PSICOLOGIA ANALÍTICA

ENTRAMOS NA ERA DO CRIADOR

A qualidade criativa se torna uma espécie de atalho para o futuro, pois estamos nos distanciando do repetitivo e do previsível e voltando o interesse ao que escapa do senso comum.

Entramos na era do criador

Segundo o economista Paulo Saffo, citado pela revista americana Forbes como um dos analistas de tendências mais respeitados da atualidade, a economia se divide em ciclos que remodelam drasticamente nosso comportamento e a forma como a sociedade de organiza. Com nossa fantástica capacidade de adaptação, aderimos às mudanças, reorganizamos nossas expectativas e, sem nos darmos conta, colaboramos para a construção de uma nova fase da nossa história, batizada pelo economista como “era do criador”.

Para esclarecer como chegamos aqui e o que isso significa, ele faz uma breve revisão de momentos determinantes da economia a partir do início do século XX, quando as cidades começaram a crescer rapidamente com a industrialização, o que gerou uma demanda crescente por novos produtos. Para atender a essa classe emergente, a indústria volto u seus esforços para a eficiência produtiva, ou seja, para a necessidade de produzir mais em menos tempo e com custo menor.

O processo de fabricação precisava ser otimizado ao máximo e os trabalhadores tinham funções restritas, repetitivas e automáticas para não perderem tempo. Trabalhavam contra o relógio, em sistemas rigidamente organizados. Os primeiros automóveis, por exemplo, eram todos pretos. Não porque estava na moda ou porque outras opções eram inviáveis, mas pelo fato de a tinta preta secar mais rapidamente, o que garantia maior produtividade.

Superada a escassez de produtos, o mercado tratou de aumentar nas pessoas o desejo pelo consumo. Foi então que, na década de 1950, a publicidade ganhou força, com estratégias criativas que convenciam as pessoas de que elas precisavam de mais e mais produtos. A criatividade passou a ser uma peça importante para o aumento de consumo, mas sua demanda era restrita a alguns segmentos, como comunicação e artes.

E o apelo criativo – juntamente com incentivos econômicos – funcionou tão bem que o consumo excessivo logo revelou seu lado negativo, com o uso irresponsável do crédito e o surgimento de problemas éticos e ambientais. Na sequência, o mercado se deparou com novos desafios: agora precisava se adaptar a um consumidor já mais consciente e comedido, em um mundo onde a informação passou a ser excessiva e, por conta desse exagero, a atenção tornou-se escassa. A solução foi transformar o consumo em experiências.

Como a criatividade e o engajamento são antídotos para a desatenção, para atrair uma geração mergulhada em distrações passou a ser as pessoas, necessário engajar, envolvê-las em uma rede de criação e de ideias que conecta tudo e todos. Mais que alvo final de produtos e ideias que são impostos pelo mercado, os consumidores passaram a participar diretamente da construção das novidades. E assim surgiram cases de sucesso como Uber, Wikipedia, AirBnB e projetos culturais e científicos viabilizados por crowdfunding, financiados pelo público – e não mais por entidades distantes que decidem o que iremos consumir.

O status, segundo Saffo, deixou de ser representado pelo preço ou pela quantidade de coisas que possuímos e passou a ser representado pelo novo – o novo construído em conjunto, como experiência social e cultural.

Essa rede de conexões e ideias, em constante movimento e aprimoramento, possibilita que a criatividade corra solta e se destaque como a marca do nosso tempo. Assim, a era do consumidor criador passa a ser também a da criatividade. Quanto mais informações estão acessíveis, mais são geradas possibilidades de combinações diferentes de todo esse conhecimento. Nesse novo ciclo econômico, a criatividade é quase um pré-requisito para o sucesso nas interações sociais e profissionais.

Tanto é que essa habilidade nunca foi tão valorizada pelo mercado. O Fórum Econômico Mundial (O Futuro do Trabalho) apontou a criatividade como terceira habilidade mais necessária pela força de trabalho nos próximos anos, atrás da capacidade de resolução de problemas complexos e do pensamento crítico. De acordo com o documento, essa necessidade surge como consequência da abundância de novos produtos, tecnologias e formas de trabalhar.

O físico teórico e futurista Michio Kaku prevê que essa qualidade é uma espécie de atalho para o futuro, pois estamos nos distanciando do repetitivo e do previsível e voltando o interesse ao que escapa do senso comum. Os serviços mais valorizados são os que nos diferenciam com relação às máquinas – aqueles que dependem de pensamentos e atitudes flexíveis e de ações originais.

Ironicamente, a era de maior desenvolvimento tecnológico da história revisita a criatividade como a maior habilidade para lidar com o futuro próximo e próspero para quem estiver na  contramão dos conceitos engessados de uma máquina.    

 

MICHELE MÜLLER – é jornalista, pesquisadora, especialista em Neurociências, Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica estratégias para o desenvolvimento da linguagem. Seus projetos e textos estão reunidos no site www.michelemuller.com.br

 

OUTROS OLHARES

CARROS AUTÔNOMOS ATROPELAM MAIS PESSOAS NEGRAS DO QUE BRANCAS

Carros autônomos atropelas mais pessoas negras do que brancas

A lista de preocupações sobre carros autônomos ficou mais longa. Além de se preocuparem com sua segurança e como poderiam piorar o tráfego, também precisamos nos preocupar em como poderiam prejudicar pessoas de cor. Se você é uma pessoa com pele escura, pode ser mais provável que seja atingido por um carro autônomo, de acordo com um novo estudo do Georgia Institute of Technology. Isso porque os veículos automatizados podem ser melhores na detecção de pedestres com tons de pele mais claros.

Os autores do estudo começaram com uma pergunta simples: com que precisão os modelos de detecção de objetos de última geração, como aqueles usados por carros autônomos, percebem pessoas de grupos demográficos diferentes? Para descobrir, eles analisaram um grande conjunto de imagens contendo pedestres. Eles dividiram as pessoas usando a escala de Fitzpatricj, um sistema para classificar os tons de pele humanos do claro ao escuro.

Os pesquisadores então analisaram quantas vezes os modelos detectaram corretamente a presença de pessoas no grupo de pele clara versus a frequência com que acertaram as pessoas no grupo de pele escura. O resultado? A detecção foi cinco pontos percentuais menos precisos, em média, para o grupo de pele escura. Essa disparidade persistiu mesmo quando os pesquisadores controlavam variáveis como a hora do dia em imagens ou a visão ocasionalmente obstruída de pedestres. Os estudos prosseguem.

GESTÃO E CARREIRA

VOCÊ NO COMANDO

Profissionais que se mostram dependentes da empresa correm o risco de deixar sua carreira nas mãos de gestores amedrontados.

Você no comando

Vivemos um período de transformação intensa na sociedade e uma das mudanças mais significativas está na gestão de carreira. Desde o início da industrialização, priorizou-se o modelo em que o rumo dos profissionais era definido pelas organizações. A pessoa ingressava em uma empresa e lá se desenvolvia. A carreira seguia por um caminho definido e previsível. Apresentando bons resultados e fazendo as alianças corretas era possível se aposentar na companhia.

A partir dos anos 90, essa previsibilidade terminou. As estruturas foram enxugadas e o plano de carreira foi engolido pelas transformações da época. No século 21, com as frenéticas mudanças impostas pela digitalização, a situação se agravou. A dinâmica dos negócios não permite mais projeção alguma de estrutura futura, o que, por consequência, impede promessas de planos de carreira mais estruturados.

O problema é que nos encontramos no limbo da falta de definições. E gestores ficam atônitos quando são questionados por seus liderados sobre os próximos passos para crescer. Sem clareza do que podem oferecer, eles também estão em compasso de espera. Adicione a essa indefinição uma boa dose de falta de repertório para ajudar no desenvolvimento de pessoas. Atualmente são poucos os gestores com ímpeto de melhorar uma importante habilidade: a de saber dialogar sobre oportunidades de trabalho com seus times. A maioria aguarda a criação de cargos e promoções para abordar o assunto e, como a tendência do mercado é exatamente oposta, muitos chefes não têm nada a oferecer. A saída, então, é delegar o assunto para a área de recursos humanos. Um passa a jogar a bola para o outro, e ficamos num carrossel de lamúrias sem que o assunto seja direcionado. Gestores com medo de conversas sobre emprego e trabalhadores com a visão antiga de delegação para a companhia compõem um cenário caótico, carregado de frustração e risco de baixa produtividade.

As respostas não são fáceis. Passam pela clareza de que a profissão é responsabilidade dos indivíduos e de que o líder é aquele que apoia o desenvolvimento, sugere ações e transfere experiência.

Por isso, a palavra do momento é protagonismo. Devemos ter consciência de nossas vontades e de aonde queremos chegar. O controle é do profissional, não da empresa. Par a que isso aconteça, é preciso que haja uma mudança de um modelo mental profundamente infiltrado em nossa cultura, de dependência e paternalismo. É uma jornada de evolução profunda, que envolve transformar as responsabilidades de cada uma das partes no processo profissional.

RAFAEL SOUTO – é fundador e CEO da consultoria Produtive, de São Paulo. Atua com planejamento e gestão de carreira, programas de demissão responsável e de aposentadoria.

 

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 18: 9–13

Alimento diário

A TOLICE E A SOBERBA SÃO REVELADAS

 

V. 9 – Observe:

1. O desperdício é uma administração muito ineficaz. Aqueles que não somente são considerados, com razão, tolos, entre os homens, mas também apresentam uma explicação desconfortável para Deus sobre os talentos que Ele lhes confiou, que desperdiçam seus bens, que vivem acima do que têm, que gastam e doam mais do que seus bens lhes permitem, na verdade, praticamente jogam fora o que têm, e permitem que seja totalmente desperdiçado.

2. A ociosidade não é melhor. Aquele que é negligente no seu trabalho, cujas mãos estão penduradas (este é o significado da palavra), que fica, como diríamos, sem fazer nada, que negligencia o seu trabalho, não faz nada, ou é como se não fizesse nada, é irmão daquele que desperdiça, isto é, é igualmente tolo, e está em um caminho igualmente assegurado para a pobreza; um esparrama o que tem, e o outro deixa que escape por entre os seus dedos. A observação é também verdadeira em questões relacionadas à religião; aquele que for escarnecedor e descuidado ao orar e ouvir, será considerado irmão daquele que não ora nem ouve; e as omissões do dever são tão fatais para a alma quanto as comissões do pecado.

 

V. 10 – Aqui temos:

1. A suficiência de Deus para os santos: o seu nome é uma torre forte para eles, em que eles podem descansar quando estão cansados, e se refugiar, quando perseguidos, onde poderão ser exaltados acima de seus inimigos, e protegidos deles. Há o suficiente em Deus, e nas revelações que Ele fez de si mesmo, para nos tranquilizar, em todas as ocasiões. A riqueza armazenada nessa torre é suficiente para enriquecê-los, é um banquete continuo e um contínuo tesouro para eles. Esta torre é forte e resistente o suficiente para protegê-los. O nome do Senhor é tudo aquilo com que Ele se fez conhecer como Deus, e nosso Deus, não somente os seus títulos e atributos, mas o seu concerto e as promessas dele; tudo isto constitui uma torre, uma torre forte, impenetrável, inexpugnável, para todo o povo de Deus.

2. A segurança dos santos em Deus. O nome do Senhor é uma torre forte para os que sabem como usá-lo como tal. Os justos, pela fé e oração, pela devoção a Deus e confiança nele, correm para ela, como sua cidade de refúgio. Tendo assegurado o seu interesse no nome de Deus, eles recebem a consolação e o benefício dele; eles saem por si só, se afastam do mundo, vivem acima dele, habitam em Deus e Deus neles, e assim estão a salvo, assim se consideram, e assim estarão.

 

V. 11 – Tendo descrito a firme e fiel proteção do homem justo (v. 10), aqui Salomão mostra qual é a proteção falsa e enganosa do rico, que tem a sua porção e o seu tesouro nas coisas deste mundo, e se dedica a elas. A sua riqueza é a sua confiança, a tal ponto que ele espera tanto dela como um homem devoto espera do seu Deus. Veja:

1. Como ele se mantém. Ele faz da sua riqueza a sua cidade, onde habita, onde governa com grande autocomplacência, como se tivesse uma cidade toda sob o seu comando. É a sua fortaleza, onde ele se abriga, e então desafia o perigo, como se nada pudesse feri-lo. A sua balança é o seu orgulho; a sua riqueza é o seu muro, onde ele se encerra, e ele julga que é um muro alto, tão alto que não pode ser escalado ou sobre o qual não se pode pular (Jó 31.24; Apocalipse 18.7).

2. Como ele se engana nisto. É uma fortaleza, e um muro alto, mas somente no seu próprio conceito; na verdade, não é nada disto, mas é como a casa edificada sobre a areia, que falhará ao construtor, quando ele mais necessitar dela.

 

V. 12 – Observe:

1. A soberba é o prenúncio da ruína, e a ruína, no final, será a punição pela soberba; pois, antes da destruição, os homens normalmente estão tão impressionados com o justo juízo de Deus, que são mais arrogantes do que nunca, de modo que a sua destruição será mais amarga, e mais surpreendente. Ou, se a soberba nem sempre resistir, ainda assim, depois que o coração estiver exaltado com orgulho, virá uma queda (Provérbios 16.18).

2. A humildade é o prenúncio da honra, e prepara os homens para ela, e a honra será, no final, a recompensa da humildade, como o escritor tinha dito antes (Provérbios 15.33). É necessário repetir com frequência aquilo que os homens são relutantes em acreditar.

 

V. 13 – Veja aqui como os homens frequentemente se expõem por aquela mesma coisa pela qual esperam conseguir aplauso.

1. Alguns se orgulham de serem rápidos. Respondem a alguma coisa antes de ouvir, ou melhor, mal ouvindo, já respondem. Eles pensam que é sua honra aceitar uma causa repentinamente, e, depois que tiverem ouvido a um dos lados, julgarão que a questão é tão clara que não precisarão se incomodar em ouvir o outro; acreditam que já estão familiarizados com o caso, e dominam todos os méritos da causa. Ao passo que, embora uma inteligência pronta seja algo agradável com a qual brincar, ela é juízo genuíno e sabedoria verdadeira, que realizam obras.

2. Os que se orgulham por serem rápidos comumente caem sob a justa crítica de serem impertinentes. É tolice que um homem saia falando sobre uma coisa que ele não entende, ou que avalie uma questão da qual não esteja plenamente e verdadeiramente informado, e não tenha a paciência para investigar rigorosamente; e, se for loucura, é e será vergonha.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

POUCA IDADE PARA MUITA PRESSÃO

Todo excesso em educação tem um preço difícil a se pagar mais tarde. A ansiedade pode levar justamente ao fracasso escolar e à desmotivação para esportes, artes e outras atividades.

Pouca idade para muita pressão

Vítimas do desconhecimento e vaidade dos pais, do excesso de zelo ou negligência dos adultos no lar e na escola, de uma agenda excessivamente cheia de afazeres e planejamento absoluto de seus deveres e até dos momentos de diversão, das exigências em ser sempre bem-sucedido, popular, líder de grupo e outros tantos desafios extenuantes, vemos hoje um número excessivo de crianças e adolescentes ansiosos e que chegam a um nível de estresse muito impróprio para a pouca idade.

Além dos danos ligados ao emocional e ao social, existe um prejuízo pessoal que compromete o desenvolvimento e o aprendizado escolar. Exigir das crianças disciplina e dedicação às tarefas que são de sua responsabilidade, em casa e na escola, incutindo um desafio gradativamente alcançável, é sem dúvida desejável, pois proporciona motivação para o amadurecimento, mas é preciso atenção e cuidado com as cobranças.

Nos primeiros seis anos de vida, as crianças precisam de brincadeiras livres, mas também de brincadeiras estruturadas, nas quais os adultos agem como “modelos”, mas sem excesso de formalidade. E preciso agir com cautela, de acordo com o desenvolvimento e a idade da criança, privilegiando oportunidades em que as aptidões sociais possam ser treinadas com a supervisão dos pais.

As crianças são seres em desenvolvimento, não estão emocional ou biologicamente preparadas para enfrentar uma maratona que vai muitas vezes das 7h da manhã às 10h da noite, sem descanso. Precisam de pausas para assimilar o aprendizado, necessitam de tempo de brincadeira com os seus pares, de ar livre, exercícios físicos e um pouco daquilo que muitos pais chamam de tempo perdido, mas que na verdade é o melhor do dia: a hora em que podem curtir seus brinquedos, usar seu Ipad, fazer o esporte favorito, assistir um programa divertido, ler, conviver com os irmãos e amiguinhos. Depois podem voltar aos afazeres escolares, às aulas de música, de esportes, de idiomas etc.

É compreensível que os pais, trabalhando fora o dia todo, queiram ver os filhos ocupados com atividades dirigidas e bem supervisionadas e desejem enxergar o progresso da criança na forma de um boletim brilhante ou u campeonato bem-sucedido.

Porém nosso cérebro tem uma forma praticamente idêntica de reagir àquilo que interpreta como uma ameaça ao seu equilíbrio, seja verdadeira ou imaginária. Via de regra, o ser humano lida com as dificuldades de quatro maneiras, que são reveladoras de estresse e apontam para a necessidade de ajuda e compreensão dos adultos.

A primeira que se instala é uma súbita resistência infantil a mudanças, a tentativa constante de permanecer em meio a situações familiares que lhe parecem seguras e a relutância em enfrentar todo tipo de risco, por menor que seja. É o chamado comportamento de luta, que pode advir inclusive das próprias ansiedades dos pais, do desencorajamento para a criança crescer fazendo gradualmente suas opções e arcando com os resultados de suas ações. Ensinar limites e responsabilidades cria pessoas fortes e independentes, desde que tenham oportunidade de vivenciar na prática essas situações em que os pros, os contras e as consequências sejam claros. Sem pressão, mas com estímulo e o aprendizado de novas estratégias, a criança vai vencer essa relutância em se arriscar e desenvolver a resiliência para a frustração.

Também é comum nas crianças estressadas um comportamento de fuga, que se caracteriza por evitar determinadas circunstâncias, usando desculpas como doenças, cansaço, ficando à margem dos amigos, dos grupos, fazendo até coisas de que não gosta para fugir de situações que acha que não consegue enfrentar.

O comportamento de bloqueio lembra uma espécie de engessamento mental e físico, do qual não se consegue identificar a causa. Quando inquerida numa prova, a criança chega a parecer que não sabe nada. Quando está em situação de ser centro das atenções, perde a fala, comporta-se de modo estranho. Não suporta pressão, não sabe lidar com situações novas, o que na escola representa um problema de difícil manejo.

Junta-se ao quadro o comportamento gregário, ou seja, vive no grupo, se diluindo nele. Quer ser exatamente como os amigos, não deseja se destacar deles, segue suas normas e se torna superficial na aprendizagem escolar. O que muitos pais chamam de pré-adolescência precoce pode ser perfeitamente um sinal bastante sério de estresse infantil. Conhecer e conviver com os amigos dos filhos podem ser úteis para saber se o grupo tem ou não uma forma similar de agir que os pais privilegiam, seja em termos de comportamento social como também de interesse pelos estudos, esportes, artes etc.

É sempre aconselhável que as crianças tenham mais de dois grupos de amigos, para aprenderem a lidar com as diferenças e se sentirem mais seguras, menos ansiosas e mais preparadas para tomar as próprias iniciativas.

Ajudar as crianças a terem metas de acordo com suas aptidões é importante, até para elas aprenderem a identificar a finalidade de seus esforços em uma atividade.

Incentivar a terem suas próprias metas, planos, responsabilidades, estarem motivadas na tarefa escolhida, sentirem-se apoiadas pelos pais e terem tempo para ser crianças é uma complexa situação que no dia a dia corresponde a dar educação, criando filhos sem estresse e com ansiedade controlada a níveis favoráveis para seu perfeito desenvolvimento e aprendizado.

 

MARIA IRENE MALUF – é especialista em Psicopedagogia, EducaçãoEspecial e Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia –  ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br

OUTROS OLHARES

O CIENTISTA POP DA INTERNET

Hábil para explicar questões complicadas e disposto a encarar qualquer polêmica, o doutor Pirula virou uma celebridade no YouTube.

O cientista pop da internet

A paixão por crocodilos e dinossauros rendeu ao paulistano Paulo Pedrosa, o Pirula (apelido de faculdade), um doutorado em zoologia pela Universidade de São Paulo. Mas, ao criar um canal no YouTube, há oito anos, ele resolveu ampliar os horizontes e tratar de ciência em geral, o que o pôs em contato direto com outro tipo de ser com o qual se deve tomar cuidado: os contestadores de fatos científicos que fazem e acontecem nas redes sociais. Didático nas explicações e disposto a encarar qualquer polêmica, Pirula virou fenômeno da internet: seu canal conta com mais de 780.000 inscritos e 80 milhões de visualizações. Preocupado com os rumos da ciência diante da disseminação de pensamentos retrógrados, Pirula – que, em lugar da idade, prefere revelar que é “velho o suficiente para ter conhecido o Balão Mágico” – lançou no mês passado, em parceria com Reinaldo José Lopes, seu primeiro livro, Darwin sem Frescura (HarperCollins). A seguir, trechos de sua entrevista.

QUEM TEM MEDO DE DARWIN?

“Percebo nas pessoas um preconceito contra a ideia da evolução das espécies, um receio de que isso vá contra aquilo em que acreditam, as histórias que estão na Bíblia. No entanto, a ideia de que uma espécie pode se transformar em outra já era discutida uns sessenta anos antes de Darwin, e é sobejamente aceita. A única inovação dele foi a teoria da seleção natural – a sobrevivência do mais apto, daquele que consegue aguentar o tranco das mudanças no ambiente. Através da ideia da seleção conseguimos entender como as espécies se desenvolveram até chegar ao que são hoje, inclusive em termos de hábitos, de comportamentos.”

A EVOLUÇÃO DA MORAL

“Podemos dizer que a própria noção de certo e errado tem, em algum grau, um componente inato. Ao contrário do que imaginamos, quando nascemos nosso cérebro não é uma tábula rasa, sem informação alguma. A gente já vem, por assim dizer, com certos aplicativos instalados, mas vazios – como um WhatsApp sem nenhum contato. Esses aplicativos são componentes genéticos que podem ser transmitidos entre gerações, uma determinada combinação de genes que influencia uma índole ou comportamento, por exemplo. Fatores externos como a cultura, a criação e as experiências vão moldar o funcionamento do aplicativo, mas o instinto para agir de tal maneira já estava lá, selecionado ao longo da evolução da espécie.”

O GENE INTERESSEIRO

“Valores como altruísmo e justiça também estão embutidos na seleção natural, na lei da sobrevivência do mais apto. O ser humano sobrevive melhor em comunidade, mas precisa agir de maneira agradável para que o ambiente seja saudável e as pessoas não queiram matar umas às outras. Somos predispostos a ter algum nível de altruísmo e a aprovar essa conduta nos demais porque entendemos que esse comportamento gera uma vantagem para o grupo. É claro que a atitude egoísta, que produz vantagem imediata, também está presente, mas, se ela fosse predominante, a sociedade entraria em colapso. No fim das contas, a tendência é a natureza selecionar um pouco de cada: prevalece quem é bonzinho, mas não é trouxa.”

HOMOSSEXUALIDADE FAZ PARTE

“Os dados de que dispomos indicam que a tendência à homossexualidade é determinada principalmente por um pacote de genes. Nas famílias em que esse código está presente, as mulheres têm mais filhos. Ou seja: é possível que a fertilidade e a tendência à homossexualidade estejam embrulhadas em um mesmo pacote genético. Sendo assim, não há risco para a população passar o conjunto de genes adiante, mesmo com menor chance de reprodução em uma pequena parcela, pois a alta fertilidade compensa. Sabe-se que a tendência ao comportamento homossexual se mantém fixa entre 4% e 10% da população. Esse número nunca aumentou. Nunca houve uma ‘epidemia gay’, como dizem uns tantos preconceituosos.

A CIÊNCIA PEDE SOCORRO

“Venho notando sinais de crise na ciência. É preocupante. Um deles é a distância que nós, cientistas, pusemos entre nós e a sociedade. A maioria ficou por muitos anos encastelada na academia, e, agora que a disseminação do conhecimento faz com que seja confrontada, não sabe lidar com o grande público. Outra questão é a escassez de verbas, e também nela atribuo uma parcela de responsabilidade aos próprios pesquisadores, que sempre trabalharam como se não tivessem de prestar contas. Incluo também a alta carga de trabalho institucional e a falta de incentivo à divulgação científica. O terceiro ponto da crise é o avanço da tecnologia, que permite que a informação seja disseminada antes que algum agente, como a imprensa, atue para entregar a novidade mastigadinha, fácil de ser entendida. Qualquer um pode ligar uma câmera, falar uma bobagem e em duas horas atingir 20 milhões de pessoas.”

JOGADOR EM VÁRIOS TIMES

“Comparado com quem está no poder em Brasília, sou praticamente o Che Guevara. Mas na verdade eu me considero um progressista, no sentido de acreditar que, é preciso respeitar as vontades das pessoas, desde que não prejudiquem ninguém, e rejeito qualquer tipo de autoritarismo. Ao mesmo tempo, defendo o investimento privado nas universidades, porque, para mim, não há alternativa, a fonte secou. No entanto, para meus colegas da USP, que não aceitam bem a ideia, isso faz de mim um coxinha. Apesar de lutar contra o conservadorismo de Estado, na vida pessoal sou bastante conservador. Não uso drogas e não incentivo ninguém a usar, não recomendaria à minha mulher que fizesse um aborto e sou mais permissivo em relação a porte de armas do que as pessoas imaginam.”

GESTÃO E CARREIRA

CHEFIANDO PELO WHATSAPP

Como impor limites quando o gestor abusa do aplicativo de mensagens?

Chefiando pelo WhatsApp.

Em meados de fevereiro, o Brasil vivenciou uma crise política causada por uma ferramenta que, alguns anos atrás, não seria perigosa para nenhum presidente: o WhatsApp. Uma série de áudios trocados entre o então ministro da Secretaria­ Geral, Gustavo Bebianno, e Jair Bolsonaro revelaram que o presidente usava o aplicativo de mensagens para despachar com o subordinado e mostrar sua contrariedade por ele ter colocado na agenda um encontro com um executivo da TV Globo. As conversas foram o estopim de uma crise que culminou na demissão de Bebianno.

Quando o WhatsApp é ferramenta de gestão até no Palácio do Planalto é sinal de que a tecnologia contaminou a liderança. Na vida real, as consequências da utilização não são tão drásticas a ponto de gerar crises, mas podem trazer desconforto. Era o que acontecia com Eloisa Leal, de 33 anos, gerente da clínica multidisciplinar Espaço ComPasso. Ela lidava com o celular apitando por causa das mensagens da chefe, Lílian Kuhn, de 35 anos, nos horários mais inapropriados, como aos sábados à noite – numa rotina que se repetiu por meses. “Ela realmente mandava muitas mensagens, todos os dias, mesmo tarde da noite. Às vezes, nem tinha como fazer nada, mas respondia. Aí, para mim, ficou desgastante. Virou uma preocupação constante”, diz Eloisa. A própria Lílian, fonoaudióloga e diretora da clínica, admite que perdeu o controle no relacionamento com sua gerente. ”Eu gerava uma demanda imensa para ela com muitas mensagens fora do horário”, diz. As duas ficaram um ano nesse ritmo frenético, mas pararam, há mais ou menos seis meses, aliviadas. A mudança aconteceu com um empurrãozinho da família de ambas, que disseram que era preciso impor limites. Com muito diálogo, elas conseguiram contornar o  problema sem brigar. “Resolvi limitar meu horário, inclusive com os pacientes, das 8  às 20 horas, e sem responder nos fins de semana.”

A REGRA É CLARA?

Até sentar para conversar e se reeducar, o comportamento da dupla seguia um padrão frequente. “As pessoas sempre esperam que o outro responda rapidamente, quando não imediatamente. A maioria absoluta das vezes não é urgente, mas cria-se um senso de urgência que pode ser nocivo com o  tempo”, diz Vanessa Cepellos, professora do mestrado em RH na Fundação Getúlio Vargas. E quando não há abertura para o diálogo (e certa propensão da chefia para a readequação da postura) o uso do WhatsApp pode resultar em sobrecarga e estresse. Por isso é tão importante que normas de convivência sejam estabelecidas com antecedência, justamente para evitar excessos. Na ausência de regras, o ideal é conversar abertamente com o chefe ou com o colega que manda as mensagens em horários inapropriados. Se isso não resolver ou não for possível negociar, aí deve-se recorrer aos superiores hierárquicos da pessoa que manda as mensagens ou ao departamento de RH da empresa. Todos com bom senso sabem – ou pelo menos deveriam saber –    que mensagens além do horário, em dias de descanso ou com conteúdo inapropriado são atitudes condenadas no ambiente corporativo.

E mais: além de erradas, essas práticas podem ser ilegais. De acordo com a advogada trabalhista Mariana Machado Pedroso, sócia do Chenut Oliveira Santiago Advogados, o uso do WhatsApp fora do horário de trabalho motiva litígios cada vez mais comuns na Justiça. “Mensagens em horários e dias inapropriados têm consequências jurídicas, a depender do volume e da frequência”, afirma Mariana. Caso seja movida uma ação pelo empregado, a Justiça poderá mandar a companhia pagar horas extras, adicional noturno, além de danos morais e outras verbas indenizatórias. As disputas judiciais, porém, acontecem (em quase a totalidade dos casos) quando o funcionário já se desligou da empresa e quer cobrar pelo tempo trabalhado além do período normal.

GOVERNANÇA DIGITAL

“Muitos líderes e liderados sabem que o uso fora do expediente configura hora extra, mas continuam fazendo”, diz Paulo Vieira de Campos, professor de educação executiva na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para evitar que isso aconteça, empresas mais atentas já trabalham com um conceito chamado “governança no uso de grupos”, orientando seus gestores a não abusar das mensagens e a ter atenção aos conteúdos compartilhados. Já os funcionários são ensinados a não enviar nem responder a mensagens fora dos turnos de trabalho. Segundo Bruno Andrade, especialista em soluções digitais para RH da Mercer Brasil, tem crescido a orientação de não obrigatoriedade de um funcionário sem telefone corporativo aderir a grupos de trabalho. “Mas é raríssimo alguém se abster de participar de grupos por só ter telefone pessoal. Há sempre o temor de ser tachado de antissocial, não colaborativo, e sofrer represálias dos colegas e gestores”, diz Bruno.

Para impor limites reais, aplicativos de respostas automáticas estão entre as soluções adotadas pelas empresas tanto para avisar a clientes sobre o horário de atendimento quanto para evitar excessos. Quando um smartphone recebe uma mensagem depois das 18 horas, por exemplo, o aplicativo responde, via WhatsApp mesmo, que o horário de atendimento se encerrou. É possível usar o mesmo procedimento em celulares corporativos evitando que as equipes respondam a seus gestores após determinados horários. ”O nível de consciência em relação ao uso é baixo. Devemos ter muito cuidado para não invadir a esfera pessoal. Algumas pessoas e alguns contextos são mais sensíveis do que outros”, diz Cíntia Borttoto, sócia na Exec, consultoria de recrutamento e desenvolvimento de executivos.

Em casos de equipe de trabalho que se comunica por meio da tecnologia, é responsabilidade do gestor conduzir o grupo e moderá-lo quando notar excessos como fofocas e palavrões. “O grupo acaba sendo um reflexo do comportamento do gestor. Cabe a ele moderar, orientar quando responder, zelar pela atenção ao tempo de urgência e às prioridades.” Além das questões trabalhistas que devem ser respeitadas, os usuários corporativos têm de cuidar do código de ética de suas empresas e seguir regras sociais de boa educação. ”Não é de bom-tom compartilhar memes ou piadas em grupos de trabalho”, afirma Claudia Matarazzo, consultora comportamental empresarial.

Mas, talvez, a melhor recomendação seja manter a prudência e o respeito às regras de convivência comuns a todos. ”Pode-se pensar em algum nível de compliance para o WhatsApp, mas tudo passa pelo bom senso. Pessoas se comportam de maneira diferente em círculos sociais distintos, na família, entre amigos, no trabalho, na presença de clientes. Há regras sociais não escritas que todo mundo mais ou menos sabe – ou deveria saber – e que devem ser respeitadas na vida real e virtual”, diz Paulo Vieira, da ESPM. Ou seja, é preciso usar o aplicativo com muita moderação.

Chefiando pelo WhatsApp. 2

BOM SENSO VIRTUAL

Sete dicas para não deslizar no uso do aplicativo de mensagens, de acordo com os especialistas ouvidos por para esta reportagem:

ESCREVA COM CONSCIÊNCIA

Pense, leia, releia e só depois mande a mensagem. Textos mal escritos podem ter interpretações equivocadas. Isso para não falar dos casos em que se compartilham, de cabeça quente, mensagens agressivas ou incompreensivas. Lembre-se de que, uma vez enviada, a mensagem pode ser vista pelos outros mesmo, que seja deletada minutos depois.

PENSE NA RELEVÂNCIA

Compartilhe apenas informações realmente pertinentes no grupo. Evite perguntar o que já foi respondido anteriormente. Os gestores jamais devem usar o grupo para chamar a atenção de algum funcionário ou mesmo da equipe toda, isso configura constrangimento e assédio moral. As conversas e reuniões de alinhamento ou de cobrança devem ser feitas pessoalmente.

FUJA DE MEMES E PIADAS

Melhor evitá-los. Mas, e quando o próprio gestor compartilha tais mensagens? as regras de convivência devem ser estabelecidas antes. Se o grupo não vê problema em disseminar piadas ou memes, tudo bem. a decisão deve ser de comum acordo entre todos os participantes.

CONFIGURE RESPOSTAS AUTOMÁTICAS

É possível configurar respostas automáticas (que são enviadas num período pré-determinado, como nos fins de semana, ou após as 16 horas. Na versão WhatsApp business, o recurso é nativo, mas mesmo na versão gratuita é possível fazer isso. Há aplicativos, também gratuitos, como away e auto responder (ambos para android) e scheduled (Ios), que enviam mensagens automáticas.

ATENÇÃO AOS ÁUDIOS

Os áudios são ainda mais rápidos de ser gravados e compartilhados do que as mensagens escritas, por isso vêm se popularizando no aplicativo. Porém, é preciso prestar atenção no tom de voz, no português e na duração do áudio – especialistas afirmam que o limite tolerável é 3 minutos. Mensagens com tempo de duração acima disso fazem o espectador perder o interesse e a concentração necessária para a compreensão.

TOME CUIDADO COM O TAMANHO

Evite a criação de grupos com mais de dez pessoas, pois, mais do que isso, a participação individual se dilui a ponto de tornar-se irrelevante, caso a equipe esteja muito maior. Utilize a tecnologia apenas para compartilhar informações genéricas e úteis a todos – como se fosse um canal de avisos e não um fórum de discussão. Muitas empresas impedem a participação irrestrita, permitindo apenas ao gestor a possibilidade de compartilhar informações.

CRIE GRUPOS TEMPORÁRIOS

São alternativas eficientes para projetos de tempo determinado, quando uma equipe tem de entregar um trabalho até certa data, cria-se um grupo específic0 com as pessoas que estão envolvidas na tarefa. Terminado o projeto, finda também o grupo. Muitas vezes, esses grupos são mais eficientes e focados do que os corporativos do dia a dia.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 18: 4–8

Alimento diário

A LINGUAGEM DA TOLICE

 V. 4 – As similitudes aqui parecem elegantemente transpostas.

1. A fonte da sabedoria é como águas profundas. Um homem inteligente e instruído tem em si um bom tesouro de coisas úteis, o que o capacita com algo a dizer praticamente em todas as ocasiões, algo que é pertinente e benéfico. É como águas profundas, que não fazem ruído, mas que nunca se esgotam, nunca secam.

2. As palavras da boca deste homem são como ribeiro transbordante. O que ele vê, faz com que as palavras fluam naturalmente dele, e com grande facilidade, e liberdade, e fluência natural: as suas palavras são limpas e frescas, limpam e revigoram; das suas águas profundas flui aquilo que a oportunidade exige, transbordando sobre os que estão à sua volta, como os ribeiros transbordam sobre as terras baixas.

 

V. 5 – Isto condena, com razão, os que, empregados na administração da justiça, pervertem o juízo:

1. Tolerando os crimes dos homens, e protegendo-os e aceitando-os, na opressão e violência, por causa da sua posição, ou riqueza, ou alguma simpatia pessoal que possam ter por eles. A despeito de quaisquer desculpas que os homens possam apresentar para isto, certamente não é bom aceitar assim a pessoa do ímpio; é uma ofensa para Deus, uma afronta para a justiça, uma injustiça para a humanidade, e um serviço realmente feito para o reino do pecado e de Satanás. Os méritos da causa devem ser considerados, e não a pessoa.

2. Dando causa contra a justiça e a equidade, porque a pessoa é pobre e humilde no mundo, ou não do mesmo grupo ou convicção, ou um estrangeiro, de outra nação. Isto é derrubar o justo em juízo, que deveria ser apoiado, e a quem Deus fará com que se levante e permaneça.

V. 6 e 7 – Salomão mostrou frequentemente o mal que os homens ímpios fazem aos outros, com suas línguas descontroladas: aqui, ele mostra o mal que fazem a si mesmos.

1. Eles se envolvem em contendas: os lábios do tolo, sem qualquer causa, entram em contendas, ao promover noções tolas às quais os outros se vêm obrigados a se opor, e, desta maneira, começa uma contenda, ou se envolvem em contendas por meio de palavras provocadoras, que causarão ressentimento, e exigirão satisfação, ou ainda por meio de desafios aos homens, convidando-os à contenda, se tiverem coragem. Os homens soberbos, e inflamados, e os ébrios, são tolos, cujos lábios entram em contendas. Um homem sábio pode, contra a sua vontade, ser arrastado para uma contenda, mas é um louco quem entra nela por sua espontânea vontade, quando poderia evitá-la, e certamente o tal se arrependerá disto, quando já for tarde demais.Eles se expõem à correção: a sua boca brada por açoites, ele disse aquilo

2. que merece ser punido com açoites, e ainda está dizendo o que precisa ser repreendido, e restringido, com açoites, como Ananias injustamente ordenou que Paulo fosse ferido na boca.

3. Eles se envolvem em destruição: a boca do tolo, que já foi, ou teria sido, a destruição dos outros, acaba sendo é a sua própria destruição, talvez pelos homens. A boca de Simei foi a sua própria destruição, e também a boca de Adonias, que falou contra a sua própria cabeça. E quando um tolo, por suas palavras tolas, se envolve em alguma discórdia, e pensa escapar, justificando o que disse, a sua defesa acaba sendo a sua ofensa, e os seus lábios acabam sendo um laço para a sua alma, enredando-o ainda mais. No entanto, quando os homens, por suas palavras perversas, forem condenados no juízo de Deus, as suas bocas serão a sua destruição, e serão um agravamento à sua ruína, a ponto de não admitir uma gota de água, uma gota de consolação para abrandar a sua língua, que é o seu laço, e ali serão fortemente atormentados.

V. 8 – Os mexeriqueiros são aqueles que levam estórias secretamente, de casa em casa, estórias que talvez contenham algo de verdade, mas são segredos que não devem ser contados, ou são de modo infame apresentadas de maneira inadequada, e são deturpadas, e contadas com a intenção de prejudicar a reputação das pessoas, romper amizades, provocar maldades entre parentes e vizinhos, e fazer que se desentendam. As palavras dessas pessoas são aqui descritas:

1. Como quando os homens são feri­ dos (segundo a margem); eles fingem estar muito abalados com as dificuldades deste ou daquele indivíduo, e sofrer por eles, e fingem que é com a maior angústia e relutância imaginável que falam sobre eles. Eles dão a impressão de terem sido, eles mesmos, feridos, ao passo que, na realidade, eles se alegram na iniquidade, apreciam a história, e a contam com orgulho e prazer. Assim parecem suas palavras, mas elas descem como veneno até o íntimo do ventre, como uma pílula dourada e doce.

2. Como feridas (isto diz o texto), feridas profundas, feridas mortais, feridas no íntimo do ventre: o ventre médio ou inferior, o tórax ou o abdômen, e em qualquer um deles as feridas são mortais. As palavras do mexeriqueiro ferem aqueles de quem se fala, ferem a sua reputação e interesse, e ferem também aqueles a quem são ditas, ferem seu amor e caridade. Elas trazem consigo o pecado à vida do homem, o que é uma ferida para a consciência. Talvez ele pareça desdenhá-las, mas elas o tornarão insensível, afastando o seu afeto de alguém a quem ele deveria amar.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ELE E ELA – COMPLETUDE OU CONFORTO?

Homens e mulheres diferem no comportamento porque uma parte importante tem suas raízes na cultura, na educação, na vida social, e tudo o que fazemos acontece a partir de determinação cerebral.

Ele e ela - completude ou conforto

Estudos neuropsicológicos constatam que as diferenças existem entre homens e mulheres e não são exclusivamente culturais. Os pesquisadores de Harvard descobriram que determinadas partes do córtex frontal, envolvido em funções cognitivas importantes, são proporcionalmente mais volumosas em mulheres do que em homens, assim como partes do córtex límbico, envolvido nas reações emocionais. Outra região do cérebro que difere anatomicamente entre os sexos em sua resposta ao estresse, e o hipocampo, estrutura essencial para o armazenamento de lembranças e para o mapeamento espacial do ambiente. Essas divergências anatômicas podem estar ligadas à diferença no modo como homens e mulheres se comportam: os homens tendem a se orientar estimando a distância e sua posição no espaço, enquanto as mulheres se orientam observando pontos de referência.

Seguindo nas comparações entre estruturas cerebrais, o aumento na densidade do córtex auditivo feminino pode estar relacionado ao melhor desempenho em testes de fluência verbal. Essas características não representam mais capacidades, mas a maneira como a estrutura do nosso cérebro se desenvolve. Existe a capacidade de reagir de maneira diferente à violência, o que não quer dizer, obviamente, que as mulheres não possam ser agressivas.

Em relação à inteligência emocional, a situação não é diferente. A inteligência emocional pode ser entendida como a capacidade de se conhecer para lidar bem consigo mesmo e, da mesma forma, conhecer e lidar bem com o outro, nos relacionamentos sociais, familiares ou profissionais. Dessa forma, trata-se da capacidade de conciliar as emoções e a razão, de modo a facilitar esse equilíbrio fundamental na habilidade de trabalho em grupo ou para ouvir nossos próprios sentimentos.

As mulheres apresentam melhor desempenho em relações humanas e tendem a se sobressair em empatia e proteção. Por outro lado, os homens têm mais facilidades na independência e nas habilidades matemático-espaciais. A região parietal inferior do córtex no hemisfério esquerdo é maior nos homens, privilegiando as habilidades mentais de raciocínio matemático, conforme foi verificado no cérebro de Albert Einstein e de outros físicos e matemáticos.

Foi descoberto, no entanto, que o cérebro das mulheres processa a linguagem verbal nos dois hemisférios simultaneamente, enquanto os homens só processam a linguagem verbal no hemisfério esquerdo. Como consequência dessa descoberta, na Universidade de Yale percebeu-se que os homens e as mulheres usam estratégias diferentes para desempenhar as funções cognitivas. Se de um lado eles têm força corporal para competir, elas conseguem vantagens sociais através da argumentação e da persuasão.

É interessante, ainda, que existe um feixe de fibras nervosas ligando os dois hemisférios cerebrais, sendo esse o ponto essencial do desenvolvimento intelectual. Esse feixe é maior nas mulheres, que acessam várias partes do cérebro para resolver determinado problema, enquanto os homens pensam com regiões mais específicas do cérebro, podendo ter respostas mais sintetizadas e objetivas, menos analíticas.

Atualmente, em virtude do acentuado desenvolvimento tecnológico, as relações sociais transformam-se em sua essência, provocando um descompasso na construção identitária do sujeito pós-moderno, que aumenta velozmente a sua interação com a máquina enquanto, inversamente, diminui seu contato com o gênero humano, dificultando o exercício da chamada inteligência emocional porque se dedica mais ao computador que ao conhecimento de si, enquanto pessoa.

Segundo Foucault (1926-1984), o estudo da sexualidade deve centrar-se nos discursos do desejo, explorando as palavras, a linguagem e os símbolos.

Desse modo, a sociedade se constrói nas relações afetivas, familiares, educacionais e profissionais. Sem dúvida, é na família que a identidade da mulher e do homem recebe as primeiras programações culturais. A divisão dos papéis entre o casal para a educação dos filhos reflete os valores e as crenças da instituição familiar. Cada família tem regras e valores próprios. É comum no Ocidente que as meninas, ainda no berçário, ganhem brincos e recebam um laço de fita na cabeça logo após nascer. Os meninos são comemorados sem esses detalhes. Assim, daquele momento em diante, instala-se um aprendizado que deverá fazer parte da identidade feminina ou masculina, num contexto social. A identidade é produto social e reflexo do olhar do outro, ou seja, de como o outro nos percebe, porque o autoconceito se forma a partir das informações que se recebe.

Para Foucault (1926-1984), que enfatiza o papel do poder na evolução do discurso em sociedade, as contradições podem ser vistas como um princípio organizador. O conjunto de traços contraditórios fundamenta os discursos que na atualidade se desdobram em diversos temas sobre os sexos, no qual a mulher é associada ao dilema entre carreira e maternidade, à culpa, à angústia, à incompletude, convergindo para uma identidade em crise, enquanto o homem segue competindo pelo poder e domínio, porém liberado para se emocionar, fazer tarefas caseiras e demonstrar afetividade.

Enfim, o crescimento do número de mulheres em lugares anteriormente ocupados apenas por homens deverá contribuir para o aumento considerável de valores como compreensão, solidariedade e aceitação de diferenças, contribuindo para um mundo mais justo e inclusivo, que abrace a diversidade de gênero.

 

LUIZA ELENA L. RIBEIRO DO VALLE – é psicóloga, doutora em Ciência no Departamento de Psicologia Social (USP/SP). Mestre em Psicologia Escolar e Educacional (PUC-Campinas), MBA Executivo em Psicologia Organizacional (AVM-Brasília), extensão em Gestão de Pessoas (FGV). Formação em Coaching (Lambent), especialização em Psicologia Clínica (CFP) na linha Cognitivo –Comportamental, consultora em Psicopedagogia, autora de livros.

OUTROS OLHARES

PERIGO NA TORNEIRA

Perigo na torneira

A água das torneiras das principais capitais e de muitas outras cidades brasileiras está cheia de agrotóxicos. Pelo menos uma em cada quatro metrópoles do Brasil enfrentaram problemas de água contaminada por pesticidas entre 2014 e 2017. Os números são de um estudo coordenado pela ONG Repórter Brasil e pela Agência Pública. No período destacado, as empresas de abastecimento de 1.396 cidades detectaram todos os 27 tipos de pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas.

São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas estão entre os locais com contaminação múltipla. Para o diagnóstico, foram utilizados dados do Ministério da Saúde, obtidos em investigação conjunta entre as empresas e a organização suíça Public Eye. A falta de monitoramento é um dos problemas. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes nas suas redes de abastecimento entre 2014 e 2017. Os testes comprovam que milhares de pessoas estão correndo risco ao beber um copo d’ água contaminada direto de suas torneiras de casa.

Perigo na torneira. 2

GESTÃO E CARREIRA

CARREIRAS MÚLTIPLAS

Atuar em mais de uma área acelera o desenvolvimento, aumenta a empregabilidade e ainda gera satisfação. Saiba o que fazer para conciliar várias tarefas e ingressar nesse novo time de profissionais.

Carreiras múltiplas

Se o Linkedln, rede social para profissionais, existisse durante os anos do Renascimento, Leonardo da Vinci teria dificuldade em resumir, em seu perfil, tudo o que fazia. Afinal, o italiano era pintor, escultor, desenhista, cientista, engenheiro, anatomista, inventor, matemático, arquiteto, botânico, poeta, músico. Se quisesse pontuar todas as suas áreas de atuação, ele teria de lançar mão das barras – e colocá-las separando cada atividade. O desafio do gênio da Renascença não poderia ser mais atual.

Ter várias carreiras simultaneamente é uma tendência que, nos Estados Unidos, recebeu o nome de portfolio career, ou “carreira em portfólio”, na tradução literal para o português. O fenômeno está ganhando mais adeptos por causa da flexibilização do mercado, mas já era descrito no início da década de 90 pelo guru dos negócios Charles Handy. Ele disse que esse comportamento significa “perseguir um portfólio de atividades – algumas que fazemos por dinheiro, algumas por interesse, algumas por prazer, outras por uma causa”.

A movimentação em torno do tema tem crescido nos últimos anos e levou a americana Marci Alboher a criar mais um termo para o fenômeno: slash efect, ou “efeito barra”, símbolo do teclado que precisaria ser usado por Da Vinci em seu hipotético currículo “Percebi que as pessoas estavam com dificuldade em preencher o perfil no LinkedIn porque não tinham mais apenas uma profissão. E, então, adotaram a barra para descrever seu portfólio de atividades”, diz Marci, autora do livro One Person / Multiple Careers (“Uma Pessoa / Múltiplas Carreiras”, ainda sem edição brasileira, e-book por 12,49 reais na Amazon).

Segundo especialistas, esse tipo de atuação não é mero bico. Isso porque se caracteriza como um projeto de vida que é construído em torno de uma coleção de habilidades e interesses em comum. “Bico é quando as pessoas usam o tempo livre para ganhar um troco a mais, sem frequência. Mas, quando você investe seu tempo com paixão e propósito, está construindo uma nova carreira”, diz Marcelo Veras, co- fundador da Inova Escola de Negócios.

EQUAÇÃO EQUILIBRADA

Você pode estar pensando: “Duas carreiras? Eu já fico esgotado investindo em uma só”. No entanto, para muitos, a dupla – ou tripla – jornada tem sido a recarga de combustível que faltava para dar aquele gás à vida profissional. “Vivemos em uma época de busca por propósito e identidade. Encaramos o trabalho como uma arena de realização pessoal, e não apenas como uma fonte de renda”, explica Mônica Barroso, coach e também diretora de aprendizagem da The School of Life Brasil, escola com sede em São Paulo que se dedica a desenvolver a inteligência emocional.

Para essa turma, quando existe equilíbrio entre trabalhar por dinheiro e trabalhar para perseguir interesses pessoais, há mais felicidade. Prova disso é um estudo realizado em 2017 pela And Co, empresa criadora de um aplicativo para autônomos, que revelou que 68% das pessoas sentem ter mais qualidade de vida quando gerenciam diversos projetos ao mesmo tempo. Além disso, 94% dos entrevistados disseram ter escolhido conscientemente viver dessa maneira – e têm a pretensão de continuar nesse esquema para sempre.

Embora no Brasil ainda não existam estudos específicos sobre o assunto, a sensação dos especialistas é que a tendência vai crescer por aqui, considerando a aptidão das próximas gerações para o autogerenciamento. De acordo com um levantamento global desenvolvido pelo europeu Grupo Sage, 66% dos millennials não querem emprego formal. Entre os brasileiros, o número salta para 71%. “É uma geração que busca o propósito e o bem-estar e que nem sempre encontra isso no mercado corporativo. Por esse motivo, passaram a buscar a realização em paralelo a uma carreira formal”, diz Alexandre Attauah, gerente sênior de recrutamento da consultoria executiva Robert Half.

MUITAS RAZÕES

As motivações para ter mais de uma carreira são diversas. Do ponto de vista pessoal podem variar da vontade de atuar numa área complementar ao desejo de aprender coisas novas e à necessidade de encontrar maneiras de ampliar os ganhos financeiros em atividades que gerem satisfação. Do ponto de vista do mercado, é inteligente se preparar para uma realidade na qual trabalhar por projeto e com contrato flexível será a regra. ”À medida que a economia avançar para contratos de curto prazo e projetos freelances, será útil cultivar mais de uma maneira de ganhar a vida. Assim você poderá se movimentar conforme as mudanças das condições de mercado”, diz a americana Marci. “Uma pessoa que tem uma vivência diversa possui mais repertório e pode ampliar suas f rentes de atuação”, diz Henrique Dias, diretor de planejamento da consultoria Box 1824.

Além de aumentar o escopo de trabalho, um profissional múltiplo fortalece sua empregabilidade, pois desenvolve habilidades altamente demandadas, como o poder de adaptação, a agilidade frente às mudanças e a boa e velha resiliência. “Essas são qualidades bem-vistas por qualquer empresa.”, diz Alexandre.

PERFIL ESPECÍFICO

Mas esse tipo de carreira não é para todo mundo (faça o teste no final do post). Aqueles que forem apegados à rotina e à estabilidade financeira provavelmente serão infelizes atuando em mais de uma frente, a não ser que consigam conciliar um trabalho de meio período com as atribuições de outra carreira. As características mais importantes para se sentir realizado nesse esquema são: gostar de desenvolver vários projetos ao mesmo tempo, ter aptidão para criar relacionamentos, sentir vontade de desbravar um novo mercado, ter certa tolerância ao risco e, claro, ser curioso. “Quem descobre que uma segunda profissão faz sentido já pesquisou e experimentou vários tipos de trabalho. Sabe que o mundo está rodando e que precisa rodar junto”, afirma Eduardo Migliano, um dos fundadores da 99 Jobs, plataforma que conecta profissionais a empresas.

Criatividade e organização também são essenciais. “Essas pessoas têm vontade e energia acima da média, porque a dupla jornada requer maior esforço e disciplina, já que é preciso lidar com duas ou mais agendas”, diz Alexandre, da Robert Half.

Os atributos podem até parecer excessivos. Mas não se desespere: ninguém precisa ser um gênio da Renascença para trabalhar desse jeito. Tudo é uma questão de perfil. Por isso, antes de encarar a jornada, lance mão de uma boa dose de auto­conhecimento para entender se esse estilo tem, ou não, a ver com você. Afinal, só vale a pena entrar numa tendência se ela realmente fizer sentido para sua vida. Se parecer que essa não é sua praia, faça testes e reflita sobre os resultados. Essas são duas das verdadeiras habilidades dos gênios. Certamente Leonardo da Vinci aprovaria a atitude.

 MULTIPLIQUE-SE

Destacamos atitudes que ajudam a encontrar (e a equilibrar) mais de uma área de atuação.

 PENSE NO QUE DÁ PRAZER

Avalie seus hobbies e interesses. Invista tempo refletindo sobre as atividades que lhe dão mais satisfação. Quando não está trabalhando, como gosta de passar o tempo? O que lhe daria muito prazer em fazer mesmo que não ganhasse dinheiro?

CRIE UMA LISTA

Anote todas essas atividades em um bloco de papel e considere se alguma delas poderi ser transformada em fonte de renda.

REFLITA SOBRE SI MESMO

Identifique no que você é bom e quais atividades fazem seus olhos brilhar. Quais são seus valores? Com que tipo de pessoa você deseja interagir? Quais projetos ou clientes o ajudarão a criar o impacto que deseja no mundo?

AMPLIE SEU REPERTÓRIO

Concentre-se em dominar algumas habilidades que se alinham com seus pontos fortes. Se necessário, busque conhecimento por meio de cursos extras e especializações.

REÚNA COMPETÊNCIAS

Quando pensar em quais carreiras seguir, prefira as que se complementam – tanto do ponto de vista das competências quanto dos possíveis clientes. Alguns exemplos são: executivo e consultor corporativo, jornalista e escritor de um blog especializado, advogado e professor.

USE O TEMPO LIVRE

Comece devagar com projetos que realmente o empolgam e que possam ser feitos em seu horário vago, como trabalhar ao lado de um amigo ou atuar como voluntário.

PRECIFIQUE CORRETAMENTE

Não negocie tempo por dinheiro. É melhor cobrar por projeto, e não por hora trabalhada. Caso contrário, você se verá trabalhando exaustivamente e correrá o risco de perder a flexibilidade.

REDISTRIBUA AS ATIVIDADES

Se puder, reduza seu trabalho principal para focar o crescimento de sua nova carreira. Um fisioterapeuta, por exemplo, que atende na própria clínica pode atuar três dias no consultório e usar os outros dois para a outra atividade.

TRABALHE COM EQUILÍBRIO

Organize sua agenda. Lembre-se de que ter mais de uma carreira não significa dormir menos horas, mas equilibrar as atividades e o tempo. Trabalhar 2 horas a mais por dia (pela manhã e à noite) e fazer um almoço mais rápido são algumas saídas.

MEÇA SEU DESEMPENHO

Trate sua outra carreira com a importância que dá a um grande cliente ou projeto. Elenque as prioridades e faça métricas de seus resultados.

IMAGINE O FUTURO

Tenha um plano para os próximos anos. É importante pensar sobre quais são os possíveis empregadores e clientes e em que local você teria de trabalhar caso a segunda carreira crescesse muito.

TROQUE IDEIAS

Use seu networking. Converse regularmente com as pessoas em sua rede sobre tendências em suas empresas e setores, especialmente no que se refere à terceirização e ao processo de contratação de consultores ou contratados independentes. E não se esqueça de expandir sua rede à medida que você entrar em novas áreas.

MANTENHA O NÍVEL

Cuide de sua reputação. Ela é a alma de quem está buscando novas atuações, pois são as indicações de clientes e colegas que vão ajudá-lo a encontrar novos projetos.

ESCOLHA A DEDO

Aprenda a dizer não. Ter uma carreira múltipla não significa fazer vários trabalhos como freelance por um tempo, mas construir fortes possibilidades de atuação em mais de uma área.

 

SERÁ QUE É PARA VOCÊ?

Escolha uma das alternativas nas questões abaixo e saiba se seu perfil é adequado a desenvolver múltiplas carreiras.

1 – EM UMA ENTREVISTA DE EMPREGO, QUANDO O RECRUTADOR PERGUNTA SE HÁ ALGUMA DÚVIDA SOBRE A EMPRESA, O QUE VOCÊ QUESTIONA?

A – Como é o pacote de benefícios, a remuneração e os bônus

B – Se há possibilidade de home office e jornada flexível

2 – VOCÊ FICA MAIS FELIZ QUANDO É DESIGNADO PARA LIDERAR UM GRANDE E LONGO PROJETO OU PREFERE VÁRIAS ENTREGAS NO CURTO PRAZO?

A – projeto único

B – várias entregas

3 – EM RELAÇÃO A ASSUMIR RISCOS, VOCÊ SE SENTE:

A – confortável.

B – muito confortável.

4 – SE PUDESSE, FARIA MAIS HORAS EXTRAS PARA GANHAR MAIS DINHEIRO?

A – sim! quanto mais melhor

B – não troco minha qualidade de vida por grana extra

5 – Seu chefe dos sonhos seria:

A – Um líder inspirador que recompensa financeiramente seu esforço

B – vários contratantes de diferentes empresas

 

GABARITO

Conte suas escolhas

MAIS LETRA A

Você é mais tradicional quando se trata de carreira e prefere manter o foco em uma área de atuação num único empregador. Não hã nenhum problema nisso, mas, caso queira ter mais flexibilidade, comece a pensar em quais de suas habilidades poderiam ser usadas para exercer uma nova atividade.

MAIS LETRA B

Suas respostas demonstram que você não teme o risco, que valoriza mais flexibilidade do que um pacote de benefícios associado à estabilidade de um emprego formal e que qualidade de vida e inovação estão entre suas prioridades. Você está mais alinhado ao estilo de vida de quem atua em múltiplas carreiras.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 18: 1–3

Alimento diário

SABEDORIA E TOLICE

 

V. 1 – O texto original aqui é difícil, e tem sido interpretado de várias maneiras.

1. Alguns entendem que se trata de uma repreensão a uma singularidade fingida. Quando os homens se orgulham de se separar dos sentimentos e da sociedade dos outros, contradizendo tudo o que foi dito diante deles, e promovendo novas noções de sua própria mente, às quais, ainda que muito absurdas, eles aderiram, isto visa gratificar um desejo ou luxúria de vanglória, e eles buscam e se envolvem com aquilo que não lhes diz respeito. Busca seu próprio desejo aquele que se separa, e se envolve com todos os assuntos, e pretende julgar os assuntos de todos os homens. É ressentido e arrogante. Em geral, essas pessoas são obstinadas e arrogantes, e assim se tornam ridículas, e perturbam os outros.

2. Algumas traduções parecem interpretar como um incentivo à diligência, na busca da sabedoria. Se nós quisermos obter conhecimento ou graça, devemos desejá-lo, como aquilo de que precisamos, e que será muito benéfico para nós (1 Coríntios 12.31). Nós devemos nos separar de todas aquelas coisas que nos desviam ou retardam na busca, e nos afastam do ruído das futilidades deste mundo, e então buscar e nos envolver com todos os meios e as instruções da sabedoria, estar dispostos a nos esforçar e tentar todos os métodos para nos aprimorar, estar familiarizados com várias opiniões, para que possamos provar todas as coisas e nos apegar ao que é bom.

 

V. 2 – Um tolo pode ter pretensões ao entendimento, e buscar e se envolver com os meios para isto, mas:

1. Ele não tem verdadeiro prazer no entendimento; é somente para agradar seus amigos, ou salvar a sua reputação; ele não ama os seus estudos, nem seus negócios, nem a sua Bíblia, nem as suas orações; ele preferiria estar se fazendo de tolo com suas diversões. Os que não têm prazer no aprendizado ou na religião não farão qualquer esforço para obter nenhum deles. Nenhum progresso será feito neles, se forem considerados uma tarefa e um trabalho árduo.

2. Ele não tem um bom desígnio nisto, somente em que se descubra o seu coração, para que ele possa ter algo a exibir, algo com que encobrir a sua tolice, para que possa transmitir melhor impressão, porque ele ama se ouvir falar.

V. 3 – Isto pode incluir um duplo sentido:

1. Os ímpios são pessoas desdenhosas, e desprezam os outros. Quando o ímpio entra em algum grupo, seja nas escolas de sabedoria ou nas assembleias para adoração religiosa, então vem o desprezo por Deus, pelo seu povo e os seus ministros, e sobre tudo o que é dito e feito. Você não pode esperar nada diferente dos que são profanos, exceto que sejam desdenhosos; eles serão uma ignomínia e uma vergonha; eles zombarão de tudo o que é sério e grave. Mas que os homens sábios e bons não considerem fazer a mesma coisa, pois o provérbio dos antigos diz: esta iniquidade vem do ímpio.

2. Os ímpios são pessoas vergonhosas, e trazem o desprezo sobre si mesmos, pois Deus disse que quem desprezar a Ele será pouco considerado. Tão logo o pecado entrou, a vergonha o seguiu. e os pecadores se tornaram desprezíveis. Os ímpios não somente trarão desprezo sobre si mesmos, como trarão ignomínia e vergonha para suas famílias, seus amigos, seus ministros, e todos os que, de alguma maneira, se relacionam com eles. Aqueles, portanto, que desejarem conservar a sua honra, deverão manter a sua virtude.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ESSA TAL FELICIDADE

Devemos ter muito cuidado com a idealização que fazemos da felicidade, pois nem sempre nossa busca está conectada aos nossos valores e reais necessidades.

Essa tal felicidade

 O coaching de vida ou life coaching tem como principal objetivo ajudar a pessoa a sentir-se mais feliz e realizada por meio da expansão de suas potencialidades e do equilíbrio entre suas demandas. Para tomarmos consciência de qual é nosso nível de realização em cada uma das quatro grandes áreas de realização, em geral usamos a roda da vida, que é um exercício em que a pessoa preenche um círculo, dando notas de 1 a 10 para seu nível de realização em cada um dos 12 quesitos que compõem a roda. O objetivo do exercício é fazer com que a pessoa se conscientize sobre a área em que ela mais precisa investir para melhorar seu nível de realização influenciando as outras áreas. Ou seja, essa técnica permite identificar qual área de sua vida alavancaria varias outras áreas.

A roda da vida pode nos ajudar a entender por onde começar uma mudança para melhor. Enquanto eu a descrevo, sugiro a você, leitor, que vá avaliando o quanto se sente realizado em cada um dos 12 quesitos que compõem as quatro áreas. Para isso, atribua-se nota de 1 a 10 em cada um deles. A primeira área de realização em nossa vida é a área pessoal, que é composta por três perguntas:

(1) o quanto você está satisfeito com seu estado geral de saúde e com sua disposição para a vida?

(2) qual o seu nível de satisfação com seu desenvolvimento intelectual? e

(3) como você avalia seu equilíbrio emocional no momento atual?

A área profissional compõe-se das seguintes questões:

(1) o quanto você se sente realizado através do seu trabalho?

(2) como você avalia os recursos financeiros obtidos através do set1 trabalho? e

(3) o quanto você se sente contribuindo socialmente por meio de sua atuação profissional?

A terceira área é composta pelos nossos relacionamentos e é representada pelas três perguntas que se seguem:

(1) o quanto você está satisfeito com a convivência em família?

(2) qual seu nível de satisfação na área do relacionamento amoroso? e

(3) como você avalia seus relacionamentos e sua vida social?

A quarta área da roda é a qualidade de vida, que completa os 12 quesitos com as seguintes questões:

(1) o quanto você se considera satisfeito com seu nível de diversão e lazer?

(2) qual seu nível de satisfação com sua dedicação ao campo espiritual? e

(3) como você avalia seu nível de felicidade geral na vida?

Essa última pergunta é uma síntese de todas as outras, o que nos permite afirmar que a felicidade é algo que envolve saúde, equilíbrio emocional, trabalho, relacionamentos e espiritualidade. Sigmund Freud afirma que o homem anseia pela felicidade e que esta resulta da satisfação de prazeres. O que nos dá prazeres mais intensos é a satisfação de nossas necessidades mais intensas. Ganhar muito dinheiro terá diferentes pesos para um endividado ou para um milionário. Quando estamos doentes sobre uma cama, desejamos coisas nas quais nem pensamos quando estamos saudáveis.

Ter os pés no chão com relação à nossa felicidade envolve ponderar sobre o quanto de satisfação real podemos esperar do mundo exterior, sobre o quanto estamos dispostos a modificar o mundo que nos cerca a fim de adaptá-lo aos nossos desejos ou adequar nossos desejos a ele. No processo de conquista da felicidade, a nossa constituição psíquica é mais relevante que as circunstâncias externas, pois buscaremos no mundo elementos que satisfaçam as demandas de nossa psiquê. A pessoa predominantemente erótica, por exemplo, terá como prioridade de sua felicidade ter um relacionamento que a satisfaça. Os narcisistas são, em geral, mais solitários e autossuficientes, por isso encontram mais satisfação em seus processos mentais internos, o que facilita muito a realização profissional. Por fim, as pessoas de ação precisam de um intenso relacionamento com o mundo e com as pessoas, e esse é o palco principal de sua felicidade.

Outra questão ligada à tal felicidade é o quanto nós a idealizamos. Em geral essa idealização nasce dos modelos que nos são oferecidos pela mídia, o que nos faz estabelecer critérios nem sempre conectados com nossos valores e reais necessidades. Equivale dizer que precisamos descobrir quais são os elementos da “nossa” felicidade, para não adotarmos os modelos que nos são impostos. A felicidade pode ser atingida, mas não buscada objetivamente. Nossa busca desenfreada pela felicidade nos afasta do real caminho em que ela se encontra, que é viver intensamente o momento presente nos seus mínimos e simples  detalhes. Na medida em que mais conseguimos vivenciar plenamente o momento presente, descobrimos o quão surpreendente e prazeroso é contemplar o que está ao nosso redor, incluindo as emoções que nos visitam a cada instante. Viver o presente nos leva a mudanças em vários aspectos de nossa vida. O principal deles é aprendermos a ser felizes no agora e aproveitarmos ao máximo cada momento. Isso exige uma reconfiguração da ideia de que a felicidade é algo que está por vir. Ela não é fim, é meio.

 

JÚLIO FURTADO – é professor, palestrante e coach. É graduado em Psicopedagogia, especialista em Gestalt-terapia e dinâmica de grupo. É mestre e doutor em Educação. É facilitador de grupos de desenvolvimento humano e autor de diversos livros. www.juliofurtado.com.br

OUTROS OLHARES

O CORAÇÃO HUMANO EM 3D

“Já não há dúvidas de que no futuro órgãos necessários serão impressos em 3D, totalmente personalizados para cada paciente” Declaração da Universidade de Tel-Aviv.

O coração humano em 3D

Mede três centímetros de altura uma das maiores e mais novas revoluções da medicina. Foi anunciada na semana passada pela revista científica “Advanced Science” e pode num futuro de dez anos (intervalo de tempo que para a ciência é um piscar de olhos) facilitar essencialmente o procedimento de transplantes de órgãos. Trata-se de um coração desenvolvido por pesquisadores israelenses a partir de células adiposas humanas e por meio da tecnologia de uma impressora 3D. Principal coordenador do estudo, o professor Tal Dvir, da Universidade de Tel-Aviv, explica que foi realizada uma “pequena biópsia” do tecido adiposo (gordura) de um paciente. O segundo passo consistiu na reprogramação genética das células desse tecido para que elas se tornassem células-mães capazes de originar qualquer órgão. Em seguida ocorreu uma nova programação, como se tal célula ficasse exclusivamente com a missão de se reproduzir no formato e com as funções do coração humano. Finalmente, o órgão nasceu numa impressora 3D. É um importante, mas primeiro avanço, e, portanto, é natural que tenha de ser aprimorado, sobretudo em sua força de bombeamento de sangue para que possa atingir o patamar das condições cardíacas normais.

GESTÃO E CARREIRA

UBER CHAMANDO

Empresa que reinventou o conceito de mobilidade fará seu IPO no próximo mês e deve valer (muito) mais que a Ford.

Uber chamando

Há um poderoso dilema pairando sobre o IPO da Uber, que acontecerá no próximo mês. Comprar uma ação significa apostar suas economias em uma empresa que faz receitas de US$ 21,5 mil a cada 60 segundos. Ao mesmo tempo, representa a aposta numa companhia que perdeu o equivalente a US$ 3,4 mil por minuto ao longo de 2018. A startup americana que mudou a definição a respeito de mobilidade no mundo fará a abertura de capital e a projeção é de que levante US$ 10 bilhões, o que será um dos 15 maiores IPOs da história — Alibaba, que fez US$ 21,8 bilhões em 2014, lidera o ranking.

De acordo com a história oficial da Uber, seus dois fundadores , Garrett Camp e Travis Kalanick, não conseguiam um táxi numa manhã de neve em dezembro de 2008, em Paris. Ali decidiram pensar um aplicativo, o UberCab, que seria lançado em São Francisco, EUA, quatro meses depois. De início, era para chamar carros de luxo. A primeira corrida foi feita em julho de 2009. Em dezembro de 2011, ao internacionalizar a operação e estrear em Paris, mudou o modo como pensamos a mobilidade.

O IPO da Uber contém esse componente inescapável. Uma empresa disruptiva de um lado, mas deficitária do outro. Espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde da tecnologia. Seu faturamento anual foi de US$ 11,3 bilhões em 2018, 43% acima do ano anterior. Suas despesas, porém, somaram US$ 14,3 bilhões, 19% mais que em 2017. O prejuízo no ano passado bateu US$ 1,8 bilhão (a conta exclui outras despesas com aquisições e/ou vendas de ativos), bem abaixo dos US$ 4 bilhões de 2017. Receita ascendente com despesas e prejuízos descendentes são bom sinal. Mas não no curto prazo. Em carta a investidores, o CEO, Dana Khosrowshahi, não esconde isso. “Não vamos deixar de fazer sacrifícios financeiros de curto prazo quando vemos benefícios claros a longo prazo.”

O paradoxismo também se dá em terreno que envergonha a empresa. Por um lado, ela se tornou uma máquina de empregabilidade a pessoas de diferentes formações. Por outro, vive às voltas com casos de agressão sexual por parte de motoristas, relatos de assédio internamente, práticas de espionagem da concorrência e outros penduricalhos que culminaram, em 2017, com a saída de Kalanick do cargo de CEO.

Para adensar o cenário, a concorrência aumentou. Tanto a local (Lyft) quanto a global (Didi, que no Brasil opera como 99). Esta, aliás, é a maior no segmento, com 550 milhões de usuários e 30 milhões de corridas diárias — a Uber tem 75 milhões de usuários (22 milhões no Brasil, seu segundo maior mercado) e faz 15 milhões de corridas por dia. Concorrentes de peso exigem recursos contínuos. Além disso, os serviços são cada vez mais diversificados. Scooters, aluguel de bikes, carros autônomos, delivery de comida, tudo entra no radar. O que pede mais dinheiro.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 25 – 28

Alimento diário

A TOLICE E A INIQUIDADE

 

V25 – Observe:

1. Os filhos ímpios são uma aflição para os seus pais. Eles são um motivo de ira para o pai (este é o significado da palavra), porque desprezam a sua autoridade, mas de angústia e amargura para a mãe, porque abusam da sua ternura e carinho. Os pais, que sofrem juntos, devem, portanto, ter consolação mútua, que os sustente nesse sofrimento, e procurar torná-lo tão cômodo quanto puderem: a mãe, aplacando a ira do pai, e o pai, aliviando a tristeza da mãe.

2. Salomão frequentemente repete esta observação, provavelmente porque era o seu próprio caso; é um caso comum, entretanto.

V. 26 – Diante das diferenças que acontecem entre os magistrados e os súditos (e estas diferenças surgem frequentemente):

1. Que os magistrados se certifiquem de jamais punir os justos, de maneira que não sejam, em nenhuma situação, um terror para as boas obras, pois isto é abusar do seu poder e trair a grande confiança que foi depositada neles. Isto não é bom, isto é, é uma coisa muito má, e terminará mal, qualquer que seja o objetivo que possam ter nisto. Quando os príncipes se tornam tiranos e perseguidores, os seus tronos já não são mais cômodos nem firmes.

2. Que os súditos se certifiquem de que não têm o que criticar no governo, por fazer o seu dever, pois é uma coisa ímpia atacar príncipes por sua equidade, difamar a sua administração ou, por algum esforço secreto contra eles, atingi-los, como as dez tribos que se revoltaram contra Salomão, por imposição de taxas necessárias. Alguns interpretam do seguinte modo: Nem atacar os simples por sua equidade. Os magistrados devem se certificar de que ninguém sujeito a eles sofra, por fazer o bem, por agir com justiça; nem os pais devem provocar seus filhos à ira, com repreensões injustas.

V. 27 e 28 – Duas maneiras pelas quais um homem pode mostrar que é um homem sábio:

1. Pelo bom temperamento, a doçura e a serenidade da sua mente: o homem de entendimento é de espírito excelente, um precioso espírito (este é o significado da palavra); ele é alguém que cuida do seu espírito, para que seja como deve ser, e assim o mantém agradável, para si mesmo e para os outros. Um espírito benevolente é um espírito precioso, e torna um homem amistoso e mais excelente do que o seu próximo. Ele tem espírito tranquilo (assim alguns interpretam), não acalorado com a paixão, nem levado a nenhum tumulto ou desordem, pelo ímpeto de um temeroso de dizer algo indevido: aquele que tem conhecimento, e deseja fazer o bem com ele, é cuidadoso; quando fala, fala de maneira pertinente, e diz pouco, para que tenha tempo de deliberar. Ele poupa as suas palavras, porque é melhor que elas sejam poupadas do que mal usadas.

2 – De modo geral, é interpretado como indicação segura de sabedoria, que um tolo possa conquistar a reputação de ser um homem sábio, se tiver apenas inteligência sufi­ ciente para refrear sua língua, para ouvir, e observar, e dizer pouco. Se um tolo se calar, os francos o julgarão sábio, porque nada dará impressão contrária, e porque pensarão que ele está observando o que os outros dizem, e ganhando experiência, e ponderando consigo mesmo o que dirá, para que possa falar de maneira pertinente. Veja como é fácil conquistar a boa opinião dos homens e se aproveitar deles. Mas quando um tolo se cala, Deus conhece o seu coração, e a tolice que está contida ali; os pensamentos são palavras para Ele, e por isto Ele não pode ser enganado, nos juízos que faz dos homens.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

UM SILÊNCIO QUE MATA

Todo ato que resulta em agressão física, sexual ou psicológica é considerado violência contra a mulher. Essa agressividade latente é uma triste realidade, comprovada pelas pesquisas.

Um silêncio que mata

A agressividade é a arma que o indivíduo utiliza para manifestar seu ódio. Existem vários tipos de violência e os estudos desse tipo de comportamento são constantes com o intuito de descobrir as causas que levam o ser humano a cometer tal infração e que causam indignação aos olhos atentos da sociedade.

Inúmeras pesquisas mostram, há anos, a vergonhosa prevalência da violência contra as mulheres. Em 2013, 13 mulheres morreram todos os dias vítimas de feminicídio, isto é, assassinato em função de seu gênero. Cerca de 30% foram mortas pelo parceiro ou ex – companheiro (fonte: Mapa da Violência 2015). Outra pesquisa do Instituto Locomotiva, dessa vez de 2016, aferiu que 2% dos homens admitem espontaneamente ter cometido violência sexual contra uma mulher, mas diante de uma lista de situações 18% reconhecem terem sido violentos. Quase um quinto dos 100 milhões de homens brasileiros. E, curiosamente, um estudo recente revelou que 90% concordam que quem presencia ou fica sabendo de um estupro e fica calado também é culpado. Um percentual relevante, mas porque ainda há tanto silêncio?

Cinco tipos de violência enquadram todos esses estudos:

1- VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: causa danos à autoestima da vítima. Podendo ocorrer em casa, na escola, no trabalho, proporcionando humilhação, desvalorização, ofensa, chantagem, manipulação, constrangimento e outros;

2- VIOLÊNCIA FÍSICA: causa danos ao corpo da vítima, como socos, pontapés, chutes, amarrações e mordidas, impossibilitando defesa;

3- VIOLÊNCIA MORAL: qualquer conduta que proporcione calúnia, difamação ou injúria;

4- VIOLÊNCIA SEXUAL: esta não se limita somente ao estupro propriamente dito, mas a atos de violência proibitivos, como por exemplo não uso de contraceptivos, obrigação de práticas sexuais, “encoxada” nos transportes públicos, exploração do corpo de adolescentes e pedofilia;

5- VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: Utilização feminina como “objetos de desejo” (propagandas, outdoors etc.), traçando uma imagem negativa da mulher.

O alerta que ecoa é que a violência é silenciosa. Ela ocorre nas residências, nos espaços públicos e em qualquer lugar onde a mulher é assediada.

O assédio é um comportamento criminoso e deve ser severamente tratado como tal. Seu desenvolvimento relaciona-se com a carência emocional ou com a separação na infância com o elo materno. A partir deste momento, criam-se no indivíduo condutas antissociais, um desajuste afetivo, podendo levá-lo ao cometimento de crimes, para sentir prazer no sofrimento dos outros, gerando uma excitação cortical, causando-lhe grande satisfação da libido e de seu ego malformado por uma personalidade psicopática e doentia, na qual os impulsos do mal ganham lugar e ímpeto para cometer tais absurdos. Nesse exato momento se instaura o grau de periculosidade do agressor. Portanto, muitas vezes, senão na maioria delas, o agressor sabe que está cometendo um delito e sente, inclusive, prazer nesse comportamento.

É necessário que as autoridades realizem emergencialmente políticas que inviabilizem esse avanço, para que esse crime não faça parte das principais estatísticas, em que 22 milhões das brasileiras com 16 anos ou mais, relatam ter sofrido algum tipo de assédio em 2018. Vítimas com ensino médio e superior relatam, em seus depoimentos, terem sofrido algum tipo de assédio em maior número, do que aquelas com ensino fundamental. O caso mais comum citado pela maioria das mulheres entrevistadas é sobre comentários desrespeitosos na rua.

Sabemos que desde a Idade Média a violência psicológica e moral contra as mulheres era muito comum e a violência física se valia até mesmo dos mais diferentes instrumentos de tortura utilizados com as mulheres de forma cruel e sem condenação aos torturadores.

O “estripador de seios”, por exemplo, costumava ser utilizado para punir mulheres acusadas de realizar bruxaria, aborto ou adultério. As garras aquecidas por brasas eram usadas para arrancar-lhes os seios. E existiram tantos outros instrumentos cruéis que marcaram a história mundial e registraram como a mulher foi e ainda é tratada.

No Brasil, a tortura se divide em duas fases: a primeira, que se estende do Brasil-Império até a nossa Constituição Federal de 1988. A produção de prova se fazia, até aquela época, de forma brutal, e a escravatura, legalizada, tornava o ambiente adequado à violação da dignidade humana. O Código Criminal de 1830 previu como agravante o aumento da dor física e o termo “tortura”, que aparece na Lei Penal Brasileira em 1940, quando é arrolada entre os meios cruéis que agravam o delito.

A segunda fase se inicia com a Constituição, sob o desrespeito sistemático às liberdades fundamentais do homem, ocorrido nas décadas anteriores.

Tipificada finalmente a tortura como crime em nossa legislação, espera-se que as formas mais silenciosas como as violências psicológica, moral e simbólica tenham um olhar atento para sua erradicação. Infelizmente, nosso país ainda caminha a passos lentos na recrudescência de leis mais efetivas, em que o respeito deveria permanecer como palavra-chave.

As mulheres têm sim exercido sua voz, mas mergulham por vezes em um conformismo de cultura social que não deverá mais ser aceito e precisa urgentemente ser resolvido com políticas públicas adequadas e com a conscientização, afinal, não se pode ficar imune diante da violência que assola o País e gera incredulidade mediante tais fatos.

Sabemos que as palavras têm a força da razão, enquanto a crueldade emana do poder do ódio e da anomia…

OUTROS OLHARES

GÊMEOS ENTRE O CÉU E A TERRA

A Nasa fez uma experiência com dois irmãos idênticos: um foi para o espaço, o outro ficou na Terra. Depois de quase um ano, observaram-se diferenças surpreendentes entre eles.

Gêmeos entre o céu e a terra

“A imaginação é mais importante que o conhecimento. Pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo.” A máxima do físico alemão Albert Einstein (1879-1955) pode ser aplicada, sem esforço, para descrevera própria genialidade. Afinal, suas teorias eram de tal modo criativas, inusitadas, desconcertantes que, na impossibilidade de então comprová-las na prática, ele recorria a alegorias para torná-las compreensíveis – os famosos Gedankenexperiment. Tome-se o caso da Teoria da Relatividade, que, entre outras conclusões, trouxe a ideia de que tempo e espaço fazem parte da mesma equação, são flexíveis e também – com o perdão da redundância – relativos. Uma das formas utilizadas por Einstein para ilustrar o conceito foi o Paradoxo dos Gêmeos. Nele, imaginam­se gêmeos idênticos na seguinte situação: um é enviado ao cosmo, viajando próximo da velocidade da luz, enquanto o outro fica na Terra. O que aconteceria a ambos? Pela distorção do espaço­ tempo, o gêmeo cosmonauta envelheceria bem menos. Pois bem: no último dia 11, a Nasa divulgou, na revista científica americana Science, um estudo que lembra o Paradoxo dos Gêmeos.

Os personagens, agora reais, do experimento foram os americanos Mark e Scott Kelly, gêmeos idênticos nascidos em 21 de fevereiro de 1964, cinco anos antes de Neil Armstrong tornar-se o primeiro homem a pisar na Lua. Os irmãos cresceram no Estado de Nova Jérsey, ambos com o sonho de aventurar-se no espaço – como Armstrong. Formaram-se em engenharia, ingressaram na Aeronáutica e, após missões militares, candidataram-se ao trabalho na Nasa, sendo aprovados no mesmo ano, 1996, para a carreira de astronauta. Mark, porém, aposentou-se precocemente, em 2011, devido a uma tragédia: sua mulher, a deputada democrata Gabrielle Giffords, foi alvo de um atentado sórdido, e ele largou tudo para se dedicar ao seu restabelecimento. Scott, entretanto, continuou na profissão. Os caminhos diferentes seguidos por eles a partir daí deram abertura para uma experiência inédita, realizada entre 2015 e 2016: enviar ao cosmo um gêmeo (Scott) enquanto seu irmão (Mark) ficava por aqui, na Terra. Assim, Scott foi para a Estação Espacial Internacional e permaneceu lá durante 340 dias (um recorde para um astronauta da Nasa) enquanto Mark continuou sua vida normal no planeta. Cientistas de doze universidades americanas debruçaram-se sobre os resultados do estudo Em comparação com o corpo de Mark, o de Scott experimentou um grande número de mudanças em razão de sua permanência no espaço. Seu sistema imunológico produziu novos mecanismos de defesa e ele ganhou 5 centímetros de altura. No entanto, seu desempenho físico decaiu – mesmo com a exigência de duas horas de exercícios diários na estação espacial, enquanto Mark não seguia uma rotina similar e tinha uma dieta irregular. Em decorrência da falta de gravidade na estação espacial, Scott teve o organismo fragilizado: partes do globo ocular inflamaram-se, os ossos se tornaram 10% mais finos e músculos se atrofiaram. Já seu cérebro demonstrou boa performance: Scott levou vantagem em testes de atenção em relação a Mark.

Na pesquisa, detectaram-se ainda alterações nos genes. Uma delas, de teor surpreendente: houve um prolongamento dos telômeros, partes do DNA que protegem o organismo do envelhecimento. No espaço, esses trechos se alongaram, o que retardou a deterioração do corpo. Diferentemente do que prevê o Paradoxo dos Gêmeos na hipótese criada por Einstein, isso não ocorreu por causa de alguma distorção no espaço-tempo – Scott, claro, não viajou à velocidade da luz -, e sim por prováveis efeitos da radiação dos raios cósmicos. “Mesmo depois de estar aqui por quase um ano, não me sinto normal”, declarou Scott em 2017, após seu retorno ao solo terrestre. O corpo do astronauta começou a se adaptar ao planeta cerca de um mês depois do regresso – lentamente. Durante algum tempo, Scott relatou, por exemplo, que sentia as “pernas bambas, as juntas doendo e a pele queimando”. “O fato de que Scott e Mark são gêmeos idênticos realmente eliminou alternativas do motivo de terem surgido diferenças entre os organismos deles no período da experiência”, afirma a bióloga Susan Bailey, da Universidade do Colorado, que participou do estudo. ”Podemos dizer que as alterações em Scott se deram em razão do voo espacial, “completa ela.

Desde o início da exploração espacial o próprio cosmo serve de principal laboratório para a preparação das missões. Em 1967, os soviéticos puseram em órbita a primeira nave Soyuz tripulada, na tentativa de descobrir se seria possível realizar o que hoje é um feito corriqueiro: acoplar a nave a outro módulo em pleno espaço. O experimento culminou em tragédia: ao entrar na atmosfera, o paraquedas da nave não se abriu e ela se chocou contra o solo, matando o cosmonauta Vladimir Komarov. Contudo, somente porque houve tentativas como essa – e outras, bem-sucedidas – é que hoje se tem o conhecimento necessário para realizar missões regulares em direção à estação espacial.

Um dos principais objetivos da pesquisa com os gêmeos foi fornecer informações que possam ajudar outros astronautas. Para combater, por exemplo, a deterioração de ossos e músculos, podem ser desenvolvidos exercícios físicos e até mesmo medicamentos capazes de reduzir tais efeitos provocados por uma eventual longa estada fora de órbita. Já as transformações genéticas e do sistema imunológico podem vir a orientar quais tipos de vacina devem ser tomados antes do embarque para uma jornada nas estrelas.

Para além dessa proposta de buscar mitigar efeitos físicos da permanência no cosmo, será     preciso atentar ainda para as consequências psíquicas decorrentes de viagens dessa natureza. No fim do primeiro dia de exploração da Lua, o astronauta americano James Irwin (1930 – 1991), por exemplo, integrante da Apollo 15, avisou no rádio de comunicações que estaria tendo visões epifânicas enquanto caminhava no satélite (ele foi o oitavo homem a realizar tal proeza). Ao retornar à Terra, em 1971, Irwin pôs de lado a ciência e se dedicou a fundar uma seita, que tentou encontrar destroços da Arca de Noé. Preparar os astronautas, física e psiquicamente, para longas estadas sem gravidade será fundamental para o êxito de um dos mais ambiciosos projetos humanos: enviar uma primeira missão tripulada a Marte, algo que a Nasa planeja fazer até os anos 2030.

Gêmeos entre o céu e a terra. 2 

SEM O PESO DO MUNDO

Enquanto Mark Kelly permaneceu na Terra, seu irmão Scott passou 340 dias na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Leia as principais consequências da vivência em órbita.

Gêmeos entre o céu e a terra. 3

GESTÃO E CARREIRA

A ARMADILHA DO BOM QUEIJO

O comportamento perigoso da acomodação, pela sensação de conforto e estabilidade, pode limitar em muito a real produção que um profissional poderia ter em sua carreira.

A armadilha do bom queijo

Pessoas simplesmente param de buscar crescimento porque, por comparação, se encontram em melhor posição que seus pares. O olhar, no entorno, vicia como uma armadilha invisível, criando uma ilusão de faixa de chegada: “Cheguei ao máximo de minha carreira!”. Essa frase finalista pode estagnar uma vida que poderia contribuir mais com a empresa, família, sociedade e (obviamente) consigo mesmo.

Sabemos, pela programação neurolinguística e os informes dos neurocientistas, que o cérebro adora novidades, mas detesta mudanças. Vivemos buscando padrões para explicar tudo o que nossos sentidos podem captar. Por isso é difícil dormir com uma torneira pingando: não há padrão perfeito entre uma gota e outra, o que gera um ruído sem cadência rítmica. O cérebro não gosta muito de coisas sem um padrão previsível.

Assim, sempre que for possível detectar uma relação confortável entre produção e rendimento (retorno financeiro), com certa estabilidade previsível, é possível ocorrer uma paralisação pela busca de crescimento profissional. Esse perfil é muito comum em servidores públicos de uma forma geral, mas também existe em bom tamanho em todos os perfis de atuação dos seres humanos, desde os pequenos comerciantes aos renomados profissionais liberais.

A justificativa mais encontrada, quando se questiona o indivíduo sobre sua escolha em deter o próprio desenvolvimento profissional, é que ele – responde-se prontamente – não é ganancioso, ou que não vive apenas em busca de retorno financeiro. A frase campeã é: “Prefiro qualidade de vida a uma vida só de trabalho!”.

Não há nada de errado nisso e são boas falas, na verdade, o problema é que podem não corresponder à plena verdade dos resultados que poderiam ser alcançados caso existisse a motivação certa.

Durante o lançamento de uma campanha para a aquisição de casa própria no Estado do Rio de Janeiro pelo valor de R$ 1,00 (isso mesmo: um único e mísero real por uma casa popular), um grupo de amigos psicólogos trabalhava na captação de possíveis futuros moradores. O perfil procurado eram moradores de rua, pessoas que viviam em condições sub-humanas e moradores de comunidades carentes. Um dia encontraram uma família que residia sob uma ponte em um valão fora do perímetro urbano, e não havia argumentação suficiente que convencesse a família a deixar a arriscada condição de vida. Em dado momento, o chefe da família argumentou que isso iria gerar despesas que eles não tinham até o momento, como: IPTU, conta de água, de luz e até mesmo gás. O psicólogo, então, como última forma de convencimento, disse: “Mas aqui, de vez em quando, ocorrem cheias, e a água chega a cobrir até mesmo a pista sobre a ponte”. O senhor fechou o semblante, abaixou a cabeça e terminou a conversa com o seguinte argumento: “É só uma vez por ano!”.

Nós, seres humanos, estamos muito bem preparados para defender as crenças que temos como verdade pessoal. Por isso temos guerras. Como, então, uma empresa deve agir em seu corpo laboral a fim de estar sempre motivando o crescimento de seus colaboradores?

Os treinamentos são bem-vindos sempre. No entanto, quando o foco é provocar a busca pelo crescimento, deve-se ter o cuidado de saber direcionar o resultado para a própria instituição, quando for o caso de uma empresa, ou para o amplo mercado quando o foco forem os profissionais liberais.

Pode ser que sua empresa não lhe ofereça essa oportunidade, e a única forma de estar nela é ficando justamente no seu lugar, mantendo essa conhecida segurança. Caso surjam o desconforto e a necessidade de escalar novos degraus, o jeito é deixar de fazer parte da instituição. Por isso, eventos motivacionais dentro das instituições devem ofertar quais possibilidades estão disponíveis em seu próprio ambiente. Caso contrário, o risco de perder elementos será inevitável.

Outro exemplo de como isso pode ser danoso: quando uma grande empresa pública foi privatizada no Rio de Janeiro, na década de 1980, um grupo de recrutadores visitou todas as unidades pelo interior do estado fazendo a seguinte pergunta aos antigos funcionários: “Há quanto tempo o senhor está nessa função?”. A linha de corte foi os que estavam estacionados há mais de dez anos. Não interessava à nova administração pessoas sem ambição. Para ela, isso era um forte indicativo de falta de proatividade.

Uma avaliação pessoal deve ter uma agenda recorrente. Em nossa cultura é normal essa checagem ocorrer no final ou começo de um novo ano ou nos aniversários natalícios. Muitos planos, várias metas e uma curta memoria para mudança. Basta lembrar dessa frase que elaborei em um de nossos livros: “A única constante na vida é a mudança constante na vida”. Se prepare para crescer mais um pouco ainda hoje!

A armadilha do bom queijo. 2

JOEL DE OLIVEIRA – é doutor em Saúde Pública, psicólogo e diretor de Cursos do Instituto de Psicologia Ser e Crescer (www.isec.psc.br). Entre seus livros estão: Relacionamento em Crise: Perceba Quando os Problemas Começam, Tenha as Soluções; Jogos para Gestão de Pessoas; Maratona para o Desenvolvimento Organizacional; Mente Humana: Entenda Melhor a Psicologia da Vida e Saiba Quem Está à sua Frente Análise Comportamental pelas Expressões Faciais e Corporais (Wak Editora).

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 20 – 24

Alimento diário

A TOLICE E A INIQUIDADE

 

V. 20 – Observe:

1. Tramar perversidades não será vantajoso para nós; não se obtém nada com elas: O perverso de coração, que semeia discórdia e é cheio de ressentimentos, não pode se prometer que vá obter o suficiente para contrabalançar a perda do seu repouso e da sua reputação, nem poderá ter nenhuma satisfação racional com isto, e assim sendo, nunca achará o bem.

2. Usar de palavras más será uma grande desvantagem para nós: O que tem a língua dobre, perversa e cruel, maledicente e vulgar, virá a cair no mal, uma maldade após outra, ele perderá seus amigos, provocará seus inimigos, e trará problemas à sua própria cabeça. Muitos têm pago muito caro por uma língua sem controle.

 

V21 – Isto expressa muito enfaticamente o que muitos homens sábios e bons sentem profundamente: a sensação angustiosa que é ter um filho tolo e ímpio. Veja aqui:

1. Quão incertas são todas as nossas consolações de criaturas, de modo que frequentemente não somente somos desapontados por elas, como aquilo em que nos prometemos maior satisfação frequentemente acaba sendo o nosso maior fardo. Havia alegria quando um filho de homem nascia neste mundo, mas, se ele fosse ímpio, seu próprio pai desejaria que ele nunca tivesse nascido. O nome Absalão significa a paz de seu pai, mas foi o seu maior problema. O fato dos filhos poderem ser uma angústia para seus pais deveria moderar o desejo de ter filhos, e o prazer dos pais pela vida deles; mas no caso em que um filho é um tolo, o fato dele ser um tolo gerado por seu pai deveria silenciar as queixas do pai aflito, e, por isto, ele deve fazer o melhor que puder pelo seu próprio filho, e assumi-lo como a sua cruz, particularmente porque cada homem gera filhos à sua própria semelhança.

2. Quão tolos somos nós, em permitir que uma aflição (e a de um filho insensato, tão provavelmente como qualquer outra ) sufoque a percepção de mil bênçãos. O pai do insensato não se alegrará com nada mais. Porém ele pode ser grato a Deus, pois há alegrias suficientes para contrabalançar até mesmo esta tristeza.

 

V. 22 – Observe:

1. É saudável ser alegre. O Senhor é, para o corpo, e providenciou para ele, não somente alimento, mas remédio, e aqui nos disse que o melhor remédio é um coração alegre, não um coração viciado em alegrias vãs, carnais, sensuais; o próprio Salomão disse, sobre esta alegria: Não é remédio, mas desvario; não é alimento, mas veneno; de que serve? Mas ele se referia a uma sincera alegria em Deus, e servi-lo com contentamento, e então receber a consolação dos prazeres externos, e particularmente a alegria de um modo de vida agradável. É uma grande misericórdia que Deus nos dê permissão de sermos alegres, e causas para sermos alegres, especialmente se pela sua graça, Ele nos der corações para sermos alegres. Isto faz bem a um remédio (assim alguns interpretam); tornará o remédio mais eficiente. Ou faz bem como um remédio para o corpo, tornando-o adequado para o trabalho. Mas, se a alegria for um remédio (com o significado de diversão e recreação), deve ser usada com parcimônia, e somente quando houver oportunidade, não deve ser convertida em alimento, mas deve ser usada de maneira medicinal, como uma dieta prescrita.

2. As tristezas da mente frequentemente contribuem, em grande parte, para as doenças do corpo: o espírito abatido, oprimido pelas aflições, e especialmente uma consciência ferida com a sensação da culpa e o temor da ira, virá a secar os ossos, exaurindo a própria medula óssea, e tornando o corpo um mero esqueleto. Devemos, portanto, vigiar e orar contra todas as disposições melancólicas, pois elas nos levam a problemas, e também à tentação.

 

V23 – Veja aqui:

1. Que coisa terrível é o suborno: O ímpio tira o presente (ou “suborno”) do seio, para dar um falso testemunho, veredicto ou juízo; quando faz isto, ele se envergonha disto, pois tira o presente com toda a discrição imaginável, do seio onde sabe que já está preparado para ele; ele está escondido habilmente, e de maneira tão furtiva que, se pudesse, ele o esconderia da sua própria consciência. Um presente é tirado do seio de um ímpio (assim alguns interpretam); pois é um homem mau o que dá subornos, e também o que os aceita.

2. Que coisa poderosa é o suborno. Ele tem tal força que perverte as veredas da justiça. O curso da justiça não somente é obstruído, mas é também convertido em injustiça; e as maiores injustiças são feitas com o pretexto de se fazer justiça.

 

V. 24 – Observe:

1. Deve ser considerado inteligente aquele que não somente tem sabedoria, mas que a tem pronta para uso, quando chega a oportunidade de utilizá-la. Ele coloca a sua sabedoria diante de si mesmo, como sua bússola, pela qual se orienta, tem sempre seus olhos sobre ela, assim como aquele que escreve tem a sua cópia; e ele a tem diante de si; não para procurar, mas à mão.

2. Aquele que tem uma mente volúvel, um capricho divagante, nunca será adequado para nenhum trabalho sadio. É um louco, e não serve para nada, é alguém cujos olhos estão nas extremidades da terra, aqui, ali, em todas as partes, em qualquer lugar, menos onde deveriam estar; os tais não conseguem fixar seus pensamentos em nenhum assunto especifico, nem buscar nenhum propósito com alguma firmeza. Quando a sua mente deveria se aplicar ao seu estudo e às suas atividades, ela se enche de mil coisas, alheias e irrelevantes.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

RETRATOS DE UM CASAMENTO

Somos frutos de todas as experiências que vivemos desde o nascimento. A posição que ocupamos dentro da família vai influenciar a forma como nos relacionamos com nossos pares no futuro.

Retratos de um casamento

Como escreveu o filósofo Zigmunt Bauman (2004), vivemos em uma sociedade líquida, na qual as coisas, em sua maioria, são “impermanentes”. Estamos em tempos de amores líquidos, em que nas últimas décadas criaram-se novos termos e designações para os tipos de relacionamento: “ficar”, “relacionamento aberto”, “poliamor”, “crush”, “pegação”, entre outras nomenclaturas. Deseja-se o amor, mas busca-se o prazer imediato. As pessoas procuram avidamente um relacionamento, mas quando surge um pequeno problema, geralmente, não encontram condições internas para resolvê-lo. Por falta de condições ou por escolha, as relações são descartadas, reiniciando-se a busca por outro parceiro.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que, nos dois últimos anos, 2017 e 2018, o número de casamentos diminuiu enquanto o de divórcios aumentou. A média da duração dos casamentos caiu de 17 para 15 anos. A partir dessas estatísticas, percebemos que está cada dia mais difícil estabelecer e manter relações duradouras. No século passado, os casamentos eram para toda uma vida. Comemoravam-se bodas de prata nos 25 anos de casados e bodas de ouro aos 50. Nas últimas décadas, apesar da expectativa de vida ter aumentado consideravelmente, é muito mais difícil pensarmos nesse tipo de comemoração, devido à pouca duração da maioria dos casamentos.

Sabemos, por outro lado, que hoje em dia os casamentos que não são bons não se mantêm. Muitos autores escreveram sobre o casamento e o relacionamento. Existem dezenas de livros sobre o amor e a paixão. Mas não existe uma fórmula que possa ser aplicada quando se trata de relações humanas. O assunto é muito importante, pois a relação é um grande caminho para revelar nossos aspectos sombrios. Se aproveitarmos a oportunidade de autoconhecimento que emerge, seremos sem dúvida seres humanos mais inteiros e felizes.

No “caldeirão” chamado relacionamento cabem muitos ingredientes: a atração física, a admiração, a identificação, a projeção, as semelhanças, as diferenças, as preferências, os hobbies, o estilo de vida, os talentos, os defeitos, a convivência com as respectivas famílias de origem, as expectativas em relação a filhos e como cada um lida com dinheiro e carreira, entre outros importantes aspectos. Quanto de cada um desses ingredientes deve constar na lista de um casamento feliz e duradouro? Essa receita tão subjetiva nunca será equacionada, mas, apesar disso, devemos pensar e refletir. O casamento antigamente tinha outros propósitos em sua configuração. Era voltado a dar estabilidade aos parceiros e constituir família. Hoje, diferentemente de antigamente, podemos pensar no aplacamento da solidão e da insegurança em que vivemos em todos os sentidos: cultural, social e político.

Quando um vínculo começa a se estabelecer, é difícil o casal ir para a cama “sozinho”. As figuras introjetadas da mãe e do pai estão presentes nessa relação como modelo a ser reproduzido ou evitado. Infelizmente, poucas pessoas podem dizer que gostariam de ter um casamento como o de seus pais. O modelo da relação dos pais vivido na sua família de origem deixa marcas. Muitos dos casais que procuram psicoterapia apresentam incompatibilidade sobre vários fatores que acreditam ser certos e bons para a relação. As pessoas herdam seus modelos e se fixam a eles, às vezes inconscientemente e sem reflexão.

As pessoas têm percepções diferentes do mesmo ambiente. Irmãos que viveram décadas na mesma casa possuem visões diversas sobre o casamento de seus pais e cada um pode ser afetado de várias formas pelos conflitos familiares. Os membros desse núcleo, principalmente os filhos, podem ter tarefas relativas a manter a homeostase da família. Acabam por optar por esses papéis para suas futuras relações.

Vanda Lucio Di Yorio Benedito, terapeuta de casais, em seu livro Terapia de Casal e de Família na Clínica Junguiana, escreve: “A escolha do parceiro, geralmente, envolve um complexo arsenal de motivações. Ligadas à vivências emocionais muito íntimas e profundas, […] de difícil representação no nível da consciência. Misturam-se desejos de várias ordens, e quanto mais inconsciente o indivíduo estiver desses desejos, maior a possibilidade de tais conteúdos serem ‘fisgados’ numa relação. […] O indivíduo que não consegue tomar para si aquilo que constitui parte de seu mundo interno fica perdido de si mesmo, buscando achar-se no outro”. A psicoterapia de casais tem a grande tarefa de elucidar os inúmeros fatores que interferem na relação conflitiva. A conscientização dos aspectos gerados pela família de origem de ambos é um bom começo para o tratamento de casais. Na maioria dos casos, o conflito possibilita o conhecimento e a clarificação das fixações dos parceiros em aspectos não integrados de sua personalidade. A tarefa é criar um terceiro modelo, uma união que possa contemplar as expectativas trazidas pelos parceiros para essa relação.

 

ELAINE CRISTINA SIERVO – é psicóloga, Pós-graduada na área Sistêmica – Psicoterapia de Família e Casal pela PUC- SP. Participa do Núcleo de Psicodinâmica e Estudos Transdisciplinares da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica). Atuou na área de dependência de álcool e drogas com indivíduos, grupos e famílias.

OUTROS OLHARES

CONSTRUTOR DE OSSOS

A aprovação de um novo medicamento nos Estados Unidos é a esperança para os 200 milhões de pessoas em todo o mundo portadoras de osteoporose.

Construtor de ossos

A osteoporose é silenciosa. Não há dor nem sintomas – até que os ossos se tornam tão frágeis que podem partir-se como gravetos. A doença afeta 200 milhões de pessoas no mundo, 10 milhões só no Brasil. O pesadelo assombra principalmente as mulheres que já passaram pela menopausa. Uma em cada três mulheres com mais de 50 anos tem a doença. Entre os homens da mesma faixa etária, um em cada cinco é afetado. Os medicamentos tradicionais atuam de duas maneiras distintas, uma ou outra, separadamente: ou diminuem o ritmo de perda dos ossos ou estimulam a formação de massa óssea. A boa notícia é que, depois de quase vinte anos sem novidades, deu-se um salto na semana passada.

Na terça-feira 9, a FDA, órgão americano que regula os medicamentos, concedeu o aval para a comercialização do romosozumabe. Desenvolvida pelos laboratórios Amgen e UCB, a substância é o primeiro remédio que funde as duas funções terapêuticas: desacelera a degradação e, ao mesmo tempo, aumenta a massa óssea. Esse ineditismo só foi possível a partir do entendimento de uma mutação genética rara que deixa seus portadores com ossos tão densos que nunca se quebram.

A droga é indicada para os casos mais severos: mulheres na pós-menopausa com alto risco de fraturas. A molécula atua bloqueando os efeitos da esclerostina, uma proteína que impede o crescimento excessivo dos ossos. O romosozumabe reduz o risco de fratura vertebral em 48% e nos quadris em 38%, em comparação com a terapia-padrão. Nos estudos clínicos da nova droga, os pacientes apresentaram um aumento de 15% na densidade da coluna. Diz Charlles Heldan de Moura Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo: “É um ganho comparável àquele do início da adolescência”. O tratamento consiste em doze doses do remédio, uma por mês. Os efeitos adversos incluem dores nas articulações e na cabeça e aumento no risco cardiovascular. Nos EUA, uma dose custa o equivalente a 7.300 reais. No Brasil, o medicamento só deve ser aprovado em 2020.

Construtor de ossos. 2

GESTÃO E CARREIRA

MESTRE EM SUPERAÇÃO

Primeira professora com síndrome de Down no Brasil, Débora Seabra de Moura lutou para conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Hoje, ela é uma referência na inclusão de pessoas com deficiência.

Mestre em superação

“O que será que essa professora ensina?” Esse foi o comentário que a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, fez no Facebook quando soube que o Brasil tinha uma educadora com síndrome de Down. A fala dizia respeito à Débora Seabra de Moura, que desde 2005 é auxiliar de uma classe de ensino fundamental em Natal (RN). A profissional não se intimidou como preconceito e respondeu sobre seu trabalho em uma carta aberta: “Estudo planejamento, participo das reuniões, dou opiniões, conto histórias acompanho aulas de inglês, música e educação física e muitas outras coisas”. O amor pelos livros começou na infância, quando Débora pôde estudar numa escola que não era específica para quem tem Down. Isso gerou uma sensação de acolhimento e estimulou sua vontade de trabalhar na área. Para conquistar o objetivo, entrou no magistério da Escola Estadual Luiz Antônio e, mais uma vez, enfrentou o preconceito. Alguns colegas foram intolerantes e o coordenador do curso teve de intervir. Com a ajuda da mãe, que a auxiliava nos estudos, ela superou os obstáculos e conquistou o diploma. Formada, bateu à porta de uma escola particular de Natal e se voluntariou como educadora auxiliar. “As professoras me ajudaram a aprender o trabalho.” Mas suas tarefas não se limitam aos quadros-negros. Débora é vice-diretora da regional do Nordeste da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, função que a Ieva à  viajar pelo Brasil e para o exterior – já ministrou palestra até na sede da ONU em Nova York. Além disso, é autora de um livro de fábulas infantis sobre superação e amizade.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 17–19

Alimento diário

A AMIZADE FIEL

 

V.  7 – Isto indica a força dos laços pelos quais estamos ligados, uns aos outros, e aos quais deveríamos ser sensíveis.

1. Os amigos devem ser constantes, uns com os outros, em todas as ocasiões. Não é uma amizade fiel aquela que não é constante; ela o será se for sincera, e motivada por um bom princípio. Os que são caprichosos ou egoístas em sua amizade não amarão depois que o seu capricho tiver sido satisfeito e o seu interesse, servido, e por isto os seus sentimentos mudam com o vento e variam com o clima. Amigos como andorinhas, que voam ao seu encontro no verão, mas desaparecem no inverno; estes amigos não fazem falta. Mas se a amizade for prudente, generosa, e cordial, se eu amar meu amigo porque ele é sábio, e virtuoso, e bom, e continuar assim, ainda que ele venha a cair em pobreza e desgraça, eu o amarei. Cristo é um amigo que ama em todas as ocasiões (João 13.1), e devemos amá-lo assim também (Romanos 8.35).

2. Os parentes devem, de uma maneira especial, cuidar uns dos outros, em tempos de aflição: “Na angústia se faz o irmão” (na versão RA), e este irmão socorre um irmão ou uma irmã em aflição, pois estando assim tão fortemente unido pela natureza, ele pode sentir com mais intensidade os seus fardos, e se inclinar e envolver mais fortemente, como se fosse por instinto, para ajudá-lo. Nós devemos sempre considerar para que nascemos, não somente como homens, mas em que situação e em que família. Quem sabe se viemos a esta família para uma ocasião como esta? Nós não cumprimos o objetivo dos nossos relacionamentos se não realizarmos o dever delas. Alguns interpretam isto da seguinte maneira: “Na angústia nasce o irmão”. Um amigo que ama em todas as ocasiões nasce, isto é, se torna um irmão na angústia, e isto deve ser valorizado.

 

V. 18 – Embora Salomão tivesse elogiado a amizade na angústia (v. 17), que ninguém, sob nenhum pretexto de ser generoso com seus amigos, seja injusto com suas famílias, prejudicando-as; uma parte do nosso dever deve ser consistente com outra. Observe:

1. É sensato evitar dívidas, tanto quanto possível, e, especialmente, temer garantias ou fianças. Pode haver uma ocasião justa para que um homem diga boas coisas sobre seu amigo, na sua ausência, até que ele venha e se envolva pessoalmente, mas ser fiador na presença do seu amigo, quando ele está no local, pressupõe que a sua própria palavra não será aceita, ele será considerado insolvente ou desonesto, e então quem poderia, com segurança, dizer coisas boas sobre ele?

2. Os que não têm entendimento são comumente aprisionados nesta cilada, para prejuízo de suas famílias, e por isto não devem receber excessiva confiança, nem nos seus mesmos próprios negócios, mas devem ser orientados e controlados.

 

V. 19 – Observe:

1. Os que são contenciosos se envolvem com uma grande dose de culpa: O que ama a contenda, que em suas atividades terrenas ama recorrer à lei, que na religião, ama as controvérsias, e que no comportamento comum ama corromper e brigar, que nunca está bem, exceto quando está inflamado, ama a transgressão; pois uma grande quantidade de pecados acompanha este pecado, e o caminho é descendente. Ele finge defender a verdade, e a sua honra e a justiça, mas na verdade, ama o pecado, que Deus detesta.

2. Os que são ambiciosos e as­ piram se expor a uma grande quantidade de problemas, o que frequentemente leva à sua ruína: O que alça a sua porta, que edifica uma casa imponente, no mínimo com uma bela fachada, visando ofuscar seus vizinhos, busca a ruína, e faz grandes esforços para destruir a si mesmo; ele faz tão grande a sua porta que a sua casa e propriedade saem por ela.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

APRENDENDO DURANTE O SONO

Nova investigação aponta que é possível aprender durante o sono, contrariando a crença bem estabelecida de que isso seria algo impossível.

Aprendendo durante o sono

A ideia de que precisamos de nossa consciência para aprender é uma crença que parece racional e bem fundamentada em termos de conhecimento sobre neurociências. De fato, de forma geral, novas memórias são formadas durante as horas de vigília, quando nossas mentes conscientes estão no controle. No entanto, essa crença foi recentemente desafiada em um novo estudo, que sugere a possibilidade de aprender material novo de forma inconsciente todas as noites.

Uma investigação realizada na Universidade de Berna e publicada na revista Current Biology indica que essa ideia pode não ser tão improvável. Em um grupo de sujeitos falantes de alemão, os pesquisadores expuseram os participantes durante a noite ao vocabulário de uma língua inventada e posteriormente conseguiram associar essas palavras a significados em língua alemã.

Embora essa proeza esteja ainda distante de aprender uma nova linguagem durante o sono, é um avanço importante na compreensão do mecanismo de aprendizagem noturna. Os sujeitos quando acordavam eram questionados sobre as palavras fictícias, de forma indireta, e de fato responderam significativamente acima do acaso. Isso ocorreu sem que os participantes soubessem que haviam sido expostos às palavras anteriormente.

Esse resultado indica que o cérebro adormecido pode realmente codificar novas informações e armazená­las por longo prazo, além de fazer novas associações.

Uma das importantes funções do sono é o processo de reorganizar as memórias. Durante certos estágios do sono, como no período de sonho, o cérebro repete as memórias em modo rápido. Os circuitos neurais que têm a função de armazenar memórias reativam-se novamente como uma rede, ensinando o cérebro a lembrar. Essa repetição parece nos ajudar a introduzir importantes aprendizados e experiências de vida em um armazenamento mais permanente em nossos cérebros. Enquanto isso, memórias menos importantes são apagadas para abrir mais espaço para armazenamento.

Através da medição direta da atividade neural noturna em cérebros de camundongos, verifica-se que as redes neurais ativadas na codificação da memória durante o dia ficarão ativas à noite. A partir desses estudos com roedores, os cientistas descobriram que o hipocampo, uma região em forma de cavalo-marinho no interior do cérebro, se comunica com a camada externa do cérebro, o córtex, durante o sono, através de ondas de atividade que podem ser medidas usando um dispositivo de EEG.

Nesse estudo, participaram sujeitos de língua alemã de ambos os sexos. Para garantir que nenhum dos participantes tivesse contato anterior com a linguagem utilizada, os pesquisadores criaram palavras fictícias, cada uma ligada a um certo significado. Essas palavras fictícias foram apresentadas aos sujeitos nos chamados “estados ascendentes” ou “picos” durante o sono profundo, um estágio geralmente não associado aos sonhos. Durante o sono profundo, a cada meio segundo os neurônios alternam um período no qual sua atividade é coordenada com outro estado inativo. A hipótese dos pesquisadores é de que os picos de ondas lentas são propícios à codificação do sono porque demarcam períodos de excitabilidade neural.

Durante o sono dos sujeitos, foi usado um EEG para monitorar suas ondas cerebrais, enquanto os pesquisadores disparavam associações de palavras através de fones de ouvido. Pares de palavras, uma fictícia e outra com um significado, foram associados durante quatro repetições cada par.

Quando os sujeitos acordaram, os investigadores mostraram aos sujeitos as pseudo – palavras, enquanto pediam que imaginassem se o objeto referido pela palavra com significado era menor  ou maior que uma caixa de sapatos, que foi uma maneira de explorar as memórias inconscientes ou implícitas.

Quando a segunda palavra no par de palavras coincidia com o estado superior em sono profundo, os participantes puderam caracterizar corretamente a palavra inventada em 10% a mais do que o acaso. Isso revela que os traços de memória implícitas formados durante o sono persistem durante a vigília e influenciam a forma como reagimos aos estímulos apresentados, como uma intuição ou pressentimento.

Quando o cérebro dos participantes era examinado através de técnicas de neuroimagem, os pesquisadores descobriram que o hipocampo e as regiões do cérebro normalmente associadas à aprendizagem de línguas durante a vigília também estavam ativos durante a aprendizagem do sono. Essa descoberta contradiz o que sabemos sobre o funcionamento do hipocampo no aprendizado, que estaria ativo somente nas fases da consciência.

Apesar de promissores, esses resultados ainda não apontam para uma consistente capacidade de aprender línguas durante o sono, pois esse aprendizado se baseia em conhecimento explícito e não em sensações implícitas. Mais estudos são necessários para investigar essa nova forma de aprendizado, que parece interessante e promissora.

 

MARCO CALLEGARO – é psicólogo, mestre em Neurociências e Comportamento, diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e do Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Autor do livro premiado O Novo Inconsciente: Como a Terapia Cognitiva e as Neurociências Revolucionaram o Modelo do Processamento Mental(Artmed. 2011.)

OUTROS OLHARES

O DRAMA DOS PROFESSORES BRASILEIROS

Rede pública paga salários baixos, carece de condições materiais para uma boa educação e convive com um número excessivo de trabalhadores temporários.

O drama dos professores brasileiros.

Se existe uma profissão desprestigiada hoje no Brasil é a de professor. Não se trata exatamente de um problema atual, mas de uma situação que se arrasta e não se resolve. Passam-se os anos e nada é feito para valorizar os profissionais do ensino. Além de sofrerem frequentes humilhações e violências em sala de aula, serem acusados, em tempos recentes, de doutrinação ideológica, ainda têm de conviver com uma baixa remuneração, que não corresponde à importância de seu trabalho. A hora aula de um professor da rede pública estadual de São Paulo, que está próxima da média nacional, atualmente gira em torno de 12 reais. Se der 40 horas aula por semana, 8 horas por dia, um professor iniciante concursado vai ter rendimentos de cerca de R$ 2,4 mil. O salário médio dos professores não é muito diferente do obtido, por exemplo, por uma empregada diarista, que, em São Paulo, cobra, em média, R$ 100 reais por dia. E está abaixo do piso salarial de um garçom, cuja remuneração base é de R$ 2,8 mil. Por questão de formação e conhecimento e pelo que significam para o futuro das crianças e adolescentes, os professores deveriam ganhar muito mais. Ouvido, um professor veterano que não quis se identificar, chorou ao falar de sua condição financeira.

O drama dos professores brasileiros. 2

SISTEMA INJUSTO

“O sistema é injusto, faz a gente pegar duas aulas de manhã e na terceira já tem que sair para outra escola”, afirma o professor Rafael Canudense, 33 anos, que dá aulas de história na Escola Estadual Renata Graziano de Oliveira Prado, no Jardim Guarujá, em São Paulo. “Às vezes, no meio da tarde, o professor já rodou quatro escolas. Tem dias que dou cinco aulas, tem dias que dou nove. Tem mês que vem R$ 900 de salário, em outros vêm R$ 1,5 mil e, no máximo, R$ 2,4 mil”. Canudense é o chamado professor eventual, que realiza as mesmas funções dos concursados, mas não goza dos benefícios e nem possuem um vínculo empregatício duradouro. Esse grupo de substitutos representa cerca de 14% do total de professores da rede pública do estado, um contingente de mais de 180 mil profissionais. Para os eventuais não há nenhum direito.

Ser professor do ensino público, principalmente nas periferias, não é fácil. Um dos problemas é a precariedade dos colégios. Outra é a logística para professores que circulam entre diversas escolas. Falta verba de manutenção e recursos educacionais. Que o diga Andressa dos Santos Silva, 36 anos, que dá aulas de sociologia na escola estadual Alberto Conti, em Santo Amaro. “Recursos na escola? Que recursos? Não tem nada além do giz e lousa”, afirma Andressa. “Depois das últimas chuvas, caiu um pedaço do muro e o conserto só foi feito porque os professores e a associação de Pais e Mestres fizeram uma vaquinha para pagar”. Ela conta que em algumas escolas mais da metade dos professores são temporários. Por falta de mão-de-obra, há muitos profissionais readaptados, com restrições físicas ou mentais, prestando serviços.

“Hoje tomo remédio para depressão. É de tanto passar nervoso na profissão” Andrea Patrícia Schianti, professora de matemática.

A professora Valmira Coelho, 69 anos, readaptada para a função de secretária na Escola Estadual Maria Luiza de Andrade Martins Roque, no Jardim Eliana, é um desses casos “Tenho duas filhas desempregadas e consigo sobreviver porque tenho pensão do meu marido”, diz. “Sofro também com a sobrecarga de funções porque sou readaptada e, em tese, não possuo mais condições físicas ou mentais de dar aula”. A sobrecarga é um problema frequente de muitos professores, como José Augusto, 52, que dá aulas de sociologia e história nas escola estaduais Renato Braga, no Jardim Casablanca, e Arnaldo Laurindo, no Parque Santo Antônio. “Para ter o sustento da família hoje é preciso ter dois cargos, de manhã até de noite. Pois o salário de um cargo não é suficiente, são poucos que conseguem”, diz.

O alto número de profissionais que não trabalham apenas em uma escola é apontado por Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, como um dos principais problemas da educação brasileira. “O professor não pega uma aula em cada escola porque ele deseja, o sistema é desenhado para isso”, diz. Segundo ela, há professores concursados com cargas horárias abaixo de 10 horas semanais. Ela avalia que profissionais da educação precisam de um contrato como qualquer outro profissional, com 40 horas semanais.

 

SAÚDE MENTAL

As dificuldades dentro da sala de aula muitas vezes afetam a saúde mental dos professores. No caso da professora de matemática Andrea Patrícia Schianti, 50 anos, da Escola Estadual Dogival Barros Gomes, os problemas se acumularam de uma forma que levaram à síndrome do pânico e à depressão. Convivendo com fibromialgia há 11 anos, precisou pedir afastamento por três anos por não ter condições de dar aula, algo que implica em salários mais baixos. “Hoje tomo remédio para depressão. É de tanto passar nervoso na profissão”, diz. Após um período afastada, Andrea conseguiu a readaptação para trabalhar na secretaria da escola por dois anos e optou por voltar para as salas de aula neste ano. Se a vida não está fácil para ninguém, é certo que para os professores, ela está muito pior.

“NÃO APRENDEMOS COM NOSSOS ERROS”
O economista chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, Ricardo Paes de Barros, faz um diagnóstico dos problemas da educação no Brasil e diz que falta governança para que as escolas funcionem melhor

POR QUE A EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA NÃO FUNCIONA DIREITO?
Há diversas razões educacionais e pedagógicas para isso. Mas a sensação que a gente tem é de que tudo decorre de uma questão de governança. O Brasil está se esforçando. Já chegamos a 6% do PIB com gastos em educação, mas nosso desempenho é fraco.

A POBREZA AFETA NOSSO DESEMPENHO?
Não. Há cidades do Ceará e do Piauí, por exemplo, que têm índices ótimos de qualidade educacional. E se tem lugares que vão muito bem é porque a gente sabe fazer. Uma das razões pelas quais não evoluímos é que não conseguimos aprender com nossos erros e acertos.

QUE TIPO DE ERROS SE COMETE?
A nossa educação média, por exemplo, é um absurdo. Hoje, a diferença entre a nota média de matemática do aluno do final do ensino fundamental e do aluno do ensino médio é de 10 pontos na escala do Saeb. Dez pontos é pouco. Isso significa que no final do ensino médio o aluno sabe a mesma coisa que sabia no final do fundamental. Algo de errado está acontecendo.

GESTÃO E CARREIRA

AS CARÊNCIAS MAIS SENTIDAS PELOS MILENNIALS

Profissionais jovens percebem em si mesmo falta de habilidades relacionadas à inteligência emocional e pensamento crítico.

As carências mais sentidas pelos milennials.

Brasileiros jovens entram no mercado de trabalho e se ressentem de um déficit de habilidades fundamentais para a vida profissional. Uma pesquisa recente da empresa de educação online Udemy colheu respostas de mais de mil profissionais com idade entre 21 e 35 anos. Para quase dois terços deles, o que mais faz falta não são conhecimentos técnicos, e sim capacidades que deveriam ser treinadas na escola e na universidade, relacionadas a inteligência emocional, comunicação, gestão do tempo e pensamento crítico – todas fundamentais para a produtividade e para os ambientes de trabalho mais competitivos de hoje. Além das deficiências óbvias em transmissão de conhecimento, o sistema educacional brasileiro falha também no desenvolvimento dessas habilidades, diz Sérgio Agudo, diretor da Udemy no Brasil. O executivo lembra que esse tipo de ponto fraco é hoje considerado problema grave num profissional e pode prejudicar carreiras seriamente. Um quarto dos jovens também se ressentiu de falta de habilidades de liderança, o que é facilmente compreensível em profissionais na primeira metade da carreira. Cerca de 95% dos respondentes consideram que existe uma lacuna de habilidades profissionais no país.

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ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 12 – 16

Alimento diário

DECLARAÇÕES IMPORTANTES

 

V. 12 – Observe:

1. Um homem inflamado é um homem embrutecido. Ainda que, em outras ocasiões, ele possa ter alguma sabedoria, surpreenda-o em meio a uma paixão desenfreada, e ele será um louco na sua estultícia; são loucos aqueles em cujo seio há ira, e em quem a ira é estimulada. Ele se despe do homem e se comporta como uma ursa, uma ursa furiosa, a quem roubaram os filhotes; ele gosta das gratificações de seus desejos e paixões, assim como uma ursa gosta de seus filhotes (que, ainda que sejam feios, são seus), está tão ansioso em busca destas gratificações quanto a ursa em busca de seus filhotes, quando privada da companhia deles, e se sente igualmente cheio de indignação, perturbado pela busca.

2. É um homem perigoso, que guerreia com todos os que se põem em seu caminho, embora inocentes, embora seus amigos, como uma ursa à qual roubaram os filhotes ataca o primeiro homem que encontra, como se fosse o ladrão. A ira é uma loucura temporária. Seria mais fácil deter uma ursa enfurecida, ou fugir dela, ou defender-se dela, do que de um homem furioso. Devemos, portanto, vigiar nossas próprias paixões (para que elas não façam o mal), e assim, buscar a nossa própria honra; e devemos evitar a companhia de homens furiosos, e sair do seu caminho, quando estiverem furiosos, e assim buscar a nossa própria segurança.

 

V. 13 – Um homem iníquo é aqui descrito:

1. Como ingrato para com os seus amigos. Frequentemente, ele se comporta de maneira tão absurda e insensível com relação às gentilezas que lhe são feitas, que torna mal por bem. Davi se encontrou com os que eram seus adversários em paga do seu amor (Salmos 109.4). Tornar mal por mal é algo brutal, mas tornar mal por bem é demoníaco. É um homem de má índole aquele que, por estar decidido a não retribuir uma gentileza, realiza uma vingança como retribuição.

2. Como cruel com a sua família, pois transmite uma maldição a ela. É um crime tão hediondo que será punido, não somente na pessoa de seu cônjuge, mas na sua descendência, para quem acumula ira. A espada não se afastará da casa de Davi, porque ele recompensou Urias com maldade pelos seus bons serviços. Os judeus apedrejaram a Cristo por suas boas obras; por isto o seu sangue está sobre eles e sobre seus filhos.

 

V. 14 – Aqui temos:

1. O perigo que existe, no início da contenda. Uma palavra acalorada, uma reflexão mesquinha, uma exigência irada, uma contradição maldosa, gera outra, e depois uma terceira, e assim por diante, até que prove ser como o romper de uma barragem; quando a água tem uma pequena passagem, ela mesma alarga a abertura, derruba tudo o que está à sua frente e então não há como detê-la.

 2. A inferência a uma boa advertência, para que tomemos cuidado com a primeira fagulha da contenda e a apaguemos assim que apareça. Tema o romper do gelo, pois, uma vez rompido, irá se quebrar cada vez mais; por isto, deixe a contenda, não somente quando você vir o pior dela, pois então poderá ser tarde demais, mas quando você vir o princípio dela. Deixe-a antes que seja envolvido; deixe-a, se possível, antes mesmo de começar.

 

V. 15 – Isto mostra a transgressão que é, para Deus:

1. Quando aqueles a quem é confiada a administração da justiça pública, juízes, jurados, testemunhas, acusadores, advogados, absolvem os culpados ou condenam os que não são culpados, ou, pelo menos, contribuem para uma destas situações; isto frustra a finalidade do governo, que é proteger os bons e punir os maus (Romanos 13.3,4). É igualmente provocador a Deus, tanto justificar os ímpios (ainda que seja por piedade e para salvar a vida), como condenar os justos.

2. Quando algum indivíduo defende o pecado e os pecadores, suaviza e desculpa a iniquidade, ou argumenta contra a virtude e a piedade, desta maneira pervertendo os caminhos justos do Senhor e confundindo a eterna distinção entre o bem e o mal.

 

V. 16 – Aqui são mencionadas duas coisas com assombro:

1. A grande bondade de Deus para com os tolos, ao colocar um preço na sua mão, para obter sabedoria, adquirir conhecimento e graça, para adequá-lo para os dois mundos. Nós temos almas racionais, os meios da graça, os esforços do Espírito, o acesso a Deus por meio da oração; nós temos tempo e oportunidade. Aquele que tem boas propriedades (assim alguns interpretam) têm vantagens, portanto, para obter a sabedoria, comprando a instrução. Bons pais, parentes, ministros, amigos, são auxílios para obter sabedoria. É um preço, portanto um valor, um talento. É um preço na mão, um preço de que se tem posse; a palavra está perto de ti. É um preço para obter; é para nosso próprio benefício; é para adquirir sabedoria, exatamente aquilo que, sendo tolos, mais necessitamos. Temos razões para nos maravilhar com o fato de que Deus considerasse a nossa necessidade, e as­ sim nos confiasse tais benefícios, ainda que Ele previsse que não os aproveitaríamos adequadamente.

2. A grande iniquidade do homem, a sua negligência em relação à benevolência de Deus e ao seu próprio interesse, o que é totalmente absurdo e inexplicável: Ele não tem o ânimo necessário nem a sabedoria que deve ser obtida, nem os pré-requisitos básicos para consegui-la. Ele não tem coragem, nem talento, nem vontade, para aprimorar os seus benefícios. Ele se dedica a outras coisas, de modo que não se importa com o seu dever nem com as grandes preocupações da sua alma. Por que um preço seria jogado fora, e perdido, com alguém que o merece tão pouco?

 

PSICOLOGIA ANALÍTICA

CRIANÇAS MAIS FELIZES

Quando se trata de criar filhos, o mais importante não é a identidade ou o sexo dos pais ou substitutos, e sim a qualidade do cuidado e o comprometimento com os pequenos.

Crianças mais felizes

Famílias monoparentais são um fato. Uma em cada quatro crianças americanas vive apenas com um dos pais, geralmente a mãe. No Brasil, 12,2 % das mulheres vivem com filhos, sem cônjuge. Entre os homens, o número é de 1,8%, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também cresce o número de famílias formadas da união de pessoas do mesmo sexo. No entanto, isso não parece representar nenhum tipo de desvantagem. A análise cuidadosa de várias pesquisas coloca por terra a ideia de que uma das condições para que uma criança seja saudável e feliz é ter, necessariamente, o pai e a mãe vivendo sob o mesmo teto. Aliás, cada vez mais parece claro que os elementos mais importantes da criação dos filhos não é a identidade ou o sexo dos adultos envolvidos, mas sim a qualidade do cuidado prestado e a sua consistência ao longo dos anos.

A verdade é que criar um filho nunca foi fácil e raramente alguém desempenha essa tarefa sem ajuda. Uma pesquisa com famílias em situação de risco feita por um grupo de cientistas das universidades Colúmbia e Princeton mostrou que apenas 17% das mães solteiras relataram criar os filhos completamente por conta própria. A maioria recebia auxílio do pai da criança, dos próprios pais ou de outros parentes e amigos. Ainda assim, salvo raras exceções, essas mães sentiam-se sobrecarregadas emocionalmente.

Para a criança, a consistência do cuidado recebido e a certeza de poder contar com uma pessoa de referência, que dê conta de suas demandas físicas e psíquicas, é fundamental. “Não basta ter um adulto na função paterna ou materna ‘por um período’; por exemplo, num ano a mãe, no próximo a avó e no outro o pai. É necessário ter alguém com quem contar a longo prazo”, afirma a psicóloga do desenvolvimento Anne Martin, da Universidade Colúmbia. “Ela precisa se sentir segura e protegida para se desenvolver intelectual e emocionalmente.”

Crianças mais velhas podem até contar com professores, monitores de instituições que frequentam ou líderes religiosos para receber apoio, desde que a presença dessa pessoa seja contínua em sua vida. A organização não governamental americana Big Brothers Big Sisters, por exemplo, requer que se comprometam por pelo menos um ano e os voluntários estabeleçam uma relação de mentor-aprendiz com o jovem que acompanha.

JEITOS DE CUIDAR

No entanto, a dura realidade é que o principal cuidador de uma família fragmentada não raro enfrenta dificuldades para encontrar alguém que assuma uma década ou mais de apoio incansável. Pesquisadores da Universidade Columbia e da Universidade Princeton demonstraram que a maioria dos pais (homens) não casados de um estudo relatou vontade de se envolver na vida dos filhos. Mas, após três anos do nascimento de um bebê, aproximadamente metade não mantinha contato recente.

Uma forma de ajudar a envolver o pai e outros cuidadores seria focar o relacionamento com a mãe da criança. O psicólogo clínico Kyle Pruett, pesquisador do Centro de Estudo da Criança da Universidade Yale, destaca essa variável em seus esforços para aproximar pais descomprometidos com a vida dos filhos. “Focar somente os homens resultou em desperdício de esforço e de dinheiro”, afirma Pruett.

Ele acompanhou um grupo de mães e constatou que o maior desafio era ajudá-las a aceitar a forma como o ex-companheiro (ou outro cuidador) exercia a paternidade. Um es­ tudo realizado em 2001 por pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio confirmou o que psicólogos já dizem há anos: quando há desavenças entre as pessoas que cuidam da criança, o conflito é claramente percebido por ela e lhe causa sofrimento. Os pesquisadores americanos constataram que, um ano após os pais (que conviviam na mesma casa) terem assumido tarefas coordenadas pelas mães, os casais se tornaram mais combativos e propensos a minar o outro.

Com base nesse resultado, os autores da pesquisa sugerem que a melhor estratégia é decidir em conjunto qual a esfera de influência de cada um. Por exemplo, um dos pais fica no comando do banho e o outro se responsabiliza pelas refeições. E uma coisa é fundamental para o bem-estar da criança, não só imediatamente, mas também em razão dos efeitos futuros: jamais atacar ou menosprezar o outro na frente do filho, ainda que haja ressalvas ou discordâncias.

A relação positiva entre os cuidadores tem grande impacto sobre o desenvolvimento psicológico dos filhos. Em um estudo com famílias afro-americanas de 2013, pesquisadores da Universidade de Vermont e da Universidade da Carolina do Norte em Chapei Hill descobriram que, quanto melhor for a relação entre uma mãe solteira e seu principal “ajudante”, melhores serão o comportamento e a saúde mental das crianças. Maior qualidade no vínculo entre pais que não convivem sob o mesmo teto também pode reforçar o comprometimento com os filhos. Em um estudo de2008, os sociólogos Lawrence Berger e Mareia Carlson, da Universidade de Wisconsin-Madison, constataram que pais que viviam separados mas mantinham boa comunicação e dividiam tarefas com a mãe da criança eram mais propensos a se manter envolvidos na vida dos filhos cinco anos após o nascimento, independentemente de estarem romanticamente envolvidos com outras mulheres.

Crianças mais felizes. 2

RACIOCÍNIO LÓGICO

Ainda hoje, apesar de todas as transformações sociais e culturais, são as mulheres que continuam a cumprir a maioria das tarefas que se referem aos cuidados primários, como alimentação, banho e acolhimento das crianças. Mas também é fato que os pais tendem a participar de atividades complementares, como brincadeiras (menos importantes para a sobrevivência de uma criança, mas de grande importância no desenvolvimento cognitivo). Como resultado, a qualidade do envolvimento parece importar mais do que a quantidade de horas passadas com os filhos.

Em um estudo de 2013 desenvolvido com pais que vivem separados dos filhos biológicos, por exemplo, cientistas das universidades de Connecticut e Tufts descobriram que contribuições financeiras e frequência de visitas não têm efeito significativo no bem-estar da criança. O fator crítico é a quantidade de vezes que o pai a envolve em ações específicas, como ajudá-la nas lições de casa, brincar com ela ou participar de eventos esportivos e atividades da escola.

“Esse tipo de envolvimento ajuda no desenvolvimento cognitivo, uma vez que faz com que a criança aumente suas habilidades gerais com base no conhecimento acumulado”, escreveram os autores do trabalho. Chamado por eles de “andaime”, por dar sustentação à constituição psíquica do sujeito, esse engajamento ajuda os pequenos a desenvolver o raciocínio lógico e a capacidade de resolver problemas em várias situações ao longo da vida. Pais biológicos e casados tendem a realizar esse processo com mais uniformidade, pelas condições que a rotina impõe. No entanto, crianças que vivem longe do pai costumam ter menor chance de exposição a atividades cognitivamente estimulantes, de acordo com um estudo de 2013 de Mareia Carlson e Lawrence Berger.

Cada vez mais estudos comprovam que pais disponíveis não só para estar com os filhos, mas também para oferecer suporte emocional à mãe são de grande importância para o desenvolvimento intelectual das crianças. Uma revisão recente publicada no Journal of Community Psychology mostrou que figuras parentais substitutas (avós, tios, professores ou outros adultos de referência) ajudam a reforçar o desempenho escolar das crianças com a introdução de novas ideias e experiências que as desafiam a pensar criticamente. Na verdade, a construção do conhecimento pode ocorrer em qualquer lugar, não somente em passeios a museus ou na sala de aula, mas também no jantar, durante uma brincadeira ou no caminho do futebol. O importante é prestar atenção naquilo que interessa à criança e não desperdiçar a oportunidade de apresentar a ela um mundo interessante, que vale a pena ser conhecido.

Crianças mais felizes. 3

FALHAS E EQUÍVOCOS

Pais de adolescentes sabem muito bem: não é nada fácil lidar com crises e desafios escolares e sociais que com frequência aparecem na passagem da infância para a idade adulta. Surgem muitas dúvidas quando se trata de escolher o melhor modo de lidar com os impasses, até porque, não raro, as questões dos jovens remetem os adultos às angústias já vividas por eles nessa etapa (nem sempre elaboradas). No entanto, ser um bom pai tem muito a ver com aceitar os filhos – embora seja mais fácil dizer isso do que agir, principalmente quando aparecem com uma tatuagem ou quando os pais recebem uma ligação da escola convocando uma reunião para falar do mau comportamento.

O psicólogo Ronald P. Rohner, pesquisador da Universidade de Connecticut, estuda as consequências da rejeição de crianças e adolescentes pelos pais e a influência que o olhar parental tem sobre aspectos importantes da personalidade. Jovens que se sentem acolhidos em casa costumam ser mais independentes e emocionalmente estáveis, têm maior autoestima e mantêm uma visão positiva do mundo. Aqueles que se sentem rejeitados não raro demonstram o oposto: hostilidade, sentimentos de inadequação, instabilidade e uma visão negativa das mais variadas situações.

Em seu trabalho Rohner analisou dados de 36 estudos sobre aceitação e rejeição dos pais. “Não parece haver dúvidas de que o investimento emocional tanto materno quanto paterno está associado com essas características de personalidade”, afirma o psicólogo. E, segundo ele, o afeto do pai é tão importante quanto o da mãe. “Culturalmente, a grande ênfase na figura da mãe levou a uma tendência inadequada de responsabilizá-la pelos problemas de comportamento das crianças quando, de fato, o homem está muito mais implicado nessas situações do que as pessoas em geral imaginam.”

O pai parece ter também um papel surpreendentemente importante no fortalecimento da empatia dos filhos. O psicólogo Richard Koestner, da Universidade McGill, analisou um estudo com 75 homens e mulheres acompanhados por pesquisadores da Universidade Yale em 1950, quando os voluntários eram crianças. Koestner e seus colegas examinaram diversos fatores que poderiam afetar a capacidade empática na fase adulta, mas um em especial lhe chamou a atenção: o tempo que o pai passava com os filhos.

“Ficamos espantados ao descobrir que o carinho recebido pela dupla pai- mãe em si não fez diferença significativa em relação à empatia. E nos surpreendemos mais ainda ao constatar quanto era forte a influência especificamente paterna”, diz Koestner.

A psicóloga Melanie Chifre Mallers, da Universidade Estadual da Califórnia em Fullerton, também descobriu que filhos com boas lembranças do pai eram mais capazes de lidar com as tensões cotidianas da vida adulta. Na mesma época, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Toronto submeteu um grupo de adultos a um escâner de ressonância magnética funcional para avaliar as reações quando observavam o rosto dos pais. Imagens da mãe provocaram, de imediato, maior atividade em várias regiões cerebrais, algumas associadas ao processamento de características da face. Já o rosto do pai acionou, em primeiro lugar, circuitos no núcleo caudado, uma estrutura relacionada a sentimentos de amor.

As evidências mostram que o homem contribui de forma única com os filhos. Mas o contrário não é necessariamente verdadeiro: crianças que não convivem com ele na mesma casa não estão de forma alguma condenadas ao fracasso. Embora o pai seja importante, esse papel pode ser substituído. Obviamente, conhecemos crianças que cresceram em circunstâncias difíceis, mas que hoje desfrutam de uma vida rica e gratificante. Nem todos se tornam o presidente dos Estados Unidos, mas Barack Obama é um exemplo do que pode ser alcançado por uma criança que passou a infância sem pai, mas conseguiu superar a situação. A paternidade tem a ver com orientar as crianças para que possam ser adultos felizes e saudáveis, à vontade no mundo, preparados para viver relações de afeto, respeito e cuidado e, eventualmente, ser pais ou mães.

OUTROS OLHARES

A SOMBRA DO INVISÍVEL

A revelação da primeira foto de um buraco negro reafirma a Teoria da Relatividade de Einstein e representa um extraordinário avanço nos estudos sobre o universo.

A sombra do invisível

A princípio, pode soar apenas como uma contradição, um paradoxo, um oximoro, enfim: ver o invisível. No entanto, não há melhor definição para o que permitiu enxergar a imagem divulgada mundo afora dia 10 de abril por astrônomos do projeto internacional Event Horizon Telescope (EHT, na sigla em inglês). Em um comunicado simultâneo feito em seis países, os cientistas exibiram a primeira fotografia de um buraco negro, nome dado a esses avassaladores abismos cósmicos capazes de sugar para o seu interior tudo, absolutamente tudo, até mesmo a luz. A foto, que logo viralizou, mostra a silhueta de uma sombra, abraçada por um anel irregular e resplandecente. O nome do buraco negro é M87 e suas dimensões são estupendamente exponenciais: ele é 6.5 bilhões de vezes maior que o Sol. O colosso está localizado a 55 milhões de anos-luz da Terra, bem no centro da gigantesca galáxia de Messier 87, na constelação de Virgem.

A ciência já havia provado a intensa força de gravidade exercida pelos buracos negros. Também já tinha captado o som das ondas gravitacionais que ecoavam o estrondo provocado pela colisão de duas daquelas monumentais estruturas cósmicas. A forma de um buraco negro, contudo, permanecia apenas no campo técnico. Isso porque, como os buracos negros não refletem luminosidade, eles são, a rigor, invisíveis. Eis a razão pela qual a fotografia foi recebida com espanto e aplausos. “Estou muito feliz em informar que pela primeira vez nós vimos o que pensávamos ser invisível”, comemorou Sheperd Doeleman, diretor responsável pelo EHT, durante a apresentação da imagem. “Isso é só o começo. A partir daqui as descobertas parecerão histórias de ficção científica”, disse a astrônoma americana Feryal Ozel, integrante do EHT.

O prodígio alcançado por Feryal, Doeleman e seus colegas começou a ganhar corpo em um experimento iniciado em 2017, que envolveu oito radio­telescópios, espalhados pela Espanha, Estados Unidos, Chile, México e Antártica. Os oito equipamentos captaram imagens de partes diferentes do buraco negro. Em seguida, tais imagens foram combinadas, por meio de uma técnica conhecida como interferometria, como se tivessem sido produzidas por um único telescópio gigantesco, com tamanho equivalente ao da circunferência da Terra. Ou seja: em vez de usar um telescópio de dimensões planetárias, o que não existe, os cientistas criaram um enorme telescópio virtual. Ao todo, foram captadas 65 horas de ondas de rádio vindas do buraco negro M87, que ocupariam 1.024 discos rígidos de 8 terabytes. Após dois anos de processamento desses dad0os, realizado por um software alimentado por mais de 200 cientistas, chegou-se à histórica foto, que, em termos técnicos, exibe as manifestações das ondas de rádio provenientes da atividade gravitacionais do buraco negro e dos corpos astronômicos que ele atraiu.

A sombra do invisível. 2

O Event Horizon Telescope também observou outro buraco negro, situado no coração da Via Láctea: o Sagitário A” (diz-se “a-estrela”), com diâmetro estimado em 60 milhões de quilômetros e massa de 4 milhões de sóis. Comparado ao M87, com os seus já citados 6,5 bilhões de sóis e tamanho aproximado de 40 bilhões de quilômetros de diâmetro, o Sagitário A” é – em termos astronômicos – um buraco negro “pequeno”. Por causa disso, coletar suas ondas de rádio de modo a obter definição suficiente para a formatação de uma fotografia como a que foi feita do M87 é mais complicado. “Também temos resultados de Sagitário A”, porém são mais difíceis de processar. Estamos trabalhando neles e esperamos apresentá-los em breve”, declarou Sheperd Doeleman. Portanto, em algum momento também poderemos ter o buraco negro que habita o centro da Via Láctea.

Para compreender a magnitude da proeza – cujos resultados foram publicados na revista científica Astrophysical Journal  Letters – realizada pelos astrônomos do EHT, é preciso deter-se um pouco na conformação de um buraco negro. A borda interna da parte alaranjada que é vista no retrato constitui a região conhecida como “horizonte de eventos”. É onde a matéria que acabará sendo engolida pelo buraco negro é acelerada a altíssimas velocidades pela força gravitacional do corpo celeste. No centro da imagem está o que os cientistas batizaram de “sombra de Einstein”. Ali fica também o “núcleo de singularidade”, impossível de ser visto por não emitir luz – é o buraco negro propriamente dito. Os físicos estimam que essa parte do corpo celeste tenha 40% das dimensões de sua sombra e seja tão densa que mesmo o tempo é distorcido – segundos de lá representam dezenas de anos aqui.

A sombra do invisível. 5

A ideia da existência dos buracos negros surgiu meses depois que o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) formulou a Teoria da Relatividade Geral, em 1915. Sua teoria revolucionou a física ao concluir que a maneira com que a gravidade atua só poderia ser plenamente entendida no cruzamento de domínios distintos da natureza – massa, velocidade, área etc.-, com os corpos pesados deformando o espaço à sua volta e atraindo para seu centro as coisas ao redor, tal como uma esfera de aço colocada no meio de uma rede de pesca que acaba por curvá-la. Em resumo: os buracos negros surgiram como consequência inevitável da teoria de Einstein. Com base nas equações matemáticas trabalhadas na Teoria da Relatividade Geral, o também físico alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) calculou pela primeira vez o que aconteceria se fosse possível comprimir a massa de uma estrela em um único ponto. Schwarschild chegou à conclusão de quem em uma situação assim, a gravidade seria tão intensa que nada, absolutamente nada, poderia escapar de sua atração. Dessa armadilha não se livrariam sequer as chamadas ondas-partículas de luz – foi uma pioneira conceituação do buraco negro, à época chamado por Schwarschild de “singularidade”. O termo buraco negro só seria cunhado em 1967, pelo físico americano John Archibald Wheeler (1911-2008), em palestra proferida no Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa.

Schwarzschild chegou a enviar o rascunho de seus estudos para Einstein ainda em 1915. O pai da Teoria da Relatividade Geral ficou inicialmente entusiasmado com a ideia e a apresentou à Academia Prussiana de Ciências após a morte do colega, em 1916. Entretanto, Einstein fez ressalvas às conclusões de Schwarschild, classificando os buracos como uma mera curiosidade, muito distante de uma teoria comprovável. “A singularidade de Schwarschild não existe na realidade física”, sentenciou o Nobel de Física de 1921. Para Einstein, um buraco negro implicaria a existência de algo que se desconectaria do espaço-tempo – seria capaz de rasgar aquela “rede de pesca” de que se falou antes para ilustrar a Teoria da Relatividade Geral, obrigando tudo o que existisse a cair ali, sem chance de ser resgatado. Acontece que não tardou paro os cientistas aprenderem como as estrelas vivem e morrem, e concluírem definitivamente que, de fato, era possível, ao fim da vida das maiores delas, o seu colapso resultar numa espécie de raio cósmico – o buraco negro – por onde parte da massa do universo fluiria”, disse o engenheiro brasileiro Nilton Renno, que atua na pesquisa da formação de planetas na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

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“O formato do buraco negro corresponde exatamente aos cálculos de atração gravitacional que sustentam a Teoria da Relatividade Geral”, explica Renno. Eram esses cálculos, aliás, que permitiam aos cientistas simular as representações gráficas dos buracos negros.

Se tudo o que foi observado até agora sobreo M87 é consistente com a teoria de Einstein, não se pode descartar a possibilidade de que observações mais detalhadas de novos buracos negros revelem características inesperadas desses corpos celestes – principalmente no que diz respeito a velocidade com que eles se movimentam. Isso poderia elucidar, sobretudo, uma hipótese do físico inglês Stephen Hawking (1912-2018), que há mais de quarenta anos escreveu que o universo é repleto de partículas regurgitadas por buracos negros ao mesmo tempo em que eles estão absorvendo matéria. Nesse processo, acreditava Hawking, o buraco negro perderia energia – levada pelas tais partículas – e massa, até o seu desaparecimento. As partículas seriam, então, o único testemunho do buraco negro extinto. Sobre isso, ainda pouco se sabe.

O fascínio exercido pelos buracos negros está longe de se restringir ao campo científico. No cinema, por exemplo, o conceito de distorção do tempo causada pela gravidade aparece em clássicos que nada têm a ver com buracos negros. Como O Planeta dos Macacos, do cineasta francês Pierre Boulle (1968). Nele, um astronauta passa por uma nebulosa e tem sua realidade temporal distorcida, o que o leva para um planeta onde os símios, não os humanos, prosperaram. No filme de ficção científica Interestelar (2014), do diretor inglês Christopher Nolan, faz parte da trama um buraco negro supermaciço, o monstruoso Gargantua – uma espécie de pino cósmico que roda velozmente sobre si mesmo, mas em seu horizonte de eventos é capaz de abrigar planetas que poderiam receber humanos que tentam fugir de uma terra devastada por mudanças climáticas. Para representar o buraco negro, a produção do longa contratou um dos mais respeitados físicos modernos, o americano Kip Thorne. A intenção foi criar uma história o mais plausível possível do ponto de vista científico. Assim, foi feita uma simulação realística de um buraco negro e da visão que os humanos teriam se chegassem lá. Até a divulgação da foto do M87 aquela era considerada uma das mais perfeitas representações de um buraco negro.

Para alguns pesquisadores, faz sentido dizer que, daqui a muitos bilhões ou talvez trilhões de anos, acontecerá a morte do universo tal como o conhecemos hoje – embora muito falte ainda para conhecer. A extinção do cosmo se daria especialmente pelo esgotamento de energia dos corpos que o compõem. Quando isso estiver prestes a ocorrer, as únicas fontes de energia disponíveis serão justamente aquelas provenientes das estrelas que os buracos negros tiverem atraído para si. Eis aí o vislumbre de um futuro: a civilização, se ainda existir alguma, provavelmente habitará em um dos gigantes que hoje engolem parte do espaço.

A sombra do invisível. 3

GESTÃO E CARREIRA

UMA JANELA COM VISTA

De nada adianta a empresa manter um escritório colorido se não há espaço para o diálogo. A satisfação com o trabalho vem de dentro para fora.

Uma janela com vista

É comum acompanharmos os ambientes corporativos por meio de reportagens, vídeos e fotos. Os que chamam mais a atenção são os coloridos, com frases de efeito nas paredes, cadeiras descoladas e um ar de garagem criativa. Os escritórios mais inovadores incluem até um bar com apresentações de rock’ n’roll improvisadas e, se tiverem animais de estimação, já estão quase prontos para ser estampados numa capa de revista.

Trabalhar em um ambiente descontraído e agradável é um ponto positivo no mosaico que define satisfação. Mas esse não é o aspecto central. Não podemos escorregar na ideia de que andar com um coelho no colo trará prazer profissional.

Oque define satisfação e propósito é um movimento de dentro para fora – e não o contrário. É a partir das motivações e interesses do indivíduo que se constrói a felicidade. Quando tratamos de contentamento no trabalho, o ambiente funciona como uma órbita ao redor do núcleo, que é definido pelas aspirações e motivações íntimas de cada um.

A ideia de protagonismo na carreira está na moda. Uma das ações objetivas para ser dono dela é a pessoa fazer uma reflexão permanente sobre quais são seus interesses, suas motivações e suas aspirações profissionais. E, a partir daí, abrir um diálogo com o líder e a organização em busca desses objetivos.

Do ponto de vista da companhia, mais do que investir em salas de inovação e permitir que os funcionários usem bermudas, é preciso trabalhar para mudar o modelo mental dos gestores. Ainda vivemos um primitivismo colonial quando tratamos de carreira dos empregados. Não adianta falar em avanço tecnológico e disrupção se as pessoas atuam em hierarquias ultrapassadas que não favorecem diálogos transparentes.

Uma recente pesquisa realizada pela consultoria americana Future Workplace revela que os profissionais anseiam por algo fundamental às necessidades humanas. Jeanne C. Meister descobriu, ao entrevistar 1.614 funcionários de grandes empresas globais, que estar em um ambiente com luz natural e com vista para a rua são os itens mais importantes no local de trabalho, superando benefícios tradicionais, escritórios perfumados ou mesas de sinuca.

O desafio parece estar mais na aplicação de coisas simples e que, de fato, transformam negócios. Uma janela com vista e um bom diálogo permanente sobre carreira podem funcionar muito mais do que estratégias mirabolantes para tentar buscar a satisfação dos funcionários. Na sociedade do novo milênio, investir em colaboração e desapegar-se das velhas formas de gerir pessoas são pontos fundamentais para engajar talentos e desenvolver o negócio.

 

RAFAEL SOUTO – é fundador e CEO da consultoria Produtive, de São Paulo. atua com planejamento e gestão de carreira, programas de demissão responsável e de aposentadoria.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 6-11

Pensando biblicamente

VERDADES COMUNS

 

V. 6 – Eles são assim, isto é, deveriam ser assim; e, caso se comportem com dignidade, o serão.

1. É uma honra para os pais, quando já estão velhos, deixar filhos, e ver os filhos de seus filhos crescendo, seguindo os passos de suas virtudes, e tendo a possibilidade de manter e promover a reputação de suas famílias. É uma honra para um homem viver o suficiente para ver os filhos de seus filhos (Salmos 128.6; Genesis 50.23), ver a sua casa edificada neles, e vê-los com possibilidades de servir à sua geração, de acordo com a vontade de Deus. Isto coroa e completa a sua consolação neste mundo.

2. É uma honra para os filhos terem pais sábios e tementes a Deus, e vê-los continuar assim, mesmo depois que eles mesmos envelheceram e se estabeleceram no mundo. São filhos não naturais os que consideram seus pais idosos um fardo, e pensam que eles já viveram de­ mais; ao passo que, se os filhos forem sábios e bons, será uma grande honra para eles o fato de serem consolações para seus pais, nos dias desagradáveis de sua velhice.

 

V. 7 – Duas coisas aqui são descritas como muito absurdas:

1. O fato de que homens de nenhuma reputação sejam ditadores. O que pode ser mais inconveniente para os tolos, que são conhecidos por ter pouco senso e discernimento, do que ter pretensões de algo que está acima deles, e para o que eles não foram talhados? Um tolo, nos provérbios de Salomão, significa um homem ímpio, a quem não convêm palavras excelentes, porque o seu modo de vida desmente as suas excelentes palavras. Que direito têm de recitar os estatutos de Deus as pessoas que odeiam a instrução? (Salmos 50.16). Cristo não permitiu que os espíritos impuros dissessem que sabiam que ele era o Filho de Deus. Veja Atos 16.17,18.

2. O fato de que homens de grande reputação sejam enganadores. Se não é apropriado que um homem desprezível se atreva a falar como um filósofo ou político, e ninguém lhe dê ouvidos, por preconceitos quanto ao seu caráter, muito menos apropriado é que um príncipe, um homem honrado, se aproveite da sua posição e da confiança depositada nele, e aja como hipócrita e não se incomode em infringir a sua palavra. A mentira é inapropriada a qualquer homem, porém ainda menos para um príncipe. A política moderna é tão corrupta que insinua que os príncipes não devem ser escravos de suas palavras, não além do que é de seu interesse, e Aquele que não sabe dissimular não sabe como reinar.

 

V. 8 – O desígnio desta observação é mostrar:

1. Que muitos que têm dinheiro em suas mãos pensam que podem fazer qualquer coisa com ele. Os ricos valorizam um pouco de dinheiro como se fosse uma pedra preciosa, e se valorizam com relação a ele, como se ele não lhes desse somente ornamento, mas poder, e todos tivessem que estar à sua disposição, até mesmo a própria justiça. Para onde quer que dirijam este reluzente diamante, esperam que ele ofusque os olhos de todos e faça com eles exatamente o que eles desejam que façam. Pague o alto preço, e poderá ter o que deseja.

2. Que os que têm dinheiro diante dos olhos e seus corações voltados a ele, farão qualquer coisa para consegui-lo: pedra preciosa é o presente aos olhos dos que o recebem; tem uma grande influência sobre ele, e ele se certificará de seguir pelo caminho pelo qual o suborno o conduzir, ainda que seja contrário à justiça e incoerente consigo mesmo.

 

V. 9 – Observe:

1. A maneira de preservar a paz com os parentes e amigos é aproveitar ao máximo todas as coisas, não dizer aos outros o que foi dito ou feito contra eles, quando isto não for indispensável para a sua segurança, nem prestar atenção ao que foi dito ou feito contra nós mesmos, mas desculpar todas estas coisas, e atribuir-lhes a melhor interpretação possível. Foi um descuido; por isto, ignore-o. Foi feito por negligência; por isto, negligencie. Talvez isto tenha sido um desprezo; então, também despreze isto.

2. O relembrar dos erros destrói o amor, e nada é mais propenso a separar os amigos e fazer com que divirjam do que a repetição de coisas que causaram divergência; pois normalmente não se perde nada com a repetição, mas pelo contrário, as próprias coisas são agravadas, e as paixões são revividas e exasperadas. Um dos melhores métodos de se obter a paz é por meio da anistia ou do esquecimento.

 

V. 10 – Observe:

1. Uma palavra é suficiente para o sábio. Uma repreensão amável penetrará não somente na cabeça, mas também no coração de um homem sábio, de modo a exercer uma forte influência sobre ele; pois, se apenas uma pista for dada à sua consciência, ela prosseguirá e tirará as suas próprias conclusões.

2. Açoites não são suficientes para um tolo, para fazer com que ele se dê conta dos seus erros, para que possa se arrepender deles e ter mais cautela no futuro. Aquele que é embotado e obstinado muito raramente será beneficiado pela severidade. Davi é abrandado com a expressão, “Tu és este homem”; mas o Faraó continua obstinado, mesmo sob todas as pragas do Egito.

 

V11 – Aqui estão o pecado e a punição de um homem ímpio.

1. O seu pecado. É verdadeiramente um homem ímpio aquele que busca todas as oportunidades para se rebelar contra Deus e sobre o controle que Deus estabeleceu sobre ele, e contradizer e discutir com todos os que estão à sua volta. Ele procura contendas (segundo alguns). Há alguns que agem com um espírito de oposição, que irão contradizer puramente para contradizer, que prosseguirão obstinados em seus caminhos ímpios, apesar de todas as restrições e tentativas de controle. Um homem rebelde busca o mal, observa todas as oportunidades para perturbar a paz pública.

2. A sua punição. Como ele não poderá ser recuperado por meio de métodos mansos e gentis, um mensageiro cruel se enviará contra ele, um ou outro juízo terrível, como um mensageiro de Deus. Os anjos, os mensageiros de Deus, serão empregados como ministros da sua justiça contra ele (Salmos 78.49). Satanás, o anjo da morte, será liberado sobre ele, e também os mensageiros de Satanás. O seu príncipe enviará um sargento para prendê-lo, um executor para destruí-lo. Aquele que luta contra tudo terá a espada à sua espera.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

O MOVIMENTO DO VOLUNTARIADO

Quais fatores motivam as pessoas a se voluntariar, quais os riscos em questão, e mais: o que pode sustentar esse tipo trabalho, garantindo um intercâmbio construtivo para todos e a longevidade da ação?

O movimento do Voluntariado

O movimento do voluntariado tem tido um crescimento exponencial nos últimos dez anos, nas mais variadas partes do mundo. Uma espécie de contribuição social que já é considerada fundamental em diversas situações e/ou locais onde pessoas tiveram suas vidas atingidas por catástrofes ou vivem em regiões com índices de desenvolvimento humano absolutamente precários. Além disso, as pessoas que se envolvem com tais ações referem um ganho muito particular, especialmente em termos pessoais: um aprendizado que não imaginavam ter em outros contextos de sua própria vida.

Podemos dizer que o voluntariado já é um dispositivo social com características e atribuições muito próprias. Temos organizações da sociedade civil que discutem e planejam ações, mobilizam e lideram grupos e fazem parcerias em diversos setores, buscando fomentar o movimento e suas realizações. Uma importante evidência do lugar que ocupam tais ações solidárias, em especial no Brasil, é a existência, há mais de uma década, de uma legislação que regulamenta as relações de trabalho voluntário.

Na amplitude que é o movimento do voluntariado, proponho analisar um recorte específico: as ações voluntárias nas quais há uma relação direta entre dois seres humanos, tais como são realizadas em hospitais, creches, abrigos, asilos, trabalhos com jovens, entre outros. Nesses casos, a pessoa se vê em condições de auxiliar a outra por meio de apoio, orientação e cuidados, considerando que estarão em contato com certa regularidade para esse propósito.

BAIXA FIDELIZAÇÃO

O que frequentemente se observa nesse modelo de voluntariado é que, inicialmente, os interessados mostram um desejo muito grande de ajudar, de participar, de contribuir com alguém que precisa de apoio. Porém, ao longo do processo, é muito comum o abandono precoce da ação: um dos maiores problemas referidos pelos gestores de ações voluntárias desse tipo é a baixa fidelização dos participantes.

Com a bússola do conhecimento psicanalítico, podemos articular algumas ideias a respeito dessa baixa fidelização e propor possíveis alternativas para essa questão.

Inicialmente os voluntários mostram um desejo muito grande de ajudar, de participar, de contribuir com alguém que precisa de apoio.

Nesse tipo de ações de voluntariado, quando há esse encontro humano a que me referi, estarão sempre em jogo pelo menos duas pessoas que irão se envolver diretamente e, com isso, construir um vínculo pelo qual circularão, então, desejos, ideais, sentimentos hostis e amorosos. São pessoas cuja aproximação ocorre pela oferta de ajuda de um lado e a carência de outro, atuando num contexto que não implica remuneração, em termos de pagamento (salário, honorários etc.), embora muitas vezes exista um trabalho profissional realizado por um médico, um psicólogo, um advogado, por exemplo, atendendo gratuitamente.

Até aqui, já fica claro, que merece ser analisado o fator que motiva essas pessoas a essa ação, quais os riscos em questão, e mais: o que pode sustentar esse tipo de trabalho, garantindo um intercâmbio construtivo para todos e a longevidade da ação.

POR QUAL RECOMPENSA?

Jean Rhodes, psicóloga americana, pesquisadora de Programas de Mentoring nos EUA, coordenou uma investigação relatada em seu livro Stand by me: the risks and rewards of mentoring today’s youth (2002, p. 57), na qual foi verificado que metade de todas as relações com mentores voluntários se dissolve dentro de poucos meses. Dentre as razões identificadas para esse rompimento estão o medo de fracassar e a percepção de pouco esforço por parte de quem recebe a ação, no projeto.

Essa mesma autora afirma que a sobrevivência do relacionamento depende largamente das recompensas (isto é, o mentor receber respostas que indiquem que as suas ações estão produzindo mudanças no jovem). No início do trabalho, quando tais recompensas são baixas: “[…] eles acabam se dando conta de que o investimento pessoal necessário para trabalhar com adolescentes, por exemplo [de condições desfavorecidas] ultrapassa as suas previsões, particularmente se o envolvimento está o distanciando dos compromissos familiares e do trabalho”.

O movimento do Voluntariado. 2

ALTERIDADE

Em Psicanálise, esse termo é muito útil para compreendermos a diferenciação fundamental entre o eu e o outro além da possibilidade de levar o outro em consideração e, portanto, ter empatia, interesse e disponibilidade para cuidar.

A Psicanálise é o saber mais consistente construído no último século para entender o funcionamento psíquico e as relações entre os seres humanos, seus desejos, angústias. Se nos ajuda a entender como nosso psiquismo se constitui e o que está em jogo na nossa relação com outros seres humanos, ela é fundamental para entender as motivações que levam uma pessoa a querer cuidar de outra, geralmente em situações de vulnerabilidade, e em ambientes tão distantes dela. Freud nos diz que um dos maiores problemas com os quais temos que lidar é nossa relação com outros seres humanos. Sendo assim, é curioso pensar nessa motivação para cuidar de quem tem tantos problemas. Podemos imaginar o quanto se torna complexa essa relação. É intrigante entender as motivações inconscientes que levam a isso.

O movimento do Voluntariado. 3

FAZER O BEM… A QUEM?

É muito frequente que as pessoas sejam movidas para o voluntariado por um desejo de reparar experiências malogradas de sua própria vida, de preencher faltas, de projetar no outro também todo o sofrimento e assim se sentir, digamos, purificado desse mal. Se olho o outro como estando numa situação de tanta penúria, isso me faz ver a minha vida mais leve, mais fácil, algo como: “Coitado do outro: ficou com toda a desgraça humana!!!”. É impressionante isso, mas não é incomum esse tipo de atitude diante de uma população beneficiária, pessoas que dizem: “Quando estou aqui nesse abrigo, vejo tanto sofrimento que volto para casa achando minha vida uma maravilha!”. Parece que quem está “fazendo o bem” para esse sujeito é a tal criança do abrigo, que lhe “faz o favor” de assumir “toda” a desgraça do mundo em sua vida e, assim, aliviar o sofrimento do voluntário (inerente à vida de todos nós).

O que a Psicanálise também nos ajuda a pensar é que o voluntário espera ser investido afetivamente por parte daquela pessoa a quem oferece a sua ajuda, ser amado e reconhecido por sua dedicação, e, se isso não ocorre ou demora a ser demonstrado, a tendência é emergirem sentimentos hostis em relação àquela pessoa, num movimento psíquico defensivo (por exemplo, um voluntário, diante da suposta indiferença de um jovem a quem se põe a orientar, passa a se referir a ele como alguém pouco comprometido e irresponsável, esquecendo que sua função era justamente cuidar de alguém que atravessa um período crítico na vida e, portanto, pensar formas de lidar com essa pessoa e ajudá-la).

O movimento do Voluntariado. 4

NARCISISMO IMPERATIVO

São casos em que fica evidente o predomínio do autocentramento e o desejo de exaltação e enaltecimento de si mesmo sem limites, onde o “eu” se apresenta como onipotente e majestoso. Não é a pessoa que recebe a ação de cuidados, em sua alteridade reconhecida e aceita, a quem são lançadas as atenções e os investimentos afetivos, e sim o próprio voluntário cuidador (a si mesmo, portanto), que busca o reencontro com amores e gratidões maternas (ou seja, o reencontro com essa experiência infantil, que permanece como uma espécie de memória inconsciente), agora, na relação com o jovem. É um movimento nada incomum nos nossos dias, em que o narcisismo é imperativo e o espetáculo é a via em que se busca o engrandecimento do eu e a admiração por parte do mundo.

Joel Birman, psicanalista brasileiro muito interessado nas questões do mundo contemporâneo, afirma que: “A autoexaltação desmesurada da individualidade no mundo do espetacular fosforescente implica a crescente volatilização da solidariedade. Enquanto valor, esta se encontra assustadoramente em baixa”. Segundo este autor, a solidariedade seria própria das relações inter-humanas fundamentadas na alteridade, o que implica em que o sujeito reconheça o outro na diferença e não apenas alguém em quem se projete a si mesmo, seu modo de existir, seus ideais.

Na verdade, a chave para decifrar esse abandono precoce da ação está no funcionamento inconsciente, seus conflitos e ambiguidades. Escutar psicanaliticamente esses voluntários, levantando questões e fazendo apontamentos, pode levar a caminhos com possíveis efeitos terapêuticos, porque pode facilitar a circulação das palavras e promover redes de significação que levem a ampliar a percepção de si mesmo. Dessa forma, temos como desfechos possíveis o voluntário podendo encontrar um novo jeito de participar da vida do sujeito que recebe seus cuidados, criando um estilo de ajuda em que o outro seja genuinamente considerado ou podendo reconhecer seus limites, pelo menos no momento, para aquela ação ou, honestamente, admitir que não quer relacionar-se com aquela pessoa. Outros desenlaces, ainda, poderiam ser pensados. O que interessa é que sejam reflexos de uma percepção mais ampliada do seu mundo interno e de um encontro mais verdadeiro com o seu desejo, dando expressão ao eixo alteritário do sujeito.

PROBLEMAS MAL RESOLVIDOS

Outra questão que se coloca a respeito do voluntariado é que as pessoas que se envolvem com essa ação estão, como a maioria dos seres humanos, preocupadas com seus próprios problemas psíquicos, mal ou insuficientemente resolvidos. O encontro com o outro que revela possuir algum tipo de fragilidade mobilizarão intensamente, tal como ocorre com um terapeuta ou um médico, por exemplo. Como propõe Enriquez, não podendo tratar os seus próprios conflitos, o risco que corre e que faz com que o beneficiário da ação também corra é de se apresentar como referência absoluta, inquestionável, que não suporta senão a reprodução de sua própria imagem (de sua opinião etc.) ou ainda de provocar um conflito afetivo na pessoa atendida, neutralizando suas potencialidades, seus interesses e desejos.

O movimento do Voluntariado. 5

DESAMPARO PRIMORDIAL

Todo humano nasce em uma condição de pré- maturidade: como não sobrevive sozinho, portanto está em desamparo. Essa experiência deixa marcas no inconsciente de todos nós. A cada situação de desamparo que vivemos ao longo da vida, há uma espécie de reconexão com essa experiência primordial.

A pessoa que recebe os cuidados, por sua vez, pode se deixar seduzir por essa figura que se mostra tão potente, talvez numa ilusão de salvamento, aceitando o lugar de objeto do desejo do outro (o voluntário).

Observamos que como a ação solidária é comunicada aos beneficiários faz toda a diferença em como irão responder a elas. Aqueles que o recebem como uma caridade, algo de alguém que tem mais para quem é carente, estão mais vulneráveis a serem invadidos pelos ideais desse voluntário, que pouco está atento à singularidade do sujeito que está diante de si. que, embora vivam também dentro de uma imensa carência, mas têm a oportunidade de serem reconhecidos como sujeitos, sendo ouvidos, sendo autorizados a expressar seus desejos, sentindo-se respeitados como cidadãos, podem se beneficiar muito da ação dos voluntários que se empenham no desenvolvimento daquele grupo.

O altruísmo é fundamental para a vida em sociedade, porém, isso é algo que precisa ser desenvolvido, o que só pode ocorrer num grande trabalho de autoconhecimento e reflexão.

É possível traçar um paralelo entre o trabalho do voluntário que se põe a cuidar de pessoas com o trabalho do psicanalista, guardada as devidas proporções, evidentemente. O fato é que ambos se põem a lidar com o sofrimento alheio. Como psicanalistas temos como tripé fundamental em nossa formação, o estudo da teoria, a supervisão com um psicanalista mais experiente e um longo período de análise pessoal. Só assim nos vemos em condição de exercer esse ofício.

As pessoas que se põe a cuidar de outras em programas de voluntariado precisam também de um mínimo de formação – o que envolve não só treinamentos, informação, mas espaços de reflexão, onde poderia se produzir um pouco de autoconhecimento e reflexão sobre a prática e assim ser possível a construção de programas de voluntariado mais efetivos.

Como diz a psicanalista Lisabel Khan em sua apresentação sobre o meu livro Voluntariado: uma dimensão ética: “Fazer um trabalho social, ajudar o próximo, só é possível se forem garantidas condições de reflexão, a supervisão [como conhecemos em Psicanálise], para que haja suporte a alteridade, aos estranhamentos, à potência criada em cada encontro. Só assim o outro – beneficiado – não estará a serviço do narcisismo do benfeitor, cativo de sua demanda de amor, de sua proteção, da ‘boa vontade’. Um encontro que não se sustenta apenas na compaixão e que permite ao sujeito assistido se afirmar em seu lugar social, a partir de suas competências, resgatando aquilo que lhe é de direito.”

O movimento do Voluntariado. 6

MOTIVAÇÕES EGOÍSTAS OU ALTRUÍSTAS?

Parece que há que se ter uma especial atenção aos trabalhos dos voluntários que se propõe a uma ação cuidadora diretamente com outro ser humano, isto porque as motivações inconscientes podem tanto indicar um genuíno interesse em contribuir com o outro (e nesse caso é preciso deslocar-se do autocentramento), como podem apontar para o uso do outro para atender às suas próprias questões psíquicas mal ou insuficientemente resolvidas. Nesse último caso, está claro que a ação voluntária, teoricamente tão benevolente, não teria praticamente nada de útil para quem a recebe. Enfim, eis o grande desafio para o voluntário em sua função cuidadora: abrir mão de uma suposta onipotência, assim como de amarras narcísicas, além de suportar fazer face ao desamparo que irá confrontá-lo na realidade daquela relação, o que remeterá irremediavelmente ao seu desamparo primordial, doloroso de ser reeditado. Um esforço psíquico nada simples de ser realizado e, considerando que, via de regra, os voluntários são pessoas que não possuem eles próprios uma experiência de análise pessoal, estamos falando de vivências que se encontram no fio da navalha.

 

 

 

OUTROS OLHARES

HABILIDADE MATEMÁTICA PODE SER SINAL DE SUCESSO NO FUTURO

 

Habilidade matemática pode ser sinal de sucesso no futuro

No início da década de 70, pesquisadores identificaram grande amostragem de adolescentes americanos de 13 anos excepcionalmente talentosos em matemática, classificando-se no 1% superior das pontuações em raciocínio matemático em testes de aptidão escolar, SAT. Agora, pouco mais de 40 anos depois, essas “crianças prodígio” estão ativas na carreira profissional e realizaram ainda mais que o esperado. A conclusão veio dos dados recentemente compilados de uma pesquisa de acompanhamento. Pesquisadores da Universidade Peabody College Vanderbilt, em Nashville, no Tennessee, publicaram a atualização na edição há poucos meses no periódico especializado Psychologícal Scíence e escreveram: “Tanto para homens como para mulheres a precocidade matemática em tenra idade parece ser um prognóstico de contribuições criativas e liderança em papéis ocupacionais críticos mais tarde na vida.”

Habilidade matemática pode ser sinal de sucesso no futuro. 2

GESTÃO E CARREIRA

DEVAGAR SE VAI AO LONGE

Estabelecer objetivos de curto prazo é essencial para chegar às grandes conquistas. Aprenda como fazer isso e tire, finalmente, suas resoluções de ano-novo do papel.

Devagar se vai ao longe

É inevitável. A cada ano que começa estabelecemos metas para os meses seguintes. Afinal, essa época simboliza a chance de recomeçar. “Na tradição judaico-cristã, o final de cada ano marca o fim de um ciclo e o renascimento de outro”, afirma Hélio Deliberador, professor de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. No entanto, o que também se renova é a sensação de não termos dado conta de cumprir os objetivos. Um levantamento da Sociedade Latino Americana de Coaching mostra que menos de 8% dos brasileiros cumprem as resoluções de ano-novo. Mas isso pode ter a ver com a forma como fazemos nossa lista de desejos do que com a   capacidade de leva-la à cabo.

“Existe a fantasia de que é preciso sonhar grande – porque sonhar pequeno dá o mesmo trabalho”, diz Luiz Gaziri, consultor e professor na FAE Business School e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Segundo ele, esse é um dos motivos pelos quais costumamos fracassar em nossas resoluções. Isso porque metas grandiosas podem causar um efeito adverso, como revela um estudo feito por Gabriele Oettingen, professora e psicóloga alemã. A pesquisadora dividiu uma turma de alunos entre aqueles que tinham alta expectativa de arranjar um emprego logo após a faculdade e os que imaginavam que iriam demorar mais para conquistar esse objetivo. Ela descobriu que, quanto maior a expectativa, menos chances eles tinham de estar empregados e, ainda quando empregados, tinham salários menores em relação ao outro grupo.

QUANTO MAIS PERTO, MELHOR

A ideia não é contentar-se com pouco. Ao contrário. O importante é traçar os objetivos de forma a aumentar as chances de cumpri-los. Um estudo dos anos 1920/30, feito pelo psicólogo americano Clark Hull pode ajudar nessa tarefa. Em seu experimento com ratos de laboratório, o cientista percebeu que, quando colocados em um labirinto, os ratinhos tendiam a correr mais quando percebiam que estavam próximos da saída. Ele fez o teste em diversas situações e viu que o comportamento se repetia: animais que ficavam presos próximos à comida, por exemplo, tendiam a se esforçar mais para alcançá-la do que aqueles que eram colocados longe do alimento. Isso levou Clark a conceber a teoria do “gradiente de metas”. “Ela descreve um cenário em que, quanto mais perto do alvo nós estamos, maior o esforço que iremos despender para atingi­ lo”, diz Enzo Bissoli, professor de psicologia comportamental da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

É o que acontece quando maratonistas, já cansados de uma longa corrida, dão aquela acelerada ao ver a linha de chegada. Sentir que estamos perto do sucesso nos convence a nos dedicar para chegar lá. “Nossa capacidade de enxergar os benefícios de longo prazo é limitada”, diz Thaís Gameiro, neurocientista e sócia da Nêmesis, que faz assessoria na área de neurociência organizacional. “Somos sensíveis a respostas imediatas, mais tangíveis.” Ou seja, quando o benefício de uma ação está muito no futuro, é fácil perder o foco e se distrair com outras recompensas próximas, com o simples prazer de assistir a uma série.

Para Rodrigo Lopes, de 32 anos, cofundador e CEO da Docket, startup que automatiza a gestão de documentos, é importante fatiar as ações para conquistar o objetivo final. Ele fez isso quando um amigo o convidou para abrir a empresa, época em que Rodrigo ainda trabalhava em uma companhia de comércio eletrônico. ”É preciso separar o sonho da meta. Dividimos as tarefas e acompanhamos o andamento de cada uma. Assim dá para medir os resultados”, diz. Isso o ajuda a se dedicar e a se motivar. “Minha energia é limitada, e preciso usá-la ele acordo com minhas prioridades.”

VALE A PENA?

Em princípio, aquilo que buscamos ainda não existe – é só uma ideia vaga de algo que desejamos. “Estipulamos metas sem pensar de onde vieram, como foram construídas”, diz Enzo. “Elas deveriam ser o produto final de pensar na sua relação com o mundo, consigo mesmo e em suas necessidades.” Não é qualquer objetivo que merece seu esforço. Responda de forma sincera quais são as expectativas por trás de cada item e o que ele representa em sua vida. Não raro, nos comprometemos com objetivos que não são importantes para nós, mas que pensamos que devemos ter ou aparentar. “O indivíduo precisa ver se vale apena. Não pode ser só questão de dinheiro”, diz Emerson Weslei Dias, coach e consultor de carreira. Com uma noção mais clara de como os desejos têm relação com nossos valores e com nossa história, aumenta a flexibilidade para adequá-los conforme o momento de vida.

Uma dose de realismo é sempre bem-vinda. Não são todos os fatores que estão sob nosso controle – os outros e o ambiente interferem na capacidade e disponibilidade para cumprir os planos. “É essencial pensar no impacto dessas metas no seu dia a dia, no tempo que você tem, na família, nas amizades”, diz Enzo. Imprevistos podem fazer com que nossas prioridades ou condições mudem. Levar tudo isso em conta é importante para poder ajustá-las. Ao pensar que quer crescer na carreira, avalie o que isso quer dizer para você. Ser promovido? Mudar de empresa ou de área? Conseguir mais reconhecimento do chefe? O prazo de cada passo também depende da natureza do objetivo. “Existem coisas que, se você encarar como metas diárias, vai se frustrar, porque se vê pouco resultado nesse tempo”, diz Emerson. Mesmo com objetivos curtos, os prazos precisam fazer sentido. É como se cada um fosse um degrau a mais no caminho para o resultado final.

SEM QUEIMAR ETAPAS

Foi assim para Cristian Arriagada Bondezani, gerente de marketing e vendas da divisão de Limpeza Doméstica na 3M, em Sumaré, em São Paulo. Em 2008, quando já completava quase dez anos na companhia, ele parou para pensar sobre sua carreira e definiu que seu objetivo era virar gerente de uma conta. “Mas eu sabia que havia coisas que eu não dominava e não sabia como eram”, diz. Era preciso se preparar. Para isso, estabeleceu que visitaria pelo menos um varejista diferente por semana. A ideia era familiarizar-se com o negócio e com o que seria demandado dele como gerente de contas. Deu certo. Cristian foi promovido no ano seguinte e, em 2011, até ganhou um prêmio de melhor vendedor da rede. Ele usa o método até hoje. A cada semana, conversa com o time para estabelecer os objetivos que ajudarão a atingir as metas definidas pela empresa. “Uma grande vantagem é corrigir erros e falhas já quando acontecem, em vez de esperar três meses para se dar conta e tentar fazer algo a respeito”, afirma.

O exercício de rever metas deve ser constante, assim estamos sempre em contato com o que buscamos. “Precisamos de feedback para ajustar nosso comportamento e tomada de decisão”, diz Thaís, da Nêmesis. “Sem isso, o cérebro fica perdido e acaba tomando atitudes mais impulsivas. “A forma como isso pode ser feito depende do gosto de cada um. Se Cristian, por exemplo, gosta de anotar tudo em post-its que ficam num quadro branco, Rodrigo prefere visualizar seu desempenho em folhas de papel. O importante é achar uma ferramenta que funcione para o seu dia a dia.

Devagar se vai ao longe. 2

LINHA DE CHEGADA

Conheça estratégias que ajudam você a conquistar seus objetivos

SEJA ESPECÍFICO

Descreva exatamente o que quer fazer. Metas focadas têm mais chances de ser cumpridas, mesmo quando são mais difíceis d0 que metas mais fáceis, porém vagas.

CUIDADO COM O OTIMISMO EXAGERADO

Imaginar grandes conquistas pode levar à frustração. A ideia, afinal, é pensar em resultados que possam ser concretizados em menos tempo, mas que ajudem a chegar mais longe.

LEVE EM CONTA SUAS EMOÇÕES.

É natural que nosso humor varie e que em certos dias não tenhamos motivação. Preveja esses descompassos e procure alternativas, como reservar um dia de folga para quando necessário.

 PENSE NAS CONTRADIÇÕES

Às vezes, uma meta entra em conflito com outras, seja porque vem de valores diferentes, seja porque demanda muito tempo e energia. analise como seus objetivos se relacionam entre si e verifique se um atrapalha o outro. De vez em quando, é preciso abrir mão de algo.

Devagar se vai ao longe. 3 ANO-NOVO, VIDA NOVA?

Os 15 principais desejos dos brasileiros para 2019 de acordo com o aplicativo 7waves, usado para gerenciar metas:

1 – Guardar dinheiro

2 – Aprender algo novo

3 – Praticar esporte

4 – Quitar débitos

5 – Ter alimentação saudável

6 – Trocar de emprego

7 – Empreender

8 – Ser fluente em inglês

9 – Viajar nas férias

10 – Comprar casa própria

11 – Subir de cargo

12 – Comprar carro

13 – Emagrecer

14 – Comprar celular

15 – Ser aprovado em concurso público

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 17: 1 – 5

Pensando biblicamente

A FALSIDADE E A OPRESSÃO SÃO REPROVADAS

 

V1 – Estas palavras recomendam o amor familiar e a paz, corno conduzindo para a consolação da vida humana.

1. Os que vivem em união e tranquilidade, não somente livres de ciúmes e animosidades, mas competindo em atos mútuos de ternura e gentileza uns para com os outros, vivem de maneira muito confortável, ainda que sejam humilde s no mundo, trabalhem arduamente e ganhem pouco, ainda que tenham apenas um pouco de comida para cada um, um bocado seco. Pode haver paz e quietude onde não há três refeições por dia, desde que haja uma satisfação comum na providência de Deus e uma mútua satisfação na prudência, uns dos outros. O santo amor pode ser encontrado em uma cabana.

2. Os que vivem em contendas, que estão sempre vociferando e discutindo, e criticando, uns aos outros, ainda que tenham abundância de manjares, uma casa cheia de sacrifícios, vivem desconfortavelmente; eles não podem esperar a bênção de Deus sobre eles e sobre o que têm, nem podem ter qualquer verdadeiro prazer em suas realizações, e muito menos paz em suas próprias consciências. O amor dará um doce sabor a um bocado seco, mas a contenda tornará amarga uma casa cheia de sacrifícios. Um pouco da levedura da maldade azeda todos os prazeres.

 

V. 2 – Observe:

1. O verdadeiro merecimento não se baseia na dignidade. Todos concordam que, na família, o filho é mais louvável do que o servo (João 8.35), porém, às vezes, acontece que o servo é sábio, e é uma bênção e uma honra para a família, quando o filho é um tolo, e um fardo e uma vergonha para a família. O damasceno Eliezer; embora Abrão não pudesse suportar a ideia de que ele fosse seu herdeiro, foi um esteio para a família, quando obteve uma esposa para Isaque, ao passo que Ismael, um filho, foi uma vergonha para a família, quando escarneceu de Isaque.

2. A verdadeira dignidade se baseia no merecimento. Se um servo for sábio, e administrar bem as coisas, merecerá ainda mais confiança. e não somente governará com o filho, mas governará acima de um filho que causa vergonha; pois Deus e a natureza designaram que o tolo seja servo do sábio de coração. Na verdade, um servo prudente pode, talvez. vir a achar tal graça aos olhos de seu senhor, a ponto de ser aceito para receber uma quota dos bens, como um filho, e ter parte da herança, como os irmãos.

 

V. 3 – Observe:

1. Os corações dos filhos dos homens estão sujeitos, não somente aos olhos de Deus, mas ao seu juízo; O crisol é para a prata, tanto para testá-la como para aprimorá-la; mas o Senhor prova os corações; Ele sonda para ver se estão bem ou não. e estes são os que Ele refina e purifica (Jeremias 17.10). Deus prova os corações pela aflição (Salmos 66.10.11), e frequentemente escolhe o seu povo naquela fornalha (Isaias 48.10); Ele sabe como purificá-los da melhor maneira possível.

2. É somente Deus que prova os corações. Os homens podem provar sua prata e seu ouro, com o crisol e a fornalha, mas eles não têm como provar os corações. uns dos outros; somente Deus faz isto, Deus, que é, ao mesmo tempo, o que sonda o coração e o seu soberano.

 

V4 – Observe:

1. Os que têm desígnios de fazer o mal se sustentam com falsidades e mentiras: o malfazejo atenta, com grande prazer, para o lábio iníquo, que o justificará no mal que ele praticar, como aqueles que desejam promover desordens públicas, que esperam ambiciosa­ mente as calúnias e as mentiras, que difamam o governo e a administração.

2. Os que tomam a liberdade de dizer mentiras têm prazer em ouvir mentiras: “O mentiroso inclina os ouvidos para a língua maligna”, para que possa ter algo onde enxertar suas mentiras, e com que dar-lhes algum aspecto de verdade, fundamentando-as. Os pecadores fortalecerão as mãos, uns dos outros. Aqueles que têm prazer em conhecer os iníquos, e que precisam do auxílio deles, demonstram que são realmente ímpios.

 

V. 5 – Veja aqui:

1. O grande pecado de que são culpados os que humilham os pobres, que ridicularizam suas necessidades e a simplicidade de seu modo de viver, que os censuram por sua pobreza, e se aproveitam de suas fraquezas para maltratá-los e ofendê-los. Eles insultam o seu Criador, e o desprezam e afrontam, a Ele, que designou os pobres à condição em que se encontram, e os reconhece, e toma conta deles, e pode, quando assim o desejar, reduzir qualquer pessoa a esta condição. Que aqueles que assim insultam o seu Criador saibam que terão que responder por isto (Mateus 25.40, 41; Provérbios 14.31).

2. O grande perigo que correm, de cair em dificuldades, os que se alegram por ver e ouvir os problemas dos outros: que aquele que se alegra com as calamidades – para que possa ser edificado sobre as ruínas dos outros e se satisfaça com os juízos de Deus, quando forem liberados – saiba que não ficará impune; o cálice será posto na sua mão (Ezequiel 25.6,7).

PSICOLOGIA ANALÍTICA

LUGAR DE CRIANÇA É EM FAMÍLIA

A separação crônica da mãe deixa várias marcas no cérebro, modificações que levam a problemas cognitivos, ansiedade crônica e hiper-reatividade a estresses na vida adulta.

Lugar de criança é em família

Mãe é aquela pessoa de quem a gente espera sempre o melhor: colo, carinho, conforto, segurança. O que fazer, então, com uma criança ativamente maltratada pela mãe, ou sem mãe, pai ou família para abrigá-la? Transferir seu cuidado a instituições tem sido a norma – mas o que o cérebro da criança precisa para se desenvolver normalmente é de uma família, ainda que não a sua.

Um estudo recente comparou crianças romenas de 8 anos de idade, institucionalizadas quando tinham entre 6 e 31 meses de idade e adotadas ou não aos 2 anos, com outras crianças também romenas nunca institucionalizadas. Se a adoção pareceu rápida o suficiente…em termos de desenvolvimento cerebral, pouco pareceu importar. O estudo mostrou um volume da substância cinzenta cortical, onde ficam os corpos dos neurônios, cerca de 10% menor nas crianças que foram institucionalizadas no começo da vida, não importa se depois adotadas ou não, em comparação com crianças criadas por suas próprias famílias desde o começo.

Uma redução semelhante acontece na substância branca cortical das crianças institucionalizadas – aquele conjunto de feixes que interligam zonas diferentes do córtex e fazem o cérebro funcionar como um todo integrado. O amadurecimento funcional do córtex cerebral, portanto, fica para trás nas crianças institucionalizadas, mesmo que adotadas. Somem-se a isso outras evidências, como a taxa elevada de transtornos de ansiedade na vida adulta, e constata-se que a institucionalização deve ser apenas um último recurso.

Os resultados do estudo, contudo, dão margem a uma interpretação errada: de que adotar também não adianta. Adianta, sim – e a mensagem é justamente que crianças órfãs ou abandonadas precisam ser adotadas imediatamente, mesmo que por famílias temporárias, de preferência uma que saberá lhes dar carinho e atenção. A evidência mais impactante vem de… bebês ratos, que são facilmente “institucionalizáveis” em laboratório, recebendo contato com ratas-mães apenas para se alimentarem – ou sendo entregues aos cuidados de ratas­ mães adotivas.

A diferença entre o cuidado apenas burocrático e a adoção por uma mãe carinhosa ou, ao contrário, por uma mãe ausente, é evidente até mesmo com os ratos. A separação crônica da mãe deixa várias marcas no cérebro, modificações que levam a problemas cognitivos, ansiedade crônica e hiper-reatividade a estresses na vida adulta. Mães adotivas tão pouco presentes e atenciosas quanto uma cuidadora institucional ajudam um pouco, mas não muito (embora, para o cérebro, qualquer mãe seja melhor do que nenhuma mãe- mas isso é outro assunto).

Em comparação, ser criado por uma mãe-rata adotiva carinhosa, que vive recolhendo sua cria para deitar em cima dela e lamber seus filhotes, é tudo de bom para esses bichinhos e seus cérebros. E mais: ratinhas criadas por mães carinhosas, adotivas ou não, mesmo se filhas biológicas de mães que as desprezaram, se tornam adultas com bem menos problemas de ansiedade – e, quando chega sua vez, mães também carinhosas. Dar carinho ao seu filhote adotado, portanto, é investir desde já no bem-estar dos seus netos.

Por fim, pais, não se sintam excluídos. Estudos com ratos são necessariamente feitos com as mães porque os ratos pais… não dão a mínima para os filhotes. Mas vocês, homens, são diferentes: podem escolher fazer a diferença para seus filhos, biológicos ou adotivos, dando-lhes muito carinho e atenção…

 

SUZANA HERCULANO-HOVZEL – é neurocientista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autora do livro Pílulas de neurociência para uma vida melhor (Sextante, 2009).

OUTROS OLHARES

“É APENAS O COMEÇO”

Depois do decreto das armas, que terá impacto irrisório no nível alarmante de violência no país, Bolsonaro anuncia que o próximo passo é permitir o porte.

É apenas o começo

Jair Bolsonaro estava exultante na terça-feira 15/01, quando se dirigiu ao púlpito montado no 2º andar do Palácio do Planalto. O microfone falhou três vezes até que ele conseguisse pronunciar a frase de efeito que ensaiara. “Para lhes garantir o legítimo direito à defesa, eu, como presidente, vou usar esta arma aqui”, disse, sacando uma caneta Bic do bolso, com a qual assinou o decreto que facilita a posse de armas no Brasil. Pouco depois, numa evidência de que a operação de marketing estava previamente montada, o Palácio do Planalto divulgou um vídeo promocional que mostrava a caneta como a arma que deu aos “cidadãos de bem” o direito que lhes era sonegado.

A expectativa de aplausos pelo primeiro passo no cumprimento de um ponto programático da campanha de Bolsonaro, no entanto, não se realizou. O presidente foi criticado pelos que se opõem à liberação de armas, o que era previsível – mas também pelos próprios armamentistas, que consideraram o decreto suave demais. As alterações que a prosaica caneta do presidente fez em um decreto anterior, de 2004, são substantivas: na prática, a liberação da posse àqueles que vivem em estados com taxa de homicídios superior a 10 para cada 100.000 habitantes incluiu todo mundo, os 26 estados e o Distrito Federal. A licença ainda é um processo burocrático demorado – e muito caro. Este, porém, pode ser apenas o começo. O governo espera que seus aliados no Congresso levem a pauta armamentista adiante – e no horizonte está o direito não só à posse (ter uma arma em casa), mas ao porte (carregá-la na rua).

Uma pesquisa do Datafolha feita em 18 e 19 de dezembro mostrou que, mesmo entre os eleitores de Bolsonaro, só uma minoria de 31% é a favor da flexibilização das regras para a posse de arma. Mas é uma pauta que agrada aos seguidores mais aguerridos do presidente, aqueles que estão sempre eletrizados nas redes sociais. “Esse é apenas o primeiro passo”, anunciou o presidente no Twitter, para acalmar os que julgaram o decreto excessivamente tímido. Os passos seguintes serão dados no Legislativo. Parlamentares da chamada “bancada da bala” preparam um pacote de medidas que prevê direito ao porte, redução de tributos sobre armamentos e munições, anistia a donos de armas sem registro, diminuição da idade mínima de compradores de armas de 25 para 21 anos e abertura do mercado para empresas estrangeiras. Rogério Peninha Mendonça (MDB-SC), aliado do presidente, é o autor do projeto de lei que prevê a revogação do Estatuto do Desarmamento. O texto já foi aprovado em todas as comissões da Câmara e só precisa da boa vontade do presidente da Casa para entrar em votação. Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reeleito para o cargo com o apoio do PSL, sabe que sofrerá pressões para resolver a questão. “No passado, nós penávamos para fatiar os projetos e tentar pelo menos aprovar o porte rural – e nem isso foi possível. Agora, o cenário mudou. Vamos fazer cabelo, barba e bigode”, celebra o líder da Frente Parlamentar de Segurança, Capitão Augusto (PR-SP).

Para ser aprovado, o projeto de lei precisa de maioria simples – metade mais um do plenário da Câmara e do Senado. Nos cálculos da consultoria Arko Advice, a base de apoio de Bolsonaro, formada basicamente pela bancada BBB (da bala, do boi e da Bíblia), conta com cerca de 250 parlamentares. Mas a tarefa não será tão simples. Primeiro, porque a prioridade máxima do governo é a reforma da Previdência, que deve render desgaste. Segundo, porque a opinião pública não é majoritariamente favorável. Terceiro, porque o porte não é consenso nem entre os aliados –   parte da bancada evangélica é contra e o ministro da Justiça, Sergio Moro, já disse que não há “nenhum movimento” em sua pasta nesse sentido. “Uma coisa é falar de posse, que está restrita à casa. Outra coisa é o porte, que atinge o coletivo e invade a liberdade dos outros”, diz Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, entidade que analisa a segurança pública, sediada no Rio de Janeiro.

Especialistas ouvidos consideram o decreto de Bolsonaro positivo em um sentido: definiu critérios mais objetivos para autorizar a posse de arma. Antes, a concessão da licença dependia só da decisão subjetiva de um delegado da Polícia Federal. Mas a ampliação da validade do registro de cinco para dez anos é problemática, pois enfraquece a fiscalização sobre as armas. “Muita coisa pode acontecer em dez anos. Pode-se responder a um processo, cometer um crime, ter a arma roubada”, diz Melina Risso, doutora em administração e governo pela FGV.

O direito a ter uma arma de fogo em casa pode ser defendido pelo princípio abstrato da liberdade individual. Mas é um equívoco sugerir, como Bolsonaro tem feito em entrevistas, que a medida trará melhoria efetiva à calamitosa segurança pública do Brasil país que tem batido a marca de mais de 60.000 homicídios por ano. Armas legais nem sempre são usadas para fins legais – metade das mulheres assassinadas pelo parceiro em 2016 foi vítima de armas de fogo. Com frequência, a arma registrada cai na mão de bandidos – 70% do armamento apreendido com criminosos na Região Sudeste em 2014 era de fabricação nacional e de comercialização permitida.

A posse da arma em casa também não protege o proprietário nos casos mais comuns de crime: em São Paulo, o estado mais populoso da federação, dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que apenas 2,5%dos roubos foram feitos em residências e 5,9% em estabelecimentos comerciais –   o restante acontece na rua. Ainda assim, os números de homicídio em casa são expressivos. Um levantamento nacional na base do Datasus, realizado pelo Instituto Sou da Paz, revela que, em 2016, catorze pessoas, em média, morreram por dia em casa por arma de fogo, e 87% dos casos se deram em circunstâncias criminais (a base não distingue entre casos de violência doméstica e de latrocínio). Os dados gerais revelam, portanto, que o epicentro da violência está na rua, e não em casa, razão pela qual o decreto de Bolsonaro terá efeito irrisório sobre o nível alarmante do faroeste brasileiro.

A ideia de que uma arma pode salvar seu proprietário é duvidosa. O índice de sucesso dos que tentam a autodefesa é baixo. O consultor de segurança e ex- capitão do Bope Rodrigo Pimentel está convicto de que o direito à posse (ou ao porte) não facilitará a autodefesa do cidadão comum. “Se você não vai ter tempo para treinar, nem adianta ter arma em casa. Eu sempre digo: vai comprar uma arma para quê? Para matar sua mulher numa briga ou para seu filho se matar numa crise de depressão”? Nos Estados Unidos, o país com a maior proporção de armas por domicílio, um estudo da escola de medicina de Stanford concluiu que há o dobro de mortes de crianças por arma nos estados onde as leis são mais flexíveis. Todo ano, cerca de 2.700 crianças e adolescentes morrem nos Estados Unidos vítimas de tiro. No Brasil, no início de 2019, um acidente em casa tirou a vida do menino Jackson Silva, de 11 anos. A família vive em um sítio na cidade de Olho d’Água Grande, no interior de Alagoas, e mantinha uma espingarda calibre 12 para proteção da residência. O irmão mais novo de Jackson pegou a arma quando o pai, Jadielson Silva, estava fora, trabalhando – e acertou o irmão no rosto. “Não entendo porque meu moleque foi pegar aquela arma em cima do guarda­ roupa”, lamenta-se o pai. No ano passado, pouco depois do Dia das Crianças, em 14 de outubro, Jheison Lopes Silveira, também de 11 anos, teve o mesmo destino trágico em uma chácara em Guarantã do Norte, em Mato Grosso. Um primo seu quis lhe dar um susto com uma arma de pressão. Disparou contra uma porta – mas o “chumbinho” ricocheteou e atingiu Jheison debaixo do braço, rompendo uma veia do coração. “Tive vontade de morrer no lugar do meu filho”, diz o pai, o eletricista Dione da Silva Pereira, que comprara a arma de segunda mão, por 1.000 reais. O juiz João Marcos Buch, de 49 anos, é um raro sobrevivente de acidente com arma de fogo na infância. Foi atingido no rosto pelo irmão, que brincava com a espingarda do pai, no início dos anos 1980, em Porto União, Santa Catarina. Por ser juiz – na Vara de Execução Penal, em Joinville -, João Marcos tem direito ao porte de arma. Mas ele é contra a facilitação do porte para civis.

“Não é armando a população que vamos reduzir a violência. Já condenei muitas pessoas por crimes de latrocínio, roubo, homicídio, e as armas, na maioria dos casos, eram de origem lícita”, diz. Uma pesquisa da consultoria Ideia Big Data revela que só 8% dos brasileiros têm plano de comprar uma arma neste ano. Os aspirantes à arma própria podem ser poucos, mas são entusiasmados. Em um clube de tiro na Zona Oeste de São Paulo, o professor universitário Gustavo Molina Figueiredo, de 27 anos, diz que a eleição de Jair Bolsonaro – em quem ele votou – o estimulou a buscar uma arma legal, agora facilitada pelo decreto. “Acho interessante ter a posse, para proporcionar mais segurança à família. Espero nunca precisar, mas, se um dia tiver necessidade, quero saber atirar corretamente”, afirma. Gerente de contas em uma empresa de consultoria, o paulistano Felipe Szuster, de 26 anos, chegou ao mesmo clube de tiro no início da noite da terça­ feira 15, acompanhado do irmão, Fernando, de 20 anos, que ganhou dele de presente um pacote de tiros no estande. Felipe Szuster também pretende entrar com a papelada para conseguir sua arma até o fim do ano. Planeja deixar a casa dos pais em breve, já com seu “brinquedo” – uma pistola automática, de preferência. São brasileiros que acreditam na arma como instrumento de defesa individual. No campo das estatísticas, porém, o quadro é mais complexo. A taxa de homicídios no Brasil vinha subindo ano após ano até a aprovação do Estatuto do Desarmamento, em 2003. A partir daí, passou a cair, indo de 29,1 para 25,5 em 2005, quando foi realizado o referendo sobre a comercialização de armas. De 2005 para 2016, o índice voltou a subir gradativamente, chegando ao mesmo patamar de 2003. O que explica o sobe e desce? Armamentistas usam o estudo para corroborar a tese de que o estatuto, que pretendia conter os homicídios, fracassou. Já os Desarmamentistas olham para a mesma pesquisa e enxergam números positivos: sem o estatuto, calcularam eles, a taxa de homicídios poderia ser 17% maior.

O principal ponto do estatuto, que poderia ser determinante na redução dos homicídios, não foi implementado – a aplicação de tecnologia e integração dos bancos de dados do Exército e das polícias Federal, Militar e Civil para o monitoramento de armas e munições. “Armas são diferentes de drogas. Elas nascem legais e são completamente passíveis de rastreamento. A gente só não monitora porque não quer”, diz llona Szabó, do Instituto Igarapé. Atualmente, coloca-se uma única identificação em lotes gigantes de munição, o que pouco contribui para o esclarecimento dos crimes. Munições do lote UZZ-18, comprado pelo Exército da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) em 2006, foram usadas para matar a vereadora Marielle Franco, para promover uma chacina em São Paulo e para realizar um assalto aos Correios de Serra Branca, cidade do interior da Paraíba. O lote tinha 2,4 milhões de balas. Se o lote identificado fosse menor, de no máximo 10.000 balas, seria possível aferir o momento em que saiu das mãos da polícia para o crime organizado. Atualmente, existe tecnologia até para colocar um GPS em cada arma e munição. O lobby da indústria armamentista alega que esses dispositivos aumentam demais o custo de seus produtos.

Professor da FGV, autor do Mapa da Violência e pesquisador do Ipea, o economista Daniel Cerqueira considera que uma arma é muito mais um instrumento de ataque do que de defesa e, inserida num ambiente urbano, ameaça outras pessoas. Para ele, a ciência é clara em dizer que, quanto mais armas em circulação, mais homicídios são praticados. A caneta Bic, diz Bolsonaro, é sua arma. Mas não serão canetas que estarão nas casas do país. Serão revólveres, pistolas, carabinas e espingardas que, a depender da vontade do Congresso, em breve também poderão estar na cintura dos brasileiros.

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GESTÃO E CARREIRA

COMO SE TORNAR UM LIDER ESTRATÉGICO

Um passo a passo para ajudar você a sair da gestão operacional e alcançar uma liderança relevante e inspiradora.

Como se tornar um lider estratégico

Três etapas bem definidas separam um líder comum de um estratégico. O chefe mediano sofre as dores do crescimento de carreira não sabe lidar com as imposições do novo cargo e lamenta pelas tarefas que não deve mais fazer. Há muitos profissionais nessa situação. Poucos são os que aprenderam a manejar os recursos de que dispõem nessa nova fase da vida.

A boa notícia é que há uma trilha pela qual passa toda pessoa que sobe de cargo. A descoberta é de um grupo de pesquisadores brasileiros e pode aprimorar o exercício da liderança. Gabriela Almeandra Dutra, Tatiana Almeandra Dutra e Joel Dutra estudaram 300 executivos do Brasil durante quatro anos e perceberam que existem três estágios até alguém se tornar um gestor estratégico: a consolidação no cargo, a construção da arena política e a ampliação da complexidade. O resultado da análise foi compilado no livro Gestão de Pessoas: Realidade Atual e Desafios Futuros (Atlas, 189 reais).

Apesar dos diferentes estilos de comando e das peculiaridades de cada fase, há um denominador comum. “A fonte de poder do líder é mais sua contribuição com pares subordinados e parceiros e   menos o cargo ou a hierarquia”, diz Joel Dutra, professor livre-docente na Universidade de São Paulo.

Os pesquisadores identificaram outro aspecto: o fato de que as deficiências não estão no conhecimento técnico, mas no comportamento. Segundo o professor Joel os modelos econômicos   do país sempre foram voltados ao mercado interno e não são muito competitivos. “Por isso, valorizamos habilidades técnicas em detrimento das gerenciais”. O cenário começou a mudar na década de 90, com a abertura do País. Contudo, só em 2010 se intensificou a busca por pessoas que atendessem às exigências comportamentais. Hoje, o líder (seja de uma companhia tradicional, seja um empreendedor), tem de encarar o dilema de entregar o resultado imediato, num ambiente instável e com poucos recursos, enquanto pensa na estratégia de longo prazo, num panorama em constante transformação. No meio disso, deve entender de psicologia, se comunicar de forma clara, compreender os mecanismos de motivação e produtividade do time. Como resume Joel: “A liderança se assenta na capacidade de conciliar expectativas divergentes”.

Quem consegue manejar esses elementos com maestria se torna um gestor estratégico, aquele que é sensível ao contexto, atento às mudanças de cenário e disposto a redesenhar o modelo de trabalho quando necessário.

RITUAIS SAGRADOS

Ninguém nasce sabendo chefiar – um líder se torna líder à medida que é apresentado aos desafios do comando. Logo, qualquer um pode aprender a ser um chefe inspirador. Mas é preciso praticar. Uma boa técnica é o que o professor Joel chama de ritual: uma sequência de ações que devem ser executadas repetidamente com a intenção de exercitar alguma habilidade. Por exemplo, alguém que tenha dificuldade em escutar a equipe pode pedir que um subordinado seja seu “gatilho”. Toda vez que esse funcionário se dirigir ao gestor, ele se esforçará para ouvi-lo, sem interrupção, e repassará a conversa assegurando-se de que conseguiu entender o que foi dito.

A ideia por trás do exercício é que os gestores devem continuamente se expor a novas situações para se preparar para os próximos estágios de desenvolvimento. “As características que fazem com que se tenha sucesso em uma fase não vão levá-lo adiante. É preciso continuar crescendo e estar consciente sobre as mudanças de comportamento para dar o próximo passo”, afirma Howard Yu professor de administração e inovação na escola de negócios suíça IMD. Também é sagrado que o chefe se conheça profundamente. Primeiro, você deve se consolidar como líder de si mesmo, desenvolver sua identidade ter consciência de seus valores, de seus princípios, criar uma base de liderança sólida”, diz João Lins, professor diretor do MBA in Company da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Tomados esses cuidados, é hora de iniciar a trilha rumo à liderança estratégica. A seguir, o passo a passo para ajudar quem está nessa jornada.

 

FASE 1 – CONSOLIDAÇÃO

NOVATO NA FUNÇÃO

O primeiro passo na trilha da liderança é se consolidar na nova posição. “Essa é uma das etapas mais difíceis de transpor porque o gestor tem dificuldade em se desvincular das atribuições da posição anterior. Naturalmente ele se sente mais confortável lidando com a complexidade de trabalhos que já domina, afirma Joel. Outros impeditivos são o apego e a arrogância. “O líder não   delega, porque acha que ninguém na equipe tem capacidade de fazer melhor que ele”, completa o professor. Por isso, nessa fase, as competências críticas são: foco no resultado, desenvolvimento da equipe e delegação.

A virada de chave só acontece quando o líder entende que tem de deixar de realizar as tarefas operacionais e passar a entregar resultados por meio do trabalho do time. “Desenvolver os subordinados para ganhar confiança e passar as atividades mais operacionais gradativamente é o primeiro passo para a consolidação. O próximo é utilizar o tempo investindo em relações interpessoais, afirma João, da FGV. E é assim que o gestor vai se sentir mais confortável no cargo e conquistar a equipe. “O foco sai do ‘eu’. E ele cria um ambiente para que os outros o respeitem não só por seu conhecimento técnico, mas por sua habilidade de interagir”, afirma Anderson Sant’Anna professor das áreas de organizações e comportamento organizacional da Fundação Dom Cabral.

Além do aprendizado ativo, como os rituais que o próprio líder pode estabelecer existem no mercado ferramentas que auxiliam no autoconhecimento e no posterior desenvolvimento de competências críticas. “Assessment e coaching ajudam nessa direção, mas nada substitui a autocrítica. Exponha-se a essas situações e tente refletir sobre elas”, diz João.

Outra dica é o profissional adotar um mentor que podem ser colegas executivos ou líderes seniores que tenham vivenciado uma carreira semelhante. “Num bate-papo, eles trazem à tona questões para você refletir, dão conselhos e trocam figurinhas sobre situações similares pelas quais já tenham passado”, afirma André Freire, sócio-diretor da Exec consultoria especializada em recrutamento de executivos e desenvolvimento de liderança.

 

FASE 2 – CONSTRUÇÃO DA ARENA POLÍTICA

ENCONTRANDO ALIADOS

A segunda etapa é marcada pelo ganho de espaço político entre pares e superiores. É o momento em que o gestor começa a circular em outras esferas e ganha notoriedade pelo trabalho desempenhado. Nessa fase é essencial criar ou aumentar as interfaces. “Para crescer, o líder tem de aprender que existe um campo além de sua área e que é preciso influenciar as pessoas nesses lugares”, afirma Anderson, da Fundação Dom Cabral. As competências importantes são a ampliação sistêmica e a abertura e sustentação de parcerias.

Essa é a hora de ganhar aliados. “Levante a mão para se voluntariar a participar de projetos de grande relevância para a companhia. Dessa forma você cria relacionamentos e passa a ser visto como um indivíduo capaz de construir pontes entre diferentes partes da organização”, diz Howard, do IMD que lembra: “Ninguém sabe cada detalhe, mas é bom conhecer quem sabe o quem sabe o quê”.

Participar de projetos multidisciplinares é complexo pois em geral o líder já tem um volume significativo de atividades para executar. “No curto prazo, isso implica mais trabalho para o gestor e sua equipe. Por isso essa etapa só é iniciada após a consolidação da posição, quando o profissional já aprendeu a delegar e está pronto para assumir novos desafios, afirma Joel.

Mesmo assim, em alguns casos o volume de tarefas faz com que os chefes fujam de situações desse tipo, o que é péssimo. Para André, da Exec, muitas vezes o profissional fica escondido na área dele, pensando: “Já tenho muita coisa para fazer. Tomara que ninguém pense em mim para essa missão. Mas agir assim é errado. “O líder tem de se envolver com outros departamentos e ajudar outras pessoas para ser visto”, afirma o especialista. Às vezes dá para fazer isso em momentos de descontração. “As oportunidades podem surgir num almoço ou café, num bate-papo para ouvir onde dói nas outras áreas”.

Relacionar-se bem com os colegas, além de ajudar em uma visão geral do negócio, também é essencial para futuras promoções. “Nas organizações, a capacidade de articulação e o reconhecimento por parte dos pares são valorizados durante os processos sucessórios”, afirma Joel.

 

FASE 3 – AUMENTO DA COMPLEXIDADE

MAIS EXIGÊNCIAS

Uma vez que tenha se desapegado das tarefas as quais estava acostumado, desenvolvido a equipe e formado seus aliados políticos, o líder chega à fase mais complexa. Ele passa a receber ordens de seus superiores e assume projetos ou processos que o levam a interagir com agentes mais exigentes – como o C-level ou o conselho de administração da companhia. A terceira etapa é caracterizada por uma verticalização. Aqui as competências importantes são a ampliação da visão estratégica e o desenvolvimento de sucessores para ocupar os espaços que o gestor deixará ao assumir novas atribuições e responsabilidades.

Esse período ocorre se o líder tiver ampliado seu espaço político. “Dificilmente o gestor receberá delegação se não tiver conseguido construir legitimidade, reconhecimento e trânsito entre seus pares”, diz Joel. À medida que o profissional vai ganhando visibilidade, os demais líderes enxergam nele a pessoa certa para resolver um desafio. Contudo para que assuma as missões e possa se sentar numa cadeira estratégica tão logo a oportunidade apareça, é imprescindível que o executivo tenha formado alguém para sua atual posição.

O principal desafio nesse momento é o chefe ampliar a visão estratégica, aquela para além dos muros da organização. “Os líderes de maior sucesso são curiosos sobre o que está acontecendo fora da empresa. Dessa forma, ele pode se preparar e antever uma mudança”, diz Howard. A dica é observar diversos setores, uma vez que você pode encontrar soluções diferentes em outras indústrias e inovar.

Aqui, a autoridade se legitima por uma visão de futuro e pela preocupação com a sustentabilidade do negócio. “Esse olhar pode ser treinado com viagens, conhecendo modelos de gestão inspiradores, frequentando fóruns e eventos, a fim de conhecer como determinado tema está sendo tratado e como pode repercutir dentro da organização”, diz Anderson.

E, por fim, para dar o último passo rumo ao topo; o profissional deve ter serenidade emocional (estômago) e ambição – para si e para o negócio. “Ele precisa ter o desejo de levar o negócio para o próximo nível, e não apenas o de sustentar a companhia onde ela está”, diz Howard.

Como se tornar um lider estratégico. 2

CHEFES DO FUTURO

Dez conselhos para quem está aprendendo a liderar.

1 – Desenvolva uma percepção fina sobre o tipo de líder que deseja ser. Lembre-se de que tudo começa com o autoconhecimento.

2 – Trabalhe seus pontos fracos e potencialize e evidencie os fortes.

3 – Busque um mentor. Bata um papo com aquele chefe que o inspira.

4 – Participe de projetos com profissionais de senioridades diferentes para ampliar sua habilidade de articulação.

5 – Compartilhe conhecimentos e troque favores. Quanto mais redes construir, mais sustentável será sua carreira.

6 – Desenvolva seu poder de comunicação. Voluntarie-se para falar ou apresentar algum indicador em determinadas reuniões e fóruns.

7 – Coloque em prática a gestão de pessoas, nem que seja de maneira informal, treinando um estagiário, por exemplo.

8 – Demonstre energia e proatividade. Deixe transparecer sua sede de mudança. Não tema tentar de novo, mesmo que cometa erros.

9 – Esteja sedento por mais responsabilidades e as assuma sempre que houver oportunidade.

10 – Tenha visão do todo e aprenda a trabalhar em equipe. Ninguém constrói o resultado da empresa sozinho. E seja resiliente. Mesmo que seja difícil, não desista.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 31 – 33

Pensando biblicamente

A SOBERANIA DA PROVIDÊNCIA DIVINA

 

V. 31 – Observe:

1. As pessoas mais velhas devem ter, como maior preocupação, ser encontradas no caminho da justiça, no caminho da religião e da piedade séria. Tanto Deus como o homem as procurarão nesse caminho; espera-se que os que são mais velhos sejam bons, que a multidão de seus anos tenha lhes ensinado a melhor sabedoria; portanto, devem ser encontrados nesse caminho. A morte virá; o Juiz se aproxima; o Senhor é chegado. Para que sejam por Ele encontrados em paz, devem ser encontrados no caminho da justiça (2 Pedro 3.4), servindo assim (Mateus 24.46). Que os idosos sejam velhos discípulos; que perseverem até o fim no caminho da justiça, no qual começaram a andar há muito tempo, para que possam, então, ser encontrados nele.

2. Se as pessoas mais velhas forem encontradas no caminho da justiça, a sua idade será a sua honra. A velhice, desta maneira, é honrosa, e exige respeito (Diante das cãs te levantarás, Levítico 19.32); mas, se for encontrada no caminho da iniquidade, a sua honra será perdida, a sua coroa, profanada, e atirada ao chão (Isaias 65.20). As pessoas mais velhas, portanto, se desejarem preservar a sua honra, devem ainda se apegar à sua integridade, e então os seus cabelos brancos serão, realmente, uma coroa para elas; elas são merecedora s de dupla honra. A graça é a glória da velhice.

 

V. 32 – Isto nos recomenda a graça da mansidão, da longanimidade, que bem nos convirá, a todos, particularmente às cabeças grisalhas (v. 31). Observe:

1. A sua natureza. Ela é tardia em irar-se, não se inflama facilmente, não se ressente de provocações, dedica algum tempo para considerar antes de permitir que a nossa paixão irrompa, para que não transgridamos os limites devidos, ela nos leva a ser tão lentos em nossos movimentos rumo à ira, de modo que possamos facilmente ser interrompidos e apaziguados. Ela nos capacita a ter o domínio sobre os nossos próprios espíritos, nossos apetites e sentimentos, e todas as nossas tendências, mas particularmente as nossas paixões, a nossa ira, conservando-a sob orientação e controle, e a administração rígida da religião e da razão justa. Devemos ser senhores da nossa ira, como Deus é.

2. A sua honra. Aquele que obtém e conserva o controle de suas paixões é melhor do que o valente, melhor do que aquele que depois de um longo cerco conquista uma cidade, ou depois de uma longa guerra subjuga uma cidade. Aqui está alguém melhor do que Alexandre ou César. A conquista de nós mesmos e das nossas paixões desenfreadas exige a sabedoria verdadeira, e um controle mais firme, constante e regular, do que a conquista de uma vitória sobre os exércitos de um inimigo. Uma conquista racional é mais honrosa para uma criatura racional do que uma conquista brutal. É uma vitória que não traz nenhum dano a ninguém; não sacrifica vidas nem tesouros, mas apenas alguns desejos vis. É mais difícil; portanto, mais glorioso, reprimir uma insurreição em casa, do que resistir a uma invasão de fora; na verdade, os ganhos da mansidão e da longanimidade são tais que, por elas, nós somos mais do que vencedores.

 

V. 33 – Observe:

1. A divina Providência ordena e designa aquelas coisas que, para nós, são perfeitamente casuais e fortuitas. Nada acontece por acaso, nem um só evento é determinado por um destino cego, mas tudo acontece pela vontade e conselho de Deus. Deus está intimamente envolvido naquilo de que o homem não participa.

2. Quando são feitos apelos solenes à Providência, pelo lançar de sortes, para decidir aquele problema do momento que não poderia ser decidido de outra maneira, nem tão bem decidido, Deus deve ser buscado em oração, para que o resultado seja apropriado (A sorte perfeita, 1 Samuel 14.41; Atos 1.24); e, uma vez decidido o assunto, devemos aquiescer satisfeitos com o fato de que a mão de Deus estava nele. e que esta mão o orientou, pela sabedoria infinita. Todas as disposições da Providência a respeito dos nossos assuntos devem ser consideradas como sendo a decisão da nossa sorte, a determinação do que entregamos a Deus, e devem ser apropriadamente conciliadas.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

CHAPEUZINHO VERMELHO ALÉM DA FLORESTA

Rico em significados e possibilidades de simbolizações, conto ajuda crianças a desenvolver capacidade de fazer representações dos estados mentais das outras pessoas.

Chapeuzinho vermelho além da floresta

 

Apesar da trama simples, da protagonista com traços de personalidade pouco desenvolvidos e do texto enxuto, Chapeuzinho Vermelho é uma das histórias infantis mais populares no mundo. O curioso é que não apenas fascina crianças, também motiva pesquisadores a fazer análises, comentários e interpretações. À primeira vista, o conto do escritor francês Charles Perrault passa uma mensagem clara: meninas devem ser obedientes, não conversar com estranhos, desconfiar dos meninos muito atrevidos e não se distrair com futilidades. Do contrário, estarão correndo perigo. Por causa desse teor “educativo”, o autor, político erudito e literato benquisto na corte de Luís XIV foi recriminado por ter desfigurado uma obra da cultura popular a ponto de torná-la praticamente irreconhecível.

Com exceção de alguns versos publicados em 1022 por um certo Egbert de Liege, que mencionam uma criança usando um a túnica vermelha que enfrentava filhotes de lobo, não chegou até nós nenhum vestígio desses originais. No entanto, Perrault menciona explicitamente em seus escritos que não inventou completamente a história, que faria parte desses “contos que nossos antepassados criaram para seus filhos”. Trata-se possivelmente de uma história inventada e transmitida pelas “famílias simples dos povoados e do campo”. Especialistas entendem que, apesar da ausência de versões originais, é possível entender e interpretar Chapeuzinho recorrendo ao método comparativo de padrões. Como se fossem biólogos, os pesquisadores procuraram deduzir qual seria o “antepassado comum” de cada personagem com base na análise de várias versões mais recentes.

Foi assim que Paul Delarue (1889-1956), pioneiro francês dessa abordagem, conseguiu reunir 35 versões de Chapeuzinho Vermelho, essencialmente das regiões do vale do Loire, do norte dos Alpes e da Itália, além do Tirol. Ele se interessou particularmente por aquelas que lhe pareciam completamente independentes da versão de Perrault. Se a trama geral é praticamente a mesma, nem sempre a menina usa uma capa vermelha com capuz; ou então o lobo é um bzu (espécie de lobisomem) que serve à garotinha os restos do corpo da avó como refeição; ou, ainda, antes de se enfiar na cama da avó, ele se despe. Mas o final da história é feliz, pois a menina consegue fugir, alegando uma “necessidade natural urgente”.

Segundo Delarue, todos esses elementos, ausentes no texto de Perrault, não são modificações posteriores, mas sim omissões, uma censura feita pelo autor de traços do suposto conto original. Outros pesquisadores também destacaram elementos semelhantes em contos asiáticos e africanos, mas todos são posteriores ao de Perrault. A versão dos irmãos Grimm, publicada em 1812, ou seja, mais de um século depois da de PerrauJt, é sem dúvida a outra mais conhecida. Ela também tem um final “feliz”, no qual um caçador abre a barriga do lobo e solta a menina e a avó. Todavia, sabe-se que os irmãos Grimm trabalharam com base no texto de Perrault, mas mesclaram o final do conto Os sete cabritinhos. A presença de uma cena de canibalismo em algumas versões faladas do conto, na qual o lobo oferece os restos da avó à menina, em especial chamou a atenção dos etnólogos. Não que a antropofagia fosse comum nos povoados franceses da época, mas o episódio tem certa relação com a percepção das relações familiares de então. Ao fazer uma leitura detalhada dos diferentes contos reunidos por Delarue nos anos 50, conclui-se que a protagonista se refere, na versão original, à “necessidade de transformações biológicas femininas, que levam à eliminação das mais velhas pelas mais jovens”. A tríade “menina-mãe-avó” representaria o ciclo de gerações que substituem umas às outras, em uma mescla de benevolência, transmissão de ensinamentos e rivalidade – que transcorre fora da esfera do masculino. A menina escolhe sozinha o seu caminho, mas ao fazer isso corre o risco de ser devorada pelo lobo, ou seja, para se transformar em mulher, deve compartilhar a cama de um pretendente e, dessa forma, incorporar o estatuto das gerações seguintes. O conto seria uma alegoria da sociedade matrilinear das aldeias.

Sigmund Freud destaca, em 1908, a versão dos irmãos Grimm para tratar do desenvolvimento da sexualidade infantil. Ele observa que, espontaneamente, as crianças imaginam que bebês nascem pelo umbigo ou que o ventre da mãe se abre “como o que acontece com o lobo, no conto do Chapeuzinho Vermelho”.

Em 1913, um analisando que se tornou conhecido como “o homem dos lobos” contou um sonho no qual figuravam animais que lembravam uma ilustração de Chapeuzinho Vermelho. Freud deduziu que o animal seria uma representação do pai do paciente e se perguntou se o conteúdo latente do próprio conto não seria simplesmente o medo infantil da figura paterna.

Em 1951, o psicanalista Erich Fromm afirmou que o conto tratava dos questionamentos sobre a sexualidade e que o famoso gorro vermelho simbolizava a primeira menstruação. E sugere algo questionável, talvez mais adequado ao momento histórico de sua época: “O conto seria um triunfo de mulheres que detestam os homens”. Ele ressalta que na versão dos irmãos Grimm o masculino não só é figurado como cruel, manipulador e ridicularizado por uma paródia de gravidez. O lobo “carrega” a avó em seu ventre e “dará à luz” à força, antes de ser morto. Moral da história para Fromm: o lobo é que deve ficar longe de menininhas inocentes…

COMPLEXO DE ÉDIPO

A análise psicanalítica mais conhecida desse conto é de Bruno Bettelheim, feita em seu livro Psicanálise dos contos de fada. “Chapeuzinho Vermelho de Perrault perde muito de seu encanto porque é evidente demais que o lobo da história não é um animal selvagem. Esse excesso de simplificação, somado a uma moralidade expressa sem meias palavras, enunciando tudo previamente. Assim, a imaginação do ouvinte não consegue conferir ao conto um sentido pessoal”, escreve. E faz uma leitura bastante peculiar a respeito da protagonista: “Como a garotinha, em resposta à tentativa direta e evidente de sedução (por parte do lobo), não esboça o menor movimento de fuga ou resistência, pode-se deduzir que ela quer ser seduzida. Ela não é, seguramente, uma personagem com a qual teríamos vontade de nos identificar”. Ele insinua ainda que, de certa forma, ela seria cúmplice do assassinato da avó. Temos aqui o complexo de Édipo em todo o seu esplendor: a criança quer seduzir o progenitor do sexo oposto e ser seduzida por ele, mas para isso é preciso se livrar da figura parental do mesmo sexo.

Mesmo que esse tipo de interpretação possa ser considerado excessivo ou descabido, ainda assim é difícil negar que o conto apresenta certa carga de subversão. Como, por exemplo, não perceber uma sinalização feita ao público adulto quando Perrault escreve: “Chapeuzinho Vermelho se despe e vai para a cama, onde fica bastante surpresa ao ver o corpo nu de sua vovozinha”?

Na verdade, parece ser a simplicidade do conto, e não sua profundidade, que faz de Chapeuzinho Vermelho um conto inesquecível. É perfeitamente possível compreendê-lo sem procurar nenhum “sentido oculto”, examinando de modo pragmático sua construção, o que ele diz e o que a criança vê na história. Perrault tinha especial cuidado em apresentar os contos como “narrativas agradáveis e equilibradas, bem dosadas para a delicadeza da idade do público infantil”. Por isso ele utiliza uma série de diminutivos – como “vovozinha” ou a senha para a porta da casa da avó, como um refrão com as palavras “tramelinha”, “ferrolhinho”, termos em desuso na época em que o autor escreve e que ele integra em inúmeras repetições, conferindo ritmo particular à narrativa e facilitando a memorização.

A história ganha corpo em um contexto privilegiado: é contada em voz alta por um adulto a uma criança em um momento íntimo, geralmente na hora de dormir. Nessa situação, a criança está relaxada, próxima ao adulto, aberta ao que é estranho e às surpresas, disposta a conferir plenos poderes à imaginação. Nesse contexto fica mais fácil compreender o final do conto na versão de Perrault, quando o lobo exclama “É para melhor comer você!”- e devora Chapeuzinho, num final muitas vezes considerado trágico e cruel e por isso mesmo censurado.

No manuscrito da antologia de 1695, só descoberto em 1953 em uma coleção particular, Perrault fez uma anotação na margem do texto: “Essas palavras devem ser ditas em um tom de voz forte para assustar a criança, como se o lobo fosse comê-la viva”. O final do conto se alia subitamente à realidade, em uma reviravolta inesperada, na qual a criança se transforma em personagem principal, o que em geral ela adora. Como a criança não é de fato devorada, Chapeuzinho também não é.

Da mesma forma, quando o lobo e a menina pegam caminhos diferentes para ir à casa da avó, a criança que ouve a narrativa precisa fazer um corte na história, dividindo em dois o curso dos acontecimentos. Essa capacidade pode parecer evidente para adultos, mas não é inata. A maturação neurológica e a possibilidade psíquica de transformar a realidade em histórias e a ficção em realidade, mantendo ao mesmo tempo esses domínios em universos distintos, são adquiridas gradualmente, ao longo do desenvolvimento. Dessa forma, a estrutura do conto maneja de maneira habilidosa diferentes níveis de ficção, moldando e preparando o espírito da criança para um mundo complexo.

O conto exige certa competência cognitiva. Trata-se daquilo que os pesquisadores chamam de teoria da mente, um conceito criado por primatologistas que se perguntavam se os chimpanzés tinham compreensão do que acontece na cabeça de outros da sua espécie e mesmo do que pensam os humanos. Será que eles conseguem fazer a diferença, por exemplo, entre alguém que sabe que uma caixa contém uma banana e alguém que ignora? Ou, de modo mais sutil, eles compreendem que alguém pode ter uma falsa crença ou convicção, imaginando, por exemplo, que uma caixa contém uma fruta quando na realidade o recipiente está vazio? Também tem sido questionado a partir de que idade a criança desenvolve uma teoria da mente, passando a entender que as outras pessoas têm desejos, convicções e intenções diferentes dos dela.

Um teste simples é utilizado para verificar essa aquisição. A versão mais conhecida dessa ferramenta é uma pesquisa publicada em 1983 por Heinz Wimmer e Josef Perner. No teste da transferência inesperada (unexpected transfer, em inglês), a criança deve prever que uma pessoa que ignora que determinado objeto foi mudado de lugar vai procurá-lo onde acha que ele está – e não onde ele está realmente. É apresentada à criança uma situação em que dois personagens estão em um aposento diante de duas caixas, uma verde e uma azul. Um dos protagonistas, Maxi, põe a barra de chocolate dentro da caixa verde. Ele é então orientado a sair do aposento, e em sua ausência seu irmão muda a barra de chocolate de lugar, colocando-a na caixa azul. Em seguida, Maxi volta. Pede-se então à criança, que assiste a todos esses movimentos, que diga em qual caixa Maxi vai espontaneamente procurar o chocolate. Para responder corretamente à pergunta, é preciso que a criança entenda que ela sabe de coisas que Maxi ignora. As crianças com menos de 4 anos se enganam sistematicamente e respondem em função de seu próprio conhecimento da situação: pensam que Maxi sabe, como elas, que o chocolate mudou de lugar e que o menino vai abrir a caixa azul.

A teoria da mente pode ser aplicada também ao conto Chapeuzinho Vermelho: a criança que escuta a história deve fazer constantemente a distinção entre o que sabe e o que os personagens da narrativa têm conhecimento. Ao mesmo tempo, o pequeno ouvinte deve determinar o que os personagens sabem uns dos outros. Há um jogo complexo que requer não só trabalho de memória, mas ainda capacidade de se colocar no lugar dos outros. Vejamos, por exemplo, o momento no qual o lobo chega à casa da avó. Como ele age para conseguir entrar? Eis a cena: Toc, toc. “Quem é?”, pergunta a avó. “É sua netinha, Chapeuzinho Vermelho, trazendo manteiga e biscoitos que a mamãe mandou”, diz o lobo imitando a voz da menina. Note aí a astúcia do lobo, que repete as mesmas palavras que ouviu da menina de modo a instilar uma falsa convicção na mente da avó.

A criança que ouve a história deve perceber que a avó tem uma representação errada da realidade e que o lobo continua sendo o lobo, apesar de se fazer passar por outra pessoa. O engodo é um processo complexo: para realizá-lo, constatá-lo ou frustrá-lo, é preciso saber o que passa na cabeça do outro, saber o que os outros sabem de nossas próprias convicções, guardar todas essas informações na memória e ser capaz de compará-las, além de eventualmente revisá-las em tempo real.

A protagonista cai na armadilha do lobo pois ignora o que ele já sabe; já o vilão conhece o que ela ignora. A questão que se impõe é determinar até que ponto uma criança pequena entende exatamente da história, não em termos de sexualidade emergente, de sociedade matrilinear ou do que for, mas simplesmente em relação à própria trama.

Foi isso o que procuraram entender os psicólogos Joel Bradmetz e Roland Schneider, da Universidade de Besançon. Eles narraram aversão de Perrault, assim como diversas adaptações, a crianças com idade entre 3 e 8 anos e fizeram perguntas bem simples: antes de entrar na casa da avó, quem Chapeuzinho Vermelho espera encontrar, a avó ou o lobo? Naquela hora, a menina sente medo ou não? Como previsto, a maioria das crianças com menos de 4 anos pensava que, como elas mesmas, a protagonista deveria saber que o lobo estava na cama da avó. Mas o que surpreendeu foi a evidência atestada pelos pesquisadores deque mesmo as crianças que davam a resposta correta (a avó está na cama) pensavam que Chapeuzinho Vermelho estava com medo. E essa convicção persistia mesmo em crianças com 7 ou 8 anos. O inverso não é verdadeiro: nenhuma das crianças que estavam convencidas de que Chapeuzinho não sentia medo respondia que ela acreditava que ia encontrar o lobo na cama da avó. Isso demonstra que existe uma distância entre a mentalização das convicções e a das emoções e que estas últimas exigem um período de desenvolvimento bem mais longo. Conhecendo esses resultados, fica mais fácil entender a atração psicológica que o conto de Perrault pode ter para as crianças, dependendo da idade. Longe de captar tudo de uma só vez, elas veem nessa história aparentemente tão simples uma sucessão complexa e divertida de interações mentais e afetivas entre personagens que, como elas, não têm um conhecimento perfeito das convicções e intenções de uns e de outros. O conto, admiravelmente construído e calibrado por Perrault, funciona para a mente infantil como uma intriga policial, um drama psicológico com múltiplos quiproquós.

Chapeuzinho Vermelho prepara os pequenos para o mundo da ficção e das interações, adaptando-se às capacidades cognitivas dos pequenos. Muitas vezes, os pais se surpreendem com o pedido dos filhos de contar novamente uma história que eles já ouviram dezenas de vezes. O que permite deduzir que as crianças só entendem o comportamento e as emoções de cada personagem progressivamente e, portanto, que a cada vez elas escutam uma história ligeiramente diferente. Colocar-se no lugar alheio, mentir, conceber que os outros possam mentir, imaginar alternativas, comparar pontos de vista, ser irônico e fazer “de conta” são facetas das interações sociais em ação nesse conto tão rico.

“POR QUE ESSES OLHOS TÃO GRANDES, VOVÓ?”

A mais antiga referência explícita a Chapeuzinho Vermelho está em um manuscrito de Charles Perrault sobre os Contos da Mamãe Gansa, datado de 1695. No texto, Chapeuzinho Vermelho é uma linda menininha vestida de vermelho, o que lhe vale seu codinome. Ela é encarregada pela mãe de levar um pote de manteiga e biscoitos para a avó. No caminho, cruza com um lobo na floresta. Ele não a devora na mesma hora, mas lhe pergunta para onde ela está indo e “a pobre menina, que não sabia ser perigoso parar e conversar com um lobo”, conta sobre a tarefa qual tinha sido encarregada e diz onde fica a casa da avó. Por um atalho, o vilão chega lá antes dela e devora a idosa. Enquanto isso, a garota se distrai colhendo avelãs, correndo atrás de borboletas e fazendo pequenos ramalhetes de flores e chega mais tarde à casa da avó. O lobo veste uma camisola e se deita na cama da avó, fingindo ser ela. Segue-se então o famoso diálogo, que começa com “Vovó, que olhos grandes você tem!”.

O lobo responde: “É para melhor ver você, minha querida”. E termina com ”Vovó, como são grandes seus dentes! É para melhor comer você!”.

SENTIDOS OCULTOS

As interpretações de Chapeuzinho Vermelho são múltiplas.

O próprio caráter estranho do conto – um lobo que fala, o ambiente opressivo da floresta – presta-se à evocação do mundo dos sonhos ou da loucura e ao comentário de que o conto seria simplesmente absurdo. Outras leituras focaram os aspectos históricos. A versão dos irmãos Grimm, por exemplo, chegou a ser descrita como uma representação do sentimento antifrancês do povo alemão. Um olhar feminista viu na narrativa um monumento de machismo no qual as mulheres são descritas como intrinsecamente ingênuas, manipuladoras e más, e por isso devem ser punidas. Outras análises, ainda, destacaram que naquelas épocas mais antigas os lobos constituíam uma ameaça para os humanos, e por isso o conto poderia ter meramente a função educativa de alertar as crianças. Mas foram as leituras etnológicas e principalmente psicanalíticas que abriram a possibilidade de compreensão de sentidos menos óbvios, trazendo a discussão de temas como a encenação do complexo de Édipo e o conflito de gerações, questionando o lugar das mulheres na economia familiar dos povoados e o desenvolvimento da sexualidade.

Contos de Fadas - Chapeuzinho Vermelho

 

 

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OUTROS OLHARES

O DRAMA DO CONTINENTE

Índice de pobreza extrema atinge pior nível em dez anos na América Latina. E a principal causa para desempenho tão sofrível é a crise econômica do Brasil.

O Drama do continente

A América Latina gozou de um alvissareiro início de século XXI: entre 2002 e 2014, a região conseguiu aliar crescimento econômico consistente com diminuição da pobreza. A tendência continua positiva na maior parte dos países, mas um estudo apresentado na semana passada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à ONU, mostra que algumas nações têm ficado para trás. A Venezuela e a Guatemala passam por dificuldades. E o Brasil, que abriga cerca de um terço da população da região, viu mais de 3 milhões de pessoas cair no estrato mais baixo de renda entre 2015 e 2017, o que elevou o índice de pobreza extrema da América Latina para 10,2%, seu pior nível em uma década. O tamanho e a importância do país fazem com que o drama brasileiro seja também o drama de toda a região.

O estudo, batizado de Panorama Social da América Latina 2018, aponta a crise econômica como a grande culpada pelo aumento da pobreza no país, notadamente pelo agravamento do desemprego e pela interrupção do aumento real do salário mínimo. Uma situação que ainda pode piorar. Laís Abramo, diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da Cepal, teme que os cortes em despesas importantes na área social intensifiquem a tendência. “Os serviços públicos e as políticas de proteção social tiveram o papel de impedir que o aumento da pobreza fosse ainda mais acentuado”, explica a pesquisadora.

Políticas públicas como o aumento do salário mínimo, programas de transferência de renda como o Bolsa Família e qualificação profissional por meio de educação gratuita impulsionaram o último ciclo de desenvolvimento social no Brasil, segundo a Cepal. No entanto, os bons ventos econômicos cessaram. Kaizô Beltrão, professor da Fundação Getúlio Vargas, acredita que a crise cerceou as ações do governo e acabou dificultando o investimento no social, justamente no momento em que mais gente perdeu o emprego. “Tornar a crescer a partir de 2019 é importante para que se volte a investir nos mecanismos de distribuição de renda, saúde e educação”, diz. Laís Abramo reconhece a importância de ter uma economia em crescimento, mas teme que ela venha acompanhada de uma concentração ainda maior da renda.

A prova de que o crescimento tem relação direta com a taxa geral de pobreza é a significativa ascensão social em países que mantêm a pujança econômica, como Chile, Colômbia e Paraguai, que até ajudaram a compensar o mau resultado no Brasil. De uma maneira ou de outra, o presidente Bolsonaro precisa colocar a economia brasileira nos trilhos. Além do Brasil, a América Latina inteira torce por isso.

GESTÃO E CARREIRA

ESSA TAL DE BLOCKCHAIN

O que é exatamente essa tecnologia e por que ela virou lugar-comum no mundo dos negócios

Essa tal de blockchain

O nome blockchain veio a público pela primeira vez em 2008, quando Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, publicou um artigo sobre o funcionamento da criptomoeda e da tecnologia que daria suporte a ela, a blockchain. Até hoje, ninguém sabe a real identidade de Satoshi: o programador desapareceu da internet em 2012, sem rastros. Embora seu paradeiro seja uma incógnita, ele deixou um legado e tanto.

Se ainda existem incertezas sobre o destino das moedas digitais, não falta esperança para a blockchain. Segundo estudo da consultoria americana Gartner, a tecnologia movimentará 3 trilhões de dólares pelo mundo, até 2030. Isso pressupõe imaginar que, em pouco mais de uma década, até 20% da infraestrutura necessária para o funcionamento da economia mundial estará suportada por essa plataforma.

Outra pesquisa, da consultoria PwC, feita no ano passado com 600 executivos de 15 países, mostrou que 84% das organizações já têm ao menos algum tipo de envolvimento com o assunto. “Ninguém quer ficar para trás. É fácil entender o porquê. “A prova de falsificação, um sistema de blockchain bem projetado não só elimina intermediários, reduz custos e aumenta a velocidade de muitos processos de negócio como oferece maior transparência e rastreabilidade”, aponta o relatório da PwC.

Mas, afinal, o que é essa inovação? E por que ela se tornou praticamente onipresente nas discussões sobre negócios? Para entender melhor, é preciso se voltar ao sistema financeiro, onde reside a origem das criptomoedas e do sistema por trás delas. Hoje, o banco intermedeia as transações que você faz, cobrando taxas pelo serviço em troca de segurança. Já no mundo do Bitcoin não há mediador. Toda a transação, de ponta a ponta, ocorre dentro do sistema blockchain: os dados da movimentação ficam gravados em blocos sequenciais de informações – daí o nome, em inglês: block (“bloco”) e chain (“cadeia”) -, e quem legitima as operações não é mais uma única companhia (ou pessoa), e sim uma rede de usuários com acesso aos códigos. Mal comparando, os registros na rede blockchain funcionam corno no Google Docs. Eles podem ser visualizados nos computadores de vários usuários simultaneamente. “No modelo tradicional, alguém confiável precisa assegurar a conclusão dos registros. Numa rede blockchain, isso é feito de forma colaborativa, compartilhada e descentralizada”, diz Marcos Kalinowsky, professor do departamento de informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

De acordo com o pesquisador, há ainda outra vantagem significativa: os blocos de informações são criptografados e é praticamente impossível adulterá-los. Retornando à comparação do Google Docs, as pessoas possuem uma cópia do documento, mas não conseguem editá-lo.

E isso é ouro para instituições que trabalham com operações que envolvem risco de fraude. Um atestado disso é que os maiores bancos do mundo, como JP Morgan e Goldman Sachs, já têm projetos em andamento para implantar processos de blockchain.

DESTINO PROMISSOR

Com tantos predicados, há motivos de sobra para acreditar que a inovação se alastrará para áreas além da financeira. Seus princípios são aplicáveis a qualquer tipo de negócio e podem ser usados para atestar desde a origem de uma pedra preciosa até a proteção da internet das coisas (IoT). Com bilhões de dispositivos conectados, especialistas em segurança cibernética acreditam que a blockchain será essencial para ajudar a manter a integridade desse enorme fluxo de informações.

A startup GOBlockchain, que oferece treinamento, consultoria e soluções no tema, é um exemplo de como os usos da ferramenta são versáteis. Entre os produtos que ela já desenvolveu está uma rede para ratificar certificados de cursos. “No sistema, eles são validados tanto por quem estudou quanto pela instituição de ensino, o que evita fraudes. Profissionais de RH também conseguem verificar as informações do currículo de um usuário antes de ele ser contratado”, diz Henrique Leite, fundador da companhia. Segundo ele, a demanda surge de várias áreas de negócios. “Recentemente, fizemos um estudo para uma imobiliária e apontamos soluções como depósito-caução em criptomoedas com a possibilidade de financiamento coletivo. Também estamos implementando soluções para o agronegócio.”

Na visão otimista, não são apenas as empresas que ganham com esse tipo de inovação, mas os consumidores. O raciocínio é o seguinte: se somente uma instituição detém a validação de um dado, isso é facilmente manipulável. “Essa tecnologia consegue envolver todos os atores de uma cadeia para validar informações contidas e interligadas pela rede. A rastreabilidade é maior, assim como a transparência”, diz Maurício Magaldi, líder de serviços em blockchain para a América Latina da IBM.

Importante dizer que são as companhias que desenham e desenvolvem as próprias redes, baseadas nos procedimentos inaugurados por Satoshi. “Blockchain é a tecnologia. O conjunto de regras da rede é o protocolo, criado com base em um consenso entre participantes”, esclarece Maurício; Isso possibilita, inclusive, que o cliente final tenha acesso à rede. Basta que a organização em questão tenha interesse nisso. Nesses casos, quem está na ponta deixa de ser um agente passivo e passa a ter um conhecimento relevante na hora de decidir por uma marca ou empresa, por exemplo.

Um modelo de empresa que já usa esse tipo de tecnologia é a Blockforce. A startup, fundada no início de 2018, funciona como uma plataforma de financiamento para projetos com impacto social. “Uma pessoa que quer produzir cerveja artesanal pode ter dificuldade de obter empréstimo. Na rede que desenhamos, se o projeto movimenta a economia social e é lucrativo, ela consegue captar investidores. A vantagem para quem investe é ter as informações rastreáveis e auditáveis no mesmo lugar”, diz o fundador André Salem, de 29 anos, que antes de empreender atuou em grandes companhias de tecnologia. Os aportes são feitos em criptomoedas e podem ser convertidos em real por meio de casas de câmbio especializadas. Hoje, a rede tem 1.000 usuários, entre empreendedores e investidores, que realizam transações (como aportes e participação nos lucros) via rede blockchain – sem intermediação.

NEM TUDO SÃO FLORES

Embora a expectativa seja de que a blockchain mude radicalmente a forma como os negócios atuam, no fundo é incipiente. Hoje, as redes não abarcam um número relevante de atores, e a troca de informações ainda não acontece de forma efetiva – o que atrapalha análises mais objetivas sobre seu potencial e impacto.

Outro desafio, segundo Maurício, da IBM, é estabelecer as regras dentro de cada rede. “Estamos falando se ela vai, por exemplo, colocar determinadas informações como públicas ou privadas. Para os participantes chegarem a um consenso, é preciso criar uma governança compartilhada, o que não é simples”.

Existe também a questão da vulnerabilidade do sistema, que depende de software e, como qualquer programa de computador, pode falhar.

Martha Bennett, analista especializada em tecnologia na empresa global de pesquisas Forrester Research, diz que os estudos apontam que a ausência de “milagres”, ou seja, resultados revolucionários no curto prazo, levará muitos tomadores de decisão do mundo corporativo a “jogar fora a água do banho junto com o bebê, bloqueando investimentos em blockchain”. “Os visionários seguirão em frente. Já aqueles que esperavam uma resposta imediata desistirão”, afirma. Outro ponto sensível é a falta de regulamentação. Ainda não existem medidas antitruste que impeçam que um pool de companhias negocie dentro de uma rede blockchain e controle mercados, por exemplo.

PROCURAM-SE PROFISSIONAIS

Mesmo com pontos obscuros, a tecnologia tem feito subir a demanda por especialistas na área. No LinkedIn há, mundialmente, mais de 12.000 vagas que requerem conhecimento no tema. A busca é tanto por programadores, gente capaz de desenhar sistemas de blockchain inteligentes e eficazes, quanto por executivos, pessoas que entendam de negócios e consigam vislumbrar usos interessantes para a ferramenta em seu segmento de atuação. Em casos assim, estratégicos, não é preciso nem entender de códigos. Basta ter conhecimento sobre o conceito e suas aplicabilidades.

Carlos Rischioto, de 40 anos, líder da plataforma de blockchain da IBM, reúne os dois perfis. Há 15 anos atuando no segmento de tecnologia, passou a trabalhar com blockchain dois anos atrás. De lá para cá, ele, que é formado em ciência da computação, conta que passou a chamar mais a atenção do mercado.

“Tive ofertas recentes de emprego em concorrentes e empresas interessadas em aplicar a tecnologia em seus negócios. Fiquei na IBM porque sinto que ainda posso crescer aqui”, diz. O profissional acredita que, para ser bem-sucedido, é preciso estar antenado na evolução da tecnologia. “Curiosidade e autodidatismo são essenciais, pois os cursos que existem hoje e estão disponíveis não ensinam tudo. Uma boa dica é participar de redes que utilizem blockchain para entender como funciona. “Quem fizer isso terá grandes chances de encontrar emprego nos próximos anos.

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COMO FUNCIONA?

Entenda de que maneira acontece a transferência de dados na tecnologia blockchain:

O PASSO A PASSO

As transações são verificadas por meio de consenso entre os participantes, que podem visualizar e confirmar códigos. Como o sistema é criptografado, há segurança dos dados e não é preciso um intermediário para regular.

1 – Uma pessoa pede para fazer uma transação

2 – Essa transação é transmitida por meio de rede de computadores descentralizada, que a valida de acordo com o status do usuário e em algoritmos.

3 – Para que uma transação seja verificada, pode ser preciso usar criptomoedas, tokens ou outro tipo de dado digital.

4 – Uma vez verificado, o registro em questão é combinado com outros registros, formando um novo bloco de dados.

5 – Esse novo bloco é adicionado à cadeia de informações existente e não pode ser alterado nem excluído.

6 – A transação chega ao fim.

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10 USOS DA BLOCKCHAIN QUE VOCÊ NEM IMAGINA

A inovação pode ser aplicada em diferentes indústrias. Veja algumas delas:

1 – CONTRATOS INTELIGENTES

Como a blockchain automatiza transações com base em condições ou eventos predeterminados, pode ser aplicada em contratos de compra e locação de bens e até em testamentos. A documentação ficaria na rede, sem ser adulterada, podendo ser verificada de maneira segura.

2 – LOGÍSTICA

Os blocos de dados permitem o acompanhamento de mercadorias e peças ao longo de toda a cadeia de abastecimento e o monitoramento do ciclo de vida de um produto. Isso ajuda na gestão do estoque em diferentes indústrias, do agronegócio às joalherias.

3 – ÁREA FISCAL

Os processos fiscais e contábeis podem se tornar mais confiáveis e rápidos por meio das checagens automatizadas de segurança do sistema.

4 – ROYALTIES E LICENÇAS

A blockchain traz agilidade nos pagamentos de royalties e na execução de licenças, além de aumentar a confiança de quem vende direitos autorais – pois os dados são registrados nos diversos computadores da rede e não podem ser alterados.

5 – CONTROLE DE IDENTIDADE

Com essa tecnologia, é possível atestar a identidade na criação de documentos, no gerenciamento de credenciais e no cadastro de pessoas em programas de recompensa de marcas, por exemplo.

6 – VOTAÇÕES

Como os dados de uma cadeia blockchain são imutáveis e verificados pelos próprios usuários, a tecnologia traria segurança para eleições eletrônicas.

7 – DIREITOS TRABALHISTAS

As informações em blockchain podem aumentar a transparência dos contratos de prestação de serviço em toda a cadeia de produção, o que ajudaria a evitar explorações como trabalho escravo ou infantil. A coca­ cola, ao lado do governo americano, está desenvolvendo um sistema desse tipo.

8 – SAÚDE

Pacientes, médicos, farmácias e hospitais conectados à uma rede blockchain teriam acesso a informações mais seguras sobre tratamentos e histórico de pacientes.

9 – INTERNET DAS COISAS

A cisco, líder mundial em ti e redes, está desenvolvendo um aplicativo que monitora redes de internet das coisas (IoT) por meio de blockchain. O objetivo é aumentar a segurança da tecnologia, já que no futuro praticamente tudo estará conectado, do chuveiro à cafeteira.

10 – PRESTACÃO DE SERVIÇOS

As chaves de segurança usadas na rede blockchain podem ser aplicadas para dar mais confiabilidade em serviços de reparos domésticos ou de automóveis. Um cliente pode liberar o acesso de um prestador à distância e determinar que tipo de equipamento ele pode acessar ou não.

NEGÓCIOS EM TRANSFORMAÇÃO

No ano passado, a PwC realizou uma pesquisa com 600 executivos globalmente para verificar como anda a aplicação da tecnologia nas empresas. Confira os resultados:

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ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 25 – 30

Pensando biblicamente

A MALÍCIA E A INVEJA

 

V. 25 – Nós já lemos isto antes (Provérbios 14.12), mas aqui é repetido, como algo que é muito necessário que consideremos:

1. Como advertência para que todos nós evitemos nos enganar com as grandes preocupações das nossas almas, apoiando-nos no que pareça correto e justo, e não no que realmente seja correto e justo; e também para evitar que enganemos a nós mesmos, para que sejamos imparciais ao examinarmos a nós mesmos, e que conservemos um zelo por nós mesmos.

2. Como terror, para aqueles cujo caminho não é justo, que não é como deveria ser, independentemente do que possa parecer para eles mesmos ou para os outros; o seu fim certamente será a morte; para isto, há uma tendência direta e assegurada.

 

V. 26 – Este versículo pretende nos engajar na diligência, e nos estimular a fazer, com todas as nossas forças, o que a nossa mão encontrar para fazer, tanto nas nossas atividades terrenas como na obra da religião; pois, no original, o texto diz: A alma que trabalha, trabalha para si mesma. O trabalho aqui mencionado é o trabalho sincero. É o trabalho da alma que é aqui recomendado a nós:

1. Como o que será absolutamente necessário. A nossa boca nos instiga continuamente; as necessidades, tanto da alma como do corpo, são insistentes, e requerem constante alívio, de modo que precisamos trabalhar ou morrer de fome. Ambas requerem o pão diário; portanto, deve haver trabalho diário; pois no suor do nosso rosto, devemos comer (2 Tessalonicenses 3.10).

2. Como o que será indescritivelmente benéfico. Nós sabemos quem será beneficiado pelo trabalho que realizamos: aquele que trabalha colherá os frutos do seu trabalho; será para ele mesmo; ele se alegrará com o seu próprio trabalho e comerá o trabalho das suas mãos. Se fizermos da religião o nosso trabalho, Deus fará dela a nossa bem-aventurança.

 

V. 27 e 28 – Há aqueles que não somente são odiosos, mas rancorosos e perversos com os outros, e estes são os piores homens; dois tipos destes homens são descritos aqui:

1. Os que invejam a um homem a honra do seu bom nome, e fazem tudo o que podem para miná-la, com calúnias e deturpações: eles cavam o mal; eles se esforçam para descobrir uma ou outra coisa sobre a qual fundamentar uma calúnia, ou algo que possa ser distorcido. Se não houver nada aparentemente, ao invés de se abster de fazer o mal, eles cavarão, em busca dele, mergulhando no que é secreto ou examinando o passado, ou ainda usando de suspeitas e conjeturas malévolas, e deduções forçadas. Nos lábios de um caluniador e maledicente, há um fogo, não somente para manchar a reputação do próximo, mas um fogo ardente, para destruí-la. E que grande destruição causa um pouco deste fogo, e com que dificuldade é extinto! (Tiago 3.5,6).

2. Os que invejam a um homem a consolação da sua amizade, e fazem tudo o que podem para rompê-la, sugerindo, aos dois lados, aquilo que os fará divergir; embora tenham um relacionamento íntimo e antigo – eles no mínimo esfriarão os sentimentos existentes dos dois lados, e os afastarão. O homem rebelde, que não consegue encontrar no seu coração amor por ninguém senão por si mesmo, se incomoda por ver que outros vivem em amor, e por isto se dedica a semear contendas, fazendo descrições vis dos homens, dizendo mentiras, e transmitindo estórias mal intencionadas entre grandes amigos, de modo a separá-los, um do outro, e fazer com que se irem, um com o outro, ou pelo menos, suspeitem, um do outro. São homens maus, e mulheres más também, os que realizam estas coisas perversas; eles estão realizando a obra do diabo, e dele também virão os seus salários.

 

V. 29 e 30 – Aqui, outros tipos de homens iníquos nos são descritos, para que não gostemos deles, nem tenhamos algo a ver com eles.

1. Os que (como Satanás), cometem todo tipo de engano que puderem, por meio da força e da violência, como leões ruidosos, e não somente por meio de fraudes e insinuações, como sutis serpentes; são homens violentos, que fazem tudo por meio de roubo e opressão, são homens que fecham seus olhos, meditando, com a maior atenção e dedicação, para planejar perversidades, para imaginar como poderão causar o maior dano ao seu próximo, e como poderão realizá-lo eficazmente e asseguradamente; e então, movendo seus lábios, dando a palavra de ordem aos seus agentes, causam o mal, efetuam a maldade planejada, mordendo seus lábios (assim alguns interpretam) com irritação. Quando o ímpio planeja contra o justo, range seus dentes sobre ele.

2. Os que (ainda como Satanás) fazem tudo o que podem para seduzir e atrair os outros, para que se unam a eles, na execução de perversidades, conduzindo-os por um caminho que não é bom, que não é honesto, nem honroso, nem seguro, mas ofensivo a Deus, e que será, no final, pernicioso para o pecador. Assim, o diabo planeja destruir alguns neste mundo, conduzindo-os a dificuldades, e outros, no outro mundo, levando-os ao pecado.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

O PODER DA REFLEXÃO

A metacognição, capacidade de mergulhar nos próprios pensamentos e acompanhá-los, pode ser muito útil na hora de resgatar uma memória ou aprender um idioma com mais facilidade.

O poder da reflexão

A britânica Judith Keppel estava a uma única resposta de distância para embolsar 1 milhão de libras. Na fase final de um programa de TV muito popular na Inglaterra, faltava enfrentar o último desafio para se tornar a primeira vencedora do jogo. Precisava responder à pergunta: “Que rei foi casado com Leonor de Aquitânia?”. Após uma breve conversa com o apresentador, Chris Tarrant, ela afirma: “Henrique II”. Ele retruca: ” É sua resposta final?”. Sem titubear, ela confirma. A plateia irrompe em aplausos. Judith acertou.

Naquela noite, ela recorreu a um recurso valioso para não vacilar: sua capacidade metacognitiva. O termo cunhado pelo psicólogo John Flavell na década de 70 refere-se à nossa habilidade de avaliar os próprios pensamentos. Essa prática pode ser muito útil na hora de nos lembrar prontamente de uma senha, resgatar uma memória infantil ou aprender outro idioma com mais facilidade. Trata-se de um tribunal interno que controla a solidez de nossas representações mentais, como a memória e o discernimento. A metacognição permitiu a Judith responder com impressionante segurança.

A capacidade de refletir sobre nossos pensamentos é uma característica fundamental, já que por meio dela identificamos nossas limitações e as compensamos. Um estudante despreparado para uma prova de química, por exemplo, pode dedicar horas extras para revisar orbitais atômicos. A metacognição também entra em cena quando ajustamos um alarme para nos lembrar de algo que podemos esquecer ou fazemos uma lista de afazeres para dar conta das demandas do dia.

Mas essa capacidade não existe só para detectar dificuldades. Também nos ajuda a avaliar nossos pontos fortes, como quando abandonamos as boias de braço depois que aprendermos a nadar ou deixamos as rodinhas de apoio assim que nos sentimos seguros para andar de bicicleta. A metacognição reforça a sensação de que podemos passar para o próximo desafio quando estamos prontos, sem perder tempo para chegar aonde queremos.

Em última análise, serve como base para a aprendizagem e o sucesso. Quando prejudicada, no entanto, costuma afetar o desempenho escolar ou profissional. Podemos ter mais dificuldade para reconhecer uma má decisão e o melhor caminho a seguir. Alguns distúrbios psiquiátricos podem interferir na metacognição, impedindo a pessoa de identificar seus próprios problemas. No entanto, novas técnicas que ajudam a medir essa habilidade em laboratório e relacioná-la com funções cerebrais ajudam pesquisadores a compreender seus mecanismos e por que correm o risco de falhar. Algumas ferramentas podem ajudar a seguir o conselho de Sócrates aos atenienses, “conhece­te a ti mesmo”, com o treino da metacognição e a aperfeiçoar nossas capacidades.

A OPÇÃO PELO ATALHO

Especialista em desenvolvimento infantil, Flavell propõe que a metacognição seja compreendida como um aspecto da introspecção, indispensável à aprendizagem. Em um teste de memória, por exemplo, ele observou que “adultos que haviam estudado por um tempo e afirmavam estar preparados, de fato estavam, enquanto crianças pequenas nas mesmas condições frequentemente se enganavam em relação ao próprio desempenho”.

Os dados sugerem que durante o desenvolvimento cerebral certas áreas ou redes neurais vão se tornando mais sólidas, o que gradualmente nos torna aptos para julgar a própria capacidade de aprendizagem com maior precisão. No entanto, os pesquisadores enfrentaram um dilema para estudar essa hipótese em laboratório: como testar a maneira como enxergamos nossos próprios pensamentos?

Não há marcadores claros da metacognição, por isso meus colegas e eu decidimos usar um atalho: medimos o grau de confiança de algumas pessoas para defender suas ideias e verificamos se a certeza se justificava. O cotidiano está repleto de cenas sobre as quais nos equivocamos. Um cozinheiro inexperiente que acredita que um jantar com vários amigos no qual deixa queimar o salmão e se esquece de arrumar a salada pode não ter boa metacognição. Em meus estudos, a tarefa proposta é muito mais simples do que preparar refeições. Os participantes se sentam na frente de uma tela de computador e observam dois grandes círculos, cheios de pontos, piscar brevemente: o objetivo é decidir qual figura geométrica está mais preenchida. A maioria dos voluntários não acha essa atividade tão fácil. O meu interesse, porém, não é ter a resposta correta, mas saber o grau de segurança que os participantes têm para sustentar sua opinião. Repetimos o experimento várias vezes, até que observamos um padrão. Ter alta confiança somente quando acertamos, e vice-versa, significa que nossa metacognição está apurada. Testes similares podem medir essa habilidade relacionada a outros aspectos do comportamento, como memória e aprendizagem.

Os resultados sugerem que a precisão metacognitiva varia amplamente entre a população. Alguns parecem conhecer pouco sobre os próprios pensamentos, enquanto outros demonstram excelente capacidade de autoavaliação mental. No entanto, é importante notar que isso não prediz o desempenho. Podemos ter pouca noção das próprias habilidades, mas fazermos excelente uso delas.

Nos últimos anos, pesquisadores têm trabalhado na identificação de mecanismos neurais que regulam a metacognição. As primeiras pistas vieram de um paciente com um dano neurológico bastante específico. Em meados da década de 80, o neurocientista Art Shimamura fazia seu pós-doutorado com a orientação do psicólogo Larry R. Squire, da Universidade da Califórnia em San Diego. Os dois investigavam pacientes com amnésia que haviam sofrido lesões no hipocampo (região importante para a memória), quando observaram um padrão curioso nos dados. A maioria apresentava problemas de memória, mas apenas alguns estavam cientes disso. Aqueles que não se davam conta da dificuldade que enfrentavam (baixa metacognição) sofriam da síndrome de Korsakoff, um distúrbio da memória frequentemente associado ao alcoolismo. Os pacientes não só desenvolveram amnésia por danos causados no hipocampo, mas também pelas lesões no lobo frontal, o que levou os pesquisadores a suspeitar que essa região estivesse envolvida na regulação da metacognição. Para confirmar a hipótese, junto com a neurocientista Jeri Janowsky, Shimamura e Squire examinaram sete pessoas com lesões nos lobos frontais, mas com as regiões associadas à memória preservadas. Eles observaram que de fato a metacognição estava prejudicada nesses pacientes. Os cientistas mostraram a eles uma lista de frases e lhes perguntaram a probabilidade de reconhecê-las depois, ao que responderam com imprecisão. No entanto, se lembravam claramente do que estava escrito. Esses foram os primeiros estudos a mostrar a metacognição como uma função cerebral independente e não apenas em parte integrante de habilidades cotidianas.

O lobo frontal abrange uma vasta área neural. Meus colegas e eu procuramos identificar mais precisamente as regiões associadas à metacognição. Em 2010, publicamos uma pesquisa em que propusemos essa ideia. Em outro estudo, em parceria com os neurocientistas Geraint Rees,

Rimona S. Weil e outros colegas da Universidade College London, mostramos brevemente duas imagens para alguns voluntários e perguntamos qual parecia ser mais brilhante. Na sequência, eles relataram o grau de confiança na própria resposta. Após diversos testes, calculamos um escore metacognitivo para cada participante.

Para afastar qualquer interferência que pudesse ser causada por alguma alteração na percepção visual, cuidamos para que nossos pacientes fossem igualmente capazes de identificar a figura mais reluzente. Eles forneceram a resposta correta em aproximadamente 70% das vezes. Depois de pontuarmos erros e acertos, submetemos os voluntários a exames de neuroimagem e observamos, naqueles com metacognição mais apurada, maior concentração de matéria cinzenta no córtex pré-frontal anterior, uma região cerebral desproporcionalmente maior em seres humanos do que em outros primatas. A massa cinzenta consiste principalmente em células neurais, diferentemente da substância branca, com axônios delgados que se estendem do corpo celular e transmitem impulsos elétricos para outros neurônios. Pessoas com maior capacidade metacognitiva também tinham áreas de matéria branca mais densa conectando o córtex pré-frontal anterior ao restante do cérebro.

Outros estudos com neuroimagem sugerem que a atividade neural no córtex pré-frontal anterior é mais fortemente correlacionada com a confiança em pessoas com melhor metacognição. Além disso, estimular essa área com pulsos magnéticos interfere temporariamente no funcionamento dos neurônios, o que pode prejudicar essa habilidade sem afetar outros aspectos da percepção ou da tomada de decisão.

Estávamos curiosos, porém, para determinar se as áreas que identificamos estavam associadas a julgamentos simples também desempenhariam algum papel em decisões complexas. Com os neurocientistas Benedetto De Martino, Ray Dolan e Neil Garrett, então da Universidade College London, elaboramos um experimento mais próximo de uma situação real, ainda que dentro de um escâner cerebral. Pedimos aos participantes que escolhesse entre dois petiscos: batata frita ou chocolate. Em seguida, eles relataram o grau de segurança de ter tomado a melhor decisão. Depois que saíram do aparelho, disseram o quanto estariam dispostos a pagar para cada uma das guloseimas e, novamente, classificaram a autoconfiança em relação à escolha, dessa vez, considerando a quantia mencionada.

VOCÊ SABE QUE SABE?

O procedimento que elaboramos nos ajudou a distinguir a atividade cerebral que sustenta nossas ações da que regula nossos pensamentos sobre como agimos. Nem todos disseram que pagariam mais para o item preferido (a resposta aparentemente lógica}. No entanto, para alguns, seu comportamento inconsciente era mais claro do que para outros. Como constatamos em 2013, essas pessoas demonstravam conectividade mais forte entre o córtex pré-frontal anterior e uma região do cérebro associada a cálculos. Apesar de não fazerem necessariamente as melhores escolhas, pelo menos tinham maior clareza sobre isso.

No entanto, não sabemos ainda como o córtex pré-frontal anterior contribui com a metacognição nem por que maior volume cerebral nessa região interfere na capacidade de observar os próprios pensamentos. No entanto, os resultados são o primeiro passo para identificar como aprimorar essa habilidade imprescindível. Médico s usam o termo anosognosia (em grego, sem conhecimento da doença} para descrever a pessoa com um distúrbio neurológico que a impede de saber sobre seu problema de saúde. Isso pode se dar em vários níveis. Por exemplo: um pai que não percebe sua própria doença ou a de um filho pode afetar significativamente as relações familiares, interferindo na realidade compartilhada em que as trocas sociais são construídas. Pacientes com demência não se dão conta de que perdem a memória progressivamente. Isso dificulta procurar ajuda, lembrar-se de tomar os medicamentos ou reconhecer que talvez não dirijam mais com a mesma segurança. Esquizofrenia, dependência química e acidente vascular cerebral também interferem na metacognição.

Não se pode deixar de lado, porém, a visão psicanalítica de que há pessoas que, defensivamente, desenvolvem mecanismos de negação. Nessa perspectiva, até poderiam reconhecer suas dificuldades, mas seriam relutantes em admiti-las a profissionais da área da saúde ou mesmo a pessoas da família. É tênue o limite entre essa defesa e a baixa metacognição que pode ser consequência de algumas doenças. Muitos dependentes de álcool, por exemplo, não consideram a bebida um problema, mesmo que compreendam que o excesso é prejudicial. Há consenso entre médicos e psicólogos que tratam de toxicodependência de que um dos maiores desafios no tratamento é lidar com a resistência de pessoas que precisam de ajuda mas não reconhecem a necessidade de intervenção terapêutica.

Ainda não está claro se metacognição e anosognosia são dois lados da mesma moeda, mas sabemos que estão intimamente relacionadas. Pacientes com esquizofrenia sem consciência da própria doença, por exemplo, tendem a ter o lobo frontal menor do que aqueles que reconhecem ter o distúrbio – o mesmo padrão observado nos indivíduos saudáveis com metacognição prejudicada. Considerando que doenças psiquiátricas podem provocar múltiplos efeitos no cérebro, é provável que a anosognosia esteja relacionada a alterações em redes neurais.

Talvez cheguemos à conclusão de que esse problema neurológico seja simplesmente um tipo de dificuldade metacognitiva. Estudos recentes sugerem que a capacidade de introspecção pode variar e a anosognosia pode ser uma de suas facetas. Pesquisas recentes reforçam a hipótese de diferenças na atividade cerebral associadas com a metacognição da memória e com a metacognição da percepção. Meus colegas da Universidade de Nova York e eu também observamos que pessoas com danos no córtex pré-frontal anterior apresentam dificuldade com a metacognição perceptual, mas parecem não ter problemas para julgar suas memórias com precisão.

UM MINUTO PARA ENTENDER

Em 1990, os cientistas começaram a desenvolver pesquisas para descobrir como aprimorar essa habilidade. Um estudo em pequena escala sobre os efeitos da clozapina (droga antipsicótica) em pessoas com esquizofrenia apontou que a medicação ajudou a melhorar a compreensão dos pacientes sobre seus sintomas clínicos após seis meses de tratamento. O remédio também interrompeu manifestações esquizofrênicas, por isso os pesquisadores não conseguiram determinar em quais aspectos a metacognição interferiu positivamente.

Mais recentemente, o psicólogo Robert Hester e seus colegas da Universidade de Melbourne, na Austrália, descobriram que o metilfenidato poderia aumentar essa capacidade em voluntários sadios. Nesses experimentos, os participantes realizaram uma tarefa em que deveriam detectar, sob pressão de tempo, uma cor difícil de ser percebida e detectar quando acreditavam ter cometido um equívoco – um julgamento metacognitivo. Aqueles que tomaram o medicamento reconheceram mais seus próprios erros de forma consciente do que participantes que ingeriram outras drogas, como antidepressivos comuns. O problema do uso desses produtos, entretanto, não se reduz a sua eficácia, já que ainda não estão claros seus efeitos colaterais.

A estimulação elétrica cerebral também pode ajudar a melhorar a metacognição. Utilizando a mesma tarefa do experimento anterior, uma equipe da Universidade Trinity College, em Dublin, constatou que disparar uma corrente elétrica fraca pelo córtex frontal de voluntários idosos aumenta a consciência dos próprios erros. O estímulo excita temporariamente os neurônios, o que pode colocar o lobo frontal em estado de alerta, aumentando a capacidade metacognitiva. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para compreendermos melhor como as drogas ou a estimulação cerebral pode melhorar nossa capacidade de raciocinar sobre nossos próprios pensamentos.

Já a meditação é um excelente método disponível para aprimorar a habilidade de julgar as próprias ideias. Um estudo deste ano, conduzi­ do pelos psicólogos Benjamin Baird e Jonathan W. Schooler, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara mostrou que duas semanas de prática meditativa aumentaram a metacognição de voluntários durante um teste de memória (mas não em uma tarefa que envolvia discriminação visual). A técnica milenar pressupõe o desenvolvimento da capacidade de manter o foco ao se concentrar nos próprios estados mentais o que tende a aprimorar a habilidade de avaliar a si mesmo. De fato, diversos estudos apontam que a meditação pode provocar mudanças na estrutura, nas funções e na conectividade do córtex pré-frontal anterior. Isso sugere que a técnica pode induzir a neuroplasticidade em circuitos cerebrais estimulados por ela e envolvidos na metacognição. A hipótese, porém, é especulativa: por enquanto, não há provas concretas de alterações neurais que persistem após melhora na metacognição.

Estratégias psicológicas simples ajudam a fortalecer essa habilidade na sala de aula. No início dos anos 90, o falecido psicólogo Thomas Nelson e seu aluno John Dunlosky, então da Universidade de Washington, relataram um efeito intrigante. Voluntários que foram convidados a refletir, depois de uma pequena pausa, sobre o próprio desempenho em uma tarefa em que deveriam aprender uma lista de palavras, demonstraram maior noção sobre suas ideias do que aqueles que deveriam responder imediatamente. Desde então, muitos estudos replicaram esses resultados. Ou seja: incentivar os alunos a ponderar por algum tempo antes de decidir se estudaram o suficiente para um teste que está por vir pode colaborar com a aprendizagem de uma forma simples e eficaz

Eles também podem ter melhor discernimento se puderem criar palavras-chaves sobre os temas explorados. O psicólogo Keith Thiede, especialista em educação, pesquisador da Universidade Estadual de Boise, observou que solicitar aos alunos que escolhessem termos que resumissem determinado tópico os ajudou a desenvolver melhor precisão metacognitiva. Isso também os auxiliou a dividir melhor o tempo de estudo e a se concentrar mais nos conteúdos menos compreendidos.

No entanto, o insight sobre a própria condição nem sempre é bem-vindo na opinião do psicólogo. Em alguns cenários, seria até inapropriado. Um paciente com Alzheimer, por exemplo, poderia se angustiar ainda mais se tivesse consciência da deterioração progressiva de sua memória. Essa e outras questões éticas devem ser consideradas na medida em que a neurociência metacognitiva amadurece. E nesse processo dois pontos se destacam:

1. muitas vezes experimentamos nossos sentimentos e pensamentos de forma bastante frágil;

2. alterações na habilidade metacognitiva interferem no autoconhecimento e nas tomadas de decisão. Em casos extremos, como nos transtornos psiquiátricos, a pessoa costuma ter dificuldade de se conectar com a realidade social compartilhada. Ajustar o “foco da lente” – com a ajuda da neurociência cognitiva, da psicologia e de modelos computacionais- pode ser crucial para diminuir o sofrimento de muitas pessoas.

OUTROS OLHARES

OS NOVOS DESTINOS PARA O ALUGUEL DE BARRIGAS

Mulheres dos EUA e do Leste Europeu começam a substituir indianas e tailandesas na preferência de brasileiros que não conseguem gerar seus filhos.

Os novos destinos para o aluguel de barrigas

A enfermeira obstétrica Rose Teles Silva, de 43 anos, e o marido Roberto já tinham dois filhos de 12 e 16 anos e pretendiam ter uma menina. Problemas de saúde, porém, obrigaram Rose a fazer uma histerectomia e ela ficou sem o útero. Ela e Roberto pensaram em uma adoção, mas a saída que o casal acabou encontrando para realizar seu sonho foi contratar os serviços de uma empresa especializada em tratamentos de barriga de aluguel no exterior. Com seu próprio material genético, sem necessidade de doadores, eles encontraram uma mãe substituta na Ucrânia. A filha Clarissa nasceu no dia 30 de março de 2018, na capital Kiev. Foi um processo sem traumas. “O mais complicado é a parte emocional, porque você está distante da mãe de aluguel e fica à espera de alguma notícia”, diz Rose. “Mas tudo aconteceu como me falaram que ia acontecer, eu recebia boletins de pré-natal a cada quinze dias e Clarissa chegou com 41 semanas”.

Não existe legislação no Brasil que permita o aluguel da barriga ou de qualquer outra parte do corpo. Por aqui, quem quiser um útero de substituição tem que encontrá-lo numa parente de até terceiro grau. É a chamada barriga solidária, que não pode envolver nenhum tipo de pagamento pelo serviço. Para alugar um útero só mesmo em outros países. E para isso há empresas que cuidam de todos os trâmites jurídicos e das questões médicas envolvidas no processo, incluindo a escolha da mãe de aluguel. No Brasil, apenas uma empresa desse tipo tem um escritório ativo, a israelense Tammuz, contratada por Rose e Roberto. Fundada pelo ex-consul de Israel em São Paulo, Roy Rosenblatt-Nirr, a empresa atua em 38 países e já gerou mais de 800 bebês. Roy adquiriu experiência no assunto e se familiarizou com o processo porque ele e o marido Ronen decidiram, há nove anos, ter dois filhos por meio de barriga de aluguel, na Índia. Nasceram a menina Rotem e o menino Saar.

O mercado de barriga de aluguel é pequeno, mas crescente. No Brasil, já são 47 bebês nascidos no exterior por meio da Tammuz, que tem outros 44 processos em andamento. Entre 2017 e 2018, houve um crescimento de 35,3%, de 17 para 23, no número de crianças brasileiras nascidas em úteros de substituição no exterior. A maioria dos casais que buscam o serviço tem mais de 35 anos e todos já passaram por algum tratamento de fertilidade. “É um negócio que está crescendo no Brasil e no mundo inteiro. A diferença é que no exterior há um crescimento na demanda por casais gays e no Brasil prevalecem os héteros”, diz Rosenblatt-Nirr.

Os principais destinos para quem busca uma barriga de aluguel atualmente são Estados Unidos, Ucrânia, Albânia e Rússia. Outros países como Tailândia, Índia e México criaram limitações para estrangeiros. O maior mercado para barriga de aluguel é os Estados Unidos, onde se registram pelo menos metade dos casos do mundo e se aceitam qualquer tipo de casal ou homens e mulheres solteiros. Na Ucrânia e na Rússia há restrições para solteiros e casais homossexuais. É bom saber, de qualquer forma, que comprar serviços de barriga de aluguel custa caro. Nos Estados Unidos, gasta-se cerca de US$ 110 mil para ter um filho dessa forma e na Ucrânia o valor gira em torno de US$ 65 mil.

Os novos destinos para o aluguel de barrigas. 2

ELE QUER TER DIREITOS DE UMA GRÁVIDA

O médico Wagner Scudeler, de 40 anos, contratou os serviços de uma barriga de aluguel nos Estados Unidos e, como pai solteiro, quer ter os mesmos benefícios da Previdência Social de uma mulher grávida. Demitido no final de agosto pela Fundação ABC, Scudeler entrou com uma ação contra a antiga empregadora em que reivindica estabilidade durante o período de gestação da mãe substituta e uma licença paternidade nos moldes da maternidade, de pelo menos quatro meses. “Acabei sendo demitido quando eles ainda não sabiam que minha barriga de aluguel já estava grávida”, diz. “Para mim é um processo moral. Considero que fui discriminado por ser homem, porque se eu fosse uma mulher eles teriam me reintegrado”. Scudeler pede uma indenização de R$ 440 mil. A mãe de aluguel está de 28 semanas.

Ele acredita que, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu tanto a existência da união homoafetiva como da família monoparental, um genitor solteiro também pode ter os mesmos benefícios de uma família tradicional. Se um pai solteiro adotar uma criança, ele tem direito a quatro meses de licença. “No meu caso é como se eu estivesse adotando o meu próprio filho”, diz. Segundo a Fundação ABC, as causas da demissão não estão associadas com a barriga de aluguel e a empresa só teve as informações sobre a gravidez nos Estados Unidos depois que Scudeler foi demitido.

Os novos destinos para o aluguel de barrigas. 3

GESTÃO E CARREIRA

SAI O DATA VENIA, ENTRA O BIG DATA

A tecnologia e seus impactos na sociedade chegaram até o mercado de direito. Veja o que muda para profissionais e escritórios.

Sai o data venia, entra o big data

O Brasil é um dos países com o maior número de advogados no mundo. De acordo com levantamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2016 eram 1 milhão de profissionais. Por aqui, a alta complexidade jurídica e o excesso de burocracia fazem do direito um terreno fértil. Por ano, o mercado jurídico privado fatura cerca de 50 bilhões de reais. Engana-se, porém, quem acredita que o setor tradicional esteja blindado das transformações que sacodem outros segmentos. O surgimento de novas carreiras, o uso de tecnologias para acelerar tarefas que levavam horas e até mesmo novos modelos de cobrança são alterações já perceptíveis no dia a dia das firmas e dos departamentos jurídicos. “Embora demorada, já conseguimos perceber que o universo da advocacia tem sido alterado em busca de se tornar mais célere e se alinhar com o mundo lá fora. Não podemos usar abotoaduras e falar latim quando todos usam emoji”, afirma Bruno Feigelson cofundador do Future Law centro de inovação voltado para o direito.

TEMPOS MODERNOS

Uma das mudanças perceptíveis no dia a dia dos escritórios de direito é a adoção de novas ferramentas para dar agilidade aos trabalhos repetitivos que antes demandavam muito tempo dos profissionais. Pesquisas de jurisprudência gestão dos processos em andamento, elaboração de peças generalistas são algumas das tarefas que, aos poucos, estão sendo executadas por robôs. Até o Supremo Tribunal Federal tem o seu. Batizado de Vitor, a ferramenta criada em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), começou a ser utilizada em agosto de 2018 para identificar e categorizar os temas que sobem para o STF.

No Tozzini Freire, um dos maiores escritórios do Brasil, que emprega 660 profissionais, há um ano e meio as maquinas começaram a ser usadas, em fase de testes, para gerar relatórios de auditoria legal, atividade realizada no processo de apuração da situação regulatória, fiscal e contábil das empresas. Com base em machine learning, a solução deu tão certo que passou a ser adotada como oficial no final de janeiro. “Esse tipo de função, quando feita por um profissional, demandava muito trabalho. Com o software, esperamos fazer o mesmo em menos tempo e de forma mais eficiente”, afirma Fernando Serec, CEO do Tozzini Freire.

Além do investimento em tecnologia, o escritório também decidiu criar um programa de inovação, o Think Future, que realiza debates mensais sobre temas que estão surgindo na área jurídica, como cidades inteligentes, questões legais dos carros autônomos e privacidade de dados. Os encontros são regados a pizza e refrigerante, lembrando o ambiente de startups. “A ideia é que a gente explore não só a tecnologia, mas tudo o que pode mudar em nossos serviços”, completa Fernando.

UM NOVO PERFIL

O posicionamento do Tozzini Freire revela uma tendência na advocacia, que está às voltas com o surgimento de novos debates e legislações. A natureza jurídica de um robô relações laborais entre motoristas e empresas, como Uber e 99, ou limites éticos da biotecnologia são alguns dos assuntos que os advogados vão precisar saber, por exemplo. “Antigamente, as leis duravam 40, 50 anos, mas os fatos sociais estão exigindo a criação de normas em uma velocidade muito rápida. Para acompanhar o profissional vai precisar de atualização constante”, afirma Bruno, do Future Law.

E foi exatamente para entender o que estava acontecendo no mercado que, no final de 2018 a advogada Camila Sardo, de 29 anos, buscou dois cursos de extensão em temas que até algum   tempo atrás não estariam em seu radar: resolução online de disputas e future thinking. Atuando há dois anos na área de direito empresarial na Raizen, empresa de produção de açúcar etanol e bioeletricidade, a jovem percebeu que poderia utilizar a prática de negociação, regulamentada pela Lei de Mediação, em 2015, para ganhar agilidade em alguns acordos que chegavam a levar meses. “O curso ajudou a entender a capilaridade desse dispositivo e a observar as melhores práticas. Hoje. usamos uma ferramenta chamada Sem Processo e chegamos a fechar disputas em um dia”, afirma Camila, que admite ter ficado receosa no início. “O direito é uma carreira mais conservadora, não temos muita margem para o risco, então no começo bate uma desconfiança”, diz. Atualmente, por causa dos cursos, a profissional está envolvida em um projeto de inovação para outras áreas do departamento jurídico da Raizen. “É importante encarar essas mudanças como oportunidade para não ficar estagnado”, completa.

De acordo com Camila Dable, da Salomon Azzi, consultoria especializada em recrutamento de advogados, além das mudanças geradas por transformações externas, as bancas e as empresas também estão em busca de um perfil de profissional mais colaborativo. que saia do “juridiquês” e consiga traçar estratégias que levem em conta o impacto nos negócios. Em épocas de crise, as companhias ficam mais zelosas com os custos financeiros e não podem mais demorar meses em uma questão ou colocar dez advogados em um projeto. “Hoje, os profissionais de direito precisam ajudar na tomada de decisões importantes, e não atuar apenas como meros conselheiros. Por isso, embora sejam especialistas, eles têm de enxergar áreas sinérgicas. Por exemplo, na aquisição de uma empresa, não basta ser alguém com conhecimento de fusões e aquisições, é preciso observar questões trabalhistas, tributárias, ambientais”, afirma Camila.

MAIS PERTO DAS STARTUPS

Não é de hoje que as grandes corporações de tecnologia têm se tornado clientes e influenciado a dinâmica dos escritórios de direito tradicionais.

O pinheiro Neto, por exemplo, mantém uma equipe interdisciplinar, com cerca de 60 advogados, para atender empresas do setor há oito anos. “Percebemos que tínhamos de atuar de forma diferente com esses clientes. São contratos, linguagem e forma de se vestir próprias”, diz Alexandre Bertoldi, sócio- gestor do escritório Pinheiro Neto. A relevância dessas organizações para os negócios do escritório, que hoje representam de 10 a 15 de seus 5 principais clientes, levou a firma a abrir uma unidade, em julho, no Vale do Silício. “Realizamos viagens e visitas constantes, então reso0lvemos criar um escritório lá”, afirma Alexandre.

Com o protagonismo cada vez maior de startups na economia, os escritórios também começam a olhar para empresas de tecnologia menores, que, mesmo não faturando bilhões, possuem potencial de crescimento. Desde 2014, por exemplo, o Tozzini Freire contratou a aceleradora ACE para se aproximar do ecossistema de startups. Além de utilizar o espaço de coworking WeWork e da incubadora InovaBra, do Bradesco, os advogados passaram a dar palestras e a participar de eventos do setor. Para atender esses clientes – iniciantes e, geralmente, sem muito capital -, o escritório, fundado em 1976, precisou flexibilizar o método de pagamento. As convencionais cobranças por hora, que não caberiam no bolso dos empreendedores, foram substituídas por um modelo em que a startup paga um preço menor no meio (quando ainda estão se consolidando) e o restante é acertado quando recebem um aporte de investimento ou abrem capital na bolsa de valores. Nesses quatro anos, cerca de 100 startups foram atendidas nesse formato pelo Tozzini Freire. “São companhias pojantes e muitas já deixaram de ser startups”, afirma Fernando Serec.

Outro exemplo é o escritório de advocacia Braga, Nascimento e Zílio, que foi além na hora de flexibilizar a cobrança de honorários para as startups. A banca, que tem 28 anos de existência e até 2016 nem sequer possuía uma área de inovação, há dois anos criou um departamento focado apenas em atender empreendedores, aceleradoras e investidoras e lançou uma moeda própria, o BNZ Points. Operando por meio de um atendimento pré-pago, os clientes adquirem pacotes da moeda virtual a partir de 2.000 pontos e sabem de antemão quantos BNZs o serviço custará. “É bem transparente. No modelo por hora os clientes não sabem exatamente quanto será cobrado e sempre sai mais caro.

Além disso, conseguimos atender negócios em fases muito iniciais, que têm bastante demanda, mas não conseguem contratar bancas tradicionais”, afirma Arthur Braga Nascimento, filho de um dos fundadores do BNZ e idealizador da área de inovação. Com mais de 100 clientes, Arthur pretende expandir as operações do braço de empreendedorismo para o exterior, abrindo um escritório em Miami e em Nova York até o final de fevereiro.

DO OUTRO LADO DO BALCÃO

Se o ecossistema de startups pode gerar oportunidades de negócio para os escritórios tradicionais de direito, as legaltech ou lawtechs, startups de tecnologia voltadas para serviços jurídicos também são uma boa opção para advogados que querem empreender. Com 102 milhões de processos em tramitação gastando cerca de 1,3% do PIB com o setor, de acordo com o relatório do Conselho Nacional de Justiça, o mercado é grande o suficiente para quem está dos dois lados do balcão.

Criada em outubro de 2017 a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (Ab2L) já reuniu mais de 100 empresas do ramo. “Muitos profissionais ficam alarmados com a chegada da tecnologia no setor. Realmente, tarefas mais básicas processuais, muitas vezes realizadas por advogados juniores, serão efetuadas por softwares. Entretanto essas mesmas soluções podem gerar novas formas de trabalho”, afirma Emerson Fabiani, coordenador do Programa de Pós­ Graduação em Direito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Segundo ele a tendência é que as ferramentas disponíveis hoje focadas em litígios de grandes volumes como questões de direito do consumidor devem se expandir para temas mais estratégicos. “Já existem soluções que ajudam a fazer pesquisas de mercado, o que pode afetar a área de fusões e aquisições por exemplo” diz.

De olho nesse potencial, a empreendedora Michelle Morcos, de 35 anos fundou a startup de negociação de acordos Justto em 2015. Advogada de formação, a paulistana trabalhou durante dez anos em escritórios de advocacia, na área de direito empresarial. “Ouvia bastante reclamação de clientes sobre a lentidão do Judiciário e como era caro realizar ações como arbitragem, que não dependiam do sistema forense. Em 2010, vi uma reportagem que dizia que a General Electric economizava 1 milhão de dólares por ano com arbitragem online. Isso acendeu uma luzinha”, afirma. Michelle reuniu 200.000 reais em economias e, junt o com o marido, o também advogado Alexandre Viola, lançaram, em 2013, o embrião da Justto: a Arbitranet, primeira câmara de arbitragem online. A ideia, embora inovadora, não ganhava escala. “Somos advogados então não entendíamos nada de marketing vendas, não sabíamos como colocar uma empresa para rodar”, diz Michelle.

Ainda conciliando os dois empregos, em 2015 os empreendedores conheceram a aceleradora ACE em um evento. Sem nenhum cliente, resolveram participar do processo de aceleração da organização, que durava seis meses. “Isso foi um divisor de águas, entendemos o que era um modelo de negócio, o mercado e as reais necessidades dos consumidores. Percebemos que, embora a Arbitranet funcionasse para alguns conflitos, os escritórios buscavam ferramentas para outros, como contestação e litígios trabalhistas.” O resultado foi a criação de outra solução, em 2016: uma plataforma de negociação de acordos. Aí nasceu a Justto. Michelle e Alexandre largaram os empregos, se mudaram para São José dos Campos, passaram a se dedicar inteiramente ao projeto. “Em termos de remuneração, o impacto foi bem alto, tivemos de mudar o padrão de vida e nos adaptar”, diz. Depois de duas rodadas de investidores anjos e um aporte de 2,5 milhões de reais em setembro de 2018, por meio de um programa do BNDES, a startup hoje tem 22 funcionários e 70 clientes, como Natura, CVC e Kroton. “Comparando com quando começamos, em 2013, percebemos que as companhias e os escritórios estão muito mais abertos à tecnologia do que antes”, diz Michelle. Abertura e flexibilidade devem ser as palavras de ordem para os profissionais de direito nos próximos anos, seja para quem quer empreender, se especializar ou mudar a forma como trabalha.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 20 – 24

Pensando biblicamente

OS BENEFÍCIOS DA SABEDORIA

 

V. 20 – Observe:

1. A prudência conquista respeito e sucesso para os homens: o que lida com sabedoria com uma questão (que é senhor da sua profissão e mostra que entende daquilo que empreende, que é atencioso em seus negócios, e, quando fala ou escreve sobre qualquer assunto, o faz de maneira pertinente), achará o bem, terá uma boa reputação; será alguém diligente.

2. Mas é apenas a piedade que garantirá a verdadeira felicidade aos homens: Os que lidam prudentemente com uma questão, se forem soberbos e se apoiarem no seu próprio entendimento, ainda que possam encontrar algum bem, não terão uma grande satisfação nisto, mas aquele que confia no Senhor, e não na sua própria sabedoria, é bem-aventurado, e será bem sucedido no final. Alguns entendem que a primeira parte do versículo se refere à piedade, que é, na verdade, a verdadeira sabedoria: o que atenta prudentemente para a palavra (a Palavra de Deus, Provérbios 13.13) achará o bem, nela, e por ela. E o que confia no Senhor, na sua palavra, à qual obedece, será bem-aventurado.

 

V. 21 – Observe:

1. Aqueles que têm a sabedoria genuína terão credibilidade, isto lhes conquistará prestígio, e eles serão considerados homens prudentes e sérios, e haverá deferência para com o seu juízo. Faça o que for sábio e bom, e terás louvor por isto.

2. Os que, com sua sabedoria, têm uma firme elocução, que transmitem seus sentimentos com facilidade e graça, transmitem a sua sabedoria, e têm palavras à vontade – e o bom linguajar, bem como o bom senso, aumenta o ensino; eles difundem e propagam o conhecimento aos outros, e realizam uma boa obra com isto, e desta maneira, aumentam o seu próprio conhecimento. Eles acrescentam doutrinas, aprimoram conhecimentos, e prestam serviço à comunidade do ensino. A qualquer que tiver, e usar o que tem, ser-lhe-á dado.

 

V. 22 – Observe:

1. Sempre há algum bem a ser obtido de um homem sábio e bom: O seu entendimento é uma fonte de vida, que sempre jorra, e nunca se esgota; ele tem algo a dizer, sobre todas as situações, que é instrutivo, e útil para os que farão uso do fruto de seu entendimento; ele extrai coisas novas e velhas do seu tesouro; no mínimo, o seu entendimento é uma fonte de vida para ele mesmo, dando-lhe abundante satisfação; nos seus pensamentos, ele satisfaz e edifica a si mesmo, senão a outros.

2. Não há nada de bom a ser obtido de um tolo. Até mesmo a sua instrução, os seus discursos preparados e solenes, são apenas estultícia, como ele mesmo que é tolo, e tende a fazer com que os outros sejam como ele. Quando ele faz o melhor de si, é apenas tolice, em comparação até mesmo com as palavras comuns de um homem sábio, que fala melhor à mesa do que um tolo na cadeira de Moisés.

 

V. 23 – Salomão tinha elogiado a eloquência, ou a doçura dos lábios (v. 21), e parecia preferi-la à sabedoria; mas aqui, ele se corrige, por assim dizer, e mostra que, a menos que haja um bom tesouro interior que apoie a eloquência, ela vale muito pouco. A sabedoria no coração é a questão principal.

1. É ela que nos orienta a falar, que ensina a boca sobre o que falar, e quando, e como, de modo que o que é dito possa ser apropriado, pertinente, e oportuno; não fosse assim, ainda que o linguajar seja muito elegante, seria melhor que nada fosse dito.

2. São a força de raciocínio e de argumentação que respaldam o que falamos, e acrescentam ensino às nossas palavras; sem ambos, ainda que algo seja expresso com boas palavras, será rejeitado, como algo insignificante. As expressões estranhas e singulares agradam os ouvidos e satisfazem os caprichos, mas é a doutrina nos lábios que deve convencer o juízo, e dominá-lo, e para isto a sabedoria no coração é necessária.

 

V. 24 – As palavras suaves aqui elogiadas são as que o coração do sábio ensina, e às quais acrescenta doutrina (v. 23), palavras de conselho oportuno, instrução e consolação, palavras extraídas da Palavra de Deus, pois era isto que Salomão tinha aprendido, com seu pai, a considerar mais doce do que o mel e o favo de mel (Salmos 19.10). Estas palavras, para aqueles que sabem como saboreá-las:

1. São doces. São como o favo de mel, doces para a alma, que prova nelas que o Senhor é piedoso e misericordioso; nada é mais gratificante e agradável para o novo homem do que a Palavra de Deus, e as palavras que são tomadas emprestadas dela (Salmos 119.103).

2. São saúde. Há muitas coisas agradáveis que não são benéficas, mas estas palavras agradáveis são saúde para os ossos, para o homem interior, e também são doces para a alma. Elas fazem com que se alegrem os ossos que o pecado quebrantou. Os ossos são a força do corpo, e a boa palavra de Deus é um meio de força espiritual, que cura as doenças que nos enfraquecem.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

APROXIMAÇÕES ENTRE TEMPO E ESPAÇO

Onde está o passado? pessoas que falam idiomas como o português tendem a pensar que aquilo que passou está à esquerda, e o futuro, à direita. Estudos também mostram que distância física e emocional coincidem no cérebro.

Aproximações entre tempo e espaço

A ideia abstrata de tempo costuma ser relacionada, em termos concretos, ao conceito de espaço. Dizemos, por exemplo, que alguns personagens históricos “pensam à frente de sua época” ou que “deixamos o passado para trás”. Esse modo de falar pode ser mais do que apenas metáfora. Um estudo publicado este ano em Psychological Science sugere que é necessário definir, a priori, o espaço para depois entender o tempo. Os pesquisadores descobriram que se alguém não compreende o primeiro conceito com precisão terá dificuldade com o outro. Nesse novo estudo, pesquisadores investigaram a compreensão do tempo de pacientes com uma condição bastante específica. Eles apresentam a síndrome de negligência unilateral: ignoram o lado esquerdo do espaço (não se lembram de uma cena completa ou até mesmo deixam de comer metade da comida do prato) após uma lesão ou acidente vascular cerebral (AVC) no lobo parietal inferior direito. Pessoas que falam idiomas escritos da esquerda para a direita, como o português, o inglês ou o francês, tendem a pensar a linha do tempo com o passado à esquerda e o futuro à direita. Levando em conta essa in formação, a equipe se concentrou em como a negligência unilateral pode alterar o lado esquerdo da cronologia mental, isto é, o pensamento sobre o passado.

Os cientistas selecionaram sete falantes de francês com negligência unilateral, sete pacientes com AVC sem a síndrome e sete pessoas sadias para participar de um estudo simples de memória. Eles aprenderam alguns fatos sobre um personagem fictício – um homem de 40 anos chamado David. Algumas informações sobre ele faziam sentido dez anos no passado e outras só seriam possíveis em dez anos no futuro. Então, os cientistas pediram aos voluntários que se lembrassem de todos os fatos que pudessem a respeito de David. Depois disso, deveriam dizer em que época da vida do personagem as situações aconteceram, aos 30 ou aos 50 anos. Como os pesquisadores suspeitavam, os voluntários com negligência unilateral tiveram maior dificuldade para recordar fatos do passado, mas não do futuro.

Na hora de desenhar um rosto, por exemplo, pacientes com dano cerebral podem representar apenas a sobrancelha e a orelha direita ou agrupar todas as características desse lado, segundo a autora do estudo, a psicóloga Lera Boroditsky, da Universidade da Califórnia em San Diego. “As memórias ficaram confusas; de alguma forma, os participantes tinham muita dificuldade de recordar elementos associados ao passado ou acreditar que fatos antigos aconteceram no futuro”, diz.

A pesquisadora acredita que quando perdemos a compreensão interna de espaço, a capacidade correspondente de percepção do tempo é afetada. Ela agora pretende repetir o estudo com falantes de hebraico e árabe, que leem (e compreendem a linha do tempo) da direita para a esquerda, para verificar se negligenciam o futuro em vez do passado.

MESMA HORA, MESMO LUGAR

Outros estudos também procuram decifrar como conceitos espaciais e temporais se sobrepõem e se complementam, muitas vezes fazendo com que uma percepção seja alterada ou mesmo prejudicada em razão da outra. Na base desses estudos está a hipótese, cada vez mais aceita, de que distância física e emocional coincide no cérebro. Isso equivale a dizer que tempo, espaço e relações sociais partilham um idioma comum. Talvez isso ocorra porque essas concepções dividem padrões comuns de atividade cerebral. É o que mostra um estudo recente, publicado em Journal of Neuroscience.

Interessados em entender porque a metáfora de distância serve para diferentes domínios conceituais, pesquisadores da faculdade de psicologia da Universidade Dartmouth usaram ressonância magnética funcional para analisar o cérebro de 15 pessoas enquanto observavam objetos domésticos (próximos ou distantes), fotografias de amigos ou apenas conhecidos e liam frases como “em poucos segundos” ou “daqui a um ano”.

Os padrões de atividade no lóbulo parietal inferior direito, uma região associada ao processamento de informações de distância, permitiram que os cientistas identificassem quando os participantes do experimento pensavam sobre algo perto ou distante em qualquer categoria, o que indica que certos aspectos relacionados a tempo, espaço e relacionamentos são processados de maneira similar no cérebro. Os resultados sugerem que as funções cerebrais superiores são organizadas mais em torno de cálculos, como perto versus longe, do que domínios conceituais, como tempo ou relações sociais.

Aproximações entre tempo e espaço. 3 

PARA QUE LADO É AMANHÃ?

Pessoas que falam línguas diferentes vislumbram o futuro apontando em diferentes direções.

Aproximações entre tempo e espaço. 2

 

 

OUTROS OLHARES

UM PASSO ALÉM

O diagnóstico de uma doença rara pode levar até três décadas. Agora, um aplicativo usa recursos de inteligência artificial para resolver a questão em minutos.

Úm passo além

Apesar de todos os avanços estupendos na medicina nas últimas décadas, o diagnóstico de uma doença rara ainda é um quebra-cabeça e tanto para os médicos – e pode levar até impressionantes três décadas. A dificuldade é conhecida pelos pacientes, familiares e especialistas como “odisseia diagnóstica”, numa alusão às inúmeras reviravoltas, erros, dúvidas e pouquíssimas respostas. Além do desgaste emocional, o atraso compromete o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. Recentemente, um estudo publicado pela revista Nature Medicine trouxe uma grande e nova esperança capaz de transformar essa realidade. Pesquisadores da FDNA, uma empresa americana de biotecnologia, desenvolveram um aplicativo que utiliza uma simples foto do paciente para detectar síndromes pouco frequentes. Diz Salmo Raskin, geneticista da clínica Genétika, em Curitiba, e professor titular da Universidade Positivo: “O programa tem um potencial inédito para impactar diretamente a vida das pessoas doentes”.

Chamado Face2Gene, o sistema usa recursos de inteligência artificial para classificar as características faciais que são típicas de metade das 5.000 doenças raras já identificadas pela medicina. Os pesquisadores desenvolveram um algoritmo capaz de distinguir e detectar traços bastante específicos da face humana, muitos dos quais são imperceptíveis a olho nu. Em seguida, os cientistas abasteceram o sistema com 17.000 fotos do rosto de pacientes com doenças raras devidamente diagnosticadas. Com isso, é possível mostrar que traços faciais aparentemente saudáveis – olhos amendoados, queixo pequeno, sobrancelha arqueada, rosto levemente triangular, por exemplo – são, na verdade, indicativos de alguma doença rara. Na prática médica, o profissional fotografa o rosto do paciente e, em questão de minutos, o aplicativo interpreta a imagem. A acurácia do programa é de 91%. Ele pode ser usado no computador ou no celular e já está disponível para os médicos, inclusive no Brasil.

A maioria das chamadas doenças raras é de origem genética. São crônicas, graves, degenerativas e põem muitas vezes a vida em risco – 30% das crianças doentes morrem antes dos 5 anos. No universo das 5.000 doenças raras já descritas na literatura médica, as mais conhecidas são as síndromes de Turner e Noonan, caracterizadas por baixa estatura, problemas cardíacos e de desenvolvimento cognitivo. Cada uma delas tem uma grande diversidade de sintomas, que variam não só de doença para doença, mas também de doente para doente. Como nem todas as síndromes são caracterizadas por variações na anatomia facial, só metade delas poderia ser diagnosticada pelo sistema inteligente. A facilidade proporcionada pelo programa também vem cobrir outra lacuna no universo das doenças raras: a escassa mão de obra especializada. De acordo com levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina, o Brasil conta com apenas 305 médicos geneticistas, que são os especialistas da área. Quem tem mais contato com essa realidade são os pediatras, já que 80% das doenças raras surgem na infância.

Não há cura para as doenças raras. Existem tratamentos, no entanto, que podem amenizar os sintomas, melhorar a qualidade de vida ou, a depender da patologia, aumentar o tempo de sobrevida. Mas medicamentos específicos são pouquíssimos. Estima-se que haja menos de duas dezenas de terapias para esses problemas. O número baixo está diretamente relacionado ao fato de que são doenças pouco frequentes – elas acometem apenas 6% da população. Com isso, a indústria farmacêutica não tem interesse comercial em desenvolver tratamentos tão específicos. Um exemplo recente é o medicamento chamado Spinraza. É indicado a pacientes que sofrem de atrofia muscular espinhal, condição que provoca fraqueza na musculatura do corpo. O tratamento custa o estrondoso valor de 1,5 milhão de reais no primeiro ano, e 1 milhão a cada ano para o resto da vida. Atualmente, pacientes com a doença conseguem o remédio apenas de duas formas: pagando do próprio bolso ou por meio de ações judiciais em que pedem que o medicamento seja fornecido pelo Ministério da Saúde ou pela operadora do plano de saúde. Diante da dificuldade de diagnóstico e de acesso a tratamentos eficazes, o aplicativo preenche uma lacuna importante – e consiste na novidade de maior impacto que surgiu na área nos últimos dez anos.

Um passo além. 2

GESTÃO E CARREIRA

INIMIGO OCULTO

Você é passivo – agressivo? Identificar e lidar com esse traço de personalidade tão presente no dia a dia do trabalho é importante para a saúde mental.

Inimigo oculto

No segundo semestre do ano passado, a Adobe – empresa desenvolvedora de software, com sede na Califórnia, Estados Unidos, divulgou o resultado de uma pesquisa sobre hábitos relacionados ao uso do e­ mail. Entre outras informações, o estudo realizado com cerca de 1.000 executivos americanos apontou quais são as frases mais irritantes que as pessoas utilizam nas mensagens endereçadas aos colegas de trabalho. Na lista das campeãs aparecem “Não sei se você viu o meu último e-mail’, “Alguma novidade?”, “Como dito anteriormente”, “Desculpe pelo e-mail triplicado”. Essas expressões causam um tremendo desconforto nos destinatários porque carregam, nas entrelinhas, uma crítica velada, uma cobrança sutil ou uma provocação educada – características de um comportamento classificado pela psicologia como passivo-agressivo.

Quem apresenta esse tipo de personalidade tenta fugir do confronto direto em qualquer relacionamento, seja em casa, seja no trabalho. São pessoas que não têm coragem de expressar seus desejos e opiniões – por isso, concordam com o outro pela frente e reclamam dele pelas costas. “Isso cria uma desconexão entre o que elas dizem e o que faz, afirma Isabel Silva, psicóloga e consultora de carreira da Career Minute. No ambiente profissional, um funcionário que age assim é aquele que se opõe a um plano proposto por um colega, mas não verbaliza isso e acaba oferecendo apoio. “Como discorda do projeto, ele resiste em segui-lo e toma atitudes capazes de sabotá-lo”, diz Isabel. Perder o prazo de entrega propositadamente, chegar atrasado às reuniões e colocar vários obstáculos na hora de executar as próprias tarefas são algumas delas. “Uma pessoa passivo-agressiva não gosta de cumprir regras”, afirma.

Nessa situação, ao ser questionado pelo chefe, o “sabotador” não assume sua responsabilidade pela falha e costuma se fazer de vítima, alegando que está sobrecarregado ou que é cobrado injustamente. Também pode dar uma resposta irônica ou mal­ humorada, o que gera um clima desconfortável entre as partes.

Além de minar a credibilidade, o comportamento passivo-agressivo traz consequências negativas para a equipe. “Ele cria um ambiente tóxico capaz de atrapalhar a produtividade, provocar insegurança e adicionar tensão aos relacionamentos”, afirma Lívia Marques, psicóloga organizacional e coach.

SOLITÁRIO, ANSIOSO E INSEGURO

A passivo-agressividade já foi considerada um transtorno mental no passado. Hoje é vista pela comunidade científica apenas como um traço de personalidade que começa a ser desenvolvido na infância; por influência da família. “Se, ao manifestar emoções e vontades, a criança é repreendida pelos pais com ironia ou violência, por exemplo, há chances de ela se tornar um adulto que vai se relacionar de forma passivo-agressiva”, diz Isabel Silva. Perfeccionismo e medo excessivo do fracasso, do sucesso ou da rejeição também estimulam esse comportamento.

No entanto, é difícil detectar, à primeira vista, se o colega que senta ao seu lado tem atitudes passivo-agressivas – até porque esse assunto ainda não recebe a devida atenção dentro das empresas. Mas uma coisa é certa: o passivo­ agressivo sempre deixa rastros pelo caminho. Alguém com essa personalidade geralmente é pessimista, crítico, pouco flexível, vive inventando intrigas e fica “em cima do muro” quando precisa opinar sobre um determinado tema. “Adotar esse comportamento é uma forma de se proteger, já que, ao blindar nossos desejos, criamos uma barreira contra a vulnerabilidade”, diz o coach Flávio Resende.

Se ter uma pessoa dissimulada na equipe já é capaz de azedar o clima e comprometer a produtividade do grupo, mais complicado ainda é lidar com um gestor que age de maneira passivo- agressiva. “Ângela*, de 29 anos, analista de sistemas sentiu o problema na pele. O chefe de um projeto no qual ela atuava dizia ficar contente com seu trabalho, mas vivia falando mal dela para os colegas. Como se não bastasse, o gestor a envolvia em piadas inapropriadas sempre que tinha oportunidade. “Uma vez fiquei tão irritada que manifestei minha insatisfação. Ele me respondeu “calma, é brincadeira. Acha mesmo que eu estava falando sério? Que ingenuidade”, diz Ângela. O relacionamento ficou desgastado e a analista pediu demissão nove meses depois com o apoio da equipe. “Achei que fosse crescer na empresa, mas percebi que minha saúde mental era mais importante do que o emprego. Até cheguei a conversar com o RH, mas, como nada mudou, resolvi sair”.

Segundo a psicóloga Isabel Silva, é difícil sobreviver quando o passivo-agressivo ocupa uma posição de comando – a menos que você caia nas graças dele. “Esse tipo de chefe costuma ser solitário, ansioso e inseguro. O comportamento dele pode gerar assédio moral, sofrimento psicológico e até depressão”, afirma. Segundo ela, a melhor alternativa nessa situação é se esforçar para que o gestor se sinta seguro – isso porque um passivo-agressivo tende a baixar a bola quando confia nos outros. “Demonstre atitude positiva diante das demandas, seja resiliente, apresente soluções para os problemas do dia a dia e convide-o a entender seus motivos quando for expor ideias contrárias às dele”. “Se nada mudar, avalie se o emprego traz benefícios que superam os custos de administrar um chefe complicado. Se não for o caso, siga outro rumo.

DUAS CARAS, EU?

Admitir a própria passivo-agressividade não é uma tarefa simples, mas importantíssima para o desenvolvimento pessoal. Esse foi o caso de Andréa*, de 46 anos, administradora que atua na área de eventos. Ela sempre teve dificuldade em dizer “não” e em manifestar seu descontentamento nas relações profissionais. Para se proteger achava melhor concordar com as decisões alheias do que expor suas opiniões. No entanto, procrastinava as tarefas reclamava da gestora e, ainda que inconscientemente, fazia algum detalhe dos projetos dar errado. “Sentia prazer em me vingar da minha chefe, me orgulhava da minha rebeldia. É como se dissesse a ela “você não é tão boa quanto acredita”, afirma. Andrea sentia medo de assumir responsabilidades, era insegura para estabelecer seus próprios objetivos de carreira. Embora seu comportamento nunca tenha causado um dano grave à companhia, ela percebeu que era passivo-agressiva quando começou a fazer psicoterapia depois da morte da mãe. “Vivia me fazendo de vítima e reclamando que todo mundo era promovido menos eu. Com o tratamento, tive coragem de olhar para dentro e ver que, se eu quisesse um futuro melhor tinha de correr atrás em vez de ficar me lamentando”, diz. Hoje, Andrea segue na mesma empresa e não tem mais fama de “duas caras” entre os colegas. “Aos poucos minha líder percebeu que estou madura e confiante. Sempre que me pego sendo passivo-agressiva, respiro fundo e mudo conscientemente a rota. É um compromisso que tenho comigo mesma.”

Buscar apoio é importantíssimo para se relacionar melhor com as pessoas, evitar problemas emocionais como a depressão. Afinal, um passivo-agressivo sofre porque recebe de volta a hostilidade que direciona e incita nos outros. Entender a origem desse comportamento é o primeiro passo para mudá-lo. O segundo é trabalhar a autoconfiança. E vale ressaltar que conflitos sempre existirão no ambiente de trabalho ou fora dele – e não há nada de ruim nisso, desde que se respeitem as próprias posições e as dos demais.

***Os nomes das personagens foram trocados para manter o anonimato das profissionais.

AI, QUE RAIVA!

O ranking das frases mais irritantes do e-mail corporativo, de acordo com pesquisa da Adobe feita com 1.000 executivos americanos:

Inimigo oculto.2 

Inimigo oculto. 3

VOCÊ É PASSIVO-AGRESSIVO NO TRABALHO?

Faça o teste, idealizado pela psicóloga e coach Lívia Marques, e avalie se precisa ajustar seu comportamento.

1 – VOCÊ TEM DIFICULDADE DE DIZER NÃO A UM COLEGA OU AO CHEFE?

□ (A) Nenhuma. Se for preciso, digo não numa boa.

□ (B) Sim. Recentemente assumi uma tarefa, mas logo depois comuniquei a meu gestor que não daria para realizá-la.

□ (C) Sim. Às vezes digo que farei a tarefa, mas não consigo terminá-la no tempo solicitado. Daí, entrego após o prazo – e só com algumas informações corretas.

□ (D) Sim. Aceito a tarefa e depois procrastino a entrega.

2 – VOCÊ CONFIA EM SI MESMO E LIDA BEM COM SUAS FRAQUEZAS?

□ (A) Sim. Sempre busco suavizar meus pontos fracos.

□ (B) Nem sempre. Em alguns momentos, gosto que alguém me diga que sou capaz. Depois percebo que não preciso agir assim.

□ (C) Claro que não! sou frequentemente criticado e questiono meu gestor sobre isso. Às vezes aceito a crítica, mas na maioria das vezes sei que o feedback é falso.

□ (D) Não. Fico chateado, mas não deixo transparecer. Quando tenho uma oportunidade, sou sarcástico com a pessoa.

3 – VOCÊ “EXPLODE” QUANDO ACONTECE ALGUM IMPREVISTO?

□ (A) Não. Imprevistos sempre aparecem.

□ (B) Dificilmente. Se eu perceber que vou explodir, me isolo por um tempo.

□ (C) Explodo e não sei como reverter a situação. Não fico bem quando isso acontece e sinto que estou perdendo o controle.

□ (D) Não, mas minhas atitudes demonstram que não gostei do ocorrido.

4 – SEU CHEFE TE DEU UM FEEDBACK NEGATIVO. VOCÊ LEVA PARA O LADO PESSOAL?

□ (A) Aceito numa boa, pois sei que é para o meu crescimento.

□ (B) Quando ele me chama para dar o feedback, já penso que será negativo e sou reativo. Após a explicação do meu gestor, consigo entender melhor.

□ (C) Quando recebo o feedback negativo, percebo que meu gestor muda o tom para

amenizar a situação, pois sabe que tenho um comportamento explosivo.

□ (D) Com certeza é um ataque pessoal. Finjo concordar com as críticas, mas fico quieto o resto do dia.

5 – VOCÊ SE SENTE INJUSTIÇADO OU POUCO VALORIZADO NO ESCRITÓRIO?

□ (A) Às vezes, mas, quando isso acontece, busco um feedback e reavalio minhas atitudes.

□ (B) Às vezes, mas, quando paro para refletir, vejo que nem tudo sai como eu desejo.

□ (C) Sim, me sinto injustiçado e acho que mereço mais. no entanto, sei que meu comportamento explosivo afasta oportunidades.

□ (D) Sempre me sinto assim.

6 – UM COLEGA RECEBE UMA PROMOÇÃO. VOCÊ:

□ (A) Reconhece o merecimento dele e o incentiva a continuar dando o melhor de si.

□ (B) Fica chateado e não quer mais pensar na situação.

□ (C) Fica chateado, raivoso e consternado por não ter sido você

□ (D) Elogia o colega em público e depois diz que ele só conseguiu a promoção porque é amigo do gestor.

7 – SEU CHEFE PEDE A TODOS QUE DEEM IDEIAS ANTES DE TOMAR A DECISÃO FINAL. O QUE VOCÊ FAZ?

□ (A) Pergunto como seria essa ação e qual o problema que precisa ser sanado.

□ (B) Digo que tenho uma ideia, mas depois percebo que ela não era boa para aquela situação.

□ (C) Digo que sei o que fazer. dou várias ideias sem sentido, mas acredito que elas são maravilhosas. Quando vou incluir no projeto, vejo que não era bem aquilo o desejado e digo que não posso contribuir.

□ (D) Procrastino e, quando cobrado, digo que não sabia que ele queria que fizesse tão rápido.

8 – VOCÊ ESTÁ ZANGADO COM UM COLEGA. COMO AGE?

□ A) Chamo o colega e explico o que senti. Dessa forma sei que podemos manter uma conversa amigável e ter um bom entendimento sobre a situação.

□ (B) Saio de perto para tentar entender a situação, depois converso com ele.

□ (C) Na maioria das vezes nem quero chegar perto dele, pois não gosto de suas atitudes e sempre temos problemas. Falo apenas o necessário

□ (D) Digo que não estou com raiva, mas excluo a pessoa.

MAIS RESPOSTA A

Você raramente apresenta traços de passivo-agressividade. É o tipo de pessoa que comunica seus pensamentos e necessidades de forma assertiva na maioria das situações e demonstra respeito pelo ponto de vista dos outros. Também procura manter o ambiente de trabalho leve e produtivo.

 

MAIS RESPOSTA B

Em determinados momentos, você assume atitudes condizentes com as de uma pessoa passivo-agressiva. Embora esse comportamento não chegue a prejudicar sua carreira, é bom identifica-lo e refletir o que o leva a se posicionar dessa forma. A autoanálise amplia, e muito, a inteligência emocional.

MAIS RESPOSTAS C

Talvez você nem perceba, mas está agindo com ironia ou vitimismo de maneira frequente. Comece a prestar mais atenção em seu comportamento para não deixar com que a passivo-agressividade avance e comprometa seu desempenho profissional. Considere procurar um terapeuta.

MIS RESPOSTA D

Você tem uma personalidade passivo-agressiva. Os sintomas mais marcantes são o sarcasmo, a dificuldade de falar não, a ironia, a auto piedade e a desconexão entre o que você diz e faz. Procure ajuda profissional para entender o que faz você agir dessa forma – só assim conseguirá melhorar sua credibilidade no trabalho e ter relacionamentos mais saudáveis.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 16 – 19

Pensando biblicamente

A SOBERBA E A HUMILDADE

 

V. 16 – Aqui, Salomão não somente declara que é melhor obter sabedoria do que ouro ( Provérbios 3.14,8 ,19), mas fala disto com certeza, que é muito melhor, indescritivelmente melhor – com admiração (Quão melhor!), como alguém maravilhado com a desproporção – com um apelo à consciência dos homens (”Julguem vocês mesmos o quanto é melhor”) – e com uma adição com o mesmo propósito. que é mais excelente adquirir a prudência do que a prata e todos os tesouros dos reis, e também dos seus favoritos. Observe:

1. A sabedoria celestial é melhor do que a riqueza terrena, e deve ser preferida a ela. A graça é mais valiosa do que ouro. A graça é a dádiva do favor peculiar de Deus; o ouro, somente da providência comum. A graça é para nós mesmos; o ouro, para os outros. A graça é para a alma e a eternidade; o ouro, somente para o corpo e o tempo. A graça nos prestará bons serviços à hora da morte, quando o ouro não nos terá qualquer utilidade.

2. Obter esta sabedoria celestial é melhor elo que obter a riqueza terrena. Muitos se esforçam e sofrem para obter riquezas, sem conseguir; mas a graça nunca foi negada a qualquer pessoa que a buscasse com sinceridade. Existe urna vaidade e perturbação de espírito na obtenção da riqueza, mas alegria e satisfação de espírito na obtenção da sabedoria. Grande paz têm os que a amam.

 

V. 17 – Observe:

1. É o caminho dos retos desviarem-se do pecado e de tudo o que se parece com pecado ou que conduza ao pecado; e é um alto caminho, assinalado com autoridade, trilhado por muitos que o trilharam antes de nós, no qual nos encontramos com muitos que nos farão companhia; é um caminho fácil de encontrar, e seguro para se percorrer, como um alto caminho (Isaias 3 5.8). ”Apartar-se do mal é a inteligência”.

2. Os justos têm o cuidado de preservar as suas almas, para que não sejam contaminados com o pecado, e para que, pelas dificuldades do mundo, não venham a ser privados delas, especialmente para que não pereçam para sempre (Mateus 16.26). Portanto. eles se preocupam em guardar o seu caminho. e não se desviar dele, para qualquer lado, mas seguir, rumo à perfeição. Os que aderem ao seu dever asseguram a sua felicidade. Guarda o teu caminho, e Deus te guardará.

 

V. 18 – Observe:

1. A soberba cairá. Os que têm um espírito soberbo, que se julgam acima do que é apropriado, e que olham aos outros com desprezo, que com sua soberba afrontam a Deus e inquietam outras pessoas, serão abatidos, quer por arrependimento, quer por ruína. É a honra de Deus humilhar os soberbos (Jó 40.11,12). É um ato de justiça que aqueles que se exaltaram sejam abatidos. Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor, foram exemplos disto. Os homens não podem punir a soberba, mas admirá-la ou temê-la, e por isto Deus tomará a punição por ela em suas próprias mãos. Deixai-o, que lide com os soberbos.

2. Os soberbos são frequentemente mais soberbos, e insolentes, e presunçosos, pouco antes da sua destruição, de modo que há certo prenúncio de que estão à beira da morte. Quando os soberbos desafiam os juízos de Deus, e se consideram à maior distância deles, é sinal de que estão à porta; veja o caso de Ben-Hadade e Herodes. Ainda estava a palavra na boca do rei (Daniel 4.31). Não devemos, portanto, temer a soberba dos outros, mas temer imensamente a soberba em nós mesmos.

 

V. 19 – O fato de que é melhor ser pobre e humilde do que ser rico e soberbo é um paradoxo que os filhos deste mundo não conseguem entender, e ao qual irão endossar.

1. Os que dividem o despojo normalmente são soberbos; eles valorizam a si mesmos, e desprezam os outros, e as suas mentes se exaltam com a sua condição; portanto, os que são ricos neste mundo têm a necessidade de ser instruídos para que não sejam altivos (1 Timóteo 6.l7). Aqueles que são soberbos e que desejam ser vistos, que pressionam, lutam e cavam em busca de promoção, são os homens que comumente dividem o despojo, e o dividem entre si; eles têm o mundo à sua disposição; tudo está ao alcance de suas mãos. 

2. Sob todos os pontos de vista, é melhor compartilhar a sorte daqueles cuja condição seja humilde, e cuja mente não seja altiva, do que cobiçar e desejar aparentar algo no mundo, em meio a uma condição bastante alvoroçada. A humildade, ainda que nos exponha ao desprezo no mundo, nos recomenda ao favor de Deus, nos qualifica para as suas benevolentes visitas, nos prepara para a sua glória, nos protege de muitas tentações, e preserva a tranquilidade e o repouso de nossas almas, e é muito melhor do que a altivez que, embora arrebate a honra e a riqueza do mundo, coloca o homem em uma situação terrível: Deus passa a ser o seu inimigo, enquanto o diabo passa a ser o seu senhor.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

COMPORTAMENTO DESMOTIVADOR

Críticas e comparações não indicam novos caminhos, não ajudam a melhorar a performance nem tornam crianças e jovens mais fortes e determinados para enfrentar e superar as próprias frustrações.

Comportamento desmotivador

Comparar é, de modo geral, relacionar sejam coisas animadas ou inanimadas, concretas ou abstratas, da mesma natureza ou que apresentem similaridades, para conferir as semelhanças ou diferenças que entre elas existem.

Constitui uma das operações mentais mais importantes, que nos permite desenvolver a aprendizagem e adquirir conhecimentos e comportamentos cada vez mais complexos, fazer escolhas inteligentes e instrumentaliza-nos a sermos capazes de optar por aquilo que nos favorece.

Assim, é desejável que se aprenda a comparar e que se ensine às crianças a usar essa ferramenta mental que pode ser um guia seguro em diversas situações desafiadoras ao longo do desenvolvimento: quem não compara, não classifica, e quem não classifica, não analisa, não sintetiza, não compreende, não transfere saberes e competências a novas situações.

Mas nem sempre a comparação é de ordem objetiva, principalmente se falamos sobre relações humanas, em que a subjetividade é um campo comprometido por experiências passadas e pelo viés da personalidade de cada um.

Nas relações humanas, quando a comparação é realizada sob emoções descontroladas, acaba por servir de estopim para o surgimento de muitos percalços no desenvolvimento de valiosas habilidades latentes, que terminam por se perder. A comparação nesse caso torna-se uma crítica não construtiva e fonte de sofrimento emocional, que se desdobra em baixa autoestima e problemas comportamentais em adultos e principalmente nas crianças.

O ser humano é de natureza física, mental e emocional intricadas, possui características individuais, que constituem seu diferencial no mundo e o distinguem do outro sem que perca, entretanto, a humanidade que o une aos semelhantes, como espécie, esteja em qual cultura estiver.

Pode-se dizer que é nessa complexa inter-relação entre as semelhanças e diferenças das pessoas, adultas e crianças, que se embasa boa parte dos desafios educacionais em todos os aspectos e níveis em que se pratica, desde o familiar ao acadêmico, ao social, ao mundo profissional, entre outros que as pessoas vão estabelecendo durante o desenrolar da vida.

Um cuidado maior se deve ter quando as relações são familiares e se dão entre pais, professores e crianças, pois é a partir dessa fase inicial que se desenvolverão as potencialidades de cada um ou se criarão barreiras ao seu crescimento saudável.

É inevitável nós adultos pensarmos em termos de comparação, até porque muito do que aprendemos foi e é construído mentalmente por comparação e exclusão. Quando se trata de objetos ou situações quantificáveis, objetivas, em geral só obtemos vantagens usando dessa operação mental tão estudada pela Psicologia e pela educação. Mas nos relacionamentos familiares, na educação infantil, a questão passa por importantes crivos como a motivação, a frustração, as expectativas e o potencial de cada um.

A frustração, por exemplo, que advém da diferença entre nossa pretensão e o resultado obtido, deve ser compreendida pelo adulto sob um olhar pessoal e não na relação com o outro, principalmente se tratando de crianças que são seres em desenvolvimento e para quem críticas familiares são parâmetros poderosos. Uma derrota inesperada, notas baixas, uma repetência já anunciada, uma decepção que seja mal trabalhada pela família pode implementar uma imagem negativa que a criança projetará de si mesma, de sua capacidade pessoal para o desempenho escolar, por exemplo.

O papel que os adultos exercem em relação aos filhos não é, de forma alguma, o de aplaudir sempre, elogiar sem motivos, mas o cuidado deve ser semelhante ao fazer críticas e comparações

com outros, especialmente quando as suas próprias aspirações pessoais não forem atingidas pelos filhos.

Não se pode projetar mentalmente e exigir, na prática, que teremos em casa um campeão esportivo ou o aluno com as melhores notas da classe, e cobrar isso de nossos filhos. Devemos incentivá-los a alcançar o seu melhor, através do estímulo ambiental, da oportunização de experiências valiosas, da motivação, da atenção diária, do apoio material e emocional, e depois receber com tranquilidade o resultado de seu esforço, sem elogios vazios, sem frustrá-los ou magoá-los, através de comparações com nossos padrões pessoais ou com a performance de outras crianças. Devemos ter em mente que comparações negativas causam mágoas, ressentimentos, marcas importantes e indeléveis, especialmente quando são oriundas da opinião das pessoas que mais amam e querem agradar nesse mundo: seus pais. A própria desmotivação escolar, muitas vezes, se origina nas comparações entre irmãos ou mesmo coleguinhas, feitas de modo pouco adequado pelos adultos. É necessário haver um referencial positivo, sim, mas guardado o respeito pelo potencial particular e por fatores ligados à individualidade e à história de vida de cada um, sob o risco de gerar um sentimento de inadequação pessoal altamente impactante em novas tentativas de acerto.

A crítica, que é produto da comparação mal dirigida, leva a um movimento de afastamento entre pais e filhos: enquanto os primeiros, decepcionados e frustrados nos seus desejos pessoais se lastimam, os segundos sofrem duplamente a derrota, por si mesmos e pelos seus familiares que frustraram, gerando culpa, medo, desânimo.

A experiência mostra que adultos frustrados que desejam alcançar através dos filhos seus próprios sonhos perdidos criam tuna cadeia infinita de fracassados. Mas também nos ensina que adultos equilibrados fazem críticas positivas e comparações motivadoras aos filhos, estimulam e apoiam as crianças a se empenharem sempre e apontam para a importância de serem bem-sucedidas na medida de suas potencialidades, no que particularmente desejam e têm habilidades pessoais.

 

MARIA IRENE MALUF – é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br

OUTROS OLHARES

A QUEDA DA APPLE

Devido à diminuição de interesse por iPhones, a fabricante reduziu sua expectativa financeira. Nos últimos três meses, a marca perdeu na bolsa o equivalente ao valor do Facebook.

A queda da aple

Em 2013, 1.500 clientes formaram fila em frente à loja da Apple na Quinta Avenida, em Nova York, à espera do iPhone SS. A cena se repetiu ao redor do mundo, em que pese o fato deque o produto ficaria disponível logo para vendas on-line. “É obviamente um culto”, chegou a analisar a historiadora Erica Robles-Anderson, pesquisadora de fenômenos tecnológicos da Universidade de Nova York, ao observar os então apelidados de applemaníacos. Se a Apple instigou a idolatria, sobretudo depois do lançamento do iPhone, em 2007, é certo que agora a companhia americana tem perdido devotos.

Um dos sinais mais evidentes veio no último dia 2, quando o CEO Tim Cook anunciou a acionistas que, pela primeira vez desde 2002, a empresa não atingirá sua meta de faturamento. A receita, a ser divulgada nas próximas semanas, deve ficar 10% menor. A estimativa era que a companhia faturasse 93 bilhões de dólares no último trimestre. Cook baixou a expectativa para 84 bilhões, justificando-se: “Não previmos a magnitude da desaceleração econômica, particularmente na China. As vendas de iPhones foram menores”. Como resultado, registrou-se queda nas ações. Nos últimos três meses, porém, o valor de mercado da Apple já vinha caindo. Saiu de mais de 1 trilhão de dólares e ficou na casa dos 670 bilhões – perda equivalente ao valor de um Facebook inteiro.

A explicação do CEO, contudo, não convenceu. No país asiático, que é o maior mercado de celulares do planeta, a Apple aparece apenas em quinto lugar entre as maiores fabricantes de smartphones, atrás de marcas locais como a Huawei. Faz anos que o gigante tenta se firmar em solo chinês, sem sucesso. Na verdade, a razão da crise é outra: os clientes não cultuam mais a Apple como antes. Segundo a consultoria Bay Street, em 2015 os consumidores mudavam de modelo a cada dois anos. Agora, o ritmo é de três em três – e tende a aumentar. Em 2002, na última crise da Apple, Steve Jobs (1955-2011) disse: “Temos produtos novos e maravilhosos em desenvolvimento”. Desta vez, Cook não teve o que oferecer.

A queda da aple. 2

GESTÃO E CARREIRA

METAS CONSCIENTES

Um processo de coaching sempre deve contemplar o aumento de nosso nível de consciência a respeito do que nos impulsiona e do que nos bloqueia na obtenção do sucesso de nossos projetos.

Metas conscientes

Conceitualmente, o coaching refere- se a um processo de desenvolvimento humano em que um   instrutor ajuda o seu cliente a obter resultados positivos na vida pessoal e profissional. No Brasil ainda é uma atividade pouco conhecida, ficando quase restrita ao desenvolvimento profissional. Por ainda ser uma área não tão difundida no país, é comum que as pessoas confundam com autoajuda, terapia ou consultoria. É importante saber que se trata de um processo com foco em ajudar as pessoas a encontrarem soluções que apoiem seu desenvolvimento pessoal ou profissional e incentivem o planejamento focado daquilo que se quer alcançar.

Quem fazer coaching? Pessoas que necessitam desenvolver habilidades e competências específicas, ser mais organizadas, fazer planejamentos, atingir metas profissionais, ter qualidade de vida, criar oportunidades, ganhar mais, bater recordes, definir uma profissão, alavancar seus negócios etc. Em síntese: todos nós.

Existem vários tipos de coaching e, a cada dia, vemos novos processos serem estruturados. O mais amplo e que pode ser aplicado a qualquer pessoa é o coaching de vida (life coaching). Ele é desenvolvido para orientar a pessoa a ter melhor qualidade de vida, a se desenvolver pessoalmente por meio da mudança de atitudes e a fazer e executar um planejamento de vida. Porém, o tipo mais comum no Brasil é o coaching profissional, buscado por pessoas que querem melhorar profissionalmente visando conquistar posições mais plenas, por quem quer melhorar seu desempenho no cargo que ocupa, pelos que não estão satisfeitos no lugar onde estão e querem mudar e por quem ainda não decidiu o caminho profissional a seguir. Nessa área, existem também o coaching de equipe e o coaching de liderança.

Um processo de coaching sempre tem início com a tomada de consciência do ponto em que a pessoa está, do ponto onde ela quer chegar e do caminho que terá que percorrer, incluindo aí os obstáculos que terá que transpor e as forças que já possui e, ainda, as que terá que desenvolver para que a caminhada seja efetiva. É como se a pessoa estivesse num jogo e à beira do campo estivesse alguém (o coach), chamando a atenção e orientando para a melhor forma de jogar.

Algumas questões centrais em nossas vidas são levantadas num processo de coaching para que possamos aumentar nosso nível de consciência a respeito do que nos impulsiona e do que nos bloqueia na obtenção do sucesso de nossos projetos. Ter consciência dos nossos pontos fortes e fracos, por exemplo, é fundamental para minimizar o processo de auto sabotagem que consiste em agirmos inconscientemente contra nossos próprios objetivos. Outra reflexão necessária é pensar quais das coisas que fazemos nos trazem grandes resultados, o que nos leva aos resultados medíocres e os que não têm resultado nenhum, sempre tendo como foco nossos projetos e objetivos. É comum emaranharmo-nos compulsivamente em atividades cotidianas que, via de regra, não colaboram para a concretização dos nossos projetos de vida. A isso chamamos “realinhamento de agenda”.

Outro ponto importante de um processo de coaching é promover uma avaliação (ou reavaliação) das crenças e valores da pessoa, objetivando dinamizar as atitudes e quebrar paradigmas que estejam impedindo a efetividade de suas ações. Nossos valores e crenças são, em grande parte, introjetados através de discursos de pessoas significativas ao longo de nossa vida, muitas vezes seguidos de atitudes reforçadoras. Não é raro nos descobrirmos aprisionados a uma verdade que não é nossa, mas nos foi transferida por alguém significativo em nossa vida. O ditado popular que diz “coração dos outros é terra que ninguém vai!”, se tiver sido usado com frequência e convicção por nossa mãe, por exemplo, pode nos levar à atitude de desconfiança frequente de todos, dificultando as relações. Será mesmo que todo coração é uma terra realmente impossível de se ir?

Outro processo de formação de valores e crenças muito presente em nós é resultante de experiências vividas que geraram verdades “inevitáveis”, em geral, por medo de se sentir novamente a dor da frustração. Muitas pessoas ficam sozinhas por medo de ser abandonadas novamente, outras permanecem num emprego frustrante, com medo de se arriscar, ou mesmo num casamento destrutivo, por ter testemunhado um processo traumático de separação. Livrar-se dessas amarras é atitude essencial se queremos mudar os rumos de nossas vidas a caminho da efetividade de nossos projetos.

 

JÚLIO FURTADO – é professor, palestrante e coach. É graduado em Psicopedagogia, especialista em Gestalt-terapia e dinâmica de grupo. É mestre e doutor em Educação. É facilitador de grupos de desenvolvimento humano e autor de diversos livros. www.juliofurtado.com.br

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 10 – 15

Pensando biblicamente

OS DEVERES DOS REIS

 

V. 10 – Nós gostaríamos que isto fosse sempre verdadeiro, como uma proposição, e deveríamos fazer disto a nossa oração pelos reis e por todos os que estão investidos de autoridade: que uma sentença divina estivesse em seus lábios, tanto para dar ordens (para que o fizessem com sabedoria), quanto ao proferirem sentenças (para que o fizessem com equidade), e que ambas as coisas estivessem comprometidas com o juízo, de modo que, em nenhuma delas, suas bocas pudessem cometer transgressões (1 Timóteo 2.1). Mas frequentemente as coisas não são assim; portanto:

1. Isto pode ser interpretado como um preceito, para que os reis e juízes da terra sejam sábios e instruídos. Que sejam justos e governem com temor a Deus; que ajam com tal sabedoria e consciência em tudo o que disserem ou fizerem a ponto de suas palavras ressoarem corno oráculos divinos, e que sejam guiados por princípios sobrenaturais; não prevarique a sua boca em juízo, pois o juízo pertence a Deus.

2. Isto pode ser interpretado corno uma promessa para todos os reis bons, para que, se sinceramente desejarem a glória de Deus e buscarem a sua orientação, Ele os qualificará com sabedoria e graça, acima dos outros, de maneira proporcional à eminência de sua posição e às confianças depositadas em suas mãos. Quando o próprio Saul foi feito rei, Deus lhe deu outro espírito.

3. Isto era verdade, a respeito de Salomão, que escreveu isto; ele tinha sabedoria extraordinária, de acordo com a promessa que Deus lhe tinha feito, veja 1 Reis 3.28.

 

V. 11 – Observe:

1. A administração da justiça pública pelo magistrado é urna ordenança de Deus; nela, é suspensa a balança, que deve ser segurada por uma mão firme e imparcial; e devemos nos submeter a ela, por causa do Senhor, e ver a sua autoridade na dos magistrados (Romanos 13.1; 1 Pedro 2.13).

2. A observância da justiça no comércio entre os homens é, igualmente, urna recomendação divina. Ele ensinou ao homem a liberdade no uso de balanças e pesos, para o ajuste da justiça, com exatidão, entre comprador e vendedor, para que nenhum deles fosse injustiçado; e todas as outras invenções úteis para a preservação da justiça se originam dele. Ele também recomendou, pela sua lei, que eles fossem justos. É, por­ tanto, urna grande afronta para Ele, e para o seu governo, usar de fraude, e, desta maneira cometer injustiça, sob o pretexto de agir corretamente, o que é iniquidade, em lugar de juízo.

 

V. 12 – Aqui temos:

1. O caráter de um bom rei, a que Salo­ mão não se referiu para o seu próprio louvor, mas corno instrução para os seus sucessores, seus vizinhos e os vice-reis, subordinados a ele. Um bom rei não somente faz justiça, corno também é uma abominação para ele agir de outra maneira. Ele detesta a ideia de agir mal e perverter a justiça; não somente abomina a iniquidade feita pelos outros, como abomina cometer, ele mesmo, iniquidade, embora, tendo o poder, pudesse cometê-la facilmente e com segurança.

2. A consolação de um bom rei: o seu trono é estabelecido pela justiça – “porque com justiça se estabelece o trono”. Aquele que se dedica a usar o seu poder corretamente perceberá que esta é a melhor garantia do seu governo, tanto porque irá agra­ dar as pessoas, deixá-las tranquilas, e manter nelas o interesse, como obterá a bênção de Deus, o que será uma firme base para o trono e uma forte proteção a ele.

 

V. 13 – Aqui está outra característica dos bons reis: o fato de que amam e sentem prazer naqueles que falam coisas retas.

1. Eles detestam parasitas e os que os adulam, mas desejam intensamente que todos os que estão à sua volta lidem fielmente com eles, e lhes digam o que é verdade, quer seja agradável ou desagradável, tanto a respeito de pessoas como de coisas, de modo que tudo esteja sob uma luz correta, e nada esteja encoberto ou disfarçado (Provérbios 29.12).

2. Não somente eles mesmos agem com justiça, como têm o cuidado de empregar; como seus subordinados, os que também agem com justiça, o que é de grande consequência para o povo, que deve se submeter não somente ao rei, como supremo, mas aos governantes enviados por ele (1 Pedro 2.14). Um bom rei, portanto, dará poder a quem é consciencioso e que dirá aquilo que é justo e criterioso, e que saberá como falar coisas retas e relevantes.

 

V. 14 e 15 – Estes dois versículos mostram o poder dos reis, que é grande em todas as partes, mas particularmente naquelas nações orientais, onde eles eram absolutos e arbitrários. Eles matavam a quem quisessem, e conservavam vivos a quem quisessem. A sua vontade era a lei. Temos razões para bendizer a Deus pela feliz constituição do governo sob o qual vivemos, que mantém a prerrogativa do príncipe, sem nenhuma mácula à liberdade do súdito. Mas aqui é sugerido:

1. Quão terrível é o furor de um rei: é como um mensageiro da morte; a ira de Assuero assim foi, com Hamã. Uma palavra irada de um príncipe inflamado foi, para muitos, como um mensageiro da morte, e infligiu tal terror sobre alguns como se uma sentença de morte tivesse sido pronunciada sobre eles. Certamente é um homem muito sábio o que sabe como aplacar o furor de um rei com uma palavra adequadamente pronunciada, como Jônatas certa vez aplacou a ira de seu pai contra Davi (1 Samuel 19.6). Um súdito prudente pode, às vezes, aconselhar a um príncipe enfurecido, e desta forma acalmar seus ressentimentos.

2. Quão valioso e desejável é o favor do rei para os que incorreram no seu desprazer: se o rei vier a se reconciliar com eles isto lhes será como a vida entre os mortos. Para outros, é como uma nuvem da chuva serôdia, que revigora e refresca o solo. Salomão lembrou seus súditos disto, para que não fizessem nada que provocasse a sua ira, mas que fossem cuidadosos para se recomendar ao seu favor. Nós devemos nos lembrar do quanto nos interessa escapar à ira, e obter a benevolência do Rei dos reis. O seu desagrado é pior do que a morte, mas a sua benignidade é melhor do que a vida; por isto, são loucos os que escapam à ira e obtêm a benevolência de um príncipe terreno, porém fogem da benevolência de Deus. e se tornam odiosos à sua ira.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO

 A troca é vital desde o nascimento e permanece como necessidade básica do ser humano. Essa demanda pode ser suprida pelas mais diversas pessoas e formas de relacionamento.

A importância do vínculo afetivo

Uma das principais buscas do ser humano é relacionar-se. Todos nós precisamos ser observados, aprovados, amados e acariciados. Todas as relações podem ser fonte de trocas afetivas: pais e filhos, marido e mulher, namorados, amigos, parentes, professores, colegas de trabalho etc.

Todas as pessoas têm algum tipo de relacionamento. Essas relações podem ser fonte de enorme contentamento ou, ao contrário, terreno propício para a geração de conflitos de toda espécie. Pensamos: qual é o segredo de relacionamentos saudáveis? O que é, afinal, um relacionamento saudável? Quais são os elementos que favorecem as pessoas a se relacionar de forma harmoniosa? Certamente esse assunto gera muita especulação, curiosidade e interesse. Um assunto bem complexo e amplo, que já merecem a atenção de inúmeros psicanalistas, psicólogos, filósofos e cientistas sociais. Podemos pensar que um relacionamento saudável ocorre no encontro de pessoas saudáveis psiquicamente. O contato com o outro é o que promove o crescimento e o desenvolvimento.

Desde o nascimento até os primeiros anos de vida, nossa espécie não sobrevive sozinha. Não se trata só de cuidados básicos como alimentação e higiene. Estes podem garantir a sobrevivência, mas não o desenvolvimento e a saúde psíquica. Somos seres complexos.

O psicanalista René Spitz em seu Livro O Primeiro Ano de Vida realizou pesquisas sistemáticas sobre o desenvolvimento dos bebês. Spitz pesquisou crianças abrigadas em instituições, que eram privadas do contato materno contínuo ou outra figura substitutiva. Esses bebês, apesar de receberem alimentação adequada, cuidados médicos e de higiene, desenvolviam patologias graves e às vezes irreversíveis como depressão Anaclítica e o hospitalismo. Isso acometia os bebês que eram privados de contato físico e afetivo contínuos e suficientes. As relações iniciais insuficientes geravam desde os casos mais graves até comprometimento em vários graus no desenvolvimento intelectual, psíquico e motor. Muitos outros autores da Psicanálise discorreram sobre as relações parentais como constituintes da psique do indivíduo.

Um dos importantes nomes da Psicanálise, Donald Winnicott, desenvolveu sua teoria baseada na qualidade das primeiras relações, como base do desenvolvimento da saúde mental e maturacional do indivíduo. O título de alguns de seus trabalhos denotam essa importância: Tudo Começa em Casa, Os Bebês e suas Mães e A Família e o Desenvolvimento Individual.

“A partir do nascimento, o bebê pertence ao meio social no qual seus pais biológicos vivem, e a vida representa para ele uma série de experiências boas e más, mas terrivelmente intensas” (Winnicott, D. Vl., 1971).

De acordo com Winnicott, é a qualidade e suficiência desses primeiros relacionamentos, que se dão geralmente com os pais ou figuras substitutivas, que vão influenciar diretamente a capacidade ou não do indivíduo desenvolver-se e, consequentemente, estabelecer relacionamentos futuros satisfatórios. Esses primeiros vínculos são determinantes para o indivíduo criar uma base para seu desenvolvimento posterior. Com a plasticidade da psique, a pessoa pode evoluir num processo contínuo por toda a sua vida. Vários fatores também podem bloquear esse progresso, e ocorrer urna fixação em determinada fase quando ocorrem traumas.

São inúmeros os fatores que irão influenciar as formas de se relacionar com o mundo e as escolhas de um parceiro afetivo. Dentre eles, podemos citar: modelos ou contra modelos materno/paterno, cultura, relações com a família extensa e transmissão transgeracional do sistema de crenças familiar. Todos esses fatores podem criar obstáculos no relacionamento, caso estejam inconscientes. Tudo aquilo que é seu, mas não há apropriação da consciência pode escravizá-lo. As falhas no amadurecimento do indivíduo estão diretamente ligadas ao sucesso em estabelecer vínculos saudáveis.

As pessoas geralmente buscam em suas relações afetivas preencher o que lhes faltou nas primeiras relações objetais, depositando no parceiro amoroso tudo que lhes foi insuficiente ou inexistente nesses primeiros contatos. Os processos inconscientes distorcem a importância dada ao parceiro de fato e geram expectativas irreais do que a relação pode oferecer. O que acontece é que os relacionamentos se iniciam idealizados, com a promessa de ser a solução para angústias pessoais pregressas. Receita certeira para dificuldades.

Se cada um procurasse olhar para a parte que lhe cabe dentro da relação, teríamos melhor convivência e harmonia. O processo de análise é uma grande oportunidade de examinarmos os bloqueios e as lacunas que ocorreram no desenvolvimento afetivo/vincular do indivíduo. Essas falhas refletem-se na vida adulta, como problemas nas relações pessoais e dificuldades para conseguir dar conta das demandas da vida cotidiana. Cito Platão para resumir esse conceito: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá os deuses e o universo”.

 

ELAINE CRISTINA SIERVO – é psicóloga, Pós-graduada na área Sistêmica – Psicoterapia de Família e Casal pela PUC-SP. Participa do Núcleo de Psicoclínica e Estudos Transdisciplinares da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica). Atuou na área de dependência de Álcool e drogas com indivíduos, grupos e famílias.

OUTROS OLHARES

ÂNGULO PERFEITO

Tendência no Brasil, a cirurgia no queixo deixa o rosto com aparência mais fina. É popular entre as mulheres que buscam a foto perfeita para as redes sociais.

Ângulo perfeito

Na era das selfies e dos filtros digitais, que, como num passe de mágica, deixam a pele brilhante, o nariz mais fino e até alteram as proporções do rosto, a vontade de imitar na vida real os resultados vistos na tela leva as mulheres a buscar a aparência perfeita nos consultórios dos cirurgiões plásticos. Depois de operações para alterar o formato do nariz ou para reduzir as bochechas, o desejo de uma face harmônica e simétrica chega ao queixo. A região, agora, virou protagonista. A mentoplastia, nome técnico que se dá ao procedimento, remodela o mento para deixar a face proporcional. “As pacientes chegam descontentes com o formato arredondado do rosto. O procedimento o deixa mais fino e alongado”, diz Eduardo Kanashiro, cirurgião plástico da Clínica Due. Vê-se o resultado da mentoplastia em mulheres lindas, que aparentemente nada teriam a corrigir e que agora desfilam com um rosto mais comprido. A lista já é robusta: começa com a cantora brasileira Anitta e passa pela americana Taylor Swift. Ainda que a busca seja majoritariamente feminina, a mudança é almejada também pelos homens, só que com efeito contrário. Eles querem rosto mais quadrado ou um “superqueixo”, atributo associado a força, masculinidade e confiança. No Brasil, os queixos mais pedidos pelas brasileiras ao cirurgião são o da cantora Selena Gomez e o da atriz global Bruna Marquezine. Aqui, aliás, estima-se entre os especialistas que a procura por esse tipo de procedimento tenha aumentado 70% no último ano. Diz o cirurgião Níveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica: “É importante que o planejamento esteja de acordo com a estética do próprio paciente e não seja apenas baseado em seus desejos e sonhos”.

A operação consiste em aumentar ou reduzir o queixo, a depender do biotipo de cada um. O procedimento é simples. Feito com anestesia local, tem duração de trinta minutos. Na técnica mais popular, insere-se uma prótese de silicone na base do queixo. O resultado é uma projeção que varia de 3 a 9 milímetros. Como em qualquer cirurgia, também existe algum risco. O local é rico em nervos motores e sensitivos. Pode ocorrer uma lesão em estruturas do nervo da face, resultando em perda de sensibilidade e até dos movimentos da região.

Já há procedimentos minimamente invasivos capazes de alterar o formato e o tamanho do queixo sem o uso de bisturi. Nesse caso, pode ser efetuado um enxerto de gordura retirada do próprio paciente, com resultados permanentes. Além disso, é possível também fazer aplicação de ácido hialurônico. Presente no organismo, o com­ posto é uma molécula que preserva a elasticidade da pele. A versão sintética, produzida em laboratório, é muito semelhante à natural. Seu efeito, no entanto, mostra-se temporário – dura, em média, um ano.

Não é exagero dizer que os cirurgiões fazem cálculos de trigonometria para alterar o mento e chegar ao novo contorno facial. Desde a Grécia antiga, um poderoso conceito fez nascer obras­ primas da pintura, da arquitetura e da música – o de harmonia. Platão, o primeiro filósofo a tratar do assunto, dizia que “o belo é tudo aquilo em que as partes se agrupam de modo coerente para compor a harmonia do conjunto”. Na mentoplastia, tem-se como objetivo equilibrar os traços da fisionomia do paciente, mantendo suas características individuais. A proporção mais importante a estabelecer é a do nariz em relação ao queixo, ou vice­ versa. O queixo faz parte do terço inferior da face. O nariz, do terço médio. É importante que toda as três partes tenham medidas semelhantes para que haja uma proporção adequada. Por isso, frequentemente, o cirurgião recomenda a associação da mentoplastia com a rinoplastia, visando a um melhor equilíbrio estético do rosto.

Para os gregos, a ideia de equilíbrio era matemática. Eles caminhavam pelas leis da chamada razão áurea – quando a perfeição estética está na relação geométrica. Enquanto os antigos utilizavam réguas para definir proporções estéticas, hoje se usam bisturis e agulhas. Segundo uma pesquisa da Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, em 2017, 55¾ dos cirurgiões plásticos disseram que suas pacientes optaram pela operação para sair melhor nas selfies. Seja para alcançar a proporção grega ou para ficar belo nas redes sociais, a busca pela beleza natural, mesmo que com estratégias artificiais, só aumenta – e tudo indica que chegou para ficar.

Ângulo perfeito. 2

GESTÃO E CARREIRA

HORA PARA O CAFÉ

Pesquisas mostram que uma sequência de pausas pequenas durante o trabalho pode trazer melhora significativa no desempenho profissional.

Hora para o café

Em seu recente livro Quando: os Segredos Científicos para o Tinzing Perfeito, o autor de vários best-sellers Daniel H. Pink apresenta diversos estudos científicos que comprovam a eficácia de fazer breves pausas durante o horário de trabalho. O estado de ânimo do profissional pode ser mantido, durante todo o período, tal qual no início do dia, aumentando assim o seu rendimento.

Algumas culturas são adeptas a uma prática mais radical há muito tempo. Na Espanha, por exemplo, em algumas regiões o comércio literalmente fecha entre 14h e 17h. Só recentemente uma lei trabalhista acabou com a famosa “siesta” entre os funcionários públicos espanhóis, que agora só podem desfrutar de uma hora para o almoço.

Não é necessário tanto. De acordo com pesquisas recentes, a melhor forma de se tirar um cochilo após o almoço é pelo curto período de (apenas) 20 minutos. Não sem antes tomar uma boa xícara de café. Ocorre que a cafeína irá levar 25 minutos para agir de forma plena na corrente sanguínea, tempo esse em que o sujeito estará despertando, juntando os dois benefícios da soneca com café: a melhora do estado de alerta e das faculdades cognitivas.

Em nosso ambiente de trabalho isso talvez não possa se tornar uma prática cotidiana. Mas uma sequência de pausas pequenas pode obter o mesmo resultado da soneca de meia hora, e isso durante todo o dia. Essas chamadas micro pausas podem ser feitas de maneiras diferentes.

Vamos listar sete sugestões que, com certeza, podem ser incorporadas sem nenhum problema no seu dia a dia para dar aquele rendimento extra e melhorar sua qualidade de vida no trabalho.

  1. DESCANSO DO OLHAR: caso trabalhe diretamente com procedimentos feitos em uma tela de computador, adquira o hábito de parar, de meia em meia hora, apenas para olhar objetos distantes. Ir a uma janela observar o trânsito ou uma bela paisagem por um minuto pode ajudar muito.
  2. MOVIMENTE-SE: se você trabalha sentado o dia inteiro, coloque seu celular para tocar um alarme a cada hora. Levante- se e dê uma pequena caminhada pelo local onde atua por cinco minutos. Isso vai causar um efeito fantástico em seu estado de ânimo, além de prevenir males posturais.
  3. UM TELEFONEMA: se você fica muito tempo sozinho trabalhando, faça pausas sociais pelo telefone. Isso mesmo! Ligue para alguém sempre que se sentir entediado. Apenas não demore muito no telefone. Tenha uma prática de fazer contatos com amigos que não vê há muito tempo apenas para saber como estão. Nesse caso as duas pessoas irão se sentir melhor.
  4. MEDITAÇÃO OU AUTO-HIPNOSE: Basta apenas investir nisso por alguns minutos pela manhã e na parte da tarde para recobrar suas energias. Caso não esteja habituado a esse tipo de prática, baixe aplicativos para auxiliá-lo. O chamado Casa dos 7 Saberes possui vários áudios de auto – hipnose que podem ser acessados gratuitamente.
  5. RESPIRAÇÃO DO NERVO VAGO: não há nenhum mistério nesse padrão de respiração controlada. Basta inspirar fundo contando até quatro, prender o ar contando até quatro e liberar, bem devagar, contando até quatro novamente. Pronto: a calma irá voltar a reinar no ambiente.
  6. USE A POSTURA DE VENCEDOR: trabalho da psicóloga americana Amy Cuddy. Levante- se e coloque as mãos unidas atrás do corpo por dois minutos (postura do general), depois coloque as mãos na cintura com a postura da Mulher-Maravilha ou Super-Homem igualmente por dois minutos. Termine colocando as mãos atrás da cabeça pelos mesmos dois minutos. A diferença no estado de ânimo ocorre por uma rápida alteração no padrão da produção química endócrina.
  7. USE O HUMOR A SEU FAVOR: tenha um livro de humor sempre disponível, veja um vídeo engraçado no YouTube ou onça um podcast de comédia. Ria! Como todos sabemos, rir é o melhor remédio. Calcule pausas para suas risadas ao longo do dia e terá uma excelente produção sempre.

Você pode escolher o método que mais lhe agradar para praticar diariamente ou fazer uma mistura com todos eles durante a semana. O resultado é o que importa e, com certeza, será melhor do que nada fazer.

Algumas empresas já optaram por práticas de exercícios laborais durante a jornada de trabalho com profissionais de educação física ou yoga dentro das próprias instituições. O break deixa de ser uma alternativa para constar como tarefa obrigatória todos os dias.

Algumas capitais brasileiras já saíram na frente com o local de descanso após o almoço. Grandes centros urbanos possuem a “sala da soneca” em restaurantes: uma cópia dos modelos utilizados há anos no Japão.

Apenas não se deve confundir as paradas laborais com o conhecido ócio criativo. Outro conceito totalmente válido, mas voltado para processos mais artísticos ou nos quais a criatividade deve estar em primeiro plano.

 

JOÃO OLIVEIRA – é doutor em Saúde Pública, psicólogo e diretor de Cursos do Instituto de Psicologia Ser e Crescer (www.isecpsc.br). Entre seus livros estão: Relacionamento em Crise: Perceba Quando os Problemas Começam Tenha as Soluções, Jogos para Gestão de Pessoas. Maratona para o Desenvolvimento Organizacional Mente Humana: Entenda Melhor a Psicologia da Vida e Saiba Quem Está à sua Frente – Análise Comportamental pelas Expressões Faciais e Corporais (Wak Editora).

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 6 – 9

Pensando biblicamente

A SOBERANIA DA PROVIDÊNCIA DIVINA

 

V. 6 – Veja aqui:

1. Como a culpa do pecado é tirada de nós – pela misericórdia e pela verdade de Deus, a misericórdia contida na promessa, a verdade na realização, a misericórdia e a verdade que se encontram em Jesus Cristo, o Mediador – pelo concerto da graça, em que a misericórdia e a graça brilham de maneira tão reluzente – pela nossa misericórdia e verdade, como a condição para o perdão, e uma qualificação necessária para ele – por elas, e não pelos sacrifícios legais (Miqueias 6.7,8).

2. Como o poder do pecado é rompido em nós. Pelos princípios de misericórdia e verdade dominantes em nós, se purifica a iniquidade; no entanto, pelo temor do Senhor, e a influência desse temor, os homens se desviam do mal; não ousarão pecar contra Deus os que conservarem, em suas mentes, um santo temor e reverência por Ele.

 

V. 7 – Observe:

1. Deus pode converter adversários em amigos, quando desejar. Aquele que tem todos os corações em suas mãos pode acessar os espíritos dos homens, e dominá-los, trabalhando imperceptivelmente, mas irresistivelmente, neles; pode fazer com que os inimigos de um homem tenham paz com ele, pode fazê-los mudar de ideia, ou forçá-los a urna submissão aparente. Ele pode matar todos os inimigos, e reunir os que estavam muito afastados, uns dos outros.

2. Ele fará isto por nós, quando nós o agradarmos. Se nos preocuparmos em nos reconciliarmos com Deus, e nos conservar no seu amor, Ele inclinará os que nos invejam e nos perturbam, para que alimentem uma boa opinião a nosso respeito, e se tornem nossos amigos. Deus fez com que Esaú tivesse paz com Jacó, Abimeleque com Isaque, e que os inimigos de Davi buscassem a sua benevolência e desejassem uma aliança com Israel. A imagem de Deus aparecendo para os justos, e a sua benevolência particular para com eles, são suficientes para recomendá-los ao respeito de todos, até mesmo dos que têm os mais elevados preconceitos contra eles.

 

V. 8 – Aqui:

1. Supõe-se que um homem bom e honesto possa ter apenas um pouco da riqueza deste mundo (penso que a maioria dos justos não é rica) – que um homem possa ter apenas um pouco, e ainda assim possa ser honesto (embora a pobreza seja uma tentação à desonestidade, Provérbios 30.9. mas não uma tentação invencível) – e que, por algum tempo, um homem possa enriquecer por meio de fraude e opressão, vindo a ter grandes rendas, mas ele não pode fazer bom uso do que é obtido e conservado sem justiça.

2. Sabe-se que uma pequena propriedade obtida com honestidade, com que um homem se satisfaz, de que usufrui confortavelmente, com que serve a Deus com alegria, e à qual dedica a um uso com justiça, é muito melhor, e mais valiosa, do que uma grande propriedade, obtida com injustiça, e então conservada ou gasta de maneir a injusta. Ela traz consigo mais satisfação interior, uma melhor reputação para os que são sábios e bons; ela durará mais tempo, e terá maior valor no grande dia, quando os homens serão julgados, não segundo o que tiveram, mas segundo o que fizeram.

 

V.  9 – O homem aqui nos é descrito:

1. Como uma criatura racional. que tem a faculdade de considerar por si só: “O coração do homem considera o seu caminho”, traça um objetivo, e planeja caminhos e meios que conduzam a este fim, coisa que não conseguem fazer as criaturas inferiores, que são governadas pelos sentidos e instintos naturais – o que torna mais vergonhoso para o homem, não considerar a maneira como agradar a Deus e se preparar para o seu estado eterno.

2. Mas, como uma criatura dependente, que se sujeita à orientação e ao domínio do seu Criador. Se os homens considerarem seu caminho, de modo a fazer da glória de Deus o seu objetivo e da sua vontade a sua lei, poderão esperar que Ele lhes dirija os passos, pelo seu Espírito e sua graça, de modo que não errem o seu caminho nem deixem de chegar ao seu fim. Mesmo que os homens conduzam suas questões terrenas polidamente, e com grande probabilidade de sucesso, ainda assim Deus ordena o evento, e às vezes dirige os seus passos, para onde eles menos pretendiam. A intenção é nos ensinar a dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago 4.14,15, na versão RA), e a dirigirmos os nossos olhos para Deus, não somente nas grandes reviravoltas de nossas vidas, mas em cada passo que dermos. Que Cristo encaminhe a nossa viagem (1 Tessalonicenses 3.11).

PSICOLOGIA ANALÍTICA

O QUE MOTIVA VOCÊ?

Estamos sempre buscando recompensas – que podem aparecer em forma de bens materiais, prazeres sensoriais, afeto ou sentimentos de profunda autorrealização – e evitando punições. Na prática, pessoas motivadas procuram se superar e buscar melhores resultados, são mais entusiasmadas, responsáveis, comprometidas – e, principalmente, mais felizes e realizadas. O problema é que nem sempre nosso empenho está alinhado com os resultados obtidos. Novas pesquisas indicam a importância de rever o que queremos e, eventualmente, corrigir rotas.

O que motiva você

Todo mundo que cursa psicologia – ou mesmo outras formações na área de ciências humanas – em algum momento assiste à aula sobre a famosa pirâmide de Abraham Maslow (1908-1970). O psicólogo americano estabeleceu uma hierarquia, expressa graficamente, localizando as necessidades mais básicas (como alimentação, por exemplo) na base da figura geométrica. No topo, ficam aspectos ligados à realização pessoal. Psicólogos e neurocientistas acreditam, porém, que as coisas não são tão simples. O que nos faz trabalhar, estudar, viajar, tomar banho, fazer ginástica, correr riscos, iniciar e manter relacionamentos? Resolvidas as necessidades básicas, o que nos move mesmo é uma exigência interna de autonomia, conhecimento, envolvimento e dinamismo. Fácil? Nem tanto. Em plena era da tecnologia, em que as possibilidades se multiplicam diante dos nossos olhos, muitos pesquisadores têm questionado ideias simplistas sobre as necessidades e os anseios humanos. Alguns estudiosos veem a maior fonte da motivação humana na ampliação das próprias competências e falam de dois sistemas de razões antagônicas que se formaram ao longo da evolução: curiosidade e medo, ambos repletos tanto de oportunidades quanto de riscos. É o caso do psicólogo Clemens Trudewind, pesquisador da Universidade de Bochum, na Alemanha, que durante algum tempo estudou essa interação. Ele comprovou algo que muitos pais e educadores já sabiam: crianças curiosas e destemidas resolvem problemas com mais eficácia do que as temerosas e passivas. No entanto, a curiosidade e o medo não são opostos: meninas e meninos muito medrosos e ao mesmo tempo curiosos também se revelaram bons solucionadores de problemas, segundo Trudewind. Razões supostamente antagônicas, portanto, não são obrigatoriamente excludentes.

TRÊS ELEMENTOS CRÍTICOS

Uma grande vantagem bastante prática da motivação é que ela nos faz mais entusiasmados, comprometidos, empenhados em buscar os melhores resultados e, em última instância, felizes – no que quer que estejamos empenhados. Além disso, aumenta a capacidade criativa e favorece as habilidades de comunicação. Especialistas chegam a argumentar que a motivação – aquilo que move a ação – pode ser até mais importante e decisiva para o sucesso do que o talento. Mas, afinal, de onde vem esse ânimo de direcionar a energia (um misto de empenho de tempo, capacidade intelectual e afetiva) em direção a um objetivo? A psicologia identifica três “elementos críticos” que oferecem suporte à motivação. A boa notícia é que todos podem ser ampliados e ajustados em nosso próprio benefício.

AUTONOMIA.

Os psicólogos Edward L. Deci e Richard M. Ryan, da Universidade de Rochester, acreditam que aumentamos nosso grau de motivação quando nos sentimos responsáveis. Os pesquisadores trabalham com grupos de estudantes, atletas e funcionários e descobriram que a percepção de autonomia prediz a energia com a qual os indivíduos perseguem uma meta.

Junto com o psicólogo Arlen C. Moller, Deci e Ryan desenvolveram vários experimentos para avaliar as consequências emocionais e cognitivas de uma ação controlada por outras pessoas em comparação aos efeitos das próprias escolhas. Eles descobriram que os voluntários que tiveram a oportunidade de desenvolver uma ação com base em suas opiniões (contra ou a favor de algum tema) persistiram mais tempo em uma atividade subsequente de resolução de um quebra-cabeça (tarefa aparentemente desvinculada da anterior). Os cientistas afirmam que agir sob coação gera uma espécie de “tributário mental”, enquanto perseguir um objetivo no qual acreditamos nos deixa energizados.

VALOR.

Motivação também costuma persistir quando permanecemos fiéis às nossas crenças. Atribuir valor a uma atividade pode restaurar o senso de autonomia, uma descoberta de grande interesse para os educadores. Em um artigo de revisão, os psicólogos Allan Wigfield e Jenna Cambria, pesquisadores da Universidade de Maryland, observaram que vários estudos haviam encontrado correlação positiva entre a valorização de um assunto na escola e a vontade do estudante de investigar a questão de forma independente. Felizmente, valores podem ser mudados. O psicólogo Christopher S. Hulleman, professor da Universidade da Virgínia, descreveu uma intervenção realizada no final do semestre letivo com dois grupos de estudantes do ensino médio. Um deles escreveu sobre como a ciência se relacionava com sua vida e outro deveria simplesmente resumir o que fora aprendido nas aulas de ciências. Os resultados mais marcantes vieram de estudantes com baixas expectativas de desempenho. Aqueles que descreveram a importância da ciência em sua vida melhoraram suas notas e relataram maior interesse, em comparação aos alunos em situação semelhante no grupo de resumo-escrita. Em suma, parece que pensar sobre algo (uma situação, uma área de conhecimento etc.) tende a aumentar nosso comprometimento. Não por acaso, um tema básico de meditação analítica do budismo é o fato de que o praticante vai morrer, mas não sabe quando isso vai acontecer, o que leva à reflexão sobre a preciosidade da vida – e à motivação para desfrutá-la de forma significativa.

COMPETÊNCIA.

Gostamos do que fazemos ou fazemos o que gostamos? Tudo indica que, à medida dedicamos mais tempo a uma atividade, percebemos que nossas habilidades melhoram nessa área e adquirimos senso de competência. Psicólogos das universidades Democritus da Trácia e da Tessália, ambas na Grécia, entrevistaram 882 alunos sobre suas atitudes e o engajamento com o atletismo durante um período de dois anos. Os estudiosos descobriram uma forte ligação entre o sucesso obtido por um aluno nos esportes e o desejo de praticar determinada modalidade. A conexão funcionou em ambas as direções – a prática tornou os jovens mais propensos a se considerar competentes e o senso de competência determinou a perseverança na prática esportiva. Estudos semelhantes, considerando atividades como música e rendimento acadêmico, reforçam essas constatações. A psicóloga Carol S. Dweck, pesquisadora da Universidade Stanford, mostrou que a competência está bastante associada às próprias crenças. Em uma série de estudos, ela descobriu que aqueles que se apoiam mais em talentos inatos que no trabalho árduo desistem mais facilmente quando enfrentam um novo desafio, porque temem que ele exceda sua capacidade. Já acreditar que o esforço promove a excelência pode inspirar a continuar aprendendo. Em geral, quando enfrentamos uma dificuldade em relação a atingir aquilo que desejamos, convém perguntar o que está faltando. Muitas vezes, a resposta está em uma (ou mais de uma) destas três áreas: falta de autonomia, sensação de que a tarefa é inútil ou dúvida sobre sua capacidade. Enfrentar essas fontes de resistência pode fortalecer sua determinação. A escolha é pessoal, claro.

 

BUSCAR E ALCANÇAR

No começo da década de 50, o psicólogo James Olds, professor da Universidade McGill, no Canadá, chegou à conclusão de que a busca pela satisfação e a satisfação em si são processadas na mesma região no cérebro dos ratos. Outras pesquisas realizadas depois revelaram que o funcionamento mental de seres humanos segue a mesma lógica. Isso explica por que buscamos prazeres continuamente. Mas a maioria das pessoas também consegue postergar a realização dos seus desejos: na expectativa de viver algo que queremos, nosso cérebro já nos dá uma provinha da satisfação. O professor de psicologia da Universidade de Michigan Kent Berridge fez uma descoberta fundamental sobre motivação: nosso cérebro tem dois sistemas de recompensa, um que nos leva a querer e outro, à sensação de satisfação. Sentimos vontade de obter algo e, na sequência, a alegria da conquista. Por estarem muito próximos, esses dois movimentos mentais confundiram os cientistas, mas hoje se sabe que eles podem funcionar separadamente. Quando estamos muito ansiosos, estressados, ou sob o efeito de drogas, por exemplo, a vontade de conseguir o que almejamos é potencializada e a capacidade de escolha fica comprometida. Talvez você mesmo já tenha se flagrado, em momentos de grande tensão e cansaço, comprando e comendo com avidez (mesmo sem fome) guloseimas pouco saudáveis, das quais sequer gosta de verdade. Podemos pensar que naquele momento você queria aquilo, embora realmente não gostasse. O neurocientista Jaak Panksepp, pesquisador da Universidade de Washington, mapeou centenas de cérebros de animais e constatou que o prazer está muito mais em buscar o que queremos do que em conseguir. Talvez isso explique, do ponto de vista da neurociência, por que suportamos postergar o recebimento de recompensa – como o pagamento no fim do mês ou uma boa nota depois de passar o fim de semana estudando para a prova. Segundo Panksepp, isso também é observado no comportamento de muitos mamíferos que preferem procurar comida a encontrá-la de uma forma fácil. Entre humanos, a lógica pode ser a mesma em muitas áreas da vida. Por exemplo, na paquera ou no início do namoro, em que existe a constante motivação da conquista, em contraste com a “calmaria” da relação estável após algum tempo.

O QUE VALE A PENA?

Durante uma das mais comentadas palestras do TED, a maior convenção de ideias do mundo, que acontece anualmente na Califórnia, o professor do departamento de psicologia da Universidade de Chicago Mihaly Csikszentmihalyi fez uma pergunta à plateia: “O que faz a vida valer a pena?”. Em 15 minutos de apresentação, ele chegou à seguinte conclusão: Não podemos ter uma ótima vida sem o sentimento de que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos. Talvez seja esse o propósito maior da nossa motivação. Além de atender às nossas necessidades biológicas de sobrevivência, de sermos recompensados por aquilo que fazemos bem feito e realizar com autonomia algo que importa, precisamos ter a sensação de que o que queremos e do que gostamos tem um significado. Ganhar dinheiro? Assistir a séries? Viajar? Receber elogios? Ter um corpo considerado bonito segundo os padrões de beleza vigentes? Tudo isso é ótimo. Mas se empenhar continuamente em conseguir o que se deseja pode ser muito mais gratificante. Principalmente se o objetivo não for obter apenas satisfação pessoal, mas encontrar um objetivo maior para motivar suas ações.

O que motiva você. 2 

PIRÂMIDE DE MASLOW

O psicólogo estabeleceu uma hierarquia, expressa graficamente, localizando as necessidades mais básicas na base da figura geométrica e, no alto, os aspectos ligados à realização pessoal

O que motiva você. 3PISTAS PODEM ESTAR NO CORPO

Um dos inimigos do “passar à ação” para realizar objetivos nas diversas áreas, de maneira compatível com nossos valores, anseios e expectativas, é a falta de clareza a respeito do que se deseja. Por isso, é tão importante ter consciência das próprias metas. Nesse caso, é possível contar com a ajuda preciosa dos marcadores somáticos, que são sinais da memória emocional, onde todas as experiências são armazenadas e classificadas. Essa referência mnêmica influi permanentemente sobre os dados captados do ambiente. A capacidade de uma pessoa saber o que é importante e bom para si mesma depende em grande parte da atenção que dispensa às mensagens enviadas por seus marcadores somáticos. Essas informações são decisivas para tomar decisões na possibilidade de encontrar motivação para concretizar objetivos. Os marcadores somáticos funcionam como orientadores internos: são percebidos como sensações físicas, sentimentos ou uma mistura de ambos. Embora tenham origem na experiência emocional, sua base neurológica é um agrupamento de estruturas cerebrais que memoriza e classifica eventos significativos. Vivências desagradáveis, que devem ser evitadas, produzem marcadores negativos; já as experiências que provocam prazer geram sinais positivos. No fundo, a memória das experiências emocionais constitui nada mais do que o “eu” de uma pessoa. Ou seja, aquilo que faz com que ela se reconheça como indivíduo, independentemente de eventuais transformações que enfrente ao longo da vida. Sob condições favoráveis, é possível manter um nível habitual de motivação – e, consequentemente, de satisfação. Aqueles que desenvolvem autopercepção para registrar conscientemente os sinais de seu eu – seus marcadores somáticos – adquirem maior consciência de si e podem, com isso, estimular ativamente a busca de bem-estar, independentemente das circunstâncias externas. A longo prazo, só costuma ficar realmente satisfeito com a própria vida quem tem autonomia para fazer escolhas e arcar com as consequências delas.

O que motiva você. 4

SE FOR DIFÍCIL DEMAIS, DESANIMA

Existe uma complexa relação entre esforço, motivação e capacidade intelectual; aparentemente, nosso cérebro confunde facilidade de apreender instruções sobre tarefas com a simplicidade da execução.

 O cartunista americano Rube Goldberg (1883-1970) ficou conhecido por ser o criador das “máquinas de Goldberg”. Cada uma de suas invenções cômicas mostrava um conjunto de instruções complexas para realizar o que deveria ser uma tarefa cotidiana simples. Seu “guardanapo automático”, por exemplo, apresentava 13 passos sequenciais, envolvendo um papagaio, um acendedor de charutos, um foguete e uma foice – junto com diversos elásticos, tiras e pêndulos. As charges se tornavam engraçadas porque, com bom humor, cutucavam uma ironia fundamental da psicologia humana: não raro, as pessoas tendem a tornar tarefas simples mais complicadas do que o necessário. Na realidade, o oposto, em geral, também é verdadeiro: as confusas regras de “como fazer” de Goldman podem nos fazer rir, mas também nos deixam exaustos. Se for necessário fazer tudo aquilo para usar um guardanapo, por que tentar? Psicólogos estão muito interessados em descobrir mais sobre a complexa relação entre esforço, motivação e cognição – a facilidade com a qual pensamos sobre tarefas. É possível que a simplicidade (ou complexidade) com a qual uma atividade é descrita e processada, de fato, afete nossa atitude com relação a essa atividade e, por fim, nossa vontade de realizá-la. Dois psicólogos da Universidade de Michigan em Ann Arbor, nos Estados Unidos, decidiram investigar essa ideia em laboratório. O desafio de Hyunjin Song e Norbert Schwarz era conseguir motivar um grupo de universitários de 20 anos a praticar atividade física regularmente. Eles deram instruções escritas aos voluntários para que estabelecessem uma rotina com exercícios regulares, mas utilizaram um método para tornar as orientações de “como fazer” cognitivamente agradáveis ou desafiadoras: alguns alunos receberam as instruções escritas com a fonte Arial, plana e desenvolvida para facilitar a leitura; outros receberam em fonte Brush, que, basicamente, parece letra manuscrita com um pincel japonês, o que dificulta a leitura. Depois que os alunos haviam lido as instruções, os pesquisadores perguntaram a eles, por exemplo, quanto tempo acreditavam que levaria a conclusão das atividades, se fluiria naturalmente ou pareceria não ter fim, se seria chata ou interessante. Eles questionaram também sobre a probabilidade de tornar os exercícios parte de sua rotina. As descobertas foram surpreendentes: os que haviam lido as instruções em uma fonte simples estavam mais dispostos a realizar a tarefa – acreditavam que duraria pouco tempo e que fluiria de maneira fácil. E, mais importante, eles tinham mais vontade de tornar o exercício parte da rotina. Aparentemente, o cérebro dos estudantes confundiu a facilidade em ler sobre os exercícios com facilidade para realizar flexões e abdominais, e essa confusão motivou-os a pensar em uma mudança de vida. Os que brigaram com as pinceladas japonesas não tinham a menor intenção de ir à academia; a leitura, por si só, já os deixou cansados. Song e Schwarz decidiram verificar novamente esses resultados com outra pesquisa, envolvendo outra atividade: a culinária. Novamente usaram uma fonte mais clara e outra rebuscada. Mas, nesse caso, as instruções ensinavam a fazer um rolinho de sushi. Depois de os voluntários lerem a receita, deveriam estimar o tempo para execução do prato e se estavam ou não inclinados a fazê-lo. Os resultados foram basicamente os mesmos, conforme publicado no periódico científico Journal of Psychological Science: aqueles que leram as instruções muito rebuscadas, que pareciam exigir grande capacidade intelectual, acharam que a tarefa seria demorada e necessitaria de alto nível de habilidades culinárias; os participantes observaram a estranheza da escrita como sendo da própria tarefa e, como resultado, tentaram evitá-la. Já aqueles que receberam informações de forma mais objetiva ficaram bem mais dispostos a ir para a cozinha. Conclusão: o cérebro emprega todos os tipos de truques e atalhos para que o indivíduo atravesse o dia com o mínimo de esforço físico e mental, mas é bom prestar atenção nesses julgamentos automáticos. Se não forem verificados, a tendência de confundir pensamentos e ações pode levar a opções duvidosas, que parecem ser mais fáceis e desejáveis do que de fato são, ou pode afastar as escolhas saudáveis e a exploração criativa.

OUTROS OLHARES

EXERCÍCIOS PROTEGEM CONTRA O ALZHEIMER

Cientistas brasileiros descobrem como a prática de atividades físicas melhora a memória e até ajuda a restaurar as lembranças perdidas por causa da doença.

Exercício protege contra o alzheimer

O exercício físico é considerado pela medicina um remédio natural contra infarto, acidente vascular cerebral, depressão e câncer. Mais recentemente, surgiram evidências dos benefícios para o cérebro, especialmente para conter a perda de memória e o declínio cognitivo que marcam a doença de Alzheimer. Na semana passada, pesquisadores brasileiros confirmaram os efeitos positivos da prática e foram além, mostrando o mecanismo pelo qual exercitar-se regularmente é uma boa forma de prevenção e de tratamento da enfermidade. Em artigo publicado na versão online da revista científica Nature Medicine, a equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro responsável pelo estudo mostrou que a explicação está na irisina, hormônio liberado durante a execução de exercícios. Ela protege o cérebro e restaura a capacidade de memorização perdida com o avanço da doença.

A informação trazida à luz pelos brasileiros é uma peça importante no enorme quebra-cabeça que o Alzheimer ainda representa para a medicina. Ele não tem cura, exame específico de diagnóstico ou um programa bem estabelecido de prevenção. Isso porque, como a maioria das enfermidades neurodegenerativas, sua origem e evolução têm causas complexas e difíceis de serem estudadas com os recursos disponíveis. O problema é que, com o envelhecimento da população, é urgente encontrar meios efetivos de preveni-la e de tratá-la. Hoje, há cerca de 35 milhões de pessoas no mundo com a doença — um milhão no Brasil. Em 2050, serão 135 milhões no planeta, o que a tornará um grande problema de saúde pública.

MENSAGEIRO QUÍMICO

A irisina ficou conhecida em 2012, quando o biólogo americano Bruce Spiegelman, da Universidade Harvard (EUA), a descreveu como um mensageiro químico produzido pelos exercícios. Veio daí a inspiração para o seu nome, o da deusa grega mensageira Íris. O hormônio transforma o tecido adiposo branco, que guarda energia em forma de gordura, em marrom. Este dissipa energia sob a forma de calor.

Sua descrição inspirou os cientistas brasileiros a estudar qual seria seu papel no cérebro. Foram sete anos de pesquisa envolvendo cobaias, amostras de cérebro extraídas de pacientes mortos e do líquido cefalorraquidiano coletadas de portadores. Eles chegaram a conclusões importantes: o exercício físico estimula a produção de irisina diretamente no cérebro, onde ela mantém preservadas as sinapses, os espaços entre os neurônios por onde trafegam os neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas). “Além disso, o hormônio provoca reações químicas dentro dos neurônios importantes para a memória”, explica Sérgio Ferreira, um dos autores do estudo. Todas essas funções protegem o cérebro da perda de capacidade de aprender e de armazenar informações e chegam a restaurar o que havia sido perdido.

Os dados podem embasar a criação de remédios contra a doença. Mas falta muito até lá. O próximo passo dos pesquisadores é compreender melhor a função do hormônio no cérebro. Depois, há ainda etapas de pesquisa em laboratório e, por fim, em humanos. Tudo isso levará anos. Porém, a informação de que o exercício pode prevenir e retardar a doença deve servir, já, como mais um estímulo para a sua prática. Não há um tempo estabelecido (as cobaias fizeram uma hora por dia de natação, durante cinco semanas), mas ao menos adotar a velha orientação de caminhadas diárias de 20 minutos, por exemplo, é um bom começo.

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GESTÃO E CARREIRA

NO TOPO DO RANKING

Aparecer na primeira página do Google é, hoje, uma meta para muitas empresas. Mas a tarefa nem sempre é fácil. É preciso saber o caminho correto e quais as “artimanhas” para concluí-lo superando os obstáculos.

No topo do ranking

Estar bem posicionado no Google e aparecer nas primeiras páginas do buscador é para as empresas algo de primeira necessidade. É por meio dele que milhões de internautas pesquisam produtos e serviços todos os dias. Alguns partem para os links patrocinados, outros preferem o crescimento orgânico. Ai que está o desafio. Para ajudá-lo, consultamos especialistas, os quais listaram nove pontos que merecem atenção caso você queira que sua página “bombe” na internet.

AGILIDADE

De fato, o Google vem declarando há muitos anos que eles querem o site mais rápido possível. Por isso, é preciso entender um dos primeiros princípios do Google, que é: entregar o melhor tipo de resultado da maneira mais rápida possível.

E é tão claro para o Google o quanto eles querem seguir esse princípio que se você fizer qualquer pesquisa no buscador – desde o começo até hoje – ele mostra quantos segundos demorou para trazer a solução para você. “Vou dar um exemplo: se você digita ‘downloads’ no Google, ele vai informar: ‘Aproximadamente 10 bilhões de resultados de busca em 0,41 segundos’, ou seja, menos de um segundo. O princípio do Google é sempre entregar a melhor experiência possível para o usuário”, comenta o empresário especialista em tráfego e audiência na internet e autor do livro Atenção: o maior ativo do mundo o caminho mais efetivo para ser conhecido, gerar valor para seu público e ganhar dinheiro, Samuel Pereira.

Agora, se ele trouxer no primeiro resultado de pesquisa um site que demora muito para carregar, automaticamente o Google prestará um mau serviço, porque ele indicou um site que demora para abrir. Agilidade é uma coisa que a gente preza muito na internet, certo? Então, quanto mais agilidade você tem, melhor será a sua maneira de prestar o serviço.

EM TODAS AS TELAS

Segundo a pesquisa TIC Domicílio 2017- a mais recente sobre o tema – produzida pelo Centro Regional e Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, vinculado às Nações Unidas e ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, a conexão à internet somente pelo celular se tornou a forma mais comum de navegar na web no nosso País; 49% dos lares brasileiros dependem exclusivamente do celular para navegar. O índice foi pela primeira vez superior aos domicílios que usam tanto dispositivos móveis quanto computadores.

Não é para menos que o site precisa ser responsivo. Se você entrega um site que não é responsivo (um site que não abre corretamente, que não tem leitura, ou tem uma imagem em cima da outra), é a mesma coisa, você está prestando um péssimo serviço para os seus usuários. Por isso que essa é uma questão primordial. “Para resolver este problema, eu sugiro acessar o site testmysite. thinkwithgoogle.com. Ele vai analisar e relatar quanto tempo demora para o seu site carregar na versão mobile, se é satisfatório ou não e quais são as adaptações que você deve fazer para aperfeiçoar ainda mais o seu espaço ou o espaço do seu negócio”, orienta Samuel Pereira.

URL AMIGÁVEL

Uma boa estrutura de URL é um fator imprescindível para a qualificação de um site no ranqueamento do Google. Quanto mais fácil e objetiva a leitura das URLs, melhor a reputação e classificação para os motores de busca.

Além disso, as URLs curtas costumam ser mais eficazes em seu propósito. “Utilizar palavras-chave na URL, e também combiná-las com títulos, é um bom incentivo. Caracteres de difícil leitura ou termos repetidos são dispensáveis”, afirma a consultora de mídia e audiências na Reamp, Sabrina Garcia.

Caso a URL não esteja clara e bem estruturada, tanto o usuário quanto os buscadores podem não dar relevância ao seu site.

BACKLINKS

Os backlinks de qualidade fazem toda a diferença para quem quer se destacar na busca orgânica. Os links podem ser comparados a uma recomendação, por exemplo. Se seu carro quebrar e você perguntar para um amigo se ele conhece um bom mecânico, ele só vai recomendar se realmente confiar no profissional.

Ter links de outros sites apontando para o seu é essencial. Isso permite que você tenha backlinks de qualidade, e são eles que vão mostrar ao Google o valor do seu site. “Quando você é bem citado (várias vezes e por bons sites), seu conteúdo é considerado cada vez mais importante, comenta a equipe da Agência IMMA, especialista em marketing digital. O especialista em negócios digitais Juliano Leme traz uma clica: “Invista em publicar seus conteúdos com ‘linkagem ‘ em portais e blogs de qualidade; isso significa que você deverá fazer investimento financeiro para isso acontecer ou ter uma boa rede ele relacionamento. Quanto mais links de qualidade, melhor será seu posicionamento no Google”.

CONTEÚDO DE QUALIDADE

Conteúdo ele qualidade e inédito é uma das regras de ouro para o Google. Quando você faz uma boa pesquisa de palavras-chave e encontra as mais buscadas do seu nicho, suas chances de primeira página aumentam de maneira significativa. “Isso possibilitará que seu site eleve o tráfego orgânico, que é um fator importantíssimo para obter um melhor ranqueamento”, defende a Agência IMMA.

Sabendo disso, a estratégia é que esse conteúdo publicado seja focado em pessoas, transformação ou descoberta que a pessoa possa ter. “Utilizando o conteúdo, o engajamento com o conteúdo e os fatores sociais são o que mais têm peso para o ranqueamento”, afirma Juliano Leme.

CONTEÚDO ÚTIL

Podemos dizer que a essência de SEO é a produção de conteúdo relevante e de qualidade para o usuário. Porém, para ganhar as melhores posições não basta apenas qualidade, ele também precisa ser útil. Textos mais longos, com mais caracteres acabam sendo considerados mais profundos e se destacando dos menores.

As palavras-chave são o carro-chefe de SEO, são elas que ativam o conteúdo nas buscas. Quanto mais próxima a Keyword do início do título, mais fácil é para o usuário entender e o Google interpretar. As Head Tags, que são algumas das formas usadas pelas ferramentas de busca para identificar os assuntos tratados no site, são separadas por hierarquia. “A Head Tag, é a que está no topo.

Com isso, possui suma importância para o ranqueamento das páginas. As tags h2 e h3 estão abaixo da hl, mas também têm peso. O importante é saber que elas devem ser usadas com naturalidade”, orienta Sabrina Garcia, da Reamp.

O Google prioriza a classificação para sites otimizados para a palavra-chave que correspondem exatamente à busca. Apesar de não ter grande peso, conteúdos mais atualizados costumam ser priorizados nas pesquisas.

ARTIGOS DE CONVIDADOS

Postar artigos de convidados também ajuda muito a subir no ranking do Google. Isso não é muito difícil: basta convidar pessoas que sejam referência na sua área e trocar conteúdo inédito com elas. Assim, vocês estarão ajudando um ao outro.

EVITE CÓPIAS

Existem algumas boas práticas para uma boa classificação no Google. Por exemplo, a arquitetura e usabilidade do site sempre proporcionam uma experiência de qualidade para o usuário. Por outro lado, certas ações são necessárias para evitar a perda de posicionamento, como a cópia ou duplicação do conteúdo a ser veiculado na página. “Além disso, é preciso escapar dos links quebrados, que direcionam os usuários para páginas inexistentes, assim como os pop-ups, que incomodam o usuário durante a navegação”, pontua Sabrina Garcia, da Reamp. Já os erros de ortografia e gramática, assim como os sites mal escritos, podem ser considerados spam e não beneficiam em nada o site.

SÍNDROME DA FOLHA EM BRANCO

As pessoas esquecem que estão fazendo conteúdo para outras pessoas, e não para robôs de ranqueamento. Mas para isso é preciso “começar”. Existe uma síndrome que assombra muitos criadores de conteúdo, que é a síndrome da folha em branco. As pessoas querem ter o melhor conteúdo possível, mas ficam travadas na hora de escrever. É claro que não se deve ter um conteúdo ruim, mas é preciso começar. Se você não começa, ninguém vai saber de você e você não vai aprender. “Sempre que começo um blog, um projeto novo, a primeira coisa que eu faço é focar a quantidade”, comenta Samuel Pereira. Comece a fazer post todos os dias. É um trabalho difícil, mas, depois de dois meses, você tem 60 posts. Então, você pode parar e olhar para as métricas e entender qual post tem mais acesso e reproduzir mais conteúdo no mesmo estilo, com tema derivado, semelhante.

 

GLOSSÁRIO

BACKLINKS – são links que direcionam o internauta de uma página da internet para outra. Esse direcionamento pode ser para interno ou para domínios de outras empresas ou pessoas.

BUSCA ORGÂNICA – é o resultado natural que aparece no site de buscas. É o link “não pago”.

LINK PATROCINADO, como o nome sugere, são links pagos que aparecem, normalmente, no topo das páginas de resultado.

SEO – significa Search Engine Optimization (Otimização para mecanismos de busca). De maneira geral, é um conjunto de técnicas para otimizar sites e blogs. A proposta com isso é atingir um bom tráfego e autoridade para o endereço eletrônico.

SITE RESPONSIVO – é aquele que se adapta ao tipo de tela do dispositivo usado pelo internauta. O layout fica otimizado para quem está acessando a partir de um smartphone, por exemplo.

URL – nada mais é do que o endereço do seu site.

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 16: 1-5

Pensando biblicamente

A SOBERANIA DA PROVIDÊNCIA DIVINA

 

V. 1 – Ao lermos este versículo, vemos que ele nos ensina uma grande verdade, a de que não temos suficiência, para pensar ou falar por nós mesmos, nada que seja sábio e bom, mas que toda a nossa suficiência está em Deus , que está com o coração e com a boca, e opera em nós tanto o querer como o efetuar (Filipenses 2.3; Salmos 10.17). Mas muitos interpretam de outra maneira: a preparação do coração está no homem (ele pode planejar e designar, isto e aquilo), mas a resposta da língua. não somente a transmissão do que ele decidiu falar, mas o resultado e o sucesso do que ele decidiu fazer, vêm do Senhor. Isto é, em resumo:

1. O homem propõe. Ele tem liberdade de pensamento e livre arbítrio; que forme seus projetos, e conceba seus esquemas, conforme julgar melhor: mas, afinal:

2. Deus dispõe. O homem não pode continuar com suas atividades sem o auxílio e a bênção de Deus, que criou a boca do homem e nos ensina o que temos que dizer. Na verdade, Deus pode, facilmente, contrariar os propósitos dos homens, e frequentemente o faz, e frustra os seus desígnios. Era uma maldição que estava preparada no coração de Balaão, mas a resposta da língua foi uma bênção.

 

V. 2 – Observe:

1. Todos nós somos propensos a ser parciais, na avaliação de nós mesmos: todos os caminhos do homem, todos os seus desígnios, todas as suas obras, são limpos aos seus olhos, e ele não vê nada de errado neles, nada que o condene, ou que prove que os seus projetos não sejam para o bem; e por isto ele tem confiança de sucesso, e de que a resposta da língua será de acordo com as expectativas do coração; mas há uma grande dose de contaminação que se prende aos nossos caminhos, da qual não estamos cientes, ou não julgamos tão má como deveríamos.

2. Temos a certeza de que o juízo de Deus, a nosso respeito, é segundo a verdade: “O Senhor pesa os espíritos”, em uma balança justa e inequívoca, Ele conhece o que há em nós, e profere a sentença de maneira correspondente, escrevendo TEQUEL, pesado foste na balança e achado em falta; e de acordo com o seu juízo, devemos permanecer ou cair. Ele não somente vê os caminhos dos homens, mas pesa os seus espíritos, e nós somos como nossos espíritos.

 

V. 3 – Observe:

1. É uma coisa muito desejável, ter os nossos pensamentos estabelecidos, e não jogados e precipitados, por temores e preocupações inquietantes – para prosseguirmos em um caminho firme de honestidade e piedade, sem sermos perturbados, ou desestabilizados, por qualquer evento ou mudança – satisfeitos, na certeza de que tudo terá bom resultado, no final, e por isto, estar sempre calmos e tranquilos.

2. A única maneira de termos os nossos pensamentos estabelecidos é confiar as nossas obras ao Senhor. As grandes preocupações das nossas almas devem se r confiadas à graça de Deus. com uma dependência e submissão à conduta dessa graça (2 Timóteo 1.12); todas as nossas preocupações devem ser confiadas à providência de Deus, e à soberana, sábia e piedosa disposição dessa providência. Confia as tuas obras ao Senhor (este é o significado da palavra); transfere o fardo das tuas preocupações para Deus. Apresenta o problema diante dele, em oração. Torna tuas obras conhecidas do Senhor (assim alguns interpretam), não somente as obras da tua mão, mas as do teu coração; e então deixa-as com Ele, com fé e confiança nele, submissão e resignação a Ele. A vontade do Senhor será feita. Nós poderemos, então, ficar tranquilos, quando decidirmos que o que quer que agrade a Deus. agradará a nós.

 

V. 4 – Observe:

1. Deus é a primeira causa. Ele é o primeiro de todas as coisas e todas as pessoas, a fonte da existência; a cada criatura, Ele deu a sua existência, e indicou o seu lugar. Até mesmo os ímpios são suas criaturas, ainda que sejam rebeldes; Ele lhes deu os poderes com os quais eles lutam contra Ele, entretanto o fato de que não permitam que aquele que os criou os governe agrava a sua iniquidade, e, portanto, embora Ele os tenha criado, não os salvará.

2. Deus é o fim derradeiro. Tudo pertence a Ele, e se origina dele, e por isto, tudo é para Ele, e por Ele. Ele criou tudo. conforme a sua vontade e para o seu louvor; Ele se determinou a servir aos seus próprios propósitos com todas as suas criaturas, e não falhará em seus desígnios; todos são seus servos. Ele não é glorificado pelo ímpio, mas por causa dele, será glorificado. Ele não torna ímpio nenhum homem, mas criou àqueles a quem previu que seriam ímpios: ainda assim, Ele os fez (Genesis 6.6), porque sabia como obter honra por causa deles. Veja Romanos 9.22. Ou (como alguns interpretam), Ele criou os ímpios, para que fossem empregados por Ele, como instrumentos da sua ira no dia do mal, quando Ele trouxer o juízo ao mundo. Ele faz algum uso, até mesmo dos ímpios, como de outras coisas, para que sejam a sua espada, a sua mão (Salmos 17.13,14). O rei da Babilônia é chamado seu servo.

 

V. 5 – Observe:

1. A soberba dos pecadores coloca Deus contra eles. Aquele que, sendo exaltado em posição, é altivo de coração, cujo espirita é exaltado com a sua condição, de modo que se torna insolente na sua conduta, para com Deus e o homem, que saiba que, ainda que ele admire a si mesmo, e os outros o bajulem, ainda assim é uma abominação para o Senhor. O grande Deus o despreza; o santo Deus o detesta.

2. O poder dos pecadores não os pode proteger de Deus, ainda que eles se fortaleçam, unindo as mãos. Embora eles possam se fortalecer, uns aos outros, com suas confederações e combinações, unindo suas forças contra Deus, não escaparão ao seu justo juízo. Ai daquele que contende com o seu Criador (Provérbios 11.21; Isaias 45.9).

PSICOLOGIA ANALÍTICA

A FUNCIONALIDADE DAS EMOÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS

É preciso compreender o que há de mais recente a respeito da experiência emocional e esclarecer aspectos referentes à funcionalidade e à disfuncionalidade das emoções “positivas e negativas”.

A funcionalidade das emoções positivas e negativas

Definir emoção é uma tarefa que exige algumas considerações prévias. Do ponto de vista do senso comum, as emoções são experiências vividas em primeira pessoa e, por isso, quando são referidas, o são pela perspectiva subjetiva de quem as experimenta. Quando observadas no outro, através das expressões faciais e corporais, muitas vezes são definidas por analogia com a experiência de quem observa. Reeve refere-se à emoção como um constructo psicológico que coordena as dimensões subjetiva, biológica, propositiva e social. Como fenômeno multidimensional, a emoção só pode ser definida como um sistema sincronizado que coordena sentimento, ativação biológica, propósito (direção a metas) e expressão social.

Este artigo aborda o que há de mais recente sobre a experiência emocional. Iniciaremos introduzindo as dimensões da emoção para em seguida esclarecer aspectos relacionados à funcionalidade e à disfuncionalidade das emoções “positivas e negativas”.

DIMENSÕES DA EMOÇÃO

Do ponto de vista da ciência, o aspecto subjetivo é apenas um dos modos de se ter acesso à emoção. Para os cientistas, a emoção é um constructo que envolve o entrelaçamento de variáveis subjetivas e objetivas, incluindo aspectos corporais, sociais e motivacionais.

SENTIMENTO

Aspecto subjetivo da emoção, refere-se à consciência fenomenológica do sujeito que se emociona. Envolve os processos cognitivos de construção e atribuição de significado ao evento emocional. Nesse sentido, implica os processos de percepção, processamento avaliativo e memória que conferem à experiência o significado e a importância pessoal característicos da emoção. Podemos entender o sentimento como a emoção vista de dentro, a partir do olhar do sujeito que a experimenta.

ATIVAÇÃO CORPORAL

Envolve a ativação dos sistemas fisiológicos responsáveis pelo preparo e regulação corporal para a adaptação ao evento emocional. O preparo do corpo para a ação necessária à adaptação implica o recrutamento dos sistemas corporais que respondem pelo funcionamento das vísceras e dos músculos.

MOTIVAÇÃO

Representa o componente pro­ positivo da emoção. Envolve o direcionamento da ação emocional em relação às metas implicadas na emoção. Pode ser investigada objetivamente através da observação da conduta.

EXPRESSÃO

Aspecto comunicativo e social da emoção. Envolve o comportamento não verbal da emoção, inclusive as expressões faciais, a para-linguagem, a postura corporal e os gestos.

ALGUMAS TEORIAS

De acordo com Ekman, os seres humanos nascem com seis emoções básicas, que têm valor de sobrevivência para a espécie: raiva, tristeza, medo, nojo, alegria, surpresa. Existem indícios (como estudos que revelam que crianças cegas e surdas de nascimento apresentam as expressões faciais das emoções citadas) que comprovam que as expressões faciais são inatas e não aprendidas socialmente.

Dessas emoções, quatro delas são negativas (raiva, medo, tristeza e nojo), uma é positiva (alegria) e a outra é neutra (surpresa). Isso evidencia que os circuitos de emoções negativas já se encontram prontos quando nascemos, ou seja, temos muito mais emoções negativas inatas do que positivas.

Para Plutchik, existem oito emoções básicas: raiva, medo, tristeza, nojo, surpresa, interesse, confiança e alegria. Segundo o autor, essas emoções representam um gatilho de comportamento com elevado valor de sobrevivência. As emoções básicas ou primárias para ele podem combinar-se, produzindo uma gama variada de outras emoções.

De acordo com Haidt, as reações às situações desagradáveis e às ameaças são mais facilmente percebidas, fortes, e inibem as respostas a situações prazerosas e às oportunidades. No processo de seleção natural, os peixes, por exemplo, reagem mais intensamente ao perigo do predador do que a uma oportunidade de comida.

Segundo o autor, a mente humana reage com mais rapidez, força e persistência a episódios. Assim, simplesmente não podemos perceber tudo como sendo bom, porque nossa mente foi projetada para reagir mais intensamente a ameaças, violações e limitações.

TEORIA EVOLUTIVA

Segundo Seligman, sentimentos positivos em relação a uma pessoa ou objeto provocam aproximação, enquanto sentimentos negativos geram afastamento.

Para o autor, a teoria evolutiva mostra que as emoções negativas funcionam como defesa contra ameaças externas. Por exemplo, tristeza e depressão geram retraimento e desistência; ansiedade e n1edo levam à preparação para luta ou fuga, geran1 proteção; raiva causa disposição para atacar.

As emoções positivas têm papel importante na evolução. Elas fortalecem nossos recursos intelectuais, sociais e físicos, criando reservas que podemos utilizar quando aparecem oportunidades e ameaças. Quando estamos em estados emocionais positivos, somos vistos como mais amáveis e atraentes e as relações sociais têm mais chances de se desenvolverem e se solidificarem. Segundo Fredrickson, emoções positivas estão associadas a:

Expansão do foco de atenção;

Ampliação do uso da informação capturada;

Aumento da criatividade;

Uso de estruturas mais gerais de conhecimento;

Ampliação de escopo da ação;

Construção de recursos físicos e psicológicos a serem usados no futuro;

Construção de recursos sociais para relações positivas com aqueles que funcionam em reciprocidade;

Proporcionam um escudo contra depressão e doenças;

Aumentam a expectativa de vida.

A emoção positiva aumenta a imunidade. Pessoas com emoção positiva alta desenvolvem menos resfriados do que as com emoção positiva média. E estas, por sua vez, têm menos resfriados do que as pessoas com emoção positiva baixa.

Emoções positivas constroem e reforçam forças pessoais, criam bons hábitos mentais, constroem e solidificam relações significativas e melhoram a saúde física. Elas reduzem os níveis de hormônios ligados ao estresse e liberam mais dopamina e opiáceos. Segundo Fredrickson, emoções positivas criam uma espiral ascendente de emoções positivas, ou seja, experiências de emoções positivas ampliam repertórios de pensamento-ação momentâneos que constroem recursos pessoais duradouros, os quais transformam as pessoas e geram aspirais ascendentes.

Para a autora, emoções negativas limitam as ideias sobre ações possíveis e propiciam retração social. As emoções positivas ampliam as ideias, geram flexibilidade e abertura cognitiva e comportamental, melhoram a solução de problemas, criatividade e facilitam as interações sociais. Por exemplo, a alegria desperta a necessidade de brincar e ser criativo. O interesse estimula a exploração e o aprendizado.

Para Portella, é importante trabalhar emoções positivas para ampliar a cognição, assim fica mais fácil o trabalho com estilo atributivo, reestruturação de crenças disfuncionais e fortalecimento de crenças funcionais.

Fredrickson define dez formas de positividade ou estados positivos que “colorem” o dia a dia das pessoas. São elas: alegria, gratidão, serenidade, interesse, esperança, orgulho, diversão, inspiração, admiração e amor.

Em suma, emoções positivas melhoram a qualidade de vida, ampliam a cognição, constroem forças pessoais e solidificam as relações significativas. No entanto, ao contrário do que o senso comum supõe, as emoções negativas também têm suas funcionalidades e possuem, inclusive, valor de sobrevivência para nossa espécie.

RAIVA

Os teóricos do desenvolvimento Sternberg e Campos fizeram uma metáfora para equiparar a raiva dos bebês aos sentimentos que possivelmente geram raiva em crianças e adultos : “Segurar seus braços de modo que ele não consiga se libertar”, ou seja, algum tipo de obstáculo ou entrave à persecução dos seus objetivos faz com que a raiva seja muitas vezes ativada.

Ativar a raiva pode ser benéfico. O prejudicial é quando ela extrapola os limites de nosso controle, torna-se fúria e nos leva a reagir de forma inadequada ao contexto, levando-nos a reagir de forma agressiva despropositadamente.

Para Strongman, a raiva não deve ser sentida como negativa, pelo contrário, deve ser vista como funcional, pois proporciona ao indivíduo energias para a sua defesa. Ou seja, inclui a organização e regulação de processos fisiológicos e psicológicos relacionados com a autodefesa e com o domínio, além da regulação dos comportamentos sociais e interpessoais.

Ekman destaca funções úteis dessa emoção, como, por exemplo, agir para promover mudanças ao se deparar com uma injustiça ou defender a integridade física ou moral de si mesmo ou de alguém estimado.

Ainda para o mesmo autor, o que nos motiva a regular nossa raiva é o nosso interesse em continuar a relação com a pessoa de quem sentimos raiva. Se a pessoa é nossa amiga, cônjuge ou filho, tendemos a regular a raiva, uma vez que acreditamos que, se continuarmos a senti-la e não nos controlarmos, poderemos danificar inevitavelmente o nosso relacionamento com eles. Daí ser de suma importância sermos capazes de gerir a nossa raiva.

Nesse sentido, a raiva é a emoção que as pessoas têm mais dificuldade em regular. Contudo, é a “mais sedutora das emoções negativas, em que o monólogo autojustificativo interior a alimenta, enche a mente com os argumentos mais convincentes para lhes dar largas”, dando energia ao indivíduo.

 FUNCIONALIDADE NAS NEGOCIAÇÕES

Numa série de estudos, os participantes tiveram a tarefa de vender pelo maior preço possível um celular e esse mesmo montante arrecadado nas negociações se reverteria em ganhos para seus próprios bolsos. No entanto, alguns foram escalados para atender compradores irritadiços e outros para atender compradores alegres ou neutros; o resultado foi que os compradores mais irritados conseguiram maiores abatimentos, diminuindo assim os dividendos dos vendedores. O estudo sugere que pessoas com raiva eram vistas como poderosas e de alto status na situação.

 FUNCIONALIDADE NO AUMENTO DA CRIATIVIDADE

Os psicólogos usaram o teste de utilidade do tijolo para medir a criatividade e fizeram experimentos com dois grupos que foram submetidos a dois testes, o primeiro somente para suscitar feedbacks negativos ou positivos, e o segundo, sim, era o teste da criatividade com os tijolos. Ocorreu que os que tiveram feedbacks irritados (negativos) se saíram melhor do que os que tiveram os feedbacks neutros ou positivos.

CULPA

Parte dos estudos de Tangney) nos ajuda a ter um olhar mais amplo e menos estereotipado acerca dessas emoções (culpa e vergonha).

A vergonha e a culpa fazem parte de um conjunto de emoções autoconscientes, que surgem a partir da autorreflexão e da autoavaliação. São emoções negativas relevantes para o indivíduo, que ocorrem em resposta a fracassos ou transgressões e cumprem uma função importante tanto em nível individual como relacional. Esta autoavaliação poderá estar implícita ou explícita, pode ser consciente ou inconsciente. No entanto, de uma maneira ou de outra, a pessoa é o objeto dessas emoções.

Aumento da fibra moral e a motivação para sermos mais conscienciosos.

Um treinador de futebol que possa estar tendo problemas com o estilo de conduta de algum joga­ dor pode unir o time e iniciar um discurso a fim de conscientizar todos sobre a importância da colaboração mútua, para que se chegue a um bom resultado, direcionando seu discurso propositadamente para inflar certa dose de culpa naqueles que não estão sendo coesos com o time; ele assim consegue acionar um poderoso gatilho interno nos desviantes, que desejarão colaborar ainda mais para compensar os erros.

CULPA E ARREPENDIMENTO CONSTRUTIVO

Segundo estudos publicados pelo Bureau of Justice dos Estados Unidos, o índice de presos libertos que voltam a cometer transgressões chega a 67%. Tangney explica que os presos com tendência à culpa sofriam mais pelos atos cometidos e eram mais motivados a se confessar, pedir perdão e reparar os problemas que causaram e, após serem libertados, apresentavam menor probabilidade de serem presos novamente.

TRISTEZA

Em nossa cultura ocidental, o hedonismo acaba fazendo com que rechacemos mais avidamente a vivência de certos estados tidos como “negativos”, assim como é o caso da tristeza. Contudo, segundo Vaillant, eles são extremamente úteis, pois as emoções negativas trazem benefícios a curto prazo.

Para Ekman, a mensagem comunicada por intermédio da tristeza é: “Estou sofrendo; console-me e me ajude”. Complementa o autor dizendo que “quando nos sentimos tristes é que somos capazes de enriquecer a experiência do que a perda significa, permitindo ao indivíduo reconstruir os seus recursos e conservar a sua energia”.

Segundo Melo, a tristeza tem função adaptativa, pois é capaz de levar o sujeito a avaliar as fontes dos problemas, a procurar suporte social e a favorecer o estreitamento das relações com os outros. A tristeza ainda aparenta ser uma emoção­ chave para o desenvolvimento da capacidade de empatia, dado que a inibição comportamental e a lentificação que a acompanha favorecem e dão espaço para que o indivíduo se coloque na perspectiva do outro.

Para Goleman, a tristeza “força uma espécie de retirada reflexiva das atividades da vida, deixando-nos num estado de suspensão para chorar a perda, meditar sobre o seu significado e, finalmente, fazer os ajustamentos psicológicos necessários e os novos planos que permitirão à nossa vida prosseguir”.

ANSIEDADE

A ansiedade é um sistema de resposta cognitiva, afetiva, fisiológica e comportamental complexo que é ativado quando eventos ou circunstâncias são consideradas altamente aversivas, porque são percebidas como eventos imprevisíveis, incontroláveis, que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo.

Viver sem esse “sistema de reposta” seria prejudicial aos seres humanos e a história de nossa evolução nos ensina isso. Contudo, não só nas eras remotas como nos dias atuais a ansiedade, em doses passageiras e adequadas ao contexto, nos motiva, energiza e nos ajuda a alcançar nossos objetivos. Uma vida sem ansiedade seria enfadonha e colocaria nossa mente num estado de hibernação.

É nos momentos ansiosos que conseguimos acessar as relíquias remanescentes em nosso disco rígido, propiciando um aumento da percepção, inclusive uma ampliação da visão, capaz de enxergar a uma grande distância, além de uma amplificação da audição, capaz de sintonizar com maior clareza ruídos aleatórios vindos de uma determinada direção, uma maior capacidade de solução de problemas.

 

O LADO NEGATIVO

Em 1991, Ed Diener e seus colaboradores fizeram um estudo sobre o custo das emoções positivas e encontraram vários pontos em que a experiência positiva muito intensa pode ter um custo:

EFEITO CONTRASTE – Esse efeito ocorre quando a euforia emocional tira o brilho de outros eventos. Exemplo: ganhar um milhão de reais na loteria faz com que achar cem reais na rua ou ganhá-los numa raspadinha pareça sem valor;

EFEITO DE TRANSFERÊNCIA – Esse efeito ocorre quando as pessoas amplificam mentalmente as experiências positivas e automaticamente amplificam as negativas. Pessoas que dão pulos de alegria por causa de uma vitória são vulneráveis a um sentimento de perda total ao sofrer uma derrota.

Algumas pesquisas, citadas por Todd B. Kashdan e Robert Biswas-Diener, sugerem, ainda, que nem sempre estados emocionais positivos são proveitosos, e que reconhecer isso nos dá certa vantagem frente aos que tendem somente a evitar as emoções tidas como negativas ou desagradáveis. Algumas delas:

A FELICIDADE PODE INTERFERIR COM O SUCESSO A LONGO PRAZO – Shigehio e seus colaboradores internacionais compilaram verbetes de felicidades em 30 países e viram que em 24 deles a felicidade estava associada à sorte, acaso ou destino. Justamente um dos países mais pragmáticos ficou na minoria desses seis que não atribuíam à sorte o seu bem-estar e qualidade de vida. A felicidade era tida como resultado de um bom planejamento e trabalho árduo para se ter saúde, emprego, parceiros e lazer.

PESSOAS FELIZES SÃO MENOS PERSUASIVAS – Para persuadir alguém, você tem que convencê-lo de que sua ideia é melhor que a de outra pessoa e que tem mérito. Não adianta tão somente um sorriso ou transmitir boas emoções, isso na verdade pode gerar efeito oposto, diminuindo a credibilidade e levando a suspeitas.

Saber comunicar a mensagem de forma concreta e detalhada não é característica de pessoas cheias de emoções positivas. Estas tendem a passar por cima de detalhes e se fixar numa imagem geral, o que em certas situações da vida pode ser vantajoso emocionalmente. Na questão de persuasão, vimos que não é o caso, pois as pessoas respeitam autoridades nos assuntos e se predispõem a seguir a liderança de peritos.

Em pesquisas nas quais juízes teriam que avaliar os argumentos referentes a questões do cotidiano, verificou-se que pessoas infelizes criaram argumentos muito mais fortes que as felizes. Resultado: a qualidade dos argumentos das pessoas infelizes era 25% mais eficaz e 20% mais concreta do que a das pessoas felizes.

“Aquele que transforma embeleza todas as emoções, sejam de melancolia, de tristeza, prazer ou dor, vive na perfeita alegria:’ Graça Aranha (um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897).

OUTROS OLHARES

TURBINANDO A FOTOSSÍNTESE

Ao modificarem geneticamente o processo de alimentação das plantas, cientistas americanos se aproximam de uma nova revolução – tornar a colheita de grãos ainda mais produtiva.

Turbinando a fotossíntese

Como o planeta conseguirá alimentar seus 9,8 bilhões de habitantes em 2050? A pergunta, que se refere ao futuro da humanidade, começou a ser respondida na semana passada, quando a revista Science publicou um artigo que mostrava o possível início de uma revolução – um aumento significativo da produtividade das futuras colheitas. Para que se ponha comida na boca de todos daqui a três décadas, a capacidade mundial de produzir alimentos terá de aumentar 60%. É um desafio e tanto. Considerando-se o ritmo atual de crescimento da produtividade agrícola, o planeta não obterá os 60% necessários até 2050. A saída é ampliar ainda mais a produtividade, e a pesquisa publicada na Science pode apontar o caminho revolucionário.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, conseguiu modificar geneticamente um dos processos mais básicos da vida vegetal – a fotossíntese.

Como se aprende nas aulas de biologia, as plantas produzem o próprio alimento através da reação química entre luz, água e gás carbônico que ocorre dentro de suas células. Nesse movimento contínuo de produção de energia, as plantas liberam no meio ambiente oxigênio, essencial para a respiração dos animais. O que poucos lembram é que a fotossíntese é composta de várias etapas, uma das quais se chama fotorrespiração – que, em linhas gerais, regula a temperatura da planta. Algumas espécies apresentam adaptações de metabolismo que praticamente a eliminam, como o milho e a cana-de-açúcar.

No experimento, os cientistas isolaram os genes de espécies de algas, abóboras e da bactéria Escherichia coli e os inseriram em plantas de tabaco, cujo ciclo de vida é mais acelerado e que, por isso, poderiam produzir resultados mais rapidamente. A ideia era que, reduzindo o metabolismo fotorrespiratório, as plantas de tabaco pudessem usar parte da energia para se desenvolver. Depois de duas colheitas, os pesquisadores confirmaram essa hipótese. As plantas de tabaco geneticamente modificadas apresentaram até 40% mais biomassa. Ou seja: cresceram mais que as plantas de tabaco sem modificações genéticas.

“É um avanço significativo”, garante o professor de genética de plantas Carlos Alberto Labate, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo. “O próximo passo será aferir se essa ideia se converterá em aumento de produtividade de grãos”, completa. No processo de fotorrespiração, o tabaco se assemelha a plantas essenciais para a alimentação humana, como a soja, o arroz e o trigo. Se os cientistas conseguirem aplicar a mesma técnica na produção de grãos, isso significará que tais plantas poderão vicejar em áreas de clima mais quente e com menos tecnologia, como o uso de defensivos agrícolas. “Por isso a Revolução Verde não ajudou os fazendeiros africanos”, diz uma das autoras da pesquisa, Amanda Cavanagh. A África tem um quarto dos terrenos aráveis do planeta – em contrapartida, a agricultura representa apenas 15% do PIB da região. A nova técnica seria uma vantagem e tanto na busca da resposta à pergunta sobre como alimentar quase 10 bilhões.

GESTÃO E CARREIRA

TUDO JUNTO E MISTURADO

Conheça o conceito Full Hub e como ele pode otimizar todos seus processos de e­commerce, além de oferecer um cafezinho.

tudo junto e misturado

O coworking já é sucesso entre os pequenos e médios empreendedores. Agora imagine o mesmo conceito aplicado à logística de quem trabalha com e-commerce. Esse é o Full Hub, que está chegando ao Brasil e centraliza, no mesmo espaço, infraestrutura, parcerias e serviços necessários para o segmento. Dessa maneira, as empresas podem não apenas operar sem terceirizações, como também aumentar a competitividade.

A Ulock – Self Storage é a primeira a adotar o conceito no País e inaugurou sua estrutura voltada ao comércio eletrônico, para que outros empreendimentos do setor possam se instalar e ganhar em escala, produtividade e flexibilidade. “Surgiu com uma demanda do segmento de e-commerce, que não dispunha de locais adequados de escritórios e armazenagem de qualidade e profissional. A Ulock então criou espaços de self storage e coworking para suprir tais necessidades. Uma evolução desta percepção foi a identificação de outras carências do setor, como falta de espaço para logística (manuseio, empacotamento, estacionamento de caminhões), acesso a meios de envio de mercadorias com valores competitivos, networking mais intenso e qualificado entre empresários do mesmo setor e mentoring específico para comércio eletrônico. A Ulock, então, incorporou essas e outras carências à estrutura existente e criou o conceito em que uma empresa de e-commerce tem todas as suas demandas atendidas para operar no mesmo local”, explicam os diretores da Ulock, Marcelo Nicoli e Welson Bolognesi.

Isso significa que, no mesmo lugar, o empreendedor encontra estações de trabalho, salas privativas e de reuniões, auditório e sala de descompressão – como em um coworking convencional. Mas, além disso, há ainda área de armazena­ mento de estoque, empacotamento, recebimento e despacho de mercadorias – que normalmente demandam custos extras e um trabalho cuidadoso de organização por parte da empresa. Além de tudo isso, o fato de ter diferentes negócios no mesmo ambiente ajuda a desenvolver parcerias importantes para alavancar as atividades, incluindo transportadoras, empresa de marketing digital, mentoring e participação em eventos.

Essa centralização ajuda a atingir a meta mais importante: o bom atendimento ao consumidor. “Com a retomada da economia, o varejo on-line deve ter chegado ao fim do ano de 2018 com um crescimento próximo de 15%, e a volta da confiança do consumidor promete um ano de 2019 de muitos frutos para todo mundo que trabalha com varejo on­line. Então, a dica é que foquem seus esforços no atendimento do consumidor, pois será esse o diferencial para que o cliente seja fiel à sua marca, volte a comprar na sua loja e aumente a sua venda, sem aumentar seu custo com aquisição e marketing’, aconselha o vice-presidente de Vendas da Vtex (plataforma de cloud commerce), Felipe Dellacqua.

A IDEIA É BOA. COMO FAÇO?

Se você gostou do conceito e quer fazer parte, o investimento inicial é zero, como explicam os diretores da Ulock: “a empresa somente vai pagar um aluguel mensal pela estação de trabalho e box, podendo diminuir ou aumentar sua utilização a qualquer momento. Os contratos são mensais e não possuem multa de saída. Temos boxes de diversos tamanhos (de 4,5m2 a 135 m2) e várias configurações de espaços de trabalho, indo de uma única estação de trabalho a uma sala comercial privativa para 11 pessoas. Com menos de R$ 1.000,00por mês, já é possível usufruir de espaço de armazenamento e estação de trabalho na empresa”.

Além das vantagens mais óbvias, o fato de você estar em um ambiente com instalações agradáveis, com recepcionistas profissionais, salas de reuniões, copa, café e outros ajuda no dia a dia e facilita o foco da atuação, com conforto. “E aquele papo informal no café com profissionais que podem lhe dar uma dica preciosa ou mesmo compartilhar uma boa prática não tem preço”, completam.

Se você quer adotar o conceito para sua empresa, mas ainda está em dúvida, é preciso primeiro olhar para seu negócio de maneira ampla. Visite o espaço de operações e entenda o que ele tem a oferecer. Reflita sobre questões pontuais que farão toda diferença:

– Meu local é adequado para o meu trabalho atualmente? E para o futuro?

– Consigo receber transporte de forma adequada e segura ou tenho de sair na rua com caixas na mão e colocar dentro do caminhão?

– Meus funcionários (e eu mesmo) trabalham em um local confortável?

– Quanto tempo perco administrando limpeza, manutenção, água, café, recepção, organização de salas?

– Como está a qualidade do meu networking no sentido de ter uma rede de parceiros de qualidade e que possam colaborar diretamente para o crescimento de minha empresa?

– Hoje, se a demanda aumentar de forma repentina, qual o investimento que preciso ter para ser mais competitivo? E se a demanda diminuir?

Segundo os diretores do Ulock, podemos observar ganho em produtividade durante o transporte de produtos. Em um conjunto comercial convencional, os horários são bastante limitados para receber fornecedores, transportadores e outros. Outro exemplo de ganho em produtividade é a facilidade na comunicação e a rapidez na resolução de problemas diários da operação, uma vez que está tudo no mesmo ambiente.

Considerando ainda os gastos compartilhados de serviços rotineiros, a redução de custos pode chegar a 30% ou mais, dependendo do mercado de atuação. “Há algumas empresas no mercado que executam pedaços da operação de e-commerce. Outras excutam todas as operações no conceito já conhecido de Full Commerce. O conceito Full Hub que criamos é inovador no mercado brasileiro e diferente do tradicional Full Commerce por se tratar de um ambiente em que o empresário continua com o controle da operação direta do seu negócio e aproveita toda a infraestrutura e condições disponíveis para ganhar escala, sem necessariamente terceirizar atividades”, concluem.

OUTRAS FERRAMENTAS

Algumas ferramentas e plataformas também são importantes no momento de organizar seu negócio de e-commerce. A Vtex, por exemplo, traz soluções digitais que aumentam taxas de conversão e diminuem custos operacionais, fidelizando assim os consumidores. Com clientes como Sony, Walmart. Danone, Whirlpool. Coca-Cola, Lancôme, Avon e Lego, traz praticidade para o momento da venda. “A Vtex não trabalha com logística. Somos uma empresa de tecnologia para o varejo omnichannel , que tem evoluído para que as lojas se tornem o que chamados de ‘Phygital’, uma união do físico com o digital. Dessa forma, além de ser ponto de experiência e relacionamento com o consumidor, você passa a ser um centro de distribuição do e-commerce e um ponto de retirada, seja de produtos que já estão na loja ou produtos que sairão de outra loja ou do próprio centro de distribuição do e-commerce. Assim, integramos todas as fases do físico e do digital em um só local, levando capilaridade, economia em larga escala e principalmente escala”, explica Dellacqua.

Considerando que o custo fixo pode ser um dos grandes problemas do varejo on-line – principalmente quando precisa escalar serviços como armazenagem e logística -, é recomendado que o varejista on-line terceirize esses serviços para uma otimização dos processos. Dessa maneira, seu empreendimento pode focar os diferenciais do negócio diante de concorrentes e não se preocupar com questões de execução. Nesse ponto, o Full Hub entra novamente como uma tendência de solução.

Outros detalhes podem melhorar ainda mais seu atendimento. O recurso de voz é um deles, como aconselha Felipe Dellacqua. “Recursos como esses estão cada vez mais avançados e se tomando comum no universo do e-commerce, no qual apps integrados com assistentes de voz ajudam a fazer compras apenas pelo comando. No Brasil, podemos ver o caso da Bonafonte, em que você pode fazer uma compra por voz e receber a água em casa”, conta.

A tendência do voice shopping cresce ainda mais rapidamente que o mobile shopping. Segundo Dellacqua, estima­ se que, até 2022, o volume transacionado por assistentes de voz será de US$ 40 bilhões. Hoje, são mais de 1 bilhão de buscas por voz realizada mensalmente, em um mercado de assistentes de voz que cresce 48% ao ano. Além disso, aproximadamente 25% dos consumidores já preferem esse tipo de recurso a sites de compras e aplicativos.

tudo junto e misturado. 2 VEIO PARA FICAR

INFRAESTRUTURA ADEQUADA

As micro, pequenas e médias empresas têm à disposição estrutura de grandes corporações, que vai desde recepção profissional até estrutura logística para manuseio e rápidas entregas em todo o País.

 

MENTORING E NETWORKING VOLTADOS PARA O SETOR

AUMENTO DE COMPETITIVIDADE

Identificou-se que muitos dos empresários com os quais há contato não têm porte para ter acesso a transportadoras e parceiros logísticos. Outros, quando conseguem ser atendidos, pagam “valor cheio” de transporte para enviar seus produtos, tendo sua competitividade prejudicada. No Full Hub, é possível formar uma rede com volume suficiente para atrair fornecedores.

 O E-COMMERCE ESTÁ PARA PEIXE?

“O e-commerce é um mundo de oportunidades. Porém, demanda planejamento a longo prazo. Devido à facilidade e ao acesso a novas tecnologias, ficou barato montar uma operação on-line, mas se manter on-line é o grande desafio”, lembra Felipe Dellacqua. Com toda a parte estratégica solucionada, o próximo passo é escolher um bom mix de produtos com preços competitivos. A relação investimento e lucro vai depender muito de dois fatores essenciais: o produto comercializado – considerando a margem que ele permite para venda – e o long time value do cliente, ou seja, qual a frequência de compra de uma mesma pessoa. A segurança também é crucial na rotina de seu negócio.

Vale lembrar que existem mais de 60 milhões de consumidores on-line no Brasil, o que representa mais de 50% do total de usuários de internet no País. Desse total de consumidores, há uma divisão muito similar entre faixas etárias de 25 a 34 anos, de 35 a 49 anos e acima de 49 anos. Um percentual ainda pouco expressivo de consumidores com menos de 24 anos merece atenção como público potencial. As classes sociais que compram pela internet vão de A a E, o que mostra a popularização do e-commerce.

 

PALAVRA DO ESPECIALISTA

O que é o conceito Full Hub?

“O conceito Full Hub que criamos é inovador no mercado brasileiro e diferente do tradicional Full Commerce por se tratar de um ambiente em que o empresário continua com o controle da operação direta do seu negócio e aproveita toda a infraestrutura e condições disponíveis para ganhar escala, sem necessariamente terceirizar atividades” MARCELO NICOLI e WELSON BOLOGNESI, diretores da Ulock – Self Storage

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 15: 25-33

Pensando biblicamente

O CONTRASTE ENTRE OS JUSTOS E OS ÍMPIOS

 

V. 25 – Observe:

1. Deus se alegra em abater os que são exaltados, e normalmente faz isto, no curso da sua providência: Os soberbos, que se exaltam a si mesmos, que desafiam a Deus que está acima deles, e pisam nos que estão à sua volta, são aqueles a quem Deus resiste, e a quem irá destruir, não somente a eles, mas também às suas casas, de que se orgulham e de cuja continuidade e perpetuidade são confiantes. A soberba é a ruína de multidões.

2. Deus se alegra em sustentar os que estão aflitos, e frequentemente o faz de maneira admirável: ele firmará a herança da viúva, que homens ofensivos e soberbos dilapidam, e que a pobre viúva não é capaz de defender e confirmar. A honra de Deus consiste em proteger os fracos e defender os que são oprimidos.

 

V. 26 – A primeira parte deste versículo fala de pensamentos, a segunda, de palavras, mas o significado é o mesmo: pois os pensamentos são palavras de Deus, e as palavras são avaliadas pelos pensamentos de que se originam, de modo que:

1. Os pensamentos e as palavras dos ímpios, que são, como eles mesmos, ímpios, que visam maldades, e têm alguma má intenção, são uma abominação para o Senhor; Ele sente desprazer com eles, e os levará em conta. Os pensamentos dos ímpios, na sua maioria, são odiados por Deus, e são uma ofensa para Ele, que não somente conhece o coração e tudo o que acontece nele, mas exige o lugar mais íntimo e mais elevado nele.

2. Os pensamentos e as palavras dos puros, dos limpos, sendo, como eles mesmos, limpos, puros, honestos e sinceros, são palavras agradáveis e pensamentos agradáveis, agradáveis ao santo Deus, que se alegra na pureza. Isto pode ser interpretado, tanto sobre as suas devoções a Deus (as palavras de suas bocas e as meditações dos seus corações, em oração e louvor, são aceitáveis a Deus. Salmos 19.14; 69.13), como sobre as suas palavras para com os homens, que tendem à edificação. Ambos são agradáveis, quando se originam de um coração puro, sim, de um coração que foi purificado.

 

V. 27 – Observe:

1. Os que são cobiçosos provocam problemas às suas famílias: o que se dá à cobiça, e por isto se torna um escravo do mundo, levantando-se cedo, ficando desperto até tarde, e comendo o pão da preocupação, devido à cobiça – aquele que se apressa, e pressiona, a si mesmo e a todos ao seu redor, nos negócios, se irrita com cada perda e desapontamento, e discute com todos os que atrapalham o seu lucro – perturba a sua casa, é um fardo e uma irritação, para os seus filhos e os seus servos. Aquele que, na sua cobiça, recebe subornos (RA), e usa maneiras ilícitas de obter dinheiro, deixa uma mal­ dição, com o que obtêm, aos que vierem depois dele, que mais cedo ou mais tarde trará aflições à sua casa (Habacuque 2.9,10).

2. Os que são generosos, além de justos, transmitem uma bênção às suas famílias: “O que aborrece as dádivas” (“o que odeia o suborno”, na versão RA), que não permite que suas mãos peguem os subornos que são postos nelas, para perverter a justiça e que abomina­ rá todas as maneiras indiretas e pecaminosas de obter dinheiro – que detesta ser torpe e mercenário, e está disposto, se houver oportunidade, a fazer o bem gratuitamente – viverá; ele terá o conforto da vida, e viverá em prosperidade e prestígio; o seu nome e a sua família viverão e continuarão.

 

V. 28 – Aqui temos:

1. Um homem bom prova ser sábio com o bom controle da sua língua; aquele que faz isto, é um varão perfeito (Tiago 3.2). E parte do caráter de um homem justo que, convencido da importância que deve dar às suas palavras, e da boa ou má influência que elas têm sobre os outros, deve se preocupar em falar sinceramente (é o seu coração que responde, isto é, ele fala o que pensa, e não ousa fazer outra coisa, ele fala verazmente segundo o seu coração, Salmo 15.2), e falar de maneira pertinente e benéfica, e por isto procura responder, de modo que suas palavras possam ter graça (Neemias 2.4; 5.7).

2. Um ímpio prova ser um tolo, pelo fato de que nunca presta atenção ao que diz, mas a sua boca derrama em abundância coisas más, para a desonra de Deus e da religião, sua própria vergonha, e sofrimento para os outros. Sem dúvida, é um mau coração que transborda o mal.

 

V. 29 – Observe:

1. Deus se coloca à distância dos que o desafiam: os ímpios dizem ao Todo-Poderoso, aparta-te de nós, e por isto, Ele está longe deles; Ele não se manifesta a eles, não tem comunhão com eles, não deseja ouvi­ los, não os irá ajudar, nem mesmo no momento da sua necessidade. Eles estarão para sempre banidos da sua presença, e Ele os manterá à distância. “Apartai-vos de mim, malditos”.

2. Ele se aproximará, com misericórdia, dos que se aproximam dele, no caminho do dever; Ele escutará a oração dos justos, e a aceitará, ficará satisfeito com ela, e concederá uma resposta de paz a ela. É a oração de um justo que pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16). Ele se aproxima deles, é uma ajuda presente, em tudo o que lhe pedirem.

 

V. 30 – Aqui, duas coisas são declaradas como agradáveis:

1. É agradável ter uma boa perspectiva de ver a luz do sol (Êxodo 11.7), e com ela, ver as maravilhosas obras de Deus, com que este mundo inferior é embelezado e enriquecido. Os que têm necessidade de misericórdia sabem como valorizá-la; como “a luz dos olhos alegra o coração”! Esta consideração deve nos tornar agradecidos pela nossa visão.

2. É mais agradável ter um bom nome, um nome respeitado por Deus e pelas pessoas boas, devido às boas coisas que se pratica: é como um unguento precioso (Eclesiastes 7.1). “A boa fama engorda os ossos”; ela traz um prazer secreto, que é fortalecedor. É também muito consolador ouvir (como alguns interpretam) um bom relato, a res­ peito dos outros; um homem não tem maior alegria do que a de ouvir que seus amigos andam na verdade.

 

V31 – Observe:

1. Um homem sábio está sempre disposto a ser repreendido, e por isto convive com os que, tanto por suas palavras como por seus exemplos, lhe mostram o que há de errado nele: “Os ouvidos que escutam a repreensão” amarão aquele que repreende. As repreensões fiéis e amistosas são aqui chamadas de “repreensão da vida”, não somente porque devem ser feitas de maneira vigorosa, e com prudente zelo (e devemos repreender por meio de nosso modo de viver, e também por nossa doutrina), mas porque, quando são bem aceitas, são meios de vida espiritual, e levam à vida eterna, e (como pensam alguns) para distingui-las de censuras e repreensões por sucesso, que são, na verdade, repreensões de morte, que não devemos considerar, nem pelas quais nos devemos influenciar.

2. Os que são sábios a ponto de suportar a repreensão se tornarão mais sábios (Provérbios 9.9), e acabarão sendo contados entre os sábios da sua época, e terão habilidade e autoridade, para repreender e instruir outras pessoas. Os que aprendem bem, e obedecem bem, provavelmente, com o tempo, ensinarão bem, e governarão bem.

 

V. 32 – Veja aqui:

1. A tolice dos que não desejam ser ensinados, que rejeitam a instrução, que não dão ouvidos a ela, mas que lhe dão as costas, ou que não a ouvem, mas fecham seu coração a ela. Eles rejeitam a correção; eles não a aceitarão, nem do próprio Deus, mas lutarão contra ela. Os que fazem isto menosprezam as suas almas; eles mostram que têm uma má opinião sobre as suas almas, e se preocupam pouco com elas, esquecendo-se que elas são racionais e imortais, e que a instrução é designada a cultivar a razão e preparar para o estado imortal. O erro fundamental dos pecadores é menosprezar suas próprias almas; desta maneira, eles negligenciam o que têm que prover para elas, e as maltratam, as expõem, preferem o corpo à alma, e prejudicam a alma, para satisfazer o corpo.

2. A sabedoria dos que estão dispostos, não somente a ser ensinados, mas também a ser repreendidos: o que escuta a repreensão e corrige os erros pelos quais é repreendido, adquire entendimento, pelo qual a sua alma é protegida dos maus caminhos e conduzida nos bons caminhos, e assim ele evidencia a apreciação que tem pela sua própria alma e também lhe atribui verdadeira honra.

 

V. 33 – Veja aqui o grande interesse como também o dever que temos:

1. Que nos submetamos ao nosso Deus e conservemos uma reverência por Ele: o temor do Senhor, assim como é o princípio da sabedoria, também é a instrução e correção da sabedoria; os princípios da religião, se aderidos fortemente, aprimorarão o nosso conhecimento, corrigirão nossos erros, e serão o melhor guia do nosso caminho. Um temor por Deus sobre nossos espíritos nos dará os mais sábios conselhos e nos castigarão, quando falarmos ou agirmos tolamente.

2. Que nos curvemos diante de nossos irmãos. e tenhamos respeito por eles. Onde há humildade, há um feliz prenúncio de honra e preparativos para ela. Aqueles que se humilharem serão exaltados, tanto aqui como no futuro.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

PARA EVITAR DISTRAÇÕES

Em meio a vários estímulos, nosso cérebro “escolhe” os mais importantes e suprime outros.

Para evitar distrações

Você sabe que a saída está em algum lugar daquele trecho da rodovia, mas nunca a utilizou antes – e obviamente não quer perdê-la. Enquanto olha atentamente para o lado da estrada em busca da sinalização, numerosas distrações se intrometem em seu campo visual: cartazes, um conversível cheio de estilo que passa ao seu lado, a música no rádio, o toque que anuncia a chegada de uma mensagem no celular. Como o seu cérebro se concentra na principal tarefa que está realizando naquele momento?

Para responder a essa pergunta, muitos neurocientistas têm estudado o modo como o cérebro reforça sua resposta para o que você está procurando, condicionando-se com um impulso elétrico especialmente forte quando vê o que procura. Outro truque mental pode ser igualmente importante. De acordo com um estudo divulgado na publicação científica Journal of Neuroscience, o cérebro enfraquece sua reação deliberadamente perante tudo o mais, de modo que, comparativamente, o “alvo” parece ser mais importante. Isso pode ser um risco, por exemplo quando desviamos nossa atenção para o celular enquanto dirigimos. Os neurocientistas cognitivos John Gaspar e John McDonald, ambos da Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica, no Canadá, chegaram a essa conclusão sobre o enfraquecimento da reação cerebral depois de terem pedido a 48 voluntários que fizessem testes de atenção em um computador. Os participantes do experimento deveriam identificar rapidamente um círculo amarelo isolado em meio a um conjunto de círculos verdes sem serem distraídos por um círculo vermelho ainda mais chamativo. Os pesquisadores acompanharam e registraram a atividade elétrica cerebral dos estudantes utilizando uma rede de eletrodos conectados ao couro cabeludo. Os padrões neurais revelaram que o cérebro dos voluntários suprimira consistentemente as reações a todos os círculos, exceto aquele que estavam procurando. “Neurocientistas estão cientes da supressão há algum tempo, mas ela não recebe tanta atenção quanto os mecanismos que aumentam a atenção”, observa McDonald. “A novidade deste trabalho é que determinamos como é possível evitar distração por meio da supressão.” Ele aposta que esse tipo de pesquisa algum dia poderá ajudar cientistas a entender o que ocorre no cérebro de pessoas com problemas de atenção, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. E, em um mundo cada vez mais marcado pelo excesso de estímulos e distrações – diariamente responsáveis por acidentes de todo tipo, em especial de trânsito –, qualquer informação consistente sobre como o cérebro se concentra deve atrair nossa atenção

OUTROS OLHARES

A APOSENTADORIA DO SUTIÃ

Em busca de mais conforto e do reconhecimento da beleza natural dos seios, cada vez mais mulheres se libertam do acessório – mas enfrentam resistência.

A aposentadoria do sutiã

O sutiã já marcou importantes momentos na história da luta da mulher por seu espaço na sociedade e contra estruturas sociais que as oprimem. Depois de protagonizar a famosa manifestação de feministas contra a objetificação da mulher durante o concurso ”Miss América”, no chamado “Bra Burning” (“Queima dos Sutiãs”), em 1968, mais uma vez a peça surge como símbolo de libertação feminina. Agora a luta é pela abolição do seu uso. Cada vez mais as mulheres desejam tirá-la do corpo para viverem com seus seios da forma como eles são. Esse desejo simboliza uma busca pelo reconhecimento da sua beleza natural e da dessexualização do corpo feminino – que, na visão das militantes, foi levada ao extremo pela indústria do entretenimento. Além disso, representa uma luta pela igualdade de direitos em relação aos homens – que, diferentemente das mulheres, podem andar sem constrangimentos com os mamilos à mostra em alguns ambientes.

Celebridades brasileiras estão aderindo à tendência. É o raso de Cléo Pires, que costuma aparecer com os seios naturais sob as blusas e já se manifestou pelo Instagram sobre o tema. ”Meus seios não são órgãos sexuais. Antes, são órgãos feitos para alimentar um bebê”, disse ela, que criticou a política de censura de algumas redes sociais aos peitos das mulheres. Recentemente o Instagram e o Facebook foram questionados por alguns usuários por não permitirem a exposição de mamilos femininos, diferentemente dos masculinos. Outra personalidade que não vê problema em não usar a peça é Bruna Marquezine. “Amo e acho tão bonito”, disse em resposta a uma fã pelo Twitter. A tendência já é global e também pôde ser vista no tapete vermelho do Globo de Ouro, no domingo 6, nos looks de atrizes como Julia Roberts e Saoirse Ronan.

Em ambientes corporativos, porém, a ausência da peça provoca estranhamento. Além disso, algumas linhas da psicologia e estudos de neurociência afirmam que dessexualizar os seios seria impossível, uma vez que eles estão biologicamente vinculados à reprodução. Durante a amamentação, por exemplo, o cérebro feminino produz um hormônio semelhante ao que une um casal na vida adulta. E o fato das mamas se desenvolverem na puberdade faz com que elas estejam relacionadas com a capacidade de reprodução da mulher.

Uma das razões que incentivam o movimento conhecido como No Bra (“Sem Sutiã”, em inglês) é o benefício que a eliminação da peça pode causar à saúde das mamas. Estudos mostram que, ao contrário do que se pensava antes, sutiãs com arames, plásticos ou bojos podem fazer mal porque comprimem os peitos. Segundo Jean-Denis Rouillon, professor da Universidade de Franche­Comté e um dos poucos estudiosos do tema, o sutiã não evita os efeitos da gravidade no corpo. Rouillon constatou que eles ficam mais firmes quando o acessório não é usado, porque os tecidos e ligamentos têm de trabalhar e não degeneram. Além disso, sem ele a circulação do sangue é melhor e a temperatura das mamas se mantém natural. Pensando nisso, foi criado até um dia para encorajar as mulheres a não tirarem o sutiã do guarda-roupa. O “No BraDay” ocorre no dia 13 de outubro, durante o Outubro Rosa, e visa conscientizar sobre a autoavaliação para a prevenção do câncer de mama. As feministas, no entanto, protestam. Para elas, todo dia é dia da mulher deixar o sutiã em casa e libertar as mamas.

A aposentadoria do sutiã. 2

A aposentadoria do sutiã. 3

GESTÃO E CARREIRA

AQUI AS VAGAS ESTÃO SOBRANDO

O mercado mundial de segurança da informação está cada vez mais aquecido, e os gastos devem passar dos 133 bilhões de dólares até 2022 – mas falta mão de obra.

Aqui as vagas estão sobrando

Uma feira de recrutamento curiosa chamou a atenção de centenas de pessoas no fim do ano passado, em São Paulo. As vagas oferecidas ali, em um espaço dentro do evento de segurança Roadsec, não eram para qualquer profissional. As empresas no local estavam à procura de especialistas em ciber segurança. Ou melhor, na verdade, de hackers. As pouco mais de 100 vagas oferecidas no local representavam apenas uma parcela ínfima das oportunidades nesse mercado – e um retrato da alta demanda por profissionais da área. O setor de segurança da informação está em alta. Segundo dados da IDC, consultoria americana especializada em tecnologia, os gastos globais com segurança da informação deverão subir de 92 bilhões de dólares, em 2018, para mais de 133 bilhões até 2022. Mas, por mais que estejam dispostas a usar o caixa para proteger suas operações digitais, as companhias ainda esbarram em um problema básico: a escassez de mão de obra.

A lacuna no mercado de trabalho é um problema geral. Um estudo da organização sem fins lucrativos americana (ISC)2, que oferece treinamento e certificação a profissionais da área, aponta que, globalmente, faltam hoje quase 3 milhões de especialistas em segurança para preencher as vagas disponíveis. O problema é maior na região da Ásia-Pacífico (China, Índia, Japão, países do Sudeste Asiático, Austrália e Nova Zelândia), onde se calcula a falta de 2,1 milhões de profissionais. Mas há déficits na Europa, na América do Norte e na América Latina (incluindo o Brasil), onde há mais de 136.000 oportunidades de trabalho em aberto. O “buraco” existe porque as empresas sempre foram mais reativas do que preventivas nesse campo, segundo especialistas ouvidos. O assunto ficava em segundo plano, e muitos profissionais de tecnologia seguiam outras carreiras por falta de oportunidade. “Agora a quantidade de ameaças aumentou e, de alguns anos para cá, o perfil dos ataques a redes e sistemas mudou. Se antes um invasor estava em busca de fama, agora ele quer roubar propriedade intelectual ou conseguir vantagens financeiras”, diz Demetrio Carrión, sócio- líder de ciber segurança na América Latina da consultoria britânica EY. Somado ao surgimento das leis de proteção de dados, como a europeia e a brasileira, isso fez os investimentos em segurança disparar. Mas a formação de mão de obra não acompanhou.

Não há uma solução fácil para a escassez. As empresas têm testado diferentes formas de contornar o problema. A mais direta é capacitar funcionários com programas de treinamento. A empresa de telecomunicações brasileira Embratel recruta, desde o ano 2000, profissionais com algum conhecimento no setor já pensando em torná-los especialistas, por meio de cursos, certificações e workshops. Já a americana Symantec, fornecedora de soluções de segurança, treina aspirantes à área desde 2014.”O mercado não forma profissionais suficientes para suprir a demanda. Então os treinamentos funcionam bem no curto prazo. Uma empresa consegue aproveitar até quem não tem conhecimento formal na área”, diz André Carraretto, estrategista em segurança da informação da Symantec.

O problema é que isso demanda recursos, e nem todas as companhias têm capacidade de investir na formação de seus profissionais de segurança, especialmente as que não estão envolvidas diretamente no ramo. Um estudo da EY mostra que mais da metade das empresas no mundo e dois terços das brasileiras sofrem com a falta não só de mão de obra mas também de verba para a área de segurança da informação – que é tida pela maioria como ineficaz. Algumas empresas até planejam aumentar os investimentos, mas, segundo a EY, os valores dificilmente serão suficientes para resolver questões de recrutamento, capacitação e compra de equipamentos.

É por causa dos altos custos que hoje a terceirização do setor de segurança tem se mostrado uma alternativa para as empresas. “Um fornecedor terceirizado oferece recursos de forma compartilhada e, por isso, consegue atender a um volume maior de empresas, 24 horas por dia”, diz Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa da IDC Brasil. Em resumo, a mão de obra é mais bem aproveitada. A maioria das fornecedoras de serviços não divulga quais são os clientes. Mas um caso notável e público é o da montadora japonesa Toyota, que adotou soluções da americana Palo Alto Networks para proteger de ameaças externas sua rede na Europa.

Outra saída para driblar a escassez de mão de obra e de recursos são os programas de bug bounties (“caça a brechas”). A estratégia consiste em recompensar especialistas de fora da companhia por falhas encontradas nos sistemas. Nos Estados Unidos, a tática é adotada amplamente por empresas de tecnologia. O Facebook, por exemplo, pagou quase 7 milhões de dólares em recompensas nos últimos sete anos. O Google desembolsou 3 milhões de dólares em prêmios só em 2017. No Brasil, a prática de recompensas é rara, mas existe um nome forte testando o modelo: a recém-inaugurada Quod, uma empresa de inteligência de crédito. Controlada pelos bancos Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, ela foi criada em 2018 para concorrer com empresas como Serasa Experian e Boa Vista SCPC. “Um programa de bug bounty é uma forma de monitorar continuamente os sistemas e descobrir vulnerabilidades antes que aconteça um problema mais crítico”, diz Leonardo Carmona, diretor de segurança da informação da Quod.

Mas é na inteligência artificial que parece residir a principal alternativa para a escassez de mão de obra. Hoje, os softwares mais avançados de empresas de segurança já são úteis para realizar tarefas que antes eram feitas por humanos, como o monitoramento em tempo real de incidentes na rede. Só que eles não substituem totalmente os especialistas de carne e osso, nem devem fazer isso tão cedo. “É humanamente impossível fazer o monitoramento de redes de forma manual, mas não dá para automatizar completamente as tarefas importantes que exigem um pouco de criatividade, como a busca por bugs”, diz Geraldo Fonseca, conselheiro do (ISC2) na América Latina. No fim das contas, é uma forma de atenuar por ora a falta de mão de obra. A conta só deverá ser fechada mesmo com investimentos em educação e capacitação.

Aqui as vagas estão sobrando. 2

 

Aqui as vagas estão sobrando. 3

 

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 15: 14-24

Pensando biblicamente

SABEDORIA E TOLICE

 

V14 – Aqui há duas coisas a admirar:

1. Um sábio não satisfeito com a sua sabedoria, mas ainda procurando aumentá-la; quanto mais ele tem, mais deseja ter: “O coração sábio buscará o conhecimento”, alegrando-se tanto no conhecimento que já obteve, que ainda cobiça mais, e no uso dos meios do conhecimento ainda busca mais, crescendo em graça, e no conhecimento de Cristo.

2. Um tolo satisfeito com a sua tolice, e sem buscar a cura para ela. Enquanto um homem bom tem fome das genuínas satisfações da graça, uma mente carnal se banqueteia com as satisfações de apetites e caprichos. A alegria vã e os prazeres dos sentidos são o seu prazer, e com eles ele pode ficar satisfeito, lisonjeando-se destas maneiras tolas.

 

V. 15 – Veja aqui a grande diferença que existe entre a condição de alguns dos filhos dos homens. e outros.

1. Alguns estão em meio a muita aflição, e com um espírito angustiado, e todos os seus dias são maus, como os da velhice, e dias sobre os quais dizem não ter prazer. Eles comem nas trevas (Eclesiastes 5.17) e nunca comem com prazer (Jó 21.25). Quantas são as aflições dos aflitos deste mundo! Eles não devem ser censurados nem desprezados, mas merecem piedade e oração, socorro e consolação. Poderia ter sido a nossa própria sorte, ou ainda pode vir a ser, ainda que estejamos alegres no presente.

2. Outros desfrutam de grande prosperidade e têm um espírito alegre; e eles não têm somente dias bons, mas um banquete contínuo; e se, na abundância de todas as coisas, servirem a Deus com alegria no coração, e forem obedientes (fazendo tudo isto, como também se faz no céu), então estarão servindo ao bom Mestre. Mas não devem se banquetear sem temor; uma súbita mudança pode acontecer; “alegrai-vos com tremor”.

V.  16,17 – Salomão disse, no versículo anterior, que aquele que não tem uma grande propriedade. nem uma grande renda, mas tem um espírito alegre, tem um banquete contínuo; o contentamento cristão, e a alegria em Deus, tornam a vida fácil e agradável; aqui, Salomão nos diz o que é necessário para esta alegria de espírito, que dará um banquete contínuo para um homem, ainda que ele tenha pouca coisa no mundo – santidade e amor.

I – Santidade. O pouco, se bem administrado e desfrutado no temor do Senhor, será mais consolador e terá um resultado melhor do que o de um grande tesouro, pois as inúmeras riquezas trazem consigo muitos problemas. Precisamos manter uma boa consciência e seguir o caminho do dever, servindo a Deus fielmente, com o pouco que tivermos. Observe, aqui:

1. É, muitas vezes, a sorte dos que temem a Deus ter apenas um pouco neste mundo. Muitas vezes os pobres recebem o Evangelho, e ainda continuam pobres (Tiago 2.5).

2. Os que têm grandes tesouros frequentemente têm grandes problemas com eles; tão longe tais tesouros estão de tranquilizá-los, que na verdade aumentam a sua preocupação. ”A fartura do rico não o deixa dormir”.

3. Se um grande tesouro traz dificuldades consigo, é por falta do temor a Deus. Se os que têm grandes propriedades fizessem o seu dever com elas, e então os confiassem a Deus, os seus tesouros não teriam a companhia de tantos problemas.

4. Portanto, é muito melhor, e mais desejável, ter apenas um pouco no mundo, e possuí-lo com boa consciência, para conservar a comunhão com Deus, e viver pela fé, do que ter a maior abundância e viver sem Deus no mundo.

II – Amor. Além do temor a Deus, a paz com todos os homens é necessária para a consolação nesta vida.

1. Se os irmãos viverem juntos, em unidade, se forem amistosos, sinceros e agradáveis, tanto em suas refeições diárias como em eventos mais solenes, isto fará de uma refeição de hortaliças um banquete suficiente; ainda que o cardápio seja humilde, e os bens tão poucos que eles não tenham como comer nada melhor, ainda assim o amor tornará a refeição saborosa e eles poderão ser tão felizes com ela como se tivessem todos os tipos de guloseimas sofisticadas.

2. Se houver inimizade mútua e contendas, ainda que haja um boi inteiro para a refeição, um boi gordo, não haverá consolação nesta refeição; o fermento da perversidade, de odiar e de ser odiado, é suficiente para azedar toda a refeição. Alguns entendem que isto se refira àquele que oferece a refeição; é melhor ter uma refeição modesta e ser sinceramente bem-vindo, do que ter uma mesa farta com um olhar murmurador e maligno.

 

V. 18 – Aqui temos:

1. A paixão, a grande criadora de contendas. Dela vêm as guerras e as pelejas. A ira atiça o fogo que incendeia cidades e igrejas: um homem iracundo, com suas reflexões mesquinhas, suscita contendas, e dá ocasião para que outros discutam, e aproveita as oportunidades criadas pelos outros, ainda que sejam triviais. Quando os homens levam os seus ressentimentos longe demais, uma contenda ainda produz outra.

2. A mansidão, a grande apaziguadora: o longânimo não somente evitará contendas, para que não se acendam, como apaziguará a luta, se já tiver sido iníciada; ele traz água para apagar a chama, une aqueles que se separaram, e com métodos amáveis os traz a mútuas concessões, para que haja a paz.

 

V. 19 – Veja aqui:

1. De onde surgem as dificuldades insuperáveis que os homens deverão encontrar no caminho do seu dever. Elas não se originam de nada na natureza do dever, mas da preguiça dos que realmente não se importam com ele. Aqueles que não se dedicam ao seu trabalho fingem que o seu caminho é como uma sebe de espinhos, e que não podem realizar o seu trabalho (como se Deus fosse um Mestre duro, colhendo onde não semeou), pelo menos que o seu caminho está cheio de espinhos, que não podem realizar o seu trabalho sem uma grande dose de dificuldades e perigos; portanto, eles passam por este caminho com tanta relutância como se tivessem que andar descalços por uma sebe de espinhos.

2. Como estas dificuldades imaginárias podem ser vencidas. Um desejo honesto e um empenho para cumprirmos o nosso dever, pela graça de Deus, tornará o caminho mais fácil, e nós o encontraremos repleto de rosas: “A vereda dos retos está bem igualada”; é fácil andar por ela, não é árdua, é fácil de ser encontrada, e não é intrincada.

 

V. 20 – Observe aqui:

1. O louvor dos bons filhos, que são a alegria de seus pais, que devem se alegrar com eles, tendo tido muitos cuidados e sofrimentos com eles. Contribui muito para a satisfação dos que são bons, se tive­ rem razões para pensar que foram um consolo para seus pais, em seus últimos anos, quando vêm os maus dias.

2. A insensatez dos filhos ímpios, que, com a sua iniquidade, desprezam os seus pais, ignoram a sua autoridade e recompensam mal a bondade deles: “O homem insensato despreza a sua mãe”, que provavelmente teve muita tristeza com ele, e talvez o tenha mimado muito, o que torna ainda mais pecaminoso o seu pecado, ao desprezá-la, e a tristeza dela, ainda mais dolorosa.

 

V21 – Observe:

1. É uma caracte1istica de um homem ímpio o fato de que ele tem prazer no pecado; ele tem um apetite para com a isca, e a engole apetitosamente, e não teme o anzol, nem o sente , quando o engole: a estultícia é alegria para ele; a dos outros também o é, e a dele, muito mais. Ele peca, não somente sem arrependimento, mas com prazer, não somente não se arrepende de pecar, como se vangloria de fazê-lo. Este é um dos sinais de que uma pessoa não possui a graça de Deus.

2. É uma característica de um homem sábio e bom o fato de que ele tem consciência do seu dever. Um tolo vive à solta, com aventuras, mas sem lei, não age com sinceridade nem constância; mas um homem de entendimento, entendi­ mento este esclarecido pelo Espírito (e os que não têm um bom entendimento não têm entendimento nenhum), anda retamente, vive uma vida sóbria, ordeira, regular, e se esforça, em tudo, para estar em conformidade com a vontade de Deus; e isto é, para ele, constante prazer e alegria. Mas qualquer tolice que permaneça nele, ou se origine dele, em qualquer ocasião, é uma angústia para ele, e ele se envergonha disto. De acordo com estas características, podemos avaliar a nós mesmos.

 

V. 22 – Veja aqui:

1. A má consequência de agir precipitadamente e impensadamente, e sem conselho: “Onde não há conselho os projetos saem vãos”, as medidas são rompidas, e os homens não alcançam seus objetivos, não chegam ao seu fim, porque não desejaram pedir conselhos sobre o caminho. Se os homens não dedicarem tempo e esforços para deliberar consigo mesmos, ou se estiverem tão confiantes sobre o seu próprio juízo, que desdenham consultar outras pessoas, não é provável que realizem qualquer coisa considerável: eles são derrotados por circunstâncias que, com algumas consultas, poderiam ter sido previstas e evitadas. É uma boa regra, tanto em questões públicas como domésticas, não fazer nada impensadamente e precipitadamente.

2. O quanto será benéfico para nós pedir o conselho de nossos amigos: “Com a multidão de conselheiros (com a condição de que sejam criteriosos e honestos, e não deem conselhos com um espírito de contradição), se confirmarão os projetos”. O filho de Salomão não fez bom uso deste provérbio, uma vez que não aquiesceu com o conselho dos anciãos, mas como desejava ter uma multidão de conselheiros, considerando mais o número que a ponderação, pediu conselhos aos jovens.

 

V. 23 – Observe:

1. Nós falamos com sabedoria quando falamos oportunamente: a resposta da boca será nossa credibilidade e nossa alegria, quando for pertinente e relevante, e dita no momento oportuno quando for necessária, será muito considerada, e, como dizemos, “acertará na mosca”. Muitas boas palavras não fazem todo o bem que poderiam ter feito, por não serem oportunas. Nada contribui mais para a beleza do discurso do que ter uma resposta apropriada e imediata, exatamente quando houver ocasião para ela e ela for bem recebida.

2. Se falarmos bem e com sabedoria. isto redundará em nossa própria consolação. e no benefício dos outro s: “O homem se alegra na resposta da sua boca”; ele pode ter prazer a ponto dos ouvintes o admirarem e dizerem: “Quão boa é, e quão bem nos faz’.”, mas de maneira nenhuma deverá se orgulhar por ter falado de maneira tão aceitável.

 

V.  24 – O caminho da sabedoria e da santidade é aqui recomendado:

1. Como sendo muito seguro e confortável: É o caminho da vida o caminho que conduz à vida eterna, em que encontraremos a alegria e a satisfação que serão a vida da alma. e em cujo fim encontraremos a perfeição da bem-aventurança. “Sê sábio, e viverás”. É o caminho para escapar àquela infelicidade, à qual não podemos deixar de nos ver expostos, ou em risco dela. E o caminho para nos afastarmos do inferno que está embaixo, dos laços do inferno, das tentações de Satanás. e de todas as suas fraudes, das dores do inferno, daquela destruição eterna que os nossos pecados merecem.

2. Como muito sublime e honroso: É para cima. Um homem bom coloca os seus afetos nas coisas do alto, e procede de acordo com estas coisas. O seu interesse está no céu, os seus caminhos conduzem diretamente para lá; ali está o seu tesouro, acima, fora do alcance dos inimigos, acima das mudanças deste mundo inferior. Um homem bom é verdadeiramente nobre e grande; os seus desejos e desígnios são elevados, e ele vive acima dos outros homens. Acima da capacidade e fora da vista dos homens tolos.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

PODEMOS APRENDER A ESQUECER?

Neurocientistas americanos tentam apagar recordações desagradáveis; porém, ainda que esse processo seja bem-sucedido, provavelmente o mero esquecimento do fato não ser á suficiente para evitar o aparecimento de sintomas físicos e mentais.

Podemos aprender a esquecer

Depois de estender a mão num reflexo para segurar uma panela quente que cai do fogão, você pode ser capaz de puxá-la de volta no último instante para não se queimar. Tudo isso em frações de segundo. Isso ocorre porque o controle executivo do cérebro pode intervir para interromper uma cadeia de comandos automáticos. Várias novas evidências sugerem que algo parecido acontece com o reflexo da recordação: o sistema cerebral é capaz de parar a recuperação espontânea de memórias dolorosas. Primeiro é preciso considerar que as memórias fazem parte de uma espécie de teia de informações conectadas. Por isso, uma lembrança pode agir como gatilho de outra, trazendo-a à tona sem esforço consciente. “Quando você recorda algo, a resposta automática da mente é lhe fazer um favor, tentando recuperar o que estiver associado a isso, mas às vezes somos lembrados de coisas sobre as quais preferiríamos não pensar”, diz o neurocientista Michael Anderson, pesquisador da Universidade de Cambridge. Estudos prévios sugerem que as áreas frontais do cérebro reduzem a atividade do hipocampo, uma estrutura crucial para a memória, e assim evitam a recuperação de lembranças. Para entender melhor, Anderson e seus colegas investigaram o que acontece depois que o hipocampo é suprimido. Eles pediram a 381 universitários para aprender pares de palavras pouco relacionadas. Depois, mostrou-se a eles uma das palavras e pediu-se que lembrassem da outra – ou que fizessem o contrário e, intencionalmente, não pensassem na outra. Às vezes, entre as tarefas, mostravam a eles imagens incomuns, como um pavão parado num estacionamento. Em artigo publicado no periódico científico Nature Communications, os cientistas afirmaram que a capacidade dos participantes de lembrar de pavões e outras imagens pouco convencionais foi cerca de 40% menor nos testes em que foram instruídos a suprimir memórias de palavras, antes ou depois de verem as imagens, em comparação com os testes em que foram solicitados a recordar as palavras. O achado traz mais evidências de que há um mecanismo de controle de memória, e sugere que tentar esquecer ativamente uma lembrança particular pode afetar negativamente a memória geral. O fenômeno é chamado de “sombra amnésica”, porque parece bloquear a recordação de eventos não associados que ocorrem por volta do momento em que a atividade do hipocampo é reduzida. “Os resultados talvez expliquem por que há vários registros de pessoas que viveram traumas (e depois tentaram esquecê-los) e têm memória fraca de fatos cotidianos”, observa Anderson. Ele e a colega Ana Catarino agora desenvolvem um novo experimento: monitoram em tempo real a atividade cerebral de pessoas que querem esquecer algo específico e informam a eles o quanto da atividade hipocampal está suprimida. Os pesquisadores acreditam que isso possa ajudar a aperfeiçoar o esquecimento seletivo, uma aptidão que poderia minorar a dor de pessoas com transtorno de estresse pós-traumático.  O que não foi considerado é que a experiência deixa uma marca emocional que não se restringe à lembrança em si e os resquícios traumáticos podem aparecer em forma de sintomas e quadros graves de doença mental. Mais útil do que simplesmente esquecer, parece fundamental recorrer a processos psicoterapêuticos que permitam o reconhecimento da dor e a elaboração da vivência dolorosa.

OUTROS OLHARES

O MURRO ANUNCIA A MORTE

O murro anuncia a morte

O estamento burocrático governamental no Brasil guarda a noção de que tudo se resolve por leis e decretos – nada mais natural. aliás, em uma República que, também ela, nasceu por decretação. No caso específico do crescente número de assassinatos de mulheres praticados por homens, que não aguentam psiquicamente ouvir da companheira “vamos terminar a relação amorosa”, essa tese fica clara. Fez-se a Lei Maria da Penha, criou-se a tipificação penal do feminicídio, e nada está resolvido. Vemos estarrecidos mulheres serem mortas a tiro, estranguladas, defenestradas, queimadas e brutalizadas a marretadas – na rua, em casa, em lojas, em resorts. Nos primeiros quatro dias de 2019, quatro mulheres foram mortas no Rio de Janeiro porque seus parceiros não aceitaram o fim do relacionamento. Em São Paulo, no mesmo período, o número de vítimas foi cinco. Em Goiás, quatro mulheres morreram em quarenta e oito horas. No País inteiro somam-se vinte e um feminicídios nos sete primeiros dias do (velho) ano novo. Na semana passada, um estudo inédito do Ministério da Saúde mostrou que três em cada dez mulheres que são assassinadas no País sofrem sistematicamente espancamentos. Ou seja: o bruto não se faz criminoso de uma hora para a outra, é como se o primeiro murro já anunciasse a morte, próxima ou distante. O estudo ganha relevância ao demonstrar que é bobagem considerar que leis mudam o temperamento de um agressor. O que está em questão é o transtorno da personalidade narcísica, que faz do portador um parceiro que “coisifica” a mulher. A solução está na educação, desde criança: formar indivíduos não hedonistas e não egoístas, aptos a suportarem a frustração amorosa, aprendendo que ciúme é psicopatologia e que ninguém é dono do corpo e da alma de ninguém.

O murro anuncia a morte. 2

GESTÃO E CARREIRA

OS QUATRO PRINCIPAIS TIPOS DE DEVEDORES EXISTENTES E COMO COBRÁ-LOS

Os quatro principais tipos de devedores existentes e como cobrá-los.jpg

Com a alta da inadimplência dos consumidores, muitas empresas enfrentam um grande problema na área financeira, que é potencializado pela dificuldade de cobrar corretamente o cliente sem que isso ocasione problemas no relacionamento, que prejudicaria futuros negócios.

Por isso, no momento em que a área de cobrança de uma empresa fizer contato com os devedores, é necessário ter pensamento lógico e estratégia de abordagem. É fundamental conhecer a fundo quem está devendo e traçar um planejamento para receber esses valores, lembrando que, em caso de grandes dificuldades, existe a possibilidade de buscar medidas legais.

Mas, antes de qualquer ação, é preciso entender com quem se está lidando e quais suas características para melhor se preparar. Pensando nisso, detalhei os quatro perfis dos devedores que mais observo no mercado. São eles:

DEVEDOR VICIADO:

Muitas vezes não possui nem mesmo problemas financeiros, porém seu subconsciente sempre faz com que atrase os pagamentos, seja para se prevenir de imprevistos ou por outros motivos. Contudo, este pode até pedir para renegociar os juros, mas sempre pagará

DEVEDOR OCASIONAL:

É o consumidor que busca manter as contas em ordem, tendo sempre a intenção de pagar, entretanto, por motivo de ocorrência de algum problema, não conseguiu arcar com o compromisso. Geralmente ficam muito irritados quando cobrados, eles não pensam que são devedores e se acham injustiçados, afinal sempre pagaram. É necessário muito cuidado para não desgastar a relação.

DEVEDOR NEGLIGENTE:

É muito comum, pois representa o consumidor que não possui sua vida financeira organizada, assim, facilmente deixará de