Na pré-história, o advento da agricultura introduziu novos sons e moldou a linguagem humana. Agora é a revolução digital que pode transformar a maneira como falamos
Por volta de 12.000 anos atrás, um grupo de humanos liderou um dos acontecimentos mais extraordinários da história. Eles aprenderam a espalhar sementes e regá-las, descobriram como domesticar animais e perceberam que o resultado dessas iniciativas tinha imenso valor comercial. O advento da agricultura não só pôs fim à era dos caçadores coletores, que durante 2,5 milhões de anos sobreviveram coletando plantas e caçando animais, como moldou o futuro do planeta. “A Revolução Agrícola permitiu que as populações aumentassem de maneira radical e criou oportunidades para o surgimento de cidades populosas e impérios poderosos”, escreveu o historiador israelense Yuval Noah Harari no best-seller Sapiens: uma Breve História da Humanidade. Mas a agricultura foi além. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Zurique, na Suíça, as atividades agrícolas mudaram para sempre a fala humana – e isso é apenas o começo das recentes e fantásticas descobertas no campo da linguística.
Poucas áreas do conhecimento avançaram tanto nos últimos anos quanto o estudo da linguagem. Um dos responsáveis por isso é o linguista suíço Balthasar Bickel, que comandou a pesquisa sobre os efeitos da agricultura na introdução de novos sons e que agora se dedica a escrutinar os impactos da revolução digital na comunicação entre pessoas. Bickel comprovou que alterações na dieta fizeram a mandíbula evoluir. Graças ao cultivo de trigo e cevada, o Homo sapiens do período neolítico pôde saborear alimentos macios, em vez da carne tesa de um antílope. No processo evolutivo, os dentes superiores projetaram-se para a frente, exatamente como são hoje em dia. Segundo Bickel, a nova posição da mandíbula inseriu sons conhecidos como labiodentais, como as consoantes “f” e “v”, usadas em diversos idiomas.
Se o passado mudou a linguagem humana, o futuro deverá fazer o mesmo. Os cientistas querem agora entender o impacto da era digital. Uma das suspeitas é que as cada vez mais frequentes conversas entre seres orgânicos e máquinas vão obrigar as pessoas de carne e osso a pronunciar melhor as palavras. Por mais que assistentes de voz como Siri, da Apple, e Alexa, da Amazon, tenham evoluído, elas são um exemplo de como a inteligência artificial sofre para compreender as peculiaridades da fala humana. A maioria dos seres pensantes abusa de abreviações, gírias e outros vícios de linguagem. Quando dialogam com um robô, as pessoas se esforçam para que a comunicação se estabeleça, o que provocará, segundo os linguistas, ajustes na maneira de os humanos se expressarem.
O avanço da tecnologia trará mudanças ainda mais impressionantes. A Universidade de Zurique está à frente de um projeto que parece saído da ficção científica. Recentemente, cientistas instalaram eletrodos no cérebro de um paciente durante uma cirurgia e captaram fragmentos do que ele pensava. “Em breve, será possível prever o que alguém está pensando antes que a pessoa diga”, afirmou o linguista Bickel. “Isso vai levar a comunicação humana para outro patamar, transformando tudo o que fizemos até aqui.” Se a agricultura fez surgir novos sons, o desenvolvimento tecnológico pode até torná-los desnecessários.
Nova geração de líderes ganha força para enfrentar a escalada conservadora que se desenvolve no planeta e participar da organização de uma sociedade menos desigual e mais justa
A esperança emana dos jovens. Num mundo tumultuado pela pandemia, pelo desrespeito às minorias e pelo avanço da extrema-direita, são eles que podem nos salvar do abismo. Caberá a uma nova geração de líderes que agora ganha apoio institucional e musculatura política pelas redes sociais, enfrentar a escalada conservadora que se desenvolve no planeta e organizar uma nova sociedade menos desigual e mais justa. Rebeldes e sensatos, esses líderes nascentes pensam e agem globalmente, embora não percam de vista as questões locais e nacionais, e substituíram a impulsividade e o sectarismo que caracterizavam muitos jovens políticos do passado, por uma visão estratégica, pluralista e humanista. Há perspectivas se abrindo no meio da escuridão e gente que usava fraldas ou brincava de pega pega na virada do século, está, hoje, na vanguarda da transformação, combatendo ideologias obscurantistas e influenciando, pela internet, milhões de pessoas com ideias progressistas.
Os exemplos começam no Brasil, com nomes como o do youtuber Felipe Neto, 32 anos, que tem promovido um debate avançado e ações sociais criativas e transgressoras, ou da deputada Tabata Amaral, 26, que optou por uma carreira política convencional, mas é uma promessa consistente, e se multiplicam pelos quatro cantos do mundo. A paquistanesa Malala Yousafzai, 23, vítima de um atentado terrorista praticado pelo grupo Talibã é uma dessas personagens decisivas nos tempos atuais. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 2014, por sua luta pelo direito das mulheres à educação. A ambientalista sueca Greta Thunberg, 17, que fará uma doação de R$ 600 mil para a proteção da Amazônia, é outra. Há também a americana de origem cubana Emma Gonzáles, 21, expoente do movimento antiarmamentista nos Estados Unidos, e a britânica Amika George, 21, ativista pela distribuição gratuita de absorventes íntimos. Outro nome é o da ugandense Vanessa Nakate, 23, militante pela ação climática na África.
Para o professor de ciência política do Insper Leandro Consentino, esses novos líderes demonstram entender a política com duas chaves. A primeira é a rede social, o meio interativo, que envolve uma permanente prontidão para o debate, e a disposição de aceitar as diferenças. A segunda é a mensagem: eles têm causas fortes e a capacidade de expô-las, de maneira combativa e sem divisionismo. “Esses jovens estão conseguindo trabalhar bem tanto o meio como a mensagem”, diz Consentino. “Há um componente ideológico nas causas que defendem, mas eles também são pragmáticos para fortalecer suas marcas perante a juventude”. De um modo geral, esses líderes atuam fora de ambientes políticos institucionais e conseguem dar voz a grupos que estavam marginalizados e silenciados. Outras características são a coerência em termos de valores e a capacidade de transmitir uma verdade por trás do discurso, defendendo causas em que realmente acreditam. Apesar de coerentes, os jovens ativistas não têm compromisso com o erro e mudam de ideia quando os fatos apontam para uma nova direção.
MEIO E MENSAGEM
Felipe Neto domina o meio e a mensagem perfeitamente e o mesmo que se pode se dizer de Malala, Greta ou de Amika. Um dos maiores youtubers do mundo, com quase 40 milhões de seguidores, Neto vem fazendo um trabalho persistente de promoção da diversidade e de enfrentamento a grupos conservadores de direita e às fake news que inundam a rede. Seu salto de prestígio aconteceu em julho do ano passado, quando decidiu distribuir 14 mil livros na Bienal do Rio de Janeiro depois que o prefeito Marcelo Crivella censurou um gibi da Marvel com dois garotos se beijando. “Justiça, inclusão, menos desigualdade e preocupação com o planeta. Acredito que essas sejam as bandeiras que eu mais defenda hoje”, disse Neto.
“É preciso dar mais alcance à voz daqueles que sempre foram silenciados, principalmente se você estiver numa posição de privilégio, como é o meu caso”. Neto, que tem enfrentado uma campanha difamatória em que grupos propagadores de ódio o associam à pedofilia, diz que “luta por um país mais justo, menos desigual e com mais inclusão”. “Não tenho intenção de fazer isso através de um cargo político eletivo, mas sei que tenho muito a contribuir como um ‘outsider’”, completou.
No final de julho, o site do jornal americano The New York Times publicou um vídeo em sua sessão de opinião em que o youtuber dizia que Jair Bolsonaro “é o pior político do mundo na gestão da crise causada pela pandemia”. Ele pediu também aos americanos que não reelejam Donald Trump. A fala em inglês repercutiu globalmente e mostrou que o alcance político de Neto vai muito além do Brasil. Para o diretor do The New York Times, Adam Ellick, que promoveu o vídeo, Neto é um ativista que “fala às novas gerações”. Ellick, por sinal, dirigiu o filme Malala’s Story e foi o responsável pela revelação da fabulosa história da garota paquistanesa, a quem conheceu em 2009, quando ela tinha 11 anos e mantinha um diário anônimo em língua urdu na rádio BBC. No diário, ela relatava o medo que sentia em estudar em meio ao domínio Talibã e reivindicava que as meninas do país tivessem mais acesso à educação.
Malala, que acaba de obter seu diploma de filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, tem a legitimidade daqueles que viveram o sofrimento na pele. Três anos depois da veiculação de seu diário, ela levou um tiro na cabeça quando saia da escola. Conseguiu sobreviver sem sequelas e, em 2014, já refugiada na Inglaterra, seu rosto foi para a capa da revista Time e ela tornou-se a pessoa mais jovem a ganhar um Prêmio Nobel. “Esse prêmio não é somente para mim. É para as crianças esquecidas que querem educação. É para a crianças assustadas que querem paz. É para aquelas crianças que não têm voz”, afirmou. Desde então, ela comanda a Fundação Malala, que apoia projetos de inclusão educacional em países em desenvolvimento.
Greta Thunberg é outro furacão juvenil. Em 2018, com apenas quinze anos, ela começou a faltar na escola para fazer protestos diários contra o aquecimento global e as mudanças climáticas em frente ao parlamento sueco, e não demorou muito tempo para que ganhasse espaço em encontros globais sobre o meio ambiente. Seu discurso direto e incisivo conquistou mentes e corações. “Nossa casa está em chamas. Estou aqui para dizer a vocês que nosso planeta está em chamas”, declarou para líderes mundiais, no ano passado, no Fórum de Davos, na Suíça. Greta acaba de ganhar o Prêmio Gulbenkian para a Humanidade, destinado para projetos inovadores contra a mudança climática, que lhe rendeu 1 milhão de euros (R$ 6,11 milhões), dos quais 10% bancarão iniciativas na Amazônia. Em entrevista à BBC News, na semana passada, ela afirmou, referindo-se aos protestos após a morte por asfixia de George Floyd, nos Estados Unidos, que “o mundo superou um ponto de inflexão social” no movimento contra o racismo. “Não podemos continuar varrendo injustiças para debaixo do tapete”, disse.
FURACÃO JUVENIL
As redes sociais são um meio de comunicação fundamental para esses novos líderes. Todos contam com milhões de seguidores atentos aos debates que eles propõem. Se Felipe Neto é recordista de audiência no YouTube e tem 12,1 milhão de seguidores do Twitter, Malala fala para uma rede de 1,7 milhão de pessoas e Greta Thunberg, para 4,1 milhões. A ativista antiarmamentista e membro da comunidade LGBT, Emma González, por sua vez, tem 1,5 milhão, que ouvem sua voz contra os neonazistas e os supremacistas brancos. Emma ganhou destaque depois que a escola onde estudava, a Marjory Stoneman Douglas High School, na Flórida, foi palco de uma chacina. Um ex-aluno entrou numa sala de aula armado e matou 17 adolescentes. Alguns dias depois, ela fez um discurso contra as armas, que se tornou viral. “Ele não teria machucado tantos alunos se estivesse com uma faca”, disse ela, que lidera o movimento #NeverAgain. “Se você não fizer nada para evitar que isso continue a acontecer, o número de vítimas baleadas vai aumentar e o valor delas, diminuir. E seremos todos sem valor para você”, concluiu, dirigindo-se ao presidente Donald Trump.
Enquanto Emma luta contra as armas, a britânica Amika George é uma ativista no combate contra a chamada “pobreza menstrual”. Há três anos, Amika percebeu que muitas garotas na Inglaterra não tinham condições de pagar por produtos menstruais e organizou um protesto em frente à residência da então primeira-ministra britânica, Theresa May, para reivindicar a distribuição gratuita de absorventes. A manifestação reuniu 2 mil pessoas, todas vestidas de vermelho, e levou à criação da organização #FreePeriods (menstruação grátis). Diante da pressão, o governo anunciou, em 2019, o financiamento de produtos de higiene íntima para todas as escolas e faculdades do país. “Para mim, #FreePeriods mostrou que um único adolescente irritado pode ter um impacto político real por meio do ativismo”, disse.
Já a ativista ambientalista Vanessa Nakate, que atua em Kampala, capital de Uganda, chamou atenção quando teve sua imagem sumariamente cortada em uma fotografia de jovens que protestavam contra a crise do clima publicada pela agencia de notícias americana Associated Press (AP). A fotografia, que incluía Greta, mostrava cinco ativistas que pediam ação contra o aquecimento global durante o último Fórum de Davos. “É a primeira vez na minha vida que entendo a definição da palavra racismo”, disse Vanessa, que faz protestos por ação climática em Uganda desde 2019 e foi a primeira jovem a organizar as chamadas greves pelo clima no país. “Você (AP) não apagou apenas uma foto. Apagou um continente”, declarou. Como Greta, ela protestou várias vezes sozinha em frente ao Parlamento de Uganda.
REAÇÃO RAIVOSA
Alguns desses novos ativistas conquistam legitimidade a partir de uma experiência traumática, como são os casos de Malala e de Emma. Outros chegam lá pela tomada de consciência sobre os problemas sociais e pelo compromisso com a verdade. Nenhum deles é unanimidade em seus países e todos sofrem ataques raivosos de opositores. Malala ainda é alvo de discursos de ódio, principalmente por parte de grupos religiosos islâmicos, por causa de seu esforço pela emancipação das mulheres. Greta é frequentemente menosprezada por causa de sua idade. O presidente Jair Bolsonaro chegou a chamá-la de “pirralha” por causa de suas críticas à destruição da Amazônia. Enfrentar a oposição e suportar ataques injustificados é o desafio desses jovens que tocam em problemas sociais profundos. O próprio Felipe Neto enfrenta um momento turbulento em que militantes bolsonaristas tentam associá-lo com a pedofilia. Neto abriu pelo menos seis processos contra seus detratores. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras 36 entidades assinaram um manifesto em defesa do youtuber.
Mesmo sob ataque, as jovens lideranças seguem em frente para tentar fazer valer suas causas, que apontam para um mundo melhor. Procuram também influenciar as pessoas com uma linguagem acessível e com informações bem embasadas. “O jovem de hoje se preocupa com o amanhã, tem maiores preocupações com o planeta, com a inclusão das minorias e com o futuro. Acima de tudo, ele quer enxergar a verdade, representatividade, e, principalmente, quer que alguém se preocupe em explicar como as coisas são e como funcionam”, diz Neto. “Não só o jovem, mas acredito que o povo, de maneira geral, cansou dos discursos políticos enfadonhos e repetitivos”. Há uma nova geração se apresentando para o debate para combater a injustiça social e a desigualdade. Apesar do avanço conservador de direita, é bom saber que uma resistência firme e progressista se impões. E o que se espera é que esses jovens vençam as suas batalhas.
Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava (Genesis 29.20).
Jacó amou a Raquel e trabalhou quatorze anos para tê-la como esposa. Seu amor foi tão profundo e abnegado que aqueles anos de labuta não lhe foram penosos. O amor faz o maior de todos os investimentos. O amor é guerreiro, pois luta pela pessoa amada. Não recua diante das dificuldades. Nem todas as águas do oceano podem afogá-lo. O amor é mais forte que a morte. O amor não se vende nem se corrompe. Ainda que alguém tentasse suborná-lo com todos os tesouros da terra, seria de todo desprezado. O amor é a maior das virtudes, a síntese dos mandamentos, o cumprimento da lei, o fruto do Espírito. O marido deve amar a esposa como Cristo ama a igreja, com amor perseverante, sacrificial e santificador. Quem ama a esposa ama a si mesmo. Investir na esposa é investir em si mesmo. É semear no próprio campo. É depositar na própria conta. É beber o refluxo do próprio fluxo. Podem existir casamentos felizes sem dinheiro, sem luxo e sem conforto, mas não haverá nenhum casamento feliz sem amor. Amor é mais que sentimento; é atitude. Não somos o que falamos; somos o que fazemos. O amor não é conhecido por suas palavras, mas por sua ação.
Os atuários vêm provocando disputa por talentos entre startups e gigantes do setor de seguros
As seguradoras vivem um momento propício no Brasil. Basta dar um Google para notar a proliferação desse tipo de negócio. Além das proteções tradicionais, como de veículos, residências e viagens estarem mais sofisticadas, há opções que resguardam da saúde do bicho de estimação ao smartphone. Isso sem falar em novas modalidades, como a intermitente, que permite ao cliente contratar apólices por um período determinado.
Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras, na última década, esse mercado avançou anualmente no ritmo de dois dígitos, mesmo com a economia fraca. Em 2019, enquanto o PIB cresceu 1%, o setor avançou 12%, arrecadando 270 bilhões de reais, sem considerar planos de saúde e DPVAT. Isso acontece porque os seguros deixaram de ser apenas um produto para se tornar uma solução.
Hoje, quem adquire uma cobertura, seja para o carro, a casa ou o equipamento eletrônico, procura um pacote customizado que vá além da simples proteção. Outro fator que mexeu com o segmento foi o aparecimento das insurtechs, as startups que oferecem seguros.
De acordo com o relatório mais recente do Radar Fintechlab, em 2015 havia registro de apenas duas insurtechs no Brasil. No ano passado, já eram 37. Em quatro anos, o crescimento foi de 18 vezes. ”O Brasil tem um mercado interno grande, o que justifica essa evolução”, diz Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). A multiplicação dessas novas empresas tirou o segmento segurador da zona de conforto. Comparando, foi algo parecido com o que fez o fenômeno das fintechs no setor financeiro, que se viu obrigado a reinventar produtos e serviços por causa da chegada de novatas muito mais modernas.
OS MAIORES BENEFICIADOS
Com todo esse movimento, quem ganha cada vez mais relevância é o atuário. Responsável por mensurar e administrar riscos dentro das seguradoras, esse profissional analisa variáveis e precifica apólices. No caso de um carro, para ficar no exemplo mais simples, isso significa analisar no detalhe o local em que o veículo fica estacionado, o perfil do proprietário e a probabilidade de sinistro.
E, se antes esse especialista podia atuar sozinho, mergulhado em planilhas e números, o aquecimento do mercado passou a exigir mais dele.
Hoje, entre outras atividades, o atuário precisa trabalhar em parceria com a inteligência artificial, circular por diferentes áreas e conversar com fornecedores e clientes para melhorar a qualidade do serviço.
“As empresas do segmento pedem um perfil mais empreendedor, principalmente em startups. Quem é menos tímido e introspectivo acaba se sobressaindo”, diz Ana Guimarães, gerente sênior de recrutamento da Robert Half, consultoria especializada em seleção de talentos.
Aldo Finkbeiner Dai Medico, de 31 anos, sente na pele a valorização da profissão e a disputa por talentos que o segmento vive atualmente. Formado em ciências atuariais há dez anos, ele trabalhou primeiro numa consultoria para planos de saúde, onde foi estagiário, técnico e analista. Depois, partiu para uma consultoria atuarial global, a Aon, onde permaneceu até o início de março, quando recebeu uma proposta e se tornou gerente atuarial da Vitta, que oferece planos de saúde exclusivos para startups.
Em sua experiência, Aldo afirma que antes era visto como alguém meramente técnico. Agora a história é outra. O cargo se tornou bem mais estratégico. Há necessidade de dialogar com outros funcionários da companhia, como engenheiros de dados, desenvolvedores de softwares e, no caso de Aldo, até com profissionais da saúde, para dimensionar valores num contexto mais complexo, em que tudo muda o tempo todo. “Não adianta o atuário falar a linguagem técnica. Hoje, é necessário desenvolver relacionamento interpessoal para ir além das fórmulas e criar soluções mais alinhadas às necessidades do cliente”, afirma ele, que já soma cinco aumentos salariais, entre promoções internas e mudanças de emprego.
ESCASSEZ DE TALENTOS
De fato, a carreira é promissora para quem está em busca de oportunidades. Em São Paulo, coração financeiro do país, a média salarial desse pessoal é de 7.000 reais. Mesmo com ofertas atraentes, falta gente qualificada. Segundo o Instituto Brasileiro de Atuaria (IBA), o Brasil possuía cerca de 2.340 atuários em 2019, sendo que um quarto deles estava na área de seguros, sendo 80% no Sudeste.
Todo ano, o IBA realiza seu exame de proficiência técnica, similar à prova de admissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A média anual é de 200 aprovados. “Posso dizer que nunca fiquei um dia sequer sem emprego. Também sempre pude escolher o lugar onde queria trabalhar”, afirma Reinaldo Amorim, de 44 anos, gerente da área atuarial da Sul América Seguros. Apaixonado por matemática desde a infância, Reinaldo conheceu as ciências atuariais quando cursava a sexta série do ensino fundamental e participou das Olimpíadas de Matemática. Graduado em ciências atuariais, ele trabalha nesse mercado há 22 anos, já passou por diversas companhias, como a consultoria global PwC, e afirma que a ascensão de cargos e salários é uma realidade para a maioria dos profissionais da área. “A demanda é maior do que o número de pessoas disponíveis. Em razão disso, os atuários são disputados meio que a peso de ouro. E, quando unem habilidade matemática com boa comunicação, foco no cliente e visão estratégica, eles despontam facilmente para posições executivas”, afirma Reinaldo. Por causa da escassez, a Sul América precisou criar programas de desenvolvimento e aceleração de talentos para desenvolver e reter pessoas com expertise e conheci mentos técnicos essenciais para o sucesso de seu negócio, entre elas os atuários, 10% de sua força de trabalho. “No primeiro ano do programa, movimentamos 30% do quadro”, afirma Flavia Neves David, superintendente de RH da Sul América.
VISÃO INOVADORA
A Vitta, primeira corretora de planos de saúde exclusiva para funcionários de startups no Brasil, reflete a diversificação desse mercado. Na prática, o que a companhia faz é analisar o perfil da interessada em contratar o benefício e desenvolver um modelo adequado às suas necessidades, oferecendo acesso à rede de médicos de grandes seguradoras, como Unimed, Sul América, Bradesco e Amil, além de um canal 24 horas para atendimento e agendamento de consultas e de um programa de descontos com redução de até 90% na compra de remédios. Fundada em 2014 na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, a Vitta atua também com um software de gestão para pequenas clínicas e consultórios. “A ferramenta faz prontuário eletrônico, agendamento de consultas, registro de faturamento, entre outras funcionalidades”, diz Tiago Barros, cofundador da empresa, que tem parceria com 15.000 médicos em 25 Estados. Em 2019, a Vitta fechou o ano com 170 funcionários, um crescimento de 84% nas contratações em relação ao ano anterior. Em faturamento, o aumento foi de 92% de 2018 para 2019.
Esse progresso espelha o bom momento do mercado segurador. “As startups elevaram o nível de eficiência e inovação e levaram todo o segmento a buscar novas soluções em tecnologia e preços mais competitivos para os seus consumidores”, afirma Amure, da ABStartups.
E o surgimento dessas novatas não representa uma ameaça aos gigantes do setor. Ao contrário. Sérgio Biagini, sócio líder da Delloite, prevê um cenário próspero para ecossistemas formados entre companhias consolidadas e startups com o intuito de oferecer produtos inovadores. Ou seja, na visão dele, a tendência é que haja parceria entre elas.
As grandes operadoras já demonstram essa mudança de mentalidade na prática. A Sul América, por exemplo, vem desenvolvendo novos serviços para melhorar a experiência do cliente. Lançou o aplicativo Sul América Saúde, que oferece o sistema Médico em Casa, no qual é possível agendar atendimento em domicílio em diversas cidades brasileiras, e o Médico na Tela, que permite realizar videochamadas com os doutores para obter orientações. “As startups deram um fôlego ao setor. Olhamos isso de maneira positiva, mas sem abrir mão de nosso conhecimento. Nossa empresa une sua enorme credibilidade com a inovação, o que nos mantém competitivos”, explica Flavia, ressaltando que há parcerias com diversas startups, como Docway (que tem o sistema de agendamento em casa) e LexisNexis (desenvolvedora do aplicativo Sul América Auto). De 2018 a 2019, a empresa elevou em 30% seu faturamento líquido.
Se o presente é promissor, o futuro que se desenha é ainda mais favorável. Para 2020, a expectativa da Confederação Nacional das Seguradoras é que, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o setor avance 6,7%, bem acima da previsão de crescimento para o PIB neste ano, de 0,02% – pós-tombo causado pela atual crise sanitária.
Hoje, há 18 cursos de graduação em ciências atuariais reconhecidos pelo Ministério da Educação. E não devem faltar oportunidades para quem estuda nessas instituições e ingressa no mercado de trabalho. Dá para atuar em fundos de pensões, instituições financeiras, empresas de capitalização, órgãos oficiais de previdência, auditorias e consultorias atuárias. E, mesmo diante do avanço da tecnologia, com os algoritmos assumindo os cálculos, especialistas não enxergam risco de extinção tão cedo para esses profissionais. “Quando aliada a um caráter mais analítico, a carreira tem enorme potencial. Todas as companhias desse ramo precisam de atuários”, diz Ana, gerente da consultoria Robert Half.
O uso abusivo da internet e de jogos eletrônicos já está entre os novos diagnósticos psiquiátricos
Incontestavelmente, a internet modificou intensamente os processos de comunicação, permitindo que novas formas de entretenimento fossem instaladas. É impossível imaginar o nosso cotidiano sem o uso da internet, pois ela possibilita fazer compras online ou mesmo nos comunicarmos de forma instantânea, independente da distância física, ler notícias em tempo real, pesquisar assuntos diversos, dentre tantas outras vantagens. Juntamente à internet, uma indústria que permanece em constante ascensão há quase cinco décadas e que causa dependência em usos demasiados é a dos jogos eletrônicos, pois são caracterizados como uma forma contemporânea de mídia, que possui seus próprios aspectos estéticos, de interação e demandam o desenvolvimento de estratégias e a compreensão de regras. Além dos jogos, outros temas igualmente relevantes são: a dependência de celular (nomofobia), a dependência de sexo virtual (cibersexo), a ansiedade induzida como resultante de buscas online relacionadas à saúde (cibercondria) e o uso problemático de tecnologia no ambiente de trabalho (cyberslacking). A dependência de sexo virtual, por exemplo, obteve amplo êxito na avaliação dos seus usuários, devido às inúmeras vantagens do seu usufruto, como não haver a necessidade da presença física do parceiro (a) para obter interação sexual, a busca imediata pelo prazer, sem a necessidade do deslocamento para um local de estrutura física real, evita o medo de rejeição e tornase uma opção segura para a experimentação entre a fantasia e o mundo online.
O uso abusivo da internet e de jogos eletrônicos vem sendo discutido por pesquisadores como parte de novos diagnósticos psiquiátricos. A literatura científica atual revela que a população mundial começa a sofrer consequências de uma dependência tecnológica, como também comprova semelhanças entre o uso de substâncias psicoativas e da dependência de tecnologia. O uso moderado destes periféricos eletrônicos que utiliza da internet traz alguns benefícios, mas usos abusivos apresentam novas psicopatologias. O DMS-5 (O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição) relacionou o Internet Gaming Disorder – IGD, que em português significa transtorno do jogo pela internet, como expressão diagnosticada deste fenômeno. Apesar do manual revelar a necessidade de que mais pesquisas sejam elaboradas para que ocorra a consolidação deste fenômeno como um novo diagnóstico psiquiátrico, avanços significativos ocorreram neste processo de valoração nosológica (ciência que trata da classificação das doenças). Se você conhece alguém nessas condições, não deixe de indicar o acompanhamento com um profissional qualificado, pois esta pode se aproximar da doença do século, a depressão.
RÉSIA SILVA DE MORAIS – CRP-MG 04/31203, Prof.ª. Psicóloga Clínica em TCC e Psicopedagoga – UFU. Especialista em Terapia Familiar e Hospitalar, Mestre em Psicologia do Saúde – UFU e Doutorando em Ciências – UFU. resiamorais@gmail.com
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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