PSICOLOGIA ANALÍTICA

RELACIONAMENTOS ON-LINE

O amor e a paixão são manifestações da potência do vivo, capaz de superar hecatombes tanto na dimensão física quanto simbólica e virtual.

Relacionamento on-line

“Qualquer maneira de amor vale a pena, Qualquer maneira de amor vale amar?”

 Caetano Veloso/Milton Nascimento,

 

“Eu fui completamente sincero, pela primeira vez fui eu mesmo – diz Sérgio”. E enfrentando o olhar questionador do analista completa: – Amor de verdade. – Sua narrativa é semelhante à de outros: se sentia pleno, honesto e entregue sem reservas quando relacionava-se amorosamente por meio de um teclado com alguém que, desconhecido, era também decididamente envolvido e receptivo. A intimidade surgida em pouco tempo, às vezes minutos, seria incomparável. Pouco importava se a conexão transpunha ou não o mundo virtual.

Cito aqui o filme Beleza Americana para dar base à análise deste relato. O longa apresenta o vazio e a alienação de moradores de subúrbios norte-americanos e é denso em tramas e conflitos diversos. Dois personagens, Lester e Ricky, são o contraponto à hipocrisia dominante. O pai de uma adolescente confusa e um garoto “nerd”. Lester abandona um emprego sufocante e desfaz um casamento falido, Ricky tem um pai castrador e passa todo o tempo registrando em vídeo o entorno. É um esquisito e os colegas mantêm distância. Thora, a filha adolescente, incansavelmente filmada, acaba encantando-se. A filmadora, que poderia ser entendida como um anteparo protetor entre o personagem e o mundo, empunhada pela autenticidade de Ricky, torna­ se fator de intimidade e comunhão. A paixão, por ela mesma, não legitima qualquer ação ou relacionamento. Pode superar barreiras e afirmar a vida ou resultar em destruição e morte. Não somente na esfera amorosa, mas em qualquer dimensão da existência humana.

As redes sociais e os relacionamentos virtuais frequentemente ensejam depressão e isolamento, muito já foi dito sobre isso.

Mas um relacionamento virtual, apenas por ser virtual, não é necessariamente expressão de impossibilidades. Estas podem estar em outro lugar.

Sim, há casos em que o virtual revela­ se como possibilidade de superar sentimentos de inferioridade e autoimagem depreciada, ou mesmo onde o “outro” encontrado não passa de projeção de uma idealização de uma completude absoluta, sem reparos. Mas não se pode ignorar os relatos que têm em comum a menção à intimidade e sinceridade em homens e mulheres jovens, afetivamente potentes, que transpõem a regra silenciosa vigente de relações fugazes e efêmeras. Estas são vivências que evocam integridade em quem as vive e têm uma positividade ausente nos casos mencionados antes, sempre finalizados em decepção e frustração. Essa nuance tem merecido pouca ou nenhuma atenção.

Tanto para o teclado de Sérgio quanto para a câmera de Ricky qualquer maneira de amor valerá.

OUTROS OLHARES

A HORA H DA GERAÇÃO DO IPHONE

Os jovens que cresceram com o aparelhinho e similares nas mãos – e não têm ideia do que seja um mundo sem internet – começam a chegar à fase adulta. Estarão prontos para isso?

A Hora H da geração do Iphone

“Caras, vocês sabem sobre o que é esta música? É sobre aliens. Nós somos os aliens, cara. Nós somos os selvagens”. Assim um dos personagens de Jovens, Loucos e Rebeldes (1993) – já considerado um pequeno clássico do cinema, que alçou à fama o diretor Richard Linklater, além de atores como Matthew McConaughey e Ben Affleck – resume a sensação do que é ser adolescente. O rompante, que tem lugar no meio de uma festa de despedida do ensino médio em plena década de 70, se dá enquanto uma hippie (Milla Jovovich) canta uma composição própria, a Alien Song.

Durante muito tempo, produtos culturais como o filme de Linklater retrataram os jovens como “loucos” e “rebeldes”. No roteiro, estudantes provam maconha, embebedam-se e um dos protagonistas, promissor jogador de futebol americano, recusa-se, por convicções morais, a assinar um documento no qual se comprometeria a nunca mais festejar nada, para assim garantir a carreira no esporte. Outros longas-metragens, como Loucuras de Verão (1973,) de George Lucas (o mesmo da franquia Star Wars), ou Curtindo a Vida Adoidado (1986), de John Hughes, ecoaram esse persistente perfil da juventude. Em busca da independência e – vá lá – do amadurecimento, os adolescentes se atiravam e se desafiavam o tempo todo, em todas as frentes, mundo afora.

Sim, eles “se atiravam” e “se desafiavam”. Os verbos não estão no passado por acaso. Nos últimos quinze anos, os jovens, esses que não fazem ideia de como era o mundo pré-internet, deixaram de ser “loucos” e “rebeldes”, pelo menos à moda antiga, como foram os nascidos depois da II Guerra Mundial e que viveram a adolescência nas décadas de 60 e 70. Quem sustenta essa visão é a psicóloga americana Jean Twenge em um livro com um longo título – iGen: por que as Crianças Superconectadas de Hoje Estão Crescendo Menos Rebeldes, Mais Tolerantes, Menos Felizes e Completamente Despreparadas para a Idade Adulta – recentemente lançado no Brasil e que ganhou fama sobretudo após ter um resumo publicado pela autora na revista The Atlantic, editada nos EUA.

Jean Twenge define os integrantes dessa onda jovem: “São os nascidos a partir de 1995, que cresceram com celulares, abriram conta no Instagram antes de entrar no ensino médio e não se lembram de nada antes da internet”. Professora de psicologia e pesquisadora da Universidade Estadual de San Diego, ela se especializou no estudo da mente da juventude. Antes de iGen, já havia publicado, em 2006, Generation Me (Geração Eu), acerca dos millennials, assim chamados os que vieram ao mundo entre 1982 e 1995. Em sua nova obra, a autora se baseia em estatísticas levantadas desde os anos 1970, compilando estudos feitos com um total de 11 milhões de crianças e adolescentes, majoritariamente americanos, para realizar um raio-X daqueles que hoje têm entre 7 e 23 anos de idade – incluindo, portanto, quem começa a ingressar na vida adulta. Indivíduos que, enfatiza a autora, “possuem experiências diárias radicalmente diferentes das de todos aqueles que os precederam” e, por isso, “amadurecem mais devagar, agindo aos 18 anos como se fossem jovens de 15 do passado e aos 13 como se tivessem 10”.

A Hora H da geração do Iphone. 2

De acordo com os dados apresentados pela psicóloga, um adolescente atual com 18 anos sai menos de casa sem os pais do que um de 14 anos da época dos millennials. A média de vezes em que se diverte apenas com amigos, sem a supervisão de adultos, caiu para quase a metade. Rapazes e moças também têm menor anseio de buscar independência financeira. Enquanto somente 22% dos jovens não trabalhavam em 1970, hoje 44% jamais ganharam dinheiro algum por empenho próprio. Seria possível argumentar que eles dedicam mais tempo aos estudos, mas tal justificativa não se sustenta. Isso porque um menino ou uma menina de 15 anos hoje gasta em tomo de dez minutos diários a menos com as tarefas escolares em comparação com os de gerações anteriores. “Ao experimentarem menos a sensação de sair sozinhos, eles também experimentam menos o gosto da independência que depois vão encarar como adultos, de tomar as próprias decisões, sejam elas ruins ou boas”, analisa a pesquisadora. No entanto, se os jovens têm festejado pouco e também não se dedicam com afinco às lições de casa, adivinhe com que eles vêm gastando tempo. Claro: com celulares, redes sociais, WhatsApp, web, videogame e outras tecnologias contemporâneas. Geralmente, em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, oito em cada dez têm um smartphone. Um típico filho da Geração I – chamada pela autora de iGen justamente por seus integrantes já haverem crescido com celular próprio (o iPhone foi lançado em 2007) e viverem conectados a Facebook, Instagram e cia. – consulta cerca de oitenta vezes por dia esse tipo de aparelho. Ao todo, ele passa cerca de quatro horas diárias vidrado nele. Se forem contados o período na escola, o de sono e ainda o focado em outras tecnologias, como computadores, tablets e videogames, praticamente não lhe sobrará tempo algum para atividades como interações off-line com os amigos.

Há, porém, efeitos positivos. Os adolescentes da atualidade estão mais seguros fisicamente, sendo menos expostos a acidentes de carro ou a brigas na rua. Do mesmo modo, apresentam menor tendência a cometer atos que possam ser negativos – por exemplo, apenas 2% das americanas entre 15 e 19 anos já têm um bebê; há menos de duas décadas, esse índice era de 6%.Segundo apontam os estudos compilados em iGen, a maior frequência de relacionamentos, via web, com indivíduos de gênero, etnia e cultura distintos também atesta um pensamento mais tolerante e inclusivo por parte da juventude.

A nova geração é particularmente aberta – a despeito de suas crenças religiosas – ao casamento gay. Entre os millennials, a aceitação era de sete em cada dez, proporção que diminui conforme se regressa nas gerações, até o mínimo de quatro em dez entre os nascidos no pós-guerra – aliás, nesse grupo, apenas uma minoria (30%) não considerava a homossexualidade pecado. Em sua maioria, os jovens dos tempos modernos tampouco veem problema em ter professores assumidamente gays ou mesmo em se abrir, eles mesmos, a experiências sexuais diversas. O número de garotos que declaram ter tido ao menos um caso com outro menino dobrou desde os anos 1990, enquanto o de meninas triplicou. Vale destacar que a maior parte deles se declara, mesmo assim, heterossexual.

Essa postura estende-se a outros aspectos. Por exemplo, 80% dos adolescentes dizem manter contato frequente com representantes de outras etnias. A mudança foi expressiva ainda em relação ao feminismo: em torno de75% não veem problema no fato de sua mãe trabalhar; em 1976, cerca de metade era contra. Ao mesmo tempo, reduziu-se o contato físico com outras pessoas, o que deixou os jovens mais inábeis para as relações sociais. Enquanto na escola o bullying é combatido, extravasa-se na internet: 22% das garotas e 10% dos meninos já sofreram agressões virtuais do tipo.

Em consequência de todo esse cenário, novos males passaram a afligir os jovens. Aumentou, por exemplo, o número dos que dizem sentir-se solitários e depressivos. Entre 2000 e 2015, a quantidade de suicídios na faixa dos 10 aos 14 anos saltou 65%. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o crescimento também foi alarmante: 45%. Agora, pela primeira vez na história, um jovem chega a correr um risco em média 40% maior de tirar a própria vida, em comparação com um adulto. A massa de dados refere-se aos adolescentes americanos. Todavia, devido à influência da cultura dos EUA no Brasil, as complicações citadas não são muitos diferentes das daqui.

“Prefiro estar no meu celular, em meu quarto, assistindo à Netflix, a ficar com minha família. Fiz isso ao longo da maior parte de minhas últimas férias. Fico mais ao celular do que com pessoas reais.” O relato concedido à autora de iGen por uma menina texana de 13 anos não retrata uma exceção, e sim a regra entre jovens. Um cenário que, em um mundo globalizado, se replica ao redor do planeta. “São mudanças geracionais que estão emergindo também em quase todas as culturas”, escreve Jean Twenge. No Brasil, 75% dos adolescentes têm smartphone, sendo que, de acordo com pesquisa do Instituto Delete, do Rio de Janeiro, 30% dos pertencentes à Geração I consideram-se dependentes desse dispositivo. Em média, um jovem brasileiro dedica três horas e catorze minutos de seu dia somente às redes sociais. As consequências dessas atitudes são as mesmas contextualizadas no livro iGen.

Aos 22 anos, nascida em 1996, a advogada e maquiadora curitibana Eduarda Leone está entre aqueles primeiros representantes da Geração I. Ela declara que já se viu dedicando horas e mais horas apenas a clicar, tratar com filtros e publicar uma única foto no Instagram. Amigos e familiares a alertaram para o que a própria Eduarda considera ser um vício. “Esse comportamento claramente atrapalha minha vida”, admite ela. Já a estudante paulista Ana Zaneti, de 16 anos, que mora em Santo André e estuda em um colégio particular em São Paulo, diz sentir-se muitas vezes triste e deprimida enquanto acessa as redes sociais. “Quando rolo a timeline, vejo milhões de imagens com corpos perfeitos, colegas exibindo ótima vida, gente viajando”, conta ela. “Isso acaba me absorvendo e me levando a me sentir de uma forma que não gostaria, com vergonha de minha rotina banal.” Mesmo assim, a estudante não consegue largar tais sites e aplicativos. Afinal, são esses os meios pelos quais ela mais se comunica com os amigos e familiares.

A sensação relatada por Ana é compartilhada por seus colegas de escola. Não só por eles, mas também por uma assustadora parcela da juventude da Geração I. Estudos indicam que aqueles que passam horas conectados à web – ou seja, a maioria – têm maior risco de manifestar sintomas de depressão. Por exemplo, os que estão com aproximadamente 14 anos e passam acima de dez horas semanais em redes sociais apresentam uma tendência 56% maior de exibir tal problema. Mesmo os que gastam um pouco menos de tempo com Facebook, Instagram e Twitter – entre seis e nove horas por semana – ainda são 47% mais suscetíveis àqueles sintomas. Em oposição, os raros adolescentes que ainda dedicam mais de seus dias ao relacionamento tête­ à- tête com amigos costumam afirmar, em frequência 20% maior, que são felizes. Ou seja, o abuso dos aparelhos eletrônicos não só leva ao vício comportamental como deixa seus usuários melancólicos.

Disse o psicoterapeuta americano Tom Kersting, autor de Disconnected: How to Reconnect Our Digitally Distracted Kids (Desconectadas: como Reconectar Nossas Crianças Digitalmente Distraídas): “A tecnologia impactou o significado de ser um humano. Ela está nos desumanizando ao nos levar a ficar encarando telas. Isso faz a indústria da tecnologia ser igual à do cigarro. A boa notícia é que, como houve redução no fumo nas décadas que passaram, aposto que existirá uma maior conscientização em relação ao abuso de aplicativos, celulares e afins”. Tomara. Entre os adolescentes que ultrapassam as três horas diárias (sim, a maioria) em dispositivos eletrônicos, de videogames a smartphones, há risco 35% maior de ter pensamentos suicidas. Por outro lado, pesquisas compiladas em iGen indicam que jovens que trocam as horas nesses dispositivos pela dedicação aos esportes, aos estudos ou a serviços comunitários apresentam metade do risco de sentir-se deprimidos.

Para Kersting, a melhor forma de reverter esse cenário é a conscientização dos pais. “Eles têm de reivindicar o papel de serem os maiores modelos para seus filhos”, ensina. “Ocorre, entretanto, que os pais também estão se viciando nas tecnologias, num movimento que vem transformando a família do século XXI em um conjunto de pessoas que mal se comunicam, não se compreendem, tecem relações imaturas e, no fim, acabam só compartilhando um mesmo teto.”

O publicitário paulistano Leandro Dolfini, de 41 anos, sentiu esse problema na pele. Ele afirma que pouco se relacionava em casa com seu filho, Cauã, de 11 anos. Foi apenas quando houve uma falta de luz prolongada em seu apartamento que ele notou a situação. “Fomos quase que obrigados a passar todo o tempo falando um com o outro”, recorda Dolfini, que, ironicamente, escreveu depois esse relato no Facebook, num post que viralizou na web. “Desde então, resolvi controlar mais o tempo que passamos ao celular”, afirma.

Um dos grandes perigos disso tudo é o risco de a internet estar forjando uma geração de jovens mais seguros e com a cabeça mais aberta, mas, para sempre, imaturos, extremamente interessados em games e apps. Ou seja, alheios às incumbências típicas da vida adulta. Opina Kersting: “É uma juventude que não quer saber de trabalhar, que começa a sair agora das faculdades sem preparo para isso e que nem sabe como se portar em uma entrevista de emprego. São recém-formados que parecem conchas vazias, que ficam até 2 da madrugada no Instagram, dormem pouco e até acordam cedo – mas para verificar de novo o Instagram”.

As conclusões do psicoterapeuta são respaldadas por números. No que se refere à falta de interesse pela independência financeira, são muitas as evidências. Por exemplo, há o fato de que, pela primeira vez na história, menos da metade (43%) dos jovens americanos tenta procurar algum tipo de rendimento próprio ao longo das férias escolares. Além disso, em comparação com os anos 1980, dobrou o número daqueles que nem cogitam trabalhar logo. Já em relação à falta de sono, houve um aumento de 57% no número de jovens americanos que dormem sete ou menos horas por dia, ou seja, abaixo do recomendado, em comparação com a juventude da década de 90. Esse índice teve um salto de 22% entre os anos de 2012 e 2015, precisamente no período em que a maioria das crianças e pré-adolescentes passou a ter um celular. A associação não é fortuita: aqueles que acessam redes sociais ao menos uma vez por dia correm um risco 20% maior de sofrer distúrbios relacionados à falta de sono.

Se Jovens, Loucos e Rebeldes retratava com perfeição a juventude até ao menos o surgimento do Facebook, em 2004, e do iPhone, em 2007, qual produto cultural poderia servir de espelho da Geração I? Há várias opções. Contudo, o destaque é a série 13 Reasons Why, lançada em 2017 pela Netflix. Nela, colegiais, vidrados em seus celulares e perfis de Facebook e Instagram, apresentam uma série de problemas de relacionamento como os retratados nesta reportagem – aqui, vale dizer, fora da ficção. No fim da trama, o desfecho é extremamente trágico para os adolescentes. Na vida real, ninguém aposta em tragédias dessa magnitude, e espera-se, claro, que as coisas evoluam de modo favorável. Mas o certo é que, como escreveu Jean Twenge em sua obra – desde logo referência no assunto -, a Geração I já representa “mudanças positivas, outras negativas, e algumas que são ambas as coisas”.

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GESTÃO E CARREIRA

O QUE AS MULHERES NÃO AGUENTAM MAIS OUVIR

O machismo é o preconceito mais presente no Brasil e se revela em frases que, para muitos, não passam de brincadeiras. Para combater o problema, as empresas precisam se envolver nessa discussão.

O que as mulheres não aguentam mais ouvir

“Você está de TPM”? “Não vai começar a chorar, hein”? “A maternidade atrasa a carreira.” Essas são algumas das afirmações que muitas profissionais já ouviram em seu trabalho, de acordo com o levantamento de Ângela Christina Lucas, que ouviu mulheres e executivos de RH durante sua tese sobre o papel dessa área na desigualdade de gênero nas empresas, apresentada para a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo, em 2015.

Para alguns, essas frases não têm nada de mais. E esse pensamento comprova que existe machismo, mesmo que invisível. “Isso transforma o ambiente organizacional num lugar que desrespeita e afasta as mulheres, além de causar danos físicos e psicológicos nas situações mais graves”, afirma Ângela, que também é professora no Centro Universitário FEI, de São Paulo.

Ouvir coisas como essas todos os dias – seja direcionadas para si própria, seja para as colegas – é, no mínimo, cansativo e pode levar a um quadro de assédio morai ou sexual. Afinal, o constrangimento não é de quem fala, mas de quem escuta. “Apenas quem é constrangido pode dizer se se sente desrespeitado ou não”, afirma Marina Ruzzi, do escritório de advocacia Braga e Ruzzi, voltado para mulheres, de São Paulo.

 BRINCADEIRAS NADA INOCENTES

O problema é que mudar isso não é simples, pois essas “gracinhas” estão arraigadas na sociedade brasileira. Uma pesquisa de 2017, realizada em parceria entre a Skol e o Ibope com 2002pessoas, revelou que o preconceito mais presente é mesmo o machismo. De acordo com o levantamento, 66% dos homens já disseram frases sexistas e 57% das mulheres fizeram comentários assim. A mais usada é: “Mulher tem de se dar ao respeito”. Nas empresas, esse comportamento é traduzido em brincadeiras e pretensos elogios, que, para a maioria das profissionais, são interpretados como assédio. Em sua tese, Ângela ouviu o seguinte depoimento:

“Eu era estagiária e, além de ter a questão do cargo, tinha o fator gênero: era a única mulher em reuniões ao lado de vários gestores homens. Invariavelmente, um diretor fazia uma piada sexista e olhava para mim. Todo mundo ria”.

O machismo não é necessariamente uma conduta jurídica O que se pode denunciar são os casos de assédio moral e assédio sexual. “Só que, quando as mulheres chegam a nós, já foram punidas por sua empresa’’, afirma Ana Paula Braga, sócia no escritório Braga e Ruzzi Na prática, o que mais ocorre é a assediada ter de pedir demissão por não aguentar mais o constrangimento constante”.

Foi o que aconteceu com A.M., de 32 a nos, que pediu para não ter seu nome revelado. Há oito anos, ela era coordenadora do setor de contact center de uma empresa que prestava serviços para um grupo de telefonia, e seu calvário começou com singelos, mas insistentes, “bom dia” do gerente de atendimento. “No início, reparei que ele era mais gentil comigo do que com meus colegas. Fazia questão de passar na minha mesa para me cumprimentar”, diz. Mesmo depois de A. ter se negado a passar o número de seu telefone pessoal ao chefe, o gestor continuou insistindo. “Ele usava o assistente como ponte. Por meio do interlocutor, pedia para tomar alguma coisa com ele fora do trabalho. Ficava me olhando insistentemente”, afirma. Cansada da situação, ela resolveu falar com o diretor, que nada fez, dizendo que não era de sua competência. Por suas negativas, a profissional recebeu o apelido de “Sandy”, em referência à cantora conhecida por ser recatada. “O pessoal só fazia piada e me dizia para ‘resolver’ o problema do chefe. Denunciei ao RH, que também não fez nada. Depois de cinco meses, pedi demissão”, afirma.

FORMANDO ALIADOS

Para que casos corno o de A M. deixem de acontecer, as empresas precisam atuar no combate ao machismo. Que é o que faz, desde 2014, a Braskem, indústria química na qual 78% do quadro é formado por homens. Tudo começou com uma ação simples, mas efetiva: construir 55 banheiros femininos dentro das fábricas. “As funcionárias tinham de andar 2 quilômetros para usar o sanitário’’, diz Camila Dantas, diretora de pessoas e organização da Braskem”. Mas não foi somente isso. O que realmente faz a diferença na luta pela igualdade é ouvir o que as funcionárias têm a dizer por melo de grupos de discussão sobre questões femininas – o que ajuda os colegas e os lideres a repensar comportamentos. “Num dos encontros, as participantes disseram que não queriam ser ‘preservadas’ na volta da licença-maternidade, desejavam ser tratadas como era antes”, afirma Camila.

Esse assunto vem à tona porque cuidar do novo bebê ainda é visto por várias pessoas como de responsabilidade da mulher – embora já existam empresas instituindo licença- paternidade mais longa. É o caso do Google, em que os pais podem ficar até três meses fora após o nascimento do filho; e da Zurich Seguros, na qual a licença estendida de 20 dias para eles e seis meses para elas foi implementada após a discussão do assunto no grupo de mulheres da companhia. Mas esses exemplos ainda são incipientes no Brasil. Tanto que, em sua tese, Ângela ouviu o seguinte depoimento: “Três coordenadoras saíram de licença-maternidade. As três foram desligadas quando voltaram, inclusive eu”.

Por isso é essencial tratar as mulheres, sejam elas mães ou não, de igual para igual. “O RH tem de trazer a questão à tona. Conheço companhias que contrataram mulheres grávidas e outras que as promoveram durante a licença-maternidade”, afirma Rodrigo Vianna, diretor da TaIenses, consultoria de recrutamento executivo que fez uma pesquisa sobre sexismo no trabalho. Só que a questão não pode ficar restrita a apenas uma área. “Para combater a desigualdade é preciso que os presidentes das empresas entendam a relevância desse assunto, porque o impacto de sua voz é muito maior do que apenas uma área tentando implantar uma politica”, afirma Rodrigo.

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ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 19: 1–4

Alimento diário

AS DESVANTAGENS DA POBREZA

 

V. 1 – Aqui, veja:

1. O que será a reputação e a consolação de um homem pobre, e o tornará mais excelente do que o seu próximo, ainda que a sua pobreza possa expô-lo ao desprezo, e possa desanimá-lo. Ele deve ser honesto, e andar em sinceridade, deverá manter uma boa consciência e mostrar isto, deve falar e agir sempre com sinceridade, quando estiver sob as maiores tentações de ludibriar e quebrar a sua palavra, e então deverá se considerar com base nisto, como todos os homens sábios e bons o considerarão. Ele é melhor, tem caráter melhor, está em melhor condição, é mais amado, e vive com propósito melhor, do que muitos que parecem excelentes.

2. O que será a vergonha de um homem rico, apesar de toda a sua pompa. Se ele tiver uma cabeça frívola e uma língua perversa, se for perverso de lábios e tolo, se for ímpio e conseguir o que tem por meio de fraude e opressão, é um tolo, e um homem honesto e pobre deverá ter toda a preferência em relação a ele.

 

V. 2 – Aqui duas coisas são declaradas como tendo más consequências:

1. Ignorância: não ter conhecimento da alma não é bom, é a interpretação de alguns. Não conhecemos a nós mesmos, aos nossos próprios corações? “Ficar a alma sem conhecimento não é bom”. É um grande privilégio o fato de que tenhamos almas, mas, se estas almas não têm conhecimento, em que somos melhores? Se o homem não tem entendimento, é como os animais (Salmos 49.20). Uma alma ignorante não pode ser uma alma boa. O fato de que uma alma não tenha conhecimento não é seguro, nem agradável; que bem pode fazer a alma, para que ela serve, se não tiver conhecimento?

2. Precipitação. Aquele que se apressa com seus pés (que faz coisas impensadamente e com precipitação, e não dedica tempo para ponderar sobre o caminho dos seus pés) peca; frequentemente erra o caminho e dá muitos passos em falso – algo que os que consideram os seus caminhos evitam. Não conhecer é equivalente a não considerar.

 

V. 3 – Temos aqui dois exemplos da loucura dos homens:

1. Eles se envolvem em dificuldades e problemas, e ficam estagnados e confusos: ”A estultícia do homem perverterá o seu caminho”. Os homens encontrarão obstáculos e desapontamentos em seus negócios, e as coisas não acontecerão como eles esperavam e desejavam, e isto é devido a eles mesmos e à sua própria tolice; é a sua própria iniquidade que os corrige.

2. Quando tiverem se envolvido em dificuldades e problemas, colocarão a culpa em Deus, e seus corações se irarão com Ele, como se Ele os tivesse prejudicado, quando, na verdade, eles prejudicaram a si mesmos. Na nossa ira, somos inimigos da nossa própria paz, e atormentamos a nós mesmos; na nossa ira contra o Senhor, nós o afrontamos, à sua justiça, à sua bondade e à sua soberania; e é muito absurdo aproveitarmo-nos dos problemas que trazemos sobre as nossas próprias cabeças, pela nossa determinação ou negligência, para contender com Deus, quando deveríamos culpar a nós mesmos, pois é nossa própria obra. Veja Isaías 50.1.

 

V. 4 – Aqui:

1. Podemos ver quão forte é o amor pelo dinheiro que sentem os homens, a ponto de levá-los a amar a qualquer homem, por menos que ele mereça, se o tal tiver apenas uma quantidade de dinheiro e puder usá-lo com liberdade, de modo que eles possam esperar, deste, algo melhor. A riqueza permite que um homem envie muitos presentes, crie muitas diversões e realize muitos bons trabalhos, e assim lhe conquistará muitos amigos, que fingirão amá-lo, pois o adulam e cortejam, mas, na realidade, amam o que ele tem, ou melhor, amam a si mesmos, esperando conseguir algo dele.

2. Podemos ver o quanto é fraco o amor dos homens, uns pelos outros. Aquele que, enquanto prosperava, era amado e respeitado, se empobrecer, é separado de seu próximo, não é reconhecido nem considerado, não é visitado, e lhe dizem que fique à distância, e que é importuno. Mesmo aquele que foi seu amigo desviará seu rosto dele, e passará do outro lado da rua. Como as consciências dos homens lhes dizem que deveriam aliviar e socorrer esta pessoa, eles se dispõem a dar a desculpa de que não a viram.

 

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