PRECONCEITO GERA SOFRIMENTO PSÍQUICO
Apesar de ser considerada crime, a manifestação de discriminação, seja geográfica, religiosa, de etnia, aparência ou orientação sexual, ainda é frequente e pode provocar danos graves à saúde
Você já imaginou a seguinte cena: uma criança ser chamada de feia, gorda, baixa, magrela, idiota, burra, colorida, chocolate, ferrugem ou gigante? Será que alguém gosta quando recebe uma crítica ferrenha? Certamente que não. E com um adulto é diferente? Também não.
O preconceito é algo danoso à vida humana. Inclusive tido como ato ilegal, um crime. É preciso mudar isso rápido, pois essa situação está tornando o ser humano segregado e infeliz a cada dia que passa.
Em princípio todo ser humano é bom. Não importam cor, aparência, intelecto, religião ou país de origem. E onde fica o amor? Pois é exatamente o amor que nutre a natureza das pessoas. O amor pode curar tudo. A empatia é mãe das emoções positivas. Colocar-se no lugar do outro, sentir o que ele sente é fundamental. Até mesmo no trânsito é possível observar isso. Quem já não deu uma fechada em alguém ou fez alguma “barbeiragem”? Via de regra, se alguém faz isso, já é rotulado de ignorante, ou então surge a indagação: “não vê por onde anda”? Será que não foi só um momento de vacilo, um descuido, um cansaço? E saímos ofendendo um ser humano bom.
Todo mundo nasce amoroso e tem em seus princípios naturais a tendência a se relacionar, fazer amizades e cuidar do outro com carinho, como deseja ser cuidado. Mas o que está acontecendo nesse mundo? Preconceito, disputas, rivalidades, mau humor, brigas, guerras. Por quê?
Porque parece que todo mundo quer o “seu mundo” como prioridade. Escolhe sua religião como a melhor, seu partido político como o melhor, sua cor, seu negócio etc. O ser humano necessita de mais amor e mais alegria. A vida é reabastecida por essa energia maravilhosa. Gentilezas e generosidade podem refazer a energia das pessoas.
O Butão, um país tão pequenino lá no Oriente, preza pelo nível de felicidade interna de sua população, o FIB – Felicidade Interna Bruta. Não pelo Produto Interno Bruto (PIB), como nos outros países, para ver seu desenvolvimento.
A vida de hoje coloca as pessoas numa corrida desenfreada pelo consumo. Todos querem ter algo mais e melhor. Por isso, trabalham mais horas e se dedicam a TER. Deveriam se dedicar mais a SER, como no Butão. A vida seria mais prazerosa e educaríamos as crianças do futuro com mais amor.
Será que ninguém vê que se estão criando crianças para um mal maior, cada vez mais com preconceitos, diferenças, agressividade, falta de amor e guerras? As crianças que se desenvolvem num meio amoroso e que recebem elogios verdadeiros de seus pais e educadores são mais fortes e resilientes às dificuldades do futuro.
A autoestima se baseia no amor próprio. Num primeiro momento ela vem de fora. Vem dos pais que abençoam com seu amor e carinho, que dizem que amam seu filho, que o tratam bem. A criança deve crescer recebendo elogios em suas habilidades, em suas conquistas. Desde a mais básica, como conseguir balbuciar as primeiras palavras, bater palmas, entender o significado das coisas. Isso ainda em seu primeiro ano de vida.
E segue assim. Recebendo elogio porque andou sozinha, comeu com as próprias mãos, tomou banho sozinha, deu o laço no sapato, andou de bicicleta com rodinha, sem rodinha, aprendeu a escrever seu nome etc. Uma criança que recebe elogios e carinho se abastece de autoestima primária. Enxerga a si mesma através do amor e cuidados dos pais. Ela se vê como especial e quer mais elogios. Pois como se abastece dos mesmos, os elogios se tornam o alimento que faz a autoestima crescer.
AMOR
Quem quiser que seu filho tenha uma vida com mais condições de lutar pelas oportunidades, em meio aos obstáculos, deve cuidar bem dele. Dar amor! O cuidado básico e o elogio verdadeiro criam na criança uma autoconfiança. Ela se vê uma pessoa bacana. Para isso bastam atitudes simples: colocar no colo, falar “eu te amo” sempre, fazer carinho, elogiar as pequenas habilidades conquistadas, mostrar os talentos natos que a criança pequena tenha. O caminho das pedras se baseia no amor e no apreciar.
Uma criança que foi elogiada quando pequena enfrenta muito melhor qualquer adversidade. Ela é mais segura. Ela sabe que pode dar conta das coisas. Em contrapartida, o contrário é significativo. No mundo de hoje, com tantas dificuldades, pais que não têm tempo de cuidar bem de seus filhos, que sofrem de ansiedade, depressão ou coisa pior como poderão abastecer seus pequenos de amor?
Uma mãe deprimida não elogia, não investe em seu filho. Pais muito atarefados podem chegar em casa exaustos e não elogiarem ou até mesmo brigarem com seus filhos pequenos.
Muitas dessas crianças estão expostas a serem cuidadas de forma negligente por pessoas desalmadas, que podem começar a tratá-las mal desde cedo. Ofender, desaprovar e até espancar. Assim, vemos crianças que já crescem ser ter autoestima. Sem estímulo amoroso, sem confiança e na condição sub-humana da falta de cuidados. E, muitas vezes, passam fome, frio, medo, raiva e estão caladas por não encontrarem um meio de se livrarem desse que é, no momento, “o seu protetor”.
Essas crianças ainda não têm defesa, não sabem se libertar dos males que sofrem pelos seus próprios cuidadores. Acabam aprendendo que quem cuida é do mal. E evitam contato, amor e relacionamentos. Aprenderam que cuidador faz mal. Agora, imaginem que essa criança despreparada e sem amor-próprio segue para a escola e é exposta ao preconceito malvado das outras crianças, ou dos professores, de alguém na rua. Como ela vai se defender? O preconceito vira um grande sofrimento psíquico!
Se a vida começa assim, como ficará essa pessoa no futuro? Ela se tornará um agressor, imitando os que um dia a agrediram ou tiveram preconceito, segregando pessoas, formando facções, tomando raiva radical de grupos contrários. Ou se tornará um sofredor, talvez até mesmo sofrer de algum mal psíquico maior, como a depressão ou transtorno de personalidade dissociativo, sofrido por aqueles que foram abusados, agredidos quando pequenos.
É possível observar isso com frequência entre as crianças pobres e abandonadas. Elas se tornam pequenos infratores, vendem drogas, assaltam e não sentem que estão fazendo mal a ninguém. No entanto, acham que estão fazendo justiça contra uma sociedade malvada. Outros se tornarão radicais de grupos extremistas, segregarão pessoas de grupos contrários. Participarão de grupos de opinião muito extremistas, porque aprenderam a ser preconceituosos.
DESTRUIÇÃO
As coisas só pioram com a evolução da humanidade. Contudo, sabe-se que essa parte preconceituosa vem desde que o homem existe. Mas, infelizmente, será ela a destruir a espécie humana em breve (daqui a alguns milhares de anos ou agora?!).
Se em contrapartida o amor constrói, o mal destrói. Ter preconceito ajuda muito a aumentar o sofrimento psíquico e o mal-estar da humanidade. Devemos cuidar dos nossos e espalhar a luz do amor. A nova onda é seguir aqueles que ajudam, libertam, trazem paz e amor. Dalai Lama uma vez disse: “Basta uma vela acesa para acender mil outras velas”. Que tal entendermos que o mundo precisa de mais amor e tolerância? Praticar o bem sem saber a quem, isso sim traz muita paz e alegria. Se cada um parasse e refletisse sobre o seu próprio preconceito? O que você discrimina? Quem você trata diferente e mal?
Como você poderia fazer diferente? Aplicando a empatia! Colocando-se no lugar do outro, vendo com outros olhos, estendendo a mão àquele que precisa, sem distinguir preconceitos, apenas lembrando que ele é um ser humano também. Simples, faça o bem!
O sofrimento das pessoas que são perseguidas vem do tempo bíblico, com os judeus perseguidos e fugidos da escravidão do Egito, buscando sua Terra Prometida. Ou em séculos atrás, os negros africanos que foram escravizados por sua cor. E, hoje, os gordos, os homossexuais…
Mas todo mundo é gente! Tem sentimentos e dor. E por que discriminamos tanto? Será uma forma de auto- afirmação de que “sou melhor do que você?” Que pena! Ninguém é melhor do que ninguém, ninguém é pior do que ninguém, nem tampouco ninguém é igual a ninguém. Cada um é único, fagulha divina, filho de Deus, ser iluminado. Mas único e diferente do outro. Somos todos diferentes, mas iguais. Somos seres humanos!
Como se pode ajudar a quem sofre preconceitos? Ensinando as qualidades que essa pessoa tem. Mostrando que cada um tem um dom, talento especial, que pode usar esse dom e levar ao mundo coisas boas. Todo mundo pode seguir sua vida com um propósito maior. Traz sentido à vida, faz o coração saltar de alegria. Muda a energia e faz vibrar.
De certa forma, essa maneira de agir, seguir seus propósitos dando sentido à vida pessoal, com prazer e seguindo seus talentos, torna a pessoa muito mais feliz. A alegria de estar alinhado com algo que o indivíduo pode espalhar ao mundo ilumina o caminho e traz de volta aquela autoestima que um dia foi apagada da vida. Mesmo que nunca tenha existido, à medida que a pessoa consegue realizar tarefas que fazem dar sentido à vida, e o faz com prazer, todos serão mais felizes.
NEUROCIÊNCIA
E para finalizar, é importante acrescentar que a Neurociência vem estudando que somos os únicos seres na face da Terra capazes de mudar nossa biologia celular pelo que sentimos e pensamos. As células estão constantemente sendo modificadas pelos sentimentos. Já é sabido que uma grave crise depressiva pode arrasar o sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode trazer mais energia e fortificar as defesas. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e mais longevos.
Para se ter uma ideia, apenas um minuto de raiva ativa o cortisol e baixa o sistema imunológico, e se levam, em média, até seis horas para reequilibrar. Os hormônios do estresse são altamente destruidores e podem acusar, além do mal psíquico, danos irreversíveis ao corpo, como doenças graves e malignas.
O ciclo do sono é interrompido, dorme-se menos e isso será prejudicial à saúde mental e física. Uma pessoa pode deprimir, ter pânico e outras doenças mais pelo estresse. Portanto, é possível imaginar o quanto sofrem aqueles que passam por preconceito diariamente? Qual é a tendência deles de adoecerem?
Para se conseguir uma vida melhor no planeta, é preciso melhorar o amor e a empatia. Que todos possam ter uma vida plena, que o preconceito seja mesmo combatido e que se possa viver com amor e alegria. E Shakespeare, uma vez, disse: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. Por isso, seja mais um a fazer a diferença certa. Quer saber como você estará amanhã? Veja como se sente hoje. O mesmo se aplica ao que fará ao outro. Cuide bem do próximo como a ti mesmo.
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