, pois existe uma dedicação maior ao parceiro neste momento. “Quando você joga em excesso a energia para outras coisas da sua vida, deixa de olhar para o próprio relacionamento.”
Na segurança de casa, sites de conteúdo adulto viram a audiência disparar com o inicio da quarentena no país. Entre os dias 16 e 25 de março, o nacional Sexy Hot registrou crescimento de mais de 450% no número de novos usuários. No Pornhub, as visualizações cresceram ainda mais após o site liberar acesso a conteúdos premium para encorajar os usuários a “ficar em casa e ajudar a achatar a curva” de transmissão do vírus. No OnlyFans, serviço de assinatura para fotos e vídeos explícitos, modelos cadastrados no site também prosperam. Para Renata Chagas,24, a venda de fotos e vídeos é sua única fonte de renda. “Eu que escolho o valor, posso fazer promoções e vendo pacotes de fotos”, detalha. Além do OnlyFans, ela faz parte do SuicideGirls, rede social dedicada a modelos do sexo feminino com tatuagens, piercings e cabelos coloridos. Modelo desde os 18 anos, Renata passou a integrar o site aos 22 e descobriu o OnlyFans mais tarde. Hoje a plataforma compõe boa parte de seu faturamento, que varia de 300 a 500 reais por semana. “O que mais vendo são os conteúdos caseiros.”
Sem a renda mensal que recebia pelas aulas de ioga, o instrutor Lino Lee, 35, decidiu criar um perfil na plataforma. “Joguei todo meu acervo de ensaios nus e alguns vídeos de sacanagem”, conta. Com a assinatura mensal de 13 dólares, Lee já recebeu o primeiro pagamento de 100 dólares, valor mínimo para transferências internacionais. “Com o dólar alto, dá uma grana boa”, comemora. Além da ioga tradicional, ele ensina nude ioga, modalidade praticada sem nenhuma roupa. “A intenção é se conectar com o nu sem sexualizar e cortar barreiras que envolvam a nudez”, resume. Na quarentena, a história é outra. “As pessoas parecem se excitar com qualquer imagem”, nota. “Pela falta de contato físico, agora é tudo visual”.
Sem encontros ao vivo, os aplicativos de relacionamento também suprem a vontade de ter novas conexões. Para usuários do Tinder, o isolamento rendeu a experiência de paquerar pelo mundo todo. Um dos recursos pagos, o “passaporte” permite conhecer pessoas do app em qualquer cidade do planeta. Entre 27 de março e 4 de maio, a função passou a ser gratuita e São Paulo foi a metrópole que mais “viajou” usando a ferramenta.
Aline Oliveira, 20, é usuária do Badoo, um dos precursores dos sites de namoro. Durante a quarentena, ela percebeu maior disposição para manter conversas no app. “As pessoas estão mais receptivas e usam muito a pandemia para puxar assunto”, observa. Sem poder marcar encontros presenciais, Aline acredita que é comum criar laços de amizade neste período. “Há alguns anos fiz um amigo maravilhoso, que mora longe, e nos falamos até hoje.”
Martha Agrícola, diretora de marketing do Badoo no Brasil, identificou mudanças no comportamento dos usuários no país. “Aumentaram as conversas mais longas, daquelas que passam do “oi, tudo bem?”, explica. E na semana de 1º de maio, segundo Martha, 21.000 usuários deletaram o Badoo por terem conhecido alguém. “Talvez surjam casos de pessoas que ainda não viram o namorado pessoalmente por causa da quarentena.”
A venda de produtos eróticos também está em alta. Maisa Pacheco, 46, proprietária de uma sex shop na Consolação, calcula ter vendido cerca de 800 vibradores em abril (comercializavam-se até 290 em um bom mês). Além das vendas on-line, Maisa começou a atender clientes com hora marcada na semana, das 11 às 15 horas, e desenvolveu uma plataforma por assinatura onde publica tutoriais que ensinam a usar os brinquedos da loja. “Ainda mais agora na quarentena, a gente tem de gozar mesmo”, brinca. Natali Gutierrez, 29, fundadora da loja virtual Dona Coelha, percebeu seu ritmo de trabalho com o sócio, Renan de Paula, aumentar muito. “Temos de chegar mais cedo e sair mais tarde para dar conta dos pedidos”, diz. Desde o início da quarentena, em relação ao mesmo período no ano passado, o comércio teve crescimento de 457%. Com foco em produtos femininos, os sugadores clitorianos e vibradores para casais estão entre os mais vendidos. Significado de redescoberta do prazer para alguns, a quarentena também pode fazer aflorar problemas. Para alguns relacionamentos, o confinamento vivido por casais e familiares pode ser insustentável. A psicóloga Pamela Magalhães explica que quem vive na mesma casa está entrando em conflito porque não há mais distrações. “Não tem mais barzinho com os amigos e viajem de negócio que ajudam a colocar dilemas para baixo do tapete”, exemplifica. As maiores dificuldades estão na falta de comunicação, na diminuição da libido e no afastamento que já existia antes da quarentena.
Casada há trinta anos e mãe de quatro filhos, uma psicóloga que prefere não ser identificada começou a fazer terapia individual, de casal e de família por chamada de vídeo, ao mesmo tempo, desde o começo da quarentena. O tratamento tem dado bons resultados. Os seis integrantes estão aprendendo a interagir de forma equilibrada e a lidar com questões familiares negligenciadas. Algumas atitudes, segundo especialistas, podem melhorar o convívio, como pensar no presente e não procurar grandes soluções. “Busque pequenas ações para o relacionamento, como respeitar a individualidade do outro”, aconselha a psicóloga Denise Pará Diniz, da Unifesp. Outra dica é desenvolver a habilidade de ficar sozinho e reconhecer a ação do outro. “É importante olhar para o que o outro está conseguindo fazer e não apenas apontar o que não é feito”, acrescenta a psicoterapeuta Célia Horta.
Mas nem sempre tem jeito. Antes da quarentena, Fernando Ferraresso Filho, 27, e Anna Luísa Astolfi, 25, já demonstravam insatisfações, que afloraram com a presença física constante. “Duas coisas acabam com o relacionamento: a distância e a falta dela”, argumenta Fernando. Mesmo vivendo juncos, os dois admitem que se afastaram emocionalmente. “Eu comecei a me sentir sozinha, menos desejada e amada e repensei se era isso que queria para minha vida”, lamenta Anna. O ex-casal concorda que o término era inevitável, mas a quarentena adiantou o processo. “Ao mesmo tempo que me sinto chateada de acelerar o término, também me sinto aliviada. Quanto tempo eu iria demorar pra perceber que eu não queria estar naquele relacionamento?” Gabriela Santos Bandeira, 23, morava havia um ano com o namorado Giuseppe, de quem se separou após o confinamento. A estudante de moda, que antes passava o dia inteiro fora, teve de ficar em casa após perder o emprego. De personalidades opostas, o ex-casal discutia sempre. “Nunca tínhamos passado tanto tempo juntos. Não houve problemas novos, a quarentena só intensificou os que já existiam.”
“É uma sensação de instabilidade muito grande. Tem a parte física, a insegurança em relação à saúde, não apenas da pessoa, mas também dos familiares, amigos, entre outros. Tem a instabilidade relacional, porque se sofre com a readaptação muito grande dentro de casa, e a instabilidade financeira e do trabalho. As tensões geradas por isso normalmente já são descarregadas nas relações mais íntimas e profundas, no caso parceiros e filhos. Perde-se o filtro, já que a pessoa pode ser quem é. Perde-se a cerimônia. O espaço físico pode ser simbólico também, já que há a impossibilidade da solitude – diferente de solidão”, diz Célia.
Pela cidade, no ramo dos motéis, que assim como os hotéis tiveram permissão para seguir abertos desde o início oficial da quarentena, o faturamento caiu. A queda no movimento é menor nas periferias, onde moradores têm aderido menos ao confinamento. “Em nossa unidade de Itaquera, tivemos uma baixa de 34% nas receitas em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Na unidade do Tatuapé, uma região mais de classe média, a redução foi de 68%”, afirma Jefferson Ferreira, 43, empresário do setor. Após notícias de que motéis da cidade tinham recebido festas de grupos, Jefferson tomou a medida de não alugar quartos a mais de duas pessoas, para evitar aglomerações nas hospedagens.
Em pontos de prostituição de rua de São Paulo, os atendimentos não pararam. “Nas duas primeiras semanas, diminuiu o número de meninas na região. “Eu faturava até 1.000 reais por dia, porque o fluxo de clientes nunca baixou”, revela Cris, 27, que fazia ponto perto da USP, no Butantã, na noite da última segunda-feira. A reportagem presenciou pelo menos vinte profissionais e um intenso vai e vem de veículos no local. “Depois que a quarentena foi estendida, parece que o pessoal ‘desencanou’. As meninas voltaram e o faturamento passou a ser como antes (da pandemia), por volta de 200 reais por dia”, ela conta. A irmã de Cris, uma enfermeira de 35 anos, morreu de Covid-19 em abril. “Tenho medo de me contaminar, mas me cuido: só entro nos carros de máscara e sempre que chego a um motel ou drive-in desinfeto as superfícies com álcool em gel.”
VIDA EM FAMÍLIA
Especialistas dão sugestões para conviver bem (inclusive consigo mesmo) em casa
NÃO EXISTE IDEAL, EXISTE POSSÍVEL
“Deixe a autoexigência de lado: não precisa limpar a casa toda hora, não tem como fazer mudanças radicais neste momento e não exija dar conta de tudo”, diz a psicóloga Denise Pará Diniz, da Unifesp.
NÃO PROCURE GRANDES SOLUÇÕES
“Pense no presente: busque pequenas ações para o relacionamento, como respeitar a individualidade do outro”, explica Denise.
COMPARTILHAR É IMPORTANTE
Pode ser algo concreto, mas especialmente as expeirências, sentimentos e até mesmo uma informação.
RECONHEÇA A AÇÃO DO OUTRO
“É importante olhar para o que o outro está conseguindo fazer e não apenas apontar o que não está sendo feito”, diz a psicoterapeuta Célia Horta.
ORGANIZE ROTINAS
A família precisa de um planejamento, com horários para acordar, trabalhar e estudar. Ainda assim, permita-se mudar esses cronogramas caso algo não esteja funcionando.
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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