BRANDING PESSOAL
Ter reconhecimento e ser lembrado fazem toda diferença no plano competitivo que vivemos. Mesmo que uma pessoa não queira imprimir sua marca, causa efeitos positivos ou negativos em sua apresentação

O mundo está se tornando cada vez mais uniforme. É fato a facilidade com que a informação circula pelas redes sociais ofertando, em sua timeline, milhares de imagens por dia de pessoas oriundas de várias partes do mundo com culturas diferentes e, ao mesmo tempo, muito parecidas umas com as outras.
Dificilmente podemos memorizar uma pessoa pelas roupas que vestem, pelo tipo de corte de cabelo ou ainda acessórios que ostentam. Afinal, tudo está muito igual. Somente algumas poucas culturas orientais, povos que ainda resistem à globalização, mantêm um estilo particular de se apresentar ao planeta. Muitas vezes, essas assinaturas culturais são apenas para um público espectador pagante, turistas na maior parte.
Assim, a identidade pessoal se funde em um universo de calças jeans, blazers e tênis descolados. Para ter uma aderência em um nicho de mercado – entendendo “mercado” como seu público-alvo em seu universo laboral –, é necessário imprimir uma marca pessoal, um estilo próprio e que possa tornar essa pessoa em algo distinguível no cenário geral.
Lembrando sempre que: a primeira impressão é a que fica. É importante que o profissional saiba se apresentar de acordo com as expectativas que deseja criar em seu futuro possível networking. Mesmo pessoas que já estão inseridas e com boa visibilidade, colhendo resultados positivos de uma boa imagem, também devem investir em uma possível melhora na criação de seu branding pessoal. De fato, nem se trata de um processo de alto custo, apenas de boas e sensatas escolhas.
Um exemplo é a forma como as pessoas são chamadas. Nem sempre o nome próprio de uma pessoa é o mais reconhecido pela comunidade. A própria estruturação do nome de trabalho faz muita diferença. Observe as pessoas que não utilizam o primeiro nome, ou fazem uma conjugação entre o primeiro nome e algum sobrenome, ou utilizam apenas o sobrenome. Como isso impacta na percepção de cada um?
Como você gostaria de ser chamado e por quê? Esse é o primeiro movimento para a criação de sua marca própria registrada no cartão de visitas ou no crachá que ostenta. Pensar nisso por alguns minutos pode mudar muita coisa na valoração que você pode imprimir no ambiente. Algumas pessoas se apossam de nomes que nem estão de fato na carteira de identidade e usam como uma real marca. Um exemplo é o empresário Carlos Wizard Martins, referência no mundo das franquias e autor de vários livros de empreendedorismo. Será que esse é o nome registrado pelos pais ou foi adaptado após o sucesso de sua grande rede de cursos de inglês?
Sua marca pessoal, muito antes da embalagem final (roupas), é definida pelo cabedal linguístico que se utiliza: as expressões e palavras mais marcantes. Não se trata de inventar jargões ou novas expressões, mas de ter uma estrutura de conteúdo coerente com o impacto que deseja causar. Apresentar um cuidado em usar um linguajar apropriado e saber como, quando e onde exercer uma boa mudança verbal é estratégico na formação do seu branding.
Um detalhe que não pode ser negligenciado é a linguagem não verbal que vai abranger um vasto campo de signos e sinais, tais como:
1- GESTOS E POSTURAS: muitos devem ser evitados a fim de evitar uma imagem negativa;
2- ACESSÓRIOS E MAQUIAGEM: é prioritário que o ambiente seja estudado antes para que uma adequação possa ser feita.
3- ROUPAS: é necessário que o perfil da indumentária seja equivalente ao esperado de alguém que se proponha a se apresentar como representante de algum setor do conhecimento. Dentre os aspectos que, para a grande maioria das pessoas, passa totalmente desapercebido estão os calçados. De nada vale uma pessoa que está muito bem vestida se apresenta os sapatos sujos ou desgastados.
Uma instituição de ensino superior de representação nacional, por exemplo, exige em seu manual de conduta que todos os professores de pós-graduação usem blazers para serem diferenciados dos professores de graduação. Espera-se, portanto, que os alunos tenham mais respeito e admiração por professores que usem blazers. O mesmo se aplica às professoras que devem usar blazers ou tailleurs.
De maneira diferente, a sociedade possui uma visão preconcebida de outros tipos de autoridades do saber. Espera-se que um gênio da computação use calças jeans desbotadas e uma camiseta de algodão na cor cinza. Que um médico sempre use, onde quer que vá, um estetoscópio no ombro e uma modelo profissional se equilibre em um salto alto de 15 cm.
São estereótipos, sem dúvida, e muitas vezes caricatos. Mas guardam em si uma certa valência que pode ser aproveitada para quem deseja ser notado e deixar sua marca registrada, pessoal, nas pessoas que toca no dia a dia. Basta, para isso, ter bom senso e saber equalizar todas as possibilidades sem se apoiar totalmente em apenas uma das vertentes.
A culpa não é do preconceito, é da cultura instalada ao longo da construção de nossa história. Ter atenção ao perfil de marca pessoal que estamos divulgando com a nossa presença em determinados ambientes pode criar feedbacks que irão determinar, no futuro, a prosperidade ou a ruína de quem idealizamos ser como profissionais.
JOÃO OLIVEIRA é Doutor em Saúde Pública, psicólogo e diretor de Cursos do Instituto de Psicologia Ser e Crescer (www.isec.psc.br). Entre seus livros estão: Relacionamento em Crise: Perceba Quando os Problemas Começam. Tenha as Soluções!; Jogos para Gestão de Pessoas: Maratona para o Desenvolvimento Organizacional; Mente Humana: Entenda Melhor a Psicologia da Vida; e Saiba Quem Está à sua Frente – Análise Comportamental pelas Expressões Faciais e Corporais (Wak Editora).
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