QUALIFICADOS
CAPÍTULO 14 – CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS A RESPEITO DE SABEDORIA FINANCEIRA E INTEGRIDADE
“Nós consideramos uma responsabilidade sagrada e uma oportunidade genuína sermos administradores fiéis de tudo o que Deus tem nos confiado; nosso tempo, nosso talento e nossos recursos financeiros. Vemos a vida como um encargo sagrado a ser usado sabiamente.” — Aliança Moraviana para a Vida

Pensamento-chave: Líderes espirituais são conscientes, responsáveis e diligentes em seu trato com o dinheiro.
Na ocasião em que escrevo isto, meu país tem experimentado um longo período de extrema dificuldade financeira. Os valores das casas despencaram e o desemprego permanece em alta. Nos últimos anos, um número sem precedentes de pessoas entrou em falência e muitas delas perderam os seus lares devido às execuções de hipotecas. Como resultado dessa recessão, muitas igrejas e ministérios e bons líderes espirituais cristãos foram adversamente afetados.
Estamos vivendo dias nos quais líderes não devem apenas ter uma grande fé para confiar e crer em Deus, mas também devem ter grande sabedoria para lidar sabiamente com o dinheiro. Nada neste capítulo pretende refletir negativamente ou trazer condenação para pessoas ou igrejas que sofreram reveses financeiros. Entretanto, também é extremamente importante que líderes e crentes atuem nos mais altos níveis de ética e sabedoria, no que diz respeito a questões financeiras.
Quer você esteja lendo isso em um tempo de desafios financeiros ou um período de grande abundância, você tem um antecessor no ministério que pode relacionar-se com a sua situação. Paulo disse: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:12-13). A versão NTLH traduz parte do versículo 12 assim: “… sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é preciso”.
RESPONSABILIDADE
Paulo era muito diligente ao proteger-se de acusações de inconveniência, por meio de uma sólida responsabilidade no que dizia respeito a lidar com finanças. Ele falou de uma oferta que recebera na Grécia, para os crentes em Jerusalém, quando disse: “Queremos evitar que alguém nos critique quanto ao nosso modo de administrar essa generosa oferta, pois estamos tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas também aos olhos dos homens” (2 Coríntios 8:20-21, NVI).
Para facilitar seu desejo por responsabilidade, Paulo encorajou cada igreja a ter um representante acompanhando-o e ajudando na distribuição desses fundos. Paulo poderia ter levado o dinheiro sozinho para Jerusalém, e eu acredito que ele teria sido completamente honesto em suas relações. Entretanto, ao fazê-lo, ele poderia ter se exposto à crítica e se colocado em uma posição vulnerável.
CONSELHO SÁBIO
Provérbios 11:14 nos diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”. Em tempos de leis complexas, é benéfico para pastores, igrejas e ministérios buscarem conselhos e direções de vários profissionais, como contadores, advogados, banqueiros, assessores executivos, agentes de seguros, etc. Alguns desses conselhos custarão dinheiro, mas seria muito mais caro não ter a direção apropriada. Igrejas e ministérios deveriam fixar recursos adequados de modo a receberem tais conselhos e adquirirem serviços profissionais, à medida que forem necessários. Procedimentos e sistemas apropriados deveriam ser estabelecidos e seguidos. Semelhantemente, princípios comerciais saudáveis deveriam ser implementados e todas as leis relevantes observadas.
É sempre bom garantir que se está recebendo conselhos saudáveis de fontes bem conceituadas. Uma vez alguém disse: “Os dois caminhos mais rápidos para o desastre são: não tomar conselho com ninguém e se aconselhar com todos”. Sófocles disse: “Nenhum inimigo é pior do que um conselho ruim”.
CUMPRINDO AS OBRIGAÇÕES RESPONSAVELMENTE
Isto pode parecer elementar, mas pagar as nossas contas e impostos é uma parte de agir em integridade. Deveríamos ser diligentes e rápidos nessas questões. Quando indagado acerca de pagar impostos, Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21).
Paulo reiterou isso quando disse: “Portanto, vivam com responsabilidade — não apenas para evitar a punição, mas por ser a maneira certa de viver. É por isso, também, que vocês pagam impostos — para que a ordem seja mantida. Cumpram suas obrigações como um cidadão. Paguem seus impostos. Paguem suas contas. Respeitem seus superiores” (Romanos 13:5-7, A Mensagem).
No versículo seguinte, Paulo diz: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros…” (Romanos 13:8). Alguns têm interpretado isso querendo dizer que um cristão, sob nenhuma circunstância, deve pedir dinheiro emprestado. Entretanto, acredito que outras versões acrescentam luz adicional e útil ao sentido desse versículo.
Na NVI lemos: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros…”. A tradução NTLH traz esse versículo assim: “Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros…”.
Entendido desse modo, recebemos a impressão de que devemos, simplesmente, pagar as nossas contas em dia. Entretanto, existe, obviamente, grande sabedoria em ficar livre de débitos e viver livre de débitos. Provérbios 22:7 diz: “…quem toma emprestado é escravo de quem empresta”, e isso é especialmente verdadeiro quando o débito se tornou esmagador e descontrolado. Alguém uma vez disse: “Quando os seus gastos excedem os lucros, a sua manutenção se torna a sua ruína”.
Gastos irresponsáveis e débitos com cartão de crédito tornaram-se um grande problema em nossa nação. O cartão de crédito pode ser uma ferramenta muito boa, mas se não for administrado corretamente, pode se tornar um grande cativeiro. Em minhas viagens, o cartão de crédito é necessário para a locação de carros, pagar hotel, etc. Entretanto, Lisa e eu assumimos, ao longo dos anos, a prática de não colocarmos no nosso cartão mais do que estamos preparados para pagar no final do mês. Isso tem nos salvado e economizado uma quantia significativa de dinheiro em juros.
O crédito fácil e uma sociedade materialista têm contribuído para que muitas pessoas excedam os seus limites financeiros. Alguns têm estado obcecados em querer parecer prósperos, e por isso compraram casas, carros, roupas, joias, etc., que estavam simplesmente além das suas posses.
George Washington Carver, que morreu em 1943, disse: “Temos nos tornado 99% loucos por dinheiro. O método de vivermos, no lar, modestamente e dentro das nossas condições, lançando um pouco sistematicamente para o proverbial dia chuvoso que irá chegar, pode ser quase listado entre as artes perdidas”.
Calvin Coolidge, presidente dos Estados Unidos de 1923 a 1929, afirmou: “Não há dignidade tão impressionante, ou independência tão importante, do que viver dentro das suas posses”.
Uma boa regra de ouro, para aqueles que buscam administrar sabiamente o seu dinheiro, é dar 10% para Deus, colocar 10% na poupança e viver dentro dos 80% dos seus recursos.
EMBARAÇOS A EVITAR
Alguns têm se esforçado para ajudar outros, sendo fiador para eles em um empréstimo. Embora isso soe virtuoso, pode levar a sérios problemas. Primeiro, se a pessoa não pagar as suas contas, você está obrigado a pagar. Segundo, se a pessoa não paga a sua conta e você paga, ela provavelmente ficará desconfortável por estar perto de você e, se você for um pastor ou um líder espiritual, isso significa que ela irá, provavelmente, evitar a igreja (isso também se aplica quando você faz um empréstimo para alguém). Se isso não é razão suficiente para você evitar ser fiador, então considere as seguintes passagens:
Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho e caiu na armadilha das palavras que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se; insista, incomode o seu próximo! Não se entregue ao sono, não procure descansar. Livre-se como a gazela se livra do caçador, como a ave do laço que a pode prender. — Provérbios 6:1-5
Quem serve de fiador certamente sofrerá, mas quem se nega a fazê-lo está seguro. — Provérbios 11:15
O homem sem juízo com um aperto de mãos se compromete e se torna fiador do seu próximo. — Provérbios 17:18
Não seja como aqueles que, com um aperto de mãos, empenham-se com outros e se tornam fiadores de dívidas; se você não tem como pagá-las, por que correr o risco de perder até a cama em que dorme? — Provérbios 22:26-27
RECEBENDO DÍZIMOS E OFERTAS
• Ensine ousadamente e com confiança a respeito de administração, dízimos, ofertas, generosidade, etc. Não seja envergonhado, apologético ou retraído ao ensinar sobre dinheiro ou assuntos relacionados; isso é parte da vontade de Deus que somos responsáveis de ensinar.
• Seja honesto e objetivo quanto a projetos especiais e necessidades da igreja e assegure-se de que ofertas específicas vão para os projetos para os quais foram designadas.
• Não pressione as pessoas a dar por meio da culpa, vergonha, condenação, ameaça, etc.
• Não “engane” ou manipule pessoas a fazerem uma doação compulsiva de maneira que mais tarde elas se arrependerão e ficarão ressentidas quanto a isso. Uma pessoa deve dar “segundo propõe em seu coração” (2 Coríntios 9:7), não em um estado de sentimentalismo frenético.
• Não faça promessas infundadas e irrealistas para as pessoas. Evite tudo o que possa ser entendido como manipulação espiritual.
• Evite artifícios.
PASTOR — RELACIONAMENTOS COM MINISTROS CONVIDADOS
Em um artigo intitulado, “Etiqueta para pastores: como honrar ministros convidados em sua igreja”, o pastor Michael Cameneti escreveu:
Acreditamos que qualquer ministro que semeia a Palavra na nossa congregação é alguém que Deus quer abençoar, por isso nos esforçamos para abençoar esse ministro convidado “acima e além”. Consistentemente, busco transmitir à nossa congregação a essência do dar e de ser uma bênção por meio de ministrações sobre finanças, fundamentadas em 1 Timóteo 5:18. Depois, encorajo a todos na nossa igreja a participarem dando uma oferta especial para o ministro convidado. Além disso, acredito que é sempre melhor semear em uma oferta do que o montante inicial recebido, portanto, acrescentamos às ofertas dos convidados apenas para abençoá-los. Em nosso coração sentimos fortemente que não podemos dar mais do que Deus e que Ele irá suprir todas as nossas necessidades à medida que semeamos na vida de outros.
Semelhantemente, os ministros convidados devem ser altamente respeitosos com a igreja local, bem como com o seu pastor. Ao longo dos anos, ouvi pastores compartilharem acerca de experiências negativas com ministros convidados, que pareciam estar muito mais interessados no que eles poderiam obter da igreja, financeiramente, do que o que eles poderiam oferecer à igreja, espiritualmente.
Recentemente, ministrei em uma igreja e, antecipadamente, recebi instruções por escrito. Achei que essas instruções foram muito boas. Era óbvio que, pelos pontos apresentados nessas instruções, o pastor sentia que o seu povo tinha sido “tosquiado” antes. Como um bom pastor, ele estava apenas fazendo o seu melhor para assegurar que esse tipo de coisa não acontecesse novamente. Algumas de suas instruções incluíam:
• Dependendo do tipo de culto, um pagamento será dado ao ministro convidado, ou o pastor retirará uma oferta para o ministro ao final do culto. Aos ministros convidados não é permitido pedirem a sua própria oferta de púlpito.
• Os envelopes da igreja apenas serão utilizados se uma oferta for solicitada.
• Só serão permitidos três minutos para a divulgação de produtos no púlpito, a menos que o pastor autorize antecipadamente.
• Os membros da igreja não serão inseridos na lista de contatos do ministro, exceto sob seu consentimento claro e pessoal.
• A igreja irá providenciar, por mesa, até dois voluntários experientes, para ajudar na organização e venda dos produtos e materiais do ministro. Isso será assim porque somos sensíveis com respeito à interatividade com as pessoas da nossa comunidade.
• Cheques pelos produtos serão feitos nominais à igreja. Todo o dinheiro das vendas de produtos será enviado pelos correios, com a oferta, dentro de três a cinco dias úteis.
Não estou apresentando essas ideias como um absoluto “dever”, mas existe uma grande necessidade de que pastores e ministros convidados trabalhem com respeito mútuo. O ideal será alcançado quando cada parte buscar abençoar, grandemente, a outra parte. “
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