SEGREDOS DO LUGAR SECRETO
CAPÍTULO 41 – O SEGREDO DE PERMANECER NA PRESENÇA DE DEUS
Quando você se retira para o lugar secreto, permanece no Espírito juntamente com todos os santos no mar de vidro e contempla aquele que está sentado no trono (Apocalipse 15.2). Ainda que seus olhos estejam velados de forma que você não possa vê-lo com os olhos naturais, mesmo assim permanece diretamente diante do trono!
O maior privilégio de toda a criação é permanecer diante do fogo vivo da presença de Deus e queimar com as afeições santas por seu Pai e Rei. Permanecer na presença de Deus é seu destino eterno e você pode provar um bocado do céu na terra ao fechar a porta e permanecer diante dele na beleza de sua santidade.
Sua programação pessoal não quer deixar que você permaneça aqui, na presença de Deus. As demandas do trabalho militam contra sua permanência. O inferno combate a sua permanência. Mas você está desperto para as belezas da santidade e agora anseia por se isolar e ficar na presença de Deus. Apenas permanecer; e fazer tudo para continuar assim!
Permanecer, apesar da batalha; permanecer, apesar da resistência; permanecer, apesar das perturbações; permanecer, apesar do cansaço; permanecer, apesar da falha e do colapso pessoal; permanecer, apesar do sofrimento; permanecer, apesar da solidão; permanecer, mesmo que acorrentado; apenas permanecer!
Permanecer, por causa da cruz; permanecer, por causa do Cordeiro; permanecer, por causa de sua afeição; permanecer, por causa de sua aceitação; permanecer, por causa do poder de Deus dentro de nós; permanecer, por causa das fontes de água da vida fluindo do seu interior; permanecer, por causa da beleza e grandeza inigualáveis de Deus; permanecer, por causa do objetivo eterno do Senhor; permanecer, por causa das misericórdias eternas do Pai; permanecer, por causa do amor; apenas permanecer!
A descrição do trabalho dos levitas ainda se aplica a nós atualmente: “Naquela ocasião o SENHOR separou a tribo de Levi para carregar a arca da aliança do SENHOR, para estar perante o SENHOR a fim de ministrar e pronunciar bênçãos em seu nome, como se faz ainda hoje” (Deuteronômio 10.8). Uma das principais responsabilidades (e privilégios!) é permanecer diante do Senhor para servi-lo. No lugar secreto, simplesmente permanecemos. Nenhuma grande agenda, nenhuma ambição poderosa, nenhuma pressa para fazer outra coisa. Apenas permanecemos diante dele e o amamos.
Há períodos em que Deus nos chama simplesmente para permanecermos. Podemos preferir a adrenalina de perseguir uma grande causa, mas às vezes Deus nos chama para pararmos com toda a atividade e apenas permanecermos. Às vezes, Ele não nos dá nenhuma escolha. Ocasionalmente, as circunstâncias nos restringem além de nossa capacidade de seguir um curso diferente, e nos tornamos prisioneiros das correntes que nos vinculam à vontade de Deus. Incapazes de nos libertar e de fazer outra coisa, tudo o que podemos fazer é permanecer e queimar no amor santo de nosso Rei.
Normalmente as pessoas dizem: “Não permaneça apenas, faça alguma coisa!”. Quando as circunstâncias estão saindo de controle, a grande tentação – quando você não sabe o que fazer – é fazer alguma coisa. “Deus não pode dirigir um veículo estacionado. Então comece a fazer alguma coisa e deixe Deus conduzir o seu curso”, elas completam.
Esta pode ser a maneira de agir em algumas situações, mas eu descobri que Deus tem trabalhado de forma diferente em minha vida ultimamente. Ele inverteu esse ditado comum e me deu outro: “Não faça nada, apenas permaneça lá!”. Isso me levou a deduzir: “Quando você não souber o que fazer, apenas não faça nada! Espere por mim, me sirva até eu falar. Quando eu falar com você, então poderá agir segundo o que lhe disser. Mas até eu falar, apenas permaneça lá”.
Como os levitas de antigamente (Deuteronômio 10.8), carrego sua presença em meus ombros, permaneço diante dele para servi-lo e abençoo outras pessoas em seu nome à medida que me fortalece. “Sempre tenho o SENHOR diante de mim” (Salmos 16.8). Portanto, permanecerei diante dele, contemplarei sua beleza e o bendirei enquanto tiver fôlego de vida.
Para permanecer diante de Deus desta maneira, podemos aprender algo com os anjos. Como exemplo, observe o anjo Gabriel. Quando Gabriel veio falar a Zacarias que ele seria pai de João Batista, foi a sua segunda aparição nas Escrituras.
Para ser mais exato, Gabriel é mencionado três vezes na Bíblia. Ele apareceu a primeira vez a Daniel. Quase 600 anos mais tarde visitou Zacarias e seis meses depois veio à presença de Maria para anunciar que ela estava grávida do Espírito Santo. Quanto Gabriel trouxe a Zacarias a mensagem de Deus, ele não acreditou em suas palavras. Em resposta à incredulidade de Zacarias, para garantir a veracidade do que falara, Gabriel declarou: “Sou Gabriel, o que está sempre na presença de Deus” (Lucas 1.19).
“Então o que você faz, Gabriel?”, podemos perguntar.
“Permaneço na presença de Deus.”
“Sim, entendemos isso. Mas o que você faz?” “Na verdade, permaneço na presença de Deus.”
“Sim, sim, Gabriel. Já entendemos isso! Mas o que estamos perguntando é: o que você faz??”
E mais uma vez Gabriel responderia: “É isso o que eu faço! Permaneço na presença de Deus. Fico lá, contemplando sua majestade e esplendor, ardendo com sua chama santa e aguardando até Ele falar. Se Ele não disser nada, apenas permaneço lá. Quando Ele me dá uma palavra, então ajo e a cumpro. Mas a principal coisa que faço é apenas permanecer diante de Deus esperando nele”.
Entre Daniel e Zacarias há um período de 600 anos durante o qual não ouvimos falar nada sobre Gabriel. Já entre Zacarias e Maria houve um período de seis meses. Esse foi um período agitado! O que Gabriel fez nos intervalos dessas tarefas? Ele apenas permaneceu lá.
Percebi que, às vezes, Deus é pródigo. Ele observa enquanto você cultiva seus dons, talentos e capacidades ministeriais até você se tornar um bom ministro potencial. Você está pronto para fazer explorações! Então, Ele remove a ótima máquina ministerial na qual você se tornou, e a coloca na prateleira – e diz: “Apenas fique aí”.
Foi exatamente isso que Deus fez com Elias. Elias disse o seguinte: “Juro pelo nome do SENHOR, o Deus de Israel, a quem sirvo” (1 Reis 17. 1). “Permaneço na presença de Deus, isso é o que eu faço”.
Então, Deus decidiu testá-lo, colocando-o sob prisão domiciliar por três anos. Na casa da viúva, durante o período de fome, ele não pode colocar a cabeça para fora da porta, porque toda a nação estava procurando por ele. Ele estava preso naquela pequena casa quente, abafada e desoladora. Nenhum amigo, nenhum profeta visitante, nenhuma outra voz para confortá-lo ou dar-lhe alguma perspectiva. E a comida? Bolo para o café da manhã, bolo para o almoço e mais um bocado de bolo para o jantar.
Posso até imaginar Elias pensando: “Senhor, por que você tem todo esse ministério potencial enterrado na casa desta viúva? Quero dizer que nos três últimos anos eu poderia ter me graduado em alguma disciplina da Escola dos Profetas. Estaríamos tomando as nações pela força! Mas não. Estou aqui apodrecendo!”.
Mas Elias não respondeu dessa maneira, porque Deus já tinha lhe ensinado a permanecer em sua presença. Então, quando o momento do teste chegou, Elias pôde perseverar e apenas permanecer diante da presença de Deus e servi-lo.
As Escrituras nos mostram que Deus possui anjos poderosos que permanecem em sua presença e, em alguns casos, aguardam centenas de anos por suas ordens. Com toda a sua força e poder, Deus apenas os mantém ao redor do trono aguardando por Ele! Mas não é só uma questão de força, porque Deus dispõe de toda a força no céu que precisa!
Então, o Espírito Santo sussurrou para mim: “Não preciso de sua força”. Não foi a força do Filho eterno que trouxe nossa redenção, mas o fato de Ele ter sido crucificado em fraqueza. Deus não precisa de nossa força, mas de nossa disponibilidade. Ele está procurando por nós para apenas permanecermos em sua presença, contemplando-o, amando-o e cumprindo sua palavra quando Ele fala.
Você está atarefado? Então apenas permaneça diante dele, aprecie-o e deixe-o apreciá-lo!
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