PSICOLOGIA ANALÍTICA

DO LUTO À LUTA

Um diagnóstico devastador de uma doença sem cura abala qualquer pessoa. Mas alguns casos podem surpreender e contrariar as expectativas dos médicos.

Do luto à luta

 

Essa é uma história de resiliência que mostra como o equilíbrio psicológico é tão importante na vida de todos nós. Quem conversa hoje com a astróloga de 55 anos Denise Medeiros, vivendo a expectativa de lançar um livro, não imagina que ela esteve à beira da morte em 2011. Na verdade, quando começou a escrevê-lo, nem sabia se conseguiria terminá-lo: o diagnóstico de miocardiopatia dilatada (doença progressiva do músculo cardíaco, agravada por um bloqueio total pelo ramo esquerdo) trouxe, na época, a sentença de três meses de vida e muito medo. Mesmo sem cura, depois de quatro cirurgias e muitos processos, Denise vive agora sem os sintomas. Onde o Deserto Encontra o Mar (Autografia) é o registro diário, contado em detalhes, de quem perdeu a saúde e passou a conviver com a antinaturalidade do estar doente. Denise precisou se reencontrar nesse caminho, desde a descoberta da doença até o resultado, passando pela experiência de quase morte e assumindo a montanha-russa de sentimentos que tomaram conta dela: da revolta pelo diagnóstico à aceitação e decisão de lutar pela vida.

“A aceitação do diagnóstico passa por diferentes fases e pode ser comparada ao processo de luto. Uma das teorias mais conhecidas sobre o processo de luto foi desenvolvida por Elizabeth Kübler-Ross, em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, que divide o luto em cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Ao receber o diagnóstico de uma doença crônica grave, o indivíduo precisa fazer o luto daquele corpo saudável e passar a conviver com as limitações impostas pela nova condição, pois jamais terá o mesmo vigor que tinha até então. Portanto, é comum que o indivíduo flutue entre essas fases, assim como fez Denise, até chegar na aceitação e, a partir daí, se movimentar para se adaptar a uma nova realidade.”

A história real e transformadora de Denise é uma injeção de coragem e faz pensar sobre o quanto o ser humano é capaz de superar desafios, ainda que derradeiros. O importante, no caso de Denise, foi buscar fazer dar certo, aliado ao tratamento adequado e ao acesso a médicos, enfermeiros e outros profissionais determinantes para a guinada na sua condição.

“Não é fácil, nem imediato, mas é preciso estar determinado ao sucesso, mesmo diante daquilo que parece impossível. É aí que um novo universo vai se abrir. Meu envolvimento com esse livro é muito profundo, nasceu dentro de mim em um momento bem diferente do atual. Hoje, a emoção me inunda de tal forma que tenho certeza de que fiz a coisa certa” acredita Denise, alinhada à missão de dividir com pessoas que vivem uma situação difícil o relato de esperanças, vitórias e superação.

“Essa capacidade que Denise demonstrou de lidar com a adversidade e fortalecer-se a partir do seu diagnóstico é denominada de resiliência. Em situações de doença grave, por vezes, o indivíduo pode apresentar elevados sintomas de estresse, deixando o organismo ainda mais suscetível à doença. Apesar de difícil, estar resiliente nesse contexto pode contribuir com a melhora dos sintomas. Muitos fatores pessoais e sociais influenciam na maneira como o indivíduo utiliza seus recursos internos, mas um fator importante é o suporte oriundo do sistema familiar. Atualmente, reconhece-se a necessidade de implementar ações, no contexto de doença crônica, que visem o fortalecimento da resiliência, dados seus benefícios para estes pacientes.

ETAPAS

Em Onde o Deserto Encontra o Mar, o leitor conhece as etapas diversas desse pedaço da vida da autora, incluindo, entre outros, a reação das pessoas e as decisões médicas. Ela aponta, como uma das passagens principais, o estado de ânimo que se instalou nela como fundamental para mudar o destino, encontrar as pessoas certas e chegar a um resultado surpreendente. O livro mostra como Denise decidiu que o que chegasse primeiro, a morte ou a vida, a encontraria preparada. ”A doença foi a minha melhor professora. Nesses sete anos vivi séculos, sou muito grata a ela: “São muitas as pesquisas que destacam o papel positivo da espiritualidade no tratamento de doenças crônicas, como as doenças cardíacas. Vale destacar que espiritualidade se trata da relação do indivíduo com valores, significados e sentidos de vida, enquanto que a religiosidade está ligada à devoção por alguma coisa. Existe um estudo bem importante que avaliou 4.028 indivíduos com cardiopatias congênitas, em 15 países de cinco continentes, e encontrou que a espiritualidade e a religiosidade estavam associadas com maior qualidade devida e satisfação com a vida, além de comportamentos voltados para maior cuidado com a saúde. Essa busca de Denise por uma nova forma de viver, a partir de um diagnóstico tão devastador, foi permeada por recursos da sua espiritualidade, uma vez que ela precisou conectar-se ao sentido de sua vida e ressignificá-la. É comum que a gente viva no piloto automático, sem nos darmos conta do que acreditamos ser o sentido da nossa vida, até nos depararmos com esse tipo de situação: Após ter o seu caso negado em diversos hospitais, foi no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul que Denise encontrou parceiros na luta por recuperar a sua saúde. A primeira tentativa, um tratamento medicamentoso para insuficiência cardíaca, não conseguiu controlar a progressão da doença e dos seus sintomas. “Era necessário realizar um procedimento que fosse capaz de melhorar a qualidade e expectativa de vida de Denise. Para o seu caso, as possibilidades giravam em torno de um transplante cardíaco ou do implante de um marcapasso ressincronizador’ relembra um dos cirurgiões cardíacos que acompanharam o caso, dr. Roberto Sant’Anna.

Apesar de reverter completamente o quadro da insuficiência cardíaca, o transplante é um procedimento de alto risco que depende da doação de um órgão compatível. Por isso, a escolha dos médicos foi apostar no marcapasso ressincronizador, tecnologia que faz com que o coração funcione de forma sincrônica e assim recupere sua força de contração.

O implante de marcapasso é um procedimento pouco invasivo e pode ser realizado apenas com anestesia local e sedação. A cardiologista que acompanha o caso de Denise, dra. Imarilde Giusti, considera a intervenção um sucesso. “Ela teve uma resposta excelente à terapia de ressincronização cardíaca. Isso, em conjunto com o tratamento clínico, permitiu que a função cardíaca se recuperasse gradualmente.

Hoje os sintomas da insuficiência cardíaca como falta de ar e fraqueza quase não estão mais presentes e a expectativa de vida da Denise é normal. Uma situação completamente diferente da que encontramos quando ela chegou até nós”, diz a especialista.

PSICÓLOGA

Denise também teve atendimentos com uma psicóloga, que foi importante durante todo o tempo de tratamento, desde o descobrimento da doença até nas fases de recuperação de cirurgias e no pós-cirúrgico e lembra que essa profissional foi de suma importância para o seu tratamento. Com isso, percebe-se a importância da assistência psicológica em pacientes com doença crônica, que tem por finalidade minimizar o sofrimento do paciente que apresenta esse diagnóstico e promover a melhoria da qualidade de vida através de intervenções que possam auxiliar os pacientes e seus familiares e profissionais da saúde no enfrentamento da patologia.

Há algum tempo, o psicólogo trabalhava somente nos aspectos relacionados à saúde-doença, ou em instituições que promoviam saúde mental. Hoje se sabe que esse profissional possui uma atuação mais ampliada em diversos setores da saúde, realizando promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento de doenças. O psicólogo começou a adquirir seu espaço em hospitais, unidades básicas, postos de saúde, dentre outras instituições, sendo figura de extrema importância nesses serviços para suporte a pacientes, familiares e toda equipe de profissionais.

De acordo com a definição do órgão que rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil, o psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função centrada no âmbito de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório/ unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermaria geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria, refletindo no número de demandas para esses profissionais, inclusive na área da oncologia (CFP, 2003). Nesse sentido, a Psicologia, atuando em pacientes com doenças crônicas, consiste na área de atuação ampliada que se aplica no acompanhamento psicológico ao paciente com doenças crônicas e a sua família e aos profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento, na reabilitação e na fase terminal da doença (se for o caso), utilizando conhecimento educacional, profissional e metodológico proveniente da Psicologia da Saúde. O psicólogo também pode atuar na pesquisa e no estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após o diagnóstico. Além disso, pode auxilia r na organização de serviços que visem ao atendimento integral do paciente, enfatizando de modo especial a formação e o aprimoramento dos profissionais da saúde envolvidos nas diferentes etapas do tratamento.

APOIO

O papel do psicólogo em doenças crônicas propõe o apoio psicossocial e psicoterapêutico diante do impacto do diagnóstico e de suas consequências. Além disso, mostra a possibilidade de auxílio para melhor enfrentamento e qualidade de vida do doente e de seus familiares, através de um apoio psicossocial no enfrentamento dos efeitos negativos do tratamento contra a doença. Também demandam intervenções psicoterapêuticas especializadas. Além disso, as funções desse profissional devem: favorecer a adaptação dos limites, das mudanças impostas pela doença e da adesão ao tratamento; auxiliar no manejo da dor e do estresse associados à doença e aos procedimentos necessários; auxiliar na tomada de decisões; preparar o paciente para a realização de procedimentos invasivos e dolorosos, e enfrentamento de possíveis consequências dos mesmos; promover melhoria da qualidade de vida através de intervenções que possam auxiliar os pacientes e seus familiares no enfrentamento e na aceitação da realidade; auxiliar na aquisição de novas habilidades ou retomada de habilidades preexistentes; e revisão de valores para o retorno à vida profissional, familiar e social ou para o final da vida.

Sugere-se que o trabalho da equipe multidisciplinar seja pautado no enfoque integral do sujeito, com o intuito de possibilitar a ressignificação da doença e aumentar sua sobrevida. Outra constatação importante é a formação do vínculo que ocorre entre profissionais da saúde e pacientes, visando assegurar a sua adesão às propostas e às orientações combinadas, no sentido de fortalecer sua autonomia, competência e segurança na busca das metas, para que alcancem resultados positivos em sua saúde e, por conseguinte, em sua qualidade de vida. As estratégias utilizadas para se atingir essa condição devem ser inspiradoras para o indivíduo, almejando seu envolvimento no processo. Também é fundamental o respeito à autonomia do educando por parte do educador, evitando o autoritarismo. Quando o vínculo se estabelece, propicia-se mais facilmente a identificação das necessidades de respostas mais apropriadas, ficando facilitado, com isso, o acompanhamento dos indivíduos e das famílias nos diferentes momentos da vida.

Ademais, a equipe multidisciplinar tem papel fundamental na educação de pacientes e familiares, para que tenham um entendimento completo em relação aos efeitos na sua doença. Os objetivos desse processo são ensinar, reforçar, melhorar e avaliar constantemente as habilidades dos pacientes para o autocuidado. Sob esse prisma, o psicólogo é o profissional tecnicamente capacitado para abordar os aspectos emocionais e deve ser membro permanente nas equipes, auxiliando no tratamento e contribuindo, assim, para uma melhor adesão ao processo, fornecendo subsídios para os pacientes enfrentarem as várias mudanças que ocorrerão no estilo de vida.

Do luto à luta. 2

 DOENÇAS CRÔNICAS: DESAFIOS DA ERA CONTEMPORÂNEA

As doenças crônicas se apresentam como um grande desafio da época contemporânea, por ainda serem associadas à dor, ao sofrimento e, muitas vezes, à morte, requerendo tratamentos dolorosos, invasivos e, muitas vezes, mutiladores, que comprometem a qualidade de vida dos indivíduos. Os pacientes precisam lidar com as questões do dia a dia, acrescidas pelas características e necessidades de tratamentos agressivos e longos desse tipo de patologia. A doença crônica pode produzir diversos sintomas. como baixa autoestima, depressão, incertezas sobre o futuro, pânico, tristeza profunda, revolta, angústia, insegurança. Com todo esse sofrimento emocional, os pacientes e seus familiares não conseguem lidar como problema e, muitas vezes, o paciente tem dificuldades de aderir ao tratamento, o que acarreta perdas importantes na qualidade de vida dos indivíduos com esse diagnóstico.

Do luto à luta. 3

MIOCARDIOPATIA DILATADA

Trata-se de uma doença do músculo do coração, que impede o bombeamento eficiente de sangue para o corpo, provocando problemas, como arritmias, coágulos de sangue, e até morte súbita. A miocardiopatia dilatada atinge, especialmente, o ventrículo esquerdo, uma importante câmara de bombeamento do coração. O ventrículo esquerdo fica ampliado e as fibras musculares se esticam ao máximo.

Do luto à luta. 4 

TANATOLOGIA

A psiquiatra suíça Elizabeth Kúbler-Ross (1926-2004) publicou seu livro mais famoso em 1969, com o título “Sobre a Morte e o Morrer. A obra marcou o rumo de seu trabalho, que foi enriquecido, em seguida, por contribuições de especialistas de uma área específica da profissão médica: a tanatologia. No livro. Elizabeth identifica fases nos períodos que antecedem a morte e cria métodos para médicos, enfermeiros e familiares acompanharem e ajudarem um paciente terminal.

OUTROS OLHARES

MONTEIRO LOBATO PARA O SÉCULO XXI

Ao cair em domínio público, os livros do Sítio do Picapau Amarelo incentivam grandes autores infantis brasileiros a recontar as histórias de Narizinho e Emília com uma linguagem politicamente correta.

Monteiro Lobato para o século XXI

Os grandes clássicos da literatura são atemporais. Com o passar dos anos, o público leitor continua sedento da genialidade de seus autores, que souberam como ninguém traduzir emoções resistentes ao tempo. Com Monteiro Lobato (1882-1948), não é diferente. O pai de Narizinho, Emília, Dona Benta e Tia Nastácia nunca deixou de fazer parte da infância dos brasileiros, mesmo que autores contemporâneos tenham tomado um pouco do seu espaço. Agora, quase cem anos após a publicação de seu primeiro livro, suas criações ressurgirão. A razão da guinada é que elas caíram em domínio público. A lei brasileira determina que as obras perdem proteções de Direitos Autorais após 70 anos contados do 1º de janeiro subsequente ao falecimento do autor. Como Lobato morreu em 1948, seus livros estão liberados em 2019. Na prática, isso significa que, para lançá-los, não é mais preciso pagar por direitos autorais ou pedir autorização aos herdeiros para realizar adaptações.

Para ganhar novos leitores e lucrar com vendas de exemplares, diversas editoras estão preparando adaptações — uma rotina no mercado editorial, a exemplo do que ocorreu com “O Pequeno Príncipe” em 2015. Em relação a Lobato, lançamentos de livros e até a produção de um filme estão previstos para este ano. É o caso da Girassol Brasil Edições, que lançará o livro “Turma da Mônica — Narizinho Arrebitado”, assinado, ao lado de Lobato, por Mauricio de Sousa, outro criador consagrado de histórias infantis. Na nova versão da obra, os personagens do Sítio do Picapau Amarelo ganham novas ilustrações: Narizinho tem desenho de Magali, Emília de Mônica e Pedrinho de Cebolinha. No início, Mauricio, de 83 anos, relutou em colocar o seu nome ao lado do de Lobato, de quem é fã desde criança. “Eu morava em Mogi das Cruzes, ainda uma cidade pequena do interior, e me encantei com o jeito caboclo dele descrever uma fazenda e seus habitantes”, diz à ISTOÉ. “Isso tudo estimula quem quer ser escritor ou desenhista como eu. As ilustrações dos livros de Lobato, obra de diversos grandes artistas, foram inspiradoras. O desenhista Belmonte era meu preferido.”

Monteiro Lobato para o século XXI. 3

EXPRESSÕES RACISTAS

Escritor nos períodos pré-modernista e modernista, Lobato revolucionou a literatura infantil. Além de traduzir para o papel a imaginação de uma criança, ele lançou ideias à frente de seu tempo, como o protagonismo feminino de Narizinho e Emília. Mas nem tudo são flores em sua obra. Lobato é bastante controverso, principalmente pelas manifestações racistas nas histórias. A principal vítima é Tia Nastácia, cozinheira que trabalha para Dona Benta e que confeccionou os bonecos vivos Emília e Visconde. Para relançar as obras de Lobato no século XXI, muitos optaram por adaptar esses trechos à etiqueta do politicamente correto. No livro de Mauricio, em vez de dona Benta ser descrita como “velha”, é chamada de “senhora”, e partes como “negra beiçuda” foram suprimidas. “A obra de Lobato não é em sua essência racista, por isso foi possível suavizar algumas expressões sem mudar radicalmente o texto”, diz Regina Zilberman, uma das maiores especialistas em Lobato, responsável pela adaptação. “Hoje em dia, temos mais cuidado com as palavras, e isso é muito bom. É só uma questão de afinar a linguagem para não criar situações embaraçosas na escola.”

O escritor Pedro Bandeira, que também compõe a lista dos maiores autores infanto juvenis, concorda com Zilberman. Ele está preparando o livro “Narizinho, a menina mais querida do Brasil”, da editora Moderna, uma adaptação do original “Reinações de Narizinho”, de 1931. “Eu não gosto de palavras como negra beiçuda, nem macaca de carvão. Se alguém quiser dizer, que o diga, mas não virá de minha autoria”, diz. Por outro lado, Bandeira diz ser contra os excessos do politicamente correto. “Outro dia eu vi o nome ‘Branca de Neve e os sete amiguinhos portadores de nanismo’. Anão é anão, não é um xingamento. Se tivermos de falar ‘o portador de nanismo’, o mundo acabou”, diz ele. Assim como outros fãs, parece difícil para Bandeira reconhecer o racismo de Lobato, mas ele não o nega. “As suas cartas e crônicas demonstram que ele era eugenista, mas em um tempo em que todo mundo acreditava na superioridade das raças. O Lobato sabia mudar de ideia. Se tivesse vivido mais, certamente teria mudado”, diz.

Monteiro Lobato para o século XXI. 2

PERDAS E GANHOS

Há quem defenda, no entanto, a leitura dos textos originais às crianças. É o caso de Camila Werner, que entre 2015 e 2018 foi responsável pelo selo Globinho, que edita os textos integrais de Lobato. “A literatura não está para fazer lição de moral, ela está para refletir o mundo e a gente pensar sobre ele”, diz ela. Para isso, seriam necessários mediadores que expliquem o contexto histórico em que foram escritos. “Em um país com tantos problemas na educação, será que os pais e professores vão saber conversar sobre isso?”, diz ela. No livro “A condenação de Emília: o politicamente correto na literatura infantil”, fruto de uma tese de doutorado na USP, o professor e escritor Ilan Brenman defende que esconder conflitos não é saudável para as crianças, pois elas passariam a desconhecer o mundo como ele é. Ele acredita que os livros são uma oportunidade de os pequenos conhecerem e enfrentarem seus monstros interiores, no que chama de escoamento literário. “Eu nunca vi pessoas falando que leram Lobato e se tornaram racistas ou anti ecologistas. Se você tem vontade de matar uma onça e a matou no livro, a fantasia cumpriu a sua função”, diz Brenman. Ele ressalva, no entanto, que algumas adaptações não são um problema, desde que a alma da obra esteja contemplada. “O complicado é ir limpando e não sobrar nada. O politicamente correto às vezes se equivale a regimes ditatoriais, que apagam a história.”

Se, de um lado, o domínio público permite às editoras publicar sem custos autorais as obras de Lobato, de outro pode criar uma armadilha. O governo não compra livros nessas condições e assim as empresas perdem um relevante mercado. As adaptações surgem então como uma forma de vender, já que, com novos autores, surgem novos livros. No ano passado, porém, nem o Lobato adaptado — que não havia sido lançado —, nem o original — que estava para cair em domínio público —, puderam ser inscritos no Plano Nacional do Livro Didático 2019 e 2020, cujos editais selecionam os livros das escolas públicas. “Quem ganha com o domínio público de Lobato é a sociedade brasileira”, diz Pedro Bandeira. Os textos originais estão disponíveis gratuitamente em sua integridade para que o público possa conhecer a literatura da época e fazer os seus próprios juízos de valor.

GESTÃO E CARREIRA

OS QUATRO CAMINHOS E ARMADILHAS DA LIDERANÇA ESTRATÉGICA

Existe uma visão míope de que o planejamento é a parte mais importante da estratégia

Os quatro caminhos e armadilhas da liderança estratégica

Quando se fala em pessoas estratégicas, a primeira imagem que surge é de um grupo em uma sala de reuniões desenhando cenários, criando gráficos SWOT ou definindo budget. Sim, definir objetivos e metas é parte importante da estratégia. Mas, ser estratégico é muito mais do que isso.

A estratégia é um fluxo, pois da mesma forma que não podemos avaliar a saúde de um rio olhando apenas um trecho, uma empresa não pode ser priorizada apenas na fase na qual se desenham cenários.

O primeiro grande engano das lideranças que se dizem estratégicas é focar apenas no planejamento. As pessoas de forma geral não gostam ou não sabem acompanhar o processo estratégico como um todo e o ganho que havia sido planejado se esvai pelo caminho. Isto porque estratégia é muito mais do que planejamento.

É possível destacar quatro caminhos que garantem uma visão estratégica mais ampla e inclusiva. E o melhor, culmina na inovação, que é a melhor forma de perpetuar um negócio.

PRIMEIRO CAMINHO

A liderança estratégica começa pelo posicionamento. Quando a empresa possui um bom posicionamento e conhece de forma precisa seus pontos fracos e fortes, as coisas se tornam mais claras e o espaço para viver de aparências é reduzido.  Organizações que se posicionam corretamente estimulam a autenticidade e deixam explícitos os líderes que atuam com efetividade e aqueles que se escondem atrás de relacionamentos e de favores.

O posicionamento estimula a coerência nas decisões e incentiva a responsabilidade. Os líderes educadores que utilizam o posicionamento são disciplinados e evitam os atalhos obscuros, promovendo uma comunicação aberta e ampla.

ARMADILHAS DO PRIMEIRO CAMINHO

Uma organização que não se posiciona corretamente cria a sua primeira armadilha, a soberba. Ela faz com que as pessoas se achem autossuficientes e desestimula o trabalho em equipe. Empresas que foram líderes de mercado por muito tempo costumam ser possuídas pela soberba. Enquanto isso, seus concorrentes trabalham em silêncio e quando menos se espera ganham o seu mercado.

Quando organizações se preocupam em analisar cenários, conjuntura e tendências percebem que não são tão poderosas como imaginam e descem do “salto”. Ambientes assoberbados são contaminados por relações artificiais, que não se sustentam com o tempo, mas como o processo de deterioração é muitas vezes lento e definitivo, não há muito poder de reação para organizações que se consideram mais do que realmente são.

Os clientes também percebem quando seu fornecedor está tomado pela soberba e isto faz com que tomem a decisão de abandoná-lo, na maioria das vezes. Resta para a empresa, culpar a área de vendas e marketing, que não entendem as necessidades dos seus clientes, segundo a visão da alta direção. Isto é o resultado de um mau posicionamento.

 SEGUNDO CAMINHO

O segundo caminho da liderança estratégica é a gestão de pessoas. Após a organização construir seu posicionamento, deve agora criar sistemas de Recursos Humanos que façam as pessoas serem reconhecidas pelo seu potencial e entrega, por meio de um eficaz processo de avaliação de desempenho e remuneração compatível com cada grupo de profissional, alinhada ao mercado.

A liderança estratégica irá buscar formas de atrair bons profissionais e manter um ambiente interno adequado ao alto desempenho de forma multivariada. Isto é, não basta focar na tarefa, mas olhar o processo como um todo, colocando a equipe a serviço dos diversos stakeholders, acompanhando e eliminando dúvidas.

O líder estratégico que acredita na gestão de pessoas incentiva o reconhecimento e a confiança, provendo a transparência e o incentivo da verdade. Ele se envolve com o grupo e cria os vínculos necessários ao bom desempenho da equipe.

ARMADILHAS DO SEGUNDO CAMINHO

A armadilha da falta de uma boa gestão de pessoas são os feudos. Empresas em que a comunicação e os papéis não são claros e os mecanismos de premiação não estimulam a meritocracia incentivam a criação de feudos, que é uma forma de sobrevivência de pessoas em organizações baseadas apenas em relacionamento e não em potencial ou desempenho.

Quando os feudos estão instalados é muito difícil desfazê-los, pois existem de forma velada e ninguém reconhece a sua existência. Programas para team building são uma tentativa utilizada pelas empresas e muitas vezes são gastos muitos recursos com resultados pífios. Isto ocorre porque os contratantes não percebem as causas enterradas nos feudos. É muito mais profundo do que simplesmente passar um final de semana juntos. Acabar com feudos dá trabalho e remove os interesses obscuros.

TERCEIRO CAMINHO

O terceiro caminho é a aprendizagem. Empresas abertas à ela conseguem ampliar seus horizontes e buscar soluções de longo prazo. Uma organização que aprende de forma estruturada cria em seus líderes uma visão inclusiva e diversa e isto faz com que todos os stakeholders sejam contemplados nas soluções desenvolvidas.

As empresas com visão de curto prazo serão predatórias e muitas vezes inviabilizarão a vida do próprio cliente. O aprendizado traz o respeito ao cliente e aos demais parceiros, pelo conhecimento da sua importância e suas necessidades. A empresa aprende a fugir do amadorismo e começa a estruturar melhor suas soluções, sendo mais rigorosa com suas ofertas.  A aprendizagem contínua leva ao profissionalismo.

Os líderes estratégicos promovem a gestão do conhecimento e aceita os erros, mas incentiva as melhores práticas de gestão. Os papéis também são bem definidos e os procedimentos associados irão facilitar o seu desempenho.

ARMADILHAS DO TERCEIRO CAMINHO

Empresas pouco propensas a aprender caem na armadilha do foco no curto prazo. Este é um dos maiores motivos para o desaparecimento ou perda de competitividade de organizações, pois ao focar no curto prazo, agem como predadoras e exploradoras do ambiente de negócios.

A busca pelo relacionamento com os clientes e sustentabilidade representam a tentativa de fugir do foco apenas no curto prazo para que seja possível a criação de relações duradouras. Quando uma organização coloca sua força de vendas para ganhar o máximo no curto prazo, pode conseguir bons resultados em um primeiro momento, mas, muitas vezes, as consequências são irreversíveis para a sua imagem e seu futuro no mercado.

QUARTO CAMINHO

O quarto e último caminho é a inovação, porque somente podem criar novas e vencedoras soluções, as empresas realmente estratégicas. Ou seja, aquelas que trilharam todos os caminhos necessários à sua saúde. A inovação faz com que as pessoas confiem em si mesmas e nas demais e acelera o ritmo empresarial. Empresas inovadoras possuem processos simples e pessoas com o poder e autoridade necessários ao lançamento de novas soluções que as diferenciam da concorrência.

Empresas burocráticas não estimulam a geração de ideias. Tudo fica emperrado e depois de frustradas tentativas de contribuir, os colaboradores desistem e os feudos se instalam ainda mais. Vida é fluxo e sem este movimento o novo não terá espaço para nascer. O processo começa com um bom posicionamento, gestão de pessoas, aprendizagem e o resultado é uma empresa preparada para inovar, se destacar e gerar valor aos stakeholders.

Os líderes estratégicos compartilham seus objetivos e metas, querem a autenticidade e promovem a criatividade, que é obtida pelos talentos gerados por uma boa gestão de pessoas. As pessoas inovadoras enxergam oportunidades onde os outros percebem apenas obstáculos.

ARMADILHAS DO QUARTO CAMINHO

A burocracia é a armadilha das empresas que não conseguem inovar. Ela é o resultado de uma organização mal posicionada, cheia de feudos e com visão de curto prazo. Tudo será uma ameaça para uma empresa com estes atributos e a empurra para a burocracia, que é a forma encontrada para que ela se garanta por falta de um posicionamento correto.

A burocracia bloqueia o fluxo das coisas na organização. Nada ocorre com agilidade, muitas pessoas precisam ser consultadas, porque ninguém quer assumir riscos. Empresas burocráticas não conseguem inovar, pois a criatividade e o empreendedorismo são substituídos por ambientes focados em relações obscuras, pessoas assoberbadas e visão estreita.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 20: 9-12

Alimento diário

MÁXIMAS DIVERSAS

 

V. 9 – Esta pergunta não é apenas um desafio a qualquer homem do mundo, para que prove ser sem pecado, seja o que for que ele pretenda, mas uma lamentação pela corrupção da humanidade, até mesmo dos que permanecem entre os melhores. Ai! Quem poderá dizer: “Limpo estou de meu pecado”? Observe:

1. Quais são as pessoas que estão excluídas destas pretensões – todas, umas e outras. Aqui, nesta condição imperfeita, nenhuma pessoa pode ter a pretensão de estar sem pecados. Adão podia dizer isto, quando ainda era inocente, e os santos poderão dizer isto, no céu; mas, nesta vida, ninguém poderá dizê-lo. Os que se julgam tão bons como deveriam ser não podem dizer isto, e os que são realmente bons não desejarão, e não ousarão, dizer isto.

2. Qual é a pretensão que é excluída. Não podemos dizer: “Purifiquei o meu coração”. Ainda que possamos dizer, pela graça, “Estamos mais puros do que estávamos”, não podemos dizer, “Estamos limpos e purificados de todos os resíduos do pecado”. Ou, ainda que estejamos limpos dos atos grosseiros e graves do pecado, não podemos dizer, “Os nossos corações estão purificados”. Ou, ainda que estejamos lavados e limpos, não podemos dizer, “Nós mesmos purificamos o nosso coração”; pois isto foi obra do Espírito em nós. Ou, ainda que estejamos purificados dos pecados cometidos por muitas outras pessoas, ainda assim não podemos dizer, “Limpo estou de meu pecado, do pecado que tão facilmente me importuna, do corpo da morte de que Paulo se queixou” (Romanos 7.24).

 

V. 10 – Veja aqui:

1. As várias habilidades que os homens têm para enganar, males cuja raiz é o amor pelo dinheiro. Na antiguidade, ao pagar e receber dinheiro, o que normalmente era feito com o uso de balanças, muitos tinham diferentes pesos, um peso menor do que o devido, para o que pagavam, e um peso maior do que o devido, para o que recebiam; ao entregar e receber bens, tinham medidas diferentes, uma medida reduzida que usavam para vender, e uma medida aumentada que usavam para comprar. Isto era feito e tramado, de maneira injusta, sob o pretexto de agir corretamente. Nestas atividades se incluem todos os tipos de fraude e engano, no comércio e nos negócios.

2. O desprazer de Deus com eles. Independentemente do que sejam com relação ao dinheiro ou aos bens, compradores ou vendedores, são todos igualmente uma abominação para o Senhor. Não prosperarão os negócios que são feitos desta maneira, e não será abençoado o que for obtido desta maneira. Deus odeia aqueles que violam a fé pela qual se mantém a justiça, e será o vingador dos prejudicados.

 

V. 11 – À árvore se conhece pelos seus frutos, ao homem, por suas obras; até uma árvore jovem, por suas primícias, uma criança por suas coisas infantis, quer o seu trabalho seja somente aparentemente bom (a palavra é usada em Provérbios 16.2), ou justo, isto é, verdadeiramente bom. Isto sugere:

1. Que as crianças se revelarão a si mesmas. Logo poderemos ver qual é o seu temperamento, e para que lado a sua inclinação as leva. conforme a sua constituição. Os filhos não aprenderam a arte de dissimular e esconder a sua tendência, como os adultos.

2. Que os pais devem observar seus filhos, para que possam descobrir a sua disposição e o seu talento, e administrá-los e dispor deles, de maneira apropriada, martelar o prego que entra corretamente e extrair o que entra errado. Nisto, a sabedoria é útil, para orientar.

 

V. 12 – Observe:

1. Deus é o Deus da natureza, e todas as forças e faculdades da natureza derivam dele, e dependem dele, e por isto devem ser empregadas para Ele. Foi Ele que formou o olho e fez o ouvido (Salmos 94.9), e a estrutura de ambos é admirável; e é Ele que nos preserva o uso de ambos; devemos à sua providência o fato de que nossos olhos vejam e de que nossos ouvidos ouçam. A audição e a visão são os sentidos do aprendizado. e devemos reconhecer neles particularmente a bondade de Deus.

2. Deus é o Deus de graça. É Ele quem dá o ouvi do que ouve a voz de Deus, o olho que vê a sua beleza pois é Ele quem abre o entendimento.

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