PAVIO CURTO PODE SER DISTÚRBIO
Transtorno explosivo intermitente decorre de um descontrole emocional que provoca, como consequência, um comportamento extremamente agressivo.
Começo este texto convidando o leitor, seja ele profissional da área da saúde, possível portador ou familiar, a se despir de avaliações pré-estabelecidas tanto a respeito do comportamento agressivo quanto sobre a necessidade de rotularmos todo e qualquer comportamento desadaptativo. Digo isso em virtude dos inúmeros comentários expressos a respeito do transtorno explosivo intermitente, que denotam total falta de conhecimento, gerando preconceito e dificultando o acesso à informação daqueles que sofrem direta ou indiretamente com esse transtorno – e suas consequências.
É fato que a agressividade pode ser sintoma de diversos transtornos, como também pode se manifestar de forma gratuita, sem qualquer justificativa. Porém, é importante que à medida que novos estudos e pesquisas a respeito do comportamento compulsivo agressivo nos possibilitem maior entendimento dessas atitudes, possamos refletir e avaliar a probabilidade de certas pessoas e seus familiares serem beneficiados com os avanços que o conhecimento nos proporciona.
As pessoas portadoras do transtorno explosivo intermitente sofrem intensamente com uma angústia que lhes parece impossível de solucionar. Por serem pessoas empáticas, afetivas, com grande senso de justiça sabem, em seu íntimo, que são boas pessoas. Porém, isso não é suficiente para que possam gerenciar seus sentimentos de raiva descontrolada, impulsiva, e em muitos casos avassaladora, e coloquem em risco relações afetivas de muito valor emocional.
Muitas dessas pessoas, ao entenderem que seu comportamento impulsivo agressivo pode ter uma explicação e que, além disso, é possível se tratar e gerenciar sua vida de maneira mais adaptativa, expressam enorme sensação de alívio. Para outras, o caminho para o lado saudável da vida pode ser um pouco mais difícil; em muitos casos recusam-se a aceitar o diagnóstico em função do preconceito gerado pela falta de informação adequada e assertiva. Rebelam-se pelo medo que ainda hoje ronda as doenças psíquicas. Com essas pessoas é necessário adotar assertividade na transmissão da informação. Uma maneira que pode ter um bom efeito é abordar o possível portador iniciando uma conversa que ressalte suas qualidades, que lhe garanta a sensação do afeto e continência e, só então, trazer o assunto – apenas informe que existe a possibilidade de uma explicação científica para seus comportamentos impulsivos. Deixe a pessoa à vontade, não a pressione, não questione, entenda que cada um de nós tem um tempo interno que precisa ser respeitado.
CONHECENDO O TEI
O transtorno explosivo intermitente (TEI) é, basicamente, um ato incontrolável de impulsividade que, na maioria das vezes, resulta em comportamento agressivo e prejudicial para a pessoa que sofre do transtorno, e, em muitos casos, acarreta prejuízos significativos no âmbito social, familiar e profissional. É importante frisar que a força que impulsiona o paciente a agir é maior que a sua consciência, ou seja, mesmo que haja uma reprovação interna sobre seus atos, ele não tem capacidade de controlá-los no momento em que está tendo um ataque explosivo.
No século XIX, o psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) descreveu pela primeira vez os impulsos agressivos e sistematizou o conceito como “insanidade parcial”, por estarem relacionados a atos inconscientes. Ou seja, o autor afirmava que o doente é impulsionado por uma força incontrolável, um impulso cego, que a vontade não tem forças para reprimir. Esquirol considerou a possibilidade de esses atos resultarem em atitudes criminosas, mas, segundo sua compreensão, esses indivíduos deveriam ser entendidos como doentes e receber tratamento médico e psicológico, e não punição.
De acordo com McElroy, as pesquisas revelam que os episódios de raiva ocorrem de forma repentina e duram, em média, de 20 a 30 minutos. Quando em crise, o paciente sofre efeitos físicos, como tremor, taquicardia, aumento de tensão, formigamento, sudorese, que, acompanhados pelos pensamentos de raiva, desencadeiam o chamado “pico de adrenalina” que é o comportamento impulsivo-agressivo. A resposta imediata desses pacientes após o surto de raiva é o sentimento de alívio e de que suas atitudes foram, a princípio, legítimas. Um tempo depois, são assolados pelo remorso: sentem vergonha, tristeza, arrependimento, culpa e um forte senso de inadequação. Para que se possa considerar um possível diagnóstico de TEI, as explosões devem ocorrer cerca de duas vezes por semana, por pelo menos três meses.
A atual descrição do DSM-5 (APA, 2014) classifica os critérios para TEI de forma qualitativa e quantitativa. No que diz respeito à forma qualitativa, especifica as explosões de raiva como mais severas quando resultam em danos ou destruição de propriedades/ objetos e/ ou lesões físicas a pessoas/ animais, e as considera menos severas quando não causam lesão, destruição ou danos. Sendo assim, podemos ter um diagnóstico de TEI em que as agressões físicas podem ser tanto de baixa severidade com alta frequência como de alta severidade com baixa frequência – e suas variantes.
DIFERENÇA
Existe uma grande diferença entre uma pessoa que sofre de TEI e aquelas popularmente conhecidas como “pessoas de pavio curto”. As últimas são pessoas comuns que, quando sofrem certos tipos de provocação, acabam por perder a paciência e reagir àqueles estímulos de forma agressiva, intencionalmente. Apesar de terem consciência de que sua reação por vezes é manifesta de forma exagerada, permanecem repetindo esse padrão de comportamento. Essas pessoas podem ser mais irritadas, impacientes, nervosas, reagirem de forma malcriada ou violenta e não se arrependerem, pelo contrário, sentirem-se seguras de que sua atitude é coerente. Existem também aqueles indivíduos que premeditam a ação agressiva como forma de vingança, retaliação ou necessidade de “fazer justiça”. Ao contrário do anteriormente exposto, portadores de TEI têm reações exageradamente desproporcionais ao evento estressor e não têm capacidade de controlá-las, e apesar de no exato momento da explosão de raiva considerarem que estão certos, jamais premeditam seus atos, sempre se arrependem genuinamente e sentem muita vergonha e culpa.
Hoje já sabemos que fatores biológicos, ambientais, físicos e emocionais representam papéis importantes no desenvolvimento do TEI. Apesar de não haver estudos que comprovem uma causa específica para esse transtorno, muitos o relacionam a possíveis traumas de infância. Para Beck (Prisioners of Hate: the Cognitive Basis of Anger,Hostility,and Violence, 1999, Harper Collins Publishers), as pessoas que manifestam TEI apresentam crenças negativas que, muitas vezes, são decorrentes de atitudes cruéis imputadas aos pais. De acordo com a sua visão, o desenvolvimento da criança é permeado pela sensação de que as pessoas estão sempre contra ela e a atitude agressiva é uma maneira de minimizar o sentimento de menor valia. Assim sendo, essas crianças crescem entendendo que o comportamento dos outros justifica a sua agressividade.
É importante frisar (e ressaltar) que explosões de raiva são sintomas de diversos transtornos ou podem ser também manifestações ocasionais de perda de controle. Porém, o portador de TEI reage com o objetivo de afrontar alguma atitude ou situação que considera extremamente errada, de acordo com os seus valores – ou seja, ele é um “justiceiro”. Por sinal, essa é uma autoavaliação bem recorrente: muitos pacientes manifestam indignação frente a situações que consideram injustas e abusivas, o que torna a compreensão dos seus atos ainda mais difícil para si mesmo, à medida que entra em um conflito interno, pois de um lado se arrepende da forma como reagiu (agressivamente), porém, de outro lado, considera que a causa foi justa, já que o motivo justifica sua ação – como, por exemplo, partir para uma agressão física ou verbal ao se deparar com uma pessoa que estacionou na vaga para idosos, mesmo que o ato praticado pelo outro não tenha reflexo direto na sua vida. Sua avaliação é de que não sendo correto, não deve ser feito. Nesse momento ele não consegue considerar os tons de cinza: é preto no branco.
Através de estudos, é possível notar que o TEI tem seu início na infância ou na adolescência. Agressividade infantil não necessariamente é TEI, pois como já reiterado anteriormente pode ser sintoma de outras desordens emocionais ou apenas uma manifestação natural do desenvolvimento, mas deve ser sempre motivo de atenção quando se apresenta de forma persistente. O alerta vermelho para procurar ajuda profissional se dá quando as atitudes da criança ou do adolescente já estão afetando a qualidade de vida – dele e de terceiros.
O TEI pode ser diagnosticado a partir dos 6 anos e o ambiente familiar tem forte influência na manifestação do comportamento agressivo, visto que as crianças tendem a adotar padrões de interação social vividos no contexto familiar, reproduzindo-os também no ambiente escolar. Ou seja, o que ela aprende em casa replica em outras situações de seu cotidiano.
Consequentemente, o adolescente ou adulto diagnosticados trazem em seu histórico de vida evidências de prejuízo escolar, social, familiar e econômico, visto que seus comportamentos explosivos acabam por resultar em punições e restrições sociais. É preciso ressaltar: portadores de TEI são extremamente prejudicados por suas crises de agressividade, carregam consigo o peso, o sofrimento (dele e de sua família e amigos) e as consequências de seus impulsos agressivos. Por ser pouco conhecido e pouco estudado, ainda se trata de um transtorno difícil de diagnosticar e, muitas vezes, o diagnóstico ocorre tardiamente, quando o indivíduo já coleciona uma série de fracassos ao longo da vida. Isso por que há essa linha tênue entre o portador de TEI e a pessoa que reage de maneira agressiva e estressada no dia a dia.
BOA NOTÍCIA
A doença ainda é pouco estudada e pouco diagnosticada no Brasil, mas esse cenário, aos poucos, está mudando. A boa notícia é que os profissionais da área da saúde começam a considerar o TEI como hipótese diagnóstica e, assim, mais pacientes podem se beneficiar do tratamento. Ao receber o diagnóstico, a pessoa não só compreende por que reage dessa maneira desorganizada como também descobre que há tratamento e que esse tratamento tem excelentes resultados. Psicoterapias de diferentes orientações teóricas têm sido usadas no tratamento de transtornos agressivos, mas a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido apontada como a mais eficaz (Barkley, The efficacy of problem solving communication training alone, behavior manegement training alone and their combination for parente-adolescent conflict in teenagers with ADHD and ODD, 2001).
Para Lima e Wielenska (Terapia Comportamental-Cognitiva, Psicoterapias: Abordagens Atuais, p. 192-209, 1993), a abordagem da terapia cognitivo-comportamental dá grande ênfase aos pensamentos do paciente e à forma como ele interpreta o mundo, centrando-se nos seus problemas e objetivando que o paciente aprenda novas estratégias para gerenciar seus sentimentos. A metodologia conta com a cooperação paciente-terapeuta no planejamento da superação de problemas.
Aaron Beck (Terapia Cognitiva: Teoria e Prática, 1997) desenvolveu a TCC como uma psicoterapia breve, de tempo limitado, sessões estruturadas, que tem como propósito facilitar uma mudança cognitiva no paciente e, para isso, se utiliza de diversas técnicas. Esse modelo de terapia valoriza a colaboração e a participação ativa do paciente, orienta a identificação de situações-gatilho e crenças disfuncionais, foca em metas e dá ao paciente instrumentos para que tenha recursos e consiga atuar como seu próprio terapeuta. A TCC também enfatiza a prevenção de recaída.
Ao longo do tratamento, o paciente aprende a identificar situações-gatilho de estresse. Compreende que não existem emoções boas ou emoções ruins, emoções simplesmente existem e são incontroláveis – são resultado de nossas vivências individuais. A raiva é só mais uma delas, tão natural e instintiva quanto todas as outras. O seu gerenciamento sobre suas emoções é que pode ser bom ou ruim, ou seja, o problema não é o que o paciente sente, mas a forma como ele lida com isso. Percebe, então, que não conseguir expressar suas emoções de desagrado no momento em que o estresse ocorre é uma dificuldade que precisa ser superada para que não continue acumulando uma carga excessivamente negativa, que pode sair do controle quando ele menos espera.
Na compreensão dessa autora, é de extrema importância que o psicoterapeuta explique ao paciente sua forma de trabalho, abordagem psicológica a ser seguida durante o tratamento, quais os objetivos a serem alcançados e a importância da colaboração do paciente para o bom resultado do tratamento. Pesquisas científicas comprovam que técnicas de relaxamento apresentam bons resultados no gerenciamento da ansiedade, impulsividade e estresse, e essas importantes ferramentas quando utilizadas aumentam as chances de sucesso no tratamento. Particularmente, venho usando a hipnose (hipnoterapia cognitiva) como aliada no tratamento da ansiedade e impulsividade (presentes nos quadros de TEI) e com foco no manejo de imagens mentais, cenários, memórias, de modo a dar novos significados a esses aspectos.
Por fim, a participação da família no tratamento é extremamente desejada e deve ser estimulada. O vínculo terapêutico deve estar fortalecido tanto com o paciente quanto com os familiares. Existem dois tipos de pacientes: aqueles que procuram ajuda por conta própria e aqueles que são intimados pelos familiares a buscar tratamento. Ambos apresentam alto grau de sofrimento, sentem-se incompreendidos, acreditam que as pessoas nunca enxergam o seu lado da história. Ou seja, no momento em que o paciente chega ao consultório, o quadro, na maioria das vezes, já está muito avançado – pois o que leva o paciente a procurar ajuda são os desajustes ocorridos nas relações interpessoais.
Dessa forma, é comum haver cansaço, frustração, mágoa e até mesmo sentimento de raiva que permeia o núcleo familiar. Sempre que possível, é interessante que o terapeuta possa acolher e orientar a família desse paciente e, assim, promover a ressignificação do vínculo afetivo.
Como já visto, o quadro de TEI vem acompanhado de doenças como ansiedade e depressão e, por se tratar de um transtorno do impulso, em alguns casos a medicação deve ser avaliada como uma aliada ao tratamento. Quando necessária, a medicação é introduzida para otimizar o tratamento. Porém, sem o acompanhamento psicoterápico o paciente não alcançará todos os benefícios proporcionados pela terapia, que poderão conduzi-lo a uma melhor qualidade de vida.
ATENÇÃO ESPECIAL PARA A TEI
É importante atentar para o fato de que o TEI é a única categoria diagnóstica psiquiátrica em que a agressão fisica é um sintoma básico – e é o único que descreve transtornos agressivos não psicóticos e não bipolares (Lish; Kavoussi; Coccaro, Personality Characteristics of the Personality Disordered, p. 24-40,1996). Dessa forma.o diagnóstico do TEImereceumaatenção especial e secaracteriza como um diagnóstico de exclusão – não deve ser confundido com transtornos como o de personalidade borderline, bipolar, antissocial. TDAH (transtorno dedéficit de atenção com hiperatividade) e intoxicação por abuso de substilncias.
Nenhuma das características identificadas nos transtornos abaixo está presente no TEI.
Logo, se o paciente apresentar qualquer uma delas, deve ser automaticamente excluído do diagnóstico de transtorno explosivo intermitente.
DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO
BORDERLINE
Oscilação entre extremos de avaliação e idealização em todos os relacionamentos
Medo do abandono
Sensação decorrente de vazio Comportamentos suicidas ou parassuicidas
TDAH
Quadro deimpulsividade associado à dificuldade de atençck>, planejamento e organização
ANTISSOCIAL
Desconsideram e violam direitos dos outros
Enganosos
Manipuladores
Não experimentam sentimentos de remorso por suas atitudes agressivas atitudesagressivas premeditadas
BIPOLAR
Alteraçõescfclic asde humor
IDENTIFICAÇÂO DOS SINTOMAS QUE ESTÂO PRESENTES NA PESSOA PORTADORA DE TEI
1. Explosões comportamentais recorrentes representando uma falha em controlar impulsos agressivos, conforme manifestado por um dos seguintes aspectos:
1 – AGRESSÃO VERBAL: Acesso de raiva. injúrias, discussões ou agressões verbais.
2 – AGRESSÃO FÍSICA: Dirigida à propriedade. animais ou outros indivíduos, ocorrendo em uma média de duas vezes por semana. durante um período de três meses, a agressão física não resulta em danos ou destruição de propriedade, nem em lesões físicas em animais ou em outros indivíduos.
2 – Três explosões comportamentais envolvendo danos ou destruição de propriedade e/ou agressão física envolvendo lesões físicas contra animais ou outros indivíduos. ocorridas em um período de 12 meses.
1. A magnitude de agressividade expressada durante as explosões recorrentes é grosseiramente desproporcional em relação à provocação ou a quaisquer estressores psicossociais precipitantes.
2. As explosões de agressividade recorrentes não são premeditadas (ou seja, são impulsivas e/ou decorrentes de raiva) e não têm por finalidade atingir algum objetivo tangível (como dinheiro, poder e intimidação).
SINTOMAS RELATADOS CARACTERÍSTICOS DO PORTADOR DE TEI
Este quadro pretende facilitar uma melhor comi,>reensão dos sinais e sint0rnas que diferenciam o TEI de outros transtornos psíquicos:
ESQUIZOFRENIA:Apresenta comportamentos agressivos decorrentes de sintomas psicóticos. eomo alucinações e delírio
PSICOSE EMANIA:Nos episódios do tipo persecutório podem ocorrer sentimentos de raiva e aomportameAto impulsivo-agressivo
DELÍRIO: Alucinaçao, estado confusionoal agudo com presença de agitaçào motora, experiências emocionais intensas, podendo levar a comportamento agressivo
EPISÓDIOS MANÍACOS PRESENTES NO TRANSTORNO BIPOLAR: Nas fases de hipomania, são comuns episódios de irritabilidade e agressividade que se mantêm durante esse
período
TRANSTORNO DISRUPTIVO DA REGULAÇAO DO HUMOR: O paciente apresenta estado de humor persistentemente negativo (irritabilitdade, raiva) quase todos os dias entre explosões de agressividade impulsiva.
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÀO/HPERATIVlDADE: Dificuldade de atenção e concentração. geralmente são impulsivos e podem apresentar explosões de
agressividade compulsivas
DEMÊNCIAS: Perda progressiva da capacidade cognitiva e de planejamento, com enfraquecimento da memória, dificuldade de concentração, problemas com a linguagem que podem levar a comportamentos agressivos (Alzheimer, Parkinson)
DEPENDÊNCIA QUÍMICA: Alcool, cocaína e anfetaminas, que podem desencadear comportamentos agressivos
CONDIÇÃO ClÍNCA GERAL: Danos cerebrais severos e alguns tumores cerebrais podem desencadear comportamentos agressivos