GESTÃO E CARREIRA

INIMIGO OCULTO

Você é passivo – agressivo? Identificar e lidar com esse traço de personalidade tão presente no dia a dia do trabalho é importante para a saúde mental.

Inimigo oculto

No segundo semestre do ano passado, a Adobe – empresa desenvolvedora de software, com sede na Califórnia, Estados Unidos, divulgou o resultado de uma pesquisa sobre hábitos relacionados ao uso do e­ mail. Entre outras informações, o estudo realizado com cerca de 1.000 executivos americanos apontou quais são as frases mais irritantes que as pessoas utilizam nas mensagens endereçadas aos colegas de trabalho. Na lista das campeãs aparecem “Não sei se você viu o meu último e-mail’, “Alguma novidade?”, “Como dito anteriormente”, “Desculpe pelo e-mail triplicado”. Essas expressões causam um tremendo desconforto nos destinatários porque carregam, nas entrelinhas, uma crítica velada, uma cobrança sutil ou uma provocação educada – características de um comportamento classificado pela psicologia como passivo-agressivo.

Quem apresenta esse tipo de personalidade tenta fugir do confronto direto em qualquer relacionamento, seja em casa, seja no trabalho. São pessoas que não têm coragem de expressar seus desejos e opiniões – por isso, concordam com o outro pela frente e reclamam dele pelas costas. “Isso cria uma desconexão entre o que elas dizem e o que faz, afirma Isabel Silva, psicóloga e consultora de carreira da Career Minute. No ambiente profissional, um funcionário que age assim é aquele que se opõe a um plano proposto por um colega, mas não verbaliza isso e acaba oferecendo apoio. “Como discorda do projeto, ele resiste em segui-lo e toma atitudes capazes de sabotá-lo”, diz Isabel. Perder o prazo de entrega propositadamente, chegar atrasado às reuniões e colocar vários obstáculos na hora de executar as próprias tarefas são algumas delas. “Uma pessoa passivo-agressiva não gosta de cumprir regras”, afirma.

Nessa situação, ao ser questionado pelo chefe, o “sabotador” não assume sua responsabilidade pela falha e costuma se fazer de vítima, alegando que está sobrecarregado ou que é cobrado injustamente. Também pode dar uma resposta irônica ou mal­ humorada, o que gera um clima desconfortável entre as partes.

Além de minar a credibilidade, o comportamento passivo-agressivo traz consequências negativas para a equipe. “Ele cria um ambiente tóxico capaz de atrapalhar a produtividade, provocar insegurança e adicionar tensão aos relacionamentos”, afirma Lívia Marques, psicóloga organizacional e coach.

SOLITÁRIO, ANSIOSO E INSEGURO

A passivo-agressividade já foi considerada um transtorno mental no passado. Hoje é vista pela comunidade científica apenas como um traço de personalidade que começa a ser desenvolvido na infância; por influência da família. “Se, ao manifestar emoções e vontades, a criança é repreendida pelos pais com ironia ou violência, por exemplo, há chances de ela se tornar um adulto que vai se relacionar de forma passivo-agressiva”, diz Isabel Silva. Perfeccionismo e medo excessivo do fracasso, do sucesso ou da rejeição também estimulam esse comportamento.

No entanto, é difícil detectar, à primeira vista, se o colega que senta ao seu lado tem atitudes passivo-agressivas – até porque esse assunto ainda não recebe a devida atenção dentro das empresas. Mas uma coisa é certa: o passivo­ agressivo sempre deixa rastros pelo caminho. Alguém com essa personalidade geralmente é pessimista, crítico, pouco flexível, vive inventando intrigas e fica “em cima do muro” quando precisa opinar sobre um determinado tema. “Adotar esse comportamento é uma forma de se proteger, já que, ao blindar nossos desejos, criamos uma barreira contra a vulnerabilidade”, diz o coach Flávio Resende.

Se ter uma pessoa dissimulada na equipe já é capaz de azedar o clima e comprometer a produtividade do grupo, mais complicado ainda é lidar com um gestor que age de maneira passivo- agressiva. “Ângela*, de 29 anos, analista de sistemas sentiu o problema na pele. O chefe de um projeto no qual ela atuava dizia ficar contente com seu trabalho, mas vivia falando mal dela para os colegas. Como se não bastasse, o gestor a envolvia em piadas inapropriadas sempre que tinha oportunidade. “Uma vez fiquei tão irritada que manifestei minha insatisfação. Ele me respondeu “calma, é brincadeira. Acha mesmo que eu estava falando sério? Que ingenuidade”, diz Ângela. O relacionamento ficou desgastado e a analista pediu demissão nove meses depois com o apoio da equipe. “Achei que fosse crescer na empresa, mas percebi que minha saúde mental era mais importante do que o emprego. Até cheguei a conversar com o RH, mas, como nada mudou, resolvi sair”.

Segundo a psicóloga Isabel Silva, é difícil sobreviver quando o passivo-agressivo ocupa uma posição de comando – a menos que você caia nas graças dele. “Esse tipo de chefe costuma ser solitário, ansioso e inseguro. O comportamento dele pode gerar assédio moral, sofrimento psicológico e até depressão”, afirma. Segundo ela, a melhor alternativa nessa situação é se esforçar para que o gestor se sinta seguro – isso porque um passivo-agressivo tende a baixar a bola quando confia nos outros. “Demonstre atitude positiva diante das demandas, seja resiliente, apresente soluções para os problemas do dia a dia e convide-o a entender seus motivos quando for expor ideias contrárias às dele”. “Se nada mudar, avalie se o emprego traz benefícios que superam os custos de administrar um chefe complicado. Se não for o caso, siga outro rumo.

DUAS CARAS, EU?

Admitir a própria passivo-agressividade não é uma tarefa simples, mas importantíssima para o desenvolvimento pessoal. Esse foi o caso de Andréa*, de 46 anos, administradora que atua na área de eventos. Ela sempre teve dificuldade em dizer “não” e em manifestar seu descontentamento nas relações profissionais. Para se proteger achava melhor concordar com as decisões alheias do que expor suas opiniões. No entanto, procrastinava as tarefas reclamava da gestora e, ainda que inconscientemente, fazia algum detalhe dos projetos dar errado. “Sentia prazer em me vingar da minha chefe, me orgulhava da minha rebeldia. É como se dissesse a ela “você não é tão boa quanto acredita”, afirma. Andrea sentia medo de assumir responsabilidades, era insegura para estabelecer seus próprios objetivos de carreira. Embora seu comportamento nunca tenha causado um dano grave à companhia, ela percebeu que era passivo-agressiva quando começou a fazer psicoterapia depois da morte da mãe. “Vivia me fazendo de vítima e reclamando que todo mundo era promovido menos eu. Com o tratamento, tive coragem de olhar para dentro e ver que, se eu quisesse um futuro melhor tinha de correr atrás em vez de ficar me lamentando”, diz. Hoje, Andrea segue na mesma empresa e não tem mais fama de “duas caras” entre os colegas. “Aos poucos minha líder percebeu que estou madura e confiante. Sempre que me pego sendo passivo-agressiva, respiro fundo e mudo conscientemente a rota. É um compromisso que tenho comigo mesma.”

Buscar apoio é importantíssimo para se relacionar melhor com as pessoas, evitar problemas emocionais como a depressão. Afinal, um passivo-agressivo sofre porque recebe de volta a hostilidade que direciona e incita nos outros. Entender a origem desse comportamento é o primeiro passo para mudá-lo. O segundo é trabalhar a autoconfiança. E vale ressaltar que conflitos sempre existirão no ambiente de trabalho ou fora dele – e não há nada de ruim nisso, desde que se respeitem as próprias posições e as dos demais.

***Os nomes das personagens foram trocados para manter o anonimato das profissionais.

AI, QUE RAIVA!

O ranking das frases mais irritantes do e-mail corporativo, de acordo com pesquisa da Adobe feita com 1.000 executivos americanos:

Inimigo oculto.2 

Inimigo oculto. 3

VOCÊ É PASSIVO-AGRESSIVO NO TRABALHO?

Faça o teste, idealizado pela psicóloga e coach Lívia Marques, e avalie se precisa ajustar seu comportamento.

1 – VOCÊ TEM DIFICULDADE DE DIZER NÃO A UM COLEGA OU AO CHEFE?

□ (A) Nenhuma. Se for preciso, digo não numa boa.

□ (B) Sim. Recentemente assumi uma tarefa, mas logo depois comuniquei a meu gestor que não daria para realizá-la.

□ (C) Sim. Às vezes digo que farei a tarefa, mas não consigo terminá-la no tempo solicitado. Daí, entrego após o prazo – e só com algumas informações corretas.

□ (D) Sim. Aceito a tarefa e depois procrastino a entrega.

2 – VOCÊ CONFIA EM SI MESMO E LIDA BEM COM SUAS FRAQUEZAS?

□ (A) Sim. Sempre busco suavizar meus pontos fracos.

□ (B) Nem sempre. Em alguns momentos, gosto que alguém me diga que sou capaz. Depois percebo que não preciso agir assim.

□ (C) Claro que não! sou frequentemente criticado e questiono meu gestor sobre isso. Às vezes aceito a crítica, mas na maioria das vezes sei que o feedback é falso.

□ (D) Não. Fico chateado, mas não deixo transparecer. Quando tenho uma oportunidade, sou sarcástico com a pessoa.

3 – VOCÊ “EXPLODE” QUANDO ACONTECE ALGUM IMPREVISTO?

□ (A) Não. Imprevistos sempre aparecem.

□ (B) Dificilmente. Se eu perceber que vou explodir, me isolo por um tempo.

□ (C) Explodo e não sei como reverter a situação. Não fico bem quando isso acontece e sinto que estou perdendo o controle.

□ (D) Não, mas minhas atitudes demonstram que não gostei do ocorrido.

4 – SEU CHEFE TE DEU UM FEEDBACK NEGATIVO. VOCÊ LEVA PARA O LADO PESSOAL?

□ (A) Aceito numa boa, pois sei que é para o meu crescimento.

□ (B) Quando ele me chama para dar o feedback, já penso que será negativo e sou reativo. Após a explicação do meu gestor, consigo entender melhor.

□ (C) Quando recebo o feedback negativo, percebo que meu gestor muda o tom para

amenizar a situação, pois sabe que tenho um comportamento explosivo.

□ (D) Com certeza é um ataque pessoal. Finjo concordar com as críticas, mas fico quieto o resto do dia.

5 – VOCÊ SE SENTE INJUSTIÇADO OU POUCO VALORIZADO NO ESCRITÓRIO?

□ (A) Às vezes, mas, quando isso acontece, busco um feedback e reavalio minhas atitudes.

□ (B) Às vezes, mas, quando paro para refletir, vejo que nem tudo sai como eu desejo.

□ (C) Sim, me sinto injustiçado e acho que mereço mais. no entanto, sei que meu comportamento explosivo afasta oportunidades.

□ (D) Sempre me sinto assim.

6 – UM COLEGA RECEBE UMA PROMOÇÃO. VOCÊ:

□ (A) Reconhece o merecimento dele e o incentiva a continuar dando o melhor de si.

□ (B) Fica chateado e não quer mais pensar na situação.

□ (C) Fica chateado, raivoso e consternado por não ter sido você

□ (D) Elogia o colega em público e depois diz que ele só conseguiu a promoção porque é amigo do gestor.

7 – SEU CHEFE PEDE A TODOS QUE DEEM IDEIAS ANTES DE TOMAR A DECISÃO FINAL. O QUE VOCÊ FAZ?

□ (A) Pergunto como seria essa ação e qual o problema que precisa ser sanado.

□ (B) Digo que tenho uma ideia, mas depois percebo que ela não era boa para aquela situação.

□ (C) Digo que sei o que fazer. dou várias ideias sem sentido, mas acredito que elas são maravilhosas. Quando vou incluir no projeto, vejo que não era bem aquilo o desejado e digo que não posso contribuir.

□ (D) Procrastino e, quando cobrado, digo que não sabia que ele queria que fizesse tão rápido.

8 – VOCÊ ESTÁ ZANGADO COM UM COLEGA. COMO AGE?

□ A) Chamo o colega e explico o que senti. Dessa forma sei que podemos manter uma conversa amigável e ter um bom entendimento sobre a situação.

□ (B) Saio de perto para tentar entender a situação, depois converso com ele.

□ (C) Na maioria das vezes nem quero chegar perto dele, pois não gosto de suas atitudes e sempre temos problemas. Falo apenas o necessário

□ (D) Digo que não estou com raiva, mas excluo a pessoa.

MAIS RESPOSTA A

Você raramente apresenta traços de passivo-agressividade. É o tipo de pessoa que comunica seus pensamentos e necessidades de forma assertiva na maioria das situações e demonstra respeito pelo ponto de vista dos outros. Também procura manter o ambiente de trabalho leve e produtivo.

 

MAIS RESPOSTA B

Em determinados momentos, você assume atitudes condizentes com as de uma pessoa passivo-agressiva. Embora esse comportamento não chegue a prejudicar sua carreira, é bom identifica-lo e refletir o que o leva a se posicionar dessa forma. A autoanálise amplia, e muito, a inteligência emocional.

MAIS RESPOSTAS C

Talvez você nem perceba, mas está agindo com ironia ou vitimismo de maneira frequente. Comece a prestar mais atenção em seu comportamento para não deixar com que a passivo-agressividade avance e comprometa seu desempenho profissional. Considere procurar um terapeuta.

MIS RESPOSTA D

Você tem uma personalidade passivo-agressiva. Os sintomas mais marcantes são o sarcasmo, a dificuldade de falar não, a ironia, a auto piedade e a desconexão entre o que você diz e faz. Procure ajuda profissional para entender o que faz você agir dessa forma – só assim conseguirá melhorar sua credibilidade no trabalho e ter relacionamentos mais saudáveis.

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

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