A HISTÓRIA DO CASAMENTO
DIA 21 – INTIMIDADE

O sexo foi feito para os relacionamentos totalmente comprometidos, porque ele é uma amostra da alegria que sentimos quando estamos em total união com Deus por meio de Cristo. O amor mais extasiante entre um homem e uma mulher na Terra é apenas um indício disso. — Timothy & Kathy Keller, The Meaning of Marriage (O Significado do Casamento)
… Vocês que se amam, comam e bebam, até ficarem embriagados de amor! — Cântico dos Cânticos 5:1, NTLH
A Bíblia não é tímida ao descrever os planos de Deus para o ato de fazer amor. Na verdade, ela é bem explícita e às vezes beira o erotismo. Se você não acredita em nós, passe algum tempo lendo o Cântico dos Cânticos com seu cônjuge e veja o que acontece.
Diferentemente de muitos de nós, Deus não tem vergonha do sexo. Ele tem prazer na sua beleza e celebra seu propósito. Deus quer estar intimamente envolvido com a nossa intimidade. O sexo dentro do contexto conjugal não é apenas bom e permitido – ele é sublime e incentivado!
“Bebam até ficarem embriagados de amor!” diz o Cântico dos Cânticos. Em outras palavras, o sexo é misterioso e profundo; não há motivo para se contentar com uma experiência superficial. Prove e desfrute da satisfação inigualável da intimidade.
Fazer sexo é como apertar um botão de “recarregar” no relacionamento, e por isso não nos surpreende que a Bíblia costume usar a água como uma metáfora para o prazer e a realização sexual. A água é essencial para a continuação da vida. Ela promove refrigério e vitalidade. Uma vida sexual saudável não é a essência do casamento, mas seu valor não pode ser menosprezado. Deus pretende que o ato de fazer amor seja uma celebração, um lembrete maravilhoso da aliança profunda que entrelaça duas vidas.
E você sabia que sexo faz bem para sua saúde? Além de aumentar o nível de intimidade no seu relacionamento, ele estimula seu sistema imunológico, ajuda você a manter um peso saudável, diminui sua pressão sanguínea, reduz a dor e diminui o risco de enfarte – para citar apenas alguns dos benefícios.
Alguns grupos da Igreja criaram um estigma em relação ao desejo por intimidade sexual e o igualaram a um apetite carnal e depravado. Por causa disso, até o sexo dentro do casamento adquiriu má reputação. Alguns até querem nos fazer acreditar que ele é um ato de obrigação que a esposa realiza em favor do marido. Mas o sexo na verdade foi feito para ser desfrutado por ambos os cônjuges! Alguns estigmatizaram o sexo como um mal necessário, tolerado em nome da procriação. Essa noção equivocada, somada às múltiplas perversões satânicas desse ato sagrado, fez com que muitos o vissem com grande apreensão.
A reprodução é um dos propósitos do sexo, mas desde o princípio Deus o designou para que fosse uma fonte de êxtase. “Seja bendita a sua fonte!”, diz a Bíblia. “Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios da sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela” (Provérbios 5:18-19). Outras traduções desse versículo dizem: sê encantado (AA), sejas atraído (ACF), e aproveite o prazer (ABV).
Está claro que Deus não é nenhum puritano. Ele criou os órgãos sexuais e não fica constrangido com as funções deles. Ele criou o sexo e configurou suas sensações. Nosso prazer é o prazer Dele. Ele não quer abreviar nossos desejos sexuais. Ele quer santificá-los.
SEXO SANTIFICADO
A santificação é a jornada da santidade, que também poderíamos dizer que é a jornada para alcançar o melhor de Deus para as nossas vidas. Pense nisso como a extração da natureza humana e a infusão da natureza divina. Começamos a desenvolver uma vida sexual excelente (o que faz parte do melhor de Deus para nós) quando abraçamos o chamado de Deus à santidade no quarto do casal. Ao fazer isso, descobriremos a gratificação sexual que transcende os limites da imaginação humana.
Mas Deus só pode santificar, ou tornar santo, aquilo que oferecemos a Ele. Infelizmente, muitos de nós nos recusamos a apresentar nossa sexualidade a Deus porque temos vergonha dos erros cometidos ou porque somos prisioneiros dos abusos que vivemos no passado. Essas experiências fazem com que vejamos nossa natureza sexual como ímpia, de modo que tentamos esconder essas dimensões obscuras daquele que é Santo. É surpreendente a rapidez com que muitos se esquecem de que o Criador do sexo tem o poder para redimi-lo e torná-lo santo.
A vergonha quer manter o foco em nós e longe de Deus. Ela nos aprisiona na tentativa de fazer com que rejeitemos a misericórdia e a graça de Deus. No fim das contas, o que inicialmente parece ser vergonha pode se transformar em uma forma de orgulho. Insultamos a misericórdia de Deus, como se o que Ele fez não fosse o bastante para curar essa área íntima de nossas vidas. Continuamos a manter a nossa dor bem pertinho de nós, em vez de liberá-la diante da luz do amor. Aqueles que sentem que Deus não os protegeu como deveria em sua vida sexual no passado muitas vezes têm medo de convidá-Lo para participar do seu presente. O fato é que Deus não falhou com você; o que aconteceu foi consequência da humanidade caída. Não permita que a vergonha do pecado ou do abuso o impeça de desfrutar toda a plenitude da intimidade conjugal e o êxtase sexual. Deus anseia curar tudo o que está quebrado e torná-lo santo.
Assim como muitos casais cristãos, quando nos casamos, presumíamos que nossos votos matrimoniais apagariam o histórico da nossa vida sexual passada e nos colocariam a caminho do paraíso. Acreditávamos que porque nos amávamos e estávamos comprometidos um com o outro, nenhuma sombra do passado atravessaria o limiar do nosso futuro. Imaginávamos que o acesso regular à intimidade sexual baniria os padrões egoístas ou a vergonha maculada. Infelizmente estávamos errados, e abordaremos as nossas próprias histórias aqui a fim de compartilhar as escolhas e revelações que nos trouxeram libertação.
Nenhuma herança ou fracasso pode desqualificar os filhos de Deus impedindo-os de estabelecer um novo legado sexual. Mas só Deus pode santificar a nossa sexualidade e redimir nossos erros passados, presentes e futuros. E é somente pela Sua graça que o leito matrimonial se torna um refúgio de realização e amor.
Seja qual for sua história passada, Deus deseja restaurar sua sexualidade de modo completo e radical. A graça Dele é maior do que qualquer coisa que você já tenha feito ou sofrido. Mas você não pode ter acesso à graça de Deus a não ser que primeiro faça Dele o Senhor da sua sexualidade. Reconheça sua necessidade e entregue-a a Deus. Ele transformará seu pesadelo sexual em um lindo sonho.
HONRANDO O LEITO MATRIMONIAL
O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros. Hebreus 13:4
Se existe um problema no seu casamento, ele aparecerá primeiro na sua cama. A falta de paixão no leito matrimonial geralmente é um sinal de outros problemas, e não de um mau desempenho sexual. Os problemas ocultos se manifestam nos lugares de vulnerabilidade, e não há ocasião em que sejamos mais vulneráveis do que nos momentos de intimidade sexual.
O princípio mais importante da intimidade sexual é a honra. Muitos acreditam erroneamente que não há como desonrar ou contaminar o leito matrimonial, de modo que vale tudo entre o casal. Contudo, nada está mais distante da verdade.
Honramos nosso casamento quando, na época em que somos solteiros ou noivos, permanecemos puros e separados para o nosso futuro cônjuge. Honramos nosso leito matrimonial depois do dia do casamento ao nunca permitir que outros tenham espaço nele (cometendo adultério), tampouco permitindo que qualquer outra coisa diminua a beleza da intimidade sexual (como a pornografia, a perversão ou a impureza).3 O leito matrimonial não santifica os nossos vícios sexuais impuros; ao contrário, o comportamento impuro contamina o leito matrimonial e nos impede de desfrutar da verdadeira intimidade. Também honramos nosso leito vendo-o como um lugar no qual podemos servir ao nosso cônjuge procurando fazer o que é melhor para ele, como discutimos no último capítulo. Servir ao nosso cônjuge sexualmente significa honrar as necessidades dele dentro da definição de Deus de santidade.
Às vezes, servimos ao nosso cônjuge fazendo sexo mesmo quando não nos sentimos desejáveis. Quanto mais você envelhece, menos importa se sentir desejável. Você deixa de encarar o sexo como algo que funciona meramente como uma afirmação da sua atração física para seu cônjuge. Ele passa a ser mais uma atração íntima. Deus criou o sexo como uma maneira de maridos e esposas se conectarem um com o outro; não permita que a insegurança o impeça de desfrutar dessa conexão. (Nesse mesmo espírito de serviço, você não deve pressionar seu cônjuge a realizar qualquer ato com o qual ele ou ela se sinta desconfortável em nome do seu próprio prazer.)
Por termos feito do nosso leito matrimonial um lugar de honra, fazer sexo aos cinquenta é melhor do que era quando tínhamos vinte anos de idade – embora tivéssemos uma aparência bem melhor aos vinte anos do que temos agora. Fazer amor de forma maravilhosa não tem a ver com sua aparência ou com seu desempenho. Tem a ver com quem vocês são juntos.
Quando fazemos amor, estamos celebrando nossos mais de trinta anos de casamento. Nossas alegrias, dores, dificuldades e vitórias acrescentam significado e valor à nossa intimidade. Nossa intimidade espiritual, emocional e fisiológica culmina em um prazer e uma satisfação que vêm de Deus. A cultura sexual que estabelecemos no nosso casamento é um testemunho do poder redentor de Deus, pois estamos longe de onde começamos.
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