QUEM VAI MUDAR A MODA?
Remuneração insuficiente ainda é regra em confecções mundo afora – e o consumidor médio não parece disposto a pagar mais por roupas

Consumidor jovem, aparentemente engajado em compras conscientes, vai levar o setor de moda a acabar com práticas trabalhistas predatórias? O relatório Fashion Fast or Slow, recém-concluído pelo banco suíço Julius Baer, mostra ceticismo. Afirma que uma minoria de consumidores se dispõe realmente a pagar mais por suas roupas, e que a vontade de ver aplicadas as práticas sustentáveis – como remuneração justa – ainda não é poderosa o bastante para mudar hábitos de compra. Pelo jeito, o acesso a roupas baratinhas é viciante. Simultaneamente, também em fevereiro, a ONG global Human Rights Watch disparou um recado diretamente ao setor: um caso na Justiça britânica coloca sobre uma companhia inglesa (a fabricante de cigarros BAT) a responsabilidade sobre práticas trabalhistas ruins em fornecedores na Ásia. Segundo o alerta da HRW, o mesmo princípio pode ser aplicado ao setor têxtil, um dos maiores empregadores do mundo. Um estudo recente da empresa de gestão de ativos dinamarquesa Nordea afirma que se o setor de moda pagasse salários razoáveis (capazes de manter trabalhadoras acima da linha da pobreza), o preço das roupas subiria de 6% a 12%.
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