PSICOLOGIA ANALÍTICA

ARMADILHAS DO DINHEIRO

Ansiedade, desejo de auto compensação, culpa, dificuldade de lidar com os próprios medos e auto sabotagem podem ser tão prejudiciais à vida financeira quanto as incertezas do mercado.

armadilhas do dinheiro

Em tempos de crise é impossível não pensar em dinheiro. E parecem ficar ainda mais óbvias as relações emocionais que estabelecemos com o vil metal, bem como as projeções que fazemos sobre as questões concretas relativas ao quanto temos, recebemos, gastamos ou guardamos, assim como nossas prioridades financeiras costumam ser permeadas pelas fantasias e dizem muito a respeito de nossa economia psíquica. Sem menosprezar as faltas efetivas que se materializam no bolso, é importante considerar que grande parte de nossas angústias nessa área está vinculada à forma como nos relacionamos com o dinheiro e com os ideais de satisfação que projetamos nele – e não com a conta bancária em si. Preço e valor, por exemplo, são bem diversos. O primeiro tem a ver com quando se desembolsa por uma mercadoria ou serviço; o segundo pela importância que damos para esse bem.

Por artimanhas do psiquismo, nos apegamos à ideia equivocada de que ter mais necessariamente nos tornará satisfeitos – e tendemos a misturar ter com ser. Essa confusão, claramente destacada pela psicanálise, também tem sido objeto de estudo da neurociência. Um experimento recente mostrou que, para o cérebro, perder dinheiro é doloroso e temerário.

A conclusão é de um estudo publicado na Neuroscience por pesquisadores da Universidade College de Londres. Usando ressonância magnética funcional para analisar o tecido cerebral de 20 voluntários que passavam o tempo apostando em jogos de azar, os cientistas observaram que a perda ativava neurônios dos circuitos ancestrais reguladores do medo e da dor. “De certo modo, muitas decisões cotidianas, como apostar na loteria, investir em aplicações financeiras ou mesmo se empenhar por um aumento de salário, podem ser comparadas a jogos de azar que geralmente resultam em ganho ou perda de dinheiro”, observa o neurocientista Ben Seymour, coordenador da pesquisa. Embora a mostra usada no trabalho seja pequena, o resultado indica um correlato neurológico para a dinâmica psíquica.

Não por acaso, a forma como lidamos com dinheiro é tema tão frequente nas sessões de análise, tratado muitas vezes com mais pudor que informações sobre a sexualidade. Aliás, há alguns anos, o psicólogo venezuelano Axel Capriles, autor de Dinheiro Sanidade ou loucura (Axis Mundi, 2005), causou algum impacto ao declarar que “o dinheiro é o novo sexo”, justificando que há muito mais loucuras e doenças associadas ao vil metal do que à vida sexual. Embora não tenha dado especificamente à moeda a mesma ênfase que conferiu aos relacionamentos tanto consigo mesmo como com o outro, Freud não deixou de apontar o seu papel na mente e no comportamento humano.

Na teoria freudiana, a relação com o dinheiro está ligada aos primeiros anos de vida, quando a criança aprende que pode “negociar” o afeto da mãe – o que influencia a forma como a pessoa vai lidar com sua vida financeira no futuro. A maneira como nos relacionamos com o que temos, com o que desejamos e com o que tememos perder não é determinante de um tipo de personalidade, mas talvez ofereça pistas a respeito de quadros psicológicos. Uma neurose obsessiva pode se manifestar por meio da avareza, por exemplo, assim como o esbanjamento compõe, em certos casos, características da histeria ou de quadros patológicos de mania.

Muitos usam o poder aquisitivo para compensar sentimentos de insegurança e solidão e só se sentem bem (ainda que provisoriamente) se puderem comprar o que pretendem na hora que querem. Que atire a primeira pedra quem nunca correu para o shopping para afogar as mágoas e saiu de lá com (pelo menos) uma sacola repleta de coisas das quais não precisava realmente. Ou quem jamais teve a sensação de não merecer algo que lutou tanto para conseguir. Há ainda as situações em que se confunde afeto com aquisições, algo que se vê claramente na educação de crianças que muitas vezes ganham presentes quando os pais se sentem culpados pelo pouco tempo que dispensam aos filhos ou pela falta de desejo de ficar com eles.

Em outras palavras, dinheiro não é – nem de longe – apenas uma ferramenta funcional que possibilita trocas: trata-se de ícone de poder, potência, afeto, desejo. E não te­lo (ou viver sob o signo da insatisfação, apavorado com a hipótese da perda, ainda que remota) pode exacerbar a sensação de falta, impotência, carência, impossibilidade, esvaziamento, frustação, raiva e depressão. Em meio a esse turbilhão, não é difícil esquecer que dinheiro é relativo. Muito ou pouco? Depende de quem avalia – e não apenas em razão da diferença de poder aquisitivo das pessoas, mas pelo papel que tem para cada um, em diferentes momentos. Complexo, adquire conotações emocionais e influencia decisões (por vezes impulsivas, na ânsia de aplacar angústias nem sempre encaradas de frente).

A socióloga Glória Maria Garcia Pereira, autora de As personalidades do dinheiro (Campus, 2005, esgotado), ressalta que há padrões de personalidade inconscientes que determinam nossa relação com dinheiro e argumenta que uma das chaves para não sofrermos com a ciranda financeira é descobri-los. De fato, ansiedade, desejo de auto compensação, ansiedade, culpa, dificuldade de lidar com os próprios medos e auto sabotagem podem ser tão prejudiciais à vida financeira quanto as incertezas do mercado.

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PARA COMPRAR COM INTELIGÊNCIA

Com frequência, empresas enviam e-mails com assuntos como: “Compre uma peça e ganhe 50% de desconto em outro produto, “Mantemos o preço só até a meia-noite!” ou “Selecionamos essas ofertas especialmente para você!”. Mesmo conhecendo a estratégia dos comerciantes para tentar fazer os potenciais clientes gastarem o que não planejaram, muita gente costuma clicar – e, não raro, comprar. Mas, principalmente quando a economia anda tão instável, é preciso comprar de forma mais inteligente. Felizmente a psicologia e algumas pesquisas de marketing podem ajudar nos primeiros passos.

FICAR DE FORA ASSUSTA.

O batido e-mail enviado pelas lojas que destacam o limite de tempo para a compra apela para uma tática realmente convincente. Lança a ideia de que os produtos estão prestes a faltar e sugere que podemos ficar sem. “O medo da escassez é primitivo”, diz a socióloga Kelly Goldsmith, professora assistente de marketing da Escola Superior de Gestão Kellogg, da Universidade Northwestern. “Podemos nos tornar extremamente egoístas quando acreditamos que algo pode rapidamente se esgotar – o comportamento violento observado nas grandes liquidações de lojas é ótimo exemplo”.

Se algo parece insuficiente, nossa mente nos diz que é valioso e precisamos tomá-lo de nossos concorrentes. Mesmo que não tenhamos a menor necessidade disso.

ESTABELECER PRIORIDADES É FUNDAMENTAL

Todo mundo gosta de diversidade de produtos ou serviços. Mas, na prática, possibilidades demais podem nos confundir e nos levar a decisões equivocadas, inclusive do ponto de vista financeiro. O dilema diante de muitas opções ilustra um dos maiores problemas enfrentados atualmente: o excesso de objetos, estímulos e demandas. “Requer muito esforço mental pesquisar, considerar e avaliar uma infinidade de ofertas”, observa o psicólogo Alexander Chernev, pesquisador do comportamento do consumidor e professor de marketing da Escola Kellogg. Ele faz um alerta: não precisamos levar em conta todas as opções, principalmente se trabalhamos com prioridades. “Sempre teremos de desistir de uma coisa por outra. Você prefere melhor cobertura no plano de saúde ou preço menor? Na hora de comprar um carro, privilegia o desempenho, o conforto ou a economia de combustível?”. Descobrir o que é mais importante antecipadamente e considerar apenas as opções essenciais ajuda a não naufragar no mar de ofertas.

LISTAS QUE EVITAM A TENTAÇÃO (AINDA QUE A COMPRA SEJA ON LINE).

Anotar o que precisamos antes de sair de casa não serve apenas para lembrar itens necessários. Também nos ajuda a ignorar as mensagens de marketing indesejadas. Estudos sobre como atingir metas mostram que planos de ação concretos (como listas de compras) aumentam as chances de cumprir objetivos. É comum, por exemplo, as pessoas se prepararem para comprar três ou quatro itens no supermercado e, ao chegar lá, ser bombardeadas por gôndolas estrategicamente posicionadas para chamar a atenção e tentar mudar a opinião do consumidor sobre o que ele precisa. Embora fazer anotações sobre o que levar para casa exija um mínimo de organização, Kelly Goldsmith ressalta que pode ajudar a mesmo na hora de escolher ofertas pela internet, onde banners e pop-ups tentam nos seduzir com produtos complementares. A lista é útil para manter os objetivos em meio a tantas distrações.

SALVOS PELA CANETA.

Na hora de tomar uma decisão sobre levar ou não determinada mercadoria para casa, pode ser difícil equilibrar o que os pesquisadores chamam de “vícios e virtudes” do consumidor. A primeira opção pode trazer satisfação imediata, mas custa mais a longo prazo, enquanto que a segunda parece exigir mais de imediato, embora traga benefícios futuros. “Estudos mostram que, quando se trata de comprar, é mais comum as pessoas optarem pelo caminho da satisfação imediata”, diz Chernev. “O risco de ceder é maior se pensarmos na experiência de degustar a barra de chocolate que é vendida perto da caixa registradora.” Uma maneira de resistir mais fortemente aos impulsos é trazer à memória o que realmente importa. Diversos estudos de 2013, realizados pelos psicólogos Brandon Schmeichel, da Universidade Texas A&M, e Kathleen Vohs, da Universidade de Minnesota, mostram que pensar e escrever sobre os objetivos e os valores pessoais e a respeito do que desejam para sua vida nos próximos anos ajudou voluntários a exercer maior autocontrole quando se sentiam exaustos. A próxima vez que você não conseguir dormir e decidir passar o tempo vendo produtos nos sites ou aplicativos de compras, talvez seja mais produtivo pegar caneta e papel para se lembrar do que realmente importa.

OUTROS OLHARES

MEIA-VOLTA, VOLVER

Para combater o proselitismo nas escolas, um problema real, o projeto de lei que tramita no Congresso abre espaço para um clima de caça às bruxas que tem tudo para piorar o ensino.

meia-volta, volver

A cada governo que entra, o assunto educação deixa os holofotes provisórios da campanha eleitoral, onde costuma desfilar na linha de frente das promessas dos candidatos, e volta à triste prateleira dos problemas que se arrastam sem solução. Desta vez foi diferente: encerrada a votação que elegeu Jair Bolsonaro, a educação prosseguiu na pauta de discussões acirradas. Infelizmente, o saldo da agitação não gira em torno de nenhuma providência capaz de pôr o ensino do Brasil nos trilhos da excelência – a real prioridade.

A questão da hora é o projeto do deputado-pastor Erivelton Santana, do Patriota da Bahia, que pretende legislar sobre o que o professor pode ou, principalmente, não pode falar em sala de aula. Com o propósito de impedir a doutrinação de professores em classe, o projeto ameaça alimentar o oposto do que propõe: censura, patrulhamento, atitudes retrógradas e pensamento estreito –   como aparece na ilustração ao lado, uma paródia da capa do livro Caminho Suave, clássico da alfabetização tradicional. Em seu projeto, há um problema de origem, segundo o especialista em educação Claudio de Moura Castro. “Não há como definir em uma lei o que é variedade de pensamento e o que é proselitismo”, diz ele. Ou seja: a questão é muito, mas muito mais complexa do que pode parecer à primeira vista.

Fruto do ambiente polarizado da sociedade brasileira, a discussão entrou pela porta da frente das escolas. Nesse clima de paixões exaltadas, no entanto, é preciso um esforço adicional para separar o joio do trigo. A doutrinação em sala de aula é condenável sob todos os aspectos – seja de esquerda ou de direita, religiosa ou ateia, ou de qualquer outra natureza. A escola é um lugar para o debate livre das ideias, e não para o proselitismo. Nas redes sociais, há relatos de alunos que tiveram de optar entre ir a uma manifestação contra Michel Temer e fazer uma prova, o que é inteiramente inadmissível. Em outro caso, uma professora definiu em sala de aula os eleitores de Bolsonaro como “pessoas execráveis, asquerosas e nojentas”, algo que fere qualquer princípio elementar de pedagogia. Tudo isso é intolerável dentro de uma escola. Mas há duas considerações relevantes. Primeira: essa não é a realidade das escolas brasileiras – são exemplos da exceção, e não da regra. Segunda: há formas eficazes de lidar com o problema, mas elas não estão em debate.

O projeto de lei em discussão na Câmara, por exemplo, está voltado para a censura aos professores, o que pode resultar numa caça às bruxas. Ele proíbe, entre outros pontos, disciplinas, obrigatórias ou facultativas, que tratem de “ideologia de gênero” e até o uso puro e simples do vocábulo “gênero”. Dá para imaginar alunos gravando cada palavra do professor e tentando enquadrá-lo por se referir, digamos, a “gênero literário”. Também determina que o mestre, ao tratar de questões políticas, apresente “as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas” sobre o assunto. Isso soa justo e equitativo, mas eis uma prova da complexidade do tema: ao falar da escravidão negra, será necessário também mostrar como ela pode ser justificável? Ao analisar a II Guerra, devem­ se expor os belos argumentos defendidos pelos nazistas, que exterminaram judeus nos campos de concentração?

O resultado dos excessos será, no mínimo, a instauração deum clima pesado e antagonista na escola e, no limite, levará os professores para a cadeia. Sim, quem desobedecer à lei correrá o risco de ser acusado de abuso de autoridade e ficar sujeito a pena de até seis meses de prisão e afastamento do serviço público. Colocar essa espada de Dâmocles sobre a cabeça dos professores é acabar com o ensino. Afinal, todo conhecimento é socialmente construído e, portanto, a aventura humana, por definição, nunca é neutra ou isenta de valores. A saída é discutir e chegar a um consenso sobre o que precisa ser apresentado ao aluno, e não vigiar e punir.

O texto em tramitação na Câmara foi inspirado no movimento Escola sem Partido, criado em 2004 pelo advogado Miguel Najib, de 58 anos. “Ele expressa os mesmos preceitos, princípios e garantias constitucionais que defendemos”, diz Najib. O advogado fundou o movimento em decorrência de um episódio no qual sua filha, então com 15 anos, ouviu seu professor comparar Che Guevara a São Francisco de Assis. Indignado, Najib redigiu uma carta aberta ao professor, distribuiu cópias impressas no estacionamento da escola e começou sua campanha, que cresceu sob o impulso das redes sociais. Sua revolta originou-se de um motivo justo, mas levou à impressão equivocada de que as escolas brasileiras abrigam uma legião de professores dispostos a santificar Che Guevara – e certa onda espalhou-se pelo país. No Rio de Janeiro, o deputado estadual Flavio Bolsonaro (o clã inteiro abraçou a ideia com entusiasmo) entrou em ação em 2014 e levou à Assembleia um projeto próprio moldado no Escola sem Partido, que está parado na Comissão de Educação. “Temos mania de fazer lei para tudo, e isso engessa uma discussão que nasceu de uma preocupação real e necessária”, diz o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé. Em linhas gerais, o projeto que tramita na Câmara tem a declarada intenção de atacar dois demônios, a doutrinação e a educação sexual, e salvaguardar “os valores de ordem familiar” na educação moral e religiosa. Examinem-se com lupa os três pontos e suas implicações:

DOUTRINAÇÃO

Doutrinar é expor ideias e opiniões com o propósito de convencer o outro. A todo bom professor cabe estimular o confronto de ideias e o livre pensar, inclusive expressando seu ponto de vista, mas não catequizar – uma linha fina que exige discernimento constante. Quanto mais qualificado for um professor, menor a chance de postura equivocada. Não é o caso de impor leis nem de pregar cartazes na parede do colégio com os “deveres do professor” – basicamente, não falar nada de que os pais discordem -, como prevê um anexo ao projeto. As providências devem vir, isto sim, das várias esferas do ensino, a começar pela própria escola. “O debate entre professores e coordenadores precisa ser permanente”, diz Claudia Costin, do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV. O Pisa, exame internacional da OCDE que molda a educação dos melhores, defende para a sala de aula uma visão ampla dos fenômenos históricos e científicos e do enfrentamento do contraditório. Ou seja: ensinam-se motosserra e Greenpeace, Karl Marx e Adam Smith. Divergir é vital. E isso só acontece num ambiente de pluralidade de ideias.

EDUCAÇÃO SEXUAL

O projeto de lei em análise pelos deputados reza que o poder público “não se imiscuirá no processo de amadurecimento sexual dos alunos”. A motivação, aqui, é evitar que crianças sejam induzidas à homossexualidade, uma tese que, até agora, ajudou apenas a instalar um clima de pânico moral em certos bolsões. É óbvio que a escola não pode induzir determinado comportamento sexual – ainda que a ciência já tenha mostrado que ninguém é gay por “indução”. Na verdade, falar de sexo na escola é positivo e recomendável. A Organização Mundial da Saúde analisou mais de 1.000 relatórios sobre os efeitos da disciplina no comportamento de adolescentes e concluiu que, quanto mais informação de qualidade eles recebem, mais tarde iniciam a vida sexual. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do programa de estudos em sexualidade da Universidade de São Paulo, uma boa educação sobre o tema é ferramenta fundamental para reduzir a vulnerabilidade da criança à violência sexual. “E muito melhor que ela reconheça onde está o perigo do que não saber sequer identifica ­ lo”, afirma. Na Alemanha, educação sexual na escola é lei desde os primeiros anos, e os pais que impedirem os filhos de frequentar as aulas podem ser presos. Na conservadora Coreia do Sul, país com excelente desempenho no Pisa, o assunto ainda é tabu, mas há um movimento em curso para implantar a educação sexual nas escolas.

RELIGIÃO E MORAL

Ao dar aos pais total controle sobre o conteúdo dessas duas disciplinas, dizem os especialistas, o projeto do pastor Santana fere princípios constitucionais, por limitar o livre desenvolvimento do pensamento. “Em uma escola com 1.000 alunos pode haver 500 posições familiares diferentes. Quem vai decidir o que será ensinado?”, pergunta o educador Eduardo Mortimer, da Universidade Federal de Minas Gerais. Uma regulamentação nessa linha abre brecha para desatinos como ensinar ao mesmo tempo o criacionismo – profissão de fé que sustenta que o mundo foi criado tal qual está no livro do Gênesis – e a teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin. A ideia foi defendida recentemente pelo general Aléssio Ribeiro Souto, assessor de Bolsonaro para a educação, de quem também já se ouviu que toda a bibliografia escolar precisa ser revista para remover livros de “conteúdo impróprio”. Ele se referia à história do regime militar instaurado em 1964.

As medidas que o Congresso ainda nem votou já produzem excessos e insegurança no meio escolar. A insistência do presidente eleito em apontar baterias contra Paulo Freire (1921-1997) é um exemplo. Freire era um pedagogo (de esquerda) que se tornou referência internacional ao criar e disseminar um método de ensino, a “pedagogia do oprimido”, que ajudou a reduzir as taxas de analfabetismo em vários países. “Vou expulsar a filosofia de Paulo Freire” das escolas, disse Bolsonaro. “Paulo Freire surgiu nos anos 1950, em uma realidade completamente diferente da atual. Pode estar ultrapassado, mas nem por isso precisa ser banido”, pondera Italo Curcio, coordenador do curso de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A fúria tem produzido efeitos constrangedores. Em Santa Catarina, a recém-eleita deputada estadual Ana Caroline Campagnolo, do PSL de Bolsonaro, que pratica tiro ao alvo nas horas vagas, foi às redes sociais pedir a alunos que filmem e denunciem “professores doutrinadores”. Uma carta sem autoria definida distribuída no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco anunciou que “doutrinadores esquerdistas serão banidos em 2019” (os doutrinadores direitistas, pelo jeito, tudo bem). Pressionada por pais de alunos, a direção do Colégio Santo Agostinho, um dos mais tradicionais do Rio, tirou da lista de leituras Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, romance em que um personagem perseguido pela ditadura foge do país.

Na semana passada, a prova do Enem produziu o mesmo calor devido a duas questões. “A prova parecia ter sido feita pelo PT”, denunciaram. Maria Inês Fini, presidente do lnep, órgão responsável pelo exame, aprovou o teste – e olha que ela estava cotada para assumir o Ministério da Educação de Bolsonaro. “Subestima-se a capacidade do jovem de compreender a diversidade de ideias e autores”, desabafou um alto integrante do ministério diante das críticas. “A escola não deve ser sem partido. Deve ser de todos os partidos.”

A discussão sobre doutrinação nas escolas chegou ao Supremo Tribunal Federal, que vai analisar, no fim deste mês, uma ação de inconstitucionalidade de uma lei nos moldes do projeto do pastor Santana. A lei foi aprovada em Alagoas e suspensa por uma liminar do ministro Luís Roberto Barroso. “Pais não podem pretender limitar o universo informacional de seus filhos ou impor à escola que não veicule conteúdo com o qual não estejam de acordo”, escreveu Barroso em seu parecer. O mundo é diverso em múltiplos aspectos – do étnico ao sexual, do político ao religioso – e a escola é o lugar adequado para que essa diversidade seja discutida livremente. No Brasil que se equilibra na crista de uma onda conservadora, pede-se que a voz da razão e da amplitude de ideias prevaleça. A melhor escola ainda é a que faz pensar – sem proselitismo.

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 O PROBLEMA É OUTRO

Quem se dispuser a sair à caça de livros doutrinários nas escolas públicas brasileiras terá um empecilho crucial, mas não exatamente uma surpresa: em 18,9% das unidades das redes estaduais de ensino fundamental e em 61,1% das municipais não há biblioteca (ou mesmo uma simples sala de leitura).

Tais números, recentemente divulgados pelo Ministério da Educação, são espantosos – ou deveriam ser, em qualquer discussão sobrea qualidade da educação oferecida pelo governo. Quem se lembra, porém, de ter ouvido discursos inflamados ou visto posts nas redes sociais de parlamentares a respeito da escola sem livro, sem aula, sem instalações adequadas, sem quase nada?

Tornem-se apenas as instituições de ensino fundamental comandadas pelos municípios, que em geral apresentam as maiores deficiências. Somente 28,6% delas possuem quadras de esportes, e o número de parquinhos chega a escassos 14,3%. Pouco mais da metade (52,6%) tem internet. Os colégios voltados ao ensino médio apresentam índices melhores, mas ainda assim desoladores para alunos que deveriam estar se preparando para o Enem e o vestibular. Laboratórios de ciências são realidade em 28,2% das escolas municipais e em 39,2% das estaduais. Como os estudantes podem competir em condições razoáveis nos processos seletivos de boas universidades? “O ambiente, por si só, pode ser educador”, ressalva Neide de Aquino Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP. “A responsabilidade não é só do governo. Há gestores sem recursos que conseguem desenvolver brinquedotecas lindas fazendo parcerias com a comunidade.”

No plano geral, contudo, a deficiência é a regra atávica. Um caso recente, símbolo de todo o restante, é o da escola estadual paraibana Antônio Pessoa, em João Pessoa. A reforma do prédio seria uma boa notícia, mas as aulas estão paralisadas há dois meses devido às obras. Na semana que vem as atividades serão retomadas, mas em outro endereço. Até lá, não há professor presente para ensinar – quanto mais para ser filmado.

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GESTÃO E CARREIRA

COMO ENGAJAR O CANDIDATO NA ETAPA PRESENCIAL DO PROCESSO SELETIVO

As empresas precisam ser atraentes em todos os momentos – desde a hora de mostrar os atributos da marca e as informações da vaga, até o momento de contratação.

como engajar o candidato na etapa presencial do processo seletivo

Nos dias atuais ainda observamos que muitos recrutadores encontram dificuldades na hora de ter um alto índice de candidatos presentes, seja nas etapas de dinâmica de grupo ou entrevistas presenciais. Para auxiliar a área de recursos humanos das empresas, levantei algumas dicas que podem apoiar no momento da convocação dos selecionados para os processos seletivos.

 O ENGAJAMENTO DO PÚBLICO CONTINUA APÓS O PERÍODO DE INSCRIÇÕES DA VAGA

As empresas precisam ser atraentes em todos os momentos – desde a hora de mostrar os atributos da marca e as informações da vaga, até o momento de contratação dos próximos profissionais que entrarão na empresa. Por muitas vezes, alguns candidatos desistem de participar das etapas seguintes dos processos seletivos por não se sentirem 100% atraídos.

 PROGRAME A CONVOCAÇÃO COM ALGUNS DIAS DE ANTECEDÊNCIA

Um candidato pode participar simultaneamente de mais de um processo seletivo, então para que possa se programar e comparecer é importante avisar com cerca de três dias de antecedência, para que o mesmo possa se organizar e evitar faltar. Muitas vezes os candidatos têm interesse em participar, mas terão que fazer algumas escolhas se tiver mais de um compromisso previsto para o mesmo dia.

O MODO DE ENTRAR EM CONTATO COM OS SELECIONADOS

Hoje em dia, a melhor forma de entrar em contato com os candidatos é por meio de e-mail para comunicar a aprovação para a etapa seguinte. Ações complementares como telefonema e envio de SMS/WhatsApp são bem-vindos para reforçar data, horário e local da avaliação para os candidatos.

SE FOR LIGAR, PENSE NOS MELHORES HORÁRIOS

De acordo com o perfil que sua empresa busca, se for um estagiário é importante atentar-se ao melhor horário para entrar em contato. Por exemplo: se for um universitário que estuda no período da manhã, programe um telefonema para o período da tarde e caso não atenda uma vez, não desista de cara do candidato: dê mais uma chance e retorne à ligação dentro de algumas horas.

Ainda sobre o telefonema, seja claro e tenha total entendimento sobre a vaga em questão. Muitas vezes os candidatos podem ter dúvidas e quanto mais precisão nas suas respostas, mais seguro e convencido ele se sentirá para comparecer em sua avaliação presencial.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 38-42 – PARTE II

Alimento diário - Comendo a Bíblia

O Sepultamento de Cristo

 

II – A preparação das especiarias, v. 39. Isto foi feito por Nicodemos, outra pessoa de qualidade, e em função pública. Ele trouxe “um composto de mirra e aloés”, que alguns pensam que eram ingredientes amargos, para preservar o corpo, e outros julgam que eram fragrantes, para perfumar o corpo. Aqui temos:

1. O caráter de Nicodemos, que é muito parecido com o de José. Ele era um amigo secreto de Cristo, embora não fosse seu seguidor constante. A princípio, ele fora ter com Jesus à noite, mas agora o reconhecia publicamente, como antes, cap. 7.50,51. Aquela graça que, a princípio, é como uma cana quebrada, pode, posteriormente, se tornar como um cedro resistente, e o carneiro trêmulo pode se tornar intrépido como o leão. Veja Romanos 14.4. E um mistério que José e Nicodemos, homens tão importantes, não aparecessem antes, solicitando a Pilatos que não condenasse a Cristo, especialmente vendo-o tão pouco disposto a fazê-lo. Implorar pela sua vida teria sido um serviço mais nobre do que implorar pelo seu corpo. Mas Cristo não desejaria que nenhum dos seus amigos se esforçasse para evitar sua morte, quando sua hora já era chegada. Enquanto seus perseguidores estavam permitindo o cumprimento das Escrituras, seus seguidores não deviam impedi-lo.

2. A generosidade de Nicodemos, que foi considerável, embora de natureza diferente. José serviu a Cristo com sua influência, Nicodemos, com sua bolsa. Eles provavelmente tinham combinado que, enquanto um deles estava obtendo a permissão, o outro devia preparar as especiarias, e isto para poupar tempo, porque o tempo era curto. Mas, por que eles se preocuparam tanto com o corpo de Cristo?

(1) Alguns pensam que podemos ver nisto a fraqueza da sua fé. Uma crença forte na ressurreição de Cristo, no terceiro dia, teria lhes poupado esta preocupação e este custo, e teria sido mais aceitável do que todas as especiarias. Realmente, aqueles corpos para os quais o sepulcro será uma morada por muito tempo, precisam ser protegidos de um modo conveniente. Mas, que necessidade tinha de tal acessório para o sepulcro alguém que, como um viajante, apenas se hospedaria dentro dele, para passar somente uma ou duas noites?

(2) No entanto, nós podemos ver nisto claramente a força do seu amor. Com isto, eles mostraram o valor que davam à pessoa e à doutrina de Cristo, e que não foi diminuído pela desonra da cruz. Aqueles que tinham sido tão aplicados em profanar sua coroa, e fazer cair ao chão sua honra, já podiam ver que tinham imaginado uma coisa inútil, pois, se Deus o tinha honrado nos seus sofrimentos, também os homens, até mesmo os grandes homens, o fariam. Eles mostraram não somente o respeito caridoso de entregar seu corpo à terra, mas o respeito honorável mostrado a grandes homens. Eles podiam agir deste modo, e ainda crer e esperar pela sua ressurreição. Na verdade, isto eles podiam fazer, na crença e expectativa da sua ressurreição. Como Deus designava honra para seu corpo, eles lhe confeririam honra. No entanto, nós devemos cumprir nossos deveres conforme o dia e as oportunidades, deixando que Deus cumpra suas promessas à sua própria maneira, e no seu próprio tempo.

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