CAUSA DA DEPRESSÃO PODE ESTAR NA FRAGILIDADE DE FIBRAS NERVOSAS
Distúrbio seria consequência de problemas na estrutura neural fina

Uma equipe da Universidade Johns Hopkins descobriu que ratos medicados com Prozac não apenas apresentavam alterações na química cerebral, como também desenvolviam novas fibras nervosas em áreas estreitamente vinculadas ao estado de humor. A constatação sugere que a depressão é reflexo de problemas na estrutura neural fina e não apenas fruto de alterações na química cerebral, o que deve dar fôlego à recente “hipótese da rede neural’ na explicação dos estados de ânimo.
Nos últimos 20 anos, vigorou a ideia de que a depressão é, primariamente, um problema químico que ocorreria em grande parte porque a falta do neurotransmissor serotonina em sinapses importantes reduz sinais neurais que regulam o estado de ânimo, abrindo a porta para a depressão. Os resultados, porém, indicam que ao menos parte dos distúrbios do humor surge de estruturas sinápticas frágeis, como terminações nervosas fracas e fibras mortas, que interrompem a transmissão de sinais.
Por meio de intrincadas técnicas de coloração, os pesquisadores da Johns Hopkins descobriram que animais tratados com Prozac produziam mais axônios – terminações neurais que enviam os sinais – em neurônios :sensíveis à serotonina nas regiões cortical e frontal do cérebro, determinantes do estado de ânimo. O pesquisador Lijun Zhou sugere que esta mudança seja “o efeito estrutural de antidepressivos à base de serotonina” e ajude a explicar porque alguns tratamentos contra a depressão costumam ter sucesso. As descobertas corroboram outros estudos recentes em seres humanos que mostram que tanto drogas quanto psicoterapias, quando atingem seus resultados, aumentam os níveis de substâncias químicas importantes, chamadas neurotrofinas. A sua ausência pode contribuir para o enfraquecimento estrutural das redes neurais.
Segundo o neurocientista especializado em neurotrofinas, Eero Castrén, da Universidade de Helsinque, “essas descobertas devem indicar onde procurar, em seres humanos, indícios de mudanças similares”. Isso por sua vez, pode levar a uma compreensão mais completa sobre a depressão e a outros tratamentos.
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