A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

NEUROSE DE GUERRA

Traumas provocados pela violência urbana fazem mais vítimas que grandes guerras. As sequelas vão muito além das perdas materiais

Situações de grande estresse, como um acidente de carro ou um sequestro, podem deixar marcas profundas. À medida que a exposição à violência urbana aumenta, também maiores são os casos de trauma, especialmente entre adultos e adolescentes.

A Organização Mundial da Saúde só veio reconhecer o problema em 1994, a partir da revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID). Depois dessa origem, o transtorno é hoje um dos diagnósticos mais populares da Psiquiatria e já começa a fazer parte do acervo popular com força semelhante à que aconteceu em relação ao termo depressão ou pânico.

Em apenas uma década do surgimento do conceito, 50 centros de estudo e tratamento foram criados nos Estados Unidos. Em 1970 apareceram apenas 20 trabalhos científicos sobre o trauma. Em 1990 foram 150 referências e, em 1999, chegaram a mil. A maioria desses trabalhos é de autores dos Estados Unidos, Austrália e Israel.

Crianças, em geral, são as maiores vítimas. Pesquisas feitas por autores que analisam os eventos capazes de gerar traumas em meninos concluíram que em 100% dos casos a experiência será traumática, independentemente de aspectos como o nível de desenvolvimento da vítima, sua história de vida ou a qualidade de suas relações familiares.

Pesquisadores encontraram o expressivo índice de 100% de incidência de trauma em meninos que foram sequestrados no ônibus do colégio em Chowchilla, na Califórnia, nos Estados Unidos. Outro estudo obteve o índice de 94,3% ao analisar a frequência do trauma em estudantes adolescentes que, quando estavam na escola, sofreram ataque de um franco-atirador.

Diversos especialistas têm sondado o impacto dessas situações na população. O ranking dos principais fatos geradores de traumas são: sequestro, ataque de franco-atirador, abuso sexual, agressão física, furacão, terremoto, guerra, incêndio, desastre nuclear, violência doméstica. No Brasil, a ocorrência é maior em relação a acidentes de carro e violência familiar. Nesse caso, a chance de a vítima desenvolver trauma é de 24%.

SENSAÇÕES REPETIDAS

O quadro clínico é caracterizado pela presença de temores infundados intensos, agitação e a sensação de reviver o evento traumático ocorrido. Podem surgir imagens mentais, pensamentos recorrentes ou sonhos repetitivos, relaciona dos com o episódio traumático. O paciente pode agir como se o evento traumático estivesse realmente acontecendo de novo.

O transtorno é considerado de ordem emocional com ligação a algum evento traumático como, por exemplo, história de abuso na infância, violência sexual, violência física, ter presenciado alguém doente ou gravemente ferido ou ter participado de algum desastre natural como terremoto ou enchente. E está em quinto lugar no ranking de doenças mentais.

Cerca de 60% dos pacientes reconhecem haver sofrido alterações psíquicas entre as primeiras horas e três dias depois do choque vivido com a situação traumática. Imediatamente após o trauma, os sintomas mais frequentes são a ansiedade, o estado de aturdimento e a desorientação parcial em relação às atividades cotidianas.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a duração mínima dos sintomas é de um mês. Quando não está associado a algum outro problema psicológico, o trauma é transitório. Os sintomas, nesse caso, ocorrem no período de quatro semanas após o evento traumático e desaparecem dentro de algumas horas ou dias. Esse período de latência médio é de 4,5 meses.

PERMANECE NA MEMÓRIA

Pesquisadores testaram problemas no aprendizado e na memória de pessoas vítimas de estupro. Foram 15 vítimas que sofriam com o trauma, comparadas a 16 pessoas, também vítimas de estupro, mas sem esse transtorno. O grupo ainda foi comparado com outras 16 que não haviam sido expostas a experiências traumatizantes. O grupo que tinha trauma apresentou uma incidência de 53% de depressão severa, além de leve deficiência na capacidade de memorização. O problema só foi observado em 6% das vítimas de estupro que não ficaram traumatizadas. Nenhuma pessoa do grupo que não foi exposta a experiências estressantes tinha depressão.

A reexposição à situações que recordam o trauma são muito penosas às pessoas com transtorno por estresse pós-traumático. Em recente trabalho de José Luís Medina Amore, José Luís Pérez e Inigo Gancedo, constatou-se que essa situação foi relatada por 86% das vítimas, e houve reação psicofisiológica (vegetativa) na reexposição em 79% dos casos.

São de diversas ordens as ações violentas sobre o psiquismo humano. Entre as principais, citam-se as torturas físicas e psíquicas, a opressão política, a negligência socio-econômica, o abandono cívico, o sequestro, o terrorismo. “Algumas pessoas, quando expostas a situações inesperadas, não conseguem tirar as ‘cenas’ da cabeça e podem, por exemplo, até chegar a reviver as sensações de sofrimento do momento do atentado ou acidente”, explica a psiquiatra Dilza Feitosa, membro da diretoria da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria.

LESÕES FÍSICAS

Sugerindo que as lesões físicas nem sempre acompanham o transtorno de estresse pós-traumático, um estudo mostrou que a maioria dos pacientes não sofreu lesões físicas através do acontecimento traumático (45%), ou elas foram muito leves (22%). Em torno de 15% precisaram de um breve período de hospitalização e apenas 18% necessitaram de um período mais prolongado.

Alterações psíquicas imediatas ao trauma vivenciado surgiram em 62% dos pacientes, os quais reconheceram ter sofrido desconforto emocional nas primeiras horas até um máximo de três dias depois do impacto do acontecimento traumático.

Os sintomas mais frequentes desse desconforto emocional imediato foram a ansiedade, em geral, de forma flutuante (ora com mais ansiedade, ora com menos), um certo estado de aturdimento com desorientação parcial em relação ao entorno e, finalmente, alterações vegetativas. As alterações dissociativas (da linhagem histérica) aparecem em 20% dos pacientes.

Para o típico transtorno de estresse pós-traumático o período de latência entre o aparecimento da sintomatologia correspondeu, em média, a 4,5 meses. Entretanto, no transtorno de estresse pós-traumático observa-se que as alterações emocionais podem ter início desde o momento do trauma até 42 meses depois da ocorrência do fato traumático.

Aceita-se ainda a existência de um grupo variável de pessoas nas quais os sintomas de estresse pós-traumático se tornam permanentes. A real incidência desse grupo de cronificados é, usualmente, baixa ou muito baixa na maioria de estudos e elevada (até 25%) em alguns outros poucos estudos.

Em seu estudo, o psiquiatra Ivan Figueiredo salienta que, nas situações em que há possibilidade de guerra, o estresse pós-traumático passa a rondar as sociedades. “Foi assim na Guerra Civil Americana (síndrome do coração irritável), na Primeira Guerra Mundial (choque da granada), na Segunda Guerra Mundial (síndrome de esforço, neurose de guerra), na Guerra do Vietnã e, mais recentemente, nos atentados do dia 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono.” Curiosamente, os pesquisadores têm dado pouca atenção aos desastres ocorridos no Brasil, sobretudo mortes por acidentes automobilísticos e por armas de fogo.

“Para que o diagnóstico do estresse pós-traumático seja feito, clínicos e pacientes têm que superar diversas barreiras de comunicação. Ambos podem ficar constrangidos em abordar temas que estejam associados ao segredo e à vergonha.” O psiquiatra lembra a importância de questionar o problema de forma direta. Do contrário, o paciente dificilmente tomará a iniciativa de revelar relevantes, tais como ter sido abusado sexualmente na infância.

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

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