QUALIFICADOS
CAPÍTULO 25 – LANÇANDO
FORA AS NOTAS ALTAS E BAIXAS
“Há tantas opiniões quanto existem especialistas.” — Franklin Delano Roosevelt
PENSAMENTO-CHAVE: Líderes espirituais sábios aprendem
como rejeitar o veneno da crítica, mas aprendem com ela, caso haja algo a ser
extraído disso.
Lembro-me, quando eu era jovem, de assistir a certas
modalidades olímpicas, como patinação e ginástica, em que os juízes faziam a
contagem de pontos dos atletas. Existia um painel de juízes de diferentes
países, e eles sempre lançavam fora as notas mais altas e mais baixas para
determinar a nota final. Pensei a respeito disso à luz do elogio e crítica
(especialmente da crítica) que, às vezes, encontramos na vida. Não seria
grandioso se nós pudéssemos nos tornar bem desenvolvidos em nossa habilidade de
lançar fora a crítica injusta bem como a bajulação que inflama o ego?
Você tem tido alguém no seu pé ultimamente? Você sente
que alguém tem sido apontado como o “Apóstolo da Correção” em sua vida? Você
tem lidado com uma crítica injusta e desleal? Se a resposta for “sim”, para
qualquer dessas questões, então creio que essa informação será útil para você.
Se você aprender a lançar fora as notas mais baixas, então você será capaz de
focar em quem você realmente é no que você foi chamado para fazer.
Abraham Lincoln certamente teve de lançar fora as notas
mais baixas, para liderar de forma bem-sucedida a nação durante a sua
presidência. No museu de Lincoln, em Springfield, Illinois, existe uma área
chamada “A Galeria do Sussurro”, que é uma galeria escura e distorcida onde
vozes cruéis podem ser ouvidas falando contra o presidente. Essas paredes são
forradas com artigos de jornais e charges políticas que atacaram caluniosa e
cruelmente o presidente e a Sra. Lincoln de formas muito pessoais.
A imprensa se referia a Lincoln como um “babuíno
grotesco”, um “advogado do interior de terceira categoria” que uma vez dividiu
os trilhos e agora divide a união, um “coringa grosseiro vulgar”, um “ditador”,
um “macaco”, um “palhaço” e outros nomes depreciativos. Um dos jornais locais
do seu estado até mesmo o chamou de “o político mais astuto e desonesto que já
desgraçou uma secretaria nos Estados Unidos”.
Como Lincoln respondeu a essa torrente de ataques? Ele
disse: “Se eu estivesse tentando ler, ou muito menos responder, todos os
ataques feitos a mim, este escritório poderia ser fechado e trocado por
qualquer negócio. Faço o melhor que sei, o melhor que posso; e pretendo
continuar fazendo até o fim. Se o fim me mostra que estou errado, dez anjos
jurando que fiz o certo não fariam diferença. Se o fim me prova que estou
correto, então o que é dito contra mim agora não fará diferença alguma”.
Se Lincoln tivesse guardado essas críticas no coração, eu
não acho que ele poderia ter realizado os seus deveres como presidente.
Biblicamente falando, Jesus era o objeto e o alvo de tanto ódio que Ele tomou
posse de uma passagem do Antigo Testamento que diz: “Odiaram-me sem motivo”
(João 12:15). Graças a Deus que Jesus permaneceu focado em continuar a Sua
missão a despeito de opiniões e críticas de outros!
JOSÉ
Pense no rancor direcionado a José durante o início de
sua vida. Seus irmãos o venderam para a escravidão. A esposa de seu chefe
falsamente o acusou e o lançou na prisão. Um homem que José ajudou na prisão (o
mordomo de Faraó) rapidamente esqueceu-se de José a despeito das promessas de
lembrar-se dele. Se José tivesse guardado essas coisas em seu coração, ele
poderia ter sido um homem muito amargo e desmoralizado. Em vez disso, Jacó
disse sobre José: “Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o
aborrecem. O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos
ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel”
(Gênesis 49:23-24).
Para ter sucesso, José teve de basear sua identidade e
senso de destino em uma coisa, e somente em uma coisa: o desígnio de Deus para
a sua vida. Ele não poderia alicerçar sua identidade ou senso de destino no
modo como seus irmãos o tratavam, na maneira como a esposa de Potifar mentiu a
respeito dele, em sua prisão ou no esquecimento do mordomo. A única maneira de
vencer o medo da rejeição é valorizarmos a constante aprovação de Deus acima da
aprovação condicional das pessoas. As opiniões de outros simplesmente não podem
ter permissão para reger as nossas vidas!
DAVI
Em algum momento, o jovem Davi teve de encarar as lanças
que Saul havia lançado contra ele. Uma opção era internalizar o trauma e dizer:
“Realmente deve ter alguma coisa errada comigo”. A partir desse ponto, sua vida
poderia ter culminado em vergonha, inferioridade, autodúvida e humilhação. Se
Davi tivesse feito isso, ele teria continuado uma vítima dos caprichos, das
inseguranças e da paranoia de Saul. A outra opção era dizer a si mesmo a
verdade e entender que as lanças eram lançadas contra ele devido ao problema
que Saul tinha com ele mesmo. Isso teria feito Davi perceber que a ira de Saul
não era um reflexo da sua dignidade ou valor, mas em vez disso, era meramente
uma expressão da disfunção interna não resolvida do próprio Saul.
PAULO
Outro personagem bíblico intensamente criticado foi o
apóstolo Paulo. Até mesmo os crentes em Corinto registraram sua opinião
inconstante sobre Paulo, relativo a outros ministros, fazendo de Paulo uma
parte indesejada em uma briga de popularidade. Imagine o relógio correndo na
borda da tela: “Se você considera Paulo melhor do que Apolo ou Pedro, disque
0800-SIM- PAULO”. Qual era a atitude de Paulo diante desses julgamentos? Ele
não era movido pelas críticas ou bajulações.
Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por
vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada
me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem
me julga é o Senhor. — 1 Coríntios
4:3-4
Pouco importa o que vocês pensem ou digam a meu
respeito. Eu não me avalio. Nesse caso, os rótulos são irrelevantes. Desconheço
algo que me desqualifique na minha tarefa para com vocês, mas isso não quer
dizer muita coisa. O Senhor é quem faz este julgamento. — 1 Coríntios 4:3-4 (A Mensagem)
Kenneth E. Hagin disse: “Paulo cresceu na graça a tal
medida que procurou recomendar-se somente a Deus. Ele não era influenciado ou
afetado pelo que outros pensavam dele. Ele não se colocava em prisão por causa
de alguém. Isso não era uma independência carnal, mas uma dignidade santa. A
lei do amor o governava. Ele não ficava facilmente ensoberbecido, nem era
melindroso ou ressentido. Seu espírito, onde o amor de Deus foi derramado, o
dominava. Crentes imaturos se sentirão menosprezados ou ensoberbecidos. Se eles
são criticados, ou imaginam que estão sendo, ficam inquietos, apreensivos e com
pena de si mesmos. No entanto, se eles são observados e apreciados eles se
sentem exaltados e cheios de importância própria. Cristãos infantis são autoconscientes.
E até mesmo conscientes do que os outros acham deles. Portanto, eles são
infantilmente ‘inconstantes’ popularmente falando. O crente maduro é consciente
de Deus. E até mesmo consciente do que a Palavra de Deus diz sobre ele e para
ele. Porque ele é capaz de testificar com Paulo: ‘É uma coisa muito pequena eu
ser julgado por vós ou pelo julgamento do homem’, ele é livre para andar e dar
voz as suas convicções”.
Em um nível prático, deveríamos sempre estar abertos a
melhorias. Isso pode envolver aprender e tirar vantagem até mesmo da crítica.
Contudo, na essência de quem somos, nunca devemos permitir que qualquer crítica
diminua o nosso valor intrínseco e infinito como filhos de Deus. Nunca devemos
dar a outros o direito de rebaixar o nosso valor ou invalidar o nosso destino.
Deus é Aquele que nos chamou, e Ele é Aquele a quem teremos que responder por
último.
O que pode nos fazer vulneráveis às críticas de outros?
Com frequência, o medo do homem. Somos chamados para andar no temor reverente
do Senhor, não para sermos intimidados e paralisados pelo medo do homem. Eu amo
a atitude de Billy Sunday. Ele disse: “Se você acha que alguém vai me assustar,
você não me conhece ainda”.
Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no SENHOR
está seguro. — Provérbios 29:15
Temer o homem vai além de temer o mal físico. Muitos
temem rejeição, ridículo ou desaprovação. Alguns até mesmo tornam-se “viciados
em aprovação”, perseguindo obsessivamente a aprovação humana a qualquer custo,
e remoendo ansiosamente o que outros pensam sobre eles. De fato, a versão A
Mensagem parafraseia Provérbios 29:25: “O medo da opinião dos homens pode
paralisar; a confiança no Eterno o protegerá disso”.
Isso me faz pensar muito melhor o quanto o corpo de
Cristo, crentes e líderes, têm sido paralisados e temos tido nosso potencial
minimizado devido ao medo do homem. Um exemplo clássico de medo do homem é
encontrado na maneira como certos indivíduos respondem a Jesus.
Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram
nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos
da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. — João 12:42-43 (NLT)
Quando indivíduos são regidos pelo medo do homem, eles
irão recolher suas próprias convicções e violar sua própria consciência.
Podemos perceber a partir desse versículo (e talvez por meio das nossas
próprias experiências e observações), que a pressão do grupo não afeta apenas
adolescentes. Se somos vencidos pelo medo da opinião humana, é porque
provavelmente temos magnificado o homem e minimizado Deus em nossos
pensamentos.
Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu,
para que temas o homem, que é mortal, ou o filho do homem, que não passa de
erva? Quem és tu que te esqueces do SENHOR, que te criou, que estendeu
os céus e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do tirano,
que se prepara para destruir? Onde está o furor do tirano? — Isaías 51:12-13
Quando reverenciamos a Deus de forma apropriada em nossas
vidas e entendemos que a opinião Dele é aquela que importa finalmente, iremos
evitar o laço, a deficiência e a paralisia que vêm do servilismo diante da
desaprovação do homem.
Jesus demonstrou grande maturidade, até mesmo quando
tinha 12 anos de idade. Quando Seus pais finalmente O acharam no templo, Maria
falou com Jesus com muita emoção. Lucas 2:48 descreve sua fala: “Filho, por que
fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura”.
Nem todos respondem bem a tal declaração, mas a resposta
de Jesus revela muito:
• Ele não
respondeu com arrogância. A arrogância teria dito: “Eu farei o que eu quiser,
quando eu quiser, e como eu quiser e não quero mais nenhuma palavra sua”.
• Ele não
respondeu desculpando-se. Uma desculpa poderia ser: “Desculpe-me. Eu nunca
farei algo para chateá-los”.
• Ele não
respondeu com assertividade. Jesus simplesmente disse (Lucas 2:49): “Por que me
procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” Jesus era
tão seguro, calmo, confortável e confiante na aceitação e aprovação de Deus,
que não precisou responder com arrogância ou se acovardar em intimidação.
Se estivermos inseguros sobre o amor e a aceitação do
Pai, então tentaremos preencher esse vazio em nossas vidas com a aprovação das
pessoas. O problema aparece quando reconhecemos que o amor e a aprovação do
homem são tipicamente condicionais, inconstantes e temporais. Como resultado,
nunca estamos verdadeiramente seguros porque o amor do homem é sujeito à
mudança. Contudo, o amor de Deus é incondicional, imutável e eterno. Nele,
achamos verdadeira segurança. Por isso é tão melhor para nós andarmos no temor
reverente e admiração por Deus, do que ser uma “montanha-russa” emocional em
busca da aprovação do homem.
Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os
abandonarei”. Portanto, sejamos corajosos e afirmemos: “O Senhor é quem me
ajuda, e eu não tenho medo. Que mal pode alguém me fazer?” — Hebreus 13:5-6 (NTLH)
Esse é o tipo de confiança que todo filho e servo de Deus
deveria ter. É importante entender que a liberdade do medo do homem não envolve
ter uma atitude altiva que diz: “Bendito seja Deus, eu não ligo para o que
qualquer pessoa pensa ou diz sobre mim”. É tão maravilhoso ter segurança na
aceitação de Deus que você não se encolhe diante da rejeição ou desaprovação
humana. Contudo, é outra coisa ter uma atitude rebelde, arrogante, carnal e
independente que o leva a descuidar e desrespeitar outros.
Para entender apropriadamente qual deveria ser a nossa
posição, não apenas precisamos observar a perspectiva de Paulo em 1 Coríntios
4:3 (… pouco me importa como eu posso ser avaliado por vós), mas também
precisamos ouvir o sábio equilíbrio que ele expressou posteriormente no mesmo
livro.
Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem
qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Vivam de tal maneira
que não prejudiquem os judeus, nem os não-judeus, nem a Igreja de Deus. Façam
como eu. Procuro agradar a todos em tudo o que faço, não pensando no meu
próprio bem, mas no bem de todos, a fim de que eles possam ser salvos. — 1 Coríntios 10:31-33
Paulo se contradisse? Sabemos que Paulo disse em outro
lugar (Colossenses 3:22) para não sermos alguém que agrada às pessoas, mas
agora ele descreve como ele sempre tenta agradar a todos. Isso pode parecer um
tanto paradoxal, mas não é contraditório. Na verdade, Paulo está falando sobre
duas questões diferentes.
Em 1 Coríntios 10, Paulo não está descrevendo uma
insegurança ou um medo alicerçado na perseguição pela aprovação para o seu
próprio benefício, mas em vez disso, um esforço, fundamentado no amor, para
servir a outros para o benefício deles.
Observe os qualificadores de Paulo:
• Primeiro, ele
diz que deveríamos fazer as coisas para a glória de Deus.
• Segundo, ele
diz que deveríamos evitar ofender ou ser um obstáculo desnecessário que afasta
as pessoas de Deus.
• Terceiro, vemos
Paulo buscando agradar a outros (não apenas a ele mesmo). Ele faz isso não pelo
seu próprio benefício pessoal (para satisfazer uma necessidade em sua própria
vida), mas para o benefício de outros a fim de que eles possam ser salvos.
Como você tem feito com as opiniões dos outros? Há
algumas notas baixas, até mesmo vozes para diminuí-lo vindas do passado, que
você precisa lançar fora? Tem existido alguma “conversa fiada” lançada no seu
caminho que você precisa se levantar sobre ela? Há algum elogio, uma nota alta
que você precisa ignorar?
Lembre-se de que você é simplesmente quem Deus disse que
você é e quem Deus o criou para ser. Você não tem razão para se sentir
inferior, e nenhuma razão para se ensoberbecer.
Você é uma pessoa de grande valor porque Deus diz que você é. Você tem um grande potencial porque Ele o tem presenteado e chamado. Ande nisso, e se mantenha livre da prisão do medo das pessoas.
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