COMO GANHAR + DINHEIRO EM 2019
Um guia para organizar as contas, investir de maneira mais inteligente e proteger o orçamento das incertezas do ano que começa.

Após quatro anos de recessão, o Brasil ensaia, enfim, uma retomada. Segundo estimativas do mercado, a economia pode dar um salto de 2,5% em 2019. Se isso acontecer, o país crescerá o dobro dos dois anos anteriores, quando o PIB fechou em pífio 1,1%. Mas nem tudo o que reluz é ouro.
Jair Bolsonaro está longe de ser unanimidade. A verdade é que, apesar de sua equipe econômica, capitaneada por Paulos Guedes, possuir a simpatia do setor privado, os empresários só avançarão diante de um sinal verde. Em outras palavras, para que façam investimentos parrudos e voltem a contratar (gerando vagas de empregos), o atual presidente terá de cumprir quanto antes suas promessas de campanha, como a realização do ajuste fiscal e a aprovação da reforma da Previdência. “Isso seriam provas de que pretende combater a ineficiência do Estado brasileiro, o que aumentaria a confiança do mercado”, diz Ricardo Rocha, professor de finanças no Insper.
Colocar a máquina pública nos trilhos, sem efeitos colaterais, é a visão otimista do que poderá acontecer nos próximos meses. Para os mais céticos, no entanto, há riscos no horizonte. Um deles é que as movimentações escancaradamente pró-mercado levem à precarização das condições de trabalho, voltando parte dos 57 milhões de eleitores contra Bolsonaro. Outro é que o atual presidente não tenha jogo de cintura para lidar com os diferentes interesses dos parlamentares.
Consultorias de negócios, como a Eurasia, acreditam que o Congresso será o calcanhar de Aquiles do governante. Se quiser impor sua agenda liberal, Bolsonaro terá de exibir uma habilidade de barganha que não demonstrou possuir até agora, angariando líderes partidários que levem suas pautas adiante durante as votações.
E os problemas não acabam por aí. Rodrigo de Losso, professor no departamento de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e Ph.D. pela Universidade de Chicago, afirma que alinhar forças dentro da própria base será um grande desafio. Quem vai falar mais alto na sala de reuniões: os generais? O “posto Ipiranga” Paulo Guedes? O superministro Sergio Moro? Ou os três filhos de Bolsonaro? “O temperamento forte dessas pessoas pode causar um curto circuito. Isso me parece algo importante a ser considerado, embora seja difícil mensurar seus impactos agora”, diz o professor.
E EU COM ISSO?
A esta altura, já deu para notar que 2019 será um ano peculiar do ponto de vista político e econômico, o que exigirá dos indivíduos uma atenção extra, sobretudo ao planejar o orçamento pessoal.
Para início de conversa, convém observar para onde o vento sopra, sobretudo nos 100 primeiros dias do governo, quando muitas decisões serão anunciadas. Nesse período, até o começo de abril, a recomendação dos experts é que as pessoas evitem mudanças bruscas na carteira de investimentos e adiem compras grandes, como de carro ou de imóvel. “É crucial não fazer movimento determinante até que tudo esteja mais bem compreendido”, orienta André Novaes, planejador financeiro na consultoria Life Finanças Pessoais.
Recomenda-se, por exemplo, ficar de olho na reforma da Previdência: se ela for aprovada nos próximos três meses, a renda variável será uma opção interessante. Isso porque muitas companhias brasileiras de capital aberto vão se beneficiar com o clima de euforia provocado pelo novo modelo previdenciário.
A expectativa dos analistas é que a bolsa de valores tenha altas fortes em 2019. Projeções da XP, maior corretora de investimentos do país, mostram que o Ibovespa poderá chegar a 125.000 pontos, ante 90.000 no final de 2018. “Investir em ações será um bom negócio, principalmente nos setores de infraestrutura, varejo e bancos, que devem ser os mais beneficiados”, afirma Júlio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria de investimentos Lopes Filho & Associados.
Já Marcia Dessen, diretora da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), pede cautela. “Títulos de renda fixa precisam representar pelo menos metade da carteira de um investidor, por ser mais seguros.” Outro cuidado essencial é acompanhar as oscilações da Selic, taxa básica de juro que baliza títulos como Tesouro Direto e CDBs. Se ela cair, a rentabilidade da renda fixa diminui também. Outro efeito da queda dos juros é a inflação — com juros menores, a população consome mais, o que puxa alguns preços para cima. Mas não há previsão de que a Selic despenque. Depois de atingir a mínima histórica de 6,5% em 2018, a projeção é que agora fique em torno de 8%. O segredo para obter rendimentos fora da curva, portanto, será fazer escolhas financeiras mais inteligentes. Veja como conseguir isso em quatro etapas certeiras.
1 – ORGANIZAR O ORÇAMENTO
A lição mais valiosa a ser tirada das dificuldades econômicas dos últimos três anos é sobre a importância de ter as contas em dia, com um valor guardado para enfrentar revezes. A empreendedora Sabrina Cardoso, de 28 anos, sentiu na pele a falta que faz um colchão de segurança. Em agosto de 2016, ela deixou um emprego tradicional como designer numa empresa do setor têxtil para atuar em seu próprio negócio, uma hamburgueria artesanal itinerante no Rio de Janeiro. Com a intensificação da crise no estado fluminense, o empreendimento passou a sofrer queda de vendas nos eventos de rua, que são o carro-chefe do negócio.
Sem uma reserva financeira, Sabrina teve de desengavetar o diploma de designer e voltou a atuar como autônoma em 2018. “Parei de tirar pró-labore na hamburgueria e comecei a me virar com frilas enquanto recupero meu negócio”, diz. Para enxugar despesas, ela ainda antecipou a união estável com o namorado, o que permitiu entrar como dependente no plano de saúde empresarial dele, que trabalha em regime de CLT numa companhia de tecnologia. Em setembro, Sabrina cancelou o cartão de crédito e passou a economizar cerca de 400 reais por mês. “Quando olhava a fatura, tinha investido em roupas que não precisava, andado demais de Uber ou comprado livros que não leria por falta de tempo”, lembra.
No momento, Sabrina procura um apartamento que comporte a cozinha de sua hamburgueria, que hoje funciona em um imóvel alugado só para isso. Segundo planejadores financeiros, como não há bola de cristal capaz de prever o ano 2019, cortar gastos de maneira preventiva, usando táticas como a da designer carioca, é uma forma de se proteger de incertezas.
“A importância de ter uma reserva de emergência foi o grande aprendizado de 2018. Diante da crise, até mesmo funcionários públicos deixaram de receber salário, o que nunca se imaginou antes”, afirma Myrian Lund, professora e coordenadora de cursos de MBA na Fundação Getúlio Vargas.
Segundo ela, o ideal é ter seis meses do total das despesas (da família ou do empreendimento) aplicados numa modalidade de alta liquidez.
Veja cinco passos para conquistar esse objetivo.
1 – ANALISE RECEITAS E GASTOS
Anote quanto você e os outros membros da família (se houver) recebem e liste todas as despesas mensais – considere até os centavos nessa conta, pois não existe dinheiro pequeno. Faça isso num papel em branco para visualizar com clareza. De um lado, anote os gastos essenciais como alimentação, moradia, energia, saúde, educação. Do outro, registre os variáveis, como presentes, viagens, gasolina. Dá para contar com a ajuda de aplicativos nessa tarefa. Veja algumas opções de App a seguir.
TECNOLOGIA A FAVOR
Cinco aplicativos que ajudam a organizar as finanças
MINHAS ECONOMIAS
Permite cadastrar diversas contas, controlar o cartão de crédito, além de programar alertas.
minhaseconomias.com.br
GUIABOLSO
Esse aplicativo puxa os dados de sua conta bancária e registra seus gastos automaticamente, separando por categoria, como saúde, compras variadas, mercado, bares e restaurantes.
guiabolso.com.br
ORGANIZZE
Ajuda a organizar metas mensais para o orçamento e cria relatórios com as informações de gastos.
organizze.com.br
MOBILL S
Faz o controle de receitas e despesas, do cartão de crédito, além de mapear objetivos de vida e de aplicações.
mobills.com.br
RENDA FIXA
Pesquisa investimentos em renda fixa em várias corretoras, conta com uma área de educação financeira e gráficos com as principais taxas do mercado.
apprendafixa.com.br
2 – REVISE CONTRATOS
Na categoria gastos variáveis, a pessoa deve revisar todos os contratos de prestação de serviço, como TV por assinatura e canais de streming. Algumas dessas despesas podem ser reduzidas ao optar por concorrentes que ofereçam planos mais baratos, já outras devem necessariamente passar por renegociação, como contratos de aluguel, telefonia móvel e cursos.
3 – CORTE O QUE FOR IRRELEVANTE
Essa fase é das mais complicadas. Segundo a economista Andreia Fernanda, fundadora da empresa de consultoria e planejamento financeiro Rico Foco, não existe uma regra única. “Minha sugestão é que cada pessoa envolvida no processo avalie quais são os gastos menos incômodos de ser cortados e reflitam o porquê. É preciso passar as despesas por um filtro de relevância”, diz. Para um jovem, os gastos com festas podem ser importantes, enquanto para uma família com filhos os passeios de fim de semana são os mais difíceis de ser abolidos. “Cada um deve avaliar como fazer isso respeitando seu contexto de vida”.
4 – FAÇA APLICAÇÕES DE ALTA LIQUIDEZ
Invista todos os meses, mesmo que em doses pequenas. Essas economias iniciais devem ir para aplicações que possam ser resgatadas a qualquer momento, como Tesouro Selic, Fundos de Renda Fixa e alguns CDBs. Nada de poupança. A poupança rende hoje o equivalente a 70% da Selic, que está em seu piso histórico de 6,5%. Com isso, a aplicação mais popular entre os brasileiros entrega cerca de 4,5% de rendimento, pouca coisa acima da inflação projetada para o ano. Logo, não é a melhor forma de fazer o dinheiro aumentar. Vale lembrar que a reserva de emergência deve permanecer intocada e somente ser acionada em caso de imprevisto. A partir do momento em que o montante atingir o valor equivalente a seis meses de salário líquido, é possível começar a separar dinheiro para outros projetos, tanto aqueles de curto prazo, como férias de final de ano, quanto de longo prazo, voltados para a aposentadoria.
5 – NÃO AUMENTE OS GASTOS (DE JEITO NENHUM)
Uma vez que o orçamento estiver organizado, a regra fundamental é não voltar ao mesmo padrão de vida, mesmo que a economia melhore – como muitos analistas financeiros acreditam que aconteça entre 2019 e 2020. “Continue a viver como se você estivesse recomeçando agora”, recomenda Andreia da Rico Foco. Segundo ela, muita gente intensifica os gastos depois de engordar as vacas, o que acaba minando a realização de projetos importantes.
2 – SAIR DO VERMELHO
Quitar dívidas é um passo fundamental para ter uma vida financeira saudável. E nada como um início de ano para fazer isso. Para começar, é importante enxergar o tamanho do endividamento, listando valores, taxas e instituições envolvidas. Deve-se considerar todo tipo de pagamento em aberto, como cheque especial, cartão de crédito, carnês de loja que ficaram esquecidos e, inclusive, aquele dinheiro emprestado por parentes.
O próximo movimento é vender ou trocar ativos — para pagar ou baratear a quantia devida. Uma ideia, por exemplo, é substituir o carro por um modelo mais econômico, recebendo a diferença em espécie — a chamada “troca com troco”, modalidade que ficou popular durante a crise nas concessionárias. Esse dinheiro deve, impreterivelmente, ser usado para quitar os débitos.
É possível também levar sua dívida para outra instituição financeira que ofereça taxas melhores ou um prazo de parcelamento maior, diluindo o valor de forma a encaixá-lo melhor em seu orçamento. Para solicitar a portabilidade bancária, o lugar onde você tem o empréstimo precisa fornecer um documento informando saldo devedor, valor das parcelas, quanto ainda falta pagar e as taxas praticadas. Esses dados servem para que o novo banco avalie a migração.
Feita essa lição de casa, a pessoa deve analisar os comportamentos que levaram ao endividamento. De acordo com André Novaes, da Life Finanças Pessoais, é comum que o inadimplente se coloque como vítima da situação. “Se a pessoa não souber o que causou isso tudo, a dívida volta.”
Foi a capacidade de assumir a responsabilidade que ajudou a assistente social Adriana Barbosa, de 58 anos, a quitar em apenas cinco anos um débito superior a 250.000 reais. O bolo chegou a esse tamanho por causa da dificuldade de controlar as despesas mensais e à falta de planejamento antes de gastar. Ajudas recorrentes a familiares também agravaram a situação de Adriana, que incluía empréstimos, renovações de empréstimos, cartões de crédito e cheque especial de vários bancos.
O ex-marido de Adriana era quem controlava as finanças do casal, mas ela só ficou ciente da gravidade da situação em 2011, quando perdeu o emprego. “Meu primeiro erro foi delegar meus recursos a outra pessoa”, afirma. Assim que percebeu o problema, ela decidiu avaliar o tamanho do buraco. Passou o pente-fino em todas as suas contas bancárias e em seus cartões e buscou o apoio de uma consultoria financeira. “As dívidas estavam espalhadas e, aos poucos, fiz portabilidade para concentrar num único banco. Por orientação da consultoria, comecei tratando das dívidas mais caras”, diz. Os juros, que em alguns dos créditos chegava a 6% ao mês, caíram para 1,4%.
Além disso, ela conseguiu novos trabalhos e aumentou sua renda. “Toda oportunidade que surgia eu fui aceitando”, diz a assistente social, que atuou como professora, consultora e pesquisadora. Ao longo desse processo, além da consultoria de planejamento financeiro, Adriana contou com uma rede de apoio que incluiu a família, o gerente de um dos bancos, um advogado, um psicólogo e até um médico homeopata. Segundo ela, a ajuda de profissionais da saúde foi fundamental para conseguir equilíbrio físico e emocional para lidar com a situação. “Eu precisei trabalhar cinco anos de domingo a domingo em várias frentes para pagar a dívida.”
Com a entrada de novas receitas, a renegociação dos empréstimos e o corte de gastos, ela conseguiu transformar o valor em algo viável, quitando tudo em 2017. De lá para cá, Adriana começou até a juntar dinheiro.
“Passar de devedora a poupadora não foi fácil, aprendi a buscar economia constante, comprando em mercados de atacado, andando de transporte público, encontrando promoções e negociando sempre que possível. Também aprendi que a gente só pode gastar se tiver como pagar.” Hoje, no azul, Adriana está reformando a casa e guarda dinheiro para realizar outros projetos, como fazer investimentos mais arrojados.
CRÉDITO ALTERNATIVO
As fintechs desburocratizaram os empréstimos. Para quem busca formas de levantar dinheiro para amortizar dívidas, elas podem ser uma alternativa. Confira:
PARA PESSOA FÍSICA
CREDITAS: Plataforma on-line de crédito com garantia, trabalha com dois produtos principais, o empréstimo com garantia de imóvel e o empréstimo com garantia de veículo.
creditas.com.br
GERU: Oferece crédito pessoal sem garantia e consignado para aposentados e pensionistas do INSS a juros mais baixos do que os do mercado.
geru.com.br
CREDISFERA: Disponibiliza crédito pessoal sem garantia no valor de até 15.000 reais, com envio de documentos on-line.
credisfera.com.br
PARA EMPREENDEDORES
BIVA: Une pequenas empresas a investidores pessoa física, no modelo conhecido como Peer to Peer (P2P), permitindo que várias pessoas ofereçam quantias que, juntas, formam o valor de empréstimo solicitado.
biva.com.br
NEXOOS: Também atua nesse modelo P2P, fazendo a ponte entre pequenas e médias empresas com possíveis investidores interessados.
nexoos.com.br
3 – FAZER O DINHEIRO RENDER
Com a retomada da economia, alguns tipos de investimento devem ganhar fôlego. Se tudo correr como o esperado na visão otimista, as ações terão destaque em 2019. “Se a agenda reformista for realizada, as empresas devem revisar para cima suas expectativas”, afirma o analista-chefe da XP Investimentos, Karel Luketic.
Segundo a análise feita pela XP sobre os balanços financeiros das companhias, as mais atraentes no governo Bolsonaro devem ser B2W (conglomero formado por Submarino, Shoptime, Americanas.com), Gol, Bradesco, Banco do Brasil, Usiminas e Localiza, pois atuam em segmentos promissores e suas ações têm perspectivas de alta. O mesmo vale para os papéis das estatais, que podem ser impulsionados pelas iniciativas de privatização do novo governo. Por outro lado, acredita a XP, as organizações exportadoras, como Vale e Suzano, devem ser menos beneficiadas, principalmente pela previsão de desvalorização do dólar.
Atento a essas possibilidades, o advogado Antônio Leonardo Branco, de 33 anos, pretende readequar suas apostas em bolsa de valores neste ano, priorizando as companhias de varejo, bancos e construtoras. No momento, ele possui papéis de empresas de commodities e serviços, sendo que a renda variável representa 60% de sua carteira de investi- mentos. Outra iniciativa será aumentar sua exposição em criptomoedas. Para isso, vai reduzir as aplicações em renda fixa de 40% para 30%. A ideia inicial é aplicar em bitcoin, moeda virtual mais famosa, ao qual pretende destinar 10.000 reais. “Por mais volátil que as criptomoedas sejam, acredito em seu potencial. Elas são opção ao sistema financeiro clássico”, diz o advogado. (O bitcoin perdeu 60% de seu valor nos últimos 12 meses, mas ele chegou a bater 19.000% de crescimento em 2017).
Embora 2018 não tenha sido tão favorável às moedas virtuais, elas continuam chamando cada vez mais a atenção dos investidores devido à forte rentabilidade acumulada nos últimos anos. Segundo o professor de economia na Fundação Instituto de Administração (FIA) e sócio da Arsenall Venture Builder, André Oda, a perspectiva para esse mercado é positiva, principalmente porque há uma tendência de surgirem medidas legais. “Cresce o número de países que já regularam ou estão regulando a emissão, a distribuição, a negociação e o uso dos criptomoedas”, afirma.
Então, entre o perfil arrojado e o tradicional, ficamos assim: os criptoativos exigem cautela, pois oscilam muito; e a poupança está longe de ser uma boa opção. “Muita gente não sabe que a poupança só rende no dia do aniversário, e que se você sacar o dinheiro um dia antes, fica sem ganho”, afirma Fábio Macedo, diretor comercial da Easynvest.
Mas, no meio desses extremos, há outras boas opções para ter mais dinheiro em 2019. O importante é começar a aplicar. Não sabe como? Nós mostramos algumas alternativas para cada perfil de investidor.
APLICAÇÃO HIGH TECH
Diferentemente da moeda tradicional, a emissão da criptomoeda não passa por um Banco Central. O sistema é gerenciado pelos usuários.
Nos últimos dois anos, essas moedas digitais ganharam relevância e tornaram-se uma forma de investimento que, para muitos, será o dinheiro futuro. Isso porque elas podem ser usadas como meio de pagamento e transacionadas de maneira online entre quem quer comprar e quem quer receber. O maior exemplo é o bitcoin, que ganhou fama em 2017 por sua rentabilidade absurda. Quem comprou o ativo em sua primeira cotação pública, em outubro de 2009, está literalmente milionário. Isso porque o valor da ação foi de 8/100 centavo de dólar, em outubro de 2009, para 19783 dólares em dezembro, uma valorização de 25 milhões de vezes. O mercado esfriou em 2018, mas ainda assim sua valorização acumulada impressiona: nos últimos três anos, a alta foi de 700%. No Brasil, o investidor encontra bitcoin e outras criptomoedas em várias corretoras que atuam no país, como Mercado Bitcoin, Foxbit, BitcointoYou e Braziliex. Conheça três criptomoedas com boa chance de lucro para 2019.
DECRED (DCR)
Nascida a partir de um Fork (divisão na rede blockchain) do bitcoin, em 2016, essa moeda tornou-se rapidamente uma das queridinhas. Nos últimos três anos, por exemplo, valorizou mais de 1.400%. Um dos diferenciais é a tecnologia colaborativa e a segurança das transações. Assim como o irmão Bitcoin, tem um limite de 21 milhões de unidades – a possibilidade de escassez valoriza o ativo.
Informações: decred.org/pt
RIPPLE (XRP)
Segundo maior criptoativo depois do Bitcoin, essa criptomoeda foi lançada pela Startup homônima cuja proposta é conectar os diferentes sistemas de pagamento e criar soluções financeiras que barateiem pagamentos globais, seu sistema de Blockchain já é usado por grandes bancos, sobretudo no Japão. Nos últimos três anos foi uma das cripto de maior valorização, com alta de 5.000%. Em 2018, houve uma depreciação de 86%, enquanto em 2016 e 2017 as altas foram de 6¢ e 32.000%, respectivamente.
Informações: ripple.com
DASH
Com uma comunidade com forte presença no Brasil, o sistema dessa criptomoeda visa oferecer transações rápidas – enquanto com Bitcoin podem levar até 1 hora, dependendo do volume, as com DASH levam segundos. No site é possível pesquisar por produtos e serviços onde as pessoas possam pagar com DASH, desde tatuadores até restaurantes. Em 2018, o DASH caiu 94%, depois de ter subido 9.300% em 2017 e 235% em 2016. A alta acumulada em três anos é de 1.726%.
Informações: discoverdash.com
4 – PLANEJANDO O FUTURO
Fazer uma viagem, comprar a casa própria ou empreender. É importante ter clareza sobre cada um dos objetivos pessoais para poder guardar a quantia de dinheiro exata para realizá-los, evitando assumir dívidas que vão tirar seu sono. Como mostramos no primeiro tópico desta reportagem, uma vez que uma reserva de emergência está garantida, especialistas recomendam dar um passo além: estabelecendo prioridades de curto (até um ano), médio (de um a cinco anos) e longo (mais de cinco anos) prazo. A aposentadoria precisa ser uma preocupação para pessoas de todas as idades, com um dinheiro guardado mensalmente só para isso.
Já outros projetos devem variar conforme seus desejos — e seu estilo de vida. “Existem pessoas que amam viajar e preferem não comprar a casa própria para ter mais mobilidade. Outras abrem mão de viagens para ter o imóvel dos sonhos e receber os amigos. Planejar é isso, decidir para onde vai destinar o dinheiro”, diz André Novaes, da Life Finanças Pessoais.
VEJA A SEGUIR OS SONHOS MAIS FREQUENTES E AS DICAS PARA REALIZÁ-LOS.
COMPRAR CASA PRÓPRIA
Como os últimos anos foram de vendas fracas no setor imobiliário, há boas oportunidades para quem deseja comprar a casa própria. segundo dados da fipezap, o desaquecimento da economia gerou queda real de 18% nos preços dos residenciais, em quatro anos. no entanto, só vale entrar numa negociação dessas quem tem pelo menos 20% do valor do imóvel para dar à vista. “se ainda existe muita incerteza na vida pessoal, melhor alugar”, diz luiz calado, autor do livro imóveis: seu guia para fazer da compra e venda um grande negócio (saraiva, 34,90 reais). Uma vez tomada a decisão, a palavra de ordem é pesquisar. Considere avaliar e comparar o preço de imóveis na planta, recém-lançados e prontos.
TIRAR UM PERÍODO SABÁTICO
A não ser que a pessoa tenha um currículo irresistível, atue em áreas de abundantes ofertas de emprego, como a de ti, e possua renda guardada para segurar as pontas por no mínimo dois anos, especialistas dizem que o momento não é favorável para se ausentar. segundo dados do IBGE, a recolocação no mercado de trabalho brasileiro está levando em média oito meses. Tomar crédito? nem pensar. “Financiamento só indico para comprar a casa própria ou empreender. Fazer empréstimo para outros fins, como MBA, é complicado porque o retorno financeiro é incerto e de longo prazo”, diz Marcia, da planejar.
ABRIR UM NEGÓCIO
A expectativa é que 2019 seja um ano melhor para empreender do que os últimos três, porque a confiança do consumidor estará maior. “Deve haver uma melhora contínua da economia, o que destrava o consumo”, diz Guilherme Afif Domingos, presidente do SEBRAE. Entre os setores que prometem aquecimento estão os de tecnologia, alimentação (principalmente natural), varejo, serviços, saúde e educação. Mas é preciso alguns cuidados antes de seguir por esse caminho. Leonardo Donato, líder de mercados emergentes da consultoria Ey para Brasil e América Latina, orienta o empreendedor a fazer um mapeamento completo do segmento em que deseja atuar, além de um planejamento minucioso. O custo médio para abrir uma microempresa em São Paulo — com faturamento de até 360.000 por ano — é de 1.300 reais mensais, e isso é apenas para começar a operar. O maior desafio para novos empresários é o tempo de retorno, que leva um ano no melhor dos cenários. Enquanto isso, deve-se estar preparado (financeira e emocionalmente) para arcar com as despesas do negócio com recursos próprios.
VIAJAR MUNDO AFORA
Adquira a moeda local aos poucos, durante os 12 meses que antecedem a viagem. “Se a pessoa tiver a disciplina, não ficará tão exposta às oscilações”, afirma Mathias Fischer, diretor de estratégia da Meu Câmbio, plataforma de compra de moedas estrangeiras. Após a forte alta do dólar em 2018 (que bateu 4,20 reais em setembro), a expectativa é que o dinheiro americano feche 2019 na casa dos 3,80 reais, com as previsões variando de 3,22 a 4,30 reais. De novo, tudo vai depender do andamento das reformas do governo. Para se proteger da flutuação, o técnico legislativo aposentado Antônio Carlos Barbosa da Silva, de 69 anos, tem o costume de obter dólar nos momentos de baixa. “Eu gosto de me planejar com antecedência. Há muito tempo compro a moeda na baixa e fico com uma reserva”, diz. Além disso, ele guarda para a próxima viagem as notas que sobraram na anterior. Seu passeio internacional mais recente foi nas férias de 2017, para o chile, quando pagou 3,30 reais cada dólar. Em 2018, ele pretendia ir para Portugal, Espanha e Itália, mas adiou o plano por causa das instabilidades econômicas. Enquanto aguarda a situação do país melhorar, ele acompanha as notícias sobre a oscilação cambial e pesquisa preços das passagens aéreas. Trocar de carro como o mercado ainda está em baixa, até dá para obter abatimentos. Mas a regra é clara: trocar de carro só se houver dinheiro guardado. Aqui, o ideal é ter no mínimo 50% do valor do automóvel para dar de entrada, pois isso possibilitará negociar taxas menores. Mesmo assim, é preciso ponderar se as parcelas cabem no bolso. Leve em consideração ainda o valor do seguro e a manutenção do veículo. Carros de menor saída têm descontos melhores — mas rendem pouco na revenda.
Você precisa fazer login para comentar.