EU ACHO …

NOVO NORMAL É UMA BAITA FAKE NEWS

Surtos epidêmicos aceleram a adoção de tecnologias e tecem hábitos. A obesidade, uma pandemia, foi moldada por hábitos ligados aos sapatos e cadeiras. Por volta do ano 1300, médicos prescreveram sapatos para combater a Peste Negra. Nunca mais saíram de cena. Pés deformados ou doloridos tornaram a cadeira útil e popular. Máscaras serão comuns como sapatos? A necessidade de preservar a vida não muda, só a maneira de fazer isso. Hábitos podem ficar, mas não são novo normal. Cozinhamos há 1,9 milhão de anos. Assar, fritar ou usar o micro-ondas não muda hábito e nem necessidade. O micro-ondas não refundou o sistema de recompensa cerebral que funciona por gatilhos de utilidade, sobrevivência e adaptação. E não somos mais novos ou mais normais por usá-lo.

Vivemos tempos líquidos, dizia Zygmunt Bauman, filósofo polonês. Tudo muda rapidamente e o individualismo nos acena. É filosoficamente impossível definir novo e normal, porque só existem em fantasias morais. O que há é uma enxurrada de desprezo ao jornalismo, negação à ciência e ódio em redes sociais. Precisar de um novo normal é sentir necessidade de algo que não sabemos o que é. Queremos abraço, mas não toleramos diferenças. O sexo virtual então reina em uma internet que abriga celebridades efêmeras, tuítes e muita gente geralmente descolada da razão, pura ameaça à democracia. Terreno fértil para fake news como esse novo normal.

Pandemias bagunçam as emoções. Isolados socialmente, potencializamos uma guerra de narrativas perigosas, uma sucessão de fenômenos cotidianos com suas crises e polarizações fundamentalistas. Mas o isolamento não tem o poder de recriar necessidades humanas, novo consumidor, novo marketing ou novo qualquer coisa. Usamos ferramentas por utilidade, como fizemos com a pedra lascada e o sapato e colocamos de escanteio o Blu-ray e o iPod. Para o bem ou para o mal, neurônios estão a nosso favor. A parte do nosso cérebro responsável pelos hábitos fica separada daquela que guarda a memória. Memória é diferente de hábito e temos memória curta.

Por conta da sequência-de-coisas-que-nunca-ficam guardamos o que é recorrente ou conveniente e isso nos distancia perigosamente da História. Novo normal é distração de curta duração. Não podemos defendê-lo se não somos capazes de defini-lo. O novo normal é mais uma cria de bots, da indústria de notícias falsas e dos algoritmos que levam ao obscurantismo e à manipulação. A própria indefinição do novo normal é sua face mais perigosa, porque aquilo que nada é pode ser qualquer coisa nas mãos de qualquer um. Ele pode pressupor que somos filhos de Adão e Eva, que negros e gays são raça inferior ou que a ditadura é o melhor para um povo. Para a grande massa de população, novo normal pode ser apenas o cumprimento de regras sanitárias no futuro próximo. E disciplina, diferentemente do Oriente, não é lá o nosso forte. Mas isso nem é novo normal. É civilidade. Pena que já nos esquecemos disso.

EDMAR BULLA é CEO do Grupo Croma

OUTROS OLHARES

A FEBRE DA TELEMEDICINA

O atendimento remoto se populariza com o distanciamento social, mas ainda gera polêmica entre parte dos médicos

Recuperado da Covid-19 após 30 dias de internação, dos quais dez na UTI, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o empresário Antônio Eduardo Garieri recebeu alta no dia 8 de junho e uma orientação específica: levaria para sua cidade, Araçatuba, a cerca de 500 quilômetros de São Paulo, um oxímetro, aparelho responsável por medir a saturação do pulmão em tempo real. Já instalado em casa, Garieri passou a dormir com o equipamento preso à ponta do dedo indicador e próximo ao telefone celular, responsável por repassar os dados a seu pneumologista.

Um dos efeitos colaterais do novo coronavírus foi ter dado um impulso inédito à telemedicina por todo o país. O ponto de partida foi em março, quando o Ministério da Saúde regulamentou atendimentos médicos à distância durante a pandemia. O texto autorizou a emissão de atestados ou receitas em meio eletrônico para atender à demanda de pacientes com suspeita de infecção por coronavírus, dos convalescentes de Covid-19, como o empresário de Araçatuba, e também de milhões de brasileiros com outros sintomas que, nos últimos quatro meses, passaram a ter receio de sair de casa para uma consulta médica ou ir ao hospital.

Esse foi o caso do programador de computadores Amaury Souza, de 30 anos. Praticamente fechado em sua casa na Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista, onde trabalha remotamente desde o início da pandemia, Souza foi acometido por uma dor de ouvido no final da noite do dia 18 de junho. Passava das 22h30 quando entrou no aplicativo de seu plano de saúde e não hesitou em solicitar atendimento por telemedicina. Respondeu a algumas perguntas e, em cerca de 5 minutos, estava em contato com um médico por meio de vídeo. Antes da meia-noite já tinha sido diagnosticado (otite, uma infecção no ouvido) e recebido por SMS a receita do antibiótico para começar o tratamento. O médico que o atendeu estava em Cascavel, no Paraná, e a consulta levou menos de dez minutos. “A imagem não estava totalmente nítida, mas não atrapalhou a comunicação”, disse Souza. “O médico perguntou sobre meus sintomas, se eu tinha secreção no ouvido e se havia odor, por exemplo. Eu confirmei. Foi conveniente e poupou meu tempo”, completou.

Uma das vantagens da telemedicina comprovada nos últimos meses é ampliar o atendimento de populações que se encontram longe dos grandes centros. Rodeada por suas gatas em seu apartamento em São Paulo, a médica capixaba Geovana Amaral Huber, de 31 anos, trabalha para uma plataforma on-line. Ela chega a atender 60 pacientes e supervisiona outros 15 colegas ao longo de uma jornada de trabalho média de 12 horas. “Desde que me formei, em 2016, nunca trabalhei tanto”, disse.

No último dia 31, Huber atendeu por chamada de áudio um paciente jovem com quadro de sintomas gripais em Tapauá, no interior do Amazonas. Com 17 mil habitantes, o município está nas últimas posições do índice de Desenvolvimento Humano (IDH), utilizado pela ONU para medir a qualidade de vida. O paciente não apresentava sintomas como falta de ar e febre, que são sinais de alerta para a Covid-19, mas segue monitorado e passa bem. “A gente resolve cerca de 80 % dos casos por telefone, já que muitos são simples, como uma micose no braço”, afirmou Huber.

O Brasil é um dos países onde a distribuição de médicos por habitantes é mais desigual. Na média a situação parece boa. Segundo um levantamento recente do Conselho Federal de Medicina, o país tem 2,5 médicos por 1.000 habitantes, o que supera a proporção registrada na Coreia do Sul (2,3), na Polônia (2,4), no Japão (2,4) e no México (2,4). O problema é a distribuição geográfica. Em estados das regiões Norte e Nordeste, esse índice cai pela metade. É justamente por isso que o exemplo de uma médica radicada em São Paulo atendendo um jovem de um lugar a três dias de barco de Manaus parece promissor.

Em São Paulo, o projeto Tele- UTI ajuda a rede pública de saúde em casos de síndrome respiratória aguda grave por Covid-19. A iniciativa funciona no Instituto do Coração (Incor), onde um posto de telemedicina atende a consultas de intensivistas de dez hospitais públicos por videoconferência. Os médicos discutem a evolução dos casos graves de internados numa tentativa de aprender, juntos, sobre uma doença desconhecida que exige manobras especiais dos fisioterapeutas e operações específicas dos respiradores mecânicos. “Até agora, mais de 500 profissionais de saúde foram treinados e 1.500 atendimentos prestados”, disseo pneumologista do Incor Carlos Carvalho, um dos idealizadores do projeto e também chefe do Centro de Contingência do Coronavírus, em São Paulo.

Entre os médicos, a novidade já conquistou o apoio de figuras renomadas. Uma delas é Roberto Kalil Filho, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, também conhecido como o “médico dos presidentes” por já ter atendido José Sarney, Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Kalil começou a usar a telemedicina por causa da pandemia, especialmente para atender pessoas de outros estados. “A telemedicina veio para ficar. É uma ferramenta que facilita muito o cuidado com o paciente. É um ótimo exemplo de como a tecnologia evoluiu em favor da saúde”, opinou.

O entusiasmo despertado pela novidade tem provocado uma reação contrária quase na mesma medida. Parte das críticas tem origem no corporativismo médico. Muitos na categoria ainda insistem em dizer que 100% dos atendimentos aos pacientes devem ser presenciais, algo que já não fazia sentido muito antes da popularização da internet e da comunicação em vídeo (qual o pai ou mãe que nunca ligou para o pediatra quando um filho ficou com febre?). Mas, descartando esses argumentos mais extremos, é certo que existem várias questões que deverão ser debatidas no período pós-pandemia. “Tem exames que só por foto ou por imagem não é possível fazer, como a medida da pressão do olho”, disse José Beniz, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro da Saúde responsável pela liberação da telemedicina durante a pandemia, reconhece que existem desafios pela frente. Após a portaria do ministério ainda sob seu comando, o Congresso passou uma lei sobre o assunto, que foi adotada com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro – o principal deles foi tirar do Conselho Federal de Medicina o papel de fazer a regulamentação desse novo mercado. Na opinião do governo, o debate terá de voltar ao Congresso e uma nova legislação terá de ser aprovada. “A lei que temos hoje não dá conta de tudo. Não consegue estabelecer, por exemplo, se a primeira consulta tem de ser presencial. Temos agora o mercado de telemedicina e a questão salarial. É muito difícil sustentar essa discussão sem cair numa polêmica”, explicou Mandetta.

Uma das grandes preocupações das entidades médicas é o risco de a categoria sofrer um processo de uberização. Profissionais reclamam de um achatamento dos valores pagos nas consultas por telemedicina. Conselhos regionais de medicina e sindicatos defendem que os pagamentos de consultas por telefone ou pela internet devem ser iguais ao do atendimento presencial, conforme preconiza a Agência Nacional de Saúde (ANS). “O que deve ser pago é o ato médico. O que se remunera é o conhecimento e o tempo do médico. Mas as operadoras de saúde estão preocupadas em reduzir custo e pagam a metade do valor. Está certo isso?”, perguntou Claudio Moura de Andrade Júnior, membro do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

No setor empresarial, a liberação da telemedicina deu início a uma espécie de corrida pelo ouro. Diversas empresas que atuam na área de saúde e até hospitais renomados como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês passaram a oferecer esse serviço. De modo geral, a aposta é que as arestas serão sanadas e os serviços continuarão mesmo depois de passada a pandemia. Com atuação em 130 países, a americana Teladoc é uma das maiores plataformas do ramo no Brasil. A empresa afirma fazer mais de 70 mil atendimentos mensais. Segundo Jean Marc Nieto, o diretor-geral, a companhia cuida de mais de “5milhões de vidas”, termo usado para descrever o número potencial de clientes que pode atender por meio de parcerias e contratos com planos de saúde e empresas privadas. “É um caminho sem volta. Em termos de clientes, potencialmente é toda a população brasileira”, disse Nieto, que tem 700 médicos cadastrados em sua plataforma e pretende chegar a 5 mil em seis meses.

Uma das companhias que quer ampliar suas atividades nesse mercado é o grupo Iron, que hoje diz atender mais de 700 mil pessoas no país por meio de telemedicina – a maior parte do público é da Cassi, que administra os planos de saúde dos funcionários do Banco do Brasil. Jorge Ferro, presidente da Iron, contou que a companhia, cuja atuação mais forte é em Portugal, lançou uma nova plataforma on-line no Brasil no mês passado.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE CONSOLO PARA A ALMA

DIA 20 DE JULHO

MEDO, UM SENTIMENTO AVASSALADOR

Dá-te pressa, SENHOR, em responder-me; o espírito me desfalece… (Salmos 143.7a).

O medo pode ser bom ou ruim. Pode livrar-nos de grandes perigos ou pode paralisar-nos. O medo é um freio que nos impede de cair em profundos abismos ou uma muralha que inibe a nossa caminhada. Quero destacar aqui esse medo paralisante, que nos faz encolher. O apóstolo Paulo escreve a seu filho Timóteo: Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação (2Timóteo 1.7). O medo é mais que um sentimento, é um espírito. Esse espírito atormenta muitas pessoas, deixando-as prisioneiras e impotentes. Há indivíduos que têm medo da vida, e outros que têm medo da morte. Há os que temem ficar solteiros e outros que temem casar. Há pessoas que sofrem de agorafobia, medo de lugares públicos, e outras que sofrem de claustrofobia, medo de lugares fechados. Há quem tem medo da luz e quem temo medo da escuridão. Há até alguns que têm medo de ter medo. A Palavra de Deus diz que o amor lança fora todo o medo (1 João 4.18). A ordem mais repetida na Bíblia é: Não temas. Deus nos criou e nos conhece. Conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Por isso, exorta-nos a não termos medo. Em vez de olharmos para nossos sentimentos ou para as circunstâncias, devemos olhar para Deus, sabendo que ele nos criou, nos formou, nos remiu, nos chamou e está conosco em todas as circunstâncias!

GESTÃO E CARREIRA

A MODA É DESACELERAR

A indústria fashion é a segunda que mais polui o meio ambiente – só fica atrás do setor de petróleo. Por isso, surge um movimento que prega o consumo consciente de roupas e acessórios

Quando criaram a marca Coletivo de Dois, em 2014, os estilistas Hugo Mor, de 33 anos, de Goiás, e o paulista ­ no Daniel Barranco, de 42, queriam fazer roupas diferentes das que existiam no mercado. A ideia da dupla era criar usando materiais baratos, como sobras e tiras de tecido. Com isso na cabeça, eles juntaram 500 reais em retalhos e uma máquina de costura e criaram a primeira coleção, com 127 peças. “Enchemos uma mala e nos mudamos de Goiânia para São Paulo para participar de feiras e eventos”, afirma Hugo.

Na época, ambos sequer tinham ouvido falar na expressão slowfashion – tendência que aplica os conceitos de sustentabilidade e reutilização de materiais no mundo da moda. “foi apenas quando aparecemos em uma reportagem sobre o movimento que percebemos que a marca se encaixava”, afirma Daniel. De lá para cá, o Coletivo de Dois abriu uma loja no centro de São Paulo e já produziu mais de3.000 peças, reaproveitando, por ano, 150 quilos de tecido. Segundo os empresários, quase 1 tonelada de sobras deixou de ser descartada.

O slow fashion (ou “moda lenta”, numa tradução literal) não é uma tendência exatamente nova. A expressão surgiu ainda na década de 1990, na Itália, e deriva de outro movimento, o slowfood, que propõe uma forma mais consciente de se alimentar. Assim como o irmão da culinária, o slowfashion, está atrelado a hábitos de consumo responsáveis, valorização de produtores locais e produção de itens com mais qualidade e durabilidade. “A tendência é um contraponto ao conceito de fast fashion, que dominou as décadas anteriores e consiste em grandes lojas de departamento produzindo coleções novas a cada semana”, diz José Luís de Andrade, professor de moda no Centro Universitário Senac, em São Paulo.

NECESSIDADE LATENTE

O fortalecimento desse conceito não é à toa. No mundo todo, a fabricação de peças de poliéster, criadas com fibras sintéticas, requer 70 milhões de barris de petróleo todos os anos. Quando jogadas no lixo, as roupas de poliéster continuam poluindo, pois levam mais de 200 milhões de anos para se decompor. Nem materiais naturais, como o algodão, passam incólumes: uma simples camiseta exige 2.700 litros de água para ser produzida.

Esse contexto, aliado à filosofia de consumo e descarte rápido impulsionada pelos preços baixos de grandes redes, como Forever 21 e GAP, fez com que a moda se tornasse a segunda indústria que mais polui o planeta, ficando atrás apenas da petroquímica. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a emissão de carbono pelo segmento fashion é maior até do que a dos setores de transporte aéreo e marítimo juntos. “Cerca de 30% de todas as roupas produzidas no mundo nunca serão vendidas. Assim, as pessoas vêm se conscientizando de que é necessário comprar menos e melhor, investindo em itens com melhor design e funcionalidade”, afirma Mariana Santiloni, diretora de serviços ao cliente da consultoria de tendências WGSN.

OPORTUNIDADES À VISTA

E o potencial dos negócios sustentáveis ligados à moda é grande. Um exemplo disso é que, segundo um estudo publicado pela Bloomberg em janeiro deste ano, se a indústria têxtil rever suas práticas em relação ao descarte de resíduos e ao consumo de água, energia e produtos químicos, o setor poderá aumentar seu lucro em cerca de 110 bilhões de euros por ano. Atualmente, o mercado fatura 1,2 trilhão de dólares anuais. Cientes disso, grandes redes do setor de fast fashion, como Zara e H&M, têm investido em ações mais sustentáveis, como estimular os clientes a devolver roupas danificadas ou doar as que não usam mais para a reciclagem. “Esse é o futuro dessas lojas. Por causa da estrutura, elas são as mais preparadas para se adequar aos requisitos ecológicos”, afirma André Carvalhal, estilista e autor do livro Moda com Propósito: Manifesto pela Grande Virada.

Foi de olho nessa tendência que a jorna lista Andrezza Duarte, de 36 anos, fundou a marca de biquínis para crianças Água com Sal, em 2015. Na época, insatisfeita com a carreira, a profissional havia decidido largar o cargo de jornalista em uma grande editora e empreender. “Cheguei a pensar em abrir negócios no mercado de noivas e no de pets, mas tive a ideia de investir no ramo infantil durante uma viagem de férias. Olhando as crianças brincando na praia, notei que os trajes de banho eram todos iguais e sem personalidade”, diz.

Depois de estudar o mercado de moda, Andrezza percebeu que criar um negócio seguindo o conceito de slow fashion era o caminho ideal para sua proposta. “Buscava um empreendimento sustentável e que tivesse um viés exclusivo”, diz. Reuniu 80.000 reais em economias e fundou a marca Água com Sal, que até o ano passado, antes da inauguração de uma loja física na capital paulista, funcionava apenas online.

“Utilizamos tecidos biodegradáveis, sem produtos tóxicos, e alguns são produzidos com água de reuso. Para ter o mínimo de desperdício possível, também não trabalhamos com estoque. Se uma cliente quiser alguma peça que não esteja disponível, precisará encomendar”, diz Andrezza.

Além da preocupação com a sustentabilidade das peças, a empreendedora também deu atenção especial à contratação da mão de obra para a confecção dos itens. Por isso, conta com uma equipe de nove pessoas, todas mulheres, na produção. “Nas outras áreas, como comercial, marketing e vendas, também optamos por profissionais do sexo feminino”, afirma.

A valorização da mão de obra dos profissionais envolvidos na confecção das peças é outro pilar do movimento slow fashion. Isso porque, quando o assunto é exploração de trabalhadores, a indústria da moda também apresenta índices que são motivo de vergonha. Segundo urna pesquisa da instituição internacional Walk Free, voltada para a promoção de direitos humanos, em 2018 existiam cerca de 40 milhões de pessoas em situação de escravidão moderna no mundo, das quais 71% eram mulheres. E a moda está em segundo lugar no ranking das indústrias que mais exploram o trabalho forçado (a primeira é o setor de tecnologia). “Por isso, além de materiais recicláveis, o slow fashion opta por mão de obra local e valoriza o trabalho artesanal, muitas vezes formando cooperativas”, afirma Larissa Moreira, analista de negócios do Sebrae em São Paulo.

ALÉM DO LUCRO

Segundo especialistas, os estilistas e designers de moda são alguns dos profissionais que podem pegar carona no movimento slow fashion.

O mercado também abre portas para empreendedores, principalmente aqueles que queiram vender roupas e acessórios de fabricação própria. Entretanto, o estilista André Carvalhal salienta que, além de adquirir conhecimento técnico sobre o ramo, quem quiser atuar com a tendência também precisará entender de questões relacionadas ao meio ambiente, como descarte de resíduos e economia circular. “São vários temas novos no mercado, e muitos ainda não constam no currículo das universidades. A alternativa, então, é buscar cursos livres e até de outras áreas”, diz.

Outro ponto é se esforçar para, de fato, ser um negócio sustentável, e não apenas embarcar no modismo, visando exclusivamente o lucro. “É necessário ser comprometido e engajado com a sustentabilidade e a cidadania, porque é um segmento que exige que as pessoas vejam verdade em seus valores. Sem contar que é preciso bastante propósito – diferentemente de outras áreas da moda, não há glamour nenhum em encarar uma pilha de retalhos”, afirma Daniel, do Coletivo de Dois.

Os números comprovam essa crença. De acordo com dados preliminares ele uma pesquisa realizada pela consultoria de inteligência de mercado Lemi com 1.300 consumidores, divulgada no final de abril, cerca de 60% deles deixariam de comprar de sua marca preferida se ela estivesse envolvida em algum escândalo social ou ambiental “Nesse cenário, torna-se cada vez mais difícil sustentar negócios que preguem o slow fashion de forma oportunista. As pessoas estão buscando transparência e coerência das marcas, que daqui para a frente serão ainda mais fiscalizadas e cobradas”, diz André. Se continuarmos nesse caminho, o planeta – e as próximas gerações – agradecerão.

OS NÚMEROS DA SLOW FASHION

***500.000 Toneladas de microfibras sintéticas são liberadas nos oceanos todos os anos por causa da produção de roupas

***70 Milhões de barris de petróleo são usados anualmente para a confecção de peças de poliéster

***2.700 Litros de água são necessários para a fabricação de apenas uma camiseta de algodão

***85% do vestuário que os americanos consomem é enviado para aterros sanitários como resíduos sólidos

***500 bilhões de dólares são perdidos anualmente com o descarte de roupas que não são recicladas

LINHA DO TEMPO

Um século de transformação

DÉCADA DE 1940 – O período que corresponde à segunda guerra mundial faz o homem pensar em reaproveitamento. Por isso, grande parte do vestuário fabricada com sobras de uniformes militares

DÉCADA DE 1950 – Depois da recessão, presenciamos o retorno do gasto com tecidos luxuosos e caros. Christian Dior, Yves Saint Laurent e Valentino, entre outros costureiros, surgem e ficam famosos mundialmente.

DÉCADA DE 1960 – Os estilistas percebem a necessidade de olhar para o público jovem e de classe média e se reinventam com o Pret.- a- Porter. Nasce a roupa esporte, para o cotidiano. os hippies ganham as ruas e as butiques internacionais. Surge também a figura do estilista industrial

DÉCADA DE 1970 – São considerados os anos loucos da moda, uma época de formas e estampas chamativas. As grandes discussões mundiais chegam às metrópoles e a moda abraça o estilo rebelde dos punks

DÉCADA DE 1980 – 0 Streetwear ganha espaço. a moda é vista como um supermercado de estilos – ou como estações de metrô, em que cada viajante para, desce, incorpora e renova sua maneira de se vestir.

DÉCADA DE 1990 – As roupas são desmontadas e transformadas, e tendências como o Upcycling (ou reutilização criativa) dão o pontapé para iniciativas sustentáveis. ao mesmo tempo, os yuppies escancaram o consumismo. marcas como Louis Vuitton, Giorgio Armani, Gianni Versace, Prada e Gucci são ícones e objetos de desejo.

INÍCIO DOS ANOS 2000 – As maiores preocupações são o indivíduo, o bem-estar e o conforto. De um lado, Vivienne Westwood lidera a corrente sustentável e ecologicamente correta das grandes semanas de moda. Do outro, redes de varejo como Forever 21, Gap e Zara popularizam o conceito de Fast Fashion.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

ENTRE O REAL E O VIRTUAL

A solidão é um problema psicossocial prevalente na sociedade moderna. Entretanto, com a hiperconectividade se tornando um hábito cada vez mais comum, até que ponto estamos mesmo tão solitários?

O ser humano é um ser social e relacional. Pesquisas da Universidade de Harvard comprovaram que o indivíduo é mais feliz quanto mais ele constrói relações íntimas e verdadeiras. No entanto, desenvolver relações afetuosas tem o seu preço. O mundo capitalista gera sempre um conjunto enorme de desejos e expectativas. Não estamos nunca satisfeitos. Queremos mais tempo, sucesso, status, casamento maravilhoso, filhos muito bem educados, corpo perfeito, um hobby, etc. Nosso grau de exigência conosco mesmo é altíssimo. Qual é o resultado dessa busca insana por ser multitarefas, dar conta de tudo ao mesmo tempo e não descansar nunca? O esgotamento e a perda da saúde mental. Isso porque estamos, no fundo, aprisionados em nossos medos, em pensamentos negativos e destrutivos, em compulsões, em dependências afetivas ou materiais. Sofremos traumas e guardamos um estoque de memórias ruins que não elaboramos ainda no processo terapêutico. Nós nos perdemos de nós mesmos. Portanto, como falar em sociedade sustentável se não conseguimos sustentar a nós mesmos? Acolher as nossas dores, as nossas falhas, aceitar que somos humanos? Muitos de nós viraram uns verdadeiros super heróis. E contaram para a gente que é possível dar conta de todas as funções que viemos acumulando nas últimas décadas.

Uma dessas dores muito conhecida nos dias de hoje é a solidão, um problema psicossocial prevalente na sociedade moderna. De acordo com as psicólogas Maria Amélia Penido e Kátia Teles, “a solidão é uma experiência universa comum, um sentimento de não pertencimento e desconexão social. Mesmo rodeado de pessoas é possível se sentir solitário, pois este é um estado subjetivo. A solidão é apontada como um fator que interfere na felicidade, maior solidão leva a maior isolamento social e a felicidade está associada à sensação de pertencimento e conexão com outros”.

Graças à tecnologia, a solidão se esconde na ilusão da rede em que milhões de pessoas em todo o mundo podem usufruir da companhia virtual do outro em chamadas de videoconferência com familiares, colegas de trabalho e amigos através dos celulares, notebooks, tablets e muita banda larga! Então a pergunta na verdade é estamos ou não estamos sós?

Essa é uma fantasia da nossa mente. Você está com você, com todo o seu passado e futuro com os inúmeros autores que pode ler?” diz a Monja Cohen.

A vida moderna nos proporcionou o uso da internet para o trabalho remoto e o convívio virtual mais intenso. A globalização, ao mesmo tempo que uniu povos, distanciou pessoas que foram morar longe, por exemplo. Se o uso dos meios digitais pode ser um mecanismo de fibra das interações sociais do mundo real, imaginem como a Internet tem sido um bom recurso para manter boa parte de produtividade do sistema econômico e aliviar as dores emocionais de quem está afastado de pessoas queridos e usa o recurso da conexão virtual para matar a saudade.

É inevitável que adquirimos novos hábitos durante uma intensa convivência digital. O convite para a nossa reflexão é: qual o legado que o uso da Internet deixa para os indivíduos e qual o impacto disso para a saúde mental de todos? Segundo a psicóloga clínica Brigitta Júlia Lang, especialista em stress pós-traumático, a questão do mundo digital não tem uma única vertente. “Toda moeda tem dois lados, ou seja, terão aqueles que por obrigação ficarão tanto tempo conectados , que vão querer voltar com toda carga em contatos pessoais presenciais e, haverá o outro grupo que, de tão habituado permanecerá prisioneiro da comunicação e eletrônica, comenta.

Especialistas alertam para os casos de novos hábitos que podem ser destrutivos a curto e longo prazo: “fazem uso excessivo, preocupam-se com a internet e ficam mais tempo on-line que o planejado. Utilizam a internet para escapar da própria vida e apresentam sintomas de estresse e depressão, além de irritação ao ter de deixar a internet”, alertam Kátia e Maria Amélia em “Relacionamentos Amorosos na Era Digital” (Editora dos Editores) organizado por Adriana Nunes e Maria Amélia Penido.

Há várias formas de desconectar-se de forma saudável. Técnicas de respiração podem ajudar a diminuir a ansiedade gerada pela falta de conexão. Para a psicóloga Andrea Perroni, que também é formada em massagem de som pela Academia Peter Hess Brasil, uma das alternativas é a meditação sonora. A técnica propõe uma paisagem sonora por meio de instrumentos terapêuticos como gongos, taças tibetanas e de cristal. “Estes sons favorecem uma pausa com qualidade meditativa e regenerativa podendo nos levar a insights, aumentar nossa capacidade de concentração, ajudar no controle da ansiedade, além de um relaxamento profundo da nossa saúde integral, física, mental e emocional, ativando nosso potencial de autocura”.

Na era da hiperconectividade, há coisas que você só vê quando desacelera. Depende muito de como lidamos com nós mesmos, se somos ou não a nossa melhor companhia. É preciso despertar a consciência e percebermos se estamos grávidos de medos e quais os gatilhos desses sentimentos. Finalmente, aprecie e sinta prazer na sua própria existência. Nutra o seu corpo e sua mente com amor. Não tire férias de si mesmo.

FLÁVIA RIBEIRO – é jornalista formada pela PUC-Rio, especialista em Marketing (ESPM). Cursou MBA em Sustentabilidade pela UFRJ. É especialista em textos sobre Psicologia.

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