PSICOLOGIA ANALÍTICA

O ENIGMA DA FIBROMIALGIA

Novas pistas sobre as origens dessa síndrome de dor crônica sem causa aparente, que atinge principalmente as articulações e os músculos, podem ajudar a desvendar o desconforto que em 90% dos casos afeta mulheres de 35 a 50 anos.

O enigma da fibromialgia

A professora Débora R., de 39 anos, mãe de dois meninos, desenvolveu dor e fadiga muscular profunda, aparentemente do nada. “Eu me lembro do momento em que subia as escadas de madeira para o meu quarto no segundo andar, angustiante”, recorda. Ela chegou a passar dias inteiros na cama, levantando-se apenas para ir ao banheiro. Numa das piores crises, ficou dez dias sem sair do quarto.

O médico suspeitava de depressão e dizia que, em alguns casos, o incômodo poderia ser explicado pelo distúrbio de humor. Mas isso não convencia a paciente nem seu marido. Além do desconforto muscular generalizado, Débora sentia formigamento e queimação nas mãos e nos pés, dores de cabeça e sensibilidade à temperatura e a toques leves. Especialistas procuraram sem sucesso sinais de esclerose múltipla, artrite, câncer, lúpus, doença de Lyme e diversas patologias autoimunes. Após dois anos de avaliação, um reumatologista finalmente deu um diagnóstico: fibromialgia.

Isso, porém, a deixou muitas perguntas sem resposta. Estima-se que possivelmente mais de 4 milhões de brasileiros sofram de fibromialgia, a grande maioria mulheres. A síndrome é diagnosticada quando os especialistas deparam com diversos sintomas de dor que excluem todas as outras causas potenciais. Na maioria dos casos, as sensações incluem fadiga, desconforto crônico e profundo incômodo muscular que afeta todo o corpo, semelhante ao que sentimos quando temos gripe.

Os médicos identificaram esse conjunto de sinais pela primeira vez há mais de um século, mas pouco se pesquisou sobre o problema até 1977. Nessa época, cientistas da Universidade de Toronto descreveram esses dolorosos sintomas mais formalmente, o que reacendeu o interesse científico. Em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia definiu o termo “fibromialgia” e desenvolveu orientações para um diagnóstico consistente.

A partir daí, reumatologistas começaram a buscar indícios de inflamação ou lesões nas articulações e nos músculos. Afinal, a dor da  A fibromialgia parecia se originar nessas áreas. No entanto, não encontraram nada sólido. Nos últimos dez anos, os cientistas se concentraram basicamente no cérebro. Hoje em dia, porém, alguns pesquisadores começam a suspeitar que a busca de sinais de lesão no corpo foi abandonada muito cedo. Novos estudos feitos por neurologistas de várias partes do mundo sugerem que a inexplicável sensação dolorosa pode ser explicada, pelo menos em parte, pela deterioração de nervos. Se for possível interromper os danos e curar as feridas, também será possível cessar a dor.

O enigma da fibromialgia. 2 COMO ANDAR DE BICICLETA

Apesar de milhares de estudos acumulados em mais de 30 anos, a fibromialgia permanece notavelmente misteriosa, mesmo para os profissionais da saúde. A variação de intensidade de sintomas de uma pessoa para outra – sem motivo aparente – parece delinear a síndrome: enquanto alguns experimentam apenas leve desconforto ou fadiga, outros se tornam incapacitados.

A fibromialgia é uma das muitas formas reconhecidas de dor persistente. A maioria é considerada inflamatória, como alguns tipos de artrite, ou neuropática, que frequentemente é provocada por lesão do nervo. No caso da fibromialgia, porém, até agora os cientistas não encontraram evidências consistentes de inflamação ou dano.

Pesquisadores cogitam que o quadro esteja associado a aspectos hereditários. Há indícios de que os genes são responsáveis por até 50% do risco de desenvolver a síndrome. Hoje, os especialistas concordam que algumas pessoas apresentam predisposição à dor crônica, que surge de alterações em genes que codificam moléculas-chave de sinalização de incômodo. No entanto, neste caso, os fatores de risco genéticos não estão limitados a um circuito associado à dor. Algumas dessas mesmas peculiaridades do código genético também podem ser verificadas na depressão e nos transtornos de ansiedade.

O histórico de dificuldades psicológicas dos pacientes com a síndrome lança ainda mais dúvidas. Muitos a desenvolvem após um trauma físico ou emocional. Pesquisadores suspeitam que a fibromialgia seja deflagrada quando um indivíduo com propensão genética é exposto a um gatilho fisiológico, como doença, lesão ou crise emocional. “É possível pensar numa combinação de pré-determinantes hereditários”, afirma a neurologista Claudia Sommer, da Universidade de Würzburg, na Alemanha. “Quem vive os desafios da vida de forma equilibrada costuma ter mais chances de tolerar o desconforto; mas quando um trauma, uma doença ou perda não são elaborados psiquicamente, esse excesso pode se manifestar no corpo, em forma de dor crônica.”

Alguns especialistas suspeitam que o fenômeno fibromiálgico resulte da junção de diversas doenças distintas, mas semelhantes. E apesar das incógnitas que ainda prevalecem, o diagnóstico traz algum conforto para pacientes que acham extremamente útil nomear sua dor, descobrir pessoas com sintomas parecidos e ser levados a sério por seu médico.

Para compreenderem com base no sistema nervoso central alguns dos sintomas frequentes, como fadiga, problemas de memória e distúrbios do sono, cientistas utilizaram exames de imagem com o intuito de observar se pacientes com a síndrome processavam a dor de maneira diferente das outras pessoas. Os pesquisadores descobriram que indivíduos com essa condição parecem ter menos volume cerebral no córtex cingulado e no córtex frontal medial – áreas consideradas essenciais para a experiência global da dor. Outro estudo aponta para a alteração da atividade cerebral em áreas relacionadas à atenção e ao processamento da entrada sensorial, como o som. Alguns cientistas levantam a hipótese de um desequilíbrio no “controle do volume” do cérebro para essas sensações, o que poderia ampliar o desconforto.

Essa compreensão sobre o fenômeno ajuda a moldar a abordagem terapêutica para o tratamento da fibromialgia, que tem se concentrado principalmente no cérebro. Os três únicos medicamentos aprovados pela Administração de Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) para tratar a síndrome são um anticonvulsivo e dois medicamentos antidepressivos. Esses inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina, ou ISRSN, ajudam a atenuar no cérebro e na medula espinhal os sinais de incômodo.

O problema é que essas drogas não são efetivas para a maioria dos pacientes. Estudos de revisão publicados em 2012 e 2013 apontam que os medicamentos proporcionam certo alívio para alguns, mas não melhoram o sono ou a qualidade de vida global. Além disso, até agora, nenhuma pesquisa esclareceu se a fibromialgia altera o cérebro ou se o sistema nervoso central de alguns tem pré-disposição para a dor persistente. Embora os padrões neurais observados nos pacientes tenham sido inicialmente considerados características da síndrome, foi constatado posteriormente que eram comuns em qualquer problema de saúde relacionado à dor crônica. Os cientistas suspeitam que esse padrão remodele a arquitetura cerebral e os padrões de atividade neural da mesma maneira que aprender a andar de bicicleta ou falar uma nova língua.

O enigma da fibromialgia. 3

SENSÍVEIS DEMAIS

Enquanto isso, neurologistas alemães, americanos e espanhóis identificaram um padrão peculiar em pacientes com polineuropatia das pequenas fibras (PNPF), um distúrbio que provoca dores e danos nos nervos periféricos. Desses, muitos haviam sido diagnosticados com fibromialgia.

A neurologista Anne Louise Oaklander, do Hospital Geral de Massachusetts, convidou alguns especialistas para colaborar com suas investigações sobre essa relação, mas não encontrou nenhum reumatologista disposto a entrar em um projeto tão especulativo e inter­disciplinar. Ela, então, decidiu assumir o estudo. Para procurar sinais de danos nos nervos de pessoas com fibromialgia, a médica e sua equipe utilizaram vários testes, como biópsia da pele (em que minúsculas fibras nervosas de uma pequena amostra de tecido da mão ou da perna são examinadas no microscópio). “Optamos por esse método porque, até então, ninguém havia observado os nervos adequadamente”, diz a pesquisadora.

Os resultados publicados em 2013 revelaram que 41% dos 27 pacientes com a síndrome não apresentavam terminações nervosas. O mesmo pode ser observado nos casos de PNPF, em que há desgaste dos nervos até o ressecamento de suas extremidades. No mesmo ano, Claudia Sommer encontrou resultados semelhantes. As surpreendentes descobertas sugerem que, em alguns casos, a neuropatia periférica pode contribuir para a fibromialgia.

A síndrome é heterogênea. As cientistas, portanto, não esperavam encontrar prejuízos compatíveis nos nervos. Pelo contrário: os resultados sugerem que a neuropatia é uma variante da fibromialgia. Talvez os danos causados nos nervos da superfície deflagrem os sintomas da síndrome ou indique maior comprometimento das fibras nervosas que sustentam os músculos e tendões. Em 2014, outras duas publicações apontaram deterioração do nervo periférico em pacientes com fibromialgia – o que reforça a hipótese de que os danos poderiam desempenhar um papel importante.

Estudos com biópsia confirmaram indícios da neuropatia, mas não revelaram a atividade dos nervos. O neurologista Jordi Serra, da MC Mutua e da Tecnologias Neurocientíficas, ambas na Espanha, abordou a questão com uma complexa técnica chamada microneurografia, na qual um eletrodo em forma de agulha é inserido em um nervo da pele para gravar seus impulsos elétricos. A equipe de Serra comparou os resultados de indivíduos sadios com aqueles com PNPF ou fibromialgia e descobriu que os nervos sensíveis à dor de um terço dos pacientes mostraram atividade alterada espontaneamente, o que não foi observado em nenhum dos voluntários do grupo de controle.

Os resultados, publicados no ano passado na revista Annais of Neurology, sugerem que os nervos de alguns pacientes com PNPF ou fibromialgia disparam excessivamente. “Normalmente, essas fibras permanecem imóveis, esperando, por exemplo, um sinal de uma queimadura ou um beliscão”, diz Serra. Em pessoas com essas síndromes, porém, os detectores de dor parecem hiperativos ou extrassensíveis. É possível que o mesmo problema que afeta as terminações nervosas também altere a sensibilidade dos nervos. O excesso de atividade poderia explicar o desconforto. “A hiperexcitação dos nervos favorece a descarga espontânea de sinais que correm até o cérebro, o que sustenta a dor contínua”, explica o neurologista.

Os especialistas sabem que a PNPF pode ser causada por lesões, diabetes, mutações genéticas ou ataque do sistema imunitário. Portanto, acreditam que processos semelhantes poderiam estar na base da perda de nervos em alguns casos de fibromialgia. O sinal persistente de incômodo, então, reconectaria o sistema nervoso de forma gradual, preparando o corpo para a dor.

O enigma da fibromialgia. 4

O PERIGO DA CHUVA

A semelhança com a PNPF traz a esperança de que ao tratar o problema subjacente, como um distúrbio autoimune, os médicos possam amenizar ou até mesmo curar alguns casos de fibromialgia. A mudança climática costuma funcionar como um gatilho para o desconforto. Muitos pacientes com fibromialgia percebem claramente que quando a temperatura cai e os dias se tornam chuvosos a sensação dolorosa aumenta. Essa sensibilidade em relação ao clima também pode estar associada a anomalias nervosas. Em 2013, o neurocientista Frank Rice, então da Escola Médica Albany, e seus colegas estudaram minuciosamente nervos que terminam em pequenos vasos sanguíneos, os desvios arteríola-venule. Localizados próximos à superfície das palmas das mãos, aumentam e diminuem a quantidade de sangue para regular a temperatura corporal. Também controlam o fluxo para tecidos mais profundos, permitindo o funcionamento de músculos e órgãos durante exercícios físicos. Rice descobriu que, comparados com indivíduos sadios, aqueles com fibromialgia apresentavam significativamente mais terminações nervosas nos desvios que têm como função expandir os vasos sanguíneos.

Rice acredita que isso poderia alterar sua contração e expansão, dificultando a troca regular de calor, o que causaria interferência no fluxo sanguíneo de músculos profundos e de órgãos. Tecidos privados de sangue rico em oxigênio também poderiam contribuir para a fadiga, uma das principais características da fibromialgia. Por enquanto, o neurocientista admite que não é possível definir o papel dos desvios na síndrome, mas destaca a necessidade de investigação mais aprofundada.

As evidências apontadas por Rice e outros cientistas sugerem fortemente que a fibromialgia está relacionada a danos físicos ou alterações nos nervos num subconjunto substancial de pacientes. Os estudos recentes não invalidam a ideia de que o quadro envolva mudanças no sistema nervoso central (SNC). Pelo contrário, reforçam que os pesquisadores podem compreender melhor o problema (e oferecer tratamentos mais efetivos) considerando os elementos centrais e periféricos.

CAUSA OU CONSEQUÊNCIA?

Mas nem todos concordam com os resultados das novas pesquisas sobre os nervos periféricos. Alguns, como o reumatologista Daniel Clauw, da Universidade de Michigan, acreditam que as anormalidades nervosas recém-descritas são apenas subproduto de um sistema nervoso hiperativo. “Sabemos que há remodelação do SNC nos estados de dor”, diz. Ele destaca que, assim como o aprendizado, o incômodo persistente provoca alterações na arquitetura cerebral. “Então, por que não aconteceria o mesmo no sistema nervoso periférico?”, questiona.

Outros médicos e pesquisadores, no entanto, estão mais otimistas. Na opinião do reumatologista Roland Staud, especialista em fibromialgia e pesquisador da Universidade da Flórida, a estratégia mais eficaz é tratar o corpo e a mente. Para lidar com a dor, ele recomenda exercícios físicos, hábitos saudáveis de sono e alimentação, além do aprendizado de estratégias mentais práticas, como técnicas de respiração para diminuir o estresse. A meditação costuma trazer excelentes resulta­ dos e a psicoterapia tem extrema importância no sucesso terapêutico.

Staud acredita que é possível tratar as fibras nervosas para aliviar os sintomas mais amplos da fibromialgia. Em outras condições de dor neuropática, os pesquisadores constataram experimentalmente que o bloqueio com anestésicos da sinalização hiperativa aberrante do nervo pode diminuir até os sintomas enraizados no SNC. Além disso, o tratamento de possíveis fontes de lesão das fibras nervosas, como diabetes ou distúrbios imunitários, ajuda pacientes com PNPF. Abordagens semelhantes também podem funcionar para pessoas com fibromialgia.

Em última análise, a experiência da dor culmina no cérebro, mas pode ter origem em qualquer lugar, da pele do dedão do pé até o córtex. As chances de amenizar os sinais de desconforto em qualquer ponto ao longo do percurso traz alívio – e esperança para milhões de pessoas em todo o planeta.

PSICOTERAPIA É FUNDAMENTAL

Embora a síndrome não tenha cura, pode ser controlada de forma eficiente com uma combinação de cuidados. Na prática, é recomendado que a pessoa evite carregar peso, desenvolva rotinas para manter a qualidade de sono e procure preservar-se ao máximo de situações que aumentem o estresse. Mas, na base dessas providências, um dos maiores desafios do paciente com fibromialgia é aprender a cuidar de si mesmo, sem permitir que a síndrome se torne o centro de sua existência. O apoio de vários profissionais é importante, mas para que seja possível a articulação entre as várias experiências, terapêuticas e pessoais, é indispensável que a pessoa tenha um espaço seguro que lhe permita elaborações e construção de sentidos em relação ao que vive. No processo psicoterápico, deve haver espaço não apenas para tratar da dor, propriamente dita, mas também de conteúdos – medos, angústias, desejos e fantasias – que estão além e aquém dela.

OUTROS OLHARES

QUATRO MANEIRAS DE CONTROLAR A INSÔNIA

Livro do jornalista britânico Henry Nicholls — portador de distúrbio que desregula o ritmo do sono — aponta técnicas para dormir melhor.

Quatro maneiras de controlar a insônia

PERSEGUIR A ESTABILIDADE DO SONO

Portador de narcolepsia, um distúrbio que desregula o ritmo do sono, o jornalista britânico Henr y Nicholls passou os últimos anos pesquisando formas de dormir melhor. Em seu livro Sleepyhead: The Neuroscience of a Good Night’s Rest (Sonolento: a Neurociência de uma Boa Noite de Descanso), ele propõe novos hábitos a quem sofre para dormir.

O primeiro deles é estimular a estabilidade, o que Nicholls considera o traço fundamental de um sono restaurador. Para alcançá-la, é preciso treinar o cérebro para dormir e acordar diariamente nos mesmos horários, inclusive nos fins de semana.

 DERRUBAR O MITO DAS OITO HORAS

É ponto pacífico na medicina que dormir oito horas diárias é fundamental para uma vida saudável. Mas, ao participar de sessões de terapia cognitiva e entrevistar neurologistas, Nicholls descobriu que esse parâmetro pode ser um impeditivo para combater a insônia. A necessidade de sono varia entre os indivíduos, e perseguir uma meta traz ainda mais ansiedade ao insone. Contra isso, ele sugere que cada um investigue sua necessidade de sono anotando diariamente, ao longo de duas semanas, sua duração média.

USAR A CAMA SOMENTE PARA DORMIR

O móvel deve ser, necessariamente, associado ao sono. Permanecer na cama lendo, assistindo à TV ou usando o celular pode ter efeito sonífero em quem não tem problemas para dormir. Mas causa ainda mais ansiedade nos insones. A sugestão é tolerar no máximo até quinze minutos na cama sem dormir.

PRIORIZAR A LUZ NATURAL

Nicholls cita o trabalho de três cientistas americanos laureados com o Nobel em 2017 para explicar a importância da exposição do corpo à luz natural ao nascer e ao pôr do sol. A pesquisa disseca a sincronia entre o corpo humano e a luminosidade solar e mostra que a luz artificial atrapalha o sono por confundir o cérebro, enquanto a exposição à luz natural ajuda a regulá-lo.

GESTÃO E CARREIRA

#PARTIU…NOVOS DESAFIOS

Como saber se chegou o momento de encerrar um ciclo na sua vida e virar a página.

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Anos desafiadores como os de crise, que estamos enfrentando neste agora, pedem coragem em vários sentidos. É preciso coragem para se manter produtivo e otimista, para continuar fazendo um bom trabalho apesar das diversidades e, também, para dar uma guinada na sua vida quando as coisas não estão seguindo o caminho que você imaginava. Mas essa coragem para mudar nem sempre é uma tarefa fácil. Afinal, é comum que os profissionais entrem em uma zona de conforto e se mantenham lá até serem obrigados a se reinventar. Só que quem percebe qual é o momento de partir para outra sai na frente: essa consciência é essencial para que a realidade de uma demissão, por exemplo, não pegue você de surpresa. É claro que mudar é assustador, mas, quando isso acontece, essa é a melhor decisão a ser tomada. “Se a pessoa não muda, fica esperando eternamente algo que não vem”, diz Telma Guido, especialista em transição de carreira da Right Management Brasil, consultoria de São Paulo. Ao longo desta reportagem, mostramos como virar a página da sua vida e como entender se está na hora de correr atrás de um novo emprego, abandonar um projeto que não vinga, fechar um empreendimento, aca- bar com um mau hábito, repensar os seus objetivos de carreira ou encerrar um ciclo. Os profissionais desta matéria vão inspirar você a respirar fundo e se jogar sem medo em um novo desafio.

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#É HORA DE…MUDAR UM HÁBITO

Seja tomar café, colocar o cinto de segurança, roer as unhas ou fumar, de acordo com uma pesquisa da Universidade Duke, dos Estados Unidos, os hábitos estão presentes em 40% dos nossos dias – tanto os bons quanto os ruins. “Hábito é toda ação que não envolve um processo de decisão, quando entramos no piloto automático e não temos mais consciência de que estamos fazendo algo”, diz Sâmia Simurro vice-presidente de projetos da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, de São Paulo.

Assim como no dia a dia, os hábitos ruins no trabalho podem ter consequências na saúde e nos relacionamentos. “Quando a pessoa começa a ter prejuízos e negligencia tarefas, é sinal de que convive com um mau hábito”, diz Renata Maransaldi, psicóloga e coach, de São Paulo. Clarissa Soneghet, de 35 anos, só percebeu que o hábito de trabalhar demais era prejudicial quando teve um problema sério no quadril. Formada em turismo, ela assumiu uma posição como gerente de produção de eventos e chegava a passar dez, 12 horas no trabalho – inclusive aos finais de semana. “Mais que o tempo, o ritmo de trabalho era muito frenético, eu sou perfeccionista e queria acompanhar tudo de perto, nada podia dar errado”, afirma Clarissa.

Quando saiu da área de eventos, Clarissa migrou para marketing em uma agência e o cenário não mudou. “Eu era responsável pelos lançamentos dos produtos. Chegou uma hora que não tinha tempo de fazer mais nada, o trabalho consumia toda a minha dedicação”, afirma Clarissa. Mesmo sofrendo constantemente de enxaqueca crônica foi só em 2012, quando teve o problema no quadril, que ela repensou seu estilo de vida. “Comecei a questionar por que eu gastava tanta energia em projetos com os quais eu não me identificava. Os prazos sempre para ontem me incomodavam também. Daí eu decidi que era hora de construir algo para mim”, afirma Clarissa.

Ela queria mudar e, para isso, fez um exercício de autoconhecimento parecido com o descrito no best-seller O Poder do Hábito (Objetiva, 49,90 reais), lançado em 2012. No livro, o escritor Charles Duhigg afirma que os hábitos são compostos de três etapas e que precisamos compreendê-las para nos livrarmos deles. São elas: o sinal ou o gatilho que desencadeia aquela ação, a rotina ou a frequência com que o realizamos e aquilo que buscamos ao repetir o hábito. Para Clarissa, o impulso surgiu após um curso de empreendedorismo, no qual ampliou sua visão sobre outras formas de trabalho e conheceu sua atual sócia, Nathália Roberto. Juntas fundaram, em 2014, a Kind, uma empresa de consultoria voltada para o universo feminino. Hoje, com horários flexíveis e mais autonomia, Clarissa nem cogita voltar ao modelo antigo de trabalho. “Agora faço exercícios e tenho flexibilidade para escolher parceiros de negócios”, diz.

5 PERGUNTAS PARA MUDAR UM HÁBITO

1 – Esse hábito está prejudicando algum aspecto da minha vida?

2 – Qual o motivo pelo qual eu realizo essa ação?

3 – Eu estou motivado a mudar esse hábito?

4 – Qual o meu plano de ação para isso?

5 – Como eu vou me manter afastado desse hábito?

#Partiu novos desafios. 3

#É HORA DE…ENCERRAR UM CICLO!

Mesmo que os ciclos profissionais tenham encurtado, encerrar uma etapa ainda gera conflitos. “A maioria das pessoas não possui um plano para a carreira e, por isso, esse momento vem associado a uma crise”, diz Vera Vasconcelos, da Produtive, consultoria de carreira, de São Paulo. E, quando as causas desse desejo de mudança são originadas pelas emoções, o processo fica mais complicado. “Quando a pessoa tem uma visão clara do que quer, lê o cenário e encerra uma etapa porque não possui mais possibilidades de concretizar os objetivos. Isso acontece naturalmente”, diz Telma Guido, da Right Management.

Esse foi o caso do engenheiro Eduardo Lima, de 38 anos, CEO da eduK, plataforma de cursos online. Após anos trabalhando na área de mineração e siderurgia, Eduardo percebeu que seus objetivos haviam mudado: “Eu ia trabalhar todo dia e questionava o que eu estava fazendo ali, pensava que precisava encontrar outro caminho profissional”, diz. O sonho de empreender era uma inquietação. Então o mineiro fez um plano para dar uma guinada. “Pesquisei modelos de negócios, mas nunca tinha achado algo com que eu me identificasse, até que, em 2007, surgiu o convite de um amigo de Belo Horizonte que estava montando uma franquia de e-commerce, a Neomerkato.” No começo, ele trabalhava nas horas livres, mas depois começou a investir, o empreendimento cresceu e ele abandonou de vez a engenha- ria, passando a trabalhar de casa.

Embora a mudança de Eduardo tenha ocorrido em poucos meses, não existe um prazo correto para definir quando é exatamente a hora de encerrar um ciclo. Algumas pessoas precisam sempre de estímulos, de mudanças, de adrenalina e, para elas, os ciclos fecham mais rápido. Para outras, é necessário estabilidade e movimentos de carreira mais tranquilos. “Fazer algumas perguntas como: ‘O que eu ganho se eu continuar aqui? E o que perco?’ ajudam a analisar se o problema está no lugar em que você trabalha ou em você mesmo”, diz José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), de São Paulo. A motivação e a satisfação com o trabalho são alguns dos sinais mais claros que devem ser levados em conta na hora de decidir partir pra outra. “Todo ser humano busca felicidade, e isso está diretamente ligado com engajamento, com o sentimento de ter uma missão e contribuir para algo”, diz José Roberto.

Depois que encontrou seu caminho no empreendedorismo, Eduardo estava próximo desse estágio. Mas conseguiu conquistar de fato o tão desejado propósito quando montou, ao lado de um amigo, a eduK.

Criada em 2013, a empresa tem estúdios para gravação de aulas online dos mais diversos tipos – de empreendedorismo a moda – e hoje conta com mais de 100 mil assinantes. “Sinto que mudei pela minha qualidade de vida e porque queria mais satisfação. No começo, cheguei a ganhar menos. Mas agora eu trabalho com um propósito, que é a educação”, afirma Eduardo.

5 PERGUNTAS PARA SE FAZER ANTES DE DESISTIR DE UM CICLO

1 – Quais foram os meus aprendizados?

2 – Eu entreguei todos os projetos com os quais me comprometi?

3 – A causa da minha insatisfação está em mim ou no meu trabalho?

4 – Onde estou não existe mais possibilidade de mudanças?

5 – O que eu faço deixou de fazer sentido?

#Partiu novos desafios. 4 #É HORA DE…MUDAR DE EMPREGO

Os motivos para querer deixar um emprego podem ser inúmeros. Na crise, costuma pesar a falta de reconhecimento, a remuneração baixa, a pressão, as equipes enxutas. E o fator chefe chato sempre é uma questão. Antes de pedir demissão, porém, é preciso identificar esses problemas, avaliar se existe uma solução e medir a temperatura do mercado. “Mesmo sendo um momento difícil, cada um precisa saber avaliar se vale a pena continuar em um lugar que não lhe faz bem”, diz Isabella Santoyo, coach de vida e carreira, de São Paulo. Essa foi a estratégia de Lara Hammoud, de 24 anos, gerente de finanças na Bidu, startup de seguros, de São Paulo. Formada em administração, ela trabalhava em uma consultoria onde aprendeu bastante, mas tinha medo de ficar presa em uma carreira mais consultiva e não conhecer a rotina de uma empresa. “Além disso, me incomodava o fato de ser prestadora de serviços e não desenvolver relações de longo prazo”, diz Lara.

Para encontrar qual caminho trilhar, a paulistana fez algo altamente recomendado pelos especialistas: conversar com amigos e colegas que já enfrentaram a situação. “Fazer um planejamento da mudança é fundamental para encontrar uma saída e entender aonde você quer chegar”, diz Isabella. Com isso em mente, Lara começou a entender que não queria uma carreira numa multinacional, por exemplo, e que desejava algo mais dinâmico. Um dos amigos sugeriu que, talvez, ela tivesse perfil para trabalhar em uma startup e a indicou para entrar na Bidu. “Foi tudo muito rápido, eles precisavam de alguém e, em menos de duas se- manas, eu já tinha sido contratada”, diz Lara. Mas, antes de dar a palavra final, ela voltou várias vezes na empresa, conversou com gestores e colegas com os quais trabalharia. “Expliquei que não possuía experiência em diversas atuações e que precisava de um tempo para aprender e de suporte”, afirma. As portas da empresa anterior continuaram abertas. Isso porque a administradora não saiu de supetão: indicou ao chefe que estava se sentindo estagnada – o que é fundamental. “Fazer uma análise detalhada de que a insatisfação continua mesmo depois de pensar em alternativas dentro do atual emprego é fundamental”, diz Isabella.

Além da ânsia por se demitir logo, outro erro que os profissionais cometem é de postergar demais a decisão da saída. Quando há muito desgaste emocional (e até físico) e os valores não estão mais alinhados, não tem jeito: é hora de partir para outra. “Quando há essa combinação, a pessoa não se sente mais engajada e sair faz todo o sentido”, diz Isabella. Ficar no em- prego apenas por receio do que os outros vão achar da sua decisão ou porque você prefere insistir em algo que está lhe fazendo mal em vez de encontrar outra solução é terrível. Isso só vai minar as suas energias e minguar sua força de vontade para tentar algo novo.

5 PERGUNTAS PARA SE FAZER ANTES DE DEIXAR SEU EMPREGO

1 – Meus valores estão alinhados aos valores da empresa?

2 – Minhas habilidades estão sendo utilizadas?

3 – Sinto vontade para desempenhar o que esperam de mim?

4 – Vejo um futuro e desejo crescer junto com a empresa?

5 – Estou ficando doente por causa de aspectos do trabalho com os quais não consigo lidar?

#Partiu novos desafios. 5 #É HORA DE…DESAPEGAR DE UM PROJETO

Quem trabalha com projetos sabe como é grande a pressão para que as empreitadas deem certo rapidamente – ainda mais na crise, quando os investimentos minguam. “A principal habilidade para trabalhar bem com isso é decidir rápido”, diz Randes Enes, professor da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. É evidente que projetos precisam de um tempo hábil para dar certo, e muitas vezes a ansiedade acaba atrapalhando. Mas há um limite entre insistir em algo que vai parar em pé e em algo que está fadado a dar errado.

Alexandre da Silva, de 53 anos, líder da área de sistemas inteligentes do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil, lida com essas questões. Ele é responsável por coordenar um grupo de pesquisadores que trata de automação industrial avançada e atua em diferentes negócios da GE, em setores como óleo e gás, energia elétrica, transportes ferroviários e aviação. Todo ano, ele administra uma carteira de 12 projetos, mais ou menos. “A decisão entre perseverar ou interromper acontece em todos os projetos”, diz Alexandre. O passo a passo ideal para estruturar um projeto é avaliar o grau de risco, traçar um plano e definir parâmetros para avaliar se as coisas estão caminhando bem ou não. Segundo Randes, a experiência de realizar um projeto é semelhante à de ler um livro. A pessoa gosta da capa, começa a ler o livro, e no primeiro capítulo já não aprecia. Em vez de largar a leitura, muitos continuam lendo. “Isso é uma mentalidade cultural, ler um livro é um projeto. Mas, uma vez que não está gostando, vira uma perda de tempo”, afirma Randes. “Ela sabe que não vai dar certo, que não é lucrativo, mas, só porque já começou, acha que precisa terminar – mesmo que isso envolva recursos desnecessários e que não atinja o resultado desejado. Essa é uma decisão extremamente emocional e que envolve o ego”, diz o professor. E o mesmo raciocínio nos acomete quando nos dedicamos a um projeto que não vai render. Depois que se fez a análise de que é preciso mudar de rumo ou partir para outra, o mais importante é não se deixar consumir pela sensação de fracasso e incompetência nem encarar esses “erros” de maneira negativa. O melhor é abandonar o barco furado rapidamente – para não afundar junto.

Para tomar uma decisão desse tipo, Alexandre tenta alinhar sua visão e intuição ao julgamento técnico. “Interromper requer mais coragem do que insistir”, diz. O que o ajuda na análise, além de sua experiência prévia, é ouvir feedbacks dos clientes e colegas e fazer projetos com ciclos mais curtos. “Antigamente, a gente levava entre três e cinco anos para desenvolver um produto novo, hoje esses ciclos foram encurtados significativamente, para menos de um ano”, afirma Alexandre. Isso dá agilidade para abastecer o mercado de novidades e, também, para errar rápido.

5 PERGUNTAS ANTES DE ABANDONAR UM PROJETO

1 – A equipe que trabalha comigo está alinhada para atingir a meta estabelecida?

2 – Eu tenho indicadores objetivos que apontam que estou no caminho certo?

3 – O projeto está chegando ao final de seu prazo sem a maioria dos resultados esperados?

4 – Já tentei reajustar o plano para tentar salvar o projeto?

5 – Estou apegado demais ao plano e não consigo enxergar saídas?

# Partiu novos desafios. 6 #É HORA DE… TER UMA NOVA META

Ainda na época da faculdade, o publicitário Felipe Versati, de 29 anos, já tinha decidido qual caminho gostaria de seguir: iria trabalhar na área de criação de uma grande agência. “A gente acredita que vai encontrar um ambiente informal, onde você pode trabalhar de bermuda, ter liberdade para criar e ainda ganhar prêmios com seu trabalho”, diz Felipe. Mesmo passando por outras áreas, o desejo persistia e, em 2011, prestes a concluir a graduação, Felipe aceitou a proposta de trabalhar na Bilheteria.com, agência especializada em serviços culturais, em São Paulo. Chegando lá, o publicitário encontrou uma realidade totalmente diferente da que esperava. Trabalhando mais de 18 horas por dia, sem horário para comer e dormir e sem vida social, o paulista percebeu que, mesmo alcançando o seu sonho, ele se sentia insatisfeito. “Muitas pessoas criam expectativas irreais sobre algo porque olham apenas para as coisas boas e acreditam que isso representa o todo. Daí, quando se deparam com a realidade, acabam se frustrando”, diz Daniela do Lago, coach de São Paulo.

Um ano e uma úlcera depois, Felipe entendeu que era hora de mudar seu objetivo, mesmo com expectativas de crescimento na agência. “Eu já havia me tornado analista sênior e tinha a perspectiva de uma promoção em breve, mas isso não compensava a minha falta de adaptação ao modelo de trabalho e vi que tinha que almejar outra coisa”, diz Felipe. E essa mudança de ambição é normal. Muitos entram no mundo corporativo acreditando que sucesso é sinônimo de uma posição elevada, por exemplo, mas conforme o tempo passa as expetativas mudam e você precisa se ajustar.

Com um MBA que o auxiliou a ampliar seus horizontes, em 2013, Felipe quis resgatar um sonho antigo e começou a procurar oportunidades no terceiro setor, onde havia estagiado. Mesmo com ganhos menos agressivos, ele aceitou a proposta de estruturar a área de marketing da Associação Cruz Verde, organização filantrópica que atende pessoas com paralisia cerebral grave, em São Paulo. “Mudei as minhas expectativas”, diz.

Um dos pontos mais difíceis na hora de largar uma ambição é, por vezes, reconhecer que a definição de sucesso que cada um de nós possui pode ser diferente daquela que aprendemos ser a mais acertada. “Precisamos conhecer nossos objetivos e expectativas e compreender que nossa satisfação tem que estar relacionada com as nossas crenças”, diz Paulo Moraes, diretor da Talenses, empresa de recrutamento do Rio de Janeiro. Outro ponto é não olhar para essa mudança de ambição como um fracasso. “Quando você entende que aquele desejo não lhe pertencia, precisa encarar como uma alternância de caminho, e não um passo para trás”, diz Vera.

Hoje, quase três anos após a escolha, a associação é um dos empregos mais duradouros de Felipe. “Antes, com um ano eu queria mudar de trabalho, agora me sinto muito recompensado. Por mais que você seja premiado, nunca seus produtos vão te dar um abraço de agradeci- mento, como os que eu ganho dos pacientes diariamente”, conclui.

5 PERGUNTAS PARA SE FAZER ANTES DE DESISTIR DE UMA META

1 – O que eu valorizo de verdade?

2 – Eu tenho condições reais de concretizar essa ambição onde estou?

3 – Eu fiz algo no sentido de concretizar esse objetivo?

4 – Essa meta está prejudicando outros aspectos da minha vida?

5 – Eu ainda quero me tornar aquilo que planejei há algum tempo?

#Partiu novos desafios. 7

#É HORA DE…FECHAR SEU EMPREENDIMENTO

O advogado Francisco Pereira, de 35 anos, trilhou uma carreira na área de consultoria. Em 2008, era supervisor da multinacional Terco e queria se tornar gerente. Tudo mudou quando um amigo o chamou para empreender na área têxtil. “Sempre tive esse sonho e, quando fui convidado para ser responsável pela gestão da empresa, aceitei”, diz Francisco. Os dois montaram uma companhia que concebia e fabricava peças de vestuário. Em sete meses, o investimento havia sido quitado, eles fecharam contratos, tinham uma equipe de 12 pessoas e cada sócio lucrava 5 000 reais mensais.

Só que as coisas pioraram em 2009, quando sofreram um baque. Um cliente que já havia retirado 50% das peças desapareceu, o que gerou um rombo. Os sócios pegaram dinheiro emprestado, cobriram os gastos com funcionários e com a manutenção. Até que, seis meses depois, outro cliente deu calote. “Com a dívida anterior e sem dinheiro para brigar judicialmente, ficamos com um prejuízo de mais de 217.000 reais”, diz Francisco.

Nesse momento, o advogado sentiu o drama comum aos empreendedores: sabia que talvez fosse melhor voltar atrás, mas ainda se sentia muito ligado ao negócio para desistir. “É como uma bateria que está sempre no vermelho, chega uma hora que não vai aguentar mais”, diz Tiago Aguiar, mentor empresarial e sócio da QI Empreender Grandes Ideias, de São Paulo. Desistir é sempre difícil no mundo do empreendedorismo porque é fácil se iludir com histórias mirabolantes de perseverança que se assemelham aos “doze trabalhos de Hércules”. Claro que a persistência é boa – desde que o empreendedor tenha um olhar racional sobre suas metas e sobre seus erros e encontre saídas viáveis para continuar tentando até esgotar todas as possibilidades. Sem isso, é provável que a persistência se transforme em teimosia. “O teimoso passa anos e não sabe quais ações deram errado, não estabelece um plano e não se adapta à nova realidade”, diz Tiago.

Para não fazer parte desse grupo, Francisco e seus sócios analisaram tudo friamente. Notaram que, por causa das dívidas, pagariam juros sobre juros, o que não valeria a pena. A saída foi fazer um novo empréstimo para fechar o negócio em 2010. Além da tristeza com o fracasso, o advogado tinha que lidar com uma dívida de 12.000 reais, dividida entre os sócios, que demorou três anos para quitar. Desempregado, vendeu o carro e precisou de ajuda familiar para pagar as contas.

A solução foi começar tudo de novo – só que, desta vez, no mundo corporativo. Ele entrou em contato com seu antigo gerente da Terco, que o indicou para uma vaga em outra consultoria, a BDO, onde é, hoje, gerente sênior da área de tributos. “Voltar foi difícil porque eu não aceitei esse baque, tive que vir de cabeça baixa, ganhando menos”, diz. Mas essa humildade o ajudou a perceber que poderia aprender com os erros e que, pelo menos em médio prazo, o seu lugar é onde há uma carteira assinada.

5 PERGUNTAS ANTES DE DESISTIR DE UM EMPREENDIMENTO

1 – Acredito na ideia?

2 – A ideia está ligada ao meu propósito?

3 – Atingi o limite de tempo?

4 – Atingi o limite de dinheiro?

5 – Esgotei todos os caminhos?

ALIMENTO DIÁRIO

PROVÉRBIOS 11: 9 – 14

Pensando biblicamente

VERDADES COMUNS

 

V9 – Aqui temos:

1. A hipocrisia engenhando a calamidade. Não é somente o assassino com a sua espada, mas também o hipócrita, com a sua boca, que danifica o seu próximo, levando ao pecado ou ao engano, com pretextos de bondade e boa vontade. A vida e a morte estão no poder da língua, mas nenhuma língua é mais fatal do que a língua lisonjeira.

2. A honestidade derrotando o desígnio e escapando à armadilha: Por meio do conhecimento dos esquemas de Satanás o justo libertado será das armadilhas que o hipócrita preparou para ele; os sedutores não enganarão os eleitos. Pelo conhecimento de Deus, e das Escrituras, e pelos seus próprios corações, os justos serão libertados daqueles que espreitam e esperam para enganar, e assim, destruir (Romanos 16.18,19).

 

V. 10 – 11 – Aqui observamos:

I – Que os homens bons são, em geral, amados por seus próximos, mas ninguém se importa com os ímpios.

1. É verdade que há alguns poucos que são inimigos dos justos, que têm preconceitos contra Deus e a santidade, e que, portanto, se incomodam em ver homens bons no poder e em prosperidade; mas todas as pessoas indiferentes, mesmo aquelas que não vivem uma grande religiosidade, têm uma palavra boa a respeito de um homem bom; e por isto, quando tudo vai bem com os justos, quando eles progridem e adquirem urna capacidade de fazer o bem, de acordo com os seus desejos, é muito melhor para todos os que estão ao redor deles, e a cidade exulta. Pela honra e pelo encorajamento da virtude, e como é o cumprimento da promessa de Deus, devemos ficar alegres por ver os virtuosos prosperando no mundo, e conquistando uma boa reputação, e o prestígio que merecem.

2. Os ímpios podem, talvez, ter, aqui e ali, alguém que lhes deseje o bem, entre os que são, de maneira geral, como eles, mas entre a maioria dos seus próximos, eles obtêm apenas má vontade; eles podem ser temidos, mas não são amados, e por isto, quando perecem, há júbilo; todos se alegram ao vê-los desgraçados e desarmados, afastados de posições de confiança e poder, expulsos do mundo, e desejam que nenhum problema maior venha à cidade, porque esperam que os justos possam tomar o lugar deles, quando sofrerem angústias, no lugar dos justos (v. 8). Que, portanto, um senso de honra nos conserve nos caminhos da virtude, para que possamos viver desejados e morrer lamentados, e não ser expulsos do palco da vida sob as vaias da plateia (Jó 27.23; Salmos 52.6).

 

II – Que há boas razões para isto, porque os que são bons fazem o bem, mas (como diz o provérbio dos antigos), a iniquidade vem dos ímpios.

1. Os homens bons são bênçãos públicas. Com a bênção dos sinceros, as bênçãos com que eles são abençoados, que ampliam a sua esfera de utilidade – com as bênçãos com que eles abençoam os seus próximos, seus conselhos, seus exemplos, suas orações, e todos os aspectos da sua utilidade para o interesse público – com as bênçãos com que Deus abençoa os outros, por causa deles – com tudo isto, se exalta a cidade, e se torna mais confiável para os habitantes, e mais considerável entre os seus vizinhos.

2. Os ímpios são transtornos públicos, não somente incômodos, mas as pragas da sua geração. A cidade é derribada pela boca dos ímpios, cujas atitudes más corrompem as boas maneiras, são suficientes para perverter uma cidade, para arruinar a virtude que nela houver; e para fazer com que os juízos de Deus venham sobre ela.

 

V. 12 – 13 – O silêncio é recomendado, como um sinal de verdadeira amizade, e algo que a preserva; portanto, é uma evidência,

1. De sabedoria: Um homem de entendimento, que domina o seu próprio espírito, ainda que provocado, cala-se, para que não dê vazão à sua paixão e nem acenda a paixão de outras pessoas, por linguajar ultrajante ou por reflexões mal-humoradas.

2. De sinceridade: Aquele que tem um espírito fiel, não somente à sua própria promessa, mas ao interesse de seu amigo, encobre todo assunto que, se divulgado, pode prejudicar seu próximo.

 

II – Este encobrimento amistoso e prudente é aqui apresentado em oposição a duas maldades terríveis da língua:

1. Escarnecer de um homem, diante dele: O que despreza o seu próximo é falto de sabedoria; ele despreza o seu próximo, chama-o de Raca, e de louco, diante da menor provocação, e pisa sobre ele, como alguém indigno de ser colocado com os cães do seu rebanho. Acaba menosprezando a si mesmo aquele que menospreza a alguém que é feito do mesmo material.

2. Falar maldosamente de alguém, nas suas costas: um mexeriqueiro, que espalha todas as estórias que puder descobrir, sejam verdadeiras ou falsas, de casa em casa, para fazer maldades e semear discórdias, revela segredos que lhe foram confiados, e assim, infringe as leis e perde todos os privilégios da amizade e da convivência.

 

V. 14 – Aqui temos:

1. O mau presságio da ruina de um reino: “Não havendo sábia direção”, nenhum conselho, mas sendo tudo feito precipitadamente e impensadamente, sem busca prudente pelo bem comum, mas somente visando interesses divididos, “o povo cai, fragmentado em facções, cai como presa fácil a seus inimigos comuns. Os conselhos de guerra são necessários para as operações de guerra; dois olhos veem mais do que um; e o conselho mútuo é necessário para a ajuda mútua.

2. O bom presságio da prosperidade de um reino: “Na multidão de conselheiros”, que veem necessidades, uns dos outros, e que agem de comum acordo visando o bem-estar público, “há segurança”; pois um deles poderá discernir os métodos pendentes que outro não perceber. Nos nossos assuntos particulares, frequentemente veremos que será vantajoso que nos aconselhemos com muitas pessoas; se elas estiverem de acordo nos seus conselhos, o nosso caminho será ainda mais claro; se elas divergirem, ouviremos o que nos é dito, de todos os lados, e seremos mais capazes de tomar uma decisão.

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