O MURRO ANUNCIA A MORTE
O estamento burocrático governamental no Brasil guarda a noção de que tudo se resolve por leis e decretos – nada mais natural. aliás, em uma República que, também ela, nasceu por decretação. No caso específico do crescente número de assassinatos de mulheres praticados por homens, que não aguentam psiquicamente ouvir da companheira “vamos terminar a relação amorosa”, essa tese fica clara. Fez-se a Lei Maria da Penha, criou-se a tipificação penal do feminicídio, e nada está resolvido. Vemos estarrecidos mulheres serem mortas a tiro, estranguladas, defenestradas, queimadas e brutalizadas a marretadas – na rua, em casa, em lojas, em resorts. Nos primeiros quatro dias de 2019, quatro mulheres foram mortas no Rio de Janeiro porque seus parceiros não aceitaram o fim do relacionamento. Em São Paulo, no mesmo período, o número de vítimas foi cinco. Em Goiás, quatro mulheres morreram em quarenta e oito horas. No País inteiro somam-se vinte e um feminicídios nos sete primeiros dias do (velho) ano novo. Na semana passada, um estudo inédito do Ministério da Saúde mostrou que três em cada dez mulheres que são assassinadas no País sofrem sistematicamente espancamentos. Ou seja: o bruto não se faz criminoso de uma hora para a outra, é como se o primeiro murro já anunciasse a morte, próxima ou distante. O estudo ganha relevância ao demonstrar que é bobagem considerar que leis mudam o temperamento de um agressor. O que está em questão é o transtorno da personalidade narcísica, que faz do portador um parceiro que “coisifica” a mulher. A solução está na educação, desde criança: formar indivíduos não hedonistas e não egoístas, aptos a suportarem a frustração amorosa, aprendendo que ciúme é psicopatologia e que ninguém é dono do corpo e da alma de ninguém.
De nada, ou muito pouca coisa adiante a lei sem a consciência do bem e da bondade. A lei só pode servir de modelo para as gerações futuras, se estas forem dotadas dessa consciência natural e moral, de que o único motivo do ser humano ainda existir por permissão de Deus, é a busca pela perfeição que os leva de volta ao criador.
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Concordo, precisamos, na minha opinião, educar os dois lados – educar os homens para entender que suas parceiras são pessoas, e não propriedades, e as mulheres para entender que onde há violência não há amor, e que quando o primeiro sinal de perigo aparece, é a hora de sair, não de esperar a coisa ficar pior ainda.
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Eis um assunto que devemos trazer à tona todos os dias, pois com o empoderamento das mulheres, a cultura machista se manifesta nitidamente naqueles homens que não querem aceitar algo que deveria ser natural nos dias atuais.
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Infelizmente o machismo é tão enraizado que até algumas de nós, mulheres, o reproduzem sem perceber. Mas espero que com paciência e educação, as próximas gerações vão ficando cada vez mais livres dele!
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