A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O HOMO DEMENS NA REDE

Usando a inteligência artificial (IA) para colocar o rosto de uma pessoa no corpo de outra, os vídeos deepfake já são uma ameaça a demandar intervenções governamentais

Os vídeos são absolutamente convincentes, num amplo espectro. Estrelas de cinema já tiveram seus rostos adicionados a outros corpos em filmes pornô, políticos foram e ainda são utilizados em filmagens e discursos falsos.

A realidade aumentada, por sua vez, é uma tecnologia que cria um ambiente de imersão, mesclando elementos computacionais e a realidade, onde se realizam atividades. Não é o mesmo que realidade virtual. O jogo Pókemon Go é um exemplo. Após o lançamento, o jogo alcançou rapidamente mais de 100 milhões de downloads!

“O homem é um animal racional”, aprendemos cedo na escola. É o único dotado de logos, segundo Aristóteles. A mítica da nossa racionalidade já foi duramente atingida pelo pensamento freudiano e sua postulação da sexualidade e das determinações inconscientes, e a era da computação lança mais luz sobre a força de captura do desejo que tem a virtualidade em suas muitas formas. Pois o que importa aqui não é o valor da tecnologia, mas seu poder. O de ser usada para afetar e manipular sentimentos e comportamentos.

Analistas têm destacado como a mídia digital vem matando a democracia com seus bots, animadores digitais etc. O debate entre o valor da de1nocracia direta (via mobilização das redes sociais pelos populistas) e democracia representativa seria exaustivo. O que cabe aqui examinar mais uma vez é como o Homo sapiens é igualmente o Homo demens.

Imagens, notícias, afirmações jogadas na rede tornam-se rapidamente “verdades”, independentemente de sua veracidade, por razões de aceitação sem senso crítico por parte do “consumidor usuário” das mesmas. É como um efeito manada. Assim é porque o usuário é capturado a funcionar como consumidor, a partir do seu desejo.

O místico e filósofo Gurdjief apontava que estaríamos todos numa espécie de estado de “adormecimento ” parcial, do qual seria necessário acordar. Nos anos 60 e 70, a psicologia da Gestalt sublinhava o trabalho na condição de Awereness, um aqui e agora pleno. W. Reich examinou a relação entre a neurose e a capacidade de contato. Ou seja, a nossa relação com a realidade e como esta é afetada pelas circunstâncias históricas – a nossa, pessoal, e as da sociedade – são antigas questões. Se o que vem acontecendo na política e na vida pessoal é parâmetro para se avaliar o nosso futuro, então o que temos pela frente é sombrio. A alienação, no sentido mais amplo, é o principal obstáculo à nossa sobrevivência. Sobrevivência como indivíduos.

NICOLAU JOSÉ MALUF JR. – é psicólogo, analista reichiano, doutor em História das Ciências, Técnicas e Epistemologia (HCTE/ UFRJ). Contato: nicolaumalufjr@gmail.com

OUTROS OLHARES

CORTINA DE FUMAÇA

O Brasil discute a regulamentação do cigarro eletrônico, visto como uma epidemia nos Estados Unidos

No ano em que completaria uma década como fumante, a radialista e executiva na área de audiovisual Luísa Campos, de 34 anos, moradora do Rio de Janeiro, descobriu o cigarro eletrônico — por meio da amiga de uma amiga que presenteou esta última com o produto. “Fui olhar aqui no Rio onde eu poderia comprar, não achei nada. Achei na internet”, contou Campos.

Havia vários motivos para a troca do tabaco enrolado em papel — que libera nicotina por meio da combustão e tem milhares de toxinas — pelo vaporizador — que prescinde da combustão para liberar a nicotina, substância responsável tanto pela sensação de prazer e alívio proporcionada pelo cigarro como pela dependência. “O cheiro do cigarro me incomoda muito. Quem fuma tem de fazer algumas adaptações na vida”, disse a radialista.

O outro fator era a saúde. Campos havia fumado por cinco anos, até 2013. Parou e voltou a fumar em 2015. Em janeiro de 2018 aderiu ao cigarro eletrônico como forma de reduzir danos. “Logo que comecei a usar o cigarro eletrônico não usei mais o normal. Foi um meio de parar de fumar quase instantâneo. Não quero dizer que é um milagre. Tenho amigos que não substituíram.”

O cigarro eletrônico, produto que começou a ser comercializado no final da década passada em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, pode funcionar por meio de um vaporizador que libera a nicotina ou do tabaco aquecido, inserido no objeto por meio de cápsulas ou tubos. Números da Public Health England, agência de saúde pública ligada ao governo inglês, mostram que o cigarro eletrônico tem um potencial de danos de 5% em relação ao cigarro comum. Embora não conte com a mesma quantidade de toxinas de um cigarro comum e não precise de combustão, que, no cigarro comum, libera as substâncias tóxicas, sua comercialização é proibida no Brasil desde 2009 — quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um princípio de precaução, uma forma de “garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados”. Os termos para uma regulamentação do produto serão discutidos em 8 de agosto durante audiência pública em Brasília.

“Considerando que a toxicidade dos cigarros já é tão elevada, é relativamente fácil alguma coisa ser menos tóxica que os cigarros convencionais, mas nem por isso quer dizer que não represente ameaça à saúde humana”, afirmou o médico Alberto José de Araújo, coordenador da Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira. “A enorme variedade de sabores, as diferentes composições e emissões tóxicas dos cigarros eletrônicos e aquecidos indicam que uma eventual liberação de sua comercialização deveria ser realizada caso a caso, e não de forma ampla, sem considerar as diversas formulações, tipos e voltagens aplicadas.” Para Araújo, “os benefícios dessa proibição (da Anvisa) foram maiores e mais significativos que os supostos e não comprovados benefícios da liberação desses produtos”.

Ainda assim, o cigarro eletrônico vem sendo utilizado como forma de redução de danos no combate ao tabagismo, ao lado de outras estratégias, como os adesivos que liberam nicotina. Um estudo publicado em 2019 na revista científica The New England Journal of Medicine , realizado por pesquisadores do Reino Unido e dos EUA, mostrou que entre aqueles que utilizaram o cigarro eletrônico como um meio de abandonar o cigarro 18% tiveram sucesso, enquanto entre os que usaram outros métodos para substituir a nicotina, como os adesivos e chicletes, o sucesso foi de 10%. No entanto, 80% dos que utilizaram cigarro eletrônico continuaram a consumi-lo, enquanto apenas 9% daqueles que usaram outros produtos permaneceram com eles. “É uma questão que a literatura médica ainda discute”, disse André Nathan, especialista em tabagismo e médico no Hospital Sírio-Libanês. Segundo o pesquisador, embora o cigarro eletrônico seja “uma via mais limpa” que o cigarro comum, deve-se atentar para seu uso como forma de reduzir danos do tabagismo. “Ainda não temos dados que provem que ele seja efetivo.”

Nos EUA o cigarro eletrônico é hoje considerado uma epidemia entre os jovens. De acordo com um levantamento feito a partir de seis estudos com mais de 91 mil participantes, adolescentes e jovens adultos que usam cigarros eletrônicos têm duas vezes mais chances de fumar cigarros comuns em comparação com aqueles que nunca usaram o produto. Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), órgão ligado ao governo americano, mostram que, entre adolescentes em idade escolar, o consumo de cigarros eletrônicos aumentou 900% entre 2011 e 2015. Entre adolescentes no ensino médio, o uso cresceu 78%, de 11,7% para 20,8%, em dois anos. Em 2018, mais de 3,6 milhões de jovens americanos usavam o cigarro eletrônico.

Na Alemanha, pesquisadores também constataram maior incidência no consumo de cigarro convencional entre jovens que experimentaram o cigarro eletrônico. Segundo pesquisa feita com estudantes na faixa dos 12 aos 17 anos, os que experimentaram o cigarro eletrônico tiveram 2,2 vezes mais chances de se tornarem fumantes.

A professora Gisele Birman Tonietto, do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, vê esse risco para o Brasil, caso a regulamentação do cigarro eletrônico, por exemplo, não atinja a propaganda ao produto, como no caso dos cigarros tradicionais. “O que a gente está vendo no mundo é uma epidemia. O jovem que não fumava está suscetível ao apelo. Nós (brasileiros), que somos referência em antitabagismo, não queremos jogar fora o trabalho (voltado à redução do tabagismo).”

Para a gerente sênior de Relações Científicas da Souza Cruz, Analúcia Saraiva, “o maior risco que o Brasil está assumindo é não regular a categoria”. Ela citou o caso americano como exemplo das consequências da falta de regulamentação. “Quando (a substância) não é regulada, quando não existe, por exemplo, uma idade mínima para adquirir esses produtos, aí sim esse risco (de epidemia) existe”, afirmou. “O vapor do cigarro eletrônico não é um vapor de água. Ele contém nicotina. Se não tiver nicotina, o consumidor não vai migrar para esse produto. O benefício é, justamente, que o fumante deixe de consumir o cigarro tradicional, que traz essa série de substâncias geradas durante a combustão, e migre para um produto de menor risco.”

Na opinião de Fernando Vieira, diretor de assuntos externos da Philip Morris Brasil, é preciso “ter uma regulamentação que não exponha os não fumantes e os menores a esse tipo de produto. A Anvisa, ao regulamentar, pode ser bem proativa nesse sentido”. A Philip Morris anunciou no ano passado que deixará, futuramente, de produzir os cigarros comuns e terá como um de seus focos os cigarros eletrônicos.

Luísa Campos, que fumava de sete a oito cigarros por dia e, sempre que viajava, levava uma mala três vezes maior que a que leva hoje, devido ao cheiro da fumaça do cigarro, pretende, ainda, deixar de fumar. “O ideal é não ter nada que nos amarre. Não podemos negligenciar a questão do cigarro.”

A discussão em torno do uso do cigarro eletrônico como forma de reduzir danos do tabagismo ocorre em um momento em que a redução de danos deixa de ser a diretriz do Ministério da Saúde para o combate ao uso abusivo de drogas e à dependência química, voltando-se, novamente, à busca pela abstinência — por meio da internação.

Para o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que trabalha com redução de danos desde 1991, a atual política do governo federal é “um retrocesso” que coloca o Brasil em uma situação comparável à de países islâmicos. “Na melhor das hipóteses, 30% (dos dependentes) conseguem realmente largar a droga. A redução de danos entra justamente para esses 70% que não conseguiram a abstinência”, disse. “Quando você coloca um indivíduo num programa de redução de danos a médio prazo, ele consegue a abstinência. A redução de danos não se contrapõe à abstinência. É um jeito de dar mais tempo para a pessoa consegui-la.”

O psicólogo Maurício Cotrim, especialista em dependência química, vê na redução de danos um meio para chegar à abstinência, e não um fim para o combate do uso abusivo de drogas e outras substâncias. “Trabalho buscando a abstinência. Senão ficamos enxugando gelo. Os casos de sucesso que conheço são das pessoas que tentaram a abstinência. Senão vira prorrogação de danos.”

Dependente químico “em eterna recuperação”, Cotrim, filho de pai alcoólatra, experimentou álcool ainda na infância. Foi a porta de entrada para substâncias ilícitas, que usou a partir dos 10 anos. Passou por diversas tentativas de tratamento — inclusive religiosas. “Aos 17, pedi ajuda, fui internado.” Deixou a clínica seis meses depois. Teve recaídas. “Fiquei limpo de vez aos 18 anos.” Mantém-se assim há 24 anos.

GESTÃO E CARREIRA

O GUIA DO AUTOCONHECIMENTO – I

A competência essencial para ser feliz e realizado no trabalho está dentro de você, à espera de ser explorada. Veja por onde começar essa jornada e descubra como ela pode ser transformadora

Muitas qualidades e competências são fundamentais para pavimentar o caminho até o sucesso profissional. Acima de todas, porém, existe uma habilidade da qual as outras dependem para serem colocadas em prática de forma efetiva: o autoconhecimento. Ele é indispensável para o profissional do século 21. De acordo com o relatório mais recente do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho, aptidões como criatividade, colaboração, flexibilidade, pensamento crítico, capacidade de trabalhar sob pressão e resolver problemas complexos serão obrigatórias para evoluir na carreira daqui para a frente. E o autoconhecimento é o ponto de partida para o desenvolvimento dessas e outras soft skills, como são chamadas as habilidades comportamentais. Não que algum dia ele tenha deixado de ser importante. Mas as transformações pelas quais o mundo do trabalho vem passando e as demandas das novas gerações de profissionais — trabalho remoto, freelancer e sem carga horária fixa, por exemplo — cada vez mais vão exigir boa capacidade de gestão de si próprio. “A responsabilidade pelos rumos da carreira está mais do que nunca nas mãos do indivíduo e menos sob responsabilidade da empresa”, afirma Wilma Dal Col, diretora do ManpowerGroup. “Ampliar a visão de si mesmo dentro e fora do ambiente de trabalho permite fazer escolhas mais alinhadas com o que você quer para a vida.”

O problema é que a maioria das pessoas não tem boa percepção de si mesma. Foi o que descobriu a psicóloga organizacional Tasha Eurich no livro “Insight — Por que não nos conhecemos tão bem quanto pensamos e como ter clareza de quem somos ajuda a alcançar o sucesso na vida e no trabalho” (numa tradução livre; ainda sem edição brasileira). Tasha ouviu quase 5.000 pessoas e descobriu que apenas de 10% a 15% acreditam se conhecer bem. Um índice preocupante, já que mais autoconhecimento está associado a índices mais elevados de satisfação no trabalho e nos relacionamentos, produtividade, autoconfiança e felicidade, além de menos estresse, ansiedade e depressão.

AS ETAPAS DA JORNADA

Alguns têm interesse natural por si mesmos e fazem da busca pelo autoconhecimento uma constante na vida. Outros podem ser surpreendidos por alguma situação difícil envolvendo saúde, dinheiro, família ou trabalho que os leve a querer ver sentido e encontrar saídas para o problema. “Ao mesmo tempo, a rotina automatizada, o excesso de estímulos no dia a dia e a ideia de que é preciso acelerar para se adaptar a tantas mudanças não poupa quase ninguém e leva à perda de consciência da própria vida e do que é preciso de fato para se sentir realizado”, afirma Edwiges Parra, psicóloga organizacional, coach executiva e fundadora da Emind Mente Emocional. Resultado: uma multidão de seres desconectados de quem são, do que estão fazendo aqui e do que desejam. Conhecer a si mesmo é uma investigação que tem início, mas nunca acaba. A seguir, mostramos quais são as cinco principais etapas para conhecer a si mesmo.

FAÇA AS PERGUNTAS CERTAS

O primeiro passo para tomar as rédeas de sua vida fazer questionamentos do tipo: “Estou feliz fazendo que faço?”, “Que atenção estou dando à saúde e a meus relacionamentos?”, “O que me dá prazer hoje?”, “Quanto espaço estou reservando para isso no meu dia a dia?” “Preferia estar fazendo outras coisas?”, “O que me deixa desmotivado?” O objetivo é conectar-se, focar o que está acontecendo no presente e detectar possíveis conflito e fontes de insatisfação. Mas vale saber que não é preciso estar passando por uma crise para decidir buscar autoconhecimento — ao contrário, saber mais sobre si mesmo é uma forma de evitar que a crise apareça.

Nesse exercício, a psicóloga Tasha Eurich sugere que evitar se perguntar o porquê — por exemplo, “por que não consigo me dar bem com meu chefe?” ou “por que insisto em procrastinar?” — pode ser produtivo. Ela explica: “Primeiro, porque dificilmente se chega a respostas úteis, já que o mais provável é que, inconscientemente, acabemos ‘inventando’ explicações que no pareçam satisfatórias”, diz. “Além disso, tentar entende os porquês tende a gerar pensamentos ruminativos, que levam mais para o passado do que ajudam a entende o que está ocorrendo no presente. É por isso que pessoas com perfil muito analítico tendem a sofrer mais de ansiedade e depressão.”

PEÇA FEEDBACK

Somos o resultado da soma do que sabemos sobre nós mesmos com a maneira como o mundo (formado por nosso círculo de relações pessoais e profissionais) nos enxerga. Dar ouvidos ao feedback externo, portanto, leva a uma consciência maior de quem somos — afinal, todos temos pontos cegos na personalidade, que dificilmente enxergamos sozinhos. Além disso, o exercício nos torna mais empáticos, ou seja, capazes de compreender o outro e ver as coisas pela perspectiva dele.

Observar nossas reações diante da opinião de terceiros também é parte da autoanálise e geralmente revela bastante sobre nós. Mas é importante acolher a visão do outro e olhar para si mesmo com menos julgamento e mais curiosidade e gentileza, tendo em mente que não é porque você age de determinada maneira hoje, por mais nociva que seja, que precisa ser assim para sempre. “Pensar desse modo diminui o impacto negativo que você gera sobre si mesmo”, diz a coach e psicóloga Edwiges Parra.

DEFINA O QUE PRECISA MUDAR

Com uma visão mais nítida de quem você é, do que deseja e de como vem agindo, é mais fácil definir quais aspectos deveriam ser desenvolvidos ou modificados no comportamento ou na rotina. Nessa fase, prepare-se para analisar hábitos, reações, convicções e modos de realizar suas tarefas. Questionar e se desapegar de atitudes e mentalidades que se tornaram padrões e já não servem a seu momento atual ou à meta que está buscando tem o mesmo efeito de tirar obstáculos do caminho de sua evolução.

Observar se seu “sistema operacional” interno possibilita, por exemplo, perceber se precisa mesmo madrugar para frequentar a academia todo dia (e morrer de sono antes do fim do expediente) ou se dormir mais e malhar à noite não o deixaria mais bem disposto e produtivo. Também ajuda a descobrir se precisa aprender a ouvir mais, se vem guardando boas ideias para você por falta de autoconfiança ou se está deixando de lado a vida social em nome da profissional. Em resumo, se está levando uma vida que faz sentido. Escolha uma meta por vez e trabalhe nela, celebrando seus avanços e avaliando o impacto real na rotina, em vez de querer mudar a vida inteira de uma vez — e acabar se frustrando e voltando à estaca zero.

ESCOLHA SEUS RECURSOS

A busca por autoconhecimento é pessoal e intransferível, mas contar com ajuda profissional durante o percurso, em vez de dar esse mergulho por conta própria (ou com auxílio de livros e aplicativos apenas), faz diferença. É mais ou menos como aprender a tocar um instrumento: você até pode conseguir sozinho, mas talvez demore mais e deixe de absorver lições importantes de quem tem mais experiência do que você no assunto.

Seu perfil e suas metas individuais devem orientar quais estratégias e ferramentas usar para descobrir mais sobre si mesmo. O coaching é uma alternativa quando o foco das mudanças é a carreira. Se a queixa for uma rotina desorganizada e improdutiva, dificuldade para se adaptar a mudanças no trabalho — como explorar com mais profundidade seus talentos ou organizar a vida financeira —, cliente e coach podem trabalhar juntos para detectar possíveis obstáculos, traçar metas e avaliar sua evolução ao longo das sessões (de dez a 15, em média).

É certo que não dá para evitar que dramas da vida pessoal afetem o dia a dia profissional e vice-versa, mas, quando os conflitos internos têm mais a ver com questões emocionais e me- nos com a performance no trabalho, o melhor é considerar a psicoterapia. Os prejuízos emocionais (tristeza, impaciência) e cognitivos (falta de foco, lapsos de memória) desencadeados por uma separação ou uma doença na família impactam a rotina no escritório, mas devem ser tratados no consultório do psicólogo ou psiquiatra. Questões como assédio e bullying também são caso de psicoterapia.

Meditar, praticar esportes, manter um hobby ou atividade que tragam prazer, e cuidar das relações próximas são estratégias que, além de aliviar tensões do dia a dia, favorecem a conexão consigo mesmo e com os outros e ajudam a compreender nossos padrões de pensamento e de comportamento.

REPITA O CICLO

O processo de autoconhecimento é uma investigação permanente. “O tempo e as experiências transformam nosso comportamento, necessidades e anseios, de modo que é importante revisitar nossas reflexões de tempos em tempos e nunca perder o interesse em nós mesmos”, destaca Rafael Nunes, psicólogo, coach de carreira e líder de inteligência emocional na escola Conquer. Mudanças de cargo ou função no trabalho, assim como novos ciclos na vida pessoal tornam ainda mais importante voltar a se perguntar se você está satisfeito onde se encontra ou se é hora de refazer a rota.

ALIMENTO DIÁRIO

A HISTÓRIA DO CASAMENTO

DIA 9 – O RESTAURANTE CHINÊS

Quando nos casamos, tínhamos um lugar especial aonde íamos para conversar sobre o nosso futuro. Era um pequeno restaurante chinês não muito longe do nosso apartamento. Havíamos terminado a faculdade há pouco tempo, e nosso orçamento era tão apertado que dividíamos um único prato de “frango mu shu” com uma panqueca extra e molho extra. Era um ambiente tranquilo e humilde, apesar de estrangeiro, que encorajava um jovem casal a ousar sonhar com terras e esperanças distantes enquanto tomavam chá.

Naquela época não sabíamos muito, mas tínhamos certeza de uma coisa: queríamos servir a Deus juntos com todo o nosso coração, nossa mente e nossa força. Desejávamos apaixonadamente viver bem e cuidar bem de nossa família. Posso dizer que não sabíamos ao certo para onde iriamos ou onde nossa vida terminaria, mas sabíamos o quanto queríamos viajar. Queríamos viver de tal maneira que Deus pudesse estabelecer um novo legado através de nós.

Eu (John) venho de um ótimo contexto familiar. Meus pais estão casados há mais de sessenta e cinco anos. Meu pai amou e supriu fielmente nossa família, e minha mãe é uma dona de casa clássica. Meus pais serviram de modelo para mim em relação a coisas maravilhosas, tanto no que diz respeito ao casamento quanto à vida, e serei eternamente grato pelo exemplo deles.

Eu (Lisa) venho de uma dinâmica familiar muito diferente. Os pais de John parecem perfeitos quando comparados à minha família, que foi arruinada por alcoolismo, adultério, comportamento abusivo, traição, ganância, perda e divórcio. Quando John e eu começamos nossa vida juntos, ficou óbvio que eu não tinha nenhuma compreensão prática do que era uma família saudável; mas eu tinha um anseio desesperado por fazer parte de uma família assim.

Enquanto conversávamos naquele restaurante chinês, sabíamos que queríamos ter um tipo de casamento diferente. Embora tivéssemos um respeito absoluto pela maneira como os pais de John conduziram seu casamento, aquele não era o modelo certo para nós. Ambos sabíamos que havia mais no casamento do que havíamos visto; havia um chamado divino sobre a própria instituição do casamento. O casamento não se resumia apenas a ficarmos juntos até o fim de nossas vidas; ele dizia respeito a construir um legado eterno através da nossa união. É claro que isso incluiria nossos filhos e os filhos de nossos filhos, mas também incluiria impactar inúmeras outras vidas.

Começamos a pintar uma visão para o nosso casamento. Fazíamos perguntas um ao outro, estabelecíamos parâmetros e sonhávamos tão grande quanto possível. Concordamos que nosso objetivo principal era servir a Deus juntos e honrá-lo com nossas escolhas. Tudo o mais teria de passar por esse filtro.

Ao longo de trinta e dois anos de casamento, passamos por estações nos quais o único motivo pelo qual escolhemos ficar juntos foi nosso compromisso de honrar a Deus. Houve um período em que eu (Lisa) não sentia amor algum por John, e John chegou a me dizer que não sentia amor por mim. Ele se lançou em uma agenda de viagens intensa enquanto eu ficava para trás, em casa, com nossos filhos pequenos.

Para ser sincera, eu não via esperança para o amor no futuro. Minha alma estava marcada por um período no qual fui muito ferida. Eu me sentia completamente abandonada tanto emocional quanto fisicamente. Se tivesse considerado o divórcio uma opção, eu teria tomado esse caminho com satisfação. Eu não tinha uma visão para o futuro do nosso casamento, apenas uma sombra desbotada do que ele poderia ter sido. A certa altura, cheguei a pensar: Deus, vou ficar neste casamento desde que Tu me prometas que não terei de viver com John no Céu. Eu me sentia muito só, e é difícil para as esposas de pastores compartilharem sua dor com qualquer pessoa.

Eu (John) também lutava naquela época contra a falta de esperança. Sentia que nada que eu fizesse estaria certo aos olhos da Lisa, e acreditava estar certo nesse pensamento devido à falta de respeito e às palavras duras que ela me dizia. Estávamos afundando rapidamente, e nenhum de nós via qualquer possibilidade do amor, do respeito e do carinho serem restaurados.

A dor emocional e espiritual daquele período parecia insuportável. Era terrível, mas foi apenas uma estação, e as estações mudam. O tempo do choro pode durar por uma noite muito longa, mas temos a promessa de Deus de que a alegria vem pela manhã (ver Salmos 30:5). Olhando para trás, aquele período parece surreal, como se tivesse acontecido com outro casal. Pela graça de Deus, permanecemos fieis ao nosso objetivo de honrar a Deus. Através do arrependimento genuíno pelo nosso egoísmo aliado à obediência à visão de Deus, vimos nosso casamento e nosso amor crescerem até se tornarem extremamente fortes.

Uma das forças motrizes que nos mantiveram seguindo em frente ao longo daquela estação difícil foi nossa visão de vida. Nós não a víamos como um período de setenta ou oitenta anos; nós a víamos através de uma perspectiva eterna. Setenta ou oitenta anos não passam de um piscar de olhos se comparados à eternidade. A Bíblia ensina que o que fazemos com a Cruz determina onde passaremos a eternidade; entretanto, a maneira como vivemos como crentes determina como passaremos a eternidade. Paulo escreve:

… Preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor… Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas, quer sejam más. 2 Coríntios 5:8, 10

Está claro que Paulo não está escrevendo sobre os incrédulos, pois quando os incrédulos estão ausentes do corpo, eles não estão na presença do Senhor. Ele está se dirigindo àqueles que entraram para a família de Deus por meio da graça salvadora de Jesus Cristo. Compareceremos perante Ele e prestaremos contas sobre as decisões que tomamos e a maneira como vivemos como crentes. O julgamento presidido por Cristo resultará em diferentes recompensas eternas ou perdas eternas, que irão variar desde termos o trabalho da nossa vida totalmente queimado pelo fogo até sermos eternamente recompensados por ele ou até mesmo reinarmos ao lado Dele por toda a eternidade. O conhecimento dessa doutrina fundamental nos manteve no caminho certo. Nenhum de nós queria prestar contas diante do trono de Jesus por ter profanado a Sua arte, que é a união do casamento. (Para saber mais sobre o Tribunal de Cristo, leia o livro de John Movido pela Eternidade.)

Depois do objetivo de honrar a Deus, nosso segundo alvo era estar mais apaixonados um pelo outro no fim de nossa jornada do que estávamos no começo. Esse objetivo nos compeliu a passarmos pelos tempos difíceis e amarmos um ao outro, mesmo quando não sentíamos vontade. C. S. Lewis escreveu:

O amor… é uma profunda unidade, mantida pela vontade e fortalecida deliberadamente pelo hábito, reforçada pela graça (nos casamentos cristãos) com a qual ambos os parceiros pedem e recebem de Deus. Assim, eles podem ter esse amor um pelo outro mesmo nos momentos em que não gostam um do outro.

Definitivamente houve momentos em que não gostávamos um do outro. Mas Deus nos deu graça para navegarmos por esses momentos difíceis, e Ele fará o mesmo por você. Gostamos um do outro e amamos mais um ao outro hoje do que no dia do nosso casamento – essa é a verdade! E esperamos crescer mais em amor a cada década que passa.

DEUS ESTÁ ANOTANDO TUDO

Enquanto escrevíamos nossos sonhos em guardanapos de restaurante, conversávamos sobre como criaríamos os filhos que não tínhamos. Discutíamos sobre como lidaríamos com a disciplina, as concessões, as tarefas e a divisão dos quartos. Falávamos sobre nosso legado e o impacto que nossas decisões teriam sobre nossos filhos e netos. Era importante para nós transmitir-lhes uma herança espiritual e financeira (ver Provérbios 13:22).

Imaginávamos nossa futura casa. Não era importante para nós ter uma casa grande ou elegante; queríamos que a nossa casa fosse aconchegante e calorosa, um lugar onde as pessoas se sentissem seguras assim que entrassem. Queríamos que ela fosse um lugar divertido aonde nossos filhos quisessem levar seus amigos.

Conversávamos ainda sobre o que acreditávamos que Deus havia nos chamado para fazer e sobre como nossos chamados afetariam a dinâmica do nosso casamento. Discutíamos os papéis desempenhados pelas mulheres e pelos homens. Determinávamos como administraríamos nosso dinheiro e ficaríamos livres de dívidas. Conversávamos sem parar até que olhávamos para o que tínhamos em nossas mãos e descobríamos que os rabiscos nos guardanapos haviam se transformado em projetos provisórios da vida que queríamos construir.

Gostamos de pensar que enquanto fazíamos nossos planos em pedaços de papel, Deus também estava escrevendo.

Depois, aqueles que temiam o SENHOR conversaram uns com os outros, e o SENHOR os ouviu com atenção. Foi escrito um livro como memorial na Sua presença acerca dos que temiam o SENHOR e honravam o Seu nome. Malaquias 3:16

Houve muitas coisas sobre as quais falávamos naqueles primeiros dias das quais Deus Se lembrou, mesmo quando já as havíamos esquecido, e Ele fez com que elas se realizassem. Deus registra as conversas que ocorrem entre aqueles que O temem. Enquanto você faz planos para um casamento que honra ao Autor da vida, o Céu toma nota.

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