O brutal assassinato de George Floyd em Minnesota, nos Estados Unidos, pela polícia colocou, mais uma vez, a questão do racismo em evidência. Passeatas e manifestações de repúdio ao episódio explodiram no mundo inteiro, revelando que há motivo para esperanças e que podemos -e devemos – acreditar que o sonho de Martin Luther King se tornará realidade. Que as pessoas um dia não serão julgadas pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter. Houve avanços? Sim, sem dúvida. Mas uma série de indicadores deixa evidente que ainda há muito a ser feito.
No informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, o IBGE indica que entre 2012 e 2017 foram registradas 255 mil mortes de negros por assassinato no país. Em termos de proporção, os negros têm 2,7 mais chances de se tornarem vítimas de homicídio do que os brancos. O Atlas da Violência de 2019, estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, confirmou essa tendência ao mostrar que, no ano passado, 75,5% das pessoas assassinadas no país eram negras – a maior proporção da última década.
O preconceito também é perceptível no mercado de trabalho. Em 2018, os trabalhadores brancos ganhavam, em média,73,9% a mais do que os trabalhadores pretos ou pardos. E recebiam, em média, 27,1% a mais do que as mulheres. Esse cenário foi identificado pelo IBGE na pesquisa Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira: 2019, lançada em novembro passado. De acordo com dados divulgados em fevereiro deste ano, a taxa de desocupação da população autodeclarada negra em 2019 ficou acima da média nacional (11%), alcançando 26,1%. Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
O contingente de negros sem emprego era então de 13,5%, entre pretos, e de 12,6%, entre pardos. Outro indicador preocupante: dos 2,6 milhões de estudantes de ensino fundamental ou médio reprovados em 2018, 48,41% eram negros (pretos ou pardos). Segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o número de reprovados nesse grupo é duas vezes maior que o de brancos, somando, em 2018, mais de 1,2 milhão de estudantes reprovados. Não podemos nos acostumar com esses dados. Não podemos perdera capacidade de nos indignarmos com a desigualdade. Essa indignação não pode existir apenas quando um homem negro é asfixiado até a morte. Chega de asfixia.
A profusão de notícias falsas e de conteúdos que incitam a violência coloca em xeque a ideia de que as redes sociais estimulam uma livre discussão saudável. Mas como fiscalizar o que é publicado?
No final de maio, um embate entre Jack Dorsey, presidente do Twitter, e Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, começou a tomar forma. O presidente americano, Donald Trump, escreveu no Twitter duas mensagens. Em uma delas, dizia que as caixas de correio seriam roubadas e as cédulas de votação, usadas na eleição presidencial, seriam fraudadas. Em outra, Trump atacou Gavin Newsom, governador da Califórnia, dizendo que o político estaria enviando cédulas a milhões de pessoas. As duas mensagens foram sinalizadas pelo Twitter como duvidosas, e pela primeira vez os tuítes de um presidente americano receberam um selo de alerta. A iniciativa gerou discórdia entre os gigantes do mercado de tecnologia. De um lado, Dorsey, do Twitter, adotou uma postura mais ativa na mediação do que é publicado. De outro, Zuckerberg discordou da atitude do concorrente e afirmou que o Facebook não deveria se posicionar como um ”árbitro da verdade” do que é dito e compartilhado pelas pessoas.
A discordância entre o Twitter e o Facebook revela visões cada vez mais divergentes a respeito do papel das redes sociais. Por um lado, há quem diga que as plataformas devam ser espaços de livre discussão para as pessoas publicarem o que bem entenderem. Por outro, especialistas defendem que as redes sociais precisam assumir a responsabilidade sobre o conteúdo. Quando as plataformas foram criadas nos anos 2000, elas tinham o objetivo de conectar pessoas. Porém, mais do que isso, acabaram se tornando um espaço de discussão de ideias. Do movimento Occupy Wall Street ao #BlackLivesMatter, as redes sociais amplificaram as novas demandas da sociedade. No entanto, junto com o novo canal de comunicação cresceu a disseminação de notícias falsas. Um estudo realizado por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) analisou mais de 126.000 boatos que circularam no Twitter de 2006 a 2017 e mostrou que as fake news se espalham mais rapidamente e alcançam até 100 vezes mais pessoas do que as notícias reais. O problema só se aprofundou nos últimos anos, e as redes sociais chegaram a um ponto de inflexão. Para especialistas, fica cada vez mais evidente que as plataformas precisam de uma reforma para privilegiar conteúdos verdadeiros e promover um debate saudável. ”Se as redes fossem um ambiente em que cada um publica suas ideias e elas fossem espalhadas igualmente a todos, a responsabilidade das empresas seria menor. Como há um algoritmo ajustando o que cada um vê, visando elevar o tempo de permanência para aumentar a receita com anúncios, a rede social precisa checar as informações que lá veiculam”, diz André Miceli, coordenador do MBA em marketing digital da Fundação Getúlio Vargas.
Encontrar uma solução não é simples. Como os serviços são usados por mais de 1 bilhão de usuários todos os dias, é como se fosse preciso trocar o pneu de um veículo em movimento. Algumas mudanças estão sendo encabeçadas pelas empresas. O Twitter começou a testar uma ferramenta que pergunta se o usuário leu uma mensagem antes de ser republicada. E a plataforma tem agido de forma mais dura contra a desinformação. A empresa chegou a apagar dois tuítes do presidente Jair Bolsonaro em março que estimulavam o uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19. Já o Facebook, em uma das frentes, trabalha com agências de checagem de fatos desde 2016 para verificar a veracidade de posts publicados na plataforma. Quando um conteúdo falso é identificado, a publicação recebe um selo. Porém, a postagem não é removida como no Twitter. Ela apenas tem seu alcance reduzido. Com a pandemia de covid-19, a checagem foi intensificada. O aplicativo WhatsApp também entrou nessa guerra contra as fake news. Em abril, a companhia, que pertence ao Facebook, passou a limitar a apenas um contato o encaminhamento de mensagens já compartilhadas diversas vezes. Antes o limite era de cinco contatos de uma só vez. De acordo com a empresa, houve redução de 70% na quantidade de mensagens encaminhadas no aplicativo. ”As fake news e a desinformação são problemas para as próprias plataformas, uma vez que impactam a confiança de seus usuários”, afrrma Kate O’Neill, autora e consultora no setor de tecnologia. ”Mas as redes sociais não agirão de forma assertiva se tudo for deixado nas mãos delas.”
Apesar de bem-vindas, as iniciativas nem sempre são suficientes. Por isso, em todo o mundo, os países discutem saídas legais para reduzir a disseminação de conteúdo falso e discriminatório. A Alemanha é um dos que aprovaram uma legislação que obriga as plataformas a tirar do ar conteúdo com discurso de ódio. A multa aos gigantes de tecnologia pode chegar a 50 milhões de euros caso descumpram o prazo repetidas vezes. A lei, de 2017, foi criada às pressas para conter a ascensão do neonazismo em um país marcado por regras duras contra qualquer discurso de ódio. O texto, contudo, é criticado por organizações que defendem a liberdade de expressão. Essas instituições temem a adoção de um modelo do tipo ”retire primeiro, pergunte depois”, afetando inclusive publicações legítimas. ”As companhias não existem para interpretar a lei. O Estado está entregando a fiscalização para as empresas, o que é perigoso. Pode se tornar uma espécie de ‘censura privada”’, diz Barbora Bukovská, diretora sênior para políticas e legislação da organização britânica Artigo 19, defensora da liberdade de expressão na internet e crítica da legislação alemã. Outro exemplo vem da França, que aprovou em junho uma legislação similar, que inclui o racismo, a pornografia e outros tipos de conteúdo entre os que devem ser retirados das plataformas. A legislação francesa é vista como mais positiva por especialistas da região. Há ainda outras regras em estudo no Reino Unido e na União Europeia. O desafio é fazer uma lei que equilibre o papel da Justiça e o das plataformas.
Na contramão da discussão europeia, os Estados Unidos, onde estão sediadas as principais empresas de internet, têm uma das legislações mais permissivas do globo. Boa parte da argumentação tem como base a Primeira Emenda da Constituição americana, que assegura a liberdade de expressão. A internet bebe desse princípio jurídico criado no século 18. Não que a liberdade de expressão não esteja presente na Constituição de outros países, mas, nos Estados Unidos, marcados por um histórico calvinista, liberal e individualista, qualquer interferência de governos é vista com maus olhos. Outra lei, de 1996, chamada de Lei da Decência das Comunicações, reassegura que a liberdade de expressão seja cumprida também na internet e isenta as plataformas de responsabilidade pelo que seus usuários publicam.
Os americanos têm um ponto: em muitos países, sobretudo onde há governos autoritários, pode haver pressão para que conteúdos legítimos sejam censurados. Elettra Bietti, pesquisadora do Berkman Klein Center, instituto da Faculdade de Direito de Harvard, especializado em pesquisas sobre legislação e internet, afirma que as leis de liberdade de expressão foram elaboradas numa era pré-internet com o objetivo de evitar a interferência estatal. Mas o mundo evoluiu e precisa de mais regulação. ”Não devemos olhar como uma dicotomia, de governos sendo maus e plataformas sendo as salvadoras, ou vice-versa. É uma discussão que tem muitos atores”, afirma a pesquisadora.
No Brasil, as tentativas de controlar a disseminação de fake news desembocaram na política. Tramita no Senado e na Câmara o Projeto de Lei no 3.063, de 2020, de autoria dos deputados Tábata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). O texto, criticado por não ter sido debatido com a sociedade civil, estava prestes a ser votado pelo Senado quando esta reportagem foi finalizada. A lei prevê que empresas especializadas na produção e na disseminação de notícias falsas na internet sejam investigadas pela Polícia Federal e isenta as redes sociais de responsabilidade sobre o conteúdo, sem exigir que seja apagado. Outro ponto do projeto prevê que plataformas como Twitter, Facebook e Instagram deixem claro aos usuários por que apagaram as postagens e deem às pessoas a possibilidade de contestar quando um conteúdo tiver sido retirado. O papel de cada usuário não é o foco da legislação – o alvo são as empresas que produzem conteúdo falso. Para o deputado Felipe Rigoni, as fake news prejudicam a democracia. ”Elas estão para a liberdade de expressão e para a democracia assim como a corda está para o pescoço enforcado. Com mais mentiras, temos menos democracia”, diz. Um estudo da empresa de pesquisas francesa Ipsos realizado em 2018 aponta que 62% dos brasileiros já tinham acreditado em uma mentira vista nas redes sociais. Na época, 37% acreditavam que as plataformas fossem responsáveis por enganar a população.
Os assuntos favoritos de quem produz conteúdo enganoso e também de quem os compartilha estão ligados à política. ”As notícias falsas começaram a ser mais direcionadas nos últimos anos”, afirma Gilmar Lopes, fundador do site eFarsas, uma das primeiras plataformas brasileiras criadas, ainda em 2002, para desmentir lendas urbanas que circulavam na internet e em correntes de e-mail. A combinação de polarização política com o advento das redes sociais tornou a tarefa bem mais trabalhosa. Em 2002, o eFarsas publicava, em média, um texto a cada dez ou 15 dias. Agora o site precisa desmentir diariamente cinco rumores, em média. Eles envolvem desde temas como corrupção até o uso de medicamentos milagrosos. ”Eu não imaginava que isso se tornaria um problema tão grande, que as notícias falsas se tornariam a pauta do momento”, afirma Lopes.
A questão não se limita apenas ao Facebook, ao Twitter e ao WhatsApp. Outras redes sociais têm de lidar também com a disseminação de conteúdo falso ou violento em suas plataformas. Um exemplo é o aplicativo americano de fotos instantâneas Snapchat, que tem 229 milhões de usuários, a maior parte nos Estados Unidos. Para se distanciar do discurso de ódio, a companhia parou de promover a conta do presidente Donald Trump em seu espaço voltado para notícias. O motivo foram as publicações do presidente no Twitter incitando a violência e o racismo. ”Não existem áreas cinzentas quando o assunto é racismo, violência e injustiça”, escreveu Evan Spiegel, fundador e presidente executivo da Snap (empresa dona do Snapchat), em uma postagem no blog oficial da companhia. ”Não podemos promover contas nos Estados Unidos que estejam ligadas a pessoas que incitem a violência racial, seja isso feito ou não em nossa plataforma.”
Outro aplicativo que adotou uma nova postura é o chinês TikTok, que caiu no gosto dos jovens ao redor do mundo e foi o terceiro mais baixado no ano passado. A empresa, que tem como foco vídeos curtos produzidos pelos usuários, tem tomado medidas para evitar a disseminação de conteúdos falsos, em especial ligados à pandemia de covid-19. A companhia fez uma parceria com órgãos internacionais para dar orientações de saúde. ”Entidades como a Organização Mundial da Saúde e a Cruz Vermelha, além das Nações Unidas, estão usando o TikTok para educar seus usuários e fornecer incentivo durante este período desafiador”, diz Rodrigo Barbosa, gerente de comunidade do TikTok no Brasil. Segundo ele, todo conteúdo considerado falso é retirado do ar imediatamente. ”O conteúdo destinado a enganar ou a induzir a erro coloca em risco nossa comunidade, que é baseada na confiança. Não permitimos esse tipo de conteúdo em nossa plataforma”, afirma. No ano passado, a empresa foi criticada por apagar publicações sobre os protestos em Hong Kong que desagradaram ao governo chinês. Na China, onde algumas redes sociais, como o Twitter e o Facebook, são proibidas, a máquina de censura governamental controla todo o conteúdo publicado online.
O que as empresas pretendem evitar é seu envolvimento em escândalos, como o que ocorreu com o Facebook em 2018 no caso da empresa de marketing político Cambridge Analytica, que coletou indevidamente os dados de 87 milhões de usuários da rede social. A revelação gerou um prejuízo de imagem sem precedentes para o Facebook e colocou em debate o próprio modelo de negócios das plataformas. Mais de 90% do faturamento de empresas como o Google e o Facebook vem de anúncios. Em 2019, foram investidos mais de 300 bilhões de dólares em publicidade online no mundo, segundo a consultoria de marketing digital eMarketer. E, pela primeira vez, a propaganda na internet ultrapassou os anúncios em meios offline nos Estados Unidos. A forma como o debate digital se estrutura influencia, portanto, o modelo de fazer negócio não só das empresas na internet, mas também de todas as companhias que anunciam seus produtos online.
No Brasil, anunciantes viraram o centro da atenção no mês de maio com a criação de uma versão brasileira da página americana Sleeping Giants, de 2016. A página marca as empresas em seus perfis nas redes sociais e mostra a elas que seus anúncios são exibidos em sites de conteúdo falso. O debate envolveu mais de 150 empresas, entre elas marcas como Deli, Brastemp, Samsung e Natura, que foram citadas e decidiram retirar seus anúncios desses sites. A base do problema está na chamada mídia programática: as empresas compram espaço publicitário por meio de intermediários, que, então, posicionam os anúncios em centenas de milhares de páginas. Os anunciantes nem sempre escolhem cada um dos sites em que vão anunciar, nem monitoram onde os anúncios são veiculados. Para Cristiane Camargo, presidente executiva do Interactive Advertising Bureau (IAB) Brasil, uma associação do setor de publicidade digital, não se pode ”criminalizar” plataformas por distribuir os anúncios. ”O debate é positivo. Pode fazer com que todo o ecossistema aprimore suas práticas, inclusive nas empresas anunciantes”, diz.
De todo modo, o tema é complexo. De um lado, existe uma questão ética e operacional em controlar o que mais de 1 bilhão de pessoas publicam em uma plataforma. De outro, estão os efeitos devastadores que uma notícia falsa pode causar na sociedade. Para especialistas, além das redes sociais, os próprios usuários que cometem crimes também precisam ser responsabilizados. ”Uma notícia falsa não deixa de ser uma difamação. Quem está compartilhando material pratica o mesmo delito de quem criou o conteúdo, mas em uma esfera menor”, diz Gisele Truzzi, advogada especializada em direito digital. Há possibilidade de ação judicial nas esferas cível e criminal e o acusado pode ser denunciado por crimes contra a honra, que envolvem calúnia, difamação, injúria, entre outros. A pena para esses casos é de multa e detenção, além da obrigação de realizar uma retratação para a pessoa ou a organização lesada pelo conteúdo. ”O direito de expressão existe até o limite que você não ofenda o direito de terceiro”, afirma Truzzi. Forçar a rede social a remover o conteúdo é outra história e abrange novamente a questão da liberdade de expressão.
Para além desse debate sobre remover ou não conteúdo, a busca por um ambiente digital mais saudável passa por uma reorganização dos algoritmos que definem quais publicações serão mais exibidas e também por uma maior transparência das plataformas. O Google, líder nos serviços de buscas, anúncios digitais e vídeos online com o YouTube, afirma que já retirou do ar – ou reduziu o alcance nas buscas – milhões de vídeos e páginas que violam suas políticas internas. A empresa diz ainda que calibra seu algoritmo para dar relevância a conteúdos oficiais e ao jornalismo profissional e faz parceria com agências de checagem. Com a crise do coronavírus, a exibição de conteúdo oficial subiu mais de 70º/o. ”Às vezes escutamos que a internet é uma terra sem lei, mas não é verdade”, diz Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais e políticas públicas do Google Brasil.
Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos e da eleição municipal no Brasil, o debate sobre o papel das redes sociais tende a ganhar ainda mais importância. O uso de estratégias de – desinformação é uma arma política relevante nas campanhas eleitorais nos últimos anos e o radicalismo ganhou um espaço excessivo. Para Cesar Calejon, um dos autores do livro A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI, as redes sociais precisam atuar de maneira cuidadosa para não assumir uma postura partidária. ”A dinâmica das redes sociais favorece discursos polêmicos ou exacerbados. Os candidatos que se comportam desse modo ganham mais ressonância na cultura popular. Por isso, há uma crença na política de que é preciso ser ultrajante nas redes sociais e fora dela para se destacar”, afirma Calejon. Para o autor, seria importante criminalizar a disseminação de notícias falsas de forma recorrente para reduzir a veiculação desse tipo de conteúdo. Resta saber se tanto os governos quanto as redes sociais aprenderam com os equívocos do passado. A hora de consertar suas falhas é agora.
REDES DE INTRIGAS
Polêmicas recentes envolvendo as principais redes sociais da atualidade mostram que é preciso haver um debate sobre os riscos dessas plataformas para a sociedade.
CAMBRIDGE ANALYTICA – (2018)
O Facebook e o Twitter foram envolvidos em um escândalo de uso indevido de dados de mais de 80 milhões de pessoas pela consultoria britânica Cambridge Analytica com o objetivo de influenciar as eleições americanas e o referendo do Brexit.
DISPAROS DE WHATSAPP NAS ELEIÇÕES (2018)
Nas eleições presidenciais, denúncias levantaram a suspeita sobre o disparo de mensagens em grupos de WhatsApp, muitas delas com conteúdo falso, para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro. Há suspeita de que a campanha tenha sido financiada ilegalmente por empresários
GENOCÍDIO EM MIANMAR (2018)
O Facebook reconheceu a responsabilidade sobre um genocídio em Mianmar depois de a rede social ter sido usada livremente para transmitir discursos islamofóbicos contra refugiados muçulmanos de origem rohingya, motivando um massacre que deixou mais de 25.000 mortos.
VAZAMENTO DE DADOS (2019)
Dados de 419 milhões de usuários do Facebook e de 49 milhões de usuários do Instagram foram expostos indevidamente na internet por uma falha de segurança da empresa. Entre as informações era possível obter o número de telefone de cada internauta.
FAKE NEWS POLÍTICAS (2020)
Neste ano, o Facebook causou polêmica ao afirmar que, ao contrário de outros conteúdos, não realiza a checagem da veracidade de informações veiculadas na plataforma nos anúncios de campanhas políticas, o que permite a veiculação de fake news na rede social.
PRÁTICAS RACISTAS (2020)
Ex-funcionários do Snapchat afirmaram recentemente que, entre 2015 e 2018, profissionais da equipe editorial da empresa tinham práticas racistas. Em um dos casos, um editor declarou que publicações de artistas negros eram um nicho.
Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o SENHOR o abençoava (Genesis 26.12).
Isaque, filho de Abraão e pai de Esaú e Jacó, foi um homem manso. Não gostava de brigar. Abria mão de seus direitos para não entrar numa confusão. Prosperou na terra de Gerar. Desenterrou os poços antigos cavados por seu pai Abraão e abriu outros novos. Por isso, semeou naquele deserto e colheu a cento por um. Prosperou e tornou-se riquíssimo. Seu sucesso, porém, foi visto com maus olhos pelo povo daquela terra. Os filisteus resolveram entulhar seus poços. Em vez de brigar, Isaque seguia em frente e cavava novos poços. Água brotava das entranhas da terra, e os filisteus, movidos pela inveja, vinham e enchiam de entulho os poços. Isaque avançava em seu projeto de abrir poços, e os filisteus avançavam em seu intento de enchê-los de terra. Quando a situação se tornou insustentável, Isaque saiu daquela terra e, por onde ia, cavava novos poços e Deus o fazia prosperar. Mais tarde, seus inimigos reconheceram que ele era um abençoado do Senhor e o procuraram. Isaque não retaliou; antes, recebeu-os com honras e bênçãos. A maior prosperidade não é aquela que acumulamos, mas a que distribuímos. Somos abençoados quando, tendo a oportunidade de vingança, perdoamos; quando tendo o direito de defesa, abrimos mão e entregamos nossa causa a Deus. Dessa forma, Deus reconcilia conosco nossos inimigos e nos abre novas portas de oportunidade.
Conheça a competência que ajuda as organizações a compreender melhor as diferenças entre homens e mulheres
Quando tratamos de equidade de gênero na liderança é comum pensarmos que essa é uma causa apenas das mulheres. Mas os homens têm um papel fundamental nesse processo, atuando como agentes de transformação. Isso porque será a partir de mudanças fundamentais na alta gestão que conseguiremos transformar o cenário das corporações em ambientes mais diversos e inclusivos.
Um dos pontos críticos a ser trabalhados nessa mudança são as associações mentais referentes às características esperadas de uma pessoa em posição de liderança. Diversas pesquisas científicas apontam que, enquanto os homens são associados a características como competência, assertividade, autoconfiança e racionalidade, as mulheres são consideradas atenciosas, amigáveis, colaborativas, intuitivas, compreensivas e emocionais. Todos esses traços femininos são importantes – ainda mais quando falamos de liderança inclusiva. O problema é que apenas as características masculinas têm sido pontuadas como positivas pelo mercado. Devemos considerar também que os padrões exigidos das mulheres no mercado de trabalho são mais altos do que os dos homens, o que faz com que elas tenham de se esforçar mais para provar sua competência. É comum que os homens sejam contratados com base em seu potencial futuro, pois já é assumido que eles possuem as características, competências e habilidades de líderes.
Para construir um novo panorama, é preciso criar um ambiente inclusivo nas empresas, com relações profissionais saudáveis e baseadas na confiança. Por isso, é importante saber que homens e mulheres pensam e agem de formas diferentes, se comunicam, resolvem conflitos e lidam com a emoção e com o estresse de maneiras diversas. Esse conhecimento se chama inteligência de gênero – e é fundamental para aumentar o senso de pertencimento, a harmonia, a produtividade e a rentabilidade das empresas.
Os questionamentos são um exemplo de como homens e mulheres agem de modos diferentes e de como pode haver interpretações equivocadas. No geral, as mulheres adoram fazer perguntas. Do ponto de vista delas, a pergunta é uma forma de gerar engajamento e colaboração, além de dar espaço para novas ideias. Já os homens têm tendência a considerar as perguntas sinais de dúvida e de falta de confiança das mulheres.
Outra diferença importante está na solução de problemas. Uma das principais competências dos líderes é a capacidade de resolver um desafio ele maneira rápida. Os homens têm a vantagem de focar os fatos e conseguir ser ágeis. Por outro lado, as mulheres têm tendência a ver os problemas em um contexto maior, com múltiplas soluções.
A inteligência de gênero está justamente em juntar o que cada um tem ele melhor, entendendo e valorizando as distinções. É preciso um esforço de consciência e de empatia para que as diferenças e os pontos cegos entre homens e mulheres se tornem pontos fortes. Assim, o caminho para a equidade de gênero se tornará mais curto.
CRIS KERR – é CEO da CKZ Diversidade, mestra em sustentabilidade e professora de diversidade na Fundação Dom Cabral
Quando sua filha nasceu, Mata Zaraska estava decidida a dar-lhe apenas o melhor. “Frutinhas goji, sementes de chia, couve… Eu ficava louca vasculhando as lojas em busca dos alimentos mais saudáveis”, diz. “Todas as coisas que eu tinha certeza que a fariam viver até os 100 anos.” Então, ela pensou que o modo como levamos a vida talvez seja mais importante que o último alimento milagroso ou aparelho de ginástica. Mas, por ser uma jornalista científica com treinamento em direito, ela queria provas.
Começou a examinar centenas de trabalhos acadêmicos e a entrevistar dezenas de pesquisadores sobre experimentos radicais com ratos e macacos, e fenômenos biológicos assustadores como células zumbi (chamadas células senescentes, a matéria inchada e não totalmente morta que se acumula à medida que envelhecemos, expelindo toxinas e transformando outras células em zumbis). Sua pesquisa expandiu-se além da ciência, incluindo um campo de treinamento de longevidade português, um salão de abraços polonês e uma sessão de prensagem de flores para octogenários japoneses, antes de retornar à França, lar da mais antiga centenária certificada do mundo. Sua curiosidade resultou no livro Growing Young: How Friendship, Optimism, and Kindness Can Help You Live to 100, editora Robinson – sem previsão de lançamento no Brasil.
Quando Jeanne Calment morreu, em um lar de idosos em Arles, em 4 de agosto de 1997, com 122 anos e 164 dias, havia se tornado uma garota-propaganda da longevidade (embora alguns tenham contestado por quanto tempo ela viveu). Ela afirmou que conheceu Van Gogh e encantou os jornalistas com histórias de que fumava e bebia. “Mas eram mentiras”, escreve Zaraska. Calment só fumou durante dois anos, bem depois de completar 110. Zaraska alerta sobre as histórias de longevidade, muitas das quais podem ser produto da fantasia.
Como testemunhei o declínio de vários parentes idosos, digo a ela que tenho quase certeza de que não quero viver até os 100. Mas ela me diz que a importância de Calment não é simplesmente a sua idade, mas o fato de ter gozado de boa saúde até semanas antes de morrer: “Os estudos mostram que quanto mais você vive maior a probabilidade de permanecer em perfeita forma e morrer enquanto faz jardinagem ou patina pelo mundo”. Enquanto um ser humano médio passa quase 18% da vida em luta contra doenças, para um super centenário essa proporção cai para 5%. Embora os registros públicos mostrem que Calment veio de uma linhagem longeva, Zaraska diz que “quanto tempo vivemos é apenas de 20% a 25% hereditário”. Uma gerontologista que conhecia Calment e pesquisou seu caso afirmou que seu amor por entrevistas, e até por suas mentiras (ela admitiu que dizia aos jornalistas o que eles queriam ouvir), pode ter sido fundamental. “Ela era forte, rebelde, curiosa sobre o mundo e ferozmente independente. “Basicamente, uma otimista.
Então, quais são as suas chances, sevocê não é nada disso? Não é novidade que infelizes geralmente não vivem tanto quanto os felizes. Zaraska afirma, entretanto, que uma das formas mais prejudiciais de infelicidade é a solidão. Tudo remonta ao nosso passado de caçadores coletores e às diferentes estratégias necessárias para nos protegermos. A sensação de solidão sinalizava o tipo de isolamento que colocava os primeiros humanos sob risco de ataque de animais. A falta de leões, hoje isso gera um estresse constante, em fogo baixo, que pode levar à inflamação crônica, que está associada a tudo, desde câncer e artrite reumatoide a diabetes e Alzheimer.
As estatísticas que Zaraska descobriu para apoiar sua tese são surpreendentes. Adotar adieta mediterrânea, rica em frutas e legumes, azeite no lugar de manteiga, pode reduzir em 21% a probabilidade de morte prematura. Ter uma grande rede de amigos, entretanto, a reduzirá em 45%. Ter um casamento feliz reduz pela metade.
Coloque tudo junto, diz, e você pode até chegar ao “efeito Roseto”. No início dos anos 1960, os habitantes de Roseto, na Pensilvânia (EUA), apresentavam taxas muito baixas de doenças cardíacas, apesar de fumarem, beberem e adorarem salsichas cozidas em banha de porco (o excesso de peso não é, estatisticamente, um obstáculo à vida longa, desde que seu IMC não tenda à obesidade grave). O fenômeno foi atribuído à extrema sociabilidade de uma comunidade de imigrantes italianos que tinham esquecido completamente a dieta mediterrânea, mas não o estilo de vida que a acompanhava. Se eles abandonassem seus hábitos de vizinhança, alertou um médico local, sua saúde se deterioraria. E assim foi. No fim dos anos 1970, escreve Zaraska, os moradores de Roseta sucumbiram ao sonho norte-americano de casas maiores e mais afastadas, alcançadas de carro e não a pé – e tiveram uma taxa de mortalidade semelhante à de outros lugares nos Estados Unidos.
Os extrovertidos tendem a viver mais do que os introvertidos, diz Zaraska, citando pesquisas de Japão, Suécia e Holanda e Estados Unidos. Um estudo holandês afirmou que cada indivíduo a mais em uma rede de interações regulares reduzia em 2% o risco de morrer em cinco anos. Mas, mesmo que você seja muito introvertido, há coisas que pode fazer para melhorar suas perspectivas. Quais? “Não se preocupe com a falta de um amplo grupo de amigos. Cuide bem dos poucos amigos íntimos que você tem.”
Felizmente, os atributos de personalidade não são imutáveis. Eles são uma combinação de falhas e comportamentos que aumentam com o tempo e podem ser combatidos por meio de terapia, meditação e autodisciplina, embora alguns sejam mais difíceis de mudar que outros. “Se você escolher um traço de personalidade para trabalhar, a fim de aumentar suas chances, escolha a consciência”, diz ela. Conforme os atributos, é relativamente fácil mudar. “Mantenha seu escritório arrumado, organize sua gaveta de meias, prepare suas roupas na noite anterior.”
Como alguém que sempre foi um pouco desleixado no departamento de gavetas de meias, acho isso alarmante. Como a organização extrema se encaixa na ideia de uma vida familiar harmoniosa – ou de se tornar um centenário? Os conscientes são mais propensos a fazer coisas boas para eles. “Investimos tanto dinheiro em ensaios clínicos caros que prometem terapias extravagantes para reverter o envelhecimento”, ela escreve. “Mas talvez devêssemos fazer coisas que são conhecidas por funcionar, como voluntariado, fazer amigos e aprender otimismo. Se investirmos mais em ser gentis, conscientes e atenciosos, é mais provável que melhoremos as condições em que todos vivemos.”
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