QUALIFICADOS
CAPÍTULO 17 – REFLEXOS DO ESCÂNDALO
“Aqueles que ensinam por meio da doutrina precisam ensinar por intermédio de suas vidas, senão eles derrubarão com uma das mãos o que construíram com a outra.” — Matthew Henry

Pensamento-chave: Líderes espirituais precisam entender que suas decisões e ações nunca são “privadas”, pois eles têm o potencial de trazer grande vergonha à causa de Cristo.
O que acontece quando um escândalo atinge a igreja? Qual é a consequência? Todos os crentes, e especialmente aqueles em posição de liderança espiritual e em responsabilidade na igreja, deveriam lembrar-se frequentemente do significado dos seus testemunhos.
O rei Davi criou um mundo de dores e problemas quando cometeu adultério com Bate-Seba (e então assassinou Urias em uma tentativa de encobrir o seu erro). Davi foi perdoado do seu pecado, mas ainda assim houve graves repercussões. O restante da vida de Davi foi marcado por “dores de cabeça” e tragédias, por conta disso o seu reinado foi marcado por um desastre após o outro.
Vamos observar três consequências do pecado de Davi:
1. NATÃ DISSE: “NÃO SE APARTARÁ A ESPADA JAMAIS DA TUA CASA”
(2 Samuel 12:10). Isso é preocupante! É importante entender que o perdão espiritual não erradica imediatamente todas as consequências das nossas ações. Se eu roubar um banco amanhã, eu creio que Deus me perdoará; contudo, os tribunais provavelmente não. Por conseguinte, eu envergonharia a minha família e destruiria a confiança que outros depositam em mim. Confiança é a moeda do ministério, e sem credibilidade nossa habilidade de influenciar a vida de outras pessoas é grandemente comprometida. Sim, Davi recebeu perdão, mas as ramificações das consequências do seu pecado foram experimentadas socialmente, nos relacionamentos e politicamente. Por causa do seu pecado, as consequências foram intensas, horríveis e em longo prazo.
2. DEUS NÃO OLHOU PARA DAVI COMO ALGUÉM QUE MERAMENTE CEDEU À TENTAÇÃO; AOS OLHOS DE DEUS O PECADO DE DAVI FOI MAIS PROFUNDO QUE ISSO.
Em referência ao ato de desobediência de Davi, Deus disse: “… porquanto me desprezaste…” (2 Samuel 12:10). Deus toma nossa obediência (e nossa desobediência) muito seriamente e muito pessoalmente. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Deus nunca fica impressionado com as nossas palavras se as nossas ações estiverem erradas. 1 João 2:4 declara: “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade”. Antes de haver uma “Grande Comissão” havia um “Grande Mandamento”, que envolve amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, alma, mente e forças. Amor real a Deus produzirá obediência a Ele.
3. OUTRA SERÍSSIMA AFIRMAÇÃO É:
“Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do SENHOR…” (2 Samuel 12:14). Sabemos que o Evangelho é verdadeiro, mesmo que um ministro em particular o esteja vivendo ou não; contudo, a sociedade como um todo tende a julgar a mensagem pelo mensageiro. Quando Paulo falou daqueles que pregavam uma coisa e viviam outra (Romanos 2:21-24), ele encerrou as suas observações com: “… o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa”.
Começando em Mateus 18:6, Jesus falou a respeito de ofensas, e apontou sérias consequências a quem ofender “um destes pequeninos”. As palavras traduzidas por “ofender” e “ofensa” (usadas seis vezes nesses poucos versículos), em grego são skandalizo e scandalon. Essas palavras dão origem à nossa palavra “escândalo” em português.
Comportamentos escandalosos por parte dos cristãos trazem ofensa e levam pessoas a tropeçarem. Isso desanima e confunde crentes novos na fé, alienam aqueles que podem estar considerando a ideia de se unirem ao Cristianismo, e oferece uma grande ocasião para o inimigo do Senhor blasfemá-lo.
O que eu estou escrevendo não intenta projetar condenação a qualquer um que falhou no passado. Somos chamados a sermos participantes da misericórdia e restauração (Gálatas 6:1; Tiago 5:19-20). Estou simplesmente resumindo o que foi um forte lembrete no tocante à seriedade do nosso chamado e do mandato que devemos abraçar relacionado à vida piedosa que devemos ter, caso vivamos para pregar o Evangelho efetivamente. Não é tempo de nos levantarmos em julgamentos contra outros; é tempo de examinarmos os nossos próprios corações no temor piedoso do Senhor.
Advertências contra o pecado existem desde o princípio. Quando Caim estava zangado e enciumado em relação a Abel, Deus disse: “Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (Gênesis 4:7, NTLH).
Até mesmo Paulo, tão espiritualmente maduro como era, não confiava em sua carne. Ele disse: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:27). As palavras de Spurgeon também continuam ressoando até hoje: “Qualquer ‘chamado’ que um homem finja ter, se ele não foi chamado para a santidade, ele certamente não foi chamado para o ministério”.39
Alguém descreveu o enganador e destrutivo poder do pecado desta maneira: “O pecado levará você além de onde você pretende ir, o manterá mais longe do que você pretende ficar, e lhe custará mais do que você pretende pagar!”
DIZENDO “NÃO”, DIZENDO “SIM”
Creio que os nossos destinos são formados mais pelas escolhas que fazemos do que pelas circunstâncias que enfrentamos. Nosso caráter e o nosso futuro são moldados pelas vezes que dizemos “não”, e às vezes que dizemos “sim”.
• Abraão disse “não” às riquezas de Sodoma, e “sim” para as promessas de Deus.
• José disse “não” à esposa de Potifar, e “sim” ao serviço fiel.
• Moisés disse “não” aos tesouros do Egito, e “sim” às designações celestiais.
• Eliseu disse “não” à prata de Naamã, e “sim” à integridade altruísta.
• Daniel disse “não” aos manjares do rei, e “sim” à consagração piedosa.
• Neemias disse “não” às negociações comprometedoras, e “sim” à persistência inabalável.
• Paulo disse “não” ao ser pesado para as igrejas, e “sim” ao amor sacrificial.
• Jesus disse “não” ao conforto, e “sim” à cruz.Jesus Cristo esperava que nós tivéssemos um “sim” forte e um “não” claro. Ele e Tiago disseram: “… que o seu ‘sim’ seja ‘sim,’ e o seu ‘não’, ‘não’”. Se nos sentimos forçados ou tentados quando precisamos fazer a coisa certa, é importante que voltemos para os nossos valores fundamentais e nos lembremos de quem Deus nos chamou para ser. Roy Disney disse: “Não é difícil tomar decisões quando você sabe quais são os seus valores
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