OS CAÇADORES DE DEUS

CAPITULO 1 – O DIA EM QUE QUASE O ALCANCEI
BUSCANDO A DEUS (SALMO 63.8)
Nós pensamos que sabemos onde Deus está. Nós pensamos que sabemos o que O agrada e estamos certos de que sabemos aquilo que O desagrada. Temos estudado tanto a Palavra de Deus e Suas cartas de amor para as igrejas, que alguns de nós alegam saber tudo sobre Deus. Mas, agora, pessoas como você e eu, em diferentes lugares do mundo, estão começando a ouvir uma voz persistente no silêncio da noite:
“Não estou perguntando o quanto você sabe a Meu respeito. Quero lhe perguntar: Você realmente Me conhece? Você realmente Me deseja?”
Eu pensava que sim. Pensava que havia alcançado um nível considerável de sucesso no ministério. Afinal, eu havia pregado em algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos. Estava envolvido em obras de alcance internacional, com grandes homens de Deus. Fui à Rússia várias vezes e participei da fundação de muitas igrejas naquele país. Fiz muitas coisas para Deus pensando que era o que deveria fazer.
Mas, em um outono, durante uma manhã de domingo, aconteceu algo que mudou tudo isto e colocou em cheque todos os meus talentos, credenciais e realizações no ministério.
Um velho amigo meu que pastoreava em Houston, no Texas, pediu-me que pregasse em sua igreja. De alguma forma, senti o que o destino estava me preparando. Antes desta chamada, havia brotado em meu coração uma fome que parecia insaciável. Aquele vazio incômodo que perdurava dentro de mim, apesar de minhas realizações ministeriais, ficava cada vez maior. Estava com um frustrante pavor, uma deprimente premonição. Quando recebi aquele convite, senti que algo da parte de Deus me aguardava. Pouco a pouco, sentíamos que estávamos nos aproximando de um encontro com o Pai.
Faço parte da quarta geração de uma família atuante no ministério da Igreja. Mas, para ser honesto com você, eu já estava enfadado de igreja. Estava como a maior parte das pessoas que tentamos atrair aos nossos cultos semanalmente. Elas também estão cansadas da igreja e, por isso, não vêm. Por outro lado, mesmo que a maior parte daqueles que estão em nossas igrejas e em nossas reuniões também possa estar entediada, está, de igual modo, faminta de Deus.
NADA MENOS QUE PROPAGANDA
Você não pode me dizer que as pessoas, quando colocam cristais nos pescoços, gastam dinheiro diariamente para ouvir gurus e contratam médiuns caríssimos, não estejam famintas de Deus.
Elas estão famintas para ouvir algo que esteja além de si mesmas, algo que não estão ouvindo na Igreja hoje. A questão é: as pessoas estão enfadadas da Igreja porque ela tem se portado como mera difusora da Bíblia! As pessoas querem estar ligadas a um poder maior! Sua fome as leva a qualquer lugar, menos à igreja. Elas estão à procura de algo para saciar a fome que lhes corrói a alma.
Ironicamente, mesmo sendo um ministro do evangelho, eu estava sofrendo da mesma fome que aflige aqueles que nunca tiveram um encontro com Jesus! Não me contentava mais em apenas saber sobre Jesus.
Você pode saber tudo sobre presidentes, realezas e celebridades; pode conhecer seus hábitos alimentares, endereço, estado civil. Mas, saber sobre eles não significa ter intimidade com eles, não significa que você os conheça. Na Era da Comunicação, com boatos passados de boca em boca, de papel em papel, de pessoa a pessoa, é possível compartilhar informações sobre alguém sem conhecê-lo pessoalmente. Se você ouvir duas pessoas conversando sobre a última tragédia que se abateu sobre alguma celebridade, ou a última vitória que ela experimentou, pode até pensar que elas conheçam a pessoa de quem estão falando, quando, na verdade, tudo que sabem são fatos a respeito dela!
Por muito tempo a Igreja só tem conhecido fatos sobre Deus. Nós conhecemos “técnicas”, mas não falamos com Ele. Esta é a diferença entre conhecer alguém e saber a respeito dele. Presidentes, realezas e celebridades: posso ter muitas informações sobre eles, mas não conhecê-los, de fato. Se os encontrasse pessoalmente, teriam que ser apresentados a mim, porque o mero conhecimento a respeito de uma pessoa não é o mesmo que uma amizade íntima.
Saber a respeito de Deus não é o suficiente. Temos igrejas cheias de pessoas que podem ganhar qualquer concurso sobre temas bíblicos, mas que não O conhecem. Temo que alguns de nós fomos desviados ou embaraçados, tanto pela prosperidade, quanto pela pobreza. Receio que tenhamos nos tornado uma sociedade tão farisaica, que nossos desejos e vontades não correspondam aos do Espírito Santo.
Se não tomarmos cuidado, estaremos cultivando o “culto ao bem-estar”: satisfeitos com nosso pastor amável, nossa igreja confortável, nosso fiel círculo de amigos, nos esquecendo dos milhares de insatisfeitos, feridos e aflitos que passam por nosso confortável templo todos os dias! Não posso deixar de pensar que, se falhamos até mesmo em tentar alcançá-los com o evangelho de Jesus Cristo, muito sangue foi desperdiçado no Calvário. Isso, de fato, me incomoda.
Tinha que haver algo mais. Eu estava desesperado por um encontro com Deus (o mais íntimo possível).
Depois de pregar na igreja do meu amigo no Texas, voltei para casa. Na quarta-feira seguinte, estava na cozinha, quando o pastor me telefonou de novo e disse: “Tommy, somos amigos há anos e não me lembro de ter convidado alguém para pregar dois domingos consecutivos, mas será que você poderia voltar no próximo domingo?” Concordei. Poderíamos dizer que Deus estava prestes a fazer algo. Estaria o perseguidor agora sendo perseguido? Estaríamos prestes a ser apreendidos pelo que estávamos buscando? (Veja Filipenses 3:12).
O segundo domingo foi ainda mais abençoado. Ninguém queria deixar o prédio após o culto da noite.
“O que devemos fazer?”, meu amigo me perguntou.
“Deveríamos fazer uma reunião de oração na segunda à noite”, eu lhe disse, e acrescentei: “Passaremos todo o tempo orando intensamente. Vamos apurar até que ponto vai a fome das pessoas e ver o que está acontecendo.”
Quatrocentas pessoas se apresentaram na segunda-feira para a reunião de oração e tudo que fizemos foi buscar a face de Deus. Algo, realmente, estava acontecendo. Uma pequena rachadura aparecia no bronze dos céus de Houston. Uma fome coletiva estava clamando por uma visitação.
Voltei para casa. Na quarta-feira, o pastor estava novamente ao telefone me dizendo: “Tommy, você pode voltar no domingo?” Ouvi suas palavras e seu coração. Ele, verdadeiramente, não estava interessado em “minha” volta. O que eu e ele queríamos era que Deus viesse. Ele é um dos nossos, é um caçador de Deus, e estávamos em uma ardente busca. Sua igreja havia estimulado a fome que havia em mim. Eles também tinham sido preparados para esta busca. Havia uma premonição de que estávamos prestes a “pegá-Lo”.
Uma expressão interessante, não é? Pegá-Lo. Realmente é uma expressão impossível. Podemos pegá-Lo assim como o Leste pode pegar o Oeste, eles estão muito longe um do outro.
É como brincar de pega-pega com minha filha. Quando ela chega em casa, após um dia de aula, nós brincamos como tantos outros pais e filhos mundo afora. Ao tentar me pegar, apesar do meu corpo grande e desajeitado, ela não consegue nem mesmo me tocar, porque uma criança de seis anos não pode pegar um adulto. Mas não é este o propósito da brincadeira, porque, alguns minutos depois, ela diz sorridente: “Ah, papai!”.
É neste momento que ela captura não só minha presença, mas, também, meu coração. Então, me volto e não é mais minha filha que está me buscando, agora eu é que corro atrás dela, a alcanço e caímos na grama entre abraços e beijos. O perseguidor torna-se perseguido. Será que podemos pegá-Lo? Literalmente, não, mas podemos pegar Seu coração. Davi fez isso. Se podemos pegar Seu coração, então, Ele se volta e nos busca. Esta é a beleza de ser um caçador de Deus. Você busca o impossível, sabendo que é possível.
Aqueles crentes, em Houston, tinham dois cultos agendados aos domingos. O primeiro culto da manhã começava às 8h30, o segundo, seguido a este, às 11 horas.
Quando voltei, no terceiro fim de semana, senti uma forte unção enquanto estava no hotel, um toque do Espírito, chorei e tremi.
MAL PODÍAMOS RESPIRAR
Na manhã seguinte, entramos no prédio às 8h30 para o culto dominical esperando ver aquela multidão sonolenta com sua adoração desinteressada. Enquanto me encaminhava para sentar na primeira fileira, a presença de Deus já estava naquele lugar de uma forma tão intensa que o ar estava “denso”: mal podíamos respirar.
A equipe de louvor, visivelmente, se esforçava para continuar ministrando. Lágrimas jorravam. Estava cada vez mais difícil tocar. Finalmente, a presença de Deus pairava tão fortemente, que eles não mais conseguiam tocar ou cantar. O dirigente do louvor rompeu em soluços atrás do teclado.
Se houve alguma boa decisão que já tomei na vida, foi a daquele dia. Eu nunca tinha estado tão perto de “pegar” Deus e não iria parar. Então, falei para minha esposa, Jeannie: “Continue a nos conduzir a Ele.” Jeannie sabe como levar as pessoas à presença de Deus através da intercessão e do louvor. Calmamente, colocou-se à frente e continuou a facilitar a adoração e ministração ao Senhor. Não era nada sofisticado, era algo singelo, era a retribuição mais apropriada àquele momento.
A atmosfera me lembrava a passagem de Isaías, capítulo 6, algo que li e até mesmo ousei sonhar que poderia experimentar um dia. Nesta passagem a glória do Senhor encheu o templo. Nunca entendi o que significava a glória do Senhor encher um lugar. Já havia sentido Deus muito próximo, mas daquela vez, em Houston, quando pensava que Deus já estava presente, mais e mais Sua presença enchia o santuário. É como a cauda de um vestido de noiva que, mesmo depois da entrada da noiva na igreja, continua a entrar após ela.
Deus estava lá, não havia dúvidas quanto a isto. Porém, cada vez mais d’Ele continuava entrando no lugar até que, como em Isaías, literalmente, encheu o templo. Algumas vezes o ar ficava tão rarefeito, que se tornava muito difícil respirar. Parecia que o oxigênio vinha em pequenas porções. Soluços abafados percorriam a sala. Em meio a tudo isto, o pastor veio a mim e perguntou: “Tommy, você está pronto para assumir o púlpito?”
“Pastor, estou receoso de subir até lá, porque sinto que Deus está prestes a fazer algo.”
Lágrimas estavam correndo pelo meu rosto quando disse isto. Não temia que Deus me abatesse, ou que algo ruim acontecesse. Simplesmente não queria interferir e afligir a preciosa presença que estava preenchendo aquele lugar! Por muito tempo, nós humanos, permitimos o mover do Espírito Santo até certo ponto. Mas, quando perdemos o controle, logo puxamos as rédeas (a Bíblia chama isto de “apagar o Espírito” em 1 Tessalonicenses 5.19). Por muitas vezes, paramos no véu do tabernáculo.
“Sinto que devo ler 2 Crônicas 7.14, tenho uma palavra do Senhor”, disse meu amigo. Entre muitas lágrimas, balancei a cabeça e disse: “Vá, vá!”
Meu amigo não é um homem dado a expressar seus sentimentos, é essencialmente um homem equilibrado. Mas, quando começou a andar pela plataforma, mostrava-se visivelmente abalado. Naquele momento, tive tanta certeza de que alguma coisa estava prestes a acontecer, que fui em direção à cabine de som no fundo da sala. Sabia que Deus iria se manifestar, só não sabia onde.
Eu estava na primeira fileira, e sentia que algo poderia acontecer atrás de mim ou do meu lado. E eu estava tão desesperado para pegá-Lo, que caminhei para o fundo da sala, enquanto o pastor se encaminhava para o púlpito, dessa forma eu poderia perceber todo o ambiente. Não estava certo do que aconteceria na plataforma, mas sabia que algo iria acontecer. “Deus, eu quero ser capaz de ver o que quer que o Senhor esteja prestes a fazer.”
Meu amigo subiu para o púlpito no centro da plataforma, abriu a Bíblia e, calmamente, leu a arrebatadora passagem de 2 Crônicas 7.14:
“… se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a Minha face, e deixar seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”
Então, ele fechou sua Bíblia, agarrou as bordas do púlpito com as mãos trêmulas e disse: “A palavra do Senhor para nós, hoje, é que paremos de buscar Seus benefícios e busquemos a Ele. Não vamos mais buscar Suas mãos, mas sim a Sua face”.
Naquele instante, ouvi o que parecia ser o eco de um trovão, e o pastor foi, literalmente, tomado e lançado a uma distância aproximada de três metros do púlpito. Quando ele foi arremessado para trás, o púlpito caiu para frente. O belo arranjo de flores, que estava em frente, caiu no chão. Porém, antes que o púlpito batesse no chão, ele já estava partido em dois pedaços. Havia sido partido em dois, como se um raio o tivesse atingido! Naquele instante, o terror tangível da presença de Deus encheu aquela sala. (Nota: O púlpito era feito de um plástico acrílico de alta tecnologia. Este material, segundo os engenheiros, é capaz de suportar milhares de quilos de pressão por metro quadrado).
AS PESSOAS COMEÇARAM A CHORAR E SE LAMENTAR
Rapidamente fui ao microfone do fundo da sala e disse: “Caso você não esteja ciente do que está acontecendo, Deus acaba de se mover neste lugar. O pastor está bem [passaram-se duas horas e meia para que ele pudesse ao menos se levantar, ainda assim com o auxílio dos introdutores. Somente sua mão tremia dando sinal de vida]. Ele vai ficar bem.”
Enquanto tudo acontecia, os introdutores correram para verificar se o pastor estava bem e pegar os pedaços do púlpito. Ninguém, realmente, prestou muita atenção no púlpito partido, pois estávamos muito ocupados com os céus fendidos. A presença de Deus atingira aquele lugar como se fosse uma bomba. As pessoas começaram a chorar e a se lamentar. Eu disse: “Se você não está onde precisa estar, esta é uma boa hora para se reconciliar com Deus.” Eu nunca vira tamanho apelo.
Um tumulto se fez. Pessoas se empurravam. Não esperavam os corredores se esvaziarem. Pulavam os bancos da igreja, homens de negócio arrancavam suas gravatas e estavam, literalmente, amontoados uns sobre os outros, no mais terrível e harmonioso som de arrependimento que eu já tinha ouvido. A simples lembrança disso ainda me causa arrepios. Quando fiz o apelo do culto das 8h30, não tinha ideia de que aquele seria o primeiro dos sete apelos daquele dia.
Quando já era hora de começar o culto das 11 horas, ninguém havia deixado o prédio. As pessoas ainda se encontravam prostradas e, embora não houvesse nenhuma música sendo tocada, a adoração era calorosa e espontânea. Homens maduros dançavam como bailarinos, crianças choravam em manifestação de arrependimento. As pessoas estavam com rosto em terra, ajoelhadas, absortas pela presença do Senhor. Havia tanto da presença e do poder de Deus ali, que as pessoas começaram a sentir uma necessidade urgente de serem batizadas.
Eu assistia às pessoas adentrarem os átrios do arrependimento, e, uma após outra, experimentarem a glória e a presença de Deus enquanto Ele estava ali por perto. Elas queriam ser batizadas e eu estava em dúvida sobre o que fazer. O pastor ainda permanecia no chão. Pessoas vinham até mim e declaravam: “Preciso ser batizado. Alguém me diga o que fazer.” Havia uma quantidade imensa de perdidos que foram salvos, e tudo provocado puramente pelo encontro com a presença de Deus. Não houve sermão nem canções naquele dia – somente o Espírito de Deus.
Duas horas e meia se passaram, e, já que pastor só havia conseguido gesticular um dedo para chamar os anciães até ele naquele instante, os introdutores tiveram que carregá-lo para seu gabinete. Enquanto isso, todas aquelas pessoas me perguntavam (ou a qualquer outro que encontravam) se poderiam ser batizadas. Como um ministro visitante naquela igreja, eu não queria assumir a autoridade de dizer a alguém para batizá-las, então enviei pessoas ao escritório do pastor para verificar se ele autorizaria o batismo.
Eu fazia um apelo após outro e centenas de pessoas vinham à frente. Como, a cada vez, mais pessoas vinham me perguntar a respeito do batismo, percebi, então, que nenhum daqueles que foram ao escritório do pastor retornaram. Finalmente, enviei um pastor assistente já aposentado, dizendo-lhe: “Por favor, descubra o que o pastor quer fazer acerca do batismo, pois ninguém que enviei retornou para me dar uma resposta.” O homem entreabriu a porta e inclinou a cabeça para dentro do escritório. Para sua surpresa, viu o pastor ainda deitado diante do Senhor e todos os que eu havia lhe enviado estirados pelo chão também, chorando e se arrependendo diante de Deus. Então, voltou depressa para me relatar o que tinha visto, e acrescentou: “Vou perguntar-lhe o que pediu, mas, se eu entrar naquele gabinete, pode ser que não volte também”.
BATIZAMOS PESSOAS POR HORAS
Balancei a cabeça concordando com aquele pastor assistente: “Acho que não há problema se os batizarmos.” Então começamos a passar as pessoas pelas águas como um sinal físico de seu arrependimento diante do Senhor. E, por muito tempo, batizamos as pessoas. Mais e mais pessoas continuavam se derramando perante Deus. Como os participantes do primeiro culto ainda estavam lá, havia carros estacionados por todos os lados fora da igreja.
Em um grande terreno vago próximo ao prédio, as pessoas sentiam a presença de Deus tão fortemente, que começavam a chorar sem controle. E, simplesmente, se dirigiam ao estacionamento sem saber o que estava acontecendo. Algumas, ao saírem de seus carros, mal conseguiam andar pelo estacionamento. Outras entraram no prédio somente para cair no chão. Com muito esforço, os introdutores arrastavam aquelas pessoas da porta e as colocavam ao longo do corredor para liberar a entrada. Algumas pessoas conseguiam avançar um pouco para dentro do prédio e outras entravam na sala antes de caírem prostradas em arrependimento.
Alguns, na verdade, se prostravam dentro do santuário, mas, a maior parte não se importava em não achar assentos. Eles se prostravam diante do altar. Não importava, pois não demorava muito para que começassem a chorar e se arrepender. Como eu disse, não houve nenhuma pregação. Nem mesmo música houve na maior parte do tempo. Mas basicamente uma coisa aconteceu naquele dia: A presença de Deus se revelou. Quando isto acontece, a primeira coisa que se faz é o mesmo que Isaías fez ao ver o Senhor no alto e sublime trono. Ele clamou das profundezas de sua alma:
“Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6.5)
Veja bem: no momento em que Isaías, o profeta, servo escolhido de Deus, viu o Rei da glória, o que ele pensava estar puro e santo parecia trapos imundos. Ele estava pensando: Eu achava que conhecia Deus, mas não conhecia nem um pouco d’Ele! Naquele domingo, parecia termos chegado tão perto, quase O pegamos. Agora sei que é possível.
ELES VOLTAVAM BUSCANDO MAIS
As pessoas continuaram enchendo o auditório. Tudo começou com o extraordinário culto das 8h30 naquela manhã. Finalmente, por volta das 16 horas, consegui comer alguma coisa. Então, voltei para a igreja. Muitos nem saíram. Aquele culto matinal de domingo só terminou 1 hora da madrugada de segunda. Nem precisávamos anunciar nossa programação para segunda-feira à noite. Todos já sabiam. Haveria uma reunião, quer anunciássemos ou não. As pessoas voltavam para casa simplesmente para dormir um pouco ou fazer algo, e retornavam buscando mais – nada que viesse de homens ou de suas programações, porém algo que brotasse de Deus e Sua presença.
Noite após noite, o pastor e eu diríamos: “O que vamos fazer?” Na maioria das vezes nossa resposta era previsível: “O que você quer fazer?” O que queríamos dizer era: “Não sei o que fazer. O que Deus quer fazer?” Algumas vezes, tentávamos ter um culto, mas a fome das pessoas rapidamente nos conduzia à presença de Deus e, de repente, ela é que nos tinha\
Escute, meu amigo: Deus não se importa com sua música, suas torres, seus prédios admiráveis. O carpete de sua igreja não O impressiona – Ele é quem forrou os campos. Deus, realmente, não se preocupa com nada do que você possa fazer para Ele. Ele somente se preocupa com sua resposta a uma pergunta: “Você Me quer?”.
CAIA POR TERRA TUDO QUE NÃO PROVENHA DO SENHOR DEUS!
Programamos nossos cultos de uma forma tão rígida e tão pouco profética, que ficamos nervosos se Deus tenta fazer algo que não planejamos. Não podemos suportar a livre presença de Deus em nossas programações por muito tempo, porque Ele poderia “arruinar” tudo. Esta tem sido minha oração: “Faça com que nossos esquemas se desmoronem, Deus, e que caia por terra tudo que não provenha do Senhor!”.
Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: Quando foi que você esteve na igreja e disse: “Vamos esperar no Senhor”? Acho que temos medo de esperar n’Ele, porque não acreditamos que Ele vá se revelar. Tenho uma promessa para você: “… os que esperam no Senhor renovam as suas forças” (Isaías 40.31a). Quer saber por que vivemos fracos como cristãos e não temos tido tudo o que Deus tem para nós? Quer saber por que temos vivido atados aos nossos confortáveis privilégios e não temos tido força para superar nossa própria carnalidade? Talvez, porque não tenhamos esperado n’Ele, para que nos fortaleça. Talvez tenhamos tentado realizar as coisas confiados em nosso próprio poder.
DEUS FEZ DESMORONAR TUDO QUE NÃO PROVINHA D’ELE EM HOUSTON
Não estou tentando fazer com que você se sinta mal. Sei que muitos cristãos e muitos de nossos líderes verdadeiramente se esforçam, mas existe muito mais. Você pode pegar Deus. Pergunte a Jacó! Você verá ruir os esquemas que limitaram o seu caminhar até agora! Você pode pegá-Lo. Nós temos falado, pregado e ensinado sobre avivamento a ponto de saturar a Igreja. É o que tenho feito toda minha vida: preguei o avivamento, ou, pelo menos, penso tê-lo feito.
Deus quebrou nossos esquemas e fez com que tudo ruísse quando Se revelou a nós. Sete noites por semana, por quatro ou cinco semanas seguidas, centenas de pessoas, em cada culto, se enfileiravam em frente ao altar para declarar seu arrependimento e aceitar a Cristo. Elas O cultuavam, esperavam n’Ele e Lhe dirigiam Suas orações. O que aconteceu nos dias dos primeiros cristãos e nos avivamentos mais recentes, estava acontecendo novamente. Então comecei a entender: “Deus, o Senhor quer fazer o mesmo em todos os lugares.” Durante meses a presença de Deus pairou ali.
DEUS ESTÁ VOLTANDO PARA RECUPERAR A IGREJA
Até onde posso dizer, só existe uma coisa que O detém: o Senhor não vai derramar Seu Espírito onde não há fome d’Ele. Ele procura pelos famintos. Ter fome significa não estar satisfeito com a “mesmice”, porque ela nos obriga a viver sem o Senhor em Sua plenitude. Ele só vem quando você está disposto a se voltar totalmente para Ele. Deus está voltando para recuperar Sua Igreja, mas você tem que estar faminto.
Ele quer Se revelar entre nós. Ele quer vir cada vez mais forte, mais forte e mais forte, até que sua carne não seja mais capaz de suportar. A beleza disto é que nem mesmo os perdidos ao nosso redor serão capazes de resistir. Está começando a acontecer. Vejo o dia em que os pecadores mudarão seu rumo nas ruas, estacionarão com olhares confusos e vão bater à nossa porta, dizendo: “Por favor, existe algo aqui, como posso ter isto?”.
O QUE FAZEMOS?
Você não está cansado de tentar distribuir folhetos, bater nas portas e fazer tudo acontecer? Por muito tempo, temos tentado fazer com que as coisas aconteçam. Agora, Deus quer fazer acontecer! Por que você não descobre o que Ele está fazendo e junta-se a Ele? Era isto que Jesus fazia. Ele dizia: “Pai, o que o Senhor está fazendo? É isto que farei”. (Veja João 5:19-20).
Deus quer Se mover com Sua Igreja. Quando foi que você se sentiu tão faminto por Deus, que sua fome o consumiu a ponto de você não mais se importar com o que as pessoas pensassem de você? Eu o desafio a esquecer cada perturbação, cada opinião e pense: O que está sentindo, agora, enquanto lê sobre como Deus tomou estas igrejas? Você está passando por cima disto? O que está embaraçando seu coração? Você não sente o despertar daquela fome que pensou estar esquecida? Quando foi que você sentiu o que está sentindo agora? Levante-se e busque a presença de Deus. Seja um caçador de Deus.
Não estou falando daquela animação típica do louvor e da adoração. Sabemos muito bem como conduzir a música de forma que tudo esteja maravilhoso, o acompanhamento esteja espetacular e tudo pareça perfeito. Mas não é disto que estou falando e não é isso que está causando esta fome em você agora. Estou falando da fome pela presença de Deus. Eu disse “uma fome pela presença de Deus”.
Sem muita cerimônia gostaria de dizer que, na verdade, a Igreja tem vivido por tanto tempo em uma presunção e uma justiça própria que cheira mal diante de Deus. Ele não pode nem olhar para nós em nosso estado presente. Da mesma forma que você ou eu nos sentimos embaraçados em um restaurante ou em um supermercado, quando vemos os filhos de alguém “pintando o sete”, Deus sente o mesmo sobre a nossa justiça própria. Ele está incomodado com nosso farisaísmo. Não estamos “tão juntos” quanto pensamos estar.
O que pode nos mover para o centro do plano de Deus? O arrependimento.
“Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Pois este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” (Mateus 3.1-3.)
O arrependimento prepara o caminho e endireita as estradas do nosso coração. O arrependimento eleva os lugares baixos e rebaixa todos os lugares altos de nossas vidas e das famílias cristãs. O arrependimento nos prepara para a presença de Deus. Na verdade, você não pode viver na presença do Pai sem arrependimento. O arrependimento nos permite buscar Sua presença. O arrependimento constrói a estrada para que você alcance a Deus (ou para que Deus alcance você!). Pergunte a João Batista. Quando ele construiu a estrada, Jesus veio andando.
Este é o ponto fundamental do que tenho para dizer: Quando foi que você disse: “Estou indo para Deus”? Quando foi que você deixou tudo de lado, todas as suas ocupações e correu na estrada do arrependimento para buscar a Deus?
NÃO É UMA QUESTÃO DE ORGULHO, MAS DE FOME.
Eu costumava procurar por grandes multidões e bons sermões para pregar, tentava fazer grandes obras para Deus. Meus esquemas ainda não haviam se desmoronado. Agora, eu sou um caçador de Deus. Nada mais importa. Digo a você, como seu irmão em Cristo, que o amo, mas amo mais a Deus. Não me preocupo com o que outras pessoas ou ministros pensam sobre mim. Estou indo atrás de Deus. Não é uma questão de orgulho, mas de fome. Quando você buscar a Deus com todo seu coração, alma e corpo, Ele se voltará para encontrá-lo e você sairá desta experiência desmoronado aos olhos do mundo.
Aquilo que é bom tem sido inimigo do que é melhor. Eu o desafio agora, enquanto lê estas palavras, a deixar seu coração ser quebrado pelo Espírito Santo. É hora de você santificar sua vida. Pare de assistir ao que você costuma assistir; pare de ler o que você costuma ler, se isto tem lhe tomado mais tempo do que a leitura da Palavra de Deus. Ele deve ser sua maior fome e mais urgente.
Se você está contente e satisfeito, então eu o deixarei, e você pode, seguramente, largar este livro de lado, agora, e nunca mais o incomodarei. Mas se você está faminto, tenho uma promessa do Senhor para você. Ele disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5.6).
NUNCA ESTIVEMOS FAMINTOS
Nosso problema é que nunca estivemos realmente famintos. Temos permitido que as coisas deste mundo preencham nossas vidas e “saciem” nossa fome. Temos ido a Deus semana após semana, ano após ano, simplesmente para que Ele preencha pequenos espaços vazios. Eu digo a você que Deus está cansado de estar em segundo lugar em nossas vidas. Ele está cansado até mesmo de ser o segundo na programação e na vida da igreja!
Tudo de bom, incluindo as coisas que sua igreja local faz – desde alimentar os pobres, resgatar órfãos, até o ensino na Escola Bíblica Dominical – deveria fluir na presença de Deus. Nossa motivação básica deveria ser: “Fazemos isso por causa de Deus, porque isto está em Seu coração.” Se não tomarmos cuidado, podemos ser achados tão envolvidos em atividades para Deus, que acabamos nos esquecendo d’Ele.
Você pode estar sendo tão “religioso”, que nunca será espiritual. Não importa o quanto ore. Perdoe-me por dizer isto, mas você pode estar perdido, sem mesmo conhecer Deus, apesar de manter uma vida de oração. Não me importa o quanto você conheça a Bíblia, ou o que você sabe sobre Deus. Estou perguntando: “Você O conhece!”
Um marido e uma esposa podem fazer coisas um para o outro sem que, realmente, se amem. Eles podem participar do pré-natal juntos, ter filhos, dividir a hipoteca, mas nunca aproveitar o alto nível de intimidade que Deus ordenou e designou que houvesse em um casamento (e não me refiro apenas ao relacionamento sexual). Geralmente, vivemos em um plano abaixo daquele que Deus pensou para nós. Então, quando Ele, inesperadamente, aparece em Seu poder, ficamos chocados. Muitos de nós, simplesmente, não estamos preparados para ver “Sua glória encher o templo”.
O Espírito Santo pode já estar falando com você. Se você mal pode conter as lágrimas, deixe-as correr. Minha oração é que o Senhor desperte, agora, aquela antiga fome que você quase esqueceu. Talvez, tempos atrás, você normalmente se sentia dessa maneira, mas permitiu que outras coisas o preenchessem e tomassem o lugar do seu desejo pela presença de Deus. Em nome de Jesus, liberte-se da religião morta e corra para a fome espiritual neste momento. Eu oro para que você fique tão faminto de Deus, que não se importe com mais nada.
Acho que já vejo uma chama… Deus irá inflamá-la.
Senhor, queremos somente a Sua presença. Estamos tão famintos.
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