EU ACHO …

O OUTRO DO OUTRO

A violência contra a mulher negra não começou na pandemia

Desde que o Brasil tropeçou com força na pandemia de Covid-19, muita gente começou a dizer que a grave crise sanitária escancarou a violência social e as desigualdades no país. É uma constatação legítima, mas que costuma ser apenas sintoma da autoindulgência com que certas pessoas reagem, em dadas ocasiões, aos problemas que não afetam diretamente as suas vidas. Pois o fato é que as desigualdades e a violência remontam a muito antes – e já estavam bastante visíveis para quem quisesse ver.

Como vivemos num tempo de narcisismo e falta de empatia, a mera constatação do agravamento das desigualdades, frequentemente formulada dentro das bolhas em que as pessoas se refugiaram para escapar do vírus, tem pouco alcance como prática social. Para quem desfruta de segurança econômica e proteção pessoal, é complicado entender que certos problemas são antigos e requerem mais que palavras: pedem um esforço coletivo.

A negligência em relação ao outro caracteriza esse mórbido privilégio social que é poder “pular os corpos” como se salta, num cenário de guerra, por cima dos que foram abatidos numa batalha. A pandemia deveria ser uma oportunidade para furar essas bolhas de convergência e convivência, e tentar acionar algum resquício de sensibilidade em cada pessoa, soterrada entre selfies, reality shows e likes em redes sociais.

Para uma mulher negra, pobre e periférica como eu, essa negligência é impossível, pois o grupo social a que pertenço está entre os que precisam lidar todo dia e constantemente, com perigos concretos, como o feminicídio – e bem antes de qualquer ameaça da Covid-19.

A violência contra as mulheres não é um fato apenas brasileiro. Em todo o mundo, verifica-se que ela cresce sem parar, há bastante tempo. Mas, aqui, tem impacto extra, pois a esse problema acrescentam-se os derivados da violência racial, da enorme desigualdade econômica e de outros tantos, como a favelização, o desemprego e os abusos cometidos contra os empregados. Se a situação de pandemia nos revelou algo, foi a indiferença com que muitos reagem a essa série de violências, a começar pelo chefe de Estado, que tem tratado de maneira tão indigna os mortos e seus familiares, e com tanta irresponsabilidade os cidadãos que precisam de proteção.

Para se ter ideia do impacto do feminicídio no país, basta lembrar alguns dados do Atlas da Violência divulgados em 2019. Segundo a pesquisa, houve um aumento de 30,7% no número de mulheres assassinadas de 2007 a 2017, ano em que foram mortas 4.936 mulheres (a maior quantidade desde 2007), ou seja, cerca de catorze por dia.

As mulheres negras foram as mais atingidas, representando 66% de todas essas vítimas. No mesmo período, o feminicídio de negras teve um crescimento de 30% (5,6 para cada grupo de 100 mil mulheres), ao passo que o de não negras cresceu 1,6% (3,2 para cada grupo de 100 mil). O aumento bastante superior da violência letal contra mulheres negras evidencia a inabilidade do Estado brasileiro para desenvolver políticas públicas específicas e necessárias ao grupo racial mais atingido.

As denúncias de violência doméstica aumentaram 35% em abril último, em relação ao mesmo mês no ano passado, conforme apurou o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos por meio do disque-denúncia, o Ligue 180. É certo que o isolamento social aumenta a vulnerabilidade das vítimas, por causa de sua convivência mais constante com homens agressores. Mas é uma visão limitada atribuir ao isolamento e aos problemas psicológicos e familiares decorrentes da quarentena a responsabilidade por algo que já vinha acontecendo em número cada vez maior mesmo antes, e que tem raízes na própria formação da sociedade.

Há tempos se estuda a violência de gênero e as questões que a tangenciam, como o racismo, o elitismo, as violações físicas e simbólicas, bem como as agressões virtuais. O passo inicial para entender tudo isso é desmistificar explicações simplistas que foram naturalizadas com o tempo.

As pesquisas sociais constatam que é por meio da classificação em gêneros que as diferenças biológicas entre seres humanos tendem a ser organizadas. Também explicam que a tipificação heteronormativa homem/mulher consolidou no senso comum – distorcido pelas opressões estruturais – a ideia de oposição entre os gêneros, o que serviu aos homens para estabelecer uma hierarquia e concentrar poder em suas mãos, explorando as mulheres.

A escritora francesa Simone de Beauvoir, com a sua famosa frase “Não se nasce mulher, torna-se”, buscou sintetizar esse modo de produção da feminilidade, que é também uma forma de hierarquização e de dominação, com os homens instalados num posto superior.

Ao nascerem, as mulheres – bem como os homens – já encontram definidos os lugares que ocuparão e os papéis que deverão encarnar ao longo da vida, um amontoado de estereótipos fixados século após século. Aos olhos da sociedade, elas não devem fazer mais do que se conformar com o que foi prefixado para sua existência subalterna e submissa, não importa em que esfera da vida social.

A mulher negra nasce com dupla carga de inferioridade em relação ao mundo masculino, que é também hegemonicamente controlado por brancos. Se ela for pobre, então, essa mulher será carregada para o fundo da hierarquia social, pois, no sistema capitalista, como se sabe, o poder se institui não só pela opressão racial e de gênero, mas sobretudo pelo controle da riqueza.

As relações entre mulheres e homens é estabelecida na forma de antagonismo, em que a mulher é não apenas considerada um ente inferior, mas está sempre relegada à categoria de outro, ou seja, do que é diferente, com conotação negativa. E a violência que garante a fixidez dos papéis e comunica que não há lugar para divergência na organização patriarcal, masculina, colonial, racial e classista. Nesse contexto, a mulher negra é o outro do outro, como definiu a escritora portuguesa Grada Kilomba, e a violência exercida sobre ela para assegurar sua submissão é ainda maior. Essa situação não é vivida sem resistência, seja das mulheres em geral, seja da mulher negra ou não branca, o que acaba por desencadear mais violência, como reafirmação do poder masculino.

As reflexões de duas grandes pensadoras feministas, a norte-americana bell hooks – que prefere grafar seu nome em minúsculas – e a argentina Rita Segato, ajudam a pensar a violência contra a mulher (e a mulher negra) no momento presente.

Em seu livro Teoria Feminista: Da Margem ao Centro, hooks trata da percepção de pessoas negras norte-americanas sobre o “ciclo de violência”, que começa nas relações trabalhistas desiguais e chega ao ambiente doméstico. Segundo ela, homens negros tendem a manifestar no ambiente doméstico o fardo da violência e da exploração que suportam em seus locais de trabalho e na sociedade em geral. Tratados como inferiores (o homem negro é o outro do homem branco), eles têm sua própria representação da masculinidade como exercício de poder posta em xeque continuadamente. Nesse “ciclo de violência”, com o diz hooks, a mulher negra estará sempre em desvantagem.

Segato, por sua vez, alerta para a precarização da vida como elemento catalisador e transmissor da violência, por meio da aniquilação da empatia – o que é útil à manutenção do uso predatório do poder. A isso a autora dá o nome de “pedagogia da crueldade”, que naturaliza a violência e serve a todas as instituições para fazer crer que atos violentos não causam impacto na sociedade, pois são problemas restritos à esfera privada – a agressão doméstica, por exemplo, é encarada como no ditado “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”.

A violência contra as mulheres, contudo, é um problema de saúde pública, segurança pública e educação. Ao tratar esse problema de maneira tão reducionista, como questão privada, isenta-se o poder público da sua responsabilidade de garantir equilíbrio e igualdade nas relações sociais. O fundamento político da violência doméstica não pode ser negligenciado e requer mais do que ações paliativas de denúncia e prevenção: exige um trabalho social mais amplo.

O necessário período de isolamento social por que passam os brasileiros não é a causa da violência doméstica, insisto. Relacionar uma coisa à outra é um modo, inclusive, de mascarar um problema estrutural e histórico que sempre foi tratado com negligência proposital. É urgente ampliar o entendimento das questões de gênero para criar um conjunto de  práticas em várias frentes –  sociais, políticas e culturais – que tenha resultado concreto e seja capaz de influir no nervo do problema: a produção da masculinidade como gestação de um poder opressivo contra o outro antagônico, a mulher, e o outro do outro, a mulher negra. Como disse a socióloga holandesa Saskia Sassen, é preciso desestabilizar conceitos estáveis para que possamos avançar de maneira efetiva e responsável rumo à erradicação desse problema que, direta ou indiretamente, atinge toda a sociedade.

***JOICE BERTH – É urbanista, escritora e pesquisadora de questões raciais e de gênero

OUTROS OLHARES

MASKNE – A NOVA ACNE

O uso necessário da máscara pode causar espinhas e outros problemas na pele

É normal notar mudanças na pele em tempos de crise como a que se vive numa pandemia. Stress, sono desregulado e alteração de hábitos podem causar inflamações no rosto, mas, na prática, um novo item inserido no cotidiano às vezes traz, por si só, problemas. O uso da máscara facial, obrigatório desde maio no País como forma de proteção contra o coronavírus, propicia o aparecimento da acne. ”Maskne”, junção das palavras ”máscara” e ”acne”, pode até parecer só um termo inventado, mas o incômodo criado em muitas pessoas é real. ”Não é uma invenção. A máscara abafa o local, aumenta a temperatura e provoca maior sudorese e produção de sebo, entupindo os poros e gerando acne”, explica a médica Denise Steiner, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. ”Ela também é considerada acne mecânica, ou seja, causada pelo atrito da peça no rosto. No caso de peles secas, o abafamento da máscara pode alterar o microbioma da pele (microrganismos protetores) e provocar dermatite atópica (irritação)”, completa a dermatologista Paola Pomerantzeff.

Como a máscara é a melhor forma de defesa fora de casa, as dermatologistas ressaltam que a condição da pele não pode ser desculpa para deixar de usar o acessório necessário.

”A proteção contra o coronavírus é mais importante do que a questão estética da pele, e a maskne é mais fácil de ser curada do que a acne comum porque não é determinada por predisposição genética ou fatores hormonais, não sendo necessária medicação”, esclarece Paola. O tratamento da acne mecânica está no cuidado básico da pele: lavar o rosto duas vezes ao dia, de manhã e à noite, usar hidratante e protetor solar específicos para peles acneicas. No mercado, há fotoprotetores com ação hidratante com toque seco, que não melecam a pele. A médica sugere testar na mão e sentir a consistência antes de comprar.

“Pessoas com tendência a espinhas precisam de sabonetes com agentes como ácido salicílico ou alfa-hidroxiácidos, que secam mais a pele e diminuem o sebo. Devem sempre ser recomendados por um especialista”, afirma Denise. Paola também indica a aplicação de um tônico adstringente para peles oleosas ou água micelar para peles mais secas depois da lavagem para remover impurezas, além de evitar maquiagem antes de usar a proteção. ”Make estimula a oleosidade, obstrui os poros e mancha a máscara. Como ninguém vê o que está embaixo do pano, use só nos olhos.”

A maskne não era tão conhecida porque a utilização da proteção era exclusiva de profissionais da saúde e por tempo limitado. ”Uso máscara desde o começo da faculdade de odontologia e não tive problemas, mas agora trabalho com ela por até dez horas por dia e também coloco na rua e na academia. Minha pele está mais oleosa e sempre nasce espinha perto da boca”, diz a dentista Thais Galbieri. Mas a condição pode aparecer até para quem não usa o item com frequência. ”Duas horas com a máscara já são suficientes para irritar meu nariz e meu lábio superior, além de aparecer acne no queixo, pescoço e bochechas. Uso lenços de papel por baixo para conter o suor”, relata Cristine Lore Cavalheiro, que põe a proteção apenas para ir ao mercado.

O material da peça também influencia na gravidade da condição. As médicas optam por máscaras feitas de algodão porque permitem que a pele ”respire”. Ela deve ser trocada de duas a quatro horas ou quando ficar úmida. “A umidade no tecido faz com que o vírus ‘grude’ e o mantém vivo por mais tempo”, diz Paola, que também explica que o pano deve ser lavado com detergente neutro ou sabão de coco e ser bem enxuto para não dar alergias na pele. As dermatologistas lembram que a proteção não deve ficar apertada a ponto de machucar o rosto, mas deve ficar justa e cobrir queixo, boca e nariz por completo.

Há outras condições na pele produzidas pelo contato de tecidos com o rosto que são confundidas com acne, como a dermatite perioral, pequenas bolinhas inflamadas na face. As máscaras também podem causar rosáceas, equimoses e dermatites de contato em peles sensíveis. Por isso, o diagnóstico médico correto é imprescindível para o tratamento certo.

MASCARA SÓ PARA BARBUDOS

A encorpada barba do noivo de Lara Luiza Oliveira, 31, foi um problema no início da pandemia. As máscaras convencionais eram pequenas demais para conter os longos fios ruivos do influenciador digital Alessandro Delarissa, 35. Dono da página no YouTube Canal do Barba Ruiva, negava a todo custo abrir mão do que é a sua marca registrada.

A empreendedora, com um pequeno ateliê em casa e experiência no mercado da moda, decidiu criar uma proteção facial sob medida, que cobre até o pescoço. Alessandro postou a novidade no Instagram e recebeu uma chuva de pedidos de outros barbudos angustiados. Com demanda alta, Lara criou a SoulNord em junho deste ano com a ajuda do irmão, designer e também barbudo, Leandro Oliveira, 38. O nome, “Alma Nórdica”, em português, remete às barbas vikings e também à palavra “norte”, por causa da localização da empresa na Zona Norte de São Paulo. “Foi na brincadeira.

Não achei que viraria negócio”, conta Lara. Os modelos básicos custam 27 reais e os estampados, 32 reais. Em um mês e meio, o trio faturou 24.000 reais e está criando bonés e camisetas para consolidar a marca masculina no mercado.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE CONSOLO PARA A ALMA

DIA 11 DE AGOSTO

A IMPORTÂNCIA DO AUTOEXAME

Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o SENHOR (Lamentações 3.40).

O profeta Jeremias, como um homem de lágrimas, exorta-nos a tomarmos três atitudes decisivas na vida. A primeira é sondarmos nossa vida. Uma vida sem reflexão é uma insensatez. Não podemos ser como um cavalo e uma mula, sem entendimento. Permanecer no erro é uma loucura. Por isso, precisamos esquadrinhar nossos caminhos, colocar o prumo de Deus em nossa vida. A segunda coisa que precisamos fazer é provar nossos caminhos. São caminhos retos? São veredas de justiça? Andamos na verdade? Amamos a Deus de toda a nossa alma, de todo o nosso entendimento e de todo o nosso coração? Amamos os irmãos como a nós mesmos? Desviamos nossos pés do mal, nossa língua da maldade e nosso coração da soberba? Precisamos provar nossos caminhos, para saber se estamos no caminho estreito que conduz à vida ou no caminho largo que leva à perdição. A terceira coisa que precisamos fazer é voltar-nos para o Senhor. Precisamos dar as costas para o pecado e voltar nosso rosto para Deus. Precisamos romper com o pecado e correr para os braços do Pai. Apenas ter consciência do nosso pecado sem uma volta para Deus é remorso, e não arrependimento. O remorso produz morte, mas o arrependimento gera vida. O autoexame traz convicção de pecado, e o arrependimento nos toma pela mão e nos leva ao Senhor, a fonte da vida.

GESTÃO E CARREIRA

ANJOS DE ASAS CAÍDAS

Exemplo de empresa incapaz de se adaptar às mudanças da sociedade, a Victoria’s Secret, famosa pelos desfiles de apelo sexual. enfrenta longa crise

A grife californiana de acessórios e roupas intimas femininas Victoria’s Secret alcançou nas últimas décadas alguns dos feitos mais notáveis da história da indústria da moda. Em 1997, transformou uma ideia casual – pendurar asas nas costas das modelos – em um símbolo inquestionável de beleza. Em 2000, assombrou o mundo com um sutiã de 15 milhões de dólares cravejado de 1.300 pedras preciosas. A peça, exibida nas passarelas pela modelo Gisele Bündchen, foi parar no Guinness Book: é a lingerie mais cara de todos os tempos. Em 2001, surpreendeu novamente ao ter os seus desfiles transmitidos ao vivo pela TV americana. Mais inesperada ainda foi a audiência desses eventos, que chegaram a cativar 12,4 milhões de telespectadores. Nos anos seguintes, ela se tornaria não apenas uma das principais referências da moda, sinônimo ao mesmo tempo de beleza e sofisticação, mas também uma máquina de fazer dinheiro. “A Victoria’s Secret foi, sob diversos aspectos, um dos mitos empresariais de nosso tempo”, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas.

O encanto parece ter ficado para trás. Há alguns dias, o braço britânico da empresa anunciou o pedido de proteção contra credores. No Reino Unido, esse é o passo anterior à falência. Não se trata de um problema isolado ou pontual. A marca informou ainda que fechará permanentemente 250 lojas nos Estados Unidos e Canadá e as operações na China começaram a ser revistas. Segundo o consultor Eduardo Tancinsky, estima-se que, somente em território americano, sua participação no mercado de lingerie tenha caído de 34% uma década atrás para 15% atualmente. Com vendas em queda desde 2016 – a previsão é um recuo de 3% em 2020 -, a grife amarga uma série de prejuízos. No terceiro trimestre de 2019, de acordo com os mais recentes dados disponíveis, as perdas chegaram a 252 milhões de dólares, e já há quem questione a capacidade de a companhia sobreviver em um cenário marcado pela pandemia do coronavírus, por consumidores receosos e pelas incertezas sobre a velocidade de recuperação da economia.

O que teria levado a Victoria’s Secret a ser hoje apenas uma sombra do que foi no passado? Diversas razões explicam o declínio, mas uma em especial chama atenção. De certa forma, ela tem sido vítima daquilo que a consagrou. Agrife que encantou homens e mulheres e conquistou admiradores em diversas partes do planeta pela estética notadamente sexualizada – modelos lindas e esguias – parece fora de contexto em um mundo marcado pelo ativismo feminino. “Isso funcionava nos anos 1990, especialmente quando homens compravam lingerie para as mulheres”, diz Jean-Pierre Dubé, professor de marketing na University of Chicago Booth School of Business”. Agora as mulheres querem influenciar a forma como são percebidas, e a imagem de supermodelo da Victoria’s Secret não parece mais natural ou consistente. “Em outras palavras: a empresa não foi capaz de entender as mudanças da sociedade ou o próprio espírito do tempo.

Um episódio exemplifica a desconexão da Victoria’s Secret com a realidade. No a no passado, Ed Razek, diretor de marketing da grife, disse em entrevista à revista Vogue que a marca não deveria lançar modelos plus size. Como era de esperar, a declaração revelou-se desastrosa. Em meio a uma onda de protestos, mulheres de corpo curvilíneo vestindo apenas lingerie se posicionaram diante das lojas para gritar palavras de ordem – Razek foi obrigado a se desculpar, mas isso não acalmou as manifestantes. Ele acabou pedindo demissão, mas os estragos na reputação da empresa já estavam feitos. “A Victoria’s Secret teve dificuldade para entender as novas perspectivas da sociedade sobre os papéis dos gêneros humanos e a sua importância no mercado da moda”, afirma Rodrigo Leão, publicitário e professor de gestão de marcas na Fundação Instituto de Administração (Fia).”Ela manteve as consumidoras no papel de objetos quando elas próprias já não reconheciam essa postura como socialmente apropriada.”

O ano de 2020 da grife tem sido marcado pela tentativa de se reinventar. Modelos menos esguias foram contratadas, campanhas de publicidade em defesa da diversidade ganharam as TVs dos Estados Unidos e Canadá e até um remanejamento societário, com o ingresso de novos acionistas, foi planejado na esperança desesperada de virar o jogo. Até agora, nada funcionou e há um enorme ponto de interrogação posto diante do futuro da marca. “A grande questão é que estamos vivendo em um mundo de grandes rupturas, onde não existem verdades absolutas”, diz Cláudio Tomanini, ex-professor de gestão de vendas e marketing da Fundação Getúlio Vargas. “Por isso, a empresa deve estar preparada para destruir mitos, defender novas ideias e desafiar as crenças que a levaram ao topo, mas que não a manterão mais lá.”

Não são raras as companhias que, fustigadas pelo tempo ou incapazes de entender o novo mundo, deixaram de ser relevantes. Aamericana Blockbuster levou vinte anos para se tornar um império global com bilhões de dólares em faturamento, mas desabou em pouco tempo ao não perceber que o caminho seria o streaming – e sumiu por completo depois de a Netflix tomar a dianteira nesse mercado. Se a Victoria’s Secret é um caso clássico de empresa colocada contra a parede graças a mudanças profundas na sociedade, há inúmeras corporações que foram açoitadas pela inovação tecnológica. Um dos exemplos mais visíveis é a americana Kodak, que foi incapaz de perceber que os filmes fotográficos seriam peça de museu diante do avanço avassalador das imagens digitais. Nos últimos anos, a Kodak tem vivido uma agonia sem fim, tentando enveredar por áreas pouco afeitas ao seu negócio original, como a fabricação de impressoras comerciais e domésticas.

Mudar a trajetória de uma empresa pode ser um processo longo e doloroso. Aamericana IBM dominou o mundo dos computadores durante décadas, mas quase desapareceu quando concorrentes como Apple e Dell começaram a ocupar esse espaço. Por um bom tempo, a IBM investiu em serviços de tecnologia e, agora, invade o mundo da inteligência artificial, em constante processo de reinvenção. A própria Microsoft experimentou o veneno que a fez destroçar rivais. Criada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen, levou menos de dez anos para se tornar um predador internacional, graças principalmente ao Windows, o sistema operacional que mudaria para sempre a história da computação.

A Microsoft cresceu produzindo softwares para computadores, mas sofreu com o advento de tablets e smartphones, que derrubaram consideravelmente os seus lucros. Ágil como uma empresa de tecnologia deve ser, percebeu que deveria buscar novas frentes de negócios e acabou por entrar no universo de hardwares. Além disso, revigorou o seu serviço de e-mail, substituindo o insosso Hotmail pelo ágil Outlook. Em pouco tempo, voltou a lançar tendências, em vez de correr atrás das rivais.

Em 1942, o economista austríaco Joseph Schumpeter criou a expressão “destruição criativa” para definir a necessidade de grandes empresas se reinventarem permanentemente. De tempos em tempos, diz ele, é preciso “derrubar os pilares do passado para construir as pontes do futuro”. Isso nem sempre é fácil, mas em geral vai estabelecer as chances de sobrevivência de uma corporação. A Victoria’s Secret não fez a lição de casa – longe disso. Cega pelo sucesso estonteante alcançado nos primeiros anos do século XXI, nem sequer percebeu que deveria investir em iniciativas corriqueiras hoje em dia, como serviços digitais (foi apenas há pouco tempo que entrou no comércio eletrônico) e ambientes mais despojados nas lojas – elas, ao contrário, continuaram exatamente como nos anos 1990, com suas madeiras pesadas, cortinas de seda e tapetes orientais, um glamour artificial distante das novas gerações, que valorizam especialmente a autenticidade. Para piorar, enfrenta agora a concorrência de marcas de lingerie mais inclusivas e que carregam a vantagem adicional de ter nascido em plena era digital. Enquanto não espantarem seus demônios, os anjos da Victoria’s Secret estarão em sério risco de extinção, de asas quebradas.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

SEXO E TECNOLOGIA

As inovações tecnológicas têm transformado o modo como as pessoas compreendem e vivenciam o sexo

A relação entre sexualidade e tecnologia está cada vez mais próxima, formando um par polêmico. As inovações tecnológicas têm transformado o modo como as pessoas compreendem e vivenciam o sexo, pois a internet criou um novo espaço de interação (inclusive sexual) revolucionando os vínculos afetivos. Tal interação está criando relacionamentos ou pseudo-relacionamentos, em que os estágios são pulados com muita facilidade, tornando o sexo e o amor objetos de consumo independente do outro. O compartilhamento de conteúdo sexual pessoal explícito, os chamados “nudes”, é uma prática cada vez mais comum, principalmente entre os jovens, em um mundo onde as aparências físicas ganham um protagonismo cada vez maior. Apesar da prática fazer parte do jogo erótico, quando o material cai em mãos indesejadas pode se tornar um sério problema. Outra oportunidade criada pela internet é o sexo virtual ou cibersexo, que consiste em brincadeiras entre casais, que por meio de uma webcam se exibem um para o outro, criando um jogo erótico com fantasias culminando em prazer mútuo. Dependendo da forma como as pessoas vivenciam o relacionamento virtual, ele pode ser saudável se realizado de forma eventual e com clareza de que é parcial. Entretanto, quase sempre as pessoas permanecem no mundo virtual e criam personagens que não existem, enganando ao outro e, sobretudo, a si mesmos. A outra faceta disto é quando esses relacionamentos, por vezes idealizados, partem para o mundo real e não correspondem às expectativas criadas no mundo virtual, gerando assim frustrações ou ainda se envolvendo em armadilhas com pessoas mal intencionadas. O sexo, aliado à tecnologia de forma saudável, pode: aproximar as pessoas, proporcionando prazer rápido, fácil, sigiloso e seguro (tomando as devidas precauções), auxiliar principalmente os mais tímidos a se relacionarem mais facilmente, contribuir para o treino de fantasias sexuais e no processo de autoconhecimento. Portanto, a aplicação da tecnologia ao sexo não é algo ruim, o que determina os benefícios para cada um é a forma como ela é utilizada.

THAÍS FRANÇA DE ARAÚJO – é médica ginecologista pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com especialização em Sexualidade Humana pela Universidade de São Paulo (USP).

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