A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

MOMENTO DE DÚVIDAS E INCERTEZAS

Diversos fatores influenciam o funcionamento sexual durante a gravidez, como a falta de conhecimento das mudanças do corpo e os mitos e tabus que envolvem sexo e gestação

Momento de dúvidas e incertezas

No consultório, é comum ouvir relatos de pacientes que durante o período gestacional têm dificuldade em enfrentar as alterações hormonais, a insegurança da inexperiência, a vergonha, a resistência da parceria no relacionamento, entre outros fatores. Muitas são as variações hormonais durante a gravidez, descreveremos algumas delas. O primeiro hormônio que mencionaremos é a gonadotrofina coriônica humana, que pode ser detectada no sangue materno após alguns dias do início da gestação. Ela estimula a produção de progesterona e estrógenos. A progesterona é essencial durante toda a gestação, ela age no corpo da mulher, preparando-o para a gravidez e o aleitamento. Além deles, começa a ser produzido o hormônio relaxina, que, em conjunto com a progesterona, ajuda na implantação do feto na parede do útero, auxilia no crescimento da placenta, além de inibirem as contrações uterinas, evitando os partos prematuros. Outro hormônio relevante, que aumenta uniformemente durante a gravidez, é a prolactina – que influenciará na produção do leite pelas glândulas mamárias, assim como no aumento das mamas. Já o hormônio ocitocina, que aumenta bastante no final da gestação, possibilitará que as contrações uterinas sejam ritmadas, até o nascimento, além de reduzir o sangramento durante o parto. A ocitocina também é liberada durante a amamentação e faz com que o leite f lua com mais facilidade; assim como ela tem importância na ligação afetiva entre a mãe e o bebê.

Tendo em vista o mencionado, o corpo da mulher passará por diversas mudanças durante a gravidez. Vale lembrar que não há uma alteração específica – durante o período gestacional – que promova a perda do interesse sexual, e sim o resultado da interação dos aspectos biológicos com os emocionais e sociais. Por exemplo: a gravidez pode ser um dos momentos para o redimensionamento dos vínculos afetivos de um casal, que poderão influenciar na intimidade e na resposta sexual; outro aspecto que merece ser lembrado diz respeito às “crenças, mitos e tabus” que acompanham as alterações pelas quais o corpo das mulheres passará. Está relatado que mulheres com conhecimento das mu- danças físicas que seu corpo enfrentará terão uma relação mais saudável com diversos elementos de sua sexualidade; ainda mais quando a parceria estiver envolvida nesse processo. Para facilitar o entendimento e suas possíveis influências da gravidez no funcionamento sexual, dividiremos o período gestacional em três trimestres.

PRIMEIRO TRIMESTRE: Durante essa fase, questões como aceitação e/ou rejeição da gravidez poderão ser relevantes e causar angústia. Sentimentos ambíguos em relação a esse momento da vida poderão estar presentes, os quais, na grande maioria das vezes, irão repercutir na resposta sexual. Várias mulheres não notam diferença no desejo sexual no primeiro trimestre da gravidez, algumas referem, inclusive, melhora no desempenho sexual; entretanto, outras apresentam uma diminuição e/ou falta do interesse sexual. Não podemos esquecer que as alterações hormonais poderão causar sintomas como: náuseas, vômitos, sonolência e até mesmo depressão, que também refletirão de forma negativa no desempenho sexual.

SEGUNDO TRIMESTRE: Habitualmente, os temas relacionados à aceitação/rejeição deixaram de compor o cenário das gestantes (na sua maioria), é uma fase que várias mulheres referem melhora da autoestima, e, consequentemente, percebem-se mais felizes com sua aparência, o que influenciará positivamente no desempenho sexual. Associado ao fato de que sintomas como náuseas, vômitos e sonolência tendem a desaparecer, o que promove bem-estar. Por outro lado, para outras, pode ocorrer diminuição do desejo sexual, que frequentemente está relacionado a sentimentos de fragilidade, sejam eles motivados pelas dificuldades emocionais pertinentes à gestação e/ou problemas relacionais com a parceria, entre outros.

TERCEIRO TRIMESTRE: Nessa fase, o parto está próximo, e consequentemente a ansiedade aumenta, não é incomum a diminuição do interesse sexual ocasionado pelo estresse associado à iminência do parto; além disso, as mudanças físicas, mais acentuadas, podem acarretar dores físicas que, também, influenciarão negativamente na resposta sexual.

O acompanhamento médico é imprescindível durante toda a gestação. Quanto mais bem preparado esse profissional estiver em relação aos aspectos concernentes à sexualidade de suas gestantes, dúvidas poderão ser esclarecidas e dirimidas; assim como orientar para que a atividade sexual seja interrompida, em situações que possam comprometer a saúde da mãe e/ou do feto. Muitas vezes, um acompanhamento psicológico pode ser importante também.

Quando não há intercorrências, a atividade sexual pode ser mantida durante a gravidez, aliado ao fato de que a maior produção de hormônios durante o período gestacional promove incremento da lubrificação vaginal. Portanto, um bom caminho a ser seguido pelas futuras e/ou presentes gestantes é o conhecimento sobre as alterações que seu corpo e psiquismo enfrentarão nesse período. A instrução, aliada aos aconselhamentos por profissionais envolvidos, com a temática da sexualidade humana podem ser de grande valia para a promoção de uma qualidade de vida sexual satisfatória durante a gestação.

 

GIANCARLO SPIZZIRRI – é psiquiatra doutor pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP, médico do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do IPq e professor do curso de especialização em Sexualidade Humana da USP.

OUTROS OLHARES

BELEZA E TALENTO EM EVIDÊNCIA

Músico e compositor brilhante, Kurt Cobain não resistiu ao uso constante de drogas e à depressão severa que o acompanhou desde a adolescência.

Beleza e talento em evidência

Nascido em Aberdeen, Estados Unidos, em 1967, Kurt Donald Cobain é filho de um mecânico automotivo e uma garçonete. Tinham descendências irlandesa e escocesa, e isso tornava a casa barulhenta, alegre e com bebida farta. Ele era conhecido por ser uma criança feliz, sensível e carinhosa. Com pouca idade já mostrava habilidades artísticas: desenhava seus personagens favoritos e era incentivado pela avó, uma artista profissional. A família Cobain tinha um histórico musical: seu tio fazia parte de uma banda, a tia fazia performances pelo condado, e seu tio-avô teve uma carreira como tenor na Irlanda.

Seu interesse musical se manifestou e foi desenvolvido ainda na infância. Começou a cantar aos 2 anos; aos 4, escreveu uma música sobre uma viagem a um parque e começou a aprender piano. Mas essa tranquilidade mudou, seus pais se divorciaram quando ele tinha 9 anos, fato que marcou sua infância, deixando-o bastante ressentido e triste por anos. Sentiu-se traído pelos pais, e nunca mais conseguiu pertencer a nenhuma organização ou estrutura familiar (nem mesmo quando se casou). Parece que a confiança nas pessoas e em seus vínculos foram danosamente abalados. Foi morar com o pai e visitava a mãe e a irmã nos fins de semana. Seu pai casou-se novamente, e ele não gostava da nova família, principalmente da madrasta, e era recíproco. Um momento importante durante esse tempo de dificuldade emocional foi um presente que recebeu de um tio: uma guitarra. Apesar de bem desgastada, o inspirou a aprender a tocar e o ajudou nos seus momentos de infelicidade. Alienado, irritado e até agressivo em casa, acreditava que seu pai sempre preferiu o lado de sua madrasta e que favorecia os filhos dela e seu meio-irmão, nascido dessa união. Após adquirir guarda total de Kurt, o pai, cansado de seu comportamento rebelde, o colocou sob cuidados de familiares. Em outras palavras, o mandou embora. Ao sair de casa, ele morou com diversos parentes e amigos por vários meses. Nesse período tornou-se um cristão devoto ao viver com a família de um amigo, Jesse Reed. Posteriormente, renunciou ao cristianismo. Acabou, por falta de opção, indo morar com sua mãe, em Aberdeen. Matriculou-se na Aberdeen High School e, durante o ensino médio, impressionou diversos professores com seus dons artísticos; no entanto, semanas antes da graduação, abandonou a escola.

O relacionamento com a mãe não era dos melhores, e ela lhe deu uma escolha: arranjar um emprego ou sair de casa. Ele não levou a sério, continuou tocando sua guitarra e bebendo. Uma semana depois, encontrou todos seus pertences em caixas, fora da casa. A sensação de não ser amado, de ser rejeitado ocupa espaço maior no íntimo de Kurt e sua depressão passa a ser constante. Passou os anos de 1984 e 1985 morando em vários lugares, dormindo na casa de amigos quando podia e em halls e salas de espera de hospitais. Kurt dizia que durante seu tempo sem-teto morava embaixo da ponte do rio Wishkah.

Começou a tocar em lugares para ter algum dinheiro, mas tudo muito inconstante e precário. Ele sempre chamando a atenção pela beleza e talento. Estava continuamente tentando, sem êxito, montar sua banda. Em 1988, as ambições de Kurt começam a se tornar realidade. Ele se uniu a dois amigos e criou o Nirvana. Com o lançamento e o sucesso imediato do disco Nevermind, tornam-se muito conhecidos. Em pouco tempo Cobain era considerado um dos melhores compositores de sua geração. Com o rápido crescimento da banda, colocaram Kurt em uma nova situação de estresse e pressão. Ele, que já bebia e cheirava cocaína demasiadamente, começou a usar heroína.

 

Casou-se em 1992 com Courtney Love (uma pessoa egoísta, interessada no sucesso dele, nem um pouco afetiva e que o usava para se promover), e no mesmo ano nasceu sua filha. Ambos eram usuários de drogas e foram investigados pelo serviço social após Courtney mencionar o uso de heroína enquanto grávida em uma entrevista à Vanity Fair. A relação nociva do casal só confirma sua sensação de ser rejeitado e amplia sua depressão e seu isolamento. Em 1994, em uma manhã, foi encontrado por Love, após uma overdose de Rohypnol e champanhe. Ele permaneceu no hospital durante cinco dias. Em outro episódio, ela ligara para a polícia informando que ele era um suicida e estava trancado num quarto com uma arma. Ao chegar, a polícia confiscou várias armas e remédios de Cobain, que insistia em dizer que só estava fugindo da mulher. Após uma tentativa de intervenção realizada por ela, Kurt foi internado em um centro de recuperação, mas pulou o muro e ficou desaparecido por dias. Durante a maior parte de sua vida, ele sofreu de bronquite e dores estomacais provenientes de uma gastrite devido ao abuso de substâncias. Ele fazia uso regular de Cannabis, LSO, álcool e heroína. Também apresentava depressão severa. O seu fim ocorreu de forma solitária e trágica: suicidou se em sua casa aos 27 anos, com um tiro. Estranhamente o corpo foi encontrado somente dias depois, por um eletricista. A autópsia também revelou altíssima quantidade de heroína no sangue.

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ANDERSOS ZENIDARCI – é mestre em Psicologia pela PUC-SP, supervisor e palestrante. Coordenador e professor do curso de especialização em Transtornos e Patologias Psíquicas pela Facis, professor de pós-graduação no curso de Psicologia de Saúde Hospitalar na PUC-SP. Atua há mais de 30 anos em atendimento clínico em diversos segmentos da Psicologia, com especial dedicação à psicossomática, transtornos e patologias psíquicas.

GESTÃO E CARREIRA

ASSÉDIO SEXUAL NO TRABALHO

Pesquisa exclusiva revela que um em cada cinco profissionais já sofreu esse tipo de abuso. O que empresas, vítimas e líderes devem fazer para combater esse crime, que, além de prejudicar a saúde mental e física dos funcionários, gera um prejuízo bilionário para as companhias

Assédio sexual no trabalho

Quando se formou em relações internacionais em 2012, Paula Alves, hoje com 30 anos, tinha um sonho: fazer com que seu trabalho gerasse algum tipo de impacto social. Por isso, ficou feliz quando conquistou uma vaga numa ONG em Salvador, sua cidade natal. Suas funções eram de alta responsabilidade e proporcionaria aprendizado, pois Paula seria a assessora do presidente da instituição, um homem influente engajado e inteligente. Tudo parecia ir bem. Mas, um dia, quando acumulava seis meses de casa, a soteropolitana se surpreendeu com algumas mensagens que o presidente começou a lhe enviar via Skype. “Você fica linda com essa cor de roupa”, dizia uma das primeiras, de teor mais pessoal. A profissional não levou aquilo tão a sério. Aos poucos, porém, as declarações saíram do mundo virtual -e o chefe aproveitava os momentos em que estavam sozinhos para tecer comentários pouco profissionais.

Um dos mais marcantes aconteceu numa viagem à Fortaleza em dezembro de 2015. “Ele disse que eu ‘merecia um homem mais velho’. Fiquei incomodada. No dia seguinte, no café da manhã, no hotel, eu falei que tinha me sentido desconfortável, que aquilo era inapropriado para nossa relação, que era de trabalho”, diz Paula. O chefe assentiu e ela acreditou que o recado havia sido compreendido. Só que as investidas não pararam. “Quando estávamos no carro, ele costumava encostar na minha coxa se queria chamar minha atenção. “O comportamento piorou durante uma viagem de cinco dias, entre março e abril de 2017, para Lima, no Peru. Alí o chefe extrapolou os limites. Uma das investidas aconteceu no banco traseiro de um táxi que os levava de volta ao hotel após um jantar de negócios. Os dois estavam conversando normalmente até que o executivo colocou a mão em cima da perna de Paula e a deixou parada. Incrédula, a subordinada tirou imediatamente a mão dele dali. “Ele deu risada. No fundo, aquela situação era divertida para ele, que gostava de ver o poder que tinha sobre mim” A conduta do chefe não melhorou. Numa noite, quando estavam analisando documento para uma reunião que aconteceria logo pela manhã, Paula sugeriu que continuassem o trabalho no dia seguinte bem cedo, pois já estava tarde. Também pediu que fosse dispensada de participar da apresentação. ”Ele disse que deveríamos continuar e que poderíamos tomar uns drinques. Também falou que pensaria respeito da dispensa – tudo dependeria de como eu me comportasse naquela noite. O tom dava a entender que eu estava ali para servi-lo.”

Com medo e envergonhada, Paula guardou a história para si. Além de retaliações e de uma possível demissão, ela temia o julgamento dos outros. Seu receio era que não acreditassem nela. “Eu amava meu trabalho, era boa no que fazia e aprendi muito com meu chefe. Mas paguei um preço alto. Ir até a sala dele se transformava num momento de tortura. “O sofrimento era tanto que Paula ficou fisicamente debilitada lutava, todos os dias, para se levantar da cama. Ela precisava dividir aquilo com alguém e, em junho de 2017, contou tudo a seus pais e começou a fazer terapia. No mesmo mês, Paula pediu demissão, não sem antes compartilhar sua história com as colegas de trabalho – seu objetivo era mostrar com quem elas estavam lidando. “Eu estava muito fragilizada, muito vulnerável. Não foi fácil, mas foi importante. Algumas pessoas ficaram chocadas, outras nem tanto. Houve as que não acreditaram e isso magoou. Na cabeça delas, era mais lógico que eu quisesse ter algo com ele do que o contrário”. Com a ajuda dos pais, Paula pôde ficar oito meses sem trabalhar para se reerguer e encontrar um novo emprego. Hoje é coordenadora de projetos em uma ONG na qual toda a diretoria é composta de mulheres. “Foram três anos assédio. Eu culpei meu jeito espontâneo, minha simpatia. Culpei tudo menos quem eu deveria”.

Assédio sexual no trabalho. 2

GLOSSÁRIO

ASSÉDIO SEXUAL – Constranger uma pessoa com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual. Se o assediador é um superior hierárquico, a justiça considera assédio sexual por chantagem. Se não há relação de poder a jurisprudência entende como assédio sexual por intimidação.

ASSÉDIO MORAL – Condutas que evidenciam violência psicológica contra o empregado.

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL – Quando alguém pratica atos libidinosos para se satisfazer sexualmente sem a autorização da outra pessoa.

 

PROBLEMA GLOBAL

Casos corno o de Paula, infelizmente, não são incomuns. Dados de uma pesquisa feita pela Talenses, consultoria de recrutamento executivo com 3.215 entrevistados com exclusividade, revelam que 3.496 das mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual no ambiente de trabalho. Entre os homens o número alcança 12.%. O índice mais baixo entre os profissionais do sexo masculino tem explicação psicológica. Para alguns deles, denunciar um caso de assédio pode demonstrar fraqueza – ainda mais se a assediadora for mulher. “Há uma tendência de eles racionalizarem esse tipo de situação. Grande parte não se verá como vítima nem se culpará. Vai pensar nas qualidades como homem, no que pode ter feito para despertar interesse”, diz Priscila Gunutzmann, professora de psicologia na Universidade Anhembi Morumbi e especialista em gestão de pessoas.

Acultura machista e m alguns ambientes de trabalho também pode contribuir para que as

funcionárias tenham de enfrentar mais essa questão. E esse é um problema global. De acordo com um levantamento da consultoria de recursos humanos Gartner, 40% das profissionais europeias disseram ter enfrentado essa situação. Nos Estados Unidos, o índice chega a 25%. O país é o berço do movimento #MeToo (“Eu também”, em português), que surgiu em 2007, fundado pela ativista pelos direitos das mulheres Tarana Burke, e ganhou força dez anos depois, quando atrizes, modelos e profissionais do cinema se uniram para falar sobre os abusos de um dos produtores mais poderosos do mundo: Harvey Weinstein Responsável por lançar filmes como O Senhor dos Anéis, Bastardos Inglórios e Gênio Indomável, Weinstein, que liderava a produtora Miramax e a The Weinstein Company, foi acusado de assédio – e estupro – por mais de 20 mulheres, entre elas Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Cara Delevingne.

Os relatos das vítimas mostram que o executivo seguia, há 30 anos, o mesmo comportamento: propor práticas sexuais a mulheres no começo de carreira dando a entender que, ao fazer sexo com ele, as profissionais teriam uma ascensão meteórica. Era comum que o executivo as convidasse para “reuniões” em quartos de hotel e as recebesse nu ou de roupão. O jornal americano The New York Times, que revelou o escândalo, descobriu que parte da equipe de Weinstein tinha a função de cuidar de todos os detalhes da vida de assediador do chefe. As tarefas do time iam de ministrar injeções penianas para tratar da disfunção erétil do produtor até garantir que as mulheres assediadas se calassem sobre os episódios. O argumento é que ele poderia prejudicá-las profissionalmente – como fez com as atrizes Mira Sorvino e Ashley Judd, que, por terem recusado qualquer envolvimento com ele, eram proibidas de atuar nos filmes que produzia, mesmo quando o diretor pedia, especificamente, para trabalhar com elas. Weinstein ainda está sendo julgado pelas acusações, mas foi demitido da própria produtora em outubro de 2017.

O episódio ganhou repercussão mundial e transformou o movimento #Me Too em um marco da luta contra o assédio sexual no ambiente de trabalho. Afinal, foi por meio dele que um figurão da indústria cinematográfica foi jogado às traças. Além disso, o #Me Too ajudou a estimular algo fundamental no combate a esse tipo de crime: a denúncia. “É difícil falar. Quando temos ações como o #MeToo, uma vítima passa a se identificar com a outra. Ela pensa: Eu não estou mais sozinha”, diz Antônio Carlos Henesey, diretor da ICTS Protiviti, empresa que presta serviços de auditoria de gestão de riscos e compliance responsável por administrar, por exemplo, linha de 0800 para que funcionários denunciem condutas incorretas em suas empregadoras.

Claro que tomar essa decisão não é simples. Há diversas travas – psicológicas e culturais – que deixam as vítimas com medo de abordar o assunto. Também é comum que algumas pessoas demorem a entender que a situação que enfrentam é de assédio sexual. “Isso é algo muito naturalizado, quase banal e esperado”, Daniela Frelin, diretora executiva do Instituto Avon, que apoia causas voltadas para as mulheres. “Quando você nomeia esse tipo de prática joga-se luz sobre o problema, e o primeiro efeito é o aumento do número de notificações. “E empresas começam a ter de lidar cada vez mais com a questão: um levantamento exclusivo da ICTS mostra que o número de denúncias desse tipo nas companhias para as quais presta serviço ao redor do mundo aumentou 140% de 2016 a 2018. E, em cerca de 73% dos casos, as vítimas dão seu nome ao denunciar

 RELAÇÃO DE PODER

Em território nacional a lei que criminaliza o assédio sexual é relativamente recente – entrou em vigor em 2001. “O movimento de nomear violência começou a se espalhar em legislação de vários países. No Brasil, a discussão começou a amadurecer na última década”, diz Gabriela Bíaz advogada voluntária da ONG Rede Feminista de Juristas (deFEMde). Juridicamente delito é definido como “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual prevalecendo-se de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. A pena é de um a dois anos de prisão. Quando a empresa é denunciada, primeiro é proposto um acordo – a companhia tem a chance de combater práticas de assédio sexual. Se isso não acontece, a companhia é condenada e a Justiça cobra uma multa cujo valor é destinado a benfeitorias sociais. “É feito um ressarcimento à sociedade. Pode ser construir anexos em hospitais equipar a Polícia Rodoviária ou favorecer entidades que possam trazer um benefício coletivo. O dano moral deve cumprir uma missão”, diz Valdirene Assis, procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em agosto do ano passa por exemplo, a rede de hipermercados Walmart foi condenada a pagar 1 milhão de reais no Rio Grande do Sul por casos de assédio sexual em lojas de pelo menos oito cidades. Além da multa a sentença determinava que a varejista criasse um programa interno de combate à prática, oferecendo mecanismos para as denúncias.

Na letra fria da lei o assédio sexual demanda uma hierarquia entre a vítima e o assediador (seja entre chefe e subordinado, seja entre aluno e professor, por exemplo). O poder acaba dando ao assediador a sensação de que pode fazer tudo com seus comandados – não à toa, a pesquisa da Talenses aponta que 98% dos que cometeram o crime ocupam cargo hierarquicamente superior ao da vítima. E, quando o chefe é também o dono da empresa, a situação é ainda pior. Que o diga Juliana Marin, de 34 anos, técnica em biomedicina, que conviveu com o problema durante quatro anos. Em 2009, ela era bolsista de biomedicina em Mogi das Cruzes (SP) precisava de um emprego de meio período para bancar seus estudos. Por isso, aceitou um estágio numa empresa de cosméticos que lhe rendia meio salário mínimo – o suficiente para pagar a passagem para a faculdade.

O ambiente era masculino – além de Juliana apenas mais duas mulheres trabalhavam ali. E o dono da companhia se aproveitava de sua posição para importunar a estagiária. “Tudo começou com um bom-dia “meloso”, diz Juliana. Mas não parou por aí. Quando ela estava ao telefone, o chefe costumava apertar seus ombros. Também era comum que passasse as mãos em seus braços e costas. ”Eu tinha só 24 anos, notava que havia algo estranho, mas não questionava, só tentava me afastar.” Até que finalmente, ele a chamou para sair. Ela se negou, mas o convite se tornou constante. O chefe dizia que aquilo não era nada demais, que seria bom para ela e que Juliana não poderia se empolgar com a situação. “Senti muita raiva por ele acreditar que eu sairia com ele por dinheiro.” Em alto e bom tom, Juliana disse que ele era casado, que ela era sua funcionária e muito mais nova. Isso fez com que o chefe a deixasse em paz. “Aguentei em silêncio pelo medo de ser julgada, procurei outros empregos, mas sofri para achar algo de meio período. Senti nojo e agradeço pelo fato de o ‘não’ mais incisivo ter sido o suficiente para que ele parasse”, diz Juliana, que se demitiu da empresa em 2013 e hoje trabalha com recursos humanos.

 SÓ UMA BRINCADEIRA?

Segundo a Justiça, há outro tipo de assédio: o por intimidação. Este pode ocorrer entre colegas quando há, segundo o texto legal, provocações sexuais inoportunas no ambiente de trabalho que prejudiquem a atuação de uma pessoa ou criem uma situação ofensiva, de intimidação ou humilhação. Nesse caso, juridicamente, não há punição na Justiça do Trabalho. No âmbito civil, a vítima pode processar seu assediador e conseguir uma indenização, por exemplo.

Nos quatro anos em que trabalhou como assistente executiva em um escritório de advocacia no Rio de Janeiro, de 2014 a 2018, A. C. (ela pediu para não ser identificada por estar processando os antigos empregadores) enfrentou os dois tipos de assédio – com a liderança e com um colega. Ela aguentava calada as investidas até que, um dia, o gerente-geral fez uma proposta indecente. O executivo ofereceu 5.000 reais para fazer sexo com a subordinada. A.C. ficou chocada, disse que não queria e fez a única coisa que sentia poder fazer naquele momento: relatou o ocorrido à chefe das secretárias para denunciar a conduta. Mas a atitude não surtiu nenhum efeito. O conselho da líder foi que A.C., ela própria, enviasse uma cartilha sobre assédio sexual ao e-mail do gestor para que ele “aprendesse sobre o assunto – o que ela fez, no mesmo dia. Mas a cultura continuava na empresa. Um ano depois do primeiro episódio, A.C. voltou a enfrentar o problema, dessa vez com um de seus colegas, um secretário americano recém-chegado à firma. Logo nas primeiras investidas, A.C. deixou claro que não estava interessada em nenhum tipo de relacionamento pessoal e que, se um dia mudasse ideia, ela mesma o procuraria. “Falei que ele não precisava ficar atrás de mim”, diz. O rapaz pareceu ter entendido. Mas a calmaria não durou muito. Como eram pares, os dois resolviam muitas coisas juntos e se comunicavam por WhatsApp – e ele usou dessa plataforma para assediá-la. “Ele enviou um gif com uma cena de sexo oral. Fiquei muito chocada. Sem querer me aborrecer, apaguei fui até ele e disse que eu não havia gostado. E a coisa não parou por aí. Em uma noite que estavam apenas os dois no escritório, o secretário se despediu de A.C. e, logo depois enviou a ela outro gif pornográfico. A imagem animada mostrava, explicitamente, um homem e uma mulher transando. “Eu me senti agredida. Mostrei para o diretor de RH na mesma hora e ele disse que aquela situação era inconcebível e que avisaria a diretoria. O secretário foi chamado para conversar com os diretores, entre os quais estavam o gerente-geral que havia assediado A.C. no passado e a chefe das secretárias. O funcionário disse que aquilo era só uma brincadeira e que a colega era louca. A conclusão do comitê foi que, como o empregado não estava em horário de trabalho, aquilo não seria assédio – mesmo que A.C. ainda estivesse no escritório. “Pediram para eu ser profissional, não comentar e agir como se nada daqui tivesse acontecido”, diz. Ela não questionou – apenas pediu que a trocassem de lugar, o que não foi permitido. “Ele sentava na porta do banheiro e, toda vez que eu precisava ele me encarava como se estivesse me enfrentando. Eu evitava até beber água para não ir ao banheiro.” A.C. esperou seu chefe voltar de férias para falar com ele sobre a situação. “Quando ele voltou, contei o caso e ele disse que o secretário era americano e era normal que visse as brasileiras como puta. Segundo o chefe, o melhor a fazer era relevar a situação.  Ele falou que, mesmo sendo amigo de A.C., não poderia aconselhá-la. “Ele disse que também era sócio do escritório, que havia passado seis anos trabalhando noite e dia, inclusive nos fins de semana, e não queria ver a reputação de sua empresa envolvida em um caso de assédio sexual.”

Mesmo contrariada, A.C. deixou o assunto para lá e tirou seus 15 dias de férias, que estavam planejados. Em seu primeiro dia trabalho após o descanso, em 31 de julho ano passado, ela teve uma surpresa: outra secretária estava sentada em seu lugar. O diretor de RH a chamou para conversar e falou que ela estava sendo desligada, mas não explicou os motivos. “Eu era considerada a melhor assistente. As equipes me disputavam, dizia que eu só seria demitida quando o escritório fechasse”, diz. Ao contrário da maioria dos casos, A, C. decidiu processar o empregador. “Até agora estou esperando que pelo menos se retratem. No meio de tantas justificativas tortas, não ouvi sequer um pedido de desculpas. É um total absurdo que, em pleno século 21, qualquer ser humano ainda passe por isso”, diz a assistente executiva, que hoje trabalha em outro escritório no Rio de Janeiro.

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 DESGASTES NA CARREIRA

Além de prejudicar a autoestima e aumentar a insegurança, o assédio sexual tem impactos diretos na trajetória profissional. Isso acontece por diversos fatores. Um deles é que, em alguns casos, quando o empregado não tem uma rede de apoio corporativa para enfrentar o problema, pode ser tachado como aquele que sofreu o assédio” – o que é péssimo para a superação pessoal e, claro, para a reputação na carreira. ”Os traumas emocionais fazem com que a pessoa veja seu potencial limitado. Os outros não se lembram dela de outra forma”, diz Carine Ross, co-fundora do Elas, escola de liderança voltada para mulheres. No limite, desenvolvem-se problemas mais sérios de saúde, como síndrome do pânico, estresse traumático e depressão.

No dia a dia, a consequência imediata é a queda na performance desses profissionais. Afinal, quem está no meio de um turbilhão como esse não consegue se concentrar nas atividades do trabalho e acaba perdendo, também, a motivação para entregar as tarefas. “A autogestão de carreira está atrelada a vários pilares, como network, reputação, competitividade, saúde mental. Quando um deles fica desequilibrado, os outros também ficam”, diz Márcia Oliveira, consultora sênior de carreira da Produtive – empresa de recrutamento.

Outro problema é perder oportunidades interessantes ou ser forçado a mudar de rota por causa do assédio. Foi exatamente o que aconteceu com Patrícia Carvalho, de 32 anos, que hoje é líder da área de marketing da CargoX, startup de compartilhamento de cargas e caminhões. Talvez ela não estivesse nesse cargo nem morando em São Paulo se não fosse um caso de assédio em um antigo trabalho em Brasília (DF), onde nasceu. Patrícia trabalhava numa empresa que admirava e tinha a meta de migrar internamente para outro setor. Cerca de duas vezes por mês, costumava conversar com o diretor dessa área que se dividia entre a capital paulista e Brasília. Mas o comportamento do executivo a afastou de seu objetivo. “Uma vez, eu estava no escritório de São Paulo conversando com algumas mulheres da equipe. Ele chegou até mim, disse que parecia estressada e que faria uma massagem. Colocou a mão nas minhas costas e eu levantei”, diz Patrícia, que viu o diretor repetir esse gesto com outras funcionárias e ouviu de uma colega que não gostava da forma como ele a tratava.

Os toques em Patrícia não pararam. Durante um evento de marketing em Brasília, ela e o executivo estavam sentados, cada um em uma cadeira, numa sala cheia de gente. De repente o diretor avançou e apalpou as duas coxas de Patrícia. “Fiquei muito assustada, na hora e travei. Levantei em disparada e saí da sala”.  Nervosa, ela telefonou para uma colega que havia usado o canal de compliance para denunciar outro funcionário. “Foi muito difícil. Ligue para relatar o que aconteceu, fiquei nervosa me senti desrespeitada: “Meses depois, Patrícia denunciou seu assediador. Outra funcionária foi vítima do mesmo executivo e Patrícia foi citada por essa moça como testemunha. Foi quando finalmente, ela relatou o que havia acontecido. “Acho que ele foi notificado e que citaram o meu nome, pois dali para a frente ele passou a me ignorar. Antes, ele era uma pessoa que me acessava, que me colocava em reuniões. Depois da denúncia, nunca mais trabalhou comigo. Não sei se o orientaram a agir dessa maneira”, diz Patrícia. “Talvez hoje eu estivesse numa posição melhor. Mas o que mais me machuca é o fato de que eu não pude ter a opção”.  Ela resolveu sair da empresa, ainda que o assédio não tenha sido o principal motivo. Em sua procura por um novo trabalho, quando ainda estava no anterior, fazia questão de entender as políticas de combate ao assédio sexual das companhias pelas quais se interessava. “No processo seletivo para a CargoX perguntei como era a liderança do CEO, como ele conduzia as coisas. Disseram que ele era muito respeitador, que nenhuma mulher teve algum problema. Isso era importante, porque os valore dele iam ecoar no restante da empresa. Se a entrevistadora tivesse titubeado, eu declinaria.

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RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS

Se existe um dado alarmante quando se trata de assédio sexual no ambiente de trabalho o fato de que a maioria das denúncias (ainda) vira água. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela plataforma de carreira Vagas, que ouviu 4.900 profissionais e descobriu que, em 74% dos casos, nada acontece com os assediadores. Para transformar essa realidade, não há caminho fácil. E a primeira atitude passa necessariamente, pela liderança – que é que dá o exemplo no dia a dia e ajuda a construir a cultura da empresa. Caso contrário, nada muda e os comentários e as atitudes de caráter sexual continuam sendo tratados como brincadeira. “As políticas internas precisam ser claras, a partir do momento que alguém na alta gestão faz uma piada e os outros riem, as pessoas pensam: “Se o presidente fala, eu também posso falar”, diz Erika ZoeIler, especialista em diversidade e membro do Conselho Estadual de Condição Feminina (CECF) de São Paulo.

É fundamental construir práticas que serão seguidas do topo à base. E tudo começa pela educação e pelo convite à reflexão. ”O embate nunca é o melhor caminho. É preciso mostrar dados, explicar que um ambiente desse tipo é tóxico, com mais pessoas doentes e menos produtividade”, diz Erika. Nessa jornada pelo esclarecimento, é necessário tomar cuidado para que não se trave uma guerra dos sexos. “Não transformar a realidade organizacional em um contexto de segregação é muito importante. Senão, começa-se a criar a sensação de que qualquer relacionamento com o sexo oposto é, por natureza, problemático”, diz Anderson Sant’Anna, professor de recursos humanos da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV- Eaesp). O ponto é encontrar equilíbrio e entender que se o outro se mostra desconfortável com uma aproximação pessoal, a linha entre galanteio e assédio certamente estará sendo ultrapassada – e é preciso parar. Se as empresas não se convencem pelo aspecto humanitário da luta contra o problema pode-se apelar para o bolso: o levantamento da Gartner citado no início desta reportagem mostra que, só em 2016, casos de assédio sexual custaram cerca de 1,6 bilhão de dólares para as companhias nos Estados Unidos. “A melhor forma é a própria empresa assumir a incumbência e desenvolver internamente um trabalho para que não haja espaço para o assédio. Isso reduz danos para todos os trabalhadores e para a saúde financeira”, diz a procuradora Valdirene, do MPT.

Não à toa, entre as organizações que compõem o ranking das Melhores Empresas para Trabalhar de 2018, 9.996 possuem canais sigilosos para denúncias dos funcionários. Em 8.496 delas, as denúncias são encaminhadas à alta direção e, em 83%, há um comitê específico para tratar dos casos. Além disso, em 73% das Melhores existem ações formais de prevenção específicas para assédio sexual, número que cai para 2.996 entre as que não se classificam para a lista.

Seja por zelo à reputação, seja por lucro, fato é que as companhias que lutam contra o problema constroem ambientes de trabalho mais felizes – e, consequentemente, abertos para que possíveis vítimas se sintam acolhidas para falar sobre o assunto. É apenas conversando abertamente sobre os limites que precisam ser estabelecidos que vamos combater um problema grave que pode destruir a saúde e a carreira de muitos profissionais. Nenhuma empresa – ou chefe, ou colega – pode assistir a isso calada. Só assim é que a realidade será transformada.

 O QUE FAZER

Como a vítima, os colegas e as empresas devem agir para lutar contra o problema, de acordo com a cartilha do ministério público do trabalho, feita em conjunto com a organização internacional do trabalho

 A VÍTIMA

Dizer abertamente não, ao assediador

Evitar permanecer sozinho no mesmo local que o assediador

Anotar os detalhes de todas as abordagens de caráter sexual sofridas, como dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam os fatos, conteúdo das conversas e o que mais achar necessário

Procurar a ajuda dos pares, principalmente dos que presenciaram o fato ou que são ou foram vítimas

Reunir provas, como bilhetes, e-mails, mensagens em redes socais, presentes

Entender que a culpa não é sua, já que a irregularidade da conduta não depende do comportamento da vítima, e sim do agressor

Denunciar aos órgãos de proteção e defesa dos direitos das mulheres ou dos trabalhadores, inclusive o sindicato profissional

Comunicar aos superiores hierárquicos e informar por meio dos canais internos da empresa (ouvidoria, comitês de ética, etc.)

Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas

Relatar o fato à comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) e ao serviço especializado ou engenharia de segurança e em medicina do trabalho (SESMT)

 O EMPREGADOR

Criar canais de comunicação eficazes e com regras claras de funcionamento, apuração e sanção de atos de assédio que garantam o sigilo da identidade do denunciante

Inserir o assunto em treinamentos, palestras e cursos em geral, assim como conscientizar os trabalhadores a respeito da igualdade entre homens e mulheres

Capacitar os profissionais de recursos humanos e os líderes para enfrentar o problema

Incluir regras de conduta a respeito do assédio sexual nas normas internas da empresa, inclusive mostrando as formas de apuração e punição

Negociar com os sindicatos da categoria cláusula sociais em acordos coletivos de trabalho para prevenir o assédio sexual

 OS COLEGAS

Oferecer apoio à vítima, inclusive na coleta de provas

Disponibilizar-se como testemunha

Procurar o sindicato e relatar o acontecido

Apresentar a situação a outros trabalhadores e solicitar mobilização

Denunciar aos órgãos públicos competentes

Comunicar ao setor responsável ou ao superior hierárquico do assediador

 AO REDOR DO GLOBO

Levantamento da consultoria Gartner mostra como anda o problema em outros países

Assédio sexual no trabalho. 7

 

 RAIO X

Levantamento feito pela Talenses com 3.215 pessoas mostra como a questão ocorre no ambiente de trabalho. Veja o perfil de quem respondeu à pesquisa

Assédio sexual no trabalho. 3

  É, OU NÃO É?

Os exemplos mais comuns de assédio sexual de acordo com o Senado Federal

  • Piadas ou expressões de conteúdo sexual
  • Contato físico não desejado, solicitação de favores sexuais
  • Convites impertinentes
  • Pressão para participar de encontros e saídas
  • Insinuações ou ameaças, explícitas ou veladas
  • Gestos ou palavras sexuais escritas ou faladas
  • Promessas de tratamento diferenciado
  • Chantagem para permanência ou promoção no emprego
  • Ameaças, veladas ou explícitas, de represálias, como a de perder o emprego
  • Conversas indesejáveis sobre sexo
  • Assédio sexual no trabalho. 4

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 1 – O DIA EM QUE QUASE O ALCANCEI

 

BUSCANDO A DEUS (SALMO 63.8)

Nós pensamos que sabemos onde Deus está. Nós pensamos que sabemos o que O agrada e estamos certos de que sabemos aquilo que O desagrada. Temos estudado tanto a Palavra de Deus e Suas cartas de amor para as igrejas, que alguns de nós alegam saber tudo sobre Deus. Mas, agora, pessoas como você e eu, em diferentes lugares do mundo, estão começando a ouvir uma voz persistente no silêncio da noite:

“Não estou perguntando o quanto você sabe a Meu respeito. Quero lhe perguntar: Você realmente Me conhece? Você realmente Me deseja?

Eu pensava que sim. Pensava que havia alcançado um nível considerável de sucesso no ministério. Afinal, eu havia pregado em algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos. Estava envolvido em obras de alcance internacional, com grandes homens de Deus. Fui à Rússia várias vezes e participei da fundação de muitas igrejas naquele país. Fiz muitas coisas para Deus pensando que era o que deveria fazer.

Mas, em um outono, durante uma manhã de domingo, aconteceu algo que mudou tudo isto e colocou em cheque todos os meus talentos, credenciais e realizações no ministério.

Um velho amigo meu que pastoreava em Houston, no Texas, pediu-me que pregasse em sua igreja. De alguma forma, senti o que o destino estava me preparando. Antes desta chamada, havia brotado em meu coração uma fome que parecia insaciável. Aquele vazio incômodo que perdurava dentro de mim, apesar de minhas realizações ministeriais, ficava cada vez maior. Estava com um frustrante pavor, uma deprimente premonição. Quando recebi aquele convite, senti que algo da parte de Deus me aguardava. Pouco a pouco, sentíamos que estávamos nos aproximando de um encontro com o Pai.

Faço parte da quarta geração de uma família atuante no ministério da Igreja. Mas, para ser honesto com você, eu já estava enfadado de igreja. Estava como a maior parte das pessoas que tentamos atrair aos nossos cultos semanalmente. Elas também estão cansadas da igreja e, por isso, não vêm. Por outro lado, mesmo que a maior parte daqueles que estão em nossas igrejas e em nossas reuniões também possa estar entediada, está, de igual modo, faminta de Deus.

NADA MENOS QUE PROPAGANDA

Você não pode me dizer que as pessoas, quando colocam cristais nos pescoços, gastam dinheiro diariamente para ouvir gurus e contratam médiuns caríssimos, não estejam famintas de Deus.

Elas estão famintas para ouvir algo que esteja além de si mesmas, algo que não estão ouvindo na Igreja hoje. A questão é: as pessoas estão enfadadas da Igreja porque ela tem se portado como mera difusora da Bíblia! As pessoas querem estar ligadas a um poder maior! Sua fome as leva a qualquer lugar, menos à igreja. Elas estão à procura de algo para saciar a fome que lhes corrói a alma.

Ironicamente, mesmo sendo um ministro do evangelho, eu estava sofrendo da mesma fome que aflige aqueles que nunca tiveram um encontro com Jesus! Não me contentava mais em apenas saber sobre Jesus.

Você pode saber tudo sobre presidentes, realezas e celebridades; pode conhecer seus hábitos alimentares, endereço, estado civil. Mas, saber sobre eles não significa ter intimidade com eles, não significa que você os conheça. Na Era da Comunicação, com boatos passados de boca em boca, de papel em papel, de pessoa a pessoa, é possível compartilhar informações sobre alguém sem conhecê-lo pessoalmente. Se você ouvir duas pessoas conversando sobre a última tragédia que se abateu sobre alguma celebridade, ou a última vitória que ela experimentou, pode até pensar que elas conheçam a pessoa de quem estão falando, quando, na verdade, tudo que sabem são fatos a respeito dela!

Por muito tempo a Igreja só tem conhecido fatos sobre Deus. Nós conhecemos “técnicas”, mas não falamos com Ele. Esta é a diferença entre conhecer alguém e saber a respeito dele. Presidentes, realezas e celebridades: posso ter muitas informações sobre eles, mas não conhecê-los, de fato. Se os encontrasse pessoalmente, teriam que ser apresentados a mim, porque o mero conhecimento a respeito de uma pessoa não é o mesmo que uma amizade íntima.

Saber a respeito de Deus não é o suficiente. Temos igrejas cheias de pessoas que podem ganhar qualquer concurso sobre temas bíblicos, mas que não O conhecem. Temo que alguns de nós fomos desviados ou embaraçados, tanto pela prosperidade, quanto pela pobreza. Receio que tenhamos nos tornado uma sociedade tão farisaica, que nossos desejos e vontades não correspondam aos do Espírito Santo.

Se não tomarmos cuidado, estaremos cultivando o “culto ao bem-estar”: satisfeitos com nosso pastor amável, nossa igreja confortável, nosso fiel círculo de amigos, nos esquecendo dos milhares de insatisfeitos, feridos e aflitos que passam por nosso confortável templo todos os dias! Não posso deixar de pensar que, se falhamos até mesmo em tentar alcançá-los com o evangelho de Jesus Cristo, muito sangue foi desperdiçado no Calvário. Isso, de fato, me incomoda.

Tinha que haver algo mais. Eu estava desesperado por um encontro com Deus (o mais íntimo possível).

Depois de pregar na igreja do meu amigo no Texas, voltei para casa. Na quarta-feira seguinte, estava na cozinha, quando o pastor me telefonou de novo e disse: “Tommy, somos amigos há anos e não me lembro de ter convidado alguém para pregar dois domingos consecutivos, mas será que você poderia voltar no próximo domingo?” Concordei. Poderíamos dizer que Deus estava prestes a fazer algo. Estaria o perseguidor agora sendo perseguido? Estaríamos prestes a ser apreendidos pelo que estávamos buscando? (Veja Filipenses 3:12).

O segundo domingo foi ainda mais abençoado. Ninguém queria deixar o prédio após o culto da noite.

“O que devemos fazer?”, meu amigo me perguntou.

“Deveríamos fazer uma reunião de oração na segunda à noite”, eu lhe disse, e acrescentei: “Passaremos todo o tempo orando intensamente. Vamos apurar até que ponto vai a fome das pessoas e ver o que está acontecendo.”

Quatrocentas pessoas se apresentaram na segunda-feira para a reunião de oração e tudo que fizemos foi buscar a face de Deus. Algo, realmente, estava acontecendo. Uma pequena rachadura aparecia no bronze dos céus de Houston. Uma fome coletiva estava clamando por uma visitação.

Voltei para casa. Na quarta-feira, o pastor estava novamente ao telefone me dizendo: “Tommy, você pode voltar no domingo?” Ouvi suas palavras e seu coração. Ele, verdadeiramente, não estava interessado em “minha” volta. O que eu e ele queríamos era que Deus viesse. Ele é um dos nossos, é um caçador de Deus, e estávamos em uma ardente busca. Sua igreja havia estimulado a fome que havia em mim. Eles também tinham sido preparados para esta busca. Havia uma premonição de que estávamos prestes a “pegá-Lo”.

Uma expressão interessante, não é? Pegá-Lo. Realmente é uma expressão impossível. Podemos pegá-Lo assim como o Leste pode pegar o Oeste, eles estão muito longe um do outro.

É como brincar de pega-pega com minha filha. Quando ela chega em casa, após um dia de aula, nós brincamos como tantos outros pais e filhos mundo afora. Ao tentar me pegar, apesar do meu corpo grande e desajeitado, ela não consegue nem mesmo me tocar, porque uma criança de seis anos não pode pegar um adulto. Mas não é este o propósito da brincadeira, porque, alguns minutos depois, ela diz sorridente: “Ah, papai!”.

É neste momento que ela captura não só minha presença, mas, também, meu coração. Então, me volto e não é mais minha filha que está me buscando, agora eu é que corro atrás dela, a alcanço e caímos na grama entre abraços e beijos. O perseguidor torna-se perseguido. Será que podemos pegá-Lo? Literalmente, não, mas podemos pegar Seu coração. Davi fez isso. Se podemos pegar Seu coração, então, Ele se volta e nos busca. Esta é a beleza de ser um caçador de Deus. Você busca o impossível, sabendo que é possível.

Aqueles crentes, em Houston, tinham dois cultos agendados aos domingos. O primeiro culto da manhã começava às 8h30, o segundo, seguido a este, às 11 horas.

Quando voltei, no terceiro fim de semana, senti uma forte unção enquanto estava no hotel, um toque do Espírito, chorei e tremi.

MAL PODÍAMOS RESPIRAR

Na manhã seguinte, entramos no prédio às 8h30 para o culto dominical esperando ver aquela multidão sonolenta com sua adoração desinteressada. Enquanto me encaminhava para sentar na primeira fileira, a presença de Deus já estava naquele lugar de uma forma tão intensa que o ar estava “denso”: mal podíamos respirar.

A equipe de louvor, visivelmente, se esforçava para continuar ministrando. Lágrimas jorravam. Estava cada vez mais difícil tocar. Finalmente, a presença de Deus pairava tão fortemente, que eles não mais conseguiam tocar ou cantar. O dirigente do louvor rompeu em soluços atrás do teclado.

Se houve alguma boa decisão que já tomei na vida, foi a daquele dia. Eu nunca tinha estado tão perto de “pegar” Deus e não iria parar. Então, falei para minha esposa, Jeannie: “Continue a nos conduzir a Ele.” Jeannie sabe como levar as pessoas à presença de Deus através da intercessão e do louvor. Calmamente, colocou-se à frente e continuou a facilitar a adoração e ministração ao Senhor. Não era nada sofisticado, era algo singelo, era a retribuição mais apropriada àquele momento.

A atmosfera me lembrava a passagem de Isaías, capítulo 6, algo que li e até mesmo ousei sonhar que poderia experimentar um dia. Nesta passagem a glória do Senhor encheu o templo. Nunca entendi o que significava a glória do Senhor encher um lugar. Já havia sentido Deus muito próximo, mas daquela vez, em Houston, quando pensava que Deus já estava presente, mais e mais Sua presença enchia o santuário. É como a cauda de um vestido de noiva que, mesmo depois da entrada da noiva na igreja, continua a entrar após ela.

Deus estava lá, não havia dúvidas quanto a isto. Porém, cada vez mais d’Ele continuava entrando no lugar até que, como em Isaías, literalmente, encheu o templo. Algumas vezes o ar ficava tão rarefeito, que se tornava muito difícil respirar. Parecia que o oxigênio vinha em pequenas porções. Soluços abafados percorriam a sala. Em meio a tudo isto, o pastor veio a mim e perguntou: “Tommy, você está pronto para assumir o púlpito?”

“Pastor, estou receoso de subir até lá, porque sinto que Deus está prestes a fazer algo.”

Lágrimas estavam correndo pelo meu rosto quando disse isto. Não temia que Deus me abatesse, ou que algo ruim acontecesse. Simplesmente não queria interferir e afligir a preciosa presença que estava preenchendo aquele lugar! Por muito tempo, nós humanos, permitimos o mover do Espírito Santo até certo ponto. Mas, quando perdemos o controle, logo puxamos as rédeas (a Bíblia chama isto de “apagar o Espírito” em 1 Tessalonicenses 5.19). Por muitas vezes, paramos no véu do tabernáculo.

“Sinto que devo ler 2 Crônicas 7.14, tenho uma palavra do Senhor”, disse meu amigo. Entre muitas lágrimas, balancei a cabeça e disse: “Vá, vá!”

Meu amigo não é um homem dado a expressar seus sentimentos, é essencialmente um homem equilibrado. Mas, quando começou a andar pela plataforma, mostrava-se visivelmente abalado. Naquele momento, tive tanta certeza de que alguma coisa estava prestes a acontecer, que fui em direção à cabine de som no fundo da sala. Sabia que Deus iria se manifestar, só não sabia onde.

Eu estava na primeira fileira, e sentia que algo poderia acontecer atrás de mim ou do meu lado. E eu estava tão desesperado para pegá-Lo, que caminhei para o fundo da sala, enquanto o pastor se encaminhava para o púlpito, dessa forma eu poderia perceber todo o ambiente. Não estava certo do que aconteceria na plataforma, mas sabia que algo iria acontecer. “Deus, eu quero ser capaz de ver o que quer que o Senhor esteja prestes a fazer.”

Meu amigo subiu para o púlpito no centro da plataforma, abriu a Bíblia e, calmamente, leu a arrebatadora passagem de 2 Crônicas 7.14:

“… se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a Minha face, e deixar seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”

Então, ele fechou sua Bíblia, agarrou as bordas do púlpito com as mãos trêmulas e disse: “A palavra do Senhor para nós, hoje, é que paremos de buscar Seus benefícios e busquemos a Ele. Não vamos mais buscar Suas mãos, mas sim a Sua face”.

Naquele instante, ouvi o que parecia ser o eco de um trovão, e o pastor foi, literalmente, tomado e lançado a uma distância aproximada de três metros do púlpito. Quando ele foi arremessado para trás, o púlpito caiu para frente. O belo arranjo de flores, que estava em frente, caiu no chão. Porém, antes que o púlpito batesse no chão, ele já estava partido em dois pedaços. Havia sido partido em dois, como se um raio o tivesse atingido! Naquele instante, o terror tangível da presença de Deus encheu aquela sala. (Nota: O púlpito era feito de um plástico acrílico de alta tecnologia. Este material, segundo os engenheiros, é capaz de suportar milhares de quilos de pressão por metro quadrado).

AS PESSOAS COMEÇARAM A CHORAR E SE LAMENTAR

Rapidamente fui ao microfone do fundo da sala e disse: “Caso você não esteja ciente do que está acontecendo, Deus acaba de se mover neste lugar. O pastor está bem [passaram-se duas horas e meia para que ele pudesse ao menos se levantar, ainda assim com o auxílio dos introdutores. Somente sua mão tremia dando sinal de vida]. Ele vai ficar bem.”

Enquanto tudo acontecia, os introdutores correram para verificar se o pastor estava bem e pegar os pedaços do púlpito. Ninguém, realmente, prestou muita atenção no púlpito partido, pois estávamos muito ocupados com os céus fendidos. A presença de Deus atingira aquele lugar como se fosse uma bomba. As pessoas começaram a chorar e a se lamentar. Eu disse: “Se você não está onde precisa estar, esta é uma boa hora para se reconciliar com Deus.” Eu nunca vira tamanho apelo.

Um tumulto se fez. Pessoas se empurravam. Não esperavam os corredores se esvaziarem. Pulavam os bancos da igreja, homens de negócio arrancavam suas gravatas e estavam, literalmente, amontoados uns sobre os outros, no mais terrível e harmonioso som de arrependimento que eu já tinha ouvido. A simples lembrança disso ainda me causa arrepios. Quando fiz o apelo do culto das 8h30, não tinha ideia de que aquele seria o primeiro dos sete apelos daquele dia.

Quando já era hora de começar o culto das 11 horas, ninguém havia deixado o prédio. As pessoas ainda se encontravam prostradas e, embora não houvesse nenhuma música sendo tocada, a adoração era calorosa e espontânea. Homens maduros dançavam como bailarinos, crianças choravam em manifestação de arrependimento. As pessoas estavam com rosto em terra, ajoelhadas, absortas pela presença do Senhor. Havia tanto da presença e do poder de Deus ali, que as pessoas começaram a sentir uma necessidade urgente de serem batizadas.

Eu assistia às pessoas adentrarem os átrios do arrependimento, e, uma após outra, experimentarem a glória e a presença de Deus enquanto Ele estava ali por perto. Elas queriam ser batizadas e eu estava em dúvida sobre o que fazer. O pastor ainda permanecia no chão. Pessoas vinham até mim e declaravam: “Preciso ser batizado. Alguém me diga o que fazer.” Havia uma quantidade imensa de perdidos que foram salvos, e tudo provocado puramente pelo encontro com a presença de Deus. Não houve sermão nem canções naquele dia – somente o Espírito de Deus.

Duas horas e meia se passaram, e, já que pastor só havia conseguido gesticular um dedo para chamar os anciães até ele naquele instante, os introdutores tiveram que carregá-lo para seu gabinete. Enquanto isso, todas aquelas pessoas me perguntavam (ou a qualquer outro que encontravam) se poderiam ser batizadas. Como um ministro visitante naquela igreja, eu não queria assumir a autoridade de dizer a alguém para batizá-las, então enviei pessoas ao escritório do pastor para verificar se ele autorizaria o batismo.

Eu fazia um apelo após outro e centenas de pessoas vinham à frente. Como, a cada vez, mais pessoas vinham me perguntar a respeito do batismo, percebi, então, que nenhum daqueles que foram ao escritório do pastor retornaram. Finalmente, enviei um pastor assistente já aposentado, dizendo-lhe: “Por favor, descubra o que o pastor quer fazer acerca do batismo, pois ninguém que enviei retornou para me dar uma resposta.” O homem entreabriu a porta e inclinou a cabeça para dentro do escritório. Para sua surpresa, viu o pastor ainda deitado diante do Senhor e todos os que eu havia lhe enviado estirados pelo chão também, chorando e se arrependendo diante de Deus. Então, voltou depressa para me relatar o que tinha visto, e acrescentou: “Vou perguntar-lhe o que pediu, mas, se eu entrar naquele gabinete, pode ser que não volte também”.

BATIZAMOS PESSOAS POR HORAS

Balancei a cabeça concordando com aquele pastor assistente: “Acho que não há problema se os batizarmos.” Então começamos a passar as pessoas pelas águas como um sinal físico de seu arrependimento diante do Senhor. E, por muito tempo, batizamos as pessoas. Mais e mais pessoas continuavam se derramando perante Deus. Como os participantes do primeiro culto ainda estavam lá, havia carros estacionados por todos os lados fora da igreja.

Em um grande terreno vago próximo ao prédio, as pessoas sentiam a presença de Deus tão fortemente, que começavam a chorar sem controle. E, simplesmente, se dirigiam ao estacionamento sem saber o que estava acontecendo. Algumas, ao saírem de seus carros, mal conseguiam andar pelo estacionamento. Outras entraram no prédio somente para cair no chão. Com muito esforço, os introdutores arrastavam aquelas pessoas da porta e as colocavam ao longo do corredor para liberar a entrada. Algumas pessoas conseguiam avançar um pouco para dentro do prédio e outras entravam na sala antes de caírem prostradas em arrependimento.

Alguns, na verdade, se prostravam dentro do santuário, mas, a maior parte não se importava em não achar assentos. Eles se prostravam diante do altar. Não importava, pois não demorava muito para que começassem a chorar e se arrepender. Como eu disse, não houve nenhuma pregação. Nem mesmo música houve na maior parte do tempo. Mas basicamente uma coisa aconteceu naquele dia: A presença de Deus se revelou. Quando isto acontece, a primeira coisa que se faz é o mesmo que Isaías fez ao ver o Senhor no alto e sublime trono. Ele clamou das profundezas de sua alma:

“Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6.5)

Veja bem: no momento em que Isaías, o profeta, servo escolhido de Deus, viu o Rei da glória, o que ele pensava estar puro e santo parecia trapos imundos. Ele estava pensando: Eu achava que conhecia Deus, mas não conhecia nem um pouco d’Ele! Naquele domingo, parecia termos chegado tão perto, quase O pegamos. Agora sei que é possível.

ELES VOLTAVAM BUSCANDO MAIS

As pessoas continuaram enchendo o auditório. Tudo começou com o extraordinário culto das 8h30 naquela manhã. Finalmente, por volta das 16 horas, consegui comer alguma coisa. Então, voltei para a igreja. Muitos nem saíram. Aquele culto matinal de domingo só terminou 1 hora da madrugada de segunda. Nem precisávamos anunciar nossa programação para segunda-feira à noite. Todos já sabiam. Haveria uma reunião, quer anunciássemos ou não. As pessoas voltavam para casa simplesmente para dormir um pouco ou fazer algo, e retornavam buscando mais – nada que viesse de homens ou de suas programações, porém algo que brotasse de Deus e Sua presença.

Noite após noite, o pastor e eu diríamos: “O que vamos fazer?” Na maioria das vezes nossa resposta era previsível: “O que você quer fazer?” O que queríamos dizer era: “Não sei o que fazer. O que Deus quer fazer?” Algumas vezes, tentávamos ter um culto, mas a fome das pessoas rapidamente nos conduzia à presença de Deus e, de repente, ela é que nos tinha\

Escute, meu amigo: Deus não se importa com sua música, suas torres, seus prédios admiráveis. O carpete de sua igreja não O impressiona – Ele é quem forrou os campos. Deus, realmente, não se preocupa com nada do que você possa fazer para Ele. Ele somente se preocupa com sua resposta a uma pergunta: “Você Me quer?”.

CAIA POR TERRA TUDO QUE NÃO PROVENHA DO SENHOR DEUS!

Programamos nossos cultos de uma forma tão rígida e tão pouco profética, que ficamos nervosos se Deus tenta fazer algo que não planejamos. Não podemos suportar a livre presença de Deus em nossas programações por muito tempo, porque Ele poderia “arruinar” tudo. Esta tem sido minha oração: “Faça com que nossos esquemas se desmoronem, Deus, e que caia por terra tudo que não provenha do Senhor!”.

Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: Quando foi que você esteve na igreja e disse: “Vamos esperar no Senhor”? Acho que temos medo de esperar n’Ele, porque não acreditamos que Ele vá se revelar. Tenho uma promessa para você: “… os que esperam no Senhor renovam as suas forças” (Isaías 40.31a). Quer saber por que vivemos fracos como cristãos e não temos tido tudo o que Deus tem para nós? Quer saber por que temos vivido atados aos nossos confortáveis privilégios e não temos tido força para superar nossa própria carnalidade? Talvez, porque não tenhamos esperado n’Ele, para que nos fortaleça. Talvez tenhamos tentado realizar as coisas confiados em nosso próprio poder.

DEUS FEZ DESMORONAR TUDO QUE NÃO PROVINHA D’ELE EM HOUSTON

Não estou tentando fazer com que você se sinta mal. Sei que muitos cristãos e muitos de nossos líderes verdadeiramente se esforçam, mas existe muito mais. Você pode pegar Deus. Pergunte a Jacó! Você verá ruir os esquemas que limitaram o seu caminhar até agora! Você pode pegá-Lo. Nós temos falado, pregado e ensinado sobre avivamento a ponto de saturar a Igreja. É o que tenho feito toda minha vida: preguei o avivamento, ou, pelo menos, penso tê-lo feito.

Deus quebrou nossos esquemas e fez com que tudo ruísse quando Se revelou a nós. Sete noites por semana, por quatro ou cinco semanas seguidas, centenas de pessoas, em cada culto, se enfileiravam em frente ao altar para declarar seu arrependimento e aceitar a Cristo. Elas O cultuavam, esperavam n’Ele e Lhe dirigiam Suas orações. O que aconteceu nos dias dos primeiros cristãos e nos avivamentos mais recentes, estava acontecendo novamente. Então comecei a entender: “Deus, o Senhor quer fazer o mesmo em todos os lugares.” Durante meses a presença de Deus pairou ali.

DEUS ESTÁ VOLTANDO PARA RECUPERAR A IGREJA

Até onde posso dizer, só existe uma coisa que O detém: o Senhor não vai derramar Seu Espírito onde não há fome d’Ele. Ele procura pelos famintos. Ter fome significa não estar satisfeito com a “mesmice”, porque ela nos obriga a viver sem o Senhor em Sua plenitude. Ele só vem quando você está disposto a se voltar totalmente para Ele. Deus está voltando para recuperar Sua Igreja, mas você tem que estar faminto.

Ele quer Se revelar entre nós. Ele quer vir cada vez mais forte, mais forte e mais forte, até que sua carne não seja mais capaz de suportar. A beleza disto é que nem mesmo os perdidos ao nosso redor serão capazes de resistir. Está começando a acontecer. Vejo o dia em que os pecadores mudarão seu rumo nas ruas, estacionarão com olhares confusos e vão bater à nossa porta, dizendo: “Por favor, existe algo aqui, como posso ter isto?”.

O QUE FAZEMOS?

Você não está cansado de tentar distribuir folhetos, bater nas portas e fazer tudo acontecer? Por muito tempo, temos tentado fazer com que as coisas aconteçam. Agora, Deus quer fazer acontecer! Por que você não descobre o que Ele está fazendo e junta-se a Ele? Era isto que Jesus fazia. Ele dizia: “Pai, o que o Senhor está fazendo? É isto que farei”. (Veja João 5:19-20).

Deus quer Se mover com Sua Igreja. Quando foi que você se sentiu tão faminto por Deus, que sua fome o consumiu a ponto de você não mais se importar com o que as pessoas pensassem de você? Eu o desafio a esquecer cada perturbação, cada opinião e pense: O que está sentindo, agora, enquanto lê sobre como Deus tomou estas igrejas? Você está passando por cima disto? O que está embaraçando seu coração? Você não sente o despertar daquela fome que pensou estar esquecida? Quando foi que você sentiu o que está sentindo agora? Levante-se e busque a presença de Deus. Seja um caçador de Deus.

Não estou falando daquela animação típica do louvor e da adoração. Sabemos muito bem como conduzir a música de forma que tudo esteja maravilhoso, o acompanhamento esteja espetacular e tudo pareça perfeito. Mas não é disto que estou falando e não é isso que está causando esta fome em você agora. Estou falando da fome pela presença de Deus. Eu disse “uma fome pela presença de Deus”.

Sem muita cerimônia gostaria de dizer que, na verdade, a Igreja tem vivido por tanto tempo em uma presunção e uma justiça própria que cheira mal diante de Deus. Ele não pode nem olhar para nós em nosso estado presente. Da mesma forma que você ou eu nos sentimos embaraçados em um restaurante ou em um supermercado, quando vemos os filhos de alguém “pintando o sete”, Deus sente o mesmo sobre a nossa justiça própria. Ele está incomodado com nosso farisaísmo. Não estamos “tão juntos” quanto pensamos estar.

O que pode nos mover para o centro do plano de Deus? O arrependimento.

“Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Pois este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” (Mateus 3.1-3.)

O arrependimento prepara o caminho e endireita as estradas do nosso coração. O arrependimento eleva os lugares baixos e rebaixa todos os lugares altos de nossas vidas e das famílias cristãs. O arrependimento nos prepara para a presença de Deus. Na verdade, você não pode viver na presença do Pai sem arrependimento. O arrependimento nos permite buscar Sua presença. O arrependimento constrói a estrada para que você alcance a Deus (ou para que Deus alcance você!). Pergunte a João Batista. Quando ele construiu a estrada, Jesus veio andando.

Este é o ponto fundamental do que tenho para dizer: Quando foi que você disse: “Estou indo para Deus”? Quando foi que você deixou tudo de lado, todas as suas ocupações e correu na estrada do arrependimento para buscar a Deus?

NÃO É UMA QUESTÃO DE ORGULHO, MAS DE FOME.

Eu costumava procurar por grandes multidões e bons sermões para pregar, tentava fazer grandes obras para Deus. Meus esquemas ainda não haviam se desmoronado. Agora, eu sou um caçador de Deus. Nada mais importa. Digo a você, como seu irmão em Cristo, que o amo, mas amo mais a Deus. Não me preocupo com o que outras pessoas ou ministros pensam sobre mim. Estou indo atrás de Deus. Não é uma questão de orgulho, mas de fome. Quando você buscar a Deus com todo seu coração, alma e corpo, Ele se voltará para encontrá-lo e você sairá desta experiência desmoronado aos olhos do mundo.

Aquilo que é bom tem sido inimigo do que é melhor. Eu o desafio agora, enquanto lê estas palavras, a deixar seu coração ser quebrado pelo Espírito Santo. É hora de você santificar sua vida. Pare de assistir ao que você costuma assistir; pare de ler o que você costuma ler, se isto tem lhe tomado mais tempo do que a leitura da Palavra de Deus. Ele deve ser sua maior fome e mais urgente.

Se você está contente e satisfeito, então eu o deixarei, e você pode, seguramente, largar este livro de lado, agora, e nunca mais o incomodarei. Mas se você está faminto, tenho uma promessa do Senhor para você. Ele disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5.6).

NUNCA ESTIVEMOS FAMINTOS

Nosso problema é que nunca estivemos realmente famintos. Temos permitido que as coisas deste mundo preencham nossas vidas e “saciem” nossa fome. Temos ido a Deus semana após semana, ano após ano, simplesmente para que Ele preencha pequenos espaços vazios. Eu digo a você que Deus está cansado de estar em segundo lugar em nossas vidas. Ele está cansado até mesmo de ser o segundo na programação e na vida da igreja!

Tudo de bom, incluindo as coisas que sua igreja local faz – desde alimentar os pobres, resgatar órfãos, até o ensino na Escola Bíblica Dominical – deveria fluir na presença de Deus. Nossa motivação básica deveria ser: “Fazemos isso por causa de Deus, porque isto está em Seu coração.” Se não tomarmos cuidado, podemos ser achados tão envolvidos em atividades para Deus, que acabamos nos esquecendo d’Ele.

Você pode estar sendo tão “religioso”, que nunca será espiritual. Não importa o quanto ore. Perdoe-me por dizer isto, mas você pode estar perdido, sem mesmo conhecer Deus, apesar de manter uma vida de oração. Não me importa o quanto você conheça a Bíblia, ou o que você sabe sobre Deus. Estou perguntando: “Você O conhece!”

Um marido e uma esposa podem fazer coisas um para o outro sem que, realmente, se amem. Eles podem participar do pré-natal juntos, ter filhos, dividir a hipoteca, mas nunca aproveitar o alto nível de intimidade que Deus ordenou e designou que houvesse em um casamento (e não me refiro apenas ao relacionamento sexual). Geralmente, vivemos em um plano abaixo daquele que Deus pensou para nós. Então, quando Ele, inesperadamente, aparece em Seu poder, ficamos chocados. Muitos de nós, simplesmente, não estamos preparados para ver “Sua glória encher o templo”.

O Espírito Santo pode já estar falando com você. Se você mal pode conter as lágrimas, deixe-as correr. Minha oração é que o Senhor desperte, agora, aquela antiga fome que você quase esqueceu. Talvez, tempos atrás, você normalmente se sentia dessa maneira, mas permitiu que outras coisas o preenchessem e tomassem o lugar do seu desejo pela presença de Deus. Em nome de Jesus, liberte-se da religião morta e corra para a fome espiritual neste momento. Eu oro para que você fique tão faminto de Deus, que não se importe com mais nada.

Acho que já vejo uma chama… Deus irá inflamá-la.

Senhor, queremos somente a Sua presença. Estamos tão famintos.

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