OS CAÇADORES DE DEUS

CAPITULO 3 – SEI QUE HÁ MAIS
REDESCOBRINDO A PRESENÇA DE DEUS
Não sei quanto a você, meu amigo, mas existe uma paixão ardente em meu coração que sussurra, dizendo-me que existe muito mais do que sei ou conheço, mais do que tudo que já tenho alcançado. Isso me faz “invejar” João, que escreveu Apocalipse, e todas as pessoas que vislumbraram o que não é deste mundo e viram coisas com as quais somente tenho sonhado. Sei que existe “mais”, sei porque existem aqueles que experimentaram isto e nunca mais foram os mesmos. Caçadores de Deus! Minha oração é: Quero ver-Te assim como João Te viu, Meu Senhor!
Em todas as leituras e estudos bíblicos que já fiz, jamais encontrei uma pessoa que realmente tenha experimentado um encontro com Deus e depois tenha se desviado ou se rebelado contra Ele. Uma vez que você experimente o Senhor em Sua glória, não há como virar as costas ou esquecê-Lo. Isto é muito mais do que simples argumentos, teorias ou doutrinas, é experiência. É por causa disto que o apóstolo Paulo disse: “…sei em quem tenho crido…” (2 Timóteo 1.12b). Infelizmente, muitas pessoas na Igreja diriam: “Eu sei coisas a respeito de quem tenho crido.” Isto significa que nunca encontraram Deus em Sua glória.
As pessoas que vêm às nossas igrejas têm experimentado mais um encontro com homens e seus cerimoniais, que um encontro com Deus e Sua inesquecível majestade e poder. As pessoas precisam ter uma experiência como aquela que Saulo teve na estrada de Damasco, onde encontrou-se com o próprio Deus (Atos 9:3-6).
Tal experiência evidencia a diferença entre a onipresença de Deus e a presença manifesta de Deus. O termo “onipresença” de Deus refere-se ao fato de que Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele é aquela “partícula” do núcleo atômico que os físicos nucleares podem rastrear mas não podem ver. O Evangelho de João aborda esta qualidade divina quando diz: “…e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1.3). Deus está em tudo e em todos os lugares. Ele é essência de tudo que existe, é o vínculo que mantém unidos todos os componentes do Universo e que sustenta a integridade de cada um destes componentes!
Isto explica porque as pessoas podem estar em um bar, embriagadas, e, de repente, sentirem o convencimento vindo do Espírito Santo, sem que haja por ali um pastor, alguma música evangélica ou qualquer outra influência cristã. Deus está ali no bar com aquela pessoa. E ela, com a mente entorpecida pelo álcool, perde suas inibições para com Deus. Infelizmente, não é uma decisão baseada na vontade que move essas pessoas para Deus. Tal atitude é fruto da fome de seus corações. Suas “mentes” estão entorpecidas e seus corações famintos. Tão logo a “mente” se recupere, elas retornam ao estado inicial, não foi um encontro válido, a vontade não foi quebrantada. Eis a receita para a miséria: um coração faminto, uma cabeça (mente) orgulhosa e uma vontade não quebrantada (insubmissa).
Agora, se Deus pode fazer isto em um bar, por que nos surpreendemos com todas as outras coisas que Ele pode fazer “por Si mesmo”? Muitas pessoas que não foram criadas na igreja dizem que, na primeira vez que sentiram o toque do Espírito, não estavam em um culto. Tudo isto ilustra os efeitos da onipresença de Deus, o Seu atributo de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
A MANIFESTAÇÃO DA PRESENÇA DE DEUS
Embora Deus esteja presente em todos os lugares ao mesmo tempo, há momentos em que Ele concentra a essência de Seu ser em um local específico. É o que muitos chamam de “presença manifesta de Deus”. Quando isto acontece, há uma forte convicção de que o próprio Deus “Se fez presente” em nosso meio. Podemos dizer que, embora Ele esteja em todos os lugares todo o tempo, existem momentos especiais em que Ele está mais “aqui” do que “ali”. Por alguma razão divina, Deus escolhe concentrar-Se ou revelar-Se de uma maneira mais forte em um determinado tempo ou lugar.
Teologicamente falando, talvez este conceito possa perturbá-lo. Talvez você esteja pensando: Espere um momento. Deus está sempre aqui. Ele é onipresente. Sim, é verdade, mas, então, por que Ele disse: “…se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar Minha face..”? (2 Crônicas 7.14). Se eles já eram o povo de Deus, qual outra instância de Sua presença deveriam buscar? A face de Deus! Por quê? Porque o favor do Senhor flui para onde quer que esteja voltada a Sua face. Você pode ser filho de Deus e ainda não ter Seu favor, assim como um filho pode ser desfavorecido, sem ser renegado.
A expressão usada no versículo é muito interessante. Deus disse a Seu povo, que se eles buscassem Sua face e se “convertessem de seus maus caminhos”, então, Ele não só ouviria as suas orações, como também sararia a sua terra. Como podemos ser povo de Deus e ainda permanecermos em maus caminhos? Talvez nossos maus caminhos expliquem o fato de estarmos satisfeitos somente com a proximidade de Deus ao invés de desfrutarmos de Sua presença. Sabe o que vai fazer com o favor de Deus se volte para nós? Nossa fome. Devemos nos arrepender, buscar a face do Senhor, e orar: “Deus, volte os Teus olhos para nós, e nós ficaremos na dependência de Ti.”
GUIADOS PELOS OLHOS DE DEUS
Frequentemente, os cristãos só conseguem se guiar pela Palavra ou pela profecia. A Bíblia diz que Deus quer que superemos isso, e alcancemos uma instância mais elevada, marcada por um maior grau na ternura de coração para com Ele, e por uma maturidade mais profunda, que o permita que Ele venha a nos guiar sob Suas vistas (Salmos 32.8).
No tipo de lar em que fui criado, bastava meu pai ou minha mãe me olhar de certa maneira, que conseguiam o trabalho que queriam de mim. Se eu estivesse “aprontando” alguma, eles não precisavam dizer nada. Os sinais que seu olhar dirigia a mim davam-me as instruções de que eu precisava.
Será que você ainda precisa ouvir alguém trovejar atrás do púlpito? Ainda precisa de alguma enérgica profecia para endireitar seus caminhos? Ou você é capaz de ler a emoção de Deus através de Sua expressão facial? Você é suficientemente sensível para que o olhar de Deus o guie e o convença de seu pecado? O que acontece quando Deus olha para você? Será que imediatamente você diz: “Não posso fazer isso”, “Não posso ir por ali”, “Não posso dizer isto, porque não agradaria a meu Pai”? Pedro foi convencido pelo olhar de Deus, ao ouvir o cantar daquele galo. Por isso, chorou e se arrependeu.
Deus está em todo lugar, mas Sua face e Seu favor não estão voltados para todos os lugares. É por isso que Ele nos diz para buscar Sua face. Sim, Ele está com você e seus irmãos na hora do culto. Mas, qual foi a última vez que, de tanta fome, você tenha subido no colo do Senhor e, como uma criança, tenha voltado a face do Pai em sua direção? Intimidade: É isto que Deus quer. E que a Sua face seja nossa prioridade.
Os israelitas se referiam à presença manifesta de Deus como a glória SHE KIN A H . Quando Davi pensou em trazer de volta a arca da aliança a Jerusalém, ele não estava interessado na caixa de ouro, nem no que havia dentro dela. Ele estava interessado naquela chama azulada que pairava entre os dois querubins sobre o propiciatório. Era isso que ele queria, porque a chama significava a presença de Deus. E para onde quer que a glória ou a presença manifesta de Deus fosse, haveria vitória, poder e bênção. A busca de intimidade traz bênçãos, mas a busca de bênçãos, nem sempre traz intimidade.
Nosso clamor é pela restauração desta presença em nosso meio. Quando Moisés estava exposto à glória de Deus, o reflexo daquela glória fez com que seu rosto brilhasse tanto que, no momento em que desceu do monte, o povo lhe disse: “Moisés, cubra o rosto, porque não conseguimos olhar para você” (Êxodo 34.29-35). Qualquer coisa ou pessoa que esteja exposta à presença manifesta de Deus, começa a absorver Sua essência. Você pode imaginar como era o ambiente na Santo dos Santos? Quanto da glória de Deus foi absorvida por aquelas cortinas, pelo véu e pela própria arca?
O “STATUS” DO LUGAR ONDE DEUS PERMANECE
Quando Deus começa a manifestar-se em um lugar ou entre um povo, algo fora do comum acontece por causa de Sua presença. Se você não acredita, pergunte a Jacó. Veja como ele fugia de seus problemas. Em um determinado momento, Deus mandou que ele voltasse para Betel, que significa “Casa de Deus”. Jacó disse, em suma, à sua família: “Se voltarmos para Betel, edificarei um altar a Deus e estaremos bem” (Gênesis 35.1-3). Ele sabia que a presença do Senhor era contínua em Betel.
É interessante ler o que aconteceu a Jacó e sua família quando chegaram a Betel:
“E, tendo eles partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhe eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó.” (Gênesis 35.5, grifos do autor)
A palavra hebraica para “terror” vem de uma raiz que significa “prostrar-se, ser abatido por violência, confusão ou temor” Se queremos que o “temor do Senhor” seja restaurado no mundo, então a Igreja deve voltar- se para Betel, o lugar da presença manifesta de Deus.
TROMBANDO COM A NUVEM
A presença manifesta de Deus continua em um lugar, mesmo quando não há mais ninguém por perto. Eu me lembro do dia em que um irmão que fazia parte do corpo administrativo de uma igreja, num dia de semana normal, passou pelo altar, a fim de trocar a água do batistério. E desapareceu. Três horas depois, alguém percebeu sua ausência e, a partir daí, começaram a procurá-lo. Quando acenderam as luzes do altar, encontraram o homem estirado no lugar onde ele caíra, após chocar-se com a nuvem da presença de Deus.
Há oportunidades em que uma nuvem da presença de Deus se manifesta de repente, quando o povo santo está adorando-O. Isso causa arrepios. Parece a névoa da glória de Deus começando a se condensar e a se solidificar ante os nossos olhos. Eu não consigo compreender isso, mas estou dizendo o que, de fato, acontece.
Um dos pastores daquela igreja tinha um cunhado ateu. Na verdade, ele não era só ateu, era um “antievangélico”. Era o tipo de pessoa que sempre causava problemas e provocava discussões ferrenhas. Em meio à manifestação de Deus, naquela igreja em particular, o tal cunhado telefonou para a esposa do pastor, que era sua irmã e lhe disse: “Estou embarcando para a casa de vocês. Dá para me apanhar no aeroporto? Quero passar uns dois dias com vocês.”
O pastor sabia que algo estava prestes a acontecer, porque o cunhado nunca fizera isto antes. Quando ele chegou, era óbvio que não sabia bem o que estava fazendo ali. E lá estavam eles, no carro, tentando manter um diálogo, quando, na verdade, não tinham nada em comum. Conversaram um pouco a respeito do tempo e, depois, entraram num longo e embaraçoso período de silêncio. Quando passaram perto da igreja, o pastor disse: “Esta é a igreja. Acabamos de concluir algumas reformas.”
Como o homem nunca tinha visto a igreja e o pastor entendeu que aquela seria uma boa oportunidade para quebrar aquele silêncio incômodo, disse: “Você não gostaria de entrar e dar uma olhada, gostaria?” Para sua surpresa, a resposta foi: “Sim.”
“NÃO ESTOU PRONTO PARA ISTO “
O pastor estacionou e abriu as portas da igreja. O cunhado estava atrás e, logo após, a esposa do pastor. Ele abriu a porta e, no momento em que os pés de seu cunhado tocaram o chão da igreja, o homem rompeu em soluços e começou a chorar e a clamar: “Meu Deus, me ajude! Não estou pronto para isto! O que vou fazer?”
Então, ele se agarrou ao pastor e disse: “Diga-me como ser salvo agora!” Ele se contorcia pelo chão e chorava copiosamente. O pastor conduziu seu cunhado a Cristo ali mesmo. O homem estava no chão, com metade do corpo para dentro e metade para fora da igreja. A esposa do pastor pacientemente segurava a porta aberta! Seu irmão ateu teve um encontro com a presença de Deus que ali continuava, como reflexo da manifestação de Sua glória.
Tão logo ele se recuperou, lhe perguntaram: “O que aconteceu com você?”. Ele respondeu: “Não sei como explicar. Tudo que sei é que, quando estava do lado de fora do prédio, eu era um ateu e não acreditava na existência de Deus. Mas, quando cruzei aquela porta, O encontrei e sabia que era Deus. Sabia que tinha que me reconciliar, me senti muito mal com minha vida.” E completou: “Era como se toda minha força tivesse saído de mim.”
O que poderia acontecer em uma cidade ou região se tal força da presença de Deus se expandisse além da área da igreja?
A UNÇÃO E A GLÓRIA
Quando a unção de Deus se reflete sobre a carne humana, faz com que tudo flua melhor. Uma das imagens bíblicas mais claras a respeito da unção e de seus propósitos está no livro de Ester. Ester estava sendo preparada para sua apresentação ao rei da Pérsia. Foi necessário um ano de purificação, durante o qual ela se banhava repetidamente em óleo perfumado – que curiosamente era feito dos mesmos ingredientes do óleo hebreu usado para unção e como incenso. Um ano de preparação para urna noite com o rei! Uma consequência lógica é que, depois de todos estes banhos com óleo perfumado, os homens que se aproximassem de Ester, pensariam ou diriam: “Como você está perfumada!” E é claro que Ester não gastaria tempo com eles, assim como eu e você não deveríamos nos deixar levar pela aprovação dos homens, sabe por quê?
O PROPÓSITO DA UNÇÃO NÃO É BUSCAR APROVAÇÃO DOS HOMENS, MAS DO REI.
A aprovação do Rei é muito mais importante. Davi foi ungido por Deus, para depois ser coroado pelo povo. Ele buscou a aprovação de Deus mais do que a dos homens. Ele era um caçador de Deus!
Temos desonrado a unção de Deus muitas vezes. Nos preparamos para Ele, nos banhamos em Sua doce, perfumada e preciosa unção, e, depois disto, tudo o que fazemos é desfilar perante os homens! Acabamos sendo entretidos no caminho para a sala do Rei e nunca chegamos lá. Deixamo-nos seduzir por outros amores de pouco valor. Precisamos lembrar que nosso Rei não aceita nada que esteja “manchado ou corrompido”. Somente os puros estão aptos a ser admitidos nos aposentos do Rei. Estou dizendo que corrompemos a unção de Deus quando dizemos: “Aquela foi uma boa pregação!” ou: “Aquele louvor estava realmente muito bom!” e damos ao homem a glória e a atenção devidas a Deus – ou então, buscamos a glória e a atenção vindas de homens. Nós estaríamos buscando, assim, agradar à carne, mas nunca a Deus.
A unção realmente tem maravilhosos efeitos em nossas vidas: ela quebra o jugo da opressão. Mas isto é uma consequência. Por exemplo: quando me perfumo para minha esposa, fico, como consequência, perfumado para todos em redor. Mas o meu propósito é estar perfumado para minha esposa, não para os outros! O problema está em querer impressionar outra pessoa, desviando-se do propósito original da unção, que é encobrir o odor natural de nossa carne.
Enquanto permaneceu na “casa das mulheres”, Ester recebeu óleos, especiarias e perfumes para purificação. Submeteu-se a um processo destinado a transformar uma plebeia em princesa. Mais uma vez, digo: o propósito da unção não é fazer com que fiquemos melhores, mais atraentes ou perfumados para os homens, tudo isto é consequência da unção, cujo objetivo é encontrar favor diante do Rei. Nossa carne não cheira bem perante o Senhor, e a unção nos faz aceitáveis para Ele. Esse é o processo através do qual Deus transforma plebeias em princesas – ou seja, em noivas em potencial!
A unção pode fazer com que louvemos ou preguemos melhor, mas precisamos lembrar que ela – quer venha sobre nós individualmente ou sobre a congregação durante o culto – não é o fim, mas somente o início. Alguns se contentam em passear diante do véu, e, assim, desonram a unção que lhes foi dada. Não compreendem que o propósito da unção em nossa vida é nos preparar para entrar, ir além do véu, atingir o lugar onde a glória de Deus permanece continuamente. A sala do Rei, o Santo dos Santos, espera pelos ungidos. No Santo Lugar, tudo era impregnado com o óleo da unção, até mesmo os trajes dos sacerdotes. Estes, então, tomavam o incenso moído e ungiam o ambiente.
“Tomará também [Arão ou todo que o suceder no sacerdócio] o incensário cheio de brasas de fogo de sobre o altar, diante do Senhor, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu. Porá o incenso sobre o fogo perante o Senhor, para que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra. “(Levítico 16.12,13)
Entre as ordenanças do Antigo Testamento, a última coisa que o sumo sacerdote fazia antes de entrar no Santo dos Santos era colocar um punhado de incenso (simbolizando a unção) dentro do incensário, levá-lo através do véu e fazer uma densa nuvem de fumaça. Por quê? Para “…cobrir o propiciatório… para que não morra” (Levítico 16.13b). O sacerdote tinha que fazer fumaça suficiente para encobrir sua carne da presença de Deus.
A unção, assim, relaciona-se à reverência. Era por reverência que se enchia o Santo dos Santos com fumaça. Coberto, o homem demonstrava sua reverência diante de Deus e podia permanecer na Sua presença e viver. Em outras passagens do Antigo Testamento, Deus saía do Santo dos Santos e fazia sua própria nuvem, para que os homens não pudessem vê- Lo e perecer.
Sob a Antiga Aliança, baseada no sangue dos touros e bodes, o sacerdote executava suas tarefas pelo tato e não por vistas. Andamos por “fé”, não por vistas!
Deus, sei que o Senhor está aqui em algum lugar.
CULTUAMOS DIANTE DO VÉU E NOS RECUSAMOS A ENTRAR
A Palavra de Deus nos diz que o véu foi rasgado em dois pedaços quando Jesus Cristo morreu no Calvário. Através de Seu sangue temos livre acesso à presença de Deus, somos reticentes em entrar na presença do Senhor. Vez ou outra, alguém passa para além do véu (por descuido), mas logo retorna a seus “passeios”. Ficamos animados com a possibilidade de entrarmos na intimidade da glória de Deus, mas nunca consumamos o fato. O propósito da unção é nos ajudar a fazer a transição da carne para glória. Gostamos de permanecer na unção, porque nossa carne se sente bem. Por outro lado, quando a glória de Deus se manifesta, nossa carne já não se sente tão confortável.
Quando a glória de Deus se manifesta, ficamos como o profeta Isaías. Nossa carne fica tão frágil na presença de Deus, que não conseguimos fazer mais nada, a não ser contemplá-Lo em Sua glória. Cheguei à conclusão de que, na presença de Deus, sou um homem sem vocação. Quando Deus manifesta Sua glória, não há necessidade de pregar3. As pessoas são convencidas de seu pecado, da necessidade de arrependimento e de ter uma vida santa diante de Deus. Elas tomam consciência de que Ele é digno de receber louvor e adoração e são tomadas por um desejo de ir além e conduzir outros à presença do Senhor!
Jacó orou e, literalmente, lutou por uma bênção, mas recebeu uma “mudança”. Seu nome, seu caminho e seu comportamento foram mudados. Estou convencido de que, algumas vezes, Deus coloca um pequeno sinal de “morte” em nossos corpos (como na coxa de Jacó) para trazer uma mudança divina em nossas vidas. Algo morre dentro de nós cada vez que somos confrontados pela glória de Deus. É um canal que se estabelece em nosso corpo para a santidade. Assim como brasas vivas foram colocadas nos lábios de Isaías, recebemos o pão vivo da presença de Deus e nunca mais somos os mesmos. Quanto mais nossa carne morre, mais nosso espírito vive. Os primeiros seis capítulos da profecia de Isaías são dedicados aos “ais”. Ele diz: “Ai de mim, ai de você, ai de todos.” Depois que o profeta viu o Senhor no alto e sublime trono, começou a falar de coisas que só podem ser entendidas no contexto do Novo Testamento.
Há algo que não mudou: receber a “bênção” e ter a coxa deslocada, ou sentir a brasa viva da glória de Deus em nossos lábios carnais ainda nos incomoda. Os sacerdotes sabiam que não podiam brincar com a glória de Deus: era algo para ser levado a sério. Por isto, uma corda era amarrada no tornozelo do sumo sacerdote antes que ele se movesse para além do véu. Se entrasse na presença de Deus com presunção ou pecado, não voltaria. Então, teriam que puxar seu cadáver para fora do véu e esperar que tudo corresse bem da próxima vez. Deus chama Sua Igreja para experimentar a manifestação de Sua glória. Para obedecermos a este chamado temos que, assim como o sumo sacerdote, estar preparados.
A MANIFESTAÇÃO EXUBERANTE DE DEUS
Certas pessoas ao longo da história da Igreja conheceram a fundo a glória de Deus. Smith Wigglesworth, sem dúvida, fez parte deste grupo. Uma de suas biografias conta a história de um pastor que estava determinado a orar com ele. Não demorou muito para que o pastor engatinhasse para fora da sala, dizendo, atordoado: Para mim, isso é glória demais! Saiba que isto é possível. Você pode chegar a este ponto, pergunte a Enoque. O resultado final da busca é a glória de Deus. E é ela que permanece, não os dons dos homens, a unção, ministérios, opiniões ou habilidades. Estando na presença manifesta de Deus, embora coisas grandes e maravilhosas aconteçam, você e eu precisamos fazer muito pouco. É exatamente quando tentamos “fazer algo”, que os resultados são escassos e desprovidos da glória de Deus. Esta é a diferença.
Outra ilustração para diferenciar a unção e a glória: quando você esfrega seus pés no carpete em um dia frio e toca na ponta do nariz de alguém, leva um choque. Você também leva um choque se segurar um fio de 220 volts. Em ambos os casos, o poder por trás do choque é a eletricidade, ambos partem do mesmo princípio. O primeiro apenas lhe dará um pequeno choque, mas o segundo tem poder para matá-lo instantaneamente ou iluminar uma cidade inteira. Ambos dividem a mesma fonte, mas diferem em poder, propósito e alcance.
Se permitirmos que Deus substitua “nossas programações” com Sua presença manifesta, tão logo as pessoas cruzem as portas de nossa igreja, ou quando andarem conosco pelo shopping, serão convencidas do pecado e correrão para se reconciliarem com Deus, sem que nenhuma palavra seja dita [Entraremos em maiores detalhes quanto a este assunto no Capítulo 8, “O propósito da presença de Deus”].
AINDA NÃO “PEGAMOS” DEUS
Precisamos aprender como atrair, recepcionar e entreter a presença exuberante de Deus em nosso meio. Temos que chegar a um ponto em que o mero reflexo do que houve entre nós conduza os perdidos ao arrependimento e à conversão. Estou faminto por este tipo de expressão de avivamento, mas se não formos cuidadosos deixaremos a chama esvaecer. Não estamos conseguindo “deter” a presença de Deus conosco, porque ainda não nos “casamos” com Ele. Deus procura uma noiva sem ruga e sem mancha: Ele já deixou uma noiva no altar e pode deixar outra.
Creio que, se for preciso, o Senhor vai acabar com a estrutura que conhecemos como “igreja” para poder alcançar os perdidos. O Senhor não está satisfeito com nossas versões malfeitas de Sua Igreja perfeita. Deus reivindicará a casa que Ele mesmo construiu. Se nosso “elefante branco” ficar no caminho daquilo que Deus quer fazer, Ele não hesitará em removê-lo. Seu plano é alcançar os perdidos e, se Ele não poupou Seu único Filho para salvá-los, não nos poupará também.
Devemos nos mover de acordo com o que Deus quer fazer. A mesma Bíblia que eu e você carregamos para os cultos, semana após semana, diz que se nos calarmos, as pedras clamarão5. Se as igrejas não O louvarem e Lhe obedecerem, Ele levantará outras pessoas para fazerem isto. Se não cantarmos a glória de Deus pelas ruas das cidades, então, Ele levantará uma geração de “gentios” e revelará Sua glória a eles. O problema é que sofremos de uma doença espiritual fatal: relutância. Não estamos famintos o suficiente!
SOMENTE O ARREPENDIMENTO PODE NOS CONDUZIR A ALGUM LUGAR
Deus não vai se manifestar ao povo que só busca Seus benefícios. Ele vai se manifestar aos que buscam Sua face. No Antigo Testamento, se alguém se recusasse a mostrar o rosto a você, estaria deliberadamente lhe rejeitando. As antigas ordens da Igreja adotavam práticas similares. Podemos nos gabar de nossas realizações ou ignorar nossas deficiências. Não importa o que façamos: somente o arrependimento vai nos levar a algum lugar com Deus.
Deus só vai tornar a Sua visitação em avivamento permanente se você e eu, com lágrimas e arrependimento, Lhe prepararmos um lugar. O avivamento e a visitação do Senhor não devem ser apenas “momentos”. Assim, Ele não irá mais piscar os olhos diante de nossa ignorância. Ele vai, literalmente, fechar Seus olhos e não olhar em nós para que não aconteça que sejamos consumidos por Seu olhar.
Deus está farto de vociferar instruções à Igreja: Ele quer nos guiar sob Suas vistas. Isto significa que precisamos estar perto d’Ele, perto o suficiente para vermos Sua face. Ele está cansado do vexame de ter de nos corrigir publicamente. Por muito tempo, temos buscado Suas mãos. Queremos o que Ele pode fazer por nós, queremos Suas bênçãos, emoções, arrepios, queremos os peixes e os pães. Todavia, nos retraímos diante do chamado a que busquemos Sua face.
Se buscarmos a face de Deus, obteremos Seu favor. Temos experimentado a onipresença de Deus, mas agora estamos experimentando a manifestação de Sua presença. Isto, sim, faz cada pelo de nosso corpo se arrepiar e põe para correr as forças demoníacas.
Se você é um pastor e está sob a unção de Deus, prega melhor. Mas debaixo da glória de Deus, tropeça, gagueja, não consegue fazer nada. Quando você dirige o louvor e é ungido, canta melhor. Mas sob a glória de Deus, mal pode cantar. Por quê? Porque Deus declarou que carne nenhuma vai se gloriar em Sua presença6. Isto não significa que você seja uma má pessoa ou que viva em pecado. Significa que você é simplesmente carne e sangue diante da presença do Todo-Poderoso. Lembra o que aconteceu na dedicação do templo de Salomão? O sacerdote não pôde ministrar7. Creio que ele não foi impedido de ministrar a bênção, mas caiu com o rosto em terra por causa do temor!
SE EU NUNCA TINHA ESCUTADO DEUS, DESTA VEZ SABIA QUE ERA ELE
Quando a glória do Senhor se manifesta, podemos encontrar pessoas fazendo coisas aparentemente absurdas. Testemunhei isso, noite após noite, durante cultos em lugares que foram marcados por um “surto” de santidade e glória. Uma senhora disse: “Nunca estive nesta igreja antes. Eu estava determinada a deixar meu marido hoje de manhã. Mas, por volta das 19h30 (o culto havia começado há meia hora), eu estava jantando, quando Deus falou comigo. Eu nunca ouvira Deus falar, mas sabia que, naquele momento, era Ele. E Deus me disse: ‘Levante-se agora e vá até a Igreja – aquele prédio com telhado verde.'”
Ela dirigiu-se para o prédio da igreja (com telhado verde) e sentou-se em um dos últimos bancos. Então, prostrou-se com rosto em terra, ali mesmo, entre os bancos de trás, e começou a chorar e a arrepender-se por duas horas. Ninguém teve que dizer a ela o que fazer. Não havia o que dizer, seu casamento estava salvo.
O AVIVAMENTO REAL ACONTECE QUANDO…
Nós não sabemos o que é avivamento. Na verdade, não temos a menor idéia do que seja o avivamento genuíno. O avivamento que pregamos não passa de mensagens em outdoors, faixas que espalhamos pela cidade ou colocamos na entrada de nossas igrejas. Para nós, avivamento é um pastor persuasivo, músicas comoventes e a presença de uns poucos amigos que aceitam o convite para ir à igreja. Não! O avivamento real acontece quando as pessoas estão em um restaurante ou andando pelo shopping e, de repente, começam a chorar, olham para seus amigos e dizem: “Não sei o que está errado comigo, mas sei que tenho que me reconciliar com Deus.”
O verdadeiro avivamento acontece; quando as pessoas mais “difíceis” e “inalcançáveis” que você conhece vêm até Jesus. Tais pessoas ainda não foram alcançadas, porque vêem em nós pouco de Deus e muito de homens. Tentamos lhes empurrar doutrinas goela abaixo. Já imprimimos tantos folhetos que dariam para forrar as paredes de nossas igrejas. Agradeço a Deus pelas pessoas alcançadas através de um folheto evangelístico, mas as pessoas não querem doutrinas, não querem folhetos, nem nossos frágeis argumentos: elas querem Deus!
Quando é que vamos aprender que as pessoas podem ser facilmente persuadidas, mas, com a mesma facilidade, podem também se desviar? As pessoas podem ser atraídas pela nossa música, mas só permanecerão enquanto gostarem da música. Não devemos concorrer com o mundo nas áreas em que ele é muito competente, ou até melhor que nós. Mas existe algo com que o mundo não é capaz de competir: a presença de Deus.
Agora, vou contar-lhe um segredo se você prometer que vai espalhar. Quer saber quando as pessoas começarão a entrar pelas portas de sua igreja? Tão logo saibam que a presença de Deus está ali. Já é tempo de experimentarmos este poder. Deus quer manifestar-se àqueles que estão famintos. E quando Ele vier, não teremos que colocar anúncios no jornal, rádio ou televisão. Tudo que precisamos é da presença de Deus e as pessoas virão de longe e de perto, de todos os lugares, a todo instante! Isto não é teoria ou ficção – já está acontecendo. E tudo começa com o clamor dos famintos:
Sei que existe mais…
Você precisa fazer login para comentar.