Quero abraçar, pisar na areia, jogar vôlei. Mas ainda não é hora
Dia desses, eu caminhava pela Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, e entrava por uma porta, à esquerda. Diante de mim, prateleiras enormes de livros, pessoas folheando exemplares nas gôndolas principais. No ambiente, um burburinho de café no 2 piso. Comecei eu mesmo a folhear alguns lançamentos, conferindo a quarta capa e as orelhas para saber mais da história ou abrindo numa página aleatória para ler um trecho. Fiz isso por alguns minutos. Então, acordei. E logo me estapeou a realidade: estamos em junho e faz meses que não visito uma livraria.
Mesmo que eu esteja em casa, com minha biblioteca, nada substitui o prazer de visitar uma livraria e descobrir obras nas estantes, como um desbravador. Comecei minha vida de leitor – e, claro, de escritor- nos clubes do livro do sebo Baratos da Ribeiro, que ficava em Copacabana e agora está em Botafogo, a poucos quarteirões da loja com que acabei sonhando, a Travessa de Botafogo.
Outras tantas livrarias fazem parte da minha vida: a Saraiva do Shopping Riosul, onde lancei meu primeiro livro; as demais Travessas e Saraivas, a Blooks de Botafogo, a Argumento do Leblon e a Da Vinci no Centro. Aliás, nestes tempos difíceis, cabe a nós incentivar as livrarias locais, pequenas, que precisam de leitores apaixonados para atravessar a tempestade. A maioria delas tem feito entregas on-line, com anúncios e promoções nas redes sociais. Não deixe de buscar a sua favorita e realizar uma compra, livros são boas companhias na quarentena.
Sem dúvida, outra saudade enorme é ir ao cinema. Aúltima sessão em que estive foi em meados de março, no cine Roxy, o meu favorito, que agora tem sua existência ameaçada. O mesmo acontece com as salas do grupo Estação, que acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo no site Benfeitoria para seguir em funcionamento quando a pandemia terminar. Tenho visto filmes nos streamings, mas nada substitui o cheiro de pipoca, o apagar das luzes, o telão gigante diante de nossos olhos. Quando poderei ir ao cinema de novo? Ainexistência de uma data final é o pior de tudo.
Para os cariocas, a “banalização da violência” já faz parte da rotina: absurdamente, nós nos acostumamos a frases como “não vá pela Avenida Brasil que está tendo tiroteio”, ou “soube que ontem deram facadas num cara na esquina?”, ou “mataram dois bandidos aqui no bairro”.
Agora, existe uma espécie de “banalização do fim”. Quando o coronavírus começou, nos horrorizamos com os números de mortes que chegavam da Itália: 700, 800… Neste momento, no Brasil, os números estão por volta de 1.500 mortos por dia, com projeções de chegar a 3.000, 5.000, e parece que boa parte da população não despertou para a gravidade do que estamos vivendo: no Rio, os calçadões estão cheios; bares, restaurantes e comércios funcionam de vento em popa. Para essas pessoas, respaldadas no presidente lunático, a quarentena nunca começou. Enquanto isso, daqui, as saudades se avolumam: quero abraçar meus amigos, pisar na areia da praia, sair para um bar, fazer um churrasco, jogar vôlei. Mas ainda não é hora. Por enquanto, vou continuar sonhando.
Nenhuma comida faz mais sucesso na quarentena do que a criação napolitana que virou símbolo paulistano e se espalhou pelo Brasil. O próximo passo: o delivery pelo ar
A pizza virou o prato forte dos brasileiros que moram nas grandes cidades e se protegem contra a pandemia, ficando em casa e pedindo comida fora. A popularidade do serviço de delivery já era enorme. Agora, alcançou êxito inesperado. Segundo a Associação Pizzarias Unidas do Brasil, desde o começo da pandemia, em abril, o faturamento de suas filiadas aumentou em até 30%, conforme a região do país. Iniciado o confinamento da população, as pizzarias com salão para receber clientes se voltaram 100% para a entrega em domicílio, associando-se às que a realizavam exclusivamente. Precisavam contornar os prejuízos. Afinal, suas portas foram cerradas. O sucesso foi tanto que, mesmo com a reabertura, pretendem continuar preparando comida para viagem.
Muitas pizzarias tiveram de se reinventar nos primeiros dias do fechamento. A Castelões, de São Paulo, é o maior exemplo. Aberta em 1924, no bairro do Brás, jamais apostou na entrega. Para não apagar o forno a lenha, a mais antiga pizzaria do país se rendeu ao serviço. Foi em abril, quando completou 96 anos de idade.
A pizza chegou ao Brasil entre o fim do século XIX e início de 1900. Veio com os 80.000 imigrantes de Nápoles e comunidades vizinhas da região da Campânia. Eles se instalaram em São Paulo, nos bairros do Brás, Mooca, Belenzinho e Bixiga. Acabou se tornando prato nosso. Há hoje 40.000 pizzarias no país. Só na cidade de São Paulo funcionam entre 4.500 e 6.000. Calcula-se que a metade seja exclusivamente delivery.
A operação de entregar a pizza no endereço do cliente requer eficiência. Para manter a qualidade, ela deve chegar rapidamente ao destino. Cerca de quarenta minutos depois de sair do forno, esfria e perde a crocância. “Daí adotarmos uma embalagem aluminizada e só fazermos entregas até uma distância de no máximo dez quilômetros”, diz Arri Coser, dono da rede Maremonti, de São Paulo, que pôs três restaurantes no delivery. A cadeia paulistana Ráscal fez outra opção em sete casas. Passou a despachar a pizza pré-assada e congelada; ou com a cobertura à parte, para a montagem. “O cliente termina de assá-la em casa e fica ótima”, garante Luísa Bielawski, sócia da Ráscal.
Os pedidos do delivery chegam por meio de aplicativos, de plataformas como iFood, Rappi e Uber Eats, de sites, WhatsApp e telefone. Hoje, como se sabe, a pizza é entregue por motoboys. Profetiza-se que o serviço logo contará com drones, muito mais velozes. Testes com essas aeronaves pilotadas remotamente estão sendo feitos pela americana Domino’s, a maior rede de entregas de pizzas do mundo. Há duas semanas, ela atendeu a um cliente enviando um drone até a Praia de Zandvoort, na Holanda. No Brasil, a pizzaria Vero Verde de Santo André, na Grande São Paulo, realizou teste parecido em 2014, esbarrando na falta de licença das autoridades oficiais.
O namoro com a inovação enriquece uma bela história. No início da vida em São Paulo, os imigrantes italianos moravam mal, muitos em cortiços. Para reforçar o orçamento, os napolitanos e patrícios da Campânia começaram a fazer pizza em casa para vender. Os que não dispunham de forno a lenha levavam a redonda, como a chamavam, para assar em padarias de portugueses. A seguir, saíam oferecendo nas ruas, em pedaços.
Transportavam a pizza em um tambor de metal, em cuja parte inferior ardia carvão em brasa. Tinha massa grossa e borda alta; na cobertura, molho de tomate e mussarela; ou filezinhos de aliche com ou sem queijo; reunindo os dois ingredientes, virava mezzo a mezzo. Hoje, as variações são ilimitadas. Nos últimos dois anos, conforme a associação de pizzarias, as mais pedidas nos restaurantes e deliveries do país são, pela ordem, a pizza de linguiça calabresa, a portuguesa e a frango com catupiry. As três receitas nasceram em São Paulo. Campeã absoluta, a calabresa passou a ser preparada no fim da década de 30, depois que um açougue paulistano produziu a linguiça do mesmo nome, até então caseira. A portuguesa surgiu entre as décadas de 50 e 60, em homenagem aos padeiros que cediam o forno aos imigrantes. Já a frango com catupiry é da década de 70, quando um vendedor da fábrica de laticínios sugeriu a um pizzaiolo que testasse seu requeijão em uma redonda.
Acredita-se que a pizzaria número 1 do Brasil foi a Santa Genoveva, de São Paulo, aberta em 1910 e fechada em 1940, no Brás. O dono era D. Carmino Corvino, italiano de Salerno, perto de Nápoles. Começou vendendo pizza na rua. Juntando dinheiro, inaugurou a Santa Genoveva. Portanto, como instituição, a pizzaria brasileira faz aniversário: completa 110 anos em 2020. Pode-se imaginar a perplexidade de D. Carmino Corvino se ressuscitasse, fosse morar em um apartamento e aparecesse um drone com uma pizza quentinha na sacada. Mas talvez se sentisse aliviado ao desfrutar do conforto de não precisar descer até a portaria com uma máscara cobrindo a boca e o nariz, para enfrentar a pandemia.
Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue… (Romanos 5.9a).
A sociedade secularizada trocou não apenas o cordeiro pelo coelho, mas também o sangue pelo chocolate. O sangue nos causa repulsa, mas o chocolate é doce ao paladar. O chocolate nos agrada e nos dá prazer, mas o sangue nos deixa constrangidos e atônitos. Porém, o que o chocolate tem que ver com a Páscoa? Absolutamente nada! Essa é a religião secularizada. Cria símbolos que agradam ao gosto do homem, mas afastam as pessoas do caminho de Deus. A redenção do cativeiro não aconteceu por causa do chocolate, mas por causa do sangue. Não o nosso próprio sangue, mas o sangue de um cordeiro substituto. Aquele cordeiro sem defeito, imolado em favor de cada família, era um tipo de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Não somos salvos pelas nossas obras; somos salvos pelo sangue de Cristo. Ele é o nosso Cordeiro pascal. É pela sua morte que temos vida. É pelo seu sangue que somos libertos e purificados de todo o pecado. O chocolate é bom e agradável, mas não como símbolo da Páscoa. As nossas obras podem ser úteis, mas não para a nossa redenção. Não são as nossas obras que nos justificam, mas a obra de Cristo na cruz por nós.
Aplicativo anuncia ferramenta de pagamentos e transferências para usuários do Brasil e gera empolgação para uns e desconfiança em outros.
O WhatsApp começou como um simples aplicativo de mensagens. Tornou-se um dos principais serviços de transmissão de notícias. Também é usado como ferramenta para divulgar produtos e serviços. E ganhou o mundo. São 2 bilhões de usuários em 180 países. E agora, 11 anos após ser criado, entra no mercado financeiro ao permitir pagamentos e transferências entre usuários. “Estamos facilitando o envio e o recebimento de dinheiro assim como o compartilhamento de fotos”, disse Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, dona do WhatsApp, na segunda-feira (15), em anúncio que gerou um misto de empolgação e desconfiança no Brasil, primeiro país a receber a atualização do sistema.
A novidade já começou a ser liberada para algumas pessoas, tanto para o sistema IOS quanto para o Android. O acesso ao recurso será aos poucos. A opção ‘pagamento’ será incluída no menu de ações. Inicialmente, a parceria prevê transações com cartões de débito ou crédito de Banco do Brasil, Nubank e Sicredi, das bandeiras Mastercard e Visa. A processadora é a Cielo.
O serviço pode ser usado por pessoas físicas e jurídicas. Usuários poderão transferir dinheiro para outras pessoas, como pagar a mensalidade do aluguel da quadra de futebol com amigos e passar valores a familiares, além de quitar compras sem cobranças adicionais. Já as pequenas e médias empresas, que utilizam o WhatsApp Business (versão corporativa do app), pagarão taxa fixa de 3,99% do valor de cada transação para receber os pagamentos de clientes. Assim, o WhatsApp incrementa sua monetização como provedor de receita do grupo Facebook – que também inclui o Instagram e outras redes –, que faturou globalmente US$ 70,7 bilhões em 2019.
CICLO DE VENDA
O lançamento do WhatsApp Pay mexeu com o mercado brasileiro. Afinal, são 130 milhões de usuários no País, sendo cada vez mais utilizado para divulgar e gerar negócios. A ferramenta completa o ciclo de venda dentro da plataforma, de maneira fácil e ágil, o que entusiasmou alguns setores. O principal deles relacionado a vendas diretas. Segundo pesquisa nacional de perfil desenvolvida por uma consultoria independente a pedido da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), o WhatsApp é o principal canal de vendas de 84,7% dos empreendedores independentes do setor, formado por 4 milhões de empreendedores, que comercializaram 2,5 bilhões de itens (produtos e serviços) em 2019 e geraram um volume de negócios de R$ 45 bilhões. Os dados foram coletados em janeiro e fevereiro e, portanto, não captam a aceleração digital ocasionada pela pandemia. O aplicativo, que já era uma das principais alternativas de vendas antes do isolamento social, tornou-se ainda mais importante e foi adotado, inclusive, por grandes redes varejistas.
“É um divisor de águas. Ajuda na recuperação da economia neste momento de crise causada pela Covid-19”, diz Renato Mendes, mentor da Endeavor Brasil, especialista em startups e empreendedorismo. “A nova função de pagamentos só ajudará os comerciantes a se adaptarem à economia digital, ao ‘novo normal’. Mais uma vez vemos na tecnologia uma saída para o crescimento e a recuperação financeira”, afirma Ricardo Zanlorenzi, CEO da Nexcore, especializada em soluções em atendimento e comunicação omnichannel para empresas otimizarem e personalizarem o relacionamento com clientes. “É uma experiência de uso interessante”, diz Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de tecnologia voltada para o mercado financeiro, fintechs e gestão de risco.
CICLO DE VENDA
O lançamento do WhatsApp Pay mexeu com o mercado brasileiro. Afinal, são 130 milhões de usuários no País, sendo cada vez mais utilizado para divulgar e gerar negócios. A ferramenta completa o ciclo de venda dentro da plataforma, de maneira fácil e ágil, o que entusiasmou alguns setores. O principal deles relacionado a vendas diretas. Segundo pesquisa nacional de perfil desenvolvida por uma consultoria independente a pedido da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), o WhatsApp é o principal canal de vendas de 84,7% dos empreendedores independentes do setor, formado por 4 milhões de empreendedores, que comercializaram 2,5 bilhões de itens (produtos e serviços) em 2019 e geraram um volume de negócios de R$ 45 bilhões. Os dados foram coletados em janeiro e fevereiro e, portanto, não captam a aceleração digital ocasionada pela pandemia. O aplicativo, que já era uma das principais alternativas de vendas antes do isolamento social, tornou-se ainda mais importante e foi adotado, inclusive, por grandes redes varejistas.
“É um divisor de águas. Ajuda na recuperação da economia neste momento de crise causada pela Covid-19”, diz Renato Mendes, mentor da Endeavor Brasil, especialista em startups e empreendedorismo. “A nova função de pagamentos só ajudará os comerciantes a se adaptarem à economia digital, ao ‘novo normal’. Mais uma vez vemos na tecnologia uma saída para o crescimento e a recuperação financeira”, afirma Ricardo Zanlorenzi, CEO da Nexcore, especializada em soluções em atendimento e comunicação omnichannel para empresas otimizarem e personalizarem o relacionamento com clientes. “É uma experiência de uso interessante”, diz Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de tecnologia voltada para o mercado financeiro, fintechs e gestão de risco.
Os problemas psicológicos estão crescendo durante a pandemia da covid-19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Conversar abertamente com o pessoal do trabalho pode ajudar a aliviar o problema
Isolamento social, medo de contágio, perda de membros da família e insegurança em relação ao emprego são fatores que fizeram a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificar, em relatório publicado em maio, um impacto preocupante no bem-estar psíquico durante a pandemia da covid-19. Doenças mentais como depressão, ansiedade, burnout, entre outras, não são novidade. Em 2017, a OMS já havia avaliado que mais de 300 milhões de pessoas tinham depressão e 260 milhões enfrentavam transtorno de ansiedade, sendo que a maioria sofria de ambos. Mas a pesquisa feita por causa da crise do coronavírus mostrou que pessoas que antes estavam com equilíbrio psicológico passaram a não estar tão bem; outras que haviam tido alguns episódios de ansiedade e estresse tiveram mais casos; e as que já possuíam efetivamente doenças mentais em estado contínuo tiveram uma piora no quadro e redução da funcionalidade.
PARTE DA SOLUÇÃO
É importante entender que nem sempre quem está com problemas desse tipo consegue identificá-los ou se sente encorajado a pedir ajuda. Por isso os colegas têm um papel tão importante: podem notar se pares, subordinados ou chefes estão sofrendo psicologicamente e oferecer ajuda.
De acordo com especialistas, os sinais podem ser identificados até na rotina do home office. Comportamentos como dificuldade para acompanhar reuniões, desorganização, problemas de memória, desânimo e apatia são indicativos de que algo não vai bem. Também é preciso ficar de olho em mudanças de atitude, como alguém que era calmo e se tornou mais agressivo ou alguém que vivia animado e perdeu toda a disposição.
A ajuda começa quando alguém se coloca à disposição para escutar os colegas. Assim, cria-se um espaço seguro para compreender como está a saúde mental deles. “Conte uma história de sua própria vida e fale o que fez para lidar com aquela situação. Assim você não está invadindo, não está impondo nada nem sendo autoritário. Está se colocando disponível, sem tentar resolver o problema do outro”, diz Cristiana Wadt, psicóloga analítica sistêmica. Foi o que fez o publicitário Dico Barbosa, de 33 anos, que, no começo do isolamento, teve crises de ansiedade. “Depois disso comecei a perguntar com mais frequência a meus colegas se eles estavam bem, e isso abriu espaço para começarem a me procurar e a desabafar sobre as ansiedades que também estavam sofrendo”, afirma. Com os bate-papos, ele notou que havia um alto nível de estresse, causado pela própria pressão no trabalho, somado com pressão em casa, tensão ao ler notícias, entre outras coisas. “Nessas conversas informais passei a tentar dar mais apoio a eles”, diz o publicitário.
CUIDADO COM AS PALAVRAS
No intuito de ajudar, muitos podem fazer afirmações que invalidam os sentimentos alheios – o que só atrapalha. “Não tente motivar alguém com frases de lugar-comum, como ‘você não tem motivos para se sentir assim’. Isso aumenta o sentimento de culpa de quem tem depressão. Prefira mostrar compreensão e encorajá-lo a buscar soluções médicas”, explica Wagner Gattaz, professor titular de psiquiatria na Universidade de São Paulo e CEO da Gattaz Health & Results.
Isso aconteceu com a consultora de restaurantes e bares Lívia Stefaneli, de 31 anos, no início de sua carreira, quando tinha apenas 18 anos. Na época, uma colega de trabalho notou uma mudança em seu comportamento e, na tentativa de ajudar, a abordou pontuando que ela estaria com depressão. Misturando a imaturidade e o tabu em torno da doença, Lívia entrou, de fato, em depressão. “Na verdade, eu estava com sintomas de burnout: fazia faculdade, estágio, exercícios e, quando ela disse isso, fiquei com a sensação de que havia falhado”, diz Lívia. “Foram três anos de terapia e tratamento para entender isso, mas que também foram bons para compreender muitas outras coisas.”
LÍDERES, ATENÇÃO!
O medo de perder o emprego, que acaba sendo potencializado pela crise econômica que todo o mundo vive, faz com que as pessoas se sintam inseguras para pedir ajuda ou mesmo precisar se afastar. Embora algumas empresas estigmatizem profissionais com problemas desse tipo, para Ricardo Basaglia, diretor-geral da empresa de recrutamento Page Group, o risco de demissão está mais relacionado, para além deste momento, com a história que foi construída na empresa.
“É muito improvável que alguém nessa situação não tenha nenhum tipo de problema. Mas cada um tem um perfil e reage de uma forma. Não há demérito nenhum em enfrentar problemas relacionados à saúde mental.”
O gestor precisa escutar e criar uma relação de empatia em que o funcionário se sinta à vontade para se expor – e, quando o próprio chefe demonstra vulnerabilidade, isso fica mais fácil. “A maior parte dos profissionais tem ‘síndrome do super-homem’, o que reforça o medo de expor suas fraquezas. Mas, quando falamos de seres humanos, é muito difícil ter controle e potência ao mesmo tempo”, diz Ricardo. A empatia foi importante para a bancária Denise Muramatsu, de 38 anos, retornar à empresa depois de um período de cinco meses de afastamento por causa de questões de saúde mental. Seu chefe havia passado por uma situação semelhante e a acolheu. “Ele era muito bom com gestão de pessoas e sabia o que estava acontecendo comigo. Recebi bastante suporte dele e da equipe, que preparou um café da manhã quando voltei.” Denise relata que o estopim para receber o diagnóstico foi uma crise de pânico no meio do ambiente de trabalho. “Eu senti que estava para ter uma crise, algo que já vinha sentindo em densidades menores, e pedi para uma colega me ajudar a ir ao ambulatório. Porém, no meio do caminho, eu desabei e passei muito mal. A área toda parou, preocupada com o que estava acontecendo”, recorda. A médica da empresa foi incisiva e falou que só iria liberá-la se ela tivesse uma consulta marcada com um psiquiatra ainda naquela tarde.
“Àquela altura, já não adiantaria mais o tratamento com um psicólogo. Eu tinha de iniciar o uso de medicamentos. “O que aconteceu com a bancária não foi de um dia para outro. Havia condições psicológicas preexistentes que, somadas ao estresse do trabalho, culminaram em um diagnóstico de síndrome do pânico, ansiedade e depressão. “Hoje, sinto-me muito segura quanto à minha saúde mental. Eu não faço mais o tratamento com remédios, continuo na terapia e sei que a qualquer sintoma posso recorrer a esse tipo de ajuda.” Para a surpresa de Denise, a experiência fez com que outros colegas a procurassem e se abrissem sobre estar passando ou ter passado por problemas semelhantes. “Até a minha crise, meus colegas não entendiam a saúde mental como um problema palpável. Nem eu”, diz a bancária.
HORA DE DESMISTIFICAR
Para o médico Wagner Gattaz, o tabu em torno das doenças psicológicas atrapalha o diagnóstico. Ele afirma que leva, em média, cinco anos entre os primeiros sintomas e o início do tratamento. E, em casos graves, a doença pode destruir famílias e carreiras. ”Tive um paciente que levou dez anos para ter o diagnóstico e encontrar o tratamento adequado. Nisso, ele acabou perdendo tudo: se separou, perdeu o escritório e se perguntava se àquela altura ainda fazia algum sentido se tratar”, diz Wagner. Por isso é importante entender que doenças mentais são como quaisquer outras – demandam tratamento e naturalidade para falar sobre o assunto. “É como diabetes, hipertireoidismo, pressão alta. As empresas devem compreender que, quando um profissional é afastado precocemente por tais problemas, o retorno costuma ser rápido com o tratamento, entre três e quatro semanas’, explica Wagner. E talvez este momento de pandemia, quando todo mundo está em contato com ansiedades e inseguranças, seja um divisor de águas para que as empresas compreendam a necessidade de disseminar noções de qualidade de vida mental. A psicóloga Desirée Cassado, que também é professora na The School of Life, explica: “É um momento único, em que o trabalho entra no ambiente doméstico. Conhecer a vulnerabilidade do outro pode gerar cumplicidade para cada um se abrir mais sobre esses assuntos”.
RESCALDO DA PANDEMIA
Relatório da Organização Mundial da Saúde mapeou quais são as principais consequências da crise do coronavírus para a saúde mental
1. Medo de se infectar, de morrer, de perder pessoas queridas e/ou de ficar desempregado
2. Ansiedade por estar há um longo tempo afastado do convívio com amigos e familiares
3. Alto estresse por causa da quantidade de informações erradas sobre o vírus e sobre as medidas de prevenção
4. Risco de haver alta no número de suicídios entre os jovens, assim como ocorreu durante a crise econômica americana de 2008
5. Crescimento de comportamentos viciantes, como abuso de álcool e de outras substâncias, compulsão alimentar e excesso de jogos online
Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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