A HISTÓRIA DO CASAMENTO
DIA 17 – CHEIOS DO ESPÍRITO

Quando as pessoas se referem à chamada “passagem do casamento” em Efésios 5, elas costumam começar com o versículo 22 – aquele que diz às esposas para se submeterem. Mas, na verdade, a exortação de Paulo começa bem antes nesse capítulo. Para entendermos plenamente como nosso casamento deve retratar o relacionamento entre Cristo e a Igreja, vamos voltar ao versículo 18:
… mas enchei-vos do Espírito. Efésios 5:18, ACF
No original grego, a palavra traduzida aqui como enchei-vos descreve o processo de estar impregnado do Espírito como uma experiência contínua. Uma vez não basta. Quando não somos continuamente cheios com o Espírito de Deus e estimulados por Ele, esperamos que nosso cônjuge preencha necessidades que somente Deus pode preencher. Por mais incrível que seu cônjuge seja, ele ou ela jamais poderá substituir Deus. Se você espera que seu cônjuge dê propósito e significado à sua vida, bênçãos que só Deus pode oferecer, ficará decepcionado, frustrado e será incapaz de demonstrar o amor de Deus.
Nossos casamentos só refletirão Cristo na mesma medida em que Seu Espírito for bem-vindo em nossas vidas. Cristo é a pedra angular da nossa salvação, mas o Espírito Santo é o agente de transformação. Permitindo que nossas vidas sejam continuamente cheias com o Espírito, podemos experimentar a renovação da nossa mente e a transformação do nosso comportamento. Deus diz:
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem… a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Efésios 4:22-24
Tentar amar e servir como Cristo estando separado do Seu Espírito é como tentar tirar água de uma mangueira que não está conectada a uma torneira. Uma mangueira não pode produzir água sozinha; ela é meramente um condutor. Do mesmo modo, só quando abraçamos a capacitação do Espírito Santo podemos amar e servir nossos cônjuges da maneira que Deus deseja.
A força de vontade e a mudança do comportamento têm sua importância, mas no fim das contas elas não podem renovar nossa mente ou vencer os desejos da nossa carne. Somente quando abraçamos a Pessoa e o poder do Espírito de Deus é que podemos experimentar Sua influência transformadora em nossas vidas e através delas – uma influência que é demonstrada por meio de atitudes e atos semelhantes aos de Cristo para com nossos cônjuges. Qualquer tentativa de modificar nosso comportamento sem que haja o envolvimento do Espírito de Deus levará à frustração e à desilusão.
Recebemos inúmeras mensagens de homens e mulheres cujos casamentos estavam destruídos pela manipulação e pela dominação. Em muitos casos, essas pessoas tinham conhecimento da Bíblia, mas lhes faltava o amor e a graça do Espírito. Como resultado disso, aquelas mesmas palavras que se destinavam a libertar e capacitar, eram usadas para confinar, minar ou envergonhar. Esses males estão presentes onde quer que o egoísmo esteja à espreita. O egoísmo floresce quando não nos beneficiamos da obra do Espírito de Deus e, por conseguinte, rejeitamos o serviço como nosso principal papel conjugal.
Durante o restante deste capítulo, exploraremos o que significa servir dentro do contexto do casamento. Nosso objetivo é oferecer uma fundamentação bíblica segundo a qual podemos conduzir nosso casamento e edificá-lo por meio do serviço. Com esse espírito, nós o incentivamos a não usar este capítulo como uma licença para condenar qualquer comportamento passado ou presente de seu cônjuge. Em vez disso, use-o como um modelo que o permita seguir em frente.
Entendemos que estamos moldando esses conceitos sob a premissa de que ambos os cônjuges desejam honrar o plano de Deus acerca do papel que devem cumprir em seu casamento. Sabemos que nem sempre é assim. Seja qual for sua situação, lembre-se de que você não pode mudar seu cônjuge. Se tentar fazê-lo, você será somente um obstáculo no caminho de Deus. Abra seu coração para a obra do Espírito de Deus, e dê espaço a Ele para fazer o que só Ele pode fazer em seu cônjuge.
IDENTIDADES E PAPÉIS
Para entender o papel que assumimos no casamento como servos, precisamos examinar mais uma vez o Jardim do Éden:
Criou Deus o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27
Tanto o homem quanto a mulher são detentores de uma imagem que reflete a natureza de Deus. O homem e a mulher são diferentes, mas são igualmente importantes para demonstrar a natureza de Deus na Terra.
Marido e mulher são papéis. Eles são papéis únicos, e a Bíblia dá informações específicas sobre o que eles envolvem, mas esses papéis não são nossa identidade. Nossa identidade tem a ver com o nosso projeto original. Fomos criados para sermos portadores da semelhança de Deus na Terra. A Queda distorceu esse propósito, mas o sacrifício de Cristo o restaurou. Nossa salvação em Cristo é, antes de qualquer coisa, uma mudança de identidade.
Nenhum papel – marido, esposa, profissional, ministro, pai, amigo – pode estar acima da sua identidade. E justamente porque uma mudança de papel (de solteiro para casado, por exemplo) não é o mesmo que uma mudança de identidade, homens e mulheres são tão valiosos aos olhos de Deus depois do casamento quanto são antes dele.
Infelizmente, muitas pessoas (principalmente as mulheres) acham que seu valor muda depois que se casam. As mulheres temem que para honrar seus maridos, precisem se tornar secundárias em termos de importância ou contribuição. Nesse cenário, em vez de se elevar para praticar atos de amor e serviço, a mulher se encolhe em servidão até praticamente desaparecer.
Embora possa parecer a princípio que o marido se beneficie com esse arranjo, não é assim. Na verdade, ambos os cônjuges perdem quando o egoísmo é cultivado como um estilo de vida. Um marido que não vê sua esposa como um parceiro igual no casamento não apenas é roubado de uma aliada íntima, como também perde uma das suas maiores oportunidades de crescimento. Os homens se tornam mais semelhantes a Cristo quando servem às suas esposas como Jesus serve à Igreja. Lembre-se de que Jesus deu o modelo de Sua liderança servindo àqueles a quem Ele lidera e ama.
O amor, o respeito e a honra são essenciais para ambos os cônjuges. Ambos os cônjuges importam e ambos os cônjuges servem. Abordar o casamento dessa maneira ajuda a devolver ao homem e à mulher o poder do domínio, o dom da força e da autoridade de Deus que nos foram confiados no instante da nossa criação.
DOMÍNIO VERSUS DOMINAÇÃO
Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a Terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra” … E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom… Gênesis 1:28, 31
No início os homens e as mulheres não eram inimigos. Eles eram aliados íntimos e cooperadores – duas pessoas distintas unidas com um só coração. A eles foi confiada a missão de encher e subjugar a Terra. Deus lhes deu uma comissão (sejam férteis e multipliquem-se) e deixou que eles definissem os detalhes. Ele lhes deu domínio.
O domínio está associado ao poder de governo, à autoridade ou ao controle. Ele descreve uma área de influência e está associado à posse de poder. Como aprendemos com a história da Última Ceia, toda autoridade, quer seja ela confiada a um homem ou a uma mulher, é dada para servir aos outros para o benefício e crescimento deles.
A guerra dos sexos começou depois da Queda. Com a total ruptura entre Deus e Sua criação, o domínio sofreu uma mutação e se transformou em dominação e manipulação. Essas distorções dos poderes dados por Deus guerreiam continuamente contra o plano Dele para uma bela união. O casamento se tornou um instrumento de divisão em vez de multiplicação.
A intenção nunca foi que o casamento fosse uma luta pelo poder. Ele foi criado para ser uma união de poder. O casamento funde duas pessoas com qualidades e forças muito diferentes e depois usa essas diferenças para criar a oportunidade para a multiplicação. Tudo isso é parte do plano de Deus para reconciliar o que parecia estar além da reconciliação. Jesus disse:
Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido. Lucas 19:10
Costumamos entender esse versículo como se ele descrevesse apenas o aspecto evangelístico, quando na verdade ele carrega em si um significado muito maior. Jesus não veio meramente para salvar os perdidos; Ele veio para salvar aquilo que estava perdido. Na Queda, perdemos nossa comunhão com Deus. Mas também perdemos a unidade dos nossos relacionamentos uns com os outros. Isso inclui nossos relacionamentos como irmãos, como pais e filhos e como marido e mulher. E perdemos a beleza que havia em nosso relacionamento com o restante da Criação.
A obra salvadora de Jesus tem a ver com mais do que sobreviver até chegar ao Céu. Ela tem a ver com abundância e restauração no presente. Por causa da Cruz, todo relacionamento que sofreu alguma perda tem o potencial de ser restaurado. Isso significa que podemos experimentar cura em nossos casamentos hoje. Homens e mulheres podem viver novamente como um só!
Quando temos um só coração e propósito, nós nos multiplicamos, porque Deus diz que onde existe unidade Ele ordena uma bênção (ver Salmos 133). O inimigo de nossas almas não quer que experimentemos a bênção de Deus, nem quer que nos multipliquemos. Portanto, ele faz tudo que está ao seu alcance para destruir nossa unidade. Contudo, quando contendemos contra o engano da dominação e abraçamos a verdadeira natureza do domínio, nos tornamos parceiros de Deus para ver Sua vontade cumprida na Terra.
Agora passaremos a uma discussão mais específica a respeito dos diferentes papéis que homens e mulheres desempenham no casamento como servos. Sem entender a perspectiva de Deus acerca de identidade, valor e domínio, poderíamos facilmente nos equivocar e pensar que esses papéis divinamente estabelecidos favorecem um cônjuge em detrimento do outro. Uma vez tendo estudado o primeiro mandato de Deus para o casamento e tendo reconhecido a diferença entre identidade e papéis, acreditamos que você verá como os papéis de ambos os cônjuges são empolgantes, importantes e valiosos.
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