CONHECER A SI MESMO
Quem desenvolve o autoconhecimento possui uma visão clara de suas aptidões, capacidades e fraquezas e cria estratégias para lidar com suas características positivas e negativas.
É possível observar nos dias de hoje, em algumas ruínas de templos, teatros e estádios originários da Grécia Antiga, resquícios da inscrição original do Oráculo de Delfos. Segundo arqueólogos, essa inscrição tinha o objetivo de lembrar ao cidadão grego a importância do autoconhecimento, por isso a inscrição vigorava nos locais públicos mais importantes das cidades – estado gregas. Conhecer a si mesmo não significa descobrir segredos profundos e\ou motivações inconscientes. Autoconhecimento significa desenvolver uma compreensão sincera e honesta sobre você mesmo (conhecer forças e fraquezas, administrando as mesmas adequadamente). Envolve procurar respostas para uma das questões humanas mais difíceis e fundamentais: “Quem sou eu?” A Psicologia Positiva possui uma série de instrumentos e técnicas que pode auxiliar o indivíduo a responder essa questão fundamental. Esta disciplina dispõe de vários instrumentos para ajudar na jornada em busca do autoconhecimento, como por exemplo exercícios com o objetivo de identificar forças (talentos, pontos fortes, forças de caráter, habilidades), características de personalidade, valores, bem como pontos fracos. Identificar e manejar crenças autolimitadoras e apoiadoras, desenvolver o engajamento, encontrando e vivendo em harmonia com sua proposta de vida (ou significado). Além disso, a Psicologia Positiva incentiva o conhecimento de sua singularidade e respeito a essa, o que significa focalizar no que se é em vez de se comparar e preocupar-se constantemente com os outros.
Depois de identificar e trabalhar valores, crenças, virtudes e forças, o indivíduo estará pronto para responder à pergunta: “O que vou fazer com minha vida?” Isto é, pode, a partir daí, estabelecer e alcançar metas que possam melhorar sua qualidade de vida e desempenho em diversas aspectos.
A terapia positiva constitui uma proposta de prevenção secundária e possui diferenciais em relação às outras modalidades terapêuticas. Em primeiro lugar, as terapias positivas (como a terapia da esperança, a terapia focada em metas e a terapia cognitiva-comportamental positiva) trabalham com o foco nas metas e não nos problemas e queixas do cliente.
Em segundo lugar, as terapias positivas mapeiam e desenvolvem as forças, enfatizando o lado saudável e funcional do indivíduo. Por mais doente que uma pessoa possa estar, sempre terá um lado saudável e pelo menos algum aspecto da vida que esteja minimamente funcional.
A orientação positiva incentiva e desenvolve o autoconhecimento e a autogestão, uma vez que estimula a responsabilidade pessoal no conduzir da vida, levando o indivíduo a mapear e lidar com suas características (positivas e negativas). As terapias positivas reconhecem que os traços positivos e os comportamentos adaptativos servem como fatores protetores contra estressores e dificuldades futuras, funcionando assim como prevenção primária de problemas. Dessa maneira, ao tomar conhecimento dos aspectos positivos e funcionais, os indivíduos podem lidar melhor com seus problemas e dificuldades. À medida que desenvolve o autoconhecimento, a satisfação com a vida aumenta consideravelmente. O autoconhecimento ajuda o indivíduo a alcançar muitos benefícios, como: a satisfação com a vida dispara; uma maior propensão a alcançar metas pessoais e profissionais; reconhecer situações e oportunidades benéficas, tanto na vida pessoal quanto profissional. Identifica e maneja as tendências limitadoras (como, por exemplo, de pontos fracos, crenças autolimitadoras, traços de personalidade negativos, entre outros); diminui danos; gera conhecimento do que se quer (metas) e das estratégias de como alcançá-lo.
O autoconhecimento pode ser explorado na prática. Por exemplo, a pessoa que conhece seus talentos, pontos fortes, força de caráter e pontos fracos pode escolher trabalhos que tenham relação com esse perfil. Assim, maximiza as chances de sucesso e realização. Aqueles que reconhecem seus valores, em geral, fazem escolhas que os levam a decisões acertadas e mais felizes a médio e longo prazo.
O autoconhecimento pode também aumentar a intensidade e frequência de emoções positivas, aumentando o bem-estar e a satisfação.
Além disso, o autoconhecimento ajuda o indivíduo na busca de um sentido ou propósito de vida, e, de acordo com as pesquisas em Psicologia Positiva, pessoas que conhecem o significado ou propósito de sua vida são mais resilientes e conseguem lidar melhor com as adversidades e crises.
Os relacionamentos profundos podem potencializar a felicidade, e, para isso, o autoconhecimento é fundamental, pois auxilia na descoberta de pessoas com as quais podemos estabelecer relações profundas e significativas. Vale lembrar que esse tipo de relacionamento não se limita aos relacionamentos de sangue, como prega parte da cultura ocidental. Momentos psicológicos de pico muitas vezes envolvem importantes conexões humanas profundas.
Portanto, podemos concluir que o autoconhecimento oferece ao indivíduo a proposta de uma vida com mais significado, com metas reais que podem ser alcançadas e uma vida mais funcional e feliz. E hoje os consultórios estão repletos de pessoas que buscam encontrar propósito e felicidade em sua vida, seja em qualquer abordagem terapêutica.
PROFª. DRA. MÔNICA PORTELLA: Diretora científica e de cursos de extensão do CPAF-RJ e do PSI+. Pós Doutora em Psicologia pela PUC-RJ. Doutora em Psicologia Social pela UFRJ. Professora e supervisora da Pós-Graduação em Psicologia Positiva Aplicada a Saúde. Negócios e Educação e Terapia cognitivo comportamental Autora de livros e artigos na área. CRP: 05\22229. site: http://www.psimasi.com.br
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