NÃO SEJA CRIATIVO
“O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir”. Albert Einstein
Este é um artigo da série sobre criatividade e neste post ficamos de conversar sobre mindset.
Este termo quer dizer configuração neural. A tradução literal do inglês para o português é mentalidade. Aqui estou falando sobre mindset para a criatividade, ou seja, o quanto sua mentalidade está disposta a criar.
No ambiente dos negócios, criatividade diz respeito a ter novas ideias, novas formas de fazer ou de gerir e pode significar não só a sobrevivência, como o protagonismo da empresa em relação aos seus resultados no mercado.
Configurar uma nova mentalidade significa racionalizar como ações levam a resultados e mudar primeiro o modo de pensar, para mudar o modo de agir. Configurar mentalidade para a criatividade significa entender que todo ser humano pode ser criativo – se quiser – já que criatividade se trata de uma habilidade e todas as habilidades podem ser desenvolvidas pelo humano, repetindo, se ele quiser.
Antes de falar mais sobre mindset, vou falar como não ser criativo. Se bem que, entender o que não funciona também ajuda a configurar a mente. É fato que inúmeros fatores no ambiente atrapalham o desenvolvimento da criatividade, mas hoje vamos conversar apenas sobre o que está no seu controle direto: a sua mentalidade, independentemente do contexto.
Então fique atento em como não ser criativo:
PREOCUPE-SE COM AS CRÍTICAS:
Um dos fatores que mais prejudicam o início do processo criativo é quando você se preocupa demais com o que vão dizer sobre as suas ideias e por vezes chega até a se intimidar em expô-las. Não funciona. Linus Pauling – um grande criativo, ganhador de um prêmio Nobel na área de química na década de 1950 – já dizia que para ter uma boa ideia, tem que ter muitas e também jogar muitas fora. Fale, exponha, arrisque-se. Não tenha vergonha de criar.
SINTA-SE CONFORTÁVEL:
Acreditar que já chegou ao resultado ótimo é um dos fatores que mais atrapalham ter novas ideias. Criatividade pressupõe inquietação, movimentação, insatisfação. A pessoa criativa não se acomoda. Olhe para as ideias com generosidade, mas com desafio. Será que algo pode ser feito ainda melhor?
PREOCUPE-SE (DEMASIADAMENTE) COM AS REGRAS:
Todas as grandes criações que mudaram o mundo precisaram romper algum tipo de regra. A regra tem a intenção linda de organizar. Quando ela ultrapassa essa intenção e começa a enrijecer, é hora de conseguir ver através da regra e questioná-la. Tente, negocie, proponha novas regras. Questione.
TENHA PRESSA:
O cérebro é uma máquina intrigante! Ele funciona analogicamente a um fogão a lenha: precisa aquecer. Para ter uma boa ideia, pare um pouco e entenda que você precisa engolir a pergunta para o cérebro lhe dar a resposta.
Então faça-se a pergunta e desfoque, dê um tempo. Vá ler outras coisas. Vá fazer outras coisas. Vá limpar algo, correr, andar de bicicleta. Até ir dormir vale. Mas dê um tempo interno para o desafio. O que vem de resposta não é “Eureka!”, as grandes ideias não são brilhantes, incríveis e “do nada”. Grandes ideias são resultado de toda a lenha que você pacientemente disponibiliza ao fogão.
Sim, a pessoa criativa é um pouco pentelha. Um pouco bagunçada. Bastante questionadora. Ela é curiosa, flexível, autoconfiante, otimista. É bem isso mesmo. Seja bem-vindo! Então, para começar a configurar o seu mindset para ser uma pessoa cada vez mais criativa, comece eliminando os pressupostos e, antes de se configurar para ser, evite fazer aquilo que atrapalha ser.
CECÍLIA BETTERO – é administradora, empresária em consultoria e treinamento gerencial. Pesquisadora na área de criatividade, mestranda em ciências da comunicação na Universidade Fernando Pessoa em Portugal – w.w.w.ceciliabettero.com.br
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