PSICOLOGIA ANALÍTICA

PAVIO CURTO PODE SER DISTÚRBIO

Transtorno explosivo intermitente decorre de um descontrole emocional que provoca, como consequência, um comportamento extremamente agressivo.

Pavio curto pode ser distúrbio.

Começo este texto convidando o leitor, seja ele profissional da área da saúde, possível portador ou familiar, a se despir de avaliações pré-estabelecidas tanto a respeito do comportamento agressivo quanto sobre a necessidade de rotularmos todo e qualquer comportamento desadaptativo. Digo isso em virtude dos inúmeros comentários expressos a respeito do transtorno explosivo intermitente, que denotam total falta de conhecimento, gerando preconceito e dificultando o acesso à informação daqueles que sofrem direta ou indiretamente com esse transtorno – e suas consequências.

É fato que a agressividade pode ser sintoma de diversos transtornos, como também pode se manifestar de forma gratuita, sem qualquer justificativa. Porém, é importante que à medida que novos estudos e pesquisas a respeito do comportamento compulsivo agressivo nos possibilitem maior entendimento dessas atitudes, possamos refletir e avaliar a probabilidade de certas pessoas e seus familiares serem beneficiados com os avanços que o conhecimento nos proporciona.

As pessoas portadoras do transtorno explosivo intermitente sofrem intensamente com uma angústia que lhes parece impossível de solucionar. Por serem pessoas empáticas, afetivas, com grande senso de justiça sabem, em seu íntimo, que são boas pessoas. Porém, isso não é suficiente para que possam gerenciar seus sentimentos de raiva descontrolada, impulsiva, e em muitos casos avassaladora, e coloquem em risco relações afetivas de muito valor emocional.

Muitas dessas pessoas, ao entenderem que seu comportamento impulsivo agressivo pode ter uma explicação e que, além disso, é possível se tratar e gerenciar sua vida de maneira mais adaptativa, expressam enorme sensação de alívio. Para outras, o caminho para o lado saudável da vida pode ser um pouco mais difícil; em muitos casos recusam-se a aceitar o diagnóstico em função do preconceito gerado pela falta de informação adequada e assertiva. Rebelam-se pelo medo que ainda hoje ronda as doenças psíquicas. Com essas pessoas é necessário adotar assertividade na transmissão da informação. Uma maneira que pode ter um bom efeito é abordar o possível portador iniciando uma conversa que ressalte suas qualidades, que lhe garanta a sensação do afeto e continência e, só então, trazer o assunto – apenas informe que existe a possibilidade de uma explicação científica para seus comportamentos impulsivos. Deixe a pessoa à vontade, não a pressione, não questione, entenda que cada um de nós tem um tempo interno que precisa ser respeitado.

CONHECENDO O TEI

O transtorno explosivo intermitente (TEI) é, basicamente, um ato incontrolável de impulsividade que, na maioria das vezes, resulta em comportamento agressivo e prejudicial para a pessoa que sofre do transtorno, e, em muitos casos, acarreta prejuízos significativos no âmbito social, familiar e profissional. É importante frisar que a força que impulsiona o paciente a agir é maior que a sua consciência, ou seja, mesmo que haja uma reprovação interna sobre seus atos, ele não tem capacidade de controlá-los no momento em que está tendo um ataque explosivo.

No século XIX, o psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) descreveu pela primeira vez os impulsos agressivos e sistematizou o conceito como “insanidade parcial”, por estarem relacionados a atos inconscientes. Ou seja, o autor afirmava que o doente é impulsionado por uma força incontrolável, um impulso cego, que a vontade não tem forças para reprimir. Esquirol considerou a possibilidade de esses atos resultarem em atitudes criminosas, mas, segundo sua compreensão, esses indivíduos deveriam ser entendidos como doentes e receber tratamento médico e psicológico, e não punição.

De acordo com McElroy, as pesquisas revelam que os episódios de raiva ocorrem de forma repentina e duram, em média, de 20 a 30 minutos. Quando em crise, o paciente sofre efeitos físicos, como tremor, taquicardia, aumento de tensão, formigamento, sudorese, que, acompanhados pelos pensamentos de raiva, desencadeiam o chamado “pico de adrenalina” que é o comportamento impulsivo-agressivo. A resposta imediata desses pacientes após o surto de raiva é o sentimento de alívio e de que suas atitudes foram, a princípio, legítimas. Um tempo depois, são assolados pelo remorso: sentem vergonha, tristeza, arrependimento, culpa e um forte senso de inadequação. Para que se possa considerar um possível diagnóstico de TEI, as explosões devem ocorrer cerca de duas vezes por semana, por pelo menos três meses.

A atual descrição do DSM-5 (APA, 2014) classifica os critérios para TEI de forma qualitativa e quantitativa. No que diz respeito à forma qualitativa, especifica as explosões de raiva como mais severas quando resultam em danos ou destruição de propriedades/ objetos e/ ou lesões físicas a pessoas/ animais, e as considera menos severas quando não causam lesão, destruição ou danos. Sendo assim, podemos ter um diagnóstico de TEI em que as agressões físicas podem ser tanto de baixa severidade com alta frequência como de alta severidade com baixa frequência – e suas variantes.

DIFERENÇA

Existe uma grande diferença entre uma pessoa que sofre de TEI e aquelas popularmente conhecidas como “pessoas de pavio curto”. As últimas são pessoas comuns que, quando sofrem certos tipos de provocação, acabam por perder a paciência e reagir àqueles estímulos de forma agressiva, intencionalmente. Apesar de terem consciência de que sua reação por vezes é manifesta de forma exagerada, permanecem repetindo esse padrão de comportamento. Essas pessoas podem ser mais irritadas, impacientes, nervosas, reagirem de forma malcriada ou violenta e não se arrependerem, pelo contrário, sentirem-se seguras de que sua atitude é coerente. Existem também aqueles indivíduos que premeditam a ação agressiva como forma de vingança, retaliação ou necessidade de “fazer justiça”. Ao contrário do anteriormente exposto, portadores de TEI têm reações exageradamente desproporcionais ao evento estressor e não têm capacidade de controlá-las, e apesar de no exato momento da explosão de raiva considerarem que estão certos, jamais premeditam seus atos, sempre se arrependem genuinamente e sentem muita vergonha e culpa.

Hoje já sabemos que fatores biológicos, ambientais, físicos e emocionais representam papéis importantes no desenvolvimento do TEI. Apesar de não haver estudos que comprovem uma causa específica para esse transtorno, muitos o relacionam a possíveis traumas de infância. Para Beck (Prisioners of Hate: the Cognitive Basis of Anger,Hostility,and Violence, 1999, Harper Collins Publishers), as pessoas que manifestam TEI apresentam crenças negativas que, muitas vezes, são decorrentes de atitudes cruéis imputadas aos pais. De acordo com a sua visão, o desenvolvimento da criança é permeado pela sensação de que as pessoas estão sempre contra ela e a atitude agressiva é uma maneira de minimizar o sentimento de menor valia. Assim sendo, essas crianças crescem entendendo que o comportamento dos outros justifica a sua agressividade.

É importante frisar (e ressaltar) que explosões de raiva são sintomas de diversos transtornos ou podem ser também manifestações ocasionais de perda de controle. Porém, o portador de TEI reage com o objetivo de afrontar alguma atitude ou situação que considera extremamente errada, de acordo com os seus valores – ou seja, ele é um “justiceiro”. Por sinal, essa é uma autoavaliação bem recorrente: muitos pacientes manifestam indignação frente a situações que consideram injustas e abusivas, o que torna a compreensão dos seus atos ainda mais difícil para si mesmo, à medida que entra em um conflito interno, pois de um lado se arrepende da forma como reagiu (agressivamente), porém, de outro lado, considera que a causa foi justa, já que o motivo justifica sua ação – como, por exemplo, partir para uma agressão física ou verbal ao se deparar com uma pessoa que estacionou na vaga para idosos, mesmo que o ato praticado pelo outro não tenha reflexo direto na sua vida. Sua avaliação é de que não sendo correto, não deve ser feito. Nesse momento ele não consegue considerar os tons de cinza: é preto no branco.

Através de estudos, é possível notar que o TEI tem seu início na infância ou na adolescência. Agressividade infantil não necessariamente é TEI, pois como já reiterado anteriormente pode ser sintoma de outras desordens emocionais ou apenas uma manifestação natural do desenvolvimento, mas deve ser sempre motivo de atenção quando se apresenta de forma persistente. O alerta vermelho para procurar ajuda profissional se dá quando as atitudes da criança ou do adolescente já estão afetando a qualidade de vida – dele e de terceiros.

O TEI pode ser diagnosticado a partir dos 6 anos e o ambiente familiar tem forte influência na manifestação do comportamento agressivo, visto que as crianças tendem a adotar padrões de interação social vividos no contexto familiar, reproduzindo-os também no ambiente escolar. Ou seja, o que ela aprende em casa replica em outras situações de seu cotidiano.

Consequentemente, o adolescente ou adulto diagnosticados trazem em seu histórico de vida evidências de prejuízo escolar, social, familiar e econômico, visto que seus comportamentos explosivos acabam por resultar em punições e restrições sociais. É preciso ressaltar: portadores de TEI são extremamente prejudicados por suas crises de agressividade, carregam consigo o peso, o sofrimento (dele e de sua família e amigos) e as consequências de seus impulsos agressivos. Por ser pouco conhecido e pouco estudado, ainda se trata de um transtorno difícil de diagnosticar e, muitas vezes, o diagnóstico ocorre tardiamente, quando o indivíduo já coleciona uma série de fracassos ao longo da vida. Isso por­ que há essa linha tênue entre o portador de TEI e a pessoa que reage de maneira agressiva e estressada no dia a dia.

BOA NOTÍCIA

A doença ainda é pouco estudada e pouco diagnosticada no Brasil, mas esse cenário, aos poucos, está mudando. A boa notícia é que os profissionais da área da saúde começam a considerar o TEI como hipótese diagnóstica e, assim, mais pacientes podem se beneficiar do tratamento. Ao receber o diagnóstico, a pessoa não só compreende por que reage dessa maneira desorganizada como também descobre que há tratamento e que esse tratamento tem excelentes resultados. Psicoterapias de diferentes orientações teóricas têm sido usadas no tratamento de transtornos agressivos, mas a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido apontada como a mais eficaz (Barkley, The efficacy of problem solving communication training alone, behavior manegement training alone and their combination for parente-adolescent conflict in teenagers with ADHD and ODD, 2001).

Para Lima e Wielenska (Terapia Comportamental-Cognitiva, Psicoterapias: Abordagens Atuais, p. 192-209, 1993), a abordagem da terapia cognitivo-comportamental dá grande ênfase aos pensamentos do paciente e à forma como ele interpreta o mundo, centrando-se nos seus problemas e objetivando que o paciente aprenda novas estratégias para gerenciar seus sentimentos. A metodologia conta com a cooperação paciente-terapeuta no planejamento da superação de problemas.

Aaron Beck (Terapia Cognitiva: Teoria e Prática, 1997) desenvolveu a TCC como uma psicoterapia breve, de tempo limitado, sessões estruturadas, que tem como propósito facilitar uma mudança cognitiva no paciente e, para isso, se utiliza de diversas técnicas. Esse modelo de terapia valoriza a colaboração e a participação ativa do paciente, orienta a identificação de situações-gatilho e crenças disfuncionais, foca em metas e dá ao paciente instrumentos para que tenha recursos e consiga atuar como seu próprio terapeuta. A TCC também enfatiza a prevenção de recaída.

Ao longo do tratamento, o paciente aprende a identificar situações-gatilho de estresse. Compreende que não existem emoções boas ou emoções ruins, emoções simplesmente existem e são incontroláveis – são resultado de nossas vivências individuais. A raiva é só mais uma delas, tão natural e instintiva quanto todas as outras. O seu gerenciamento sobre suas emoções é que pode ser bom ou ruim, ou seja, o problema não é o que o paciente sente, mas a forma como ele lida com isso. Percebe, então, que não conseguir expressar suas emoções de desagrado no momento em que o estresse ocorre é uma dificuldade que precisa ser superada para que não continue acumulando uma carga excessivamente negativa, que pode sair do controle quando ele menos espera.

Na compreensão dessa autora, é de extrema importância que o psicoterapeuta explique ao paciente sua forma de trabalho, abordagem psicológica a ser seguida durante o tratamento, quais os objetivos a serem alcançados e a importância da colaboração do paciente para o bom resultado do tratamento. Pesquisas científicas comprovam que técnicas de relaxamento apresentam bons resultados no gerenciamento da ansiedade, impulsividade e estresse, e essas importantes ferramentas quando utilizadas aumentam as chances de sucesso no tratamento. Particularmente, venho usando a hipnose (hipnoterapia cognitiva) como aliada no tratamento da ansiedade e impulsividade (presentes nos quadros de TEI) e com foco no manejo de imagens mentais, cenários, memórias, de modo a dar novos significados a esses aspectos.

Por fim, a participação da família no tratamento é extremamente desejada e deve ser estimulada. O vínculo terapêutico deve estar fortalecido tanto com o paciente quanto com os familiares. Existem dois tipos de pacientes: aqueles que procuram ajuda por conta própria e aqueles que são intimados pelos familiares a buscar tratamento. Ambos apresentam alto grau de sofrimento, sentem-se incompreendidos, acreditam que as pessoas nunca enxergam o seu lado da história. Ou seja, no momento em que o paciente chega ao consultório, o quadro, na maioria das vezes, já está muito avançado – pois o que leva o paciente a procurar ajuda são os desajustes ocorridos nas relações interpessoais.

Dessa forma, é comum haver cansaço, frustração, mágoa e até mesmo sentimento de raiva que permeia o núcleo familiar. Sempre que possível, é interessante que o terapeuta possa acolher e orientar a família desse paciente e, assim, promover a ressignificação do vínculo afetivo.

Como já visto, o quadro de TEI vem acompanhado de doenças como ansiedade e depressão e, por se tratar de um transtorno do impulso, em alguns casos a medicação deve ser avaliada como uma aliada ao tratamento. Quando necessária, a medicação é introduzida para otimizar o tratamento. Porém, sem o acompanhamento psicoterápico o paciente não alcançará todos os benefícios proporcionados pela terapia, que poderão conduzi-lo a uma melhor qualidade de vida.

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ATENÇÃO ESPECIAL PARA A TEI

É importante atentar para o fato de que o TEI é a única categoria diagnóstica psiquiátrica em que a agressão fisica é um sintoma básico – e é o único que descreve transtornos agressivos não psicóticos e não bipolares (Lish; Kavoussi; Coccaro, Personality Characteristics of the Personality Disordered, p. 24-40,1996). Dessa forma.o diagnóstico do TEImereceumaatenção especial e secaracteriza como um diagnóstico de exclusão – não deve ser confundido com transtornos como o de personalidade borderline, bipolar, antissocial. TDAH (transtorno dedéficit de atenção com hiperatividade) e intoxicação por abuso de substilncias.

Nenhuma das características identificadas nos transtornos abaixo está presente no TEI.
Logo, se o paciente apresentar qualquer uma delas, deve ser automaticamente excluído do diagnóstico de transtorno explosivo intermitente.

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DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO

BORDERLINE

Oscilação entre extremos de avaliação e idealização em todos os relacionamentos

Medo do abandono

Sensação decorrente de vazio Comportamentos suicidas ou parassuicidas

TDAH

Quadro deimpulsividade associado à dificuldade de atençck>, planejamento e organização

ANTISSOCIAL

Desconsideram e violam direitos dos outros

Enganosos

Manipuladores

Não experimentam sentimentos de remorso por suas atitudes agressivas atitudesagressivas  premeditadas

BIPOLAR

Alteraçõescfclic asde humor

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IDENTIFICAÇÂO DOS SINTOMAS QUE ESTÂO PRESENTES NA PESSOA PORTADORA DE TEI

1. Explosões comportamentais recorrentes representando uma falha em controlar impulsos agressivos, conforme manifestado por um dos seguintes aspectos:

1 – AGRESSÃO VERBAL: Acesso de raiva. injúrias, discussões ou agressões verbais.

2 – AGRESSÃO FÍSICA: Dirigida à propriedade. animais ou outros indivíduos, ocorrendo em uma média de duas vezes por semana. durante um período de três meses, a agressão física não resulta em danos ou destruição de propriedade, nem em lesões físicas em animais ou em outros indivíduos.

2 – Três explosões comportamentais envolvendo danos ou destruição de propriedade e/ou agressão física envolvendo lesões físicas contra animais ou outros indivíduos. ocorridas em um período de 12 meses.

1. A magnitude de agressividade expressada durante as explosões recorrentes é grosseiramente desproporcional em relação à provocação ou a quaisquer estressores psicossociais precipitantes.

2. As explosões de agressividade recorrentes não são premeditadas (ou seja, são impulsivas e/ou decorrentes de raiva) e não têm por finalidade atingir algum objetivo tangível (como dinheiro, poder e intimidação).

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SINTOMAS RELATADOS CARACTERÍSTICOS DO PORTADOR DE TEI

Este quadro pretende facilitar uma melhor comi,>reensão dos sinais e sint0rnas que diferenciam o TEI de outros transtornos psíquicos:

ESQUIZOFRENIA:Apresenta comportamentos agressivos decorrentes de sintomas psicóticos. eomo alucinações e delírio

PSICOSE EMANIA:Nos episódios do tipo persecutório podem ocorrer sentimentos de raiva e aomportameAto impulsivo-agressivo

DELÍRIO: Alucinaçao, estado confusionoal agudo com presença de agitaçào motora, experiências  emocionais intensas, podendo levar a comportamento agressivo

EPISÓDIOS MANÍACOS PRESENTES NO TRANSTORNO BIPOLAR: Nas fases de hipomania, são comuns episódios de irritabilidade e agressividade que se mantêm durante esse
período

TRANSTORNO DISRUPTIVO DA REGULAÇAO DO HUMOR: O paciente apresenta estado de humor persistentemente negativo (irritabilitdade, raiva) quase todos os dias entre explosões de agressividade impulsiva.

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÀO/HPERATIVlDADE: Dificuldade de atenção e concentração. geralmente são impulsivos e podem apresentar explosões de
agressividade compulsivas

DEMÊNCIAS: Perda progressiva da capacidade cognitiva e de planejamento, com enfraquecimento da memória, dificuldade de concentração, problemas com a linguagem que podem levar a comportamentos agressivos (Alzheimer, Parkinson)

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: Alcool, cocaína e anfetaminas, que podem desencadear comportamentos agressivos

CONDIÇÃO ClÍNCA GERAL: Danos cerebrais severos e alguns tumores cerebrais podem desencadear comportamentos agressivos

OUTROS OLHARES

A REVOLUÇÃO ANTICÂNCER

A Academia Sueca celebrou duas descobertas recentes que resultaram na criação da imunoterapia, o mais novo e espetacular tratamento contra a doença.

A revolução anticâncer.

Estamos vivendo momentos de genuína excitação nos raros anos em que a Academia Sueca oferece o Nobel de Medicina a técnicas descobertas há pouco tempo e, acima de tudo, já postas em prática e bem-sucedidas. Foi o caso da premiação dos imunologistas James P. Allison, de 70 anos, do MD Anderson Câncer Center, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e de Tasuku Honjo, de 76 anos, da Universidade de Kyoto, no Japão. No mês de outubro, a dupla foi celebrada por desenvolver, nos anos 1990 – outro dia, para os padrões do Nobel -, uma nova forma de combate ao câncer. É a chamada imunoterapia, procedimento que usa a capacidade das próprias células de defesa do organismo na luta contra o tumor.

A base da técnica premiada tem uma abordagem totalmente nova na oncologia. É um salto extraordinário e inventivo. Em vez de bloquear o crescimento do tumor, como fazem os outros tratamentos, a imunoterapia facilita a ação do sistema de defesa, uma rica orquestra composta de células e substâncias que ajudam o corpo a lidar com vírus, bactérias e outros invasores, para matar o câncer. O americano Allison estudou o funcionamento da proteína CTLA-4, e o japonês Honjo, o de uma outra proteína, a PD-1. Ambas, naturalmente produzidas pelo organismo, regulam a ação dos linfócitos T, os principais soldados do mecanismo imunológico contra invasores, tornando o organismo apto a combater as células de tumor.

Até hoje, foram desenvolvidos três remédios com base nas duas descobertas associadas ao Nobel deste ano: o ipilimumabe (Yervoy,) aprovado em 2011, onivolumabe (Opdivo) e o pembrolizumabe (Keytruda), estes liberados em 2014. Há também outros dois medicamentos que agem no sistema imunológico por meio de processos semelhantes. Estima-se que ao menos 100.000 pessoas já tenham se beneficiado da imunoterapia em todo o mundo. No Brasil, o tratamento ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Há planos de saúde privados que disponibilizam a terapia, que custa uma fortuna: em torno de 50.000 reais por mês. Os remédios imunoterápicos são usados em diversos tipos de câncer, como melanoma, pulmão, bexiga, fígado, estômago, linfoma, intestino, rim e cabeça e pescoço. Costumam ser indicados para pacientes em estágios mais avançados da doença que já tentaram outros caminhos, como a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia, mas sem sucesso. Diz Paulo Hoff, oncologista e presidente da oncologia da Rede D’Or: “O Prêmio Nobel reconheceu a velocidade, cada vez maior e mais interessante, da aplicação da ciência para o desenvolvimento de novos tratamentos eficientes e pouco tóxicos”.

Os medicamentos imunoterápicos têm se mostrado incrivelmente eficazes. Reduzem a taxa de mortalidade em 50% nos casos de câncer de pulmão metastático. Em algumas variedades de melanoma, chega-se a 60% de remissão. Contudo, eles não funcionam para todos os doentes da mesma forma. Dependendo do tipo de tumor, só agem em cerca de 30% das pessoas. O tempo de uso também varia para cada paciente. Em alguns, o tumor pode desaparecer por completo em dois meses, dando uma nova vida a pessoas que estavam desenganadas, sem perspectiva de tratamento. Em outros, o tratamento pode durar dois anos. Ou não funcionar. A instabilidade acontece por dois motivos. Um deles é o fato de o procedimento ter como base o complexo sistema imunológico. O segundo ponto: quando se trata de câncer, não há uma só via de ataque. E dificilmente haverá. Para o futuro próximo, esse que, já está aí, imagina-se a combinação de estratégias, de acordo com as características individuais dos tumores e do doente.

Por enquanto, os remédios imunoterápicos são usados separadamente ou com quimioterapia. Mas há estudos que mostram que a combinação entre eles é um atalho inexorável. Uma pesquisa publicada em agosto na revista científica New England Journal of Medicine revelou resultados empolgantes na combinação de dois imunoterápicos: prolongou a vidadas pessoas com um tipo de câncer gravíssimo que havia se espalhado para o cérebro. Um ano após o início do tratamento combinado, 82% dos doentes estavam vivos. Com as terapias tradicionais, só 20% dos pacientes nessa situação, em média, sobrevivem depois de doze meses. “Há uma estrada brilhante para esses novos remédios, e a tendência é que sejam usados também em pacientes com câncer em estágios mais iniciais”, diz Fernando Maluf, oncologista da BP Mirante e do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O câncer ainda é a segunda principal causa de morte em todo o mundo. Calcula-se que a doença será responsável por mais de 9 milhões de vítimas somente neste ano. No Brasil, a estimativa é de 243.000 casos fatais. O cenário já foi pior. Graças à criação dos recursos de diagnóstico precoce, à valorização dos hábitos saudáveis e, sobretudo, ao refinamento e à diversificação de medicações, a taxa de mortalidade por câncer entre homens e mulheres caiu 26% nas últimas duas décadas nos Estados Unidos. No caso de alguns tipos de tumor, como o de próstata, a evolução foi ainda mais extraordinária. Em 1960, 56% dos homens estavam vivos cinco anos após o diagnóstico de câncer de próstata. Hoje, a taxa é de 99%. Grande parte dos avanços está associada aos três tratamentos convencionais e plenamente estabelecidos: a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Essas estratégias continuam, sem dúvida, indispensáveis para a maioria dos tumores. Com a imunoterapia, vive-se uma quarta e revolucionária etapa.

O avanço mais espetacular na era pré-imunoterapia ocorreu com a chegada dos medicamentos chamados de terapia-alvo, uma quimioterapia direcionada, com menos efeitos colaterais. Com base no conhecimento das características genéticas do câncer, a terapia-alvo bloqueia o crescimento e a disseminação das células cancerígenas. O remédio que inaugurou essa classe foi o trastuzumabe (Herceptin), aprovado nos EUA em 1998 e considerado ainda hoje um grande feito no tratamento da doença. As cirurgias também estão mais precisas e os equipamentos de radioterapia, mais modernos.

Durante muito tempo, falou-se na cura do câncer, a bala de prata tão ambicionada. Há algum tempo não é mais o caso de buscar essa vitória final. Não se trata de curar o câncer, mas sim de preveni-lo e atacá-lo com rapidez e qualidade. Os avanços nas cirurgias, na quimioterapia e na radioterapia significaram grandes saltos – a imunoterapia, que o Nobel celebrou, é um voo cada vez mais promissor.

GESTÃO E CARREIRA

AQUILO QUE NOS DIFERENCIA

Conhecer a si mesmo garante melhores decisões profissionais.

Aquilo que nos diferencia

Acredito fortemente que tomamos as melhores decisões quando nos conhecemos de verdade. Já falei repetidas vezes da importância de descobrir e entender quais são seus valores de vida, propósitos e suas principais características, o que você faz bem e com facilidade e que outras pessoas não fazem. Também já mencionei que é interessante procurar saber como as pessoas te percebem, que marca é essa que você tem e que aparece quando elas pensam em você.

Buscar esse conhecimento sobre si próprio é importante porque nos leva a momentos mais eficientes na vida. Às vezes, as pessoas perdem muito tempo tentando desenvolver aquilo que não fazem bem apenas porque se acredita que é isso que o mercado de trabalho quer e precisa. Tomamos decisões sem considerar o que desejamos, ou sem saber quem realmente somos.

A verdade é que para construir uma carreira s6lida e feliz é preciso colocar força naquilo que te diferencia. Para ajudar nossa caminhada, sugiro que conheça a plataforma Bettha.com. Ela é gratuita e tem ferramentas muito atuais de autoconhecimento. Além de ajudar cada um a se conhecer melhor, também contribui para que o profissional se prepare para o mercado de trabalho. Como? Por meio de jornadas e missões com conteúdos de carreira, competências comportamentais e habilidades portáteis, importantes para toda e qualquer carreira.

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É importante lembrar também que só fazer boas escolhas na carreira não é suficiente. O mercado de trabalho exige uma evolução contínua e constante. Segundo pesquisas, uma habilidade adquirida hoje terá, em média, cinco anos de validade… Antigamente, esse prazo já foi muito maior. Outro ponto a ser levado em consideração é que os modelos educacionais tradicionais não dão conta dessa velocidade sozinhos, ou seja, precisam ser complementados com ferramentas e conteúdos que permitam individualizar o aprendizado e implementar em tempo real, conteúdos que desenvolvam as habilidades e competências que o mercado exige.

O objetivo do Bettha é possibilitar que o profissional conheça as carreiras, o seu estilo de trabalho e se desenvolva sempre, todo dia um pouquinho, seja no aspecto comportamental ou nas habilidades técnicas que o mercado espera do seu perfil. Além disso, ele pode ajudar cada profissional a construir um portfólio que vai muito além do currículo, pois cada assessment realizado e conteúdo assistido contam pontos e compõem esse perfil que as empresas podem acessar e conhecer.

Lembre-se: diferente do passado, hoje, o plano de carreira deve ser construído e gerido por cada um de nós.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19; 16-18

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é Condenado. A Crucificação

Aqui temos a sentença de morte proferida contra nosso Senhor Jesus, e a execução, que teve lugar pouco tempo depois. Pilatos tinha tido uma poderosa disputa consigo mesmo, entre suas convicções e suas corrupções. Mas, no final, suas convicções capitularam, e suas corrupções prevaleceram, o medo dos homens teve mais poder sobre ele do que o temor a Deus.

I – Pilatos proferiu a sentença contra Cristo, e assinou a autorização para sua execução, v. 16. Aqui podemos ver:

1. Como Pilatos assinou contra sua consciência: repetidas vezes ele tinha dito que Cristo era inocente, e ainda assim, no final, condenou-o como culpado. Desde que tinha chegado a ser governador, Pilatos, em muitas ocasiões, tinha desagradado e exasperado a nação judaica, pois era um homem de espírito arrogante e implacável, e extremamente dedicado ao que lhe agradava. Ele tinha se apropriado do Corbã, e o tinha gastado em uma fonte. Ele tinha trazido a Jerusalém escudos estampados com a imagem de César, o que era extremamente provocador aos judeus. Ele tinha sacrificado a vida de muitos pelas suas determinações. Temendo, portanto, que eles pudessem se queixar dele, por estas e outras insolências, ele estava desejoso de agradá-los. Isto torna o assunto muito pior. Se ele tivesse tido uma disposição tranquila, dócil e flexível, sua capitulação a uma corrente tão forte teria sido mais justificável. Mas para um homem que era tão voluntarioso, em outras coisas, e de uma determinação tão violenta, ser vencido em uma questão desta natureza mostra que ele era verdadeiramente um homem mau, que podia suportar melhor os erros da sua consciência do que a contradição aos seus desejos.

2. Como ele se empenhou para transferir a culpa aos judeus. Ele não o entregou aos seus próprios oficiais (como seria usual), mas aos acusadores, os principais dos sacerdotes e anciãos, justificando, assim, seu erro perante sua própria consciência com o fato de que se tratava somente de uma condenação permissiva, e que ele não condenou Cristo à morte, mas somente foi conivente com aqueles que o fizeram.

3. Como Cristo se fez pecado por nós. Nós merecíamos ter sido condenados, mas Cristo foi condenado em nosso lugar, para que não houvesse mais condenação alguma contra nós. Agora Deus estava entrando em um julgamento com seu Filho, para que não tivesse que entrar em julgamento com seus servos.

 

II – Mal tinha sido concluído o julgamento, e os acusadores, com toda a prontidão possível, tendo conseguido o que queriam, decidiram não perder tempo, para que não houvesse tempo de que Pilatos pudesse mudar de ideia, e ordenar um adiamento (os inimigos das nossas almas, os piores inimigos, são aqueles que nos conduzem ao pecado, e então não nos deixam espaço para podermos desfazer o que fizemos de errado), e também para que não houvesse um tumulto entre o povo, e pudessem encontrar um número de pessoas contrárias a eles maior do que tinham, com muitos artifícios, conseguido a seu favor. Seria bom, se nós conseguíssemos ser diligentes desta maneira naquilo que é bom, e não esperar mais dificuldades.

1. Eles imediatamente levaram o prisioneiro. Os principais dos sacerdotes lançaram-se avidamente sobre a presa que tinham esperado durante tanto tempo. Agora ela estava presa na sua rede. Ou eles, isto é, os soldados que deviam auxiliar na execução, o tomaram e levaram, não ao lugar de onde Ele tinha vindo, e dali, ao lugar de execução, como é usual entre nós, mas direta­ mente ao lugar de execução. Tanto os sacerdotes quanto os soldados o levaram, juntos. Agora o Filho do Homem estava entregue nas mãos dos homens, homens maus e irracionais. Segundo a lei de Moisés (e nas apelações, na nossa lei), os acusadores deveriam ser os executores, Deuteronômio 17.7. E aqui os sacerdotes estavam orgulhosos desta função. O fato de que Ele fosse levado não sugere que Ele tenha feito nenhuma oposição, mas as Escrituras deviam cumprir-se: “Foi levado como a ovelha para o matadouro”, Atos 8.32. Nós merecíamos ter sido levados com os que praticam a maldade, como criminosos à execução, Salmos 125.5. Mas Ele foi levado em nosso lugar, para que pudéssemos escapar.

2. Para aumentar a desgraça de Jesus, eles o obrigaram, enquanto Ele foi capaz, a carregar sua cruz (v.17), conforme o costume entre os romanos. Aqui Furcifer era, entre eles, uma palavra de censura. Suas cruzes não ficavam erguidas permanentemente, como ficam nossas forcas nos locais de execução, porque o malfeitor era pregado à cruz enquanto ela estava estendida no chão, e então era erguida e presa à terra, e removida depois de terminada a execução, e normalmente sepultada com o corpo. De modo que qualquer pessoa que fosse crucificada tinha sua própria cruz. O fato de que Cristo carregasse sua cruz pode ser considerado:

(1) Como parte dos seus sofrimentos. Ele literalmente suportou a cruz. Era necessário um pedaço de madeira longo e espesso para tal uso, e alguns pensam que ele nunca deve ter sido polido nem cortado. O bendito corpo do Senhor Jesus talvez não estivesse acostumado a tais cargas. Somente recentemente, Ele tinha sofrido tantos golpes, sentindo-se exaurido. Seus ombros doíam pelas chibatadas que lhe tinham desferido. Cada balanço da cruz iria renovar sua dor lancinante, e possivelmente enterraria na sua cabeça os espinhos com que o tinham coroado. Mas tudo isto Ele suportou pacientemente, e isto foi apenas o início dos sofrimentos.

(2) Como resposta ao tipo que tinha vindo antes dele. Quando ia ser oferecido, Isaque carregou a madeira à qual ele deveria ser amarrado, e na qual deveria ser queimado.

(3) Como muito representativo da sua missão, tendo o Pai feito “cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Isaias 53.6), e “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro”, 1 Pedro 2.24. Ele tinha dito, na verdade: Sobre mim seja tua maldição, pois Ele se fez pecado por nós, e, portanto, a cruz deve­ ria estar sobre Ele.

(4) Como muito instrutivo para nós. Nosso Mestre, com isto, ensinou todos os seus discípulos a tomarem sua cruz, e segui-lo. Seja qual for a cruz que Ele nos chama para levar, em qualquer ocasião, devemos nos lembrar de que Ele suportou a cruz antes de nós. E, suportando-a por nós, Ele a retira de nós, em grande medida, pois assim torna seu jugo suave, e seu fardo, leve. Ele suportou a extremidade da cruz que tinha a maldição sobre si, a extremidade pesada, e, desta maneira, todos os que são seus podem considerar leves e momentâneas as aflições que suportam por amor a Ele.

3. Eles o levaram ao local da execução: Ele foi, não arrastado, contra sua vontade, mas voluntário nos seus sofrimentos. Ele saiu da cidade, pois foi crucificado fora da porta, Hebreus 13.12. E, para acrescentar maior infâmia aos seus sofrimentos, Ele foi levado ao lugar comum de execução, como um entre os muitos que foram contados como transgressores, um lugar chamado Gólgota, o lugar da Caveira, onde eles jogavam os esqueletos e caveiras dos mortos, ou onde eram deixadas as cabeças dos malfeitores decapitados – um lugar cerimonialmente impuro. Ali Cristo sofreu, porque se fez pecado por nós, para que pudesse purificar nossas consciências de obras mortas, e da sua contaminação. Se alguém de­ seja prestar atenção às tradições dos anciãos, há duas que são mencionadas, por muitos dos autores antigos, a respeito deste lugar:

(1) Que Adão foi sepultado aqui, e que este era o local da sua caveira, e eles observam que onde a morte triunfou sobre o primeiro Adão, aqui o segundo Adão triunfou sobre ela. Gerhard cita, para esta tradição, Orígenes, Cipriano, Epifânio, Austin, Jerônimo, e outros.

(2) Que este era o monte, na terra de Moriá, no qual Abraão ofereceu Isaque. O local onde Isaque foi resgatado pelo cordeiro.

4. Ali eles o crucificaram, e os outros malfeitores com Ele (v. 18): ali foi o lugar “onde o crucificaram”. Observe:

(1) A morte que Cristo teve. A morte na cruz, uma morte sangrenta, dolorosa, vergonhosa, uma morte maldita. Ele foi pregado à cruz, como um sacrifício atado sobre o altar, como um Salvador que está com sua atenção completa­ mente fixa na sua missão. Seus ouvidos estão atentos à voz de Deus, o Pai, para servi-lo para sempre. Ele foi levanta­ do, como a serpente de metal, suspenso entre o céu e a terra, porque nós éramos indignos de ambos, e fomos abando­ nados por ambos. Suas mãos estavam estendidas para nos convidar e abraçar. Ele ficou suspenso cerca de três horas, morrendo gradativamente no uso pleno de razão e fala, para que pudesse, verdadeiramente, resignar-se a ser um sacrifício.

(2) Com quem ele morreu: “E, com ele, outros dois”. Provavelmente, estes não teriam sido executados nesta ocasião, mas a pedido dos principais dos sacerdotes, para aumentar a desonra do nosso Senhor Jesus, o que pode ser a razão pela qual um deles o insultou, porque sua morte foi apressada por causa dele. Se eles tivessem tomado dois dos seus discípulos, e os tivessem crucificado com Ele, isto teria sido uma honra para Ele. Mas, se estes ti­ vessem participado do sofrimento com Ele, isto teria sido considerado como se eles tivessem participado da expiação com Ele. Portanto, foi ordenado que estes companheiros de sofrimento fossem os piores pecadores, para que Ele pudesse suportar nossa desonra, e para que o mérito pudesse ser só seu. Isto o expôs ao ódio e ao desprezo das pessoas, que são capazes de julgar as pessoas em conjunto, e não têm curiosidade para distinguir, e concluíram que não somente Ele era um malfeitor, porque compartilhou o jugo com malfeitores, mas que Ele era o pior dos três, porque foi colocado no meio. Porém, assim a Escritura se cumpriu: “Com os malfeitores foi contado”. Ele não morreu no altar, entre os sacrifícios, nem misturou seu sangue com o de bois e bodes, mas morreu entre os criminosos, e misturou seu sangue com o daqueles que eram sacrificados em nome da justiça pública.

E agora, façamos uma pausa, e com os olhos da fé, olhemos para Jesus. Houve alguma tristeza como a sua? Veja aquele que estava vestido de glória, despido de toda ela, e vestido de vergonha, aquele que era o louvor dos anjos, tornado o opróbrio dos homens, aquele que tinha estado com prazer e alegria eternos no seio do seu Pai, agora nos extremos de dor e agonia. Veja-o sangrando, veja-o sofrendo, veja-o morrendo, veja-o e ame-o, ame-o e viva para Ele, e investigue o serviço que devemos fazer.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

A SABEDORIA DA CONVIVÊNCIA

O grande desafio de relacionamento com as chamadas pessoas difíceis na família ou ambiente de trabalho é, inquestionavelmente, uma das reclamações mais frequentes nos settings terapêuticos   atualmente.

A sabedoria da convivência

Como lidar com um parceiro difícil, que leva a vida de forma completamente diferente da sua e torna seus dias pesados e desgastantes por sua insatisfação constante, cara feia, críticas frequentes, comportamentos inadequados ou discussões sem fim? E um filho que, em algum momento da sua vida, faz parecer que tudo se tornou um completo caos sem possibilidade de saída ou resolução?

Imaginem como deve ser ter um chefe ou colega de trabalho difícil, que torna o ambiente hostil e estressante, levando setores inteiros a adoecer, desanimar ou a entrar em atritos constantes, gerando inclusive baixa na produtividade da empresa e na qualidade de vida dos funcionários daquela equipe.

A dificuldade de relacionamento com pessoas difíceis é, incontestavelmente, uma das queixas mais frequentes nos settings terapêuticos atualmente. Independentemente da abordagem de trabalho, constatamos hoje que não só terapeutas, mas diversas formas de prestadores de serviço ao próximo, inclusive instituições religiosas, recebem massivamente inúmeras pessoas queixando-se do alto nível de dor emocional, psicológica ou até mesmo física proveniente da manutenção de relações adoecidas ou destrutivas com pessoas que julgam serem difíceis de lidar.

Esse tipo de relação a médio ou longo prazo pode causar prejuízos das mais diversas formas aos envolvidos. Desde questões emocionais e psicológicas, como baixa estima, tristeza, intolerância ou raiva como quadros graves, tanto de distúrbios psiquiátricos severos como crises de ansiedade ou depressão, até doenças físicas desencadeadas por essa carga emocional e mental duradoura e persistente.

O mais difícil é conseguir tomar uma decisão satisfatória que pondere equilibradamente o lado racional que nos impele a nos preservar, evitando a causa de tanta dor e perturbação, e o lado emocional, que envolve o sentimento que nos mantém naquela relação difícil ou a necessidade de se manter naquela situação para a garantia de sua sobrevivência, por exemplo.

CONTORNÁVEIS E EVITÁVEIS

Existem casos em que as pessoas difíceis não fazem, necessariamente, parte de nosso dia a dia. São mais fáceis de lidar. Não causam, geralmente, maiores danos aos envolvidos e o afastamento temporário da pessoa difícil, por si só, é capaz de amenizar os desconfortos e ajudar os envolvidos a restabelecerem o equilíbrio necessário para um novo encontro desgastante e difícil.

Esse é o caso de relações difíceis entre pessoas ou até mesmo parentes que moram ou trabalham longe e não têm a necessidade de estar em contato físico frequente.

Quando a relação difícil se dá entre a esposa ou marido de alguém muito querido ou com quem possuímos algum grau de parentesco, na relação com a sogra de um(a) filho(a), por exemplo, ou os pais de um amiguinho muito querido de seu filho, ainda conseguimos nos manter distanciados de alguma maneira, para preservar o relacionamento com quem prezamos.

Todos esses são casos onde conseguimos, com algum esforço, manter a relação sem prejuízos graves ou insuportáveis, desde que mantenhamos certo distanciamento nos encontros e na profundidade da relação.

E, talvez, por essa possibilidade de controlar esse distanciamento, o caso não envolve a necessidade de uma transformação pessoal para me­ lh orar a convivência com a pessoa de difícil relacionamento. O tempo, por si só, acaba tratando de desintoxicar as emoções destrutivas criadas nos envolvidos e prepará-los, novamente, para tentar um reencontro, para estar perto de quem se gosta e de quem se necessita.

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MEMBROS DA FAMÍLIA

Quando essa pessoa difícil está incluída em nossa família, o quadro já se torna diferente. Nos casos de pais e filhos ou sogros e noras/genros, principalmente quando moram juntos, a dificuldade fica mais nociva devido ao contato frequente com a pessoa tóxica. É o caso, também, de maridos e mulheres que se escolhem e permanecem juntos diariamente, tentando contornar ou suportar as dificuldades diárias impostas pelo jeito de ser de um dos parceiros.

Há quem descreva que a dificuldade provém de um comportamento, um hábito, crenças e valores ou jeito de ser aparentemente oposto ao da “vítima” do familiar difícil. Os familiares se queixam da dificuldade de compreender e encontrar uma maneira eficaz de conviver bem com a pessoa difícil.

E isso causa, constantemente, o desgaste nas relações, provocando distanciamento familiar ou embates verbais e, por vezes, físicos que afetam os filhos e demais envolvidos. Todos acabam sendo afetados, além de socialmente, já que têm seu convívio prejudicado, como pessoalmente. Já que as consequências dessa dificuldade relacional geram, em nível pessoal, muitas marcas, como isolamento e solidão, desenvolvimento de baixa estima, carência afetiva, tristeza ou depressão, irritabilidade e raiva, sensação de fracasso ou incapacidade, desânimo ou desistência frente à vida etc.

Outro fator comumente provocado por essa dificuldade de se relacionar com pessoas ou pela dificuldade de conviver com uma pessoa difícil é a manutenção de uma excessiva carga de trabalho, apenas com o objetivo de evitar a convivência frequente e o mal-estar proveniente dela. Esse é um dos grandes motivos de vermos os workaholics se afundando mais e mais no trabalho.

Eles se escondem e anestesiam na área de sua vida que parecem dominar melhor, área na qual conseguem lidar sem tanta dificuldade, área em que se sentem capazes de estar e atuar de maneira satisfatória e prazerosa. E usam isso para fugir daquilo com que não se sentem capazes de lidar ou com que não estão satisfeitos.

Se, por um lado, essa aparente saída ameniza a dor da incapacidade e frustração, por outro afasta e impe­ de mais ainda que o sujeito se desenvolva e crie condições de lidar com sua dificuldade de alguma outra forma. Afasta-o do problema, mas não o soluciona. Representa, apenas, uma triste fuga da dor e uma fatal permanência da dificuldade de se relacionar e da solidão.

São pessoas que parecem bem-sucedidas e felizes profissionalmente, mas carregam, no seu íntimo, uma amargura, mesmo que escondida e velada, por anos e anos. Essa amargura e evitação uma hora vêm à tona. E, infelizmente, isso ocorre tardia­ mente, quando já não existe mais a possibilidade de fazer diferente e mudar aquele quadro, corroendo, adoecendo e minando corpo e alma do sujeito.

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NO AMBIENTE PROFISSIONAL

Quando a pessoa difícil se encontra no trabalho, na presença de seu chefe, um subordinado necessário ou pares, a convivência diária – geralmente maior até do que a convivência que mantém com seus próprios familiares – se torna um agravante.

Nesse ambiente vemos as dificuldades advirem, com frequência, da disputa ou imposição do poder, necessidade de obtenção de reconhecimento ou destaque, fofocas, traições, manipulações, criação de embates e brigas entre os funcionários e demais comportamentos que acabam por gerar estresse, desmotivação, baixa da produção e sofrimentos pessoais. Vemos pessoas que, claramente, esquecem do propósito comum daquela equipe de trabalho e parecem permanecer ali trabalhando em prol da satisfação de uma necessidade pessoal, baseada no seu ego e não no bem-estar da equipe ou da empresa a que servem. Ficam totalmente cegas e inadequadas, servindo a algo que já não diz respeito ao compromisso que firmaram com a empresa, mas a uma necessidade pessoal da qual, na maioria dos casos, elas nem têm consciência.

Os envolvidos, muitas vezes, também não conseguem compreender o motivo daquele colega de trabalho agir daquela forma. Parece nitidamente um desserviço à empresa, já que gera danos a ela diretamente, através do comprometimento da produção, ou indiretamente, através da criação de um clima hostil e adoecedor entre a sua equipe de trabalho. Mas o fato é que a pessoa difícil está reagindo às marcas e traumas que carrega e reage a elas o tempo inteiro, prejudicando e punindo quem nada tem a ver com a origem daquelas dores que carrega em sua alma. Reage a situações que nem são reais, a ilusões criadas por seu imaginário traumatizado e adoecido pelas marcas do passado e que respondem a uma humilhação ou traição, por exemplo, que nem ocorreram real­ mente em determinada situação, mas que sua visão deturpadora e embaçada pelas marcas do trauma o faz acreditar e responder.

Mas qual seria o propósito de atrair para o seu campo de convivência alguém com uma forma de se relacionar tão difícil?

Mas o que será que essas provações, a que nos vemos presos, seja pelo laço do amor ou da necessidade de sobrevivência, têm a nos ensinar? Qual seria o sentido de tudo isso para nossas vidas e nosso desenvolvimento enquanto pessoas?

Se diante de uma situação dessas conseguirmos tirar o foco, momentaneamente, da pessoa difícil e tentarmos avaliar a situação de forma mais distanciada e impessoal, se conseguirmos nos distanciar de nós mesmos e observar a situação de fora podemos perceber lições importantes que podemos tirar com tudo aquilo.

Sempre poderemos encontrar, numa dificuldade, algo que precisa e pode ser melhorado, modificado ou adquirido por nós. Não se trata de uma tarefa fácil. Trata-se da possibilidade de se utilizar de um desconforto para extrair mais e mais potencialidades e habilidades de nós mesmos.

Às vezes, somente através de um relacionamento difícil teremos a chance de aprender a lidar com as diferenças. A chance de tentar compreender, criar empatia ou apenas respeitar o que não se assemelha a nós. A chance de perceber e refletir acerca de um novo ponto de vista, um jeito diferente de sentir ou ser. Sem juízo de valores. Nem melhor nem pior, apenas diferente. O jeito que o outro é capaz de ser ou apresentar.

Na relação com uma pessoa difícil, somos convidados a desenvolver a humildade e a capacidade de perdoar o outro, já que também não somos perfeitos e necessitamos, em muitos momentos, sermos perdoados pelas falhas que cometemos, consciente ou inconscientemente.

Com uma pessoa difícil, podemos aprender que não existe uma verdade única. Cada um de nós possui a sua verdade e uma jamais exclui ou se sobrepõe a outra. Pois não existe certo ou errado. Existe a forma particular com que cada pessoa vi­ vencia a mesma experiência, já que são pessoas distintas que carregam suas próprias e singulares marcas, traumas e feridas, seu sistema único de crenças e valores, uma educação diferenciada etc. E, com isso, somos convidados a abrir mão da arrogância ou prepotência de que o meu jeito ou o meu ponto de vista é o melhor, o certo. E a parar de julgar que “eu tenho razão e você está errado”.

E, se estivermos abertos e no nosso melhor, quem sabe um relacionamento difícil não pode nos conduzir a aprender mais sobre o nosso lado sombra e nos ajudar a enxergar um lado ou traço que nós mantemos em nosso jeito de ser de que sequer tínhamos consciência até então.

Que grande presente seria poder tomar consciência de uma parte nossa inconsciente que necessita ser revista e modificada. Uma parte que mantemos, mas que não faz mais sentido manter em nossa vida atual, pois causa sofrimento a nós mesmos ou a quem amamos, ao invés de nos assegurar bem-estar ou segurança.

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CAMINHOS PARA A SOLUÇÃO

Pare com a dependência da mudança do outro para ser feliz, seja o próprio agente da sua vida. Por vezes nos sabotamos, colocando nossa possibilidade de realização atrelada ao outro. E isso não passa de uma desculpa para não sermos felizes. Uma desculpa para não arregaçarmos as mangas e fazermos nossa própria vida feliz e realizada.

Julgamos que não somos capazes de viver sem aquela pessoa ou de arrumar um novo emprego e nos acomodamos naquela situação sofrida e insustentável. Nos iludimos de que nosso bem-estar depende de algo externo e deixamos de nos responsabilizar por ele e fazer sequer a nossa parte.

Pode parecer cômodo ou mais confortável jogar a culpa no outro, responsabilizar algo fora, sobre o qual não temos possibilidade de atuar para transformar a situação difícil. Mas não passa de uma saída covarde e ilusoriamente mais fácil. Já que mais difícil do que se esforçar para realizar a mudança é se manter na situação de dor e sustentar todos os prejuízos causados por ela.

Pare com a queda de braço com o outro. Chega de medir forças com o outro e se aliar a ele na manutenção da infelicidade e do desgaste de todos os envolvidos. Abra mão de depositar seu bem-estar e sua realização numa mudança que o outro não quer ou não pode realizar.

Só que, nessa disputa, o maior responsável sempre será aquele que possui maior nível de consciência, justamente por ser o possuidor da maior capacidade de mudança. Mas esse, via de regra, permanece cego, brigando e insistindo uma vida inteira por uma mudança que o outro não tem condições de fazer e o preço disso inclui a privação de seu bem-estar e de sua felicidade.

Se não atentarmos, perderemos parte da vida tentando provar algo ou forçar o outro a se modificar para que vivamos melhor. Com a certeza prepotente de que nossa forma de viver ou pensar é a correta e mais coerente. E desconsiderando, prepotentemente, a capacidade ou vontade de o outro realizar a mudança desejada ou exigida.

Será que já se parou para refletir sobre o que existe por trás de uma pessoa difícil? A busca pela compreensão dos possíveis fatores que motivam aquele sujeito com um jeito de ser tão difícil e massacrante pode ajudar os envolvidos a lidar de uma forma melhor com ela. O que o leva a ser assim? O que o leva a agir dessa forma no mundo? O que, por exemplo, realmente leva alguém a ter que humilhar o outro para se sentir poderoso ou superior?

E a obtenção dessa compreensão geralmente ajuda, porque nos aponta que ninguém se torna tão difícil de conviver se não carregar em si ou em seu histórico de vida uma enorme dor na alma. Podemos notar na estrutura interna dos maiores algozes uma grande dor que os move naquela direção, numa tentativa de aplacá-la ou suportá-la.

Sabemos que a simples compreensão desses fatores não justifica as atitudes tomadas pelas pessoas difíceis. E sabemos, também, que ela não amenizará por si só o desconforto dos que sofrem as consequências dos atos reativos dessas pessoas. Mas pode ser uma ferramenta utilizada pelos que convivem com sujeitos difíceis, no sentido de amenizar o seu desconforto pessoal frente às limitações do ser com quem necessitamos manter o contato.

Também existe a possibilidade de, ao invés de olhar para fora, olhar para dentro de nós. Não vamos nos distrair apenas listando as necessidades de mudança do outro se estamos aqui para nos desenvolver a nós mesmos através das relações interpessoais.

O que aquele sujeito tem na sua forma de ser, agir ou pensar que tanto me afeta ou aborrece? O que possuo disso em mim? Apesar de a maioria das pessoas, nesse caso, julgar que o que mais abomina no sujeito difícil de conviver passa longe do que ela é, muitas delas se enganam. Irritam-se, pois precisam reconhecer através do outro algo que precisam modificar em si mesmas. Algo que elas mesmas possuem, mas que já não faz sentido manter em sua vida. Algo que precisam enxergar e se esforçar para modificar, pois já não está mais de acordo com seus valores e crenças no momento atual. Algo que elas nem tinham consciência que carregavam dentro delas. Mas que só foi possível notar pelo mal-estar causado através do reflexo daquilo que necessita ser modificado nela e que está agora expresso no outro.

Um agravante nessa difícil tarefa de sair da ilusão de ser o dono da razão e chegar a um lugar apaziguador para ambos é a tendência de se vitimizar que o ser humano tem diante de um momento de dor. Ao se colocar no papel de vítima, colocamos automaticamente o outro no papel do algoz. E a vítima se empodera de tal forma como dono da verdade que perde totalmente a capacidade de avaliar adequadamente a situação, de forma a conseguir sair dela e superar a dificuldade imposta com a geração de um novo aprendizado para ela ou eles.

A vítima se mantém presa na dor da injustiça e mantém o outro preso no papel de algoz, e isso impossibilita a dissolução daquele conflito e alimenta pensamentos e emoções destrutivas e a desunião. A mente da vítima se torna o maior perturbador que alguém pode ter e faz com que ela se torne marionete de seus próprios pensamentos vitimizantes e destruidores. Isso, por sua vez, cria um estado emocional difícil e igual­ mente pesado e destrutivo, alimentando reações inadequadas e a manutenção dos conflitos.

Por fim, veremos que só temos a agradecer à pessoa difícil que foi colocada no nosso caminho. Afinal, por qual razão nos depararíamos com alguém tão difícil se ali não estivesse a possibilidade de retirarmos um ensinamento importante para a nossa jornada de crescimento pessoal? Concluímos, então, que a melhor saída para lidar com pessoas difíceis é alcançar mudanças pessoais que nos habilitem a encontrar o equilíbrio e a alegria que necessitamos dentro de nós mesmos. O universo se encarrega do resto.

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MUDANÇA

Durante o processo de convivência com uma pessoa difícil, há vezes em que a solução da relação desgastante passa por uma necessidade de a “vítima” abrir mão do que julga o certo ou justo para viver o que é possível viver dentro daquela situação. No fundo, a pessoa não se conforma com a realidade tal como é e passa anos ou uma vida inteira dando murro em ponta de faca, numa atitude infantil e teimosa de se manter naquela relação exigindo que o outro se modifique.

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O CAMINHO DA AUTOTRANSFORMAÇÃO

Um caminho que pode ser muito útil e nos conduzir a uma convivência sadia com uma pessoa difícil ou um ambiente hostil causado por ela é o da auto- transformação. Esse caminho envolve a difícil tarefa de enxergar a si mesmo no outro. Se não pode mudar o outro ou o ambiente, mude você mesmo. Pois se o outro não muda. você não pode continuar se desgastando e destruindo por isso. Se você não deseja ou não pode, por algum motivo, sair da situação ou se afastar daquela pessoa difícil, modifique o que precisa em você para conviver da melhor forma inserido naquela realidade. A realidade pode não se modificar, mas você tem condições de o fazer e conviver com ela de uma maneira completamente nova e sadia.

OUTROS OLHARES

HORA DE DORMIR

A excessiva carga de trabalho e os apelos (implícitos ou explícitos) da vida moderna para que as pessoas permaneçam acordadas “sequestram” valiosas horas de descanso. Por isso mesmo, assumir conscientemente a responsabilidade pela qualidade do próprio sono pode ser fundamental para a saúde física e mental. Para isso, porém, é preciso mudar alguns hábitos bastante arraigados. Aceita o desafio?

Hora de dormir

A privação de sono é um problema cada vez mais comum em todo o planeta. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo uma em cada três pessoas tem dificuldade para dormir. Poderíamos atribuir a responsabilidade por essa dificuldade – que muitas vezes se traduz num sintoma – aos inúmeros estímulos que a energia elétrica e as inovações tecnológicas nos proporcionam ou mesmo à enorme carga de trabalho de muita gente. As causas sociais e culturais da falta de sono são inegáveis, mas revelam apenas uma parte da questão. A responsabilidade pela qualidade é também pessoal e intransferível: embora muitos reclamem das noites mal dormidas e milhões recorram ao uso de medicações, em grande parte dos casos os hábitos na hora de apagar a luz e abandonar-se nos “braços de Morfeu” (o deus dos sonhos, na mitologia grega) não costumam ser dos melhores. Não raro, deixamos para o momento valioso, que antecede o adormecer, atividades (como checar redes sociais) que terminam roubando boa parte de nossa disposição para dormir.

Cientistas sabem atualmente que as consequências das noites mal dormidas são sentidas tanto no corpo quanto na mente. Vários estudos já têm associado o sono desregulado ao envelhecimento acelerado, ao aumento do risco de obesidade e a alterações prejudiciais no sistema imunológico e cardiovascular. A boa notícia é que em muitas situações – que não envolvem patologias específicas, em que a insônia é um sintoma – dormir melhor pode ser mais simples do que parece. Prestar atenção em alguns hábitos e comportamentos pode marcar a diferença entre acordar descansado e disposto no dia seguinte ou sentir como se o mundo estivesse desabando sobre sua cabeça no momento em que o despertador toca de manhã.

1 – LEVE À SÉRIO A ILUMINAÇÃO.

Ler em tela eletrônica pouco antes de pegar no sono pode inibir a produção de melatonina, um hormônio que ajuda a nos embalar para esse momento. Mas, embora seja verdade que aparelhos digitais possam imitar o efeito da claridade do dia e influenciar o tempo do relógio interno do corpo, o neurocientista Russell Foster, da Universidade de Oxford, que há anos estuda os ritmos circadianos, observa que, no final das contas, a quantidade de luz importa mais do que a qualidade. “A luminosidade provoca um efeito de alerta no cérebro, mas a intensidade da luminosidade que esses dispositivos eletrônicos portáteis emitem é relativamente baixa”, argumenta Foster. “Realmente, para algumas pessoas a luz dos aparelhos interfere bastante no descanso, mas não podemos deixar de lado o fato de que, ironicamente, a última coisa que a maioria de nós faz antes de ir para a cama é acender as lâmpadas mais potentes do banheiro enquanto escova os dentes, o que às vezes é até mais prejudicial ao sono.” Além de preferir a leitura em papel às telas digitais (pelo menos à noite), uma providência útil, portanto, pode ser investir na instalação de um regulador de luminosidade. Outra opção é se preparar com uma antecedência de uma hora a 30 minutos antes do horário que planeja realmente adormecer e começar a apagar as lâmpadas, mantendo apenas luminárias ligadas, inclusive no banheiro, no momento da higiene bucal ou mesmo do banho. Seja lá o que decidir fazer, busque minimizar a exposição à luz.

2 – TOME “BANHOS DE FÓTONS” DE MANHÃ.

As mesmas células dos olhos que dependem de luz baixa para facilitar o sono também necessitam de uma exposição de brilho logo cedo para voltar a sincronizar o ritmo circadiano. “O ciclo do corpo humano dura um pouco mais de 24 horas; por isso, sem esse efeito estabilizador da luminosidade matinal, nosso relógio interno começa a oscilar”, explica Foster. Em outras palavras, isso pode nos levar a ir para a cama cada vez mais tarde, ainda que tenhamos de acordar no mesmo horário todas as manhãs, o que, gradualmente, provoca um acúmulo de déficit de sono. O melhor remédio para com- bater isso é a luz natural do começo do dia. Mas, se o emprego, a geografia ou os filhos obrigam você a se levantar antes do amanhecer, procure aumentar a intensidade luminosa da casa ao máximo possível até a hora em que puder tomar sol de verdade. Deixar as janelas abertas para que os primeiros raios dos dias entrem no quarto, por exemplo, costuma ser uma medida simples e eficiente.  A maioria das lâmpadas de ambientes internos tem pelo menos o mesmo brilho que o céu ao amanhecer – entre 400 e 1000 lux (unidade científica para medir a iluminância). Foster recomenda “tomar banhos” de 1000 a 2000 lux na parte da manhã. Isso ajuda a garantir o estado de alerta e a acertar o relógio biológico para ter uma diminuição adequada do ritmo no final da tarde. Se desejar maior rigor, é possível baixar aplicativos para smartphones que medem a luminosidade por metro quadrado e apontam exatamente a quantidade de luz em cada ponto da casa.

3 – APRIMORE SEUS SONHOS.

As funções oníricas provocam polêmicas, mas alguns estudos recentes têm mostrado que os sonhos de fato podem nos ajudar a aprender e a encontrar soluções para problemas do dia a dia. Uma dessas pesquisas, conduzida pelo bioquímico Robert Stickgold, diretor do Centro do Sono e da Cognição da Escola de Medicina Harvard, mostra que voluntários que foram orientados a encontrar a saída de um labirinto se saíram melhor quando haviam sonhado anterior- mente com conteúdos relacionados à tarefa. E o sonho lúcido (em que a pessoa se torna capaz de controlar a experiência sem acordar) pode ajudar a aumentar a produção de insights oníricos e diminuir os efeitos da ansiedade. “Diversos trabalhos científicos indicam que pessoas que têm um sonho lúcido por mês ou mais são mais resistentes para enfrentar eventos estressantes”, diz o psicólogo Tore Nielsen, da Universidade de Montreal, pesquisador do sono. Segundo ele, podemos nos preparar para ter essa experiência de forma espontânea, cultivando o hábito de nos perguntarmos durante o dia: “Estou sonhando?”. A tendência é que façamos o mesmo dormindo, o que pode nos permitir perceber o que acontece e assumir o controle. “Evidências mostram que podemos voar, explorar ideias criativas e lidar com pesadelos nessas circunstâncias de forma lúcida”, afirma. Nielsen salienta, porém, que é importante insistir em prestar atenção aos sonhos. Registrar o que sonhamos e refletir sobre os significados cifrados que se apresentam também pode ser muito útil na resolução de problemas – por isso, ajudaria bastante deixar papel e caneta perto da cama. Com frequência, psicanalistas ajudam seus pacientes a obter compreensões bastante aprofundadas sobre aspectos psíquicos com base na análise dos sonhos que lhes são relatados.

4 – VÁ PARA A CAMA ANTES.

Enquanto pesquisava para produzir este artigo, encontrei uma quantidade aparentemente inesgotável de truques para melhorar o sono, desde um “cochilo de cafeína” ao meio-dia (beber uma xícara de café e depois dormir por 20 minutos) até manter um pé para fora das cobertas durante a noite. Mas, segundo Stickgold, a coisa pode ser até mais simples. “Recomendo às pessoas que façam uma experiência: ir para a cama 30 minutos mais cedo do que o habitual, a cada noite, por uma semana”, diz.  Se você costuma se deitar à meia-noite, por exemplo, passe para 23h30 e assim por diante, até conseguir dormir (ou pelo menos estar pronto para dormir) às 20h30. “Se depois desse período estiver três horas e meia “para trás” em tudo, então interrompa a experiência; mas aposto que isso não acontecerá, é mais provável que a pessoa esteja mais eficiente, bem-disposta e com esse tempo extra para dormir”, acredita o bioquímico.

Talvez atitudes como deixar de lado o celular, desligar a televisão, reduzir a luminosidade, acordar com luz natural entrando pela janela, prestar atenção nos próprios sonhos e se propor a deitar mais cedo pareçam banais demais – e até nos remetam à rotina de nossos antepassados. Mas cientistas garantem que podem realmente funcionar.

Hora de dormir.2

UMA SONECA PARA FICAR MAIS INTELIGENTE

Passar noites em claro tem vários efeitos, inclusive sobre nossa capacidade de concentração, resolução de problemas e aprendizagem. “Um adulto em estado de vigília contínua por 21 horas tem aptidões equivalentes às de alguém alcoolizado a ponto de ser legalmente impedido de dirigir”, afirma o professor Sean Drummond, da Universidade da Califórnia em San  Diego.  Segundo ele, passar duas ou três noites seguidas dormindo tarde e acordando cedo pode provocar o mesmo efeito. Ou seja, do ponto de vista da cognição, é como se dormir bem (obviamente sem excessos) nos tornasse mais inteligentes – pelo menos mais do que podemos ser quando passamos tempo demais acordados.

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Lübeck, na Alemanha, com 191 adultos mostrou que dormir bem durante a noite é fundamental para nos lembrarmos melhor do que aprendemos.

Isso ocorre porque durante o descanso ocorre a síntese de proteínas responsáveis pelo desenvolvimento de conexões neurais, o que aprimora habilidades como a memória. Quando dormimos, nosso cérebro seleciona as informações acumuladas,  guardando aquilo que considera importante, descartando o supérfluo e fixando, assim, lições que aprendemos ao longo do dia. Por esse motivo, quem dorme mal, geralmente, tem dificuldade em lembrar-se de situações simples, como episódios ocorridos no dia anterior ou nomes de pessoas próximas.

GESTÃO E CARREIRA

UM MODO FRUGAL DE VIVER

“Empresas simples são mais ágeis e velozes, decidem com maior rapidez e assim atingem metas e objetivos de forma descomplicada e eficaz”

Um modo frugal de viver

A última moda entre os jovens europeus e americanos é o chamado “The Frugal Way of Life” – “O modo frugal de viver”. Frugal significa simples, porém com qualidade. Significa ter menos quantidade e mais qualidade. Significa se livrar de coisas acidentais e se concentrar nas coisas essenciais para uma vida com mais significado e relevância.

Desde o Slow Food, que teve início na Itália em 1986, até o famoso livro Frugal lnnovation de Navi Radjou e Jaideep Prabhu, que ganhou o prêmio de livro do ano de 2016 (tema da 26ª Clínica de Gestão da Anthropos em 25 de julho de 2015), e outros como Keep lt Simple ou “princípio do beijo” pelo acrônimo em inglês – KISS – Keep lt Simple Stupid – a frugalidade (simplicidade com qualidade) vem tomando corpo em todo o mundo.

É preciso lembrar que grandes personalidades sempre adotaram o princípio da frugalidade. Dentre muitos, basta lembrar que Leonardo da Vinci dizia que a “simplicidade é o último grau de sofisticação”, e Albert Einstein afirmava que “tudo deve ser feito da forma mais simples possível”.

Hoje a busca por uma vida frugal, descomplicada, simples está em todos os campos: alimentação frugal; vestimenta frugal; ambiente empresarial frugal, para citar alguns.

Moradores das grandes cidades estão buscando lugares mais tranquilos e simples para viver, onde a competição não seja por aparências. Em Nova York (lembre-se da Fogueira das Vaidades) e na Califórnia, o movimento frugal vem crescendo a cada dia seguindo o exemplo europeu.

Assim, estão caindo de moda os carrões, as mansões, as roupas de grife, os restaurantes caríssimos, os hotéis superluxuosos, enfim, a ostentação em todas as suas formas e aparências.

Empresas de todo o mundo estão fazendo trabalhos sérios de simplificação dentro do conceito de frugalidade. Empresas simples são mais ágeis e velozes, decidem com maior rapidez e assim atingem metas e objetivos de forma descomplicada e eficaz.

Não é por outra razão que entre os livros mais vendidos hoje no mundo está o “Essencialismo A disciplinada busca por menos” de Greg McKeown – tema da 31ª· Clínica de Gestão da Anthropos – onde o autor conclama os leitores para uma vida frugal e focada no essencial, ensinando a como deixar de lado tudo aquilo que não agregar qualidade de vida e como viver uma vida simples e feliz.

Além de tudo, as modernas pesquisas de neurociência de grandes universidades têm reiteradamente demonstrado que uma vida com bons relacionamentos, amigos leais e em comunidade são realmente os fatores fundamentais de uma vida longa e feliz.

Quem tiver maior interesse em entender essas pesquisas e o valor de uma vida frugal, peço que assista à palestra no TED (www.ted.com) do Professor Robert Waldinger: What makes a good fite? Lessons from the longest study on happiness (O que faz uma vida boa? Lições do mais longo estudo sobre felicidade) de Harvard e outras que encontrará sobre o mesmo tema.

Viva uma vida frugal, alicerçada em valores e virtudes permanentes, voltada para as coisas realmente essenciais e descobrirá uma nova forma de ser feliz.

Pense nisso. Sucesso!

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 1-15 – PARTE V

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é acusado diante de Pilatos

 

V – Pilatos luta com os judeus, para libertar Jesus das mãos deles, mas é inútil. Nós não lemos mais nada, depois disto, que tenha acontecido entre Pilatos e o prisioneiro. O resto foi entre ele e os acusadores.

1. Pilatos parece mais desejoso do que antes de libertar Jesus (v.12): “Desde então”, e porque Cristo lhe tinha dado uma resposta (v.11), que, embora contivesse uma repreensão, ainda assim foi aceita com mansidão. E, embora Cristo encontrasse crime nele, ele continuava a não encontrar crime em Cristo, mas procurava soltá-lo, desejando soltá-lo, empenhando-se para isto. Ele procurava soltá-lo. Ele tentava fazer isto habilmente e com segurança, de modo a não desagradar aos sacerdotes. O resultado nunca é bom, quando nossas resoluções de cumprir nosso dever são engolidas em projetos sobre como realizá-lo de maneira plausível e conveniente. Se a política de Pilatos não tivesse prevalecido acima da sua justiça, ele não teria perdido tanto tempo procurando soltá-lo, mas o teria feito.

2. Os judeus estavam mais furiosos do que nunca, e mais violentos, para conseguir crucificar a Jesus. Eles ainda prosseguem no seu objetivo com ruído e clamor, como antes, de modo que gritavam. Eles queriam dar a entender que a maioria estava contra Ele, e por isto se empenhavam para conseguir que uma multidão gritasse contra Ele, e não é difícil reunir uma multidão. Ao passo que, se uma votação honesta tivesse sido realizada, eu não duvido que ela tivesse resultado em uma grande maioria a favor da sua libertação. Alguns poucos loucos podem superar, através de gritos, a muitos homens sábios, e pensar que estão expressando o bom senso (quando é apenas o disparate) de uma nação, ou de toda a humanidade, mas não é uma coisa tão fácil modificar a consciência do povo como o é deturpá-la, e alterar o que ele deseja. Agora que Cristo estava nas mãos dos seus inimigos, seus amigos estavam tímidos e silenciosos, e desapareci­ dos, e aqueles que estavam contra Ele se entusiasmavam em mostrar-se desta maneira. E isto deu aos principais dos sacerdotes uma oportunidade de representar estes gritos como o voto unânime de todos os judeus que Ele fosse crucificado. Neste grito, eles procuravam duas coisas:

(1) Manchar o prisioneiro como um inimigo de César. Ele tinha recusado os reinos deste mundo e a glória deles, tinha declarado que seu reino não era deste mundo, e ainda assim eles dizem que Ele fala contra César, Ele se opõe a César, invadindo sua dignidade e soberania. O artifício dos inimigos do Evangelho sempre foi apresentá-lo como prejudicial a reis e a províncias, quando, na verdade, ele seria alta­ mente benéfico a ambos.

(2) Amedrontar o juiz, como sendo inimigo de César: “Se você permitir que este homem fique impune, e o soltar, você não será amigo de César, e por isto não estará sendo leal ao que lhe foi confiado e ao dever do seu cargo, será odioso e terá o desprazer do imperador, tornando-se passível de ser demitido”. Eles sugerem uma ameaça de que dariam informações contra ele e o deporiam, e aqui eles o tocam em uma parte muito sensível. Mas, dentre todas as pessoas, estes judeus não poderiam ter fingido uma preocupação com César, pois eles mesmos tinham pouquíssima afinidade com ele e com seu governo. Eles não deviam falar de amizade a César, se eles mesmos eram tais inimigos dele. Mas, assim, um falso zelo por aquilo que é bom frequentemente serve para encobrir uma maldade real contra aquilo que é melhor.

3. Quando outros expedientes tinham sido tentados, em vão, Pilatos esforçou-se ligeiramente para acalmá-los com uma brincadeira, e, ao fazer isto, vendeu-se a eles, e abriu caminho para a torrente de acontecimentos, vv. 13-15. Depois de ter resistido por muito tempo, e aparentado, agora, como se tivesse feito uma vigorosa resistência a este ataque (v. 12), ele capitulou vergonhosamente. Observe aqui:

(1) O que chocou Pilatos (v. 13): “Ouvindo, pois, Pilatos esse dito”, que ele não poderia ser fiel à honra de César, nem ter as boas graças de César, se não condenasse Jesus à morte, ele pensou que já era hora de pensar em si mesmo. Tudo o que eles tinham dito para provar que Cristo era um malfeitor, e, portanto, seria o dever de Pilatos condená-lo, não o tinha convencido, ele ainda mantinha sua convicção da inocência de Cristo. Mas, quando sugeriram que era do seu interesse condená-lo, ele começou a render-se. Observe que aqueles que atrelam sua felicidade às boas graças e aos favores dos homens tornam-se presas fáceis das tentações de Satanás.

(2) A preparação que foi feita para uma sentença definitiva: Pilatos “levou Jesus para fora”, com grande cerimônia. Podemos supor que ele tenha pedido seu manto, para parecer grandioso, e então “assentou-se no tribunal”.

[1] Cristo foi condenado com toda a cerimônia possível. Em primeiro lugar, para nos livrar do tribunal de Deus, e para que todos os crentes, por intermédio de Cristo, sendo julgado aqui, pudessem ser absolvidos no tribunal do céu. Em segundo lugar, para remover o ter­ ror dos julgamentos pomposos, aos quais seus seguido­ res seriam trazidos por sua causa. Paulo pôde suportar melhor o tribunal de César, depois que seu Mestre tinha estado ali, antes dele.

[2] Menciona-se aqui o lugar e a hora.

Em primeiro lugar, o lugar onde Cristo foi condenado: “no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico o nome é Gabatá”, provavelmente o lugar onde Pilatos costumava julgar causas ou criminosos. Alguns entendem que Gabatá significa um lugar fechado, protegido dos insultos do povo, que, portanto, humanamente falando, havia menor necessidade de temer. Outros julgam que se tratava de um lugar elevado, para que todos pudessem vê-lo.

Em segundo lugar, a hora, v. 14. “E era a preparação da Páscoa e quase à hora sexta”. Observe:

1. O dia: “Era a preparação da Páscoa”, isto é, do sábado de Páscoa, e das solenidades deste dia e dos demais dias da festa dos pães asmos. Isto fica claro, com base em Lucas 23.54: “E era o Dia da Preparação, e amanhecia o sábado”. De modo que esta preparação era para o sábado. Observe que antes da Páscoa era necessário que houvesse uma preparação. Isto é mencionado, agravando seu pecado, ao perseguirem a Cristo com tanta maldade e fúria, pois todo este episódio aconteceu quando eles deveriam estar lançando fora o fermento velho, para se prepararem para a Páscoa. Mas, no melhor dia, cometeram os piores atos.

2. A hora: era “quase a hora sexta”. Alguns manuscritos antigos, em grego e latim, dizem que era quase a hora terceira, o que está de acordo com Marcos 15.25. E, de acordo com Mateus 27.45, parece que Ele já estava na cruz antes da hora sexta. Mas isto parece ser mencionado aqui, não como uma determinação precisa do tempo, mas como um agravamento adicional do pecado dos seus acusadores, pelo fato de que estavam prosseguindo com a acusação, não somente em um dia solene, o dia da preparação, mas, da terceira à sexta hora (que era, como nós dizemos, hora de estar na igreja) daquele dia, estavam dedicados a esta maldade. De modo que, neste dia, embora fossem sacerdotes, eles abandonaram o serviço do Templo, pois não deixaram Cristo até a sexta hora, quando tiveram início as trevas, que os afugentaram. Alguns pensam que a hora sexta, deste evangelista, corresponde, de acordo com o sistema romano de horas, e o nosso, às seis horas da manhã, correspondendo à primeira hora do dia dos judeus. E muito provável que o julgamento de Cristo diante de Pilatos estivesse no seu auge aproximadamente às seis horas da manhã, que era pouco depois do nascer do sol.

(3) A disputa que Pilatos teve com os judeus, tanto os sacerdotes quanto o povo, antes de dar a sentença, esforçando-se, em vão, para interromper a maré da fúria deles.

[1] Ele disse aos judeus: “Eis aqui o vosso rei”. Isto é uma repreensão a eles, pelo absurdo e pela maldade da sua insinuação de que este Jesus se tivesse feito rei: “‘Eis aqui o vosso rei’, isto é, aquele a quem acusais de ser um pretendente à coroa. Este homem parece ser perigoso ao governo? Eu penso que não, e vós deveis pensar o mesmo e deixá-lo em paz”. Alguns pensam que aqui ele os censura pelo seu desafeto secreto a César: “Se este homem tivesse liderado o povo em uma rebelião contra César, vocês desejariam que Ele fosse seu rei”. Mas Pilatos, embora isto não lhe fosse intencional, parece ser a voz de Deus dirigida a eles. Cristo, agora coroado com espinhos, é, como um rei na sua coroação, oferecido ao povo: “Eis aqui o vosso rei, o rei a quem Deus ungiu sobre o seu santo monte Sião”. Mas eles, em vez de aceitarem isto com aclamações de consentimento jubiloso, protestam contra Ele. Eles não desejam ter um rei escolhido por Deus.

[2] Eles bradaram com a maior indignação: “Tira! Tira!”, o que traduz desprezo, além de maldade, “Prenda-o, Ele não é dos nossos. Nós não o reconhecemos como um parente nosso, e muito menos como nosso rei. Nós não somente não temos veneração por Ele, como nenhuma compaixão. Tire-o da nossa vista”. Pois estava escrito sobre Ele: Ele é aquele “ao que as nações abominam” (Isaias 49.7), e “de quem os homens escondiam o rosto”, Isaías 53.2,3. “Tira da terra um tal homem”, Atos 22.22. Isto demonstra, em primeiro lugar, como nós merecíamos ser tratados no tribunal de Deus. Pelo pecado, nós nos tornamos odiosos à santidade de Deus, que clamou: Tire-os, tire-os, pois Deus tem olhos puros demais para contemplar iniquidade. Nós também nos tornamos odiosos à justiça de Deus, que clama contra nós: “Crucifiquem-nos, crucifiquem-nos. Que seja executada a sentença da lei”. Se Cristo não tivesse intercedido, sendo assim rejeitado pelos homens, nós teríamos sido rejeitados por Deus para sempre. Em segundo lugar, demonstra como nós deveríamos tratar nossos pecados. As Escrituras nos dizem frequentemente que devemos crucificar o pecado, em conformidade com a mor­ te de Cristo. Aqueles que crucificaram a Cristo, o fizeram com ódio. Com uma indignação piedosa, nós devemos destruir o pecado em nós, da mesma maneira como eles, com uma indignação ímpia, destruíram àquele que se fez pecado por nós. O verdadeiro penitente lança fora suas transgressões. Lancem-nas fora daqui (Isaias 2.20; 30.22), crucifiquem-nas, crucifiquem-nas. Não é adequado que elas habitem na minha alma, Oséias 14.8.

[3] Pilatos, desejando libertar a Jesus, mas ainda assim desejando que isto fosse feito por eles, lhes pergunta: “Hei de crucificar o vosso rei?” Ao dizer isto, ele desejava, ou, em primeiro lugar, silenciá-los, mostrando-lhes como era absurdo que eles rejeitassem a alguém que se oferecia para ser seu rei, em uma época em que eles precisavam de um, mais do que nunca. Eles não têm um senso de escravidão? Não têm um desejo de liberdade? Não valorizam um libertador? Embora Pilatos não visse causa para temê-lo, eles podiam ver motivos para esperar alguma coisa dele, pois interesses esmagados e naufragados estão prontos a agarrar-se a qualquer coisa. Ou, em segundo lugar, silenciar sua própria consciência. “Se este Jesus for um rei”, pensa Pilatos, “Ele será somente rei dos judeus, e, portanto, eu não tenho nada a fazer, exceto uma boa oferta dele a eles. Se eles o recusa­ rem, e desejarem ter seu rei crucificado, o que eu tenho a ver com isto?” Ele os provoca, pela sua tolice em esperar um Messias, e ainda assim perseguir alguém que afirmava, tão logicamente, ser Ele.

[4] Os principais dos sacerdotes desejavam definitivamente condenar Cristo e obrigar Pilatos a crucificá-lo. Entretanto, contrariados em seus propósitos, eles clamavam em alta voz: “Nós não temos rei, senão o César”. Eles sabiam como agradar a Pilatos, e esperavam, então, impor-lhe sua vontade, embora, ao mesmo tempo, odiassem César e seu governo. Mas observe, em primeiro lugar, que esta é uma clara indicação para o tempo de o Messias aparecer. Justamente agora, o momento era chegado. Porque, se os judeus não têm rei, mas César, então o cetro é passado de Judá, e o legislador de entre seus pés, o qual nunca deveria estar em Siló, vindo a instituir um reino espiritual. E, em segundo lugar, que foi uma coisa correta Deus trazer sobre eles, através dos romanos, como resultado, aquela ruína que se seguiu pouco tempo depois.

1. Eles aderiram a César, a César irão então. Deus concedeu-lhes Césares suficientes, e, de acordo com a parábola de Jotão, uma vez que as árvores escolheram o espinheiro para seu rei, em lugar da videira e da oliveira, um espírito mau foi enviado ao meio deles para que não pudessem andar em verdade e sinceridade (Juízes 9.12,19). Desde então, eles foram rebeldes contra os Césares, e os Césares tiranos contra eles, e a deslealdade deles resultou na ruína de sua terra e nação. É realmente de Deus produzir certa aflição e incômodo em nós, de tal modo que escolhamos dar preferência a Cristo.

2. Eles não teriam outro rei além de César, como nunca mais tiveram nem um outro até os dias atuais, mas têm agora permanecido “muitos dias sem rei, e sem príncipe” (Oseias 3.4), sem ninguém de sua possessão, ao contrário, os reis das nações têm regido sobre eles. Visto que não terão rei, mas César, então sua sorte será decidida por eles próprios.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

PRESENTES PARA O CÉREBRO

É tempo de trocar lembranças, um gesto com implicações físicas e mentais. Ações como desembrulhar pacotes destinados a você, fazer caridade e até mesmo escolher o mimo mais adequado para cada amigo ou pessoa da família são pautadas por uma sofisticada rede de estruturas em seu cérebro.

Presentes para o cérebro

Que atire o primeiro laço de fita quem nunca ansiou pela alegria de desembrulhar um pacote envolto em papel colorido com seu nome escrito nele. Por mais que um singelo “Não precisava” escape de seus lábios, não há como negar: ganhar presente é bom. Ao ganharmos algo que corresponde às nossas expectativas, sentimos uma onda de bem-estar. Essa sensação é resultado da ação de um conjunto de neurônios especializados na percepção do prazer. Surgi- dos ao longo da evolução, eles cumprem uma função crucial: a manutenção da vida. Os sistemas cerebrais que mais influenciam o comportamento são os que nos levam a satisfazer as necessidades vitais (comer, beber, reproduzir-se e proteger-se). O prazer é o meio empregado pela evolução para que essas funções sejam asseguradas. Para favorecê-las foi desenvolvido o sistema neuronal da recompensa.

Ao longo dos séculos, o cérebro humano diferenciou-se do de outros mamíferos principalmente pelo desenvolvimento do córtex, o que propiciou um aumento na complexidade das conexões neurais. As estruturas mais antigas, onde estão as células do sistema de recompensa no animal, permaneceram inseridas no cérebro ancestral, chamado de reptiliano.

Na década de 50, os fisiologistas ingleses James Olds e Peter Milner fizeram uma experiência sobre o circuito da recompensa: eles implantaram, no núcleo accumbens do cérebro de ratos, eletrodos ligados a uma alavanca que o roedor podia acionar. Observaram que o animal se apoiava sem cessar sobre o dispositivo, estimulando essa região de seu cérebro, esquecendo-se até mesmo de comer e beber. Essas experiências foram feitas também em seres humanos que passavam por operações cirúrgicas.

Presentes para o cérebro. 2

EU QUERIA TANTO…

No sistema hedônico, principalmente na área tegmental ventral e no núcleo accumbens o principal mensageiro químico endógeno é a dopamina. É esta a substância liberada no cérebro dos ratos estimulados por um eletrodo. A maioria das drogas reforça a ação da dopamina. Constatou-se, por exemplo, que os ratos se auto administram drogas na área tegmental ventral ou no núcleo accumbens quando um dispositivo lhes permite. Todas as drogas lícitas (álcool, tabaco) ou ilícitas (heroína, maconha, cocaína) causam um acréscimo na concentração de dopamina no núcleo accumbens, embora não diretamente proporcional à sensação de prazer. As substâncias psicoativas consumidas parecem ter uma propriedade comparável à dos sinais naturais de recompensa: elas aumentam a concentração de dopamina. Há, contudo, uma diferença notável: a modificação da atividade das células nervosas do circuito, sob a ação de recompensas naturais, dura apenas um ou dois segundos, enquanto as drogas exercem uma ação de várias dezenas de minutos. Isso foi demonstrado no animal e no homem, graças ao imageamento por ressonância magnética e à tomografia por emissão de pósitrons.

Uma injeção de morfina provoca no rato uma liberação de dopamina que dura apenas alguns segundos e, no ser humano, o mesmo efeito pode ser causado com a visualização de uma imagem agradável (doces ou cenas eróticas). A oferta de dopamina no núcleo accumbens produz o efeito hedônico. Além disso, após aprender, um animal pode se auto administrar dopamina de maneira repetitiva. Da mesma forma, parece que o prazer de receber um presente corresponde a uma disponibilidade de dopamina no núcleo accumbens.

Diante dessas descobertas da ciência, seria possível falar em uma neurobiologia do prazer em relação aos presentes? Sem dúvida. As modulações bioquímicas observadas durante certas situações, por exemplo, no período de festas que anuncia a chegada de presentes e outras alegrias, certamente influenciam nossa predisposição neurológica para determinados estados emocionais. É importante considerar também que a sensação de bem-estar experimentada quando ganhamos um presente está ligada a uma ativação do sistema hedônico proporcionado por nossos neuromediadores de prazer (dopamina e encefalinas).

Se, por infelicidade, o presente não chega, é possível que a atividade hedônica do circuito diminua, ocasionando uma baixa momentânea de encefalinas. Essa reação desencadeia uma sensação de frustração. A realidade, entretanto, não é assim tão simples, e o prazer costuma estar mesclado à sensação de alegria, que não pode ser reduzida aos movimentos neuroquímicos (embora seja fortemente influenciada por eles). Esse estado complexo necessita da “injeção de prazer” para se exprimir, mas também de sua representação, ou seja, depende da noção adquirida, após diversas experiências, do que seja um presente apropriado.

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OUTROS OLHARES

LEGIÃO SEDENTÁRIA

Legião sedentária

 Mais de 1,4 bilhão de pessoas no mundo não praticam atividades físicas regularmente. É o que revela um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em dados coletados entre 2001 e 2016, divulgado na revista britânica The Lancet Global Health. Na América Latina e Caribe, o índice de pessoas que não praticam atividades físicas avançou de 33% para 39% no período. No Brasil, esse problema alcança 47% da população – o País deu um salto de 15 pontos percentuais nesse intervalo. Em contraponto, os países do leste e do sudeste da Ásia, onde fica a China, apresentaram redução no sedentarismo de 26% em 2001, para 17% em 2016.

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GESTÃO E CARREIRA

NETLIVING NA VIDA E NA CARREIRA

Netliving é a prática de conviver em grupos, ao construir relações e contatos.

Netliving na vida e na carreira

É comum nas pequenas e médias empresas haver uma separação por departamento, e assim não há um relacionamento profundo entre as pessoas dentro das corporações, tanto que elas se referem umas às outras como “A Renata do RH, o Paulo do jurídico, a Sueli do Financeiro e o Ricardo do Marketing”. O netliving, prática de conviver em grupos, ao construir relações e contatos, pode ser a diferença que faltava no networking de vida e carreira, visando ampliar a interação social e o convívio entre os colaboradores de uma companhia, indo além do ambiente profissional.

Com as festas se aproximando, aproveitar as confraternizações da empresa para expandir o relacionamento com aqueles funcionários que você não tem muito contato é um bom início para aumentar seu ciclo de amigos. Assim, você entende as aptidões, troca experiências, compartilha projetos e constrói uma relação sólida com os novos colegas de trabalho.

Para o CEO da Lens & Minarelli, empresa especializada em Outplacement, José Augusto Minarelli, o netliving não é ‘puxa-saquismo’, é um contato de genuíno interesse e que pode e deve ser mantido ao longo da trajetória profissional. “Muito mais que uma estratégia para ampliar oportunidades de carreira e de negócios, o netliving é uma questão de postura diante da vida. Como seres sociais, buscamos grupos afins”, explica.

O contato com profissionais da mesma empresa pode garantir, futuramente, oportunidades de trabalho com novos grupos e aptidões que podem favorecer e melhorar não só o desempenho dentro da organização, como o de seu colega, afinal, netliving é uma troca cotidiana e constante. A relação pode ajudar a encurtar caminhos, favorecer demandas e conhecer oportunidades de crescimento dentro e fora da companhia atual. O executivo reitera, entretanto, a importância de cultivar relações. “A complexidade do mundo atual impõe a expansão dos horizontes para além das relações mais obvias e naturais, demandando um esforço extra. Já não basta abrir portas. É preciso mantê-las acessíveis”, finaliza Minarelli.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 1-15 – PARTE IV

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é acusado diante de Pilatos

 

IV – O juiz traz novamente o prisioneiro ao seu julgamento, depois desta nova sugestão. Observe:

1. A preocupação que dominou Pilatos, quando ouviu o que alegavam (v.8): “E Pilatos, quando ouviu essa palavra”, que este prisioneiro não somente reivindicava a realeza, mas a divindade, “mais atemorizado ficou”. Isto o embaraçou mais do que nunca, e tornou o caso mais difícil para ambos, pois:

(1) Havia maior perigo de ofender as pessoas, se o absolvesse, pois ele sabia o quão zeloso este povo era pela unidade da Divindade, e conhecia a aversão que eles tinham a outros deuses. Portanto, embora pudesse ter a esperança de pacificar sua fúria contra um falso rei, ele nunca poderia reconciliá-los com um falso Deus. “Se isto for a base do tumulto”, pensa Pilatos, “isto não se extinguirá com alguma atitude jocosa”.

(2) Havia maior perigo de ofender sua própria consciência, se ele o condenasse. “Este é aquele”, pensa Pilatos, “que diz ser o Filho de Deus? E se Ele provar que realmente o é? O que irá acontecer comigo?” Até mesmo a consciência natural faz os homens temerem ser descobertos lutando contra Deus. Os pagãos tinham algumas lendas fabulosas de divindades encarnadas, que apareciam, às vezes, em circunstâncias inferiores, e eram maltratadas por alguns, que pagavam caro por agir desta maneira. Pilatos temia que pudesse ser acusado de traição.

2. Seu novo interrogatório do nosso Senhor Jesus, por causa disto, v. 9. Para que pudesse dar aos acusadores toda a justiça que eles pudessem desejai; ele encerrou a discussão: “Entrou outra vez na audiência e disse a Jesus: De onde és tu?” Observe:

(1) O lugar que ele escolheu para fazer esta pergunta: ele “entrou na audiência”, desejando privacidade, para que pudesse escapar dos ruídos e clamores da multidão, e pudesse examinar mais atentamente a questão. Aqueles que desejam descobrir a verdade, tal como ela é em Jesus, devem se afastar dos ruídos e do preconceito, e se afastar, como se entrassem na audiência, para conversar a sós com Cristo.

(2) A pergunta que ele faz a Cristo: “De onde és tu?” Tu vens dos homens ou dos céus? De baixo ou de cima? Antes, ele tinha perguntado diretamente: “Tu és rei?” Mas aqui ele não pergunta diretamente: Tu és o Filho de Deus? Para que não parecesse estar se intrometendo com excessiva ousadia nas coisas divinas. Mas, de maneira geral: “‘De onde és tu?’ Onde estavas, e em que mundo tinhas uma existência, antes da tua vinda a este mundo?”

(3) O silêncio do nosso Senhor Jesus, quando foi questionado sobre este assunto: “Mas Jesus não lhe deu resposta”. Não foi um silêncio sombrio, menosprezando a corte, nem foi porque Ele não soubesse o que dizer, mas:

[1] Foi um silêncio paciente, para que se cumprissem as Escrituras: “Como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”, Isaías 53.7. Este silêncio evidenciava claramente sua submissão à vontade do seu Pai, nos seus atuais sofrimentos, aos quais Ele se acomodava, disposto a suportá-los. Ele ficou silencioso, porque não desejava dizer nada que atrapalhasse seus sofrimentos. Se Cristo tivesse se declarado um Deus, tão claramente como se declarava um rei, é provável que Pilatos não o tivesse condenado (pois ele se amedrontou com a mera menção disto, pelos acusadores), e os romanos, embora triunfassem sobre os reis das nações que conquistavam, ainda tinham um temor respeitoso pelos seus deuses. Veja 1 Coríntios 2.8. Se eles tivessem sabido que Ele era o Senhor da glória, não o teriam crucificado. E como, então, poderíamos nós ter sido salvos?

[2] Foi um silêncio prudente. Quando os principais dos sacerdotes lhe perguntaram: “És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?”, Ele respondeu: “Eu o sou”, pois Ele sabia que eles se baseavam nas Escrituras do Antigo Testamento que falavam do Messias. Mas quando Pilatos lhe fez a pergunta, Ele sabia que Pilatos não compreendia sua própria pergunta, não tendo noção do Messias, e do fato de que Ele era o Filho de Deus, e, portanto, que propósito teria responder a alguém cujo coração estava tomado pela teologia pagã, à qual ele teria voltado sua resposta?

(4) A arrogante repreensão que Pilatos lhe deu pelo seu silêncio (v. 10): ‘”Não me falas a mim?’ Ousas me desafiar, permanecendo em silêncio? ‘Não sabes tu’ que, como governador da província, ‘tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?”‘ Observe aqui:

[1] Como Pilatos se enaltecia, e se orgulhava da sua própria autoridade, como se não fosse inferior à de Nabucodonosor, de quem está escrito que “a quem queria matava e a quem queria dava a vida”, Daniel 5.19. Os homens no poder são capazes de se orgulhar do seu poder, e quanto mais absoluto e arbitrário ele for, mais gratificará e contentará seu orgulho. Mas ele enaltece seu poder a um nível exorbitante, quando se vangloria de que tem poder de crucificar a alguém a quem tinha declarado inocente, uma vez que nenhum principado ou potestade tem autoridade para fazer o mal.

[2] Como ele subjuga nosso bendito Salvador: “Não me falas a mim?” Ele fala de Cristo, em primeiro lugar, como se Ele fosse desrespeitoso com as autoridades, não falando com elas quando lhe dirigiam a palavra. Em segundo lugar, como se Ele fosse ingrato com alguém que tinha tido algum tipo de bondade por Ele: “Não me falas a mim, que me empenhei para garantir tua libertação?” Em terceiro lugar, como se Ele fosse imprudente: “Você não vai falar a seu próprio favor, como alguém que deseja se justificar?” Se Cristo realmente estivesse procurando salvar sua vida, este seria o momento de ter dito alguma coisa, mas o que Ele tinha que fazer era entregar sua vida.

(5) A resposta pertinente de Cristo a esta repreensão, v. 11, onde:

[1] Ele censura corajosamente a arrogância de Pilatos, e corrige seu engano: “Por mais alto que tu fales, ‘nenhum poder terias contra mim’, nenhum poder para me açoitar, nenhum poder para me crucificar, “se de cima te não fosse dado”. Embora Cristo não julgasse adequa­ do responder a Pilatos quando ele foi impertinente (neste caso, “não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele”), julgou adequado responder a ele quando foi imperativo. Neste caso, “responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos”, Provérbios 26.4,5. Quando Pilatos usou sua autoridade, Cristo silenciosamente se submeteu a ela. Mas, quando ele se orgulhou disto, Ele fez com que ele conhecesse a si mesmo: “Todo o poder que você tem lhe é dado de cima”, o que pode ser interpretado de duas maneiras.

Em primeiro lugar, como lembrando-o de que sua autoridade em geral, como magistrado, era um poder limitado, e ele não podia fazer mais do que Deus permitiria que fizesse. Deus é a fonte de todo poder, e os poderes que existem, como são ordenados por Ele, e derivados dele, são sujeitos a Ele. Eles não podem ir além do que sua lei lhes indica. Eles não podem ir além do que sua providência lhes permite. Eles são a mão de Deus, e sua espada, Salmos 17.13,14. Embora o machado possa gloriar-se contra o que corta com ele, ainda não passa de uma ferramenta, Isaías 10.5,15. Que os opressores orgulhosos saibam que existe alguém mais alto que eles, a quem deverão prestar contas, Eclesiastes 5.8. E que isto silencie os murmúrios dos oprimidos: “É do Senhor”. Deus tinha permitido que Simei amaldiçoasse a Davi. E que os console o fato de que seus perseguidores não podem fazer nada além do que Deus lhes permite fazer. Veja Isaías 51.12,13.

Em segundo lugar, como informando-o de que seu poder contra Ele, em particular, e todos os esforços de tal poder, eram pelo determinado conselho e presciência de Deus, Atos 2.23. Pilatos nunca imaginou parecer tão grande como agora, quando se sentava para julgar um prisioneiro como este, que era considerado, por muitos, como o Filho de Deus e rei de Israel, e tinha o destino de um homem tão importante nas suas mãos. Mas Cristo o faz saber que ele aqui era somente um instrumento na mão de Deus, e não podia nada contra Ele, exceto pela determinação do Céu, Atos 4.27,28.

[2] Ele escusa e atenua docemente o pecado de Pilatos, em comparação com o pecado dos líderes do complô: “Mas aquele que me entregou a ti” encontra-se sob maior culpa, pois tu, como magistrado, tens poder do alto, e estás no teu lugar, teu pecado é menor do que o daqueles que, por inveja e maldade, insistem em que abuses do teu poder”.

Em primeiro lugar, aqui se declara, claramente, que o que Pilatos fez era pecado, um grande pecado, e que a imposição dos judeus sobre ele, e sua própria imposição sobre si mesmo, não o justificavam. Com isto, Cristo pretendia fazer uma insinuação, para despertar a consciência de Pilatos, e aumentar o temor em que ele se encontrava agora. A culpa de outros não irá nos absolver, nem adiantará, no grande dia, dizer que outros foram piores do que nós, pois nós não seremos julgados por comparação, mas deveremos suportar nossa própria carga.

Em segundo lugar, contudo, era maior o pecado daqueles que o tinham entregado a Pilatos. Com isto, fica claro que todos os pecados não são iguais, mas alguns são mais odiosos que outros. Alguns se comparam a mosquitos, outros, a camelos; alguns, a argueiros nos olhos, outros, a traves; alguns, a centavos, outros, a muitos dólares. Aquele que entregou Cristo a Pilatos era, ou:

1. O povo dos judeus, que gritava: “Crucifica-o, crucifica-o”. Eles tinham visto os milagres de Cristo, e Pilatos não os tinha visto. A eles, o Messias foi enviado primeiro. Eles eram os seus, e a eles, que agora estavam escravizados, um Redentor deveria ter sido muito bem-vindo, e por isto era muito pior que eles se manifestassem contra Ele do que Pilatos.

2. Ou, mais exatamente, Ele se referiu a Caifás, em particular, pois ele estava chefiando a conspiração contra Cristo, e foi quem primeiro tramou sua morte, cap. 11.49,50. O pecado de Caifás foi abundantemente maior do que o pecado de Pilatos. Caifás perseguiu a Cristo por pura inimizade a Ele e à sua doutrina, deliberadamente e com maldade premeditada. Pilatos o condenou puramente por temor ao povo, e foi uma resolução apressada, na qual ele não teve tempo de refletir.

3. Alguns pensam que Cristo se referiu a Judas, pois, embora ele não o tivesse entregado diretamente nas mãos de Pilatos, ele o traiu e entregou àqueles que o entregaram a Pilatos. O pecado de Judas foi, sob muitos aspectos, maior que o pecado de Pilatos. Pilatos era um estranho para Cristo. Judas era seu amigo e seguidor. Pilatos não encontrou crime nele, mas Judas conhecia muita coisa boa sobre Cristo. Pilatos, embora influenciado, não foi subornado, mas Judas “recebeu subornos contra o inocente”. O pecado de Judas foi um pecado principal, que deu ocasião a todos os pecados que se seguiram. Ele “foi o guia daqueles que prenderam a Jesus”. Tão grande foi o pecado de Judas, que a vingança não lhe permitiu viver. Mas, quando Cristo diz isto, ou pouco depois, alguns entendem que Judas já tinha ido ao seu devido lugar.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ESPELHOS DE COMPORTAMENTO

O processo de identificação das crianças com o mundo que as rodeia começa muito cedo. Elas aprendem indiscriminadamente, sem crivos éticos, morais, sociais e por isso são tão naturais no agir.

Espelhos de comportamento

Quantas vezes nos espantamos quando vemos nossas crianças imitarem pessoas estranhas, falarem palavras que não aprenderam em casa e mostrarem claramente afeição especial por outras crianças e adultos que não fazem parte da família e com as quais acabam por se identificar a ponto de copiar seus comportamentos e modo de falar? Pode ser a professora, a mãe de um amigo, o próprio amigo, um vizinho…

O processo de identificação da criança com o mundo que a rodeia começa muito cedo, a partir do nascimento, através das informações que capta do meio, principalmente as que recebe dos pais: todo bebê saudável aprende rapidamente a desenvolver respostas, que se revelam através de comportamentos que vão se tornando mais evidentes com a idade.

A partir dos 24 meses, quando já domina o vocabulário básico e tem condições cognitivas mais elaboradas, a criança começa a imitar, com maior perfeição, os gestos, falas e comportamentos das pessoas com quem mais convive e se vincula afetivamente. Por isso os pais são os primeiros “super-heróis”, os maiores exemplos de comportamento para os filhos: estes gostam de os imitar, até como forma de reafirmação do sentimento de admiração e amor que têm pelos pais. E podem imitá-los em vários momentos, automaticamente e sem críticas, pois estão treinando e experimentando novas formas de se comunicar e, assim, esses modelos apoiam e dão forma às suas manifestações. Em seguida, começam a tomar como amostra os comportamentos de outras pessoas com quem se identificam ou admiram por algum motivo.

Enquanto algumas imitações são até engraçadas, outras causam espanto, pois são inadequadas e indesejadas. Da mesma forma que imitam a mãe ao telefone e o pai fazendo a barba, podem imitar gestos e palavras que viram e ouviram pela primeira vez fora de casa, na escola, na

 

rua, na casa de amigos, na televisão, no computador. Crianças aprendem indiscriminadamente, do meio ambiente, sem crivos éticos, morais, sociais e por isso são tão naturais no agir. Assim como engatinharam, andaram e falaram pela primeira vez, também brincam de imitar, reconhecer e lembrar de pessoas e situações novas.

Aí começa de fato a importância do direcionamento educativo precoce no sentido de ressaltar os comportamentos que queremos que nossas crianças assimilem e desenvolvam e minimizar seu interesse nos outros que desejamos que não exibam.

O modo de alterar essas condutas inadequadas é simples de ser aprendido, e sua aplicação pois consiste em estratégias comportamentais as quais, apesar de fáceis de usar, exigem muita repetição e muita serenidade dos pais, para acompanharem o ritmo da criança em aprender novos comportamentos que substituam os indesejados.

Isso implica primordialmente em compreender que não se deve criticar ou castigar a criança nessa situação. Dois são os motivos principais que fundamentam essa regra: primeiro ela acha que está apenas aprendendo algo novo e desmotivar qualquer aprendizado nessa fase da vida é um fato muito sério, pois implica em a criança ficar confusa, sentir-se incapaz e incompreendida. Segundo porque ela não tem discernimento para distinguir o que é ou não adequado fazer ou dizer e, portanto, precisa ser carinhosamente desmotivada a repetir esse comportamento indesejado, seja através de nossa conduta diária ou de nosso direcionamento verbal. Mas para coibir comportamentos inadequados, nada pior que punir a criança. Castigar não apenas reforça o comportamento como não ensina um novo modo de agir, nem a disciplina, o autocontrole e o discernimento.

As crianças entendem essas reproduções que fazem como brincadeiras, então propor novos ”jogos” também é um bom caminho a seguir. Afinal, elas adotam essa forma para elaborar e compreender pouco o mundo dos adultos, querem agir como eles e perceber gradativamente a realidade sem se arriscar. Vivenciar como se fossem as pessoas que gostariam (ou não) de vir a ser, as diferenças e as reações dos outros, faz parte natural do processo de crescimento, mas deve ser supervisionado pelos adultos.

Estabelecer os limites com carinho e firmeza é função dos pais e toda a família deve respeitar as regras estabelecidas por estes, ainda que isso não seja um acordo fácil de manter. O modelo diário familiar, seguido de uma conversa esclarecedora sobre os sentimentos envolvidos, pontuada pelas razões pelas quais tanto o modelo quanto a imitação devem ser evitados, é muito importante entre os adultos. Mas para as crianças é determinante oferecer novas e saudáveis formas de agir e modelos de expressão, ou seja, novos padrões comportamentais.

Até cerca dos 5 anos de idade, esse processo de imitação é muito forte e constante, não apenas do ponto de vista físico e na maneira de agir como também em nível psicológico e intelectual. Essa última surge geralmente quando as crianças vão para a escola e aprendem a ler e escrever. Por exemplo, se habitualmente veem os pais lendo jornais e assistindo bons programas de TV, elas são estimuladas a fazer o mesmo. Se a família é equilibrada e respeitosa entre si, a criança tende a ser igual.

A preocupação dos pais e, portanto, dos educadores deve ser a de educar a criança para que ela comece a desenvolver desde cedo a noção de respeito ao outro e consequências de seus atos. Assim, o autocontrole e a responsabilidade vão se formando com a certeza de que crianças não se tornam adultos admiráveis e bem-sucedidos sem uma ação educativa familiar coerente e segura.

Espelhos de comportamento. 2

OUTROS OLHARES

O DILEMA DO SANEAMENTO

O dilema do saneamento

O saneamento básico é um dos grandes desafios do Brasil. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, 30 milhões de cidadãos ainda não têm acesso à água potável e mais de 100 milhões de brasileiros não têm rede de coleta e tratamento de esgoto disponíveis. Em 2010, após a criação do marco regulatório do setor, um decreto definiu que cada município desenvolvesse um Plano Municipal de Saneamento Básico para ter acesso a recursos do Orçamento da União destinados a obras no segmento. A pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic), divulgada neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que apenas 41,5% das 5.570 cidades brasileiras tinham o plano em questão em 2017. No período, os Estados que registraram maior proporção de municípios com uma proposta elaborada foram Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 87,1% e 75,5%, respectivamente.  Paraíba (13%), Pernambuco (14,1%) e Bahia (14,6%) foram os que apresentaram os piores índices. Entre os reflexos desse contexto, 34,7% das cidades brasileiras afirmaram ter conhecimento sobre a ocorrência de endemias ou epidemias de doenças diretamente relacionadas a essa questão. Com 26,9%, a dengue foi a mais citada, seguida por enfermidades como diarreia (23,1%), verminoses (17,6%), chikungunya (17,2%) e zika (14,6%).

O dilema do saneamento.2

GESTÃO E CARREIRA

DIVERSIDADE: AINDA HÁ VAGAS, FALTA PREENCHÊ-LAS

A presença feminina em Conselhos de administração de empresas cresce, mas elas ainda estão longe de conquistar equidade.

Ainda há vagas. Falta preenchê-las

As mulheres ainda estão sub-representadas nos conselhos de administração de empresas do mundo todo, apesar dos esforços contínuos de algumas organizações para melhorar a diversidade de gênero nessas instâncias corporativas. Esta é a principal conclusão da quinta edição do estudo Women in the Boardroom – a global perspective, divulgado pela Deloitte no ano passado.

De acordo com o levantamento, apenas 15% dos assentos dos conselhos de administração das mais de 7 mil companhias analisadas globalmente são ocupados por mulheres. Esse resultado é apenas três pontos percentuais melhor do que os 12% registrados no estudo anterior, cujos dados foram apurados em 2014 e divulgados em 2015.

No mesmo período, o Brasil teve uma pequena evolução de 1,4 ponto percentual entre os dois estudos, passando de 6,3% para 7,7% atualmente. Essa progressão é, proporcionalmente, abaixo da média global do indicador. Com o percentual de 7,7%, o Brasil aparece na 37ª posição dentre os 44 países listados em ranking pelo estudo da Deloitte, à frente apenas do Chile, México, Rússia, Marrocos, Japão Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos, nesta ordem.
Além disso, somente 1,5% dos cargos de presidente dos conselhos das empresas do país que participaram da pesquisa eram ocupados por mulheres.

“Há um longo caminho a seguir quando se trata de diversidade. Mas as mulheres estão ocupando espaços no mercado de trabalho em maior número do que os homens e com grande vontade de desenvolver suas carreiras. Esse fator, combinado aos esforços individuais das empresas, o apoio de ONGs e o interesse demonstrado pela sociedade, me faz acreditar que podemos ver grandes mudanças no futuro próximo”, afirma Camila Araújo, sócia da área de consultoria em riscos da Deloitte Brasil.

Pela primeira vez, o estudo da Deloitte incluiu uma análise por região da relação entre liderança corporativa e diversidade. Foi apurada uma correlação direta entre a liderança feminina nas empresas, que relaciona a presença de CEOs mulheres e diretoras com o estímulo à ocupação feminina de um maior número de cadeiras em conselhos.

As organizações com mulheres em posições de liderança superiores (como presidentes ou CEOs) têm quase o dobro do número de assentos nos conselhos ocupados por profissionais do sexo feminino, segundo o levantamento. Isso ilustra uma tendência importante: de acordo com a ocupação do cargo de CEO e um maior número de cadeiras da diretoria ocupadas por executivas, é provável que a empresa promova uma maior diversidade de gênero na diretoria. No entanto, a percentagem de mulheres que ocupam os principais cargos de liderança permanece ainda muito baixa, com a ocupação por elas de apenas 4% dos cargos de CEO e de alta diretoria globalmente, indica a pesquisa.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 1-15 – PARTE III

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é acusado diante de Pilatos

 

III – Os acusadores, em vez de ficarem mais tranquilos, ficaram ainda mais exasperados, vv. 6,7.

1. Observe aqui seu clamor e sua fúria. Os “principais dos sacerdotes”, que lideravam a multidão, clamavam com fúria e indignação, e seus servidores, ou servos, que deviam dizer o que eles lhes dissessem, os acompanhavam gritando: “Crucifica-o, crucifica-o”. As pessoas comuns talvez tivessem concordado com a declaração da sua inocência proferida por Pilatos, mas seus líderes, os sacerdotes, as levaram ao erro. Com isto, parece que sua maldade contra Cristo era:

(1) Irracional e completamente absurda, no sentido de que eles não se ofereciam para comprovar suas acusações contra Ele, nem para objetar contra o julgamento que Pilatos tinha feito dele. Mas, embora seja inocente, Ele deve ser crucificado.

(2) Insaciável e muito cruel. Nem a situação extrema do seu açoitamento, nem sua paciência ao submeter-se a ele, nem as ternas admoestações do juiz, conseguiam acalmá-los. Não, nem a brincadeira em que Pilatos tentou transformar a causa conseguiu deixá-los com um humor mais agradável.

(3) Violenta e excessivamente decidida. A vontade deles deveria prevalecer, colocando em risco as boas graças do governador, a paz da cidade e sua própria segurança, em vez de diminuir suas exigências. Eles se mostravam tão violentos na perseguição ao nosso Senhor Jesus, gritando: Crucifica-o, crucifica-o? E nós não seremos vigorosos e zelosos na promoção do seu nome, gritando: Coroai-o, coroai-o? Seu ódio por Ele tinha aguçado seus esforços contra Ele? E nosso amor por Ele não vivificará nossos esforços por Ele, e pelo seu reino?

2. A verificação que Pilatos faz da fúria deles, ainda insistindo na inocência do prisioneiro: “Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu nenhum crime acho nele”. Isto é dito ironicamente. Ele sabia que eles não podiam, e não iriam, crucificá-lo. Mas é como se ele dissesse: “Vocês não vão fazer de mim um instrumento da sua maldade. Eu não posso, em sã consciência, crucificá-lo”. Uma boa resolução, se pelo menos ele tivesse permanecido fiel a ela. Ele não encontrava crime nele, e por isto não deveria ter continuado a negociar com os acusadores. Aqueles que desejam estar protegidos do pecado devem ser surdos à tentação. Na verdade, ele deveria ter protegido o prisioneiro das ofensas do povo. Para que estava ele revestido de poder, se não para proteger os ofendidos? Os guardas dos governadores deveriam ser os guardiões da justiça. Mas Pilatos não teve coragem suficiente para agir de acordo com sua consciência, e sua covardia o levou a uma armadilha.

3. A desculpa adicional que os acusadores deram à sua exigência (v. 7): “Nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei”, se tivéssemos a autoridade para exercê-la, “deve morrei porque se fez Filho de Deus”. Aqui, observe:

(1) Eles se vangloriavam da lei, mesmo quando, ao transgredir a lei, desonravam a Deus, e disto os judeus são acusados, Romanos 2.23. Na realidade, eles tinham uma lei excelente, muito superior aos estatutos e julgamentos de outras nações. Mas eles se vangloriavam dessa sua lei inutilmente, quando a usavam tão mal, e com objetivos tão maldosos.

(2) Eles revelam uma impaciente e inveterada maldade contra nosso Senhor Jesus. Quando não puderam inflamar a Pilatos contra Ele, alegando que Ele dizia ser rei, eles disseram que Ele dizia ser um Deus. Desta maneira, eles reviram cada pedra, na tentativa de eliminá-lo.

(3) Eles pervertem a lei, e fazem dela o instrumento da sua maldade. Alguns pensam que eles se referem a uma lei feita especificamente contra Cristo, como se, por ser uma lei, devesse ser posta em vigor, certa ou errada. Mas “ai dos que decretam leis injustas e dos… que escrevem perversidades”, Isaías 10.1. Veja Miquéias 6.16. Porém, parece que eles se referem à lei de Moisés, e, neste caso:

[1] Era verdade que os blasfemos, os idólatras e os falsos profetas deveriam ser condenados à morte, segundo aquela lei. Aquele que fingisse, falsamente, ser o Filho de Deus, seria culpado de blasfêmia, Levítico 24.16. Mas:

[2] Era mentira que Cristo fingisse ser o Filho de Deus, pois Ele realmente o era, e eles deviam ter examinado as provas que Ele apresentava, de que realmente o era. Se Ele dizia que era o Filho de Deus, e o escopo e a tendência da sua dou­ trina não eram afastar as pessoas de Deus, mas levá-las a Ele, e se Ele confirmava sua missão e doutrina através dos seus milagres, como sem dúvida Ele fazia, sem nenhuma contradição,  a lei que possuíam indicava que aqueles homens deveriam ouvir suas palavras (Deuteronômio 18.18,19), e, caso não o fizessem, deveriam ser punidos com a pena capital. Aquilo que era a honra, e poderia ter sido a felicidade deles, se não tivessem insistido no seu ponto de vista, eles lhe atribuem como um crime, pelo qual Ele não deveria ser crucificado, pois esta não era uma morte à qual sua lei pudesse condenar.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ADORÁVEIS ESTRANHOS?

Estudos sugerem que estranhos são menos generosos.

Adoráveis estranhos

Em nossas interações anônimas, tendemos a ignorar um comportamento (ao que tudo indica) evolutivo – aquele que nos leva a ser generosos e cooperativos. Ao menos é o que aponta um estudo recém-divulgado de psicólogos da Universidade de Miami (EUA).

Pode-se citar o exemplo de uma garçonete desconhecida, para a qual se pode dar gorjetas, mesmo que nunca mais voltemos ao estabelecimento onde ela trabalha. O ponto a ser discutido em nossa generosidade com as gorjetas não seria o nosso comportamento diante do fato de nunca mais voltarmos ao local, mas, sim, como agiríamos se a garçonete não tivesse como saber quem lhe deu o dinheiro. Nessa última situação, a pesquisa revelou que seria como se, por um instante, desligássemos nosso cooperativismo. A doação seria suspensa se notássemos que não haveria o reconhecimento ou aprovação da garçonete.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores colocaram 200 voluntários em um ambiente social desprovido de qualquer incentivo ou punição pela maneira como trataram os outros e acompanhando como o comportamento deles mudou com o tempo. Em pequenos grupos e com um intervalo de pelo menos um mês, os participantes da pesquisa foram convidados a jogar três jogos que exigiam que eles dividissem seus ganhos com outros na sala e, eventualmente, com uma instituição de caridade. Mas, sentados em consoles com fones de ouvido, os participantes não interagiram entre si. Eles tomaram todas as decisões e coletaram todos os seus ganhos de forma anônima e privada.

Durante o primeiro turno, o estudo mostrou que os participantes se comportaram de maneira previsível: agindo de acordo com os hábitos moldados por suas experiências cotidianas, eles dividiram seus ganhos com os estranhos e cerca de metade de seus ganhos com caridade. Mas em sua visita de retorno, cerca de um mês depois, eles não foram tão generosos, compartilhando, em média, cerca de 20% menos, sabendo que o anonimato não lhes traria retorno algum.

OUTROS OLHARES

O IRMÃO SALVA-VIDAS

Gabriel, o homem- aranha da foto, espera a chegada do novo irmão para se curar de anemia falciforme, doença que provoca crises de dor. O bebê doará as células que o livrarão do sofrimento.

Irmão salva-vidas

Há três meses a dona de casa Ana Oliveira, 33 anos, de São Paulo, leva no útero a esperança de uma vida melhor para o filho Gabriel, 6 anos. O menino tem anemia falciforme, doença hereditária cuja única possibilidade de cura é a realização de um transplante de medula doada por alguém que seja 100% compatível com o receptor. A chance de dar certo exige que o doador, além da compatibilidade, não seja portador da enfermidade. Encontrar uma pessoa assim é dificílimo. O jeito é fazer o que Ana e seu marido, Luciano, 34 anos, conseguiram: submeter-se à fertilização in vitro (óvulo e espermatozoide unidos em laboratório), selecionar o embrião ideal, implantá-lo no útero da mãe e esperar que o bebê nasça saudável, amado e com a missão de doar células da própria medula para salvar o irmão mais velho.

A anemia falciforme é marcada pela mudança no formato das hemácias, as células do sangue que transportam o oxigênio e fabricadas pela medula. Elas adquirem um formato de foice e se agrupam, atrapalhando o fornecimento de oxigênio aos tecidos. Além de repercussões como necrose, o acúmulo das células nos vasos sanguíneos provoca dores intensas. Uma das crises de Biel, como Gabriel é chamado, durou 36 horas. Só a morfina alivia. A cura é possível com o transplante. No procedimento, a medula do paciente é destruída por quimioterápicos e refeita a partir das células-tronco doadas (extraídas do cordão umbilical ou da medula). A nova fábrica passa a produzir as hemácias na forma certa.

DISPONÍVEL NO SUS

O Brasil tem 50 mil portadores desse mal, mas poucos sabem do procedimento. “E muitos médicos não o conhecem”, diz Luciano. Ele mesmo não sabia, até que há dois anos viu uma reportagem na televisão e leu sobre o tratamento. A matéria conta como o procedimento foi aplicado no caso das irmãs Maria Vitória e Maria Clara. A segunda nasceu para doar suas células à mais velha, portadora de talassemia, causada por uma deformidade na hemoglobina, proteína encontrada dentro das hemácias.

É importante saber que a opção existe e está disponível no SUS. “Os resultados para anemia falciforme são excelentes”, afirma o hematologista Vanderson Rocha, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “E quanto antes o procedimento for feito, melhor”, completa o médico geneticista Ciro Martinhago, diretor da Chromosome Medicina Genômica, responsável pela realização, há dois anos, do primeiro transplante de medula para anemia falciforme da América Latina. Feito, como no caso de Biel e de Maria Vitória, graças a um irmão salva-vidas. “Mas eles não chegam só para curar. Meu novo filho será muito amado”, afirma Luciano.

Irmão salva-vidas.2

GESTÃO E CARREIRA

SINAIS DE INFELICIDADE NO TRABALHO

Procrastinação nas entregas pode ser uma das razões da infelicidade no trabalho

Sinais de infelicidade no trabalho

Encontrar o “emprego dos sonhos” é uma realidade cada vez mais distante para milhões de brasileiros. Em tempos de crise econômica, muitos se contentam com funções que não os satisfazem, por temerem fazer parte da enorme parcela de profissionais em busca de recolocação. De acordo com pesquisa realizada em 2017 pela Gallup, 72% dos profissionais não gostam do próprio trabalho e, 18% desses insatisfeitos estariam dispostos a prejudicar a empresa em que trabalham.

“É um cenário que infelizmente ainda afeta boa parcela da população. Nesses casos, tentar mudar de área pode ser uma saída antes de se desligar do cargo. Em contrapartida, saber a hora de sair ou entender que a demissão pode ser a melhor opção é essencial para o crescimento profissional”, explica Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller “O Segredo do Sucesso é Ser Humano” e também de “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”. Segundo Susanne, os principais indícios de insatisfação com o trabalho são:

“FOBIA” DOS DOMINGOS
Você é daqueles que, logo no início do domingo tem um sentimento ruim em relação à segunda-feira? Geralmente pessoas que não estão felizes com o trabalho desenvolvem ansiedade e, no final de semana, sentem a pressão que sofrem em todos os outros dias da semana.

“Sentir preguiça aos domingos pode ser comum, o problema está quando a pessoa passa o dia todo desanimada pelo fato de ter que ir trabalhar no dia seguinte. Isso pode ser um sinal de que algo não vai bem na vida profissional”, comenta Susanne.

RELAÇÃO RUIM COM COLEGA DE TRABALHO
Pode parecer que não, mas é preciso ter ao menos um amigo no ambiente de trabalho. Ter uma relação de amizade com alguém proporciona momentos de descontração durante o expediente, para um café, ou até no horário de almoço.

“Muitas vezes a pessoa trabalha em uma empresa e se sente sozinha, o que afeta diretamente o seu desempenho e a sua vontade de ir trabalhar”, avalia.

PROCRASTINAÇÃO NAS ENTREGAS
Postergar tarefas é a principal atitude de quem não está satisfeito com o que faz, e pode trazer grandes prejuízos para a empresa. Colaboradores insatisfeitos contribuem para a piora dos resultados da organização. “Por outro lado, o elevado esforço para poucos resultados geram ansiedade e falta de energia que só potencializam a infelicidade do colaborador. Trabalhar deve ser prazeroso”.

ANSIEDADE E OUTROS SINTOMAS FÍSICOS
Quem nunca saiu do escritório com a sensação de que ficou devendo alguma atividade? Ou fez uma lista na agenda de tarefas que devem ser realizadas no dia a dia? A ansiedade se tornou a doença do século e pode se manifestar por meio de dor de estômago, dor de cabeça, insônia. “Precisamos ter cuidado para não desenvolver a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), como se a nossa mente fosse uma maratonista que corre sem saber onde quer chegar. O pensamento pode viajar por diversos lugares ao mesmo tempo”, pondera.

TRABALHO NO “PILOTO AUTOMÁTICO”
A pessoa acorda, se arruma, vai para o trabalho, e tudo passa a ser feito de modo mecânico, sem questionar processos nem mesmo o por quê aquilo está sendo executado. “É preciso refletir quais são os fatores que tiram o entusiasmo dos profissionais, e procurar um significado maior para o trabalho e para a vida. Só assim é possível ser feliz no trabalho”, finaliza a especialista.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 1-15 – PARTE II

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é acusado diante de Pilatos

 

II – Tendo maltratado o prisioneiro, Pilatos o apresenta diante dos acusadores, esperando que agora estivessem satisfeitos, e desistissem do processo, vv. 4,5. Aqui ele propõe duas coisas para a consideração deles:

1. Ele não tinha encontrado nada em Jesus que o fizesse odioso ao governo romano (v. 4): “Nenhum crime acho nele”, – eu não acho nele a menor culpa, ou causa para acusação. Depois de um interrogatório adicional, ele repete a declaração que tinha feito, cap. 18.38. Com isto, ele se condena. Se não encontrava culpa nele, por que o açoitou, por que permitiu que Ele fosse maltratado? Ninguém deve receber o mal, exceto aqueles que fazem o mal. Mas muitos provocam e ofendem o Evangelho, pessoas que, se fossem sérias, não poderiam deixar de reconhecer que não encontram culpa nele. Se ele não encontrava crime em Cristo, por que o entregou aos seus acusadores, e não o libertou imediatamente, como deveria ter feito? Se Pilatos tivesse apenas consultado sua própria consciência, nunca teria açoitado, nem crucificado, a Cristo. Mas, pensando melhorar a questão, tentando agradar ao povo açoitando a Cristo, e salvar sua própria consciência não crucificando-o, ele faz ambas as coisas. Ao passo que, se tivesse decidido, no início, crucificá-lo, não teria tido necessidade de açoitá-lo. É comum que aqueles que pensam estar se protegendo de maiores pecados, cometendo pecados menores, cometam os dois.

2. Ele tinha feito a Cristo o que o tornaria menos perigoso a eles e ao seu governo, v. 5. Ele o levou para fora, usando a coroa de espinhos, com sua cabeça e rosto totalmente ensanguentados, e disse: “Eis o homem de quem vocês sentem tanta inveja”, sugerindo que, embora o fato de que Ele tivesse sido tão popular pudesse ter-lhes dado algum motivo para temer que o interesse que Ele despertava na nação diminuiria o interesse que eles despertavam, ainda assim ele tinha tomado uma medida efetiva para evitar isto, tratando-o como um escravo, e expondo-o ao desprezo. Depois disto, ele supunha que as pessoas não o considerariam com nenhum respeito, nem Ele conseguiria recuperar sua reputação. Mal podia Pilatos imaginar a veneração com que até mesmo estes sofrimentos de Cristo, depois de vários séculos, seriam recordados, pelos melhores e maiores homens, que se gloriariam naquela cruz e naqueles açoites, os quais ele pensava que teriam sido, para Ele e para seus seguidores, uma desonra perpétua e indelével.

(1) Observe aqui como nosso Senhor Jesus aparece vestido com todas as marcas da ignomínia. Ele saiu disposto a ser um espetáculo, e disposto a receber vaias, como sem dúvida Ele estava quando saiu vestido desta maneira, sabendo que Ele devia ser um “sinal que é contraditado”, Lucas 2.34. Ele saiu desta maneira, suportando nossa desonra? “Saiamos, pois, a ele… levando o seu vitupério”, Hebreus 13.13.

(2) Como Pilatos o apresenta: “E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem”. O texto original não traz o nome de Pilatos, mencionando apenas: “E disse-lhes”. Mas, sendo Jesus o antecedente imediato, eu não vejo inconveniente em supor que estas fossem as palavras do próprio Cristo. Ele disse: “Eis aqui o homem por cuja causa vocês estão tão exasperados”. Mas algumas das cópias em grego, e a maioria dos tradutores, apresentam o texto da mesma maneira que nós: “Disse-lhes Pilatos”, com um desejo de agradá-los, “Eis aqui o homem”. Não tanto para despertar a piedade deles: Eis aqui um homem merecedor da sua compaixão, como para silenciar a inveja deles: Eis aqui um homem que não merece suas suspeitas, um homem por parte do qual vocês, daqui por diante, não precisam temer nenhum perigo. Sua coroa é profanada e lançada ao chão, e agora toda a humanidade zombará dele. As palavras, no entanto, são muito comoventes: “Eis aqui o homem”. É bom que cada um de nós, em benefício da fé, contemple o homem Jesus Cristo, nos seus sofrimentos. Eis aqui este rei, “com a coroa com que o coroou sua mãe”, a coroa de espinhos, Cantares 3.11. “Contemplem-no, e sejam apropriadamente afetados pela visão. Contemplem-no, e lamentem por sua causa. Contemplem-no, e amem-no. Permaneçam contemplando a Jesus”.

 

 

PSICOLOGIA ANALÍTICA

CHEGA DE PALMADAS

Em um documento que compila diversos estudos científicos, a Academia Americana de Pediatria condena os castigos físicos e a agressão verbal impostos a crianças.

Chega de palmadas

“Pais, cuidadores e adultos, ao interagir com crianças e adolescentes, não devem usar a punição corporal (incluindo bater e espancar) como castigo ou consequência de mau comportamento nem estratégia disciplinar alguma, inclusive abuso verbal, que cause vergonha ou humilhação”. A orientação lhe soou demasiado óbvia, antiga, repetitiva? Por mais assombroso que possa parecer, em pleno século XXI ela é tudo isso, sim, mas é também obrigatória. Por isso está presente em um documento elaborado pela prestigiosa Academia Americana de Pediatria, que será publicado na edição de dezembro da revista Pediatrics. Trata-se de uma atualização do que a entidade dizia há vinte anos, quando apenas recomendava que os pais, cuidadores e adultos fossem encorajados a não bater nos pequenos. É a primeira vez que a instituição condena enfaticamente tal comportamento. Não é para menos. Em 2013, 67% dos pais americanos admitiam bater nos filhos, segundo a Harris lnsights & Analytics, uma empresa de pesquisa de mercado. O.k., em1995 eram 80%, mas o porcentual de cinco anos atrás, o mais recente da Harris, é ainda vergonhoso. Pior: não há nos EUA nada como a Lei Menino Bernardo, a “lei da palmada”, aprovada no Brasil em 2014 para coibir o uso de castigos físicos na educação. Apesar dela, porém, os números aqui são infames. Um relatório deste ano da Fundação Abrinq, baseado no Disque 100, do Ministério de Direitos Humanos, mostrou que o país tem 396 denúncias diárias de maus-tratos a crianças e adolescentes: 71,3% por negligência, 44,5% devido a agressão psicológica e 42,1% por violência física.

A importância do novo documento da Academia Americana de Pediatria se deve – para além da emergência moral e até, digamos, “policial” – às evidências científicas dos últimos anos que a instituição compila com o objetivo de abominar, de uma vez por todas, o uso de violência contra crianças. O emprego da força, esclarece a entidade, não só é ineficaz a longo prazo como pode comprometer o comportamento e a saúde dos pequenos.

A palmada, por exemplo, aumenta a agressividade e o sentimento de raiva na criança. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado de Nova York com 2.400 crianças revelou que aquelas que apanharam mais de duas vezes por mês aos 3 anos eram mais agressivas aos 5 anos. Os pequenos que tenham sido agredidos também tendem a recorrer à violência para resolver conflitos com colegas e irmãos e demonstram maior probabilidade de adotar a mesma conduta com seus filhos no futuro. A agressão verbal é tão nociva quanto a física. A dor e o medo causados por tapas ou xingamentos aumentam os níveis de cortisol no sangue. Altos níveis da substância têm sido associados ao stress tóxico, condição que pode causar perda de neurônios e conexões em regiões associadas à memória, ao humor e à aprendizagem e alterações na conformação cerebral. Já um estudo da Universidade Harvard mostrou que crianças que apanham regularmente apresentam menos matéria cinzenta – substância-chave para o autocontrole – em regiões do córtex pré-frontal associa­ das a depressão e comportamento suicida. Elas também apresentam menor desempenho em testes de Q.I. Outra análise, publicada na revista Child Development e realizada pelas universidades de Petersburgo e Michigan, concluiu que crianças que sofreram agressões verbais tinham mais problemas de comportamento e sintomas depressivos aos 14 anos.

Diz Evelyn Eisenstein, médica que atua na Sociedade Brasileira de Pediatria: “Um tapinha em uma criança é uma violência de um adulto que não aprendeu a educar e conversar. Essa atitude é fruto de descontrole e tem efeitos duradouros naquele menor que foi agredido”. A fim de contribuir para o “controle” dos adultos, a Academia Americana de Pediatria relaciona em seu documento as chamadas “estratégias positivas e eficazes de disciplina”, que incluem o uso de distrações, a determinação de limites e o diálogo no trato com os pequenos (veja o quadro abaixo). São orientações que podem soar óbvias, antigas, repetitivas, entretanto, por tudo o que a instituição demonstra, estão longe de ser dispensáveis – infelizmente. Ao ser anunciado como candidato do PSL ao Planalto, em julho, o agora presidente eleito Jair Bolsonaro prometeu revogar a Lei Menino Bernardo. Cinquenta e três nações têm legislação contra punições físicas a crianças e adolescentes.

Chega de palmadas.2

OUTROS OLHARES

LIBERDADE OU JUSTIÇA?

O novo moralismo brasileiro, seja de direita ou de esquerda, está fortemente orientado por uma espécie de crise de excesso de experiências de falso reconhecimento.

Liberdade ou justiça

“Temos o direito a ser iguais quando nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.” Nessa afirmação de Boaventura de Sousa Santos (Reconhecer para libertar, Civilização Brasileira, 2003) apresenta-se, de modo sintético, um dos maiores paradoxos da modernidade. Aspirações de liberdade, autonomia e independência parecem acirrar nossa paixão individualista e egoísta. Mas a liberdade tem um problema constitutivo que é saber onde ela começa. Seu início se dá no berço de cada um? Na forma como cada um livremente encontra um destino para o que herdou? Tudo parece depender de qual é o momento que vamos escolher para dar início à história: a gênese divina, a origem das espécies, a Revolução Francesa, a abolição da escravatura ou a última prova da Fuvest? O direito de ser diferente é o que podemos chamar de liberdade. Ocorre que a diferença gera distinção, comparação e mérito de tal maneira que ela se explica por si mesma.

Diferença gera mais diferença. No reino da pura liberdade vigora a justiça bíblica de Mateus: “quem muito tem, mais lhe será dado, quem pouco tem, mesmo este pouco lhe será tirado”. É comum que se erga aqui, contra os excessos óbvios da liberdade individual, o argumento coletivo da justiça. Aqui o problema é inverso, ou seja, saber quando a justiça termina. O conhecido dilema da flauta indiana proposto por Amartya Sen serve para exemplificar o dilema: se temos três crianças e apenas uma flauta, parece óbvio que esta deve ser dada para a única que sabe tocar o instrumento. É verdade, mas uma verdade encarcerada no presente. Basta acrescentarmos a ideia de que no futuro a segunda criança pode vir a aprender a tocar flauta e que ter o instrumento é o maior estímulo para isso que se perceberá como a justiça incapaz de pensar seu próprio futuro é falha. Bastaria olhar para o passado e ver que a terceira criança foi quem trabalhou para construir a flauta que nosso juízo de justiça se altera imediatamente.

Frequentemente esquecemos essa divisão constitutiva nas relações de gênero, nos dilemas familiares e em nossas pequenas decisões cotidianas. Divisão que estrutura também nossas formas de sofrimento. Um sofre com o sentimento agudo de injustiça, o outro, com a falta crônica de liberdade. Mas a palavra-chave na asserção do pensador português, e nas chamadas epistemologias do sul, não é justiça nem liberdade, mas reconhecimento. O problema de sua formulação é que ele a coloca apenas em termos de direitos. Temos direito à justiça e liberdade assim como aos bens simbólicos da igualdade e da diferença. Para a psicanálise, o direito é o território do gozo, assim como o reconhecimento é a terra do desejo. O novo moralismo brasileiro, seja ele de direita ou de esquerda, está for- temente orientado por uma espécie de crise de reconhecimento. Uma crise formada pelo excesso de experiências de falso reconhecimento: leis que não pegam, direitos que não valem, exceções por toda parte. Um estado livre de democracia formal. Uma crise formada também pela intolerância ao gozo, ódio à diferença e impulso mórbido a praticar a justiça sem memória e uma liberdade sem futuro.

 

CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER – é psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

GESTÃO E CARREIRA

FUTURO DO TRABALHO: DIVERSIDADE E INCLUSÃO

As empresas operam em um ambiente muito mais complexo e competitivo do que em qualquer outro momento da história.

Futuro do trabalho- diversidade e inclusão

As empresas operam em um ambiente muito mais complexo e competitivo do que em qualquer outro momento da história. Os mercados estão cada vez mais interligados, as fronteiras das companhias cada vez mais porosas e a tecnologia convidando constantemente as organizações a reverem seus modelos de negócios. Esses fatores imprimem novas cores no mundo do trabalho e estão nos obrigando a olhar para ele a partir de uma perspectiva até então pouco explorada e repensar as regras para quase todas as práticas organizacionais.

Não há mais espaço para continuar a operar de acordo com velhos paradigmas. Não se trata mais de um convite para abraçar novas formas de pensar nas empresas, mas sim uma condição essencial para aqueles que querem continuar atuando no mercado.

E pensar o futuro do trabalho é muito mais amplo em escopo do que apenas olhar para o core da empresa vs a quantidade de talentos disponíveis. É preciso entender sobre demografia, globalização, comportamentos das pessoas, estilo de gestão, comunicação, colaboração, entre outros. Ainda existem muitas mudanças pela frente e a única certeza que temos é que estar preparado para passar por elas requer adaptabilidade, velocidade de reação, colaboração e pensamento diverso – mas REALMENTE diverso.

Portanto, não tem como falar de futuro do trabalho sem passar pela questão da diversidade e da inclusão, seja pelo aspecto ético ou pelos resultados positivos que proporcionam ao negócio. Empresas com cultura inclusiva e que fomentam equidade entre gêneros, etnias, faixa etária, classes sociais e necessidade especiais são mais inovadoras e geram maior rentabilidade.

  • Pesquisa Mckinsey mostra que as empresas com diversidade de gênero são 15% mais propensas a superar seus pares e as etnicamente diversas são 35% mais propensas a fazer o mesmo.

 

  • Pesquisa Deloitte Austrália mostra que as equipes inclusivas superaram seus pares em 80% nas avaliações baseadas em equipe.

E para fortalecer a importância do tema na atualidade, temos mais um dado: as buscas sobre diversidade no Brasil cresceram nada menos que 30% no último ano, mostrando que o assunto se transformou em uma pauta política e global. (Think with Google).

Temos então uma primeira conquista para celebrar: conseguimos trazer o tema à tona! Este é o primeiro passo para qualquer movimento de transformação. Agora, precisamos mapear e multiplicar as práticas que impactam positivamente a diversidade e inclusão no mercado de trabalho e aqui temos um grande desafio pela frente.

De acordo com os resultados da 17ª edição da pesquisa Carreira dos Sonhos, os profissionais brasileiros acreditam que as empresas nas quais trabalham não se preocupam com estes temas ou então tem um discurso, mas não praticam.

Nos últimos anos, muitas empresas se envolveram em iniciativas relacionadas à diversidade, representatividade e inclusão. Considerando os temas abaixo, como você percebe a sua empresa?

(Apenas respostas de quem escolheu a alternativa “não se preocupam com o tema” ou: tem discurso, mas não pratica”.)

Futuro do trabalho- diversidade e inclusão.2

Embora o cenário geral seja desanimador, um dado chama atenção de maneira positiva. Uma pequena parcela de profissionais diz que suas empresas não se preocupam ou tem discurso diferente da prática quando o foco são as iniciativas para estimular mulheres na liderança, o que significa que toda a discussão que tem sido realizada há tempos está gerando frutos! Ações de conscientização funcionam e precisamos promover mais conversas sobre inclusão de negros, LGBTQ+ e pessoas com deficiência no mercado de trabalho, além de continuar com os diálogos sobre mulheres.

E sejamos realistas, não podemos apenas “dar um tapa” na forma como as empresas encaram este tema, precisamos dar um reset na cultura organizacional!

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 19: 1-15 – PARTE I

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo é acusado diante de Pilatos

 

Aqui está um relato adicional do injusto julgamento que fizeram ao nosso Senhor Jesus. Os acusadores prosseguiram com o julgamento, com grande confusão entre o povo, e o juiz, com grande confusão no seu próprio seio. Entre ambos, a narrativa é tal, que não é facilmente entendida de maneira lógica. Portanto, devemos entender as partes como se apresentam.

I – O juiz maltrata o prisioneiro, embora o declare inocente, e espera, com isto, pacificar os acusadores. Sua intenção, se realmente fosse boa, de nenhuma maneira justificaria seus procedimentos, que eram evidentemente injustos.

1. Ele ordenou que Cristo fosse açoitado como um criminoso, v. 1. Pilatos, vendo o povo tão furioso, e desapontado no seu projeto de libertá-lo com a escolha do povo, “tomou, então, a Jesus e o açoitou”, isto é, ordenou aos lictores que o auxiliavam que o fizessem. Pilatos açoitou pessoalmente a Jesus, com suas próprias mãos, porque está escrito: “Tomou, então, a Jesus e o açoitou”, para que isto pudesse ser feito de maneira favorável. Mateus e Marcos mencionam seu açoitamento depois da sua condenação, mas aqui ele parece ter acontecido antes. Lucas fala de Pilatos propondo castigá-lo, e depois deixá-lo ir, o que deve ter acontecido antes da sentença. Este açoitamento se destinava somente a pacificar os judeus, e com ele Pilatos lhes fez um cumprimento, aceitando a palavra deles contra seus próprios sentimentos até então. Os açoitamentos romanos normalmente eram muito severos, não se limitando, como entre os judeus, a quarenta chibatadas, e a esta dor e vergonha Cristo se submeteu por nós.

(1) “Para que se cumprisse a Escritura”, que falava que Ele seria “aflito, ferido de Deus e oprimido”, que “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele” (Isaias 53.5), que Ele daria as costas aos que o feriam (Isaias 50.6), dos lavradores arando sobre suas costas, Salmos 129.3. Ele mesmo, da mesma maneira, tinha predito isto, Mateus 20.19; Marcos 10.34; Lucas 18.33.

(2) Para que, pelas suas pisaduras, fôssemos sarados, 1 Pedro 2.4. Nós, tendo conhecido qual era a vontade do nosso Senhor, e não a tendo cumprido, merecíamos ter sido castigados com açoites e escorpiões, e castigados com muitos açoites, mas Cristo submeteu-se aos açoites por nós, suportando a vara do furor do seu Pai, Lamentações 3.1. A intenção de Pilatos, ao açoitá-lo, era que Ele pudesse não ser condenado, o que não se realizou, mas indicou qual era o desejo de Deus, que seu açoitamento pudesse evitar nossa condenação, tendo nós comunhão nos seus sofrimentos, e isto sim, se realizou. O médico foi açoitado, e assim o paciente se curou.

(3) Para que o açoitamento, por causa dele, pudesse ser santificado e facilitado para seus seguidores, e para que eles pudessem, como Ele, alegrar-se naquela afronta (Atos 5.41; 16.22,25), como Paulo, que foi açoitado sem medida (2 Coríntios 11.23, versão RA). Os açoites em Jesus removem a dor dos açoites nos seus seguidores, e alteram sua propriedade. “Somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”, 1 Coríntios 11.32.

2. Ele entregou Jesus aos seus soldados, para ser ridicularizado, escarnecido, e motivo de brincadeiras, como um tolo (vv. 2,3): “Os soldados”, que eram a guarda que protegia o governador, “tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça”. Uma coroa como esta, eles julgavam adequada para um rei como este. “E lhe vestiram uma veste de púrpura”, algum casaco velho daquela cor, que eles julgaram suficientemente bom para ser o sinal da sua realeza. E o saudaram com: “Salve, rei dos judeus!” (tal povo, tal rei), e então “davam-lhe bofetadas”.

(1) Veja aqui a baixeza e a injustiça de Pilatos, que tolerava que alguém que ele acreditava ser inocente, e, neste caso, uma excelente pessoa, fosse assim maltratado e menosprezado pelos seus próprios servos. Aqueles que estão sob a detenção da lei, devem estar sob a proteção da lei, e o fato de que estejam protegidos deve ser sua segurança. Mas Pilatos fez isto:

[1] Para condescender com o bom humor dos seus soldados, e talvez o seu próprio, apesar da seriedade que poderíamos esperar ver em um juiz. Herodes, assim como seus soldados, pouco antes tinha feito a mesma coisa, Lucas 23.11. Foi praticamente uma encenação para eles, agora que era época de festa, assim como os filisteus se divertiram com Sansão.

[2] Para condescender com as más intenções dos judeus, e contentá-los, pois eles desejavam que toda desgraça possível pudesse ser feita a Cristo, e as maiores indignidades fossem colocadas sobre Ele.

(1) Veja aqui a rudeza e a insolência dos soldados, como eles se perderam completamente em relação a toda justiça e humanidade, podendo, desta maneira, triunfar sobre um homem em desgraça, e que tinha tido reputação de sabedoria e honra, e nunca fez nada para perdê-la. Mas, desta maneira, o santo Evangelho de Cristo tem sido, de modo desprezível, adulterado, enfeitado por homens perversos ao seu bel prazer, e exposto ao desprezo e ao ridículo, como Cristo o foi aqui.

[1] Eles o vestem com uma simulação de manto, como se fosse um fingimento e uma brincadeira, e nada além do produto de uma fantasia acalorada e de uma imaginação enlouquecida. E, assim como Cristo aqui é representado como um rei, somente de brincadeira, também seu Evangelho é um interesse, somente de brincadeira, e Deus e a alma, o pecado e o dever, o céu e o inferno, são, para muitos, somente quimeras.

[2] Eles o coroam com espinhos, como se o Evangelho de Cristo fosse um suplício perfeito, e a maior dificuldade e o maior sofrimento do mundo, como se submeter-se ao controle de Deus e da consciência fosse empurrar a cabeça em um arbusto de espinhos. Mas esta é uma avaliação injusta. “Espinhos e laços há no caminho do perverso”, mas rosas e louros, no caminho do Evangelho.

(2) Veja aqui a maravilhosa condescendência do nosso Senhor Jesus, nos seus sofrimentos por nós. As mentes grandiosas e generosas podem suportar qualquer coisa além da ignomínia, qualquer trabalho árduo, qualquer dor, qualquer perda, em lugar da reprovação. Mas a isto, o grande e santo Jesus se submeteu por nós. Veja e admire:

[1] A invencível paciência de um sofredor, deixando-nos um exemplo de satisfação e coragem, serenidade, e paz de espírito, sob as maiores dificuldades que podemos encontrar no caminho do dever.

[2] O invencível amor e bondade de um Salvador, que não somente passou por tudo isto alegremente e decididamente, mas voluntariamente o suportou por nós, e pela nossa salvação. Ele enaltece seu amor no fato de que não somente iria morrer por nós, mas morrer como morre um tolo.

Em primeiro lugar, Ele suportou a dor. Não somente as dores da morte, embora na morte na cruz elas fossem as mais agudas, mas, como se isto fosse pouco, Ele se submeteu a estas dores anteriores. Nós reclamamos de um espinho na carne, e nos deixamos esbofetear pela aflição, porque precisamos que isto nos oculte o orgulho, quando Cristo se humilhou para suportar estes espinhos na cabeça, e estas bofetadas, para nos salvar e ensinar? 2 Coríntios 12.7.

Em segundo lugar, Ele desprezou a afronta, a vergonha de um manto de tolo, e o respeito fingido que lhe foi prestado com: “Salve, rei dos judeus!” Se nós, em qualquer ocasião, formos ridicularizados por fazer o bem, não devemos nos envergonhar, mas glorificar a Deus, pois somos participantes dos sofrimentos de Cristo. Aquele que suportou estas honras fingidas foi recompensado com honras verdadeiras, e também nós o seremos, se suportarmos pacientemente a afronta, por amor a Ele.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ESTRESSE CRÔNICO

Distúrbio afeta metabolismo da glicose.

Estresse crônico

O cérebro requer uma grande quantidade de glicose para seu funcionamento, e o estresse, sobretudo quando crônico, pode alterar o metabolismo desse poderoso combustível cerebral. Isso além de ser um fator de risco bem conhecido para o desenvolvimento de doenças psiquiátricas, como transtornos de ansiedade e depressão. O achado está ligado ao trabalho de pesquisadores do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia do Centro Médico da Universidade de Mainz e do Cetro Alemão de Resiliência – DRZ (Alemanha). No entanto, ainda não se sabe se os problemas psiquiátricos ligados ao estresse estão associados ao metabolismo da glicose afetado.

Em camundongos a relação glicose anormal x estresse alto foi claramente identificada. Ao mesmo tempo em que normalização das alterações induzidas pelo estresse nos níveis de glicose, utilizando a empagliflozina antidiabética, foi capaz de restaurar a memória espacial e o metabolismo da glicose em longo prazo nos animais. Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Proceedings da National Academy of Sciences (PNAS).

OUTROS OLHARES

RESPIRANDO POR APARELHOS

Respirando por aparelhos

A saúde pública está em frangalhos. Problemas de infraestrutura, condições precárias de higiene e a falta de equipamentos básicos, como desfibriladores, em setores de urgência são a tônica em boa parte dos 4.664 postos de saúde fiscalizados pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) entre janeiro de 2014 e dezembro de 2017. Num estudo divulgado em agosto, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), nota-se ainda a falta de itens como termômetros em 10% dos estabelecimentos, estetoscópios (17%), toalhas de papel (23%) e até pias (9%). Do total de unidades visitadas, 24% apresentaram mais de 50 itens que não atendem o estabelecido pelas normas sanitárias. Nem o atendimento de emergência escapa. Dos quase 5 mil postos visitados, 1.160 não possuem máscara laríngea, 1.092 não têm desfibrilador com monitor, 1.004 não possuem oxímetro e 884 não possuem sondas para aspiração. Os resultados explicam a complexa crise do setor, que agoniza com a falta de investimento e não atende os pacientes de forma digna.

Respirando por aparelhos.2

GESTÃO E CARREIRA

BUSCANDO SENTIDO

Felicidade no trabalho: é preciso desenvolver campanhas para que os colaboradores consigam encontrar um sentido também para seus trabalhos.

Buscando um sentido

Felicidade é, muitas vezes, indescritível para muitos de nós. Como uma névoa, você pode vê-la de longe, densa e cheia de forma. Mas, suas partículas podem soltar e, de repente, torna-se fora de alcance, mesmo que elas estejam ao seu redor.

Nós colocamos tanta ênfase na busca da felicidade, mas se você parar para pensar, é como perseguir algo sem uma garantia de que realmente irá capturá-la. Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus, pois a sociedade quer definir o que é certo. Exemplo disso é a máxima repetida inúmeras vezes que todos devem ter sucesso, como se ele não tivesse significados diferentes para cada indivíduo. Sem falar em tantos outros “mantras” ditos por aí, como: “você tem que estar feliz todos os dias!”; “tem que comprar tudo o que puder” e “precisa fazer as coisas do jeito certo!”.

Falamos tanto em termos metas a cada ano que se inicia, mas as metas em nossas vidas muitas vezes podem ser interessantes para o que achamos que seja sucesso, mas não para a nossa felicidade. A felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Logo, é preciso entender que a felicidade não é o lugar aonde se chega, mas a forma como se caminha na direção do propósito de vida. Afinal, cada um tem uma razão de estar neste mundo e, cumprir este propósito, passa a ser, então, a razão de acordarmos todos os dias pela manhã.

Agora, será que este conceito se aplica ao ambiente de trabalho? Ele é visto como forma de melhorar a rentabilidade dos negócios e vem sendo muito discutido ao longo dos últimos anos. De acordo com pesquisa da London School of Economic e da Universidade de Sussex, realizada em 2015, as pessoas se sentem mais infelizes quando se encontram no trabalho, sendo o momento mais triste dos seus dias.

Diante disso é possível perceber que entre felicidade e lucro, ela deve vir sempre em primeiro lugar. E algumas empresas já entenderam que essa combinação traz equilíbrio para uma pessoa estar bem com quem ela é e com o que faz. Dessa forma, ela terá uma tranquilidade maior para conquistar resultados melhores – seja no negócio ou na vida pessoal.

Mas, esse movimento não deve ficar restrito apenas às grandes organizações. Ele deve ser prioridade também nas micros, pequenas e médias, uma vez que elas respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado, algo em torno de 16,1 milhões de pessoas. Logo, é preciso desenvolver campanhas para que os colaboradores consigam encontrar um sentido também para seus trabalhos. O objetivo é gerar lucro, mas desde que seja sustentável. Afinal, não se pode criar um sistema intermitente, que funciona um dia e no outro não.

A opção de ser feliz não é da empresa. É de cada indivíduo. Mas, o objetivo é que as pessoas estejam inseridas em uma plataforma coerente, que ofereça chances reais para os que se esforçam de fato. Sabemos que, por meio dessa prosperidade, a empresa, independente do seu porte, também prospera, já que acontece o alinhamento do propósito da organização com o do indivíduo. Segundo pesquisas, quando a companhia muda a gestão com o foco na felicidade, ela passa para mais de 90% de satisfação onde antes beirava os 60%.

Normalmente, a missão, a visão e os valores da empresa estão escritos na parede e a empresa diz: “cumpra”. Nesse caso, não há, em geral, intenção de convergir com os objetivos pessoais de cada um. Agora, quando se tem a unidade entre o propósito, a missão, a visão e os valores de cada profissional e os da empresa, as pessoas trabalham de forma mais sólida em direção ao que sonham e se dedicam com mais profundidade. E a organização por sua vez se beneficia, é claro, porque o profissional não estará ali só de “corpo presente”.

Agora você deve estar se perguntando: como colocar, então, em práticas essas mudanças? Comece com o básico: dê tempo para as pessoas terem vida fora da organização. Mas, lembre-se que felicidade não é ser permissivo. Não é oferecer presentinhos, dinheiro fácil, ser legal, mas sim justo. As pessoas têm uma predileção natural por justiça. Quando você trata alguém com transparência e verdade, a resposta é compromisso.

Já para as empresas que ainda não acordaram para esse modus operandi, a perda é grande, pois as pessoas precisam ser proativas para ajudar a melhorar os processos da organização e não somente para criar lucro. Tudo isso, nos mostra que estimular as pessoas a voltarem a acreditar nelas mesmas vale a pena. É quase que um resgate de valores que adoraríamos ver de forma maciça se solidificar na sociedade. É um círculo virtuoso. Talvez para ter mais lucro, só precisemos ser um pouquinho mais satisfeitos e felizes.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 28-40 – PARTE III

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo na audiência. Cristo é acusado diante de Pilatos

 

III – O resultado das duas conversas, com os acusa­ dores e com o prisioneiro (vv. 38-40), em dois aspectos:

1. O juiz pareceu ser seu amigo, e favorável a Ele, pois:

(1) Declarou publicamente que Ele era inocente, v. 38. “Não acho nele crime algum”. Ele supõe que exista alguma controvérsia sobre a religião, entre Jesus e seus acusadores, em que Ele provavelmente estaria tão certo quanto eles, mas nada criminoso se apresentava contra Ele. Esta solene declaração da inocência de Cristo foi:

[1] Para a justificação e a honra do Senhor Jesus. Com isto, parece que, embora Ele fosse tratado como o pior dos malfeitores, Ele nunca mereceu tal tratamento.

[2] Para explicar o desígnio e a intenção da sua morte, para que Ele não morresse por nenhum pecado seu, nem mesmo durante o julgamento do próprio juiz, e, portanto, morresse como um sacrifício pelos nossos pecados, e para que, conforme o julgamento dos próprios acusadores, um homem morresse pelo povo, cap. 11.50. Este é aquele que “nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca” (Isaias 53.9), que deveria ser tirado, mas não por si mesmo, Daniel 9.26.

[3] Para agravar o pecado dos judeus, que o acusavam com tanta violência. Se um prisioneiro tivesse um julgamento justo, e fosse absolvido por aqueles que eram os juízes adequados do crime, especialmente se não houvesse causa para suspeitar que eles fossem parciais a seu favor, ele devia ser considerado inocente, e seus acusadores, forçados a concordar. Mas nosso Senhor Jesus, embora considerado inocente, ainda é perseguido como um malfeitor, e ainda há sede do seu sangue.

(2) Propôs uma solução para sua libertação (v. 39): “Vós tendes por costume que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?” Ele propôs isto, não aos principais dos sacerdotes (ele sabia que eles nunca iriam concordar com isto), mas à multidão. Aparentemente, foi um apelo ao povo, Mateus 27.15. Provavelmente, ele tinha ouvido como este Jesus tinha sido recebido no outro dia, com as hosanas das pessoas comuns. Portanto, ele julgou que Ele fosse estimado pela multidão, e invejado somente pelos governantes, e por isto não teve dúvidas de que eles exigiriam a libertação de Jesus, e isto calaria a boca dos acusadores, e tudo estaria bem.

[1] Ele permite este costume dos judeus, o qual, talvez, eles tivessem tido em vigor durante muito tempo, em honra à Páscoa, que era uma recordação da sua libertação. Mas isto significava acrescentar às palavras de Deus, como se Ele não tivesse feito instituições suficientes para a devida comemoração daquela libertação, e, embora fosse um ato de misericórdia, podia ser injusto para o público, Provérbios 17.5.

[2] Ele se oferece para libertar-lhes Jesus, de acordo com este costume. Se Pilatos tivesse tido a honestidade e a coragem que convinham a um juiz, ele não teria designado uma pessoa inocente para competir com um notório criminoso por este favor. Se ele não encontrava nenhuma falta no Senhor Jesus, ele era obrigado, pela sua consciência, a libertá-lo. Mas ele desejava enfeitar a questão, e agradar a todos os lados, sendo governado mais pela sabedoria mundana do que pelas regras da equidade.

2. O povo pareceu ser seu inimigo, e implacável contra Ele (v. 40): “Todos voltaram a gritar, dizendo: Este não”, não queremos que este seja libertado, “mas Barrabás!” Observe:

(1) Como eles eram cruéis e furiosos. Pilatos lhes fez uma proposta calmamente, como merecedora da sua consideração madura, mas eles a decidiram acaloradamente, e deram sua decisão com clamor e ruído, em meio à maior confusão. Observe que os inimigos da santa religião de Cristo a desprezam, e esperam destruí-la. Testemunhe o clamor em Éfeso, Atos 19.34. Mas aqueles que pensam o pior das coisas ou pessoas, meramente porque eles recebem este clamor contrário, têm uma parcela muito pequena de constância e consideração. Na verdade, há razões para suspeitar de uma deficiência de razão e justiça no lado que pede a ajuda do tumulto popular.

(2) Como eles eram tolos e absurdos, como está evidenciado na curta descrição aqui dada do outro candidato: “Barrabás era um salteador”, e, portanto:

[1] Um infrator da lei de Deus. E ainda assim ele será poupado, em lugar daquele que reprovava o orgulho, a avareza e a tirania dos sacerdotes e anciãos. Embora Barrabás fosse um salteador, ele não lhes deseja tirar a cadeira de Moisés, nem suas tradições. Então, não havia nenhum problema com ele.

[2] Ele era um inimigo da segurança pública e da propriedade privada. O clamor da cidade costumeiramente é contra os ladrões (Jó 30.5: “Gritava -se contra eles como contra um ladrão”), mas aqui é favorável a um ladrão. Assim agem aqueles que preferem seus pecados a Cristo. O pecado é um salteador, todo desejo vil é um salteador, e ainda assim eles são tolamente escolhidos em lugar de Cristo, que verdadeiramente nos enriquece.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

CICATRIZES DA INFÂNCIA

Experiências traumáticas e falta de carinho nos primeiros anos de vida podem modificar os circuitos cerebrais. Seria esta uma das causas dos transtornos psíquicos?

Cicatrizers da Infância

Hiperatividade, déficit de atenção, autismo, transtornos nos hábitos alimentares, esquizofrenia, ansiedade e depressão formam um rosário de problemas sobre os quais se estendia, antigamente, um véu de silêncio. Hoje ocupam mais espaço na mídia, e em geral, são atribuídos a experiências traumáticas vividas na primeira infância. Até recentemente, porém, essa afirmação carecia de apoio científico suficiente.

Mas parece cada vez mais claro que experiências traumáticas influem decisivamente nas conexões neuronais do cérebro infantil e no equilíbrio dos neurotransmissores, causando mudanças capazes de aumentar, de modo significativo, a vulnerabilidade a transtornos psíquicos em fases posteriores da vida.

Supunha-se que o desenvolvimento e o funcionamento do cérebro eram fixados geneticamente. Mas estudos recentes sugerem que a variedade dos estímulos do meio determina o modo de formação das redes neuronais. Nos primeiros meses e anos de vida, esses estímulos procedem, nos humanos e em muitos animais, principalmente dos pais.

Há alguns decênios, as pesquisas sobre comportamento mostram que experiências de aprendizado na primeira infância com forte conteúdo afetivo – como a formação de um vínculo emocional entre o recém-nascido e os pais – dirigem o desenvolvimento psicológico da criança. Nos anos 40, René Spitz, do Instituto Psicanalítico de Nova York, estudou centenas de bebês nascidos em um orfanato. Ele observou que um em cada dez manifestava uma atitude de retraimento em relação ao meio. Além disso, constatou que esses bebês tiveram atraso no desenvolvimento psíquico geral.

CARINHO EMOCIONAL

Para determinar a causa desses transtornos, Spitz realizou um estudo de longo prazo com crianças de orfanato. Descobriu que lhes faltava, além dos estímulos intelectuais, principalmente carinho emocional. Estas primeiras pesquisas sugerem claramente que as crianças adaptam o próprio comportamento ao meio circundante durante as primeiras experiências emocionais após o nascimento.

Nos anos 50 e 60, Clara e Harry Harlow, da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos, estudaram chimpanzés para determinar o que ocorria quando a cria perdia precocemente os genitores. Os resultados confirmaram as observações dos estudos com os bebês de orfanato: os chimpanzés adultos que cresceram sem a mãe apresentavam distúrbios permanentes de comportamento. Brincavam menos, eram mais ansiosos e menos interessados em explorar o ambiente que os congêneres criados em circunstâncias normais. Poucas dessas fêmeas procriaram e, quando o fizeram, não souberam cuidar da cria.

Como a presença ou ausência de experiências emocionais podem acarretar alterações tão drásticas de comportamento? Nos últimos anos, neurobiólogos começaram a investigar em animais a influência no cérebro das experiências emotivas e processos de aprendizagem precoces. Já se sabia que os neurônios podem estabelecer conexões distintas quando, em certas fases do desenvolvimento, faltam estímulos para as várias regiões do córtex cerebral. Pesquisadores agora invocam a intervenção do sistema límbico, que desempenha um papel fundamental no controle do comportamento mediante os sentimentos e na aprendizagem e configuração da memória.

Nosso grupo estudou pela primeira vez como se formam os vínculos emotivos entre um recém-nascido e seus pais, fenômeno conhecido como “imprinting filial“. Apresentamos a pintos recém-nascidos ruídos artificialmente produzidos de uma galinha, colocando ao mesmo tempo à disposição dos filhotes uma galinha falsa de pano para que se aconchegassem: os primeiros estímulos agradáveis dos filhotes. Estes associaram o estímulo acústico até então privado de significado – a voz artificial da mãe – à situação emocional, recebendo assim o imprinting, e logo distinguiram os ruídos maternos de outros estímulos acústicos. Corriam em direção à “mãe” tão logo os ouviam.

Queríamos saber o que se passa no cérebro dos animais durante imprinting.  Descobrimos mudanças consideráveis nas propriedades das células nervosas de algumas áreas do prosencéfalo, responsáveis pelo reconhecimento do estímulo do imprinting e, provavelmente, por sua coloração emocional. Nos mamíferos, correspondem às áreas associativas do córtex cerebral, para as quais convergem sinais procedentes de diversas partes do cérebro. O som aprendido ativa muito mais essas zonas do cérebro nos animais que receberam o imprinting que nos animais de controle sem uma mãe artificial substituta. Além disto, os neurônios dos animais com o imprinting reagem ao estímulo com impulsos elétricos mais intensos, isto é, são mais sensíveis. Esta mudança provavelmente ocorre por uma reorganização dos contatos transmissores de informação entre neurônios, as sinapses. De fato, nos primeiros 90 minutos depois do início do imprinting filial, aumentam os contatos sinápticos em uma área do cérebro dos pintos que nos mamíferos corresponde ao setor anterior do córtex cingular, parte do sistema límbico. O cérebro parece querer captar e fixar no maior número possível de canais o novo estimulo que encerra um valor de sobrevivência.

Ao longo deste processo de aprendizagem, as sinapses diminuem novamente. Os pintos de uma semana que receberam o imprinting apresentaram, nas áreas associativas do prosencéfalo, menos sinapses “espinhosas” (predominantemente excitatórias) que animais sem imprinting. Do excesso de ofertas de conexões sinápticas inespecíficas, só permanecerão ativas as que processam estímulos emocionais importantes. Estas conexões são integradas na rede neuronal e podem ser ainda mais reforçadas, mas as inúmeras conexões não envolvidas no estímulo são eliminadas.  Assim, a rede neuronal poderá reagir de forma mais precisa aos estímulos significativos.

Nos animais que cresceram sem contatos sociais, falia esta seleção de sinapses, o que os impede de otimizar seus circuitos límbicos. O incremento e a eliminação de sinapses só ocorrem quando o animal pode associar o estímulo acústico à situação emocional positiva. Um estímulo afetivamente neutro não basta, se os sons não são acompanhados da presença da galinha artificial, as mudanças sinápticas não ocorrem nos pintos. Por outro lado, bastam 30 minutos de estímulo acústico e a presença da mãe artificial para iniciar a seleção das sinapses. As primeiras experiências emocionais contribuem para determinar o padrão fundamental dos circuitos neuronais no sistema límbico durante a primeira fase de desenvolvimento. Estes padrões determinam quais modelos de comportamento e de aprendizado serão possíveis em seguida.

A bioquímica dos neurônios também é alterada no imprinting filial. A mudança afeta sobretudo os neurotransmissores. Após ouvir o som da galinha, os pintos com imprinting produzem no prosencéfalo mais glutamato que aqueles para os quais o som carece de sentido. O glutamato então, ativa o NMDA (N-metil – D­aspartato) e todas estas respostas bioquímicas servem claramente para consolidar o vínculo emocional entre a cria e os progenitores. Se, durante a aprendizagem, o glutamato não se ligar aos receptores NMDA e ativar os neurônios, os animais deixarão de associar o som à situação emocional. Com isso não poderão receber o imprinting.

GENITORES SOLÍCITOS

Também nos humanos a seleção das sinapses é dirigida por processos de aprendizagem e aquisição de experiência. Nos mamíferos, a criação de sinapses serve para adaptação ao meio. Nos primatas, em várias de suas áreas cerebrais e no sistema límbico em particular, são inúmeras as conexões criadas e depois eliminadas.

A capacidade de adaptação do cérebro dos primatas tem um lado obscuro: é eficiente também nas condições adversas, quando há por exemplo, carência afetiva e experiências traumáticas. Podem resultar disto erros de conexão no sistema límbico, capazes de provocar transtornos do comportamento e psíquicos. Para verifica esta hipótese, estudamos filhotes de degus (Octodon degu), uma espécie de roedor existente no Chile. Os degus “falam” entre si de forma muito complexa: sua comunicação por meio de sons desempenha um papel importante na família e na colônia. Além disso, os genitores participam ativamente da criação dos filhotes.

Separamos os pequenos degus da família durante períodos mais ou menos longos e em diversas fases do desenvolvimento. Para esses animais é uma experiência muito negativa, associada a stress e medo. Quando examinamos o consumo de energia no cérebro dos filhotes separados, constatamos que o sistema límbico reduzia sua atividade. Investigamos em seguida as mudanças, ao longo do tempo, nas sinapses dos roedores. Em filhotes que crescem ao lado dos genitores e irmãos as sinapses espinhosas no córtex cerebral anterior inicialmente aumentam, para depois diminuir.  Se, pelo contrário, nas primeiras semanas de vida as crias são separadas dos genitores por algumas horas, observa-se um número maior dessas sinapses. A situação é similar à observada nos pintos que não receberam imprinting filial. Também neste caso parece, portanto, que a experiência desagradável afeta as sinapses.

CARÊNCIA E TRANSTORNOS PSÍQUICOS

Nos degus, outras partes do sistema límbico mudam em função da experiência emocional, como por exemplo, o nucleus accumbens, que colabora na gênese das paixões; a amígdala, centro da apreensão e da agressividade e o hipocampo, porta de entrada para as informações destinadas à memória. Estas mudanças ­sinápticas diferem conforme a região cerebral. A longo prazo, o equilíbrio entre as regiões límbicas pode mudar com consequências imprevisíveis para a estabilidade psíquica.

O equilíbrio entre os neurotransmissores também pode ser alterado, em particular entre a dopamina e a serotonina, substâncias reguladoras do processamento cerebral das emoções. Nos degus com carências emocionais alteram-se tanto a quantidade das fibras nervosas produtoras de serotonina ou de dopamina como a densidade das respectivas moléculas receptoras. Apenas três dias depois de algumas breves separações aumentaram, em partes do sistema límbico, o número de receptores de dopamina e serotonina. É interessante lembrar que muitos transtornos psíquicos humanos exibem um desequilíbrio destas substâncias.

Todas estas mudanças biológicas no cérebro podem influir diretamente no aprendizado e no convívio social, chegando a causar transtornos psíquicos, como sugerem os primeiros resultados das pesquisas sobre degus e ratos de laboratório em condições de privação.

Evidentemente não podemos realizar experimentos similares com humanos. Após a dissolução do bloco soviético, entretanto, pesquisadores estudaram bebês de orfanatos romenos e constataram redução análoga da atividade no sistema límbico anterior quando comparada à atividade nos bebês normais. Um déficit similar é encontrado em pacientes que sofrem de transtornos de atenção e de esquizofrenia.

À primeira vista, essas alterações do comportamento se assemelham incrivelmente aos sintomas de bebês hiperativos ou com déficit de atenção. Este comportamento também poderia ser causado em humanos pela segregação do núcleo familiar? É possível. As experiências emocionais devem influir no desenvolvimento cerebral dos bebês da mesma forma que nas crias de outras espécies, também nos humanos os transtornos psíquicos estão provavelmente associados a transformações sinápticas nos circuitos emocionais límbicos.

Uma consequência dramática destas conexões cerebrais errôneas é a formação de uma rede neural mal estruturada, capaz de provocar desde transtornos comportamentais e de aprendizagem até doenças psíquicas. A elucidação destas relações abre perspectivas para a correção de desenvolvimentos errôneos. Quando conseguirmos isto, os meios de comunicação não só fornecerão informações sobre transtornos psíquicos, mas também sobre novos métodos para ajudar pessoas afetadas.

OUTROS OLHARES

EVANGÉLICOS EMERGENTES

Igreja na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, reúne artistas, como Bruna Marquezine, e classifica frequentadores como “powers”, “Winners” e “seeds”.

Evangélicos emergentes

Rua Rosauro Estelita, número 607, Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Dentro do condomínio Rio Mar, o endereço indicado no site oficial da Igreja Mananciais como sua sede aponta para a Escolinha Fla. É preciso seguir até o fim da via, contornando à esquerda, para chegar aos fundos da construção. Ali, num imenso campo de terra, estão estacionados nada menos que 265 carros, numa noite de quarta-feira. Houve final de semana em que se podiam contar mais de 300 carros. À margem do estacionamento, enquanto crianças treinam futebol num espaço ao ar livre, de gramado sintético, por trás dele, no entorno do imenso galpão que serve de templo, adolescentes, jovens e adultos se aquecem para o exercício da fé.

Trinta minutos antes do culto das 20 horas, o banheiro feminino está em polvorosa. Os imensos espelhos que cercam as pias de mármore são disputados por moças vaidosas, que capricham na maquiagem e no perfume importado. “Eu me arrumo toda, mas não adianta muito: acabo descabelada e com a make toda borrada, de tanto que choro. Não tem como, é muita emoção…”, disse a tourinha com porte de modelo, partilhando o corretivo e o rímel com a arruga. Questionada sobre a frequência da atriz Bruna Marquezine nos cultos, uma outra me respondeu, desconfiada: “Ela só aparece às vezes… Mas por quê? Você só veio para ver a atriz da Globo? Deus é muito maior!”.

Do lado de fora, aguardando o término da Sala de Oração, iniciada às 18 horas, misturam-se senhoras, pais e mães com bebês de colo, mulheres e homens desacompanhados. O clima é amistoso, íntimo. Um grupinho de rapazes entre seus 15 e 20 anos conversa sobre esporte, cada qual com sua Bíblia debaixo do braço. De calças jeans, tênis, camisas de times de futebol e moletom, dividem-se entre os de topete moldado com gel e os com longas e douradas madeixas, no estilo surfista. A poucos metros deles, Eduardo anda de um lado para o outro, ansioso, livro sagrado à mão. “Adoro isto aqui!

Venho sempre que posso, porque me sinto acolhido. Parece que essas pessoas são minha família de verdade. Nas outras igrejas que frequentei, não tinha essa energia boa”, ele comentou, sem se prolongar.

Abrem-se, enfim, as portas da igreja. Logo na entrada, a moça bonita recepciona cada fiel entregando um folheto com o resumo dos ensinamentos da noite e as indicações de leitura da Bíblia para meditação. Lá dentro, um espaço enorme, todo acarpetado, em tons escuros. Enfileiradas, cerca de 400 cadeiras estão dispostas no térreo – há outras dezenas delas num andar acima, acessado por escadas à direita e à esquerda do altar. Nele, não há imagens ou símbolos religiosos, à primeira vista. Ali estão demarcados os espaços de bateria, violão, guitarra, baixo, teclado e vocais. Há também um telão, imenso, onde são projetadas letras de hinos e trechos da Bíblia mencionados durante a celebração. Como pano de fundo, frequentemente surgem fotos aéreas da cidade do Rio e imagens de água corrente – numa referência insistente ao nome da igreja. Mananciais, não se esqueça.

O culto tem início com uma sequência de músicas com forte carga emocional que exaltam o poder e a bondade de Jesus Cristo. Com vozes potentes, as cantoras Larissa Araújo e Alyene Donasci lideram a banda de sete integrantes que, literalmente, levanta a plateia. Abraçados, os presentes dançam, pulam, gritam como num show animado de rock. Nas canções mais introspectivas, com as

luzes mais baixas, fecham os olhos e erguem os braços, em louvor. Alguns aproveitam para fazer vídeos e stories pelo celular, registrando a comoção ali instaurada – foi assim que, em fins do último mês de julho, Bruna Marquezine revelou-se frequentadora do lugar. Vez por outra, os mais viciados em tecnologia são interpelados por jovens com crachás em que se leem as iniciais “TE” – de “Turma Especial”, do Instituto Mananciais, espécie de faculdade religiosa que forma líderes -, pedindo para que não se façam registros. São esses mesmos obreiros que, munidos de fones, se posicionam de pé ao fundo da igreja para ajudar a organizar cada etapa do evento. Se chega alguém estranho ao convívio do grupo, logo se aproximam, oferecendo auxílio.

A Mananciais se mostra articulada para arrebatar fiéis das mais diversas faixas etárias. Seus ministérios assim se classificam: Kids (os ensinamentos são voltados para a primeira infância), Seeds (pré-adolescentes), Winners (adolescentes), Press Power (jovens), Casais Aliançados (adultos casados) e Sala de Oração (bastante frequentada por idosos). Pelo menos sete pastores se responsabilizam pela coordenação de cada um desses grupos. O batismo de novos membros é realizado numa piscina, localizada na área externa da igreja, que ainda tem um sítio de convivência, no bairro de Santa Cruz, onde são realizados eventos como a Festa Country, que aconteceu no dia 29 de setembro.

Findado o momento musical, um pastor sobe ao altar – não há um líder fixo, mas um revezamento (naquela quarta-feira, o pastor-presidente Ricardo Carvalho encontrava-se em férias com a família nos Estados Unidos. Durante duas semanas, mesmo após seu retorno ao Rio, evitou dar entrevista. Ainda na euforia da adoração, é feito o convite à oferta. Cada assento é encapado com um tecido que traz a marca “Mananciais” estampada e uma abertura na parte traseira, com um envelope de “Oferta ao Senhor”. Nele, está impresso um trecho bíblico da 2ª Carta aos Coríntios, capítulo 9, versículo 7: “Cada um contribua segundo propôs em seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”. O pastor reforça: “Ele nos deu o maior presente, que foi a vida eterna. Você não pode dar seu dinheiro com tristeza”. Quem vai fazer sua doação em espécie acomoda as notas no envelope e entrega ao obreiro na frente do altar. No telão, um aviso: “Máquinas de cartão ao lado das escadas”, para quem pretende doar em crédito ou débito.

Nesse momento, identificam-se no recinto mais rostos conhecidos do grande público: o dono da Furacão 2000, Rômulo Costa; o funkeiro Nego do Borel; a atriz e ex-assistente de palco do Domingão do Faustão Carol Nakamura e seu ex(?)-namorado, o empresário Steffan Menah; a atriz Dany Bananinha… “É comum aparecer gente famosa por aqui. Nas redondezas, há muitos condomínios onde moram artistas da Globo e da Record. E o pessoal que frequenta a igreja é tranquilo, não importuna”, comentou uma fiel, pedindo para não ser identificada. Dany contou que essa foi sua primeira ida à Mananciais: “Sou muito religiosa e meu amigo sempre me convidava para vir. Senti vontade de conhecer, achei que poderia ouvir uma mensagem legal. E ouvi, valeu, foi bom! Fui criada no catolicismo e frequento muito a missa, também gosto do espiritismo. Para mim, o mais importante é a fé em Deus e se sentir bem ouvindo sempre coisas positivas e tendo paz de espírito. Amém!”.

“Amém”, “Aleluia” e “Yeah!” são expressões que pontuam cada trecho de pregação do pastor do dia. Entusiasmados, os fiéis erguem os braços com os punhos cerrados, em sinal de vitória; aplaudem; trocam o riso pelo choro em questão de segundos; sublinham a Bíblia e anotam num caderninho à parte os ensinamentos do líder religioso; ajoelham-se e oram fervorosamente, como que em transe. O discurso é sempre sobre um Deus bom, que se preocupa com seus filhos e realiza milagres. “Eu não sei qual é sua luta, meu irmão, mas você já venceu. Você não tem vontade de voar, assobiar, gritar, por estar nos braços D’ele?”, incentivou a pastora Aline Carvalho, fundadora da Igreja Mananciais ao lado do marido, o já citado pastor Ricardo. Também conhecida como Mama Aline, é uma figura engraçada, carismática e risonha, que estende seus domínios à internet, com vídeos dinâmicos no YouTube em que aborda questões de família e da vida cotidiana. Já de volta dos EUA, Aline liderou o culto em nossa segunda visita ao templo, e seu discurso girou em torno da rápida cura do marido, que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante as férias. Lá se vão quase duas horas de adoração.

Um hino animado encerra a noite, agora com a pastora ao microfone. Os fiéis se cumprimentam, com o semblante leve, já combinando a ida ao próximo culto, domingo de manhã. “Se eu não acordar com o despertador, porque o sábado promete, você me liga, hein, brother?”, despede-se o rapaz de seu parceiro de culto, ajeitando a franja. E segue para o estacionamento lotado, dando partida em um carro grande, do tipo utilitário.

Fundada em 2004, a Mananciais tem quatro unidades no Rio: além da Barra, há templos em Campo Grande, Bento Ribeiro e Duque de Caxias. Seu site oficial é estampado por uma foto do casal Ricardo e Aline acompanhado por seus três filhos pequenos e um texto onde se lê: “Acreditamos em uma igreja que é apaixonada pelo Senhor Jesus, que não negocia Seus valores e princípios. Buscando intensamente agradá-lo, e não importando o preço a ser pago, desejamos influenciar todas as esferas da sociedade através da expressão da cultura do Reino de Deus”.

Evangélicos emergentes.2

GESTÃO E CARREIRA

NO CONTROLE DO EGO

Para o professor de MBA da FGV, Luciano Salamacha, o ego é essencial para manter a autoestima, porque insegurança não é uma característica de um bom gestor.

No controle do ego

Para a filosofia, o ego é o que caracteriza a personalidade de cada um. Para a psicologia, ele é um pilar dessa personalidade e faz a intermediação entre o id e o superego. Já para o mercado corporativo, o ego é o irmão da arrogância, é o podador da criatividade, ampliador de antipatia, o ceifador de carreiras bem-sucedidas. 

O ego é um processo dentro de nós que administra o que se deseja fazer daquilo que se tem capacidade em fazer. Está associado à imagem que se tem de si mesmo, à autoestima, insegurança ou extrema segurança, além dos pensamentos que avaliam as decisões e ações. Então, uma pessoa que confia cegamente em si ou aquela que acredita ser pior que os outros tem dificuldades em se posicionar como profissional.

Para o professor de MBA da FGV, Luciano Salamacha, o ego é essencial para manter a autoestima, porque insegurança não é uma característica de um bom gestor. O professor aponta que “a segurança só acontece quando elevamos nossa régua de informação”. Ser um profissional que não sabe o que se passa na empresa, no departamento e na área que atua não dará respeito a ele. O reconhecimento favorável por colegas e chefia eleva o ego.

Salamacha explica que o ego certamente é a parte mais sensível a ser controlada em um ambiente de trabalho. Segundo ele: “um requisito pra alcançar a sabedoria é saber controlar o próprio ego. Mas como manter estável uma coisa tão sensível e que facilmente desequilibra”?

1 – Ser honesto consigo mesmo. Esse é um dos momentos em que o ego pode favorecer o profissional. Quando descobre segurança e capacidade para executar ou não determinada atividade;

2 – Enxergar se exagerou no enaltecimento das próprias qualidades. O ego é um véu na frente dos olhos do profissional que acredita que é dele todas as verdades;

3 – Não se deixar influenciar por pessoas que elogiam demais para angariar simpatia e favorecimentos pessoais ou, ainda, que criticam desonestamente para que a pessoa acredite na própria incapacidade;

4 – Ter plena convicção do que se é e o que se pode com uma boa dose de humildade;

5 – Exercitar a humildade e não se vangloriar dela;

E o especialista em gestão de carreiras e negócios termina: “não deixe jamais que o ego, que ocupa a função de gerente, se comportar como proprietário”.

ALIMENTO DIÁRIO

***DE UM VENTRE EMPRESTADO A UMA TUMBA EMPRESTADA

De um ventre emprestado a uma tumba emprestada

Você já viajou para um destino distante e acabou descobrindo que se esqueceu de fazer a reserva de hotel? Todo viajante experiente sabe o que é chegar em um lugar e descobrir que o hotel errou na sua reserva antecipada, deixando-o sem acomodações para a noite.

O primeiro encontro de Jesus como ser humano na terra começou com uma placa de “Sem Vagas” em Belém, marcando o início da Sua busca frustrada por um colchão de boas-vindas na terra. A verdade é que Ele foi de um ventre emprestado para uma tumba emprestada, na busca de um lugar para repousar a Sua cabeça. O paradoxo ultrajante desta descrição é o fato de que esse era o Proprietário Incógnito, o Criador Divino, que estava implorando para conseguir hospitalidade suficiente a fim de nascer na dimensão inferior dos seres criados.

O gerente do Hotel Belém não sabia a quem ele havia recusado hospedagem, quando se negou a dar um quarto para José, Maria e o santo bebê. Talvez ele estivesse seguindo os procedimentos pré-estabelecidos ou tivesse pouca paciência para as quebras do protocolo normal. Será possível que ele acreditou que nenhuma reserva antecipada tivesse sido registrada? Não adiantou os profetas clamarem a mensagem: “O Messias está vindo” e, especificamente, dizerem que Ele chegaria em Belém, a cidade de Davi, a “casa do pão”). De qualquer forma, nós sabemos que ele disse ao casal que esperava o filho com o burrinho: “Sigam em frente!”.

Não é esquisito que Jesus ainda esteja encontrando placas de “Sem Vagas” em tantas “casas do pão” (igrejas) que levam hoje o Seu nome? Podem estar cheias de pessoas, mas estão vazias de Deus. Estão repletas de procedimentos estabelecidos para os seus cultos religiosos, de agen­das de reuniões e de protocolos de adoração pré-aprovados.

Estas casas de adoração de prestígio exibem orgulhosamente seus controles cautelosos sobre quem elas consideram ser adoradores extravagantes, com extremismo religioso e os perigos da paixão desenfreada. Quando algo ou alguém aparece na porta dando sinais de aparente gravidez espiritual, eles se recusam a fazer com que o homem dê lugar para Deus. (Não existe nada melhor que a exibição da paixão para fazer com que a complacência se sinta ameaçada e fora de lugar). Eles colocam prontamente suas placas de “Sem Vagas” e continuam com a igreja como normalmente, enquanto a visitação “se move” em busca de outro lugar de habitação. Um estábulo espiritual é preferível à falsa superlotação de um hotel humano.

A peregrinação da Divindade na terra é dolorosamente comum nas Escrituras. Cedo no Seu ministério, Jesus advertiu um futuro discípulo: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. Fico triste em dizer que esta passagem ainda define o principal obstáculo que bloqueia a visitação divina.

 

A DIVINDADE INVADIU A HUMANIDADE A PARTIR DE UMA MANJEDOURA HUMILDE

Sem saber, o administrador da modesta manjedoura hospedou a Divindade naquela noite no seu pequeno hotel para animais da aldeia. O resto é “História” — uma história transformada quando a Divindade invadiu a humanidade a partir de uma manjedoura humilde de Belém.

Você nunca sabe quem ou o que você está acomodando quando hospeda homens — podem ser anjos que o pegam sem saber. A Divindade pode aparecer quando menos você espera. Sempre dá resultado praticar a hospitalidade santa. Eu creio que os relatos do evangelho sobre a chegada de Jesus em Belém seriam diferentes hoje se o gerente de Belém soubesse a quem ele estava rejeitando. Eu fico imaginando quão frequentemente a nossa história seria mudada se soubéssemos a quem nós rejeitamos.

Parece bastante óbvio que o erro humano em deixar de hospedar Jesus como bebê reaparece como uma relutância em mostrar a hospitalidade para com a maturidade do Messias. A Bíblia relata, e as práticas passadas e presentes na Igreja confirmam esta observação. Nós nos recusamos a acreditar na Sua concepção, nós O ignoramos no nascimento e O crucificamos na maturidade. Assim é a história do avivamento.

 

***Extraído do Livro “Caçando Deus, Servindo aos Homens”, de Tommy Tenney

PSICOLOGIA ANALÍTICA

PARADOXOS ALIMENTARES DA OBESIDADE

Você quer emagrecer? Está atento ao que come e à quantidade? Esta é a principal premissa para engordar. A regulação psicológica de nosso comportamento alimentar funciona de forma muito distinta do que gostaríamos.

Paradoxos alimentares da obesidade

Quem já não se sentiu frustrado diante do espelho? Normalmente, quando o verão se aproxima, observamos nossos pontos fracos com espírito especialmente crítico. Concluímos que a única solução é emagrecer. Os doces são banidos e os manuais de dieta passam a orientar nossa lista de compras. Convém saber, entretanto, que o emagrecimento eficaz é estatisticamente raro, porque a psicologia do comportamento alimentar é cheia de surpresas.

Pesquisas recentes demonstram que, ao tentarmos controlar nossos hábitos alimentares mediante técnicas e dietas equivocadas, só conseguimos engordar mais. Nos países industrializados, emagrecer tornou-se um esporte nacional. As revistas oferecem todos os dias novas e milagrosas dietas. Paradoxalmente, o excesso de peso e obesidade aumentam. Nos Estados Unidos, a proporção de obesos passou de 25,5% em 2000, para 34,1% entre 2010 e 2017. A proporção dos que “só” tinham excesso de peso chegou a quase 50% da população. No Brasil, de 1974 a 1997, o número de adolescentes obesos passou de 3,7% para 12,6%. Atualmente, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 13,7 milhões de crianças e adolescentes são obesos no país.

Mas o que significam noções como “excesso de peso” e “obesidade”?

No ser humano, os valores normais de peso mantêm estreita relação com a altura. Esta relação é estabelecida pelo índice de Massa Corporal (IMC), que divide o peso em quilogramas pelo quadrado da estatura em metros. Os valores do peso considerados ideais correspondem ao IMC associado a uma menor taxa de mortalidade. Segundo os critérios propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o peso normal situa-se entre 18,5 e 25 kg/m2. Os valores situados entre 25 e 30 kg/m2 indicam excesso de peso, os superiores a 30 kg/m2 mostram obesidade.

O excesso de peso ou a obesidade não são saudáveis e reduzem as expectativas de vida. As doenças cardiovasculares, o diabete e o derrame atingem de forma mais acentuada este grupo. Por outro lado, um peso abaixo do ideal está associado a uma mortalidade mais elevada que a média. Além disso, em idosos, o IMC correspondente à mortalidade mínima comporta valores superiores em duas ou três unidades.

Não está claro se o risco adicional atribuído à obesidade tem relação direta com o peso elevado e não com outros fatores relacionados. Os obesos se movem, em média, menos que pessoas com peso normal e sabemos que longas caminhadas cotidianas aumentam a expectativa de vida. Presume-se ainda que o padrão de dietas reiteradas, curtas e drásticas, habitual entre obesos contribua para a mortalidade elevada; o mesmo pode ser afirmado da instabilidade de peso associada ao uso de medicamentos.

Além das consequências para a saúde, a obesidade tem efeitos sociais, sobretudo para mulheres. Estudos realizados nos Estados Unidos mostram que mulheres com excesso de peso têm mais dificuldade para casar-se. Homens e mulheres com um IMC elevado sofrem mais para encontrar emprego e, quando o fazem, ganham menos que colegas de peso normal.

Dadas as consequências negativas do excesso de peso e da obesidade, é compreensível a generalização do desejo de emagrecer. Uma pesquisa realizada em 2015 nos Estados Unidos revelou que 33% das mulheres e 20% dos homens estavam naquele momento tentando emagrecer. As reduções esperadas eram, em média, de 10 kg nas pessoas com um leve excesso de peso e de 30 kg nas obesas, mas os resultados efetivamente obtidos eram, respectivamente, de 5,6 e 8,2 kg, bem inferiores às expectativas.

As tentativas de dieta duram, em média, de cinco a seis meses. Com a ajuda de um profissional, no âmbito de uma terapia comportamental, por exemplo, o exito aumenta um pouco. Pesquisa realizada entre 2010 e 2015 mostrou que os participantes de um programa deste tipo emagreceram em média 8,5 kg em um prazo médio de cinco meses. É preciso considerar que são supostamente os casos mais desesperados que recorrem a programas dietéticos supervisionados por um profissional.

Embora uma dieta para emagrecer possa atingir seu objetivo, a perda de peso obtida raramente é suficiente para os obesos chegarem a um peso normal. Além disso, é raro conseguir manter a perda de peso de forma duradoura. Participantes de programas controlados por profissionais ganharam, em média, mais de 3 kg um ano após o término da terapia.

Quando consideramos períodos mais longos, os resultados das dietas são ainda piores. Os participantes de um determinado programa terapêutico que no início haviam perdido entre 8% e 12 % de peso estavam, quatro anos depois, somente 4% abaixo do peso original. Naturalmente, há casos em que as pessoas atingem o peso normal e conseguem mantê-lo, mas são raros. A valia-se que entre 90% e 95% dos participantes de programas de dieta retornam, depois de cinco anos, ao peso original, para logo aumenta ­ lo. Esta dura realidade foi admitida até mesmo pelos defensores das dietas.

As opiniões relativas às dietas mudaram também em outros aspectos. Atualmente, os nutricionistas não só admitem a ineficácia habitual das dietas, mas começam a considerar seus riscos e efeitos colaterais, como a obsessão pelo peso e pela imagem ideal, um dos principais fatores de risco para o surgimento de transtornos de comportamento alimentar entre os adolescentes.

Paradoxos alimentares da obesidade.2

POR QUE COMEMOS?

A descoberta, nos anos 90, do hormônio anti obesidade – a leptina – gerou grandes esperanças de se encontrar as causas genéticas do excesso de peso. A leptina é produzida e liberada pelas células adiposas. Quanto maior o conteúdo lipídico das células, maior será sua produção de leptina. Este hormônio, atuando sobre sensores cerebrais, regula a ingestão de comida e o armazenamento dos lipídios. Animais que apresentam uma mutação do gene correspondente podem secretar a leptina e se tornam extremamente obesos.

Seria r:izoável pensar que as pessoas obesas não produzem suficiente leptina, mas observou-se o fenômeno oposto: os obesos têm um nível de leptina elevado em relação ao peso do corpo. Pesquisadores suspeitam que a sensibilidade dos receptores da leptina nos obesos seja menor.

A dificuldade que obesos experimentam para atingir e manter um peso normal não prova que a obesidade seja hereditária, mas é inquestionável que os fatores genéticos exercem influência considerável na obesidade. Estudos sobre a genética do comportamento, porém, demonstram que o IMC é herdado conforme uma proporção que varia entre 25% e 40%. Há, portanto, ampla margem de liberdade para o comportamento individual. Outro indício que corrobora esta tese é fornecido pela observação de que a obesidade aumentou dramaticamente nos últimos decênios. Ora, é improvável que um gene da obesidade tenha se propagado com esta velocidade entre a população.

Assim, felizmente, a maioria das pessoas pode decidir quanto quer exceder em sua alimentação. O que de fato limita as tentativas de emagrecimento são o excesso de gorduras na alimentação e a falta de atividade física.

Por que as pessoas comem mais do que pretendem, mesmo quando querem emagrecer? Há décadas esta pergunta ocupa os psicólogos. As tentativas de resposta partem da hipótese de que há uma diferença na regulação do comportamento alimentar entre as pessoas obesas e as de peso normal. O que leva alguém a começar a comer? O que determina a quantidade de comida que ingerimos? Quando damos uma refeição por concluída? As respostas parecem simples: comemos quando temos fome e paramos de comer quando estamos saciados. Isto pode ser verdade para pessoas normais. No caso dos obesos, porém, estes sinais do organismo parecem desempenhar um papel menor na regulação do comportamento alimentar.

Em 1968, Stanley Schachter, psicólogo social da Universidade de Columbia, em Nova York, formulou sua teoria da externalidade do comportamento alimentar. Segundo Schachter, os obesos simplesmente não discernem muito bem se estão com fome ou saciados. A sua ingestão de alimentos dependeria muito mais de estímulos externos: a hora do dia, os aromas exalados pela comida ou a apresentação dos pratos expostos. O obeso típico seria alguém que continua a comer por prazer, ainda que esteja saciado.

Schachter verificou sua teoria com estudos originais, aproveitando situações cotidianas. Observou, por exemplo, que os judeus obesos tinham menos dificuldade de respeitar o jejum no dia de Yom Kippur quando permaneciam mais tempo na sinagoga, isto é, longe dos estímulos culinários. Nos de peso normal, ao contrário, não constatou nenhuma relação significativa entre a duração da permanência na sinagoga e a dificuldade de respeitar o jejum. Em outro estudo, um psicólogo descobriu que os pilotos de avião obesos tinham, após um voo entre Europa e Estados Unidos, menos dificuldade para se adaptar aos horários locais de refeição que os seus colegas de peso normal. Neste caso, portanto, a regulação externa do comportamento alimentar era uma vantagem.

Após o entusiasmo inicial, surgiram as críticas: as correlações descritas eram frequentemente fracas e nem sempre os resultados das pesquisas podiam ser reproduzidos. Além disso, a teoria não explicava as diferenças na regulação do comportamento alimentar. Peter Herman, da Universidade de Toronto, Canadá, tentou enfrentar essas críticas propondo a hipótese da “contenção”. Argumentou que quando obesos jejuam para reduzir o peso, reprimem a ingestão de comida; ora, este seria o fator que os tomaria especialmente suscetíveis aos estímulos ligados à alimentação.

Herman elaborou um questionário para medir a contenção alimentar, cujos valores apresentaram uma correlação com o IMC. Em uma amostra formada por estudantes, 85% dos obesos entraram na categoria dos comedores reprimidos; apenas 15% eram comedores normais. Posteriormente, Herman, em colaboração com Janet Polivy, ampliou sua teoria em um “modelo limite do comportamento humano”. Segundo esta hipótese, os comedores reprimidos fixam uma “dieta-limite” para controlar a ingestão de alimentos, na tentativa de modificar, com regras auto impostas, a quantidade de alimentos e bebidas que ingerem.

Paradoxos alimentares da obesidade.3

PERDA DE CONTROLE

A orientação consciente do comportamento alimentar exige concentração e atenção e é, por isto, mais dispendiosa que a regulação automática. Um comedor reprimido consegue manter a dieta quando está concentrado e motivado, mas dois fatores podem alterar o controle consciente do comportamento alimentar. O primeiro é representado por qualquer distração que impeça a pessoa reprimida de controlar voluntariamente a ingestão de comida: um aborrecimento, por exemplo, pode bastar para que deixe de atentar para o que e quanto come. O segundo ocorre quando o comedor reprimido percebe que ultrapassou o limite de sua dieta e então renuncia totalmente ao controle sobre seu comportamento alimentar comendo, até alcançar o nível mais alto de sua zona de indiferença.

Esta suposição foi restada pela primeira vez em um experimento que Peter Herman publicou em 1985, junto com Deborah Mack, e cujos resultados foram confirmados por várias pesquisas realizadas posteriormente. Ofereceu-se a alguns dos participantes, todos comedidos, uma bebida bastante calórica, cujo consumo implicava clara transgressão de seus limites dietéticos. No experimento seguinte, as pessoas deviam avaliar o sabor de diversos tipos de sorvete. Os pesquisadores não estavam interessados nas avaliações, mas na quantidade de sorvete ingerido. Os comedores normais, após terem ingerido a bebida rica em calorias, comiam menos sorvete que quando não haviam bebido. A reação dos reprimidos foi diferente. Após a ingestão da bebida calórica, comeram mais gelado que com o estômago vazio. Porquê? Porque sua dieta, após a ingestão da bebida, estava arruinada e, assim, continuaram a comer até atingir o limite máximo da saciedade.

Um dos pontos fracos do modelo proposto é sua limitada capacidade explicativa. Embora comprove algumas consequências da ingestão reprimida de comida, não justifica porque a pessoa adota este padrão de conduta. Em segundo lugar, há uma discrepância entre o conceito de auto repressão alimentar que baseia a teoria e o que se emprega efetivamente ao se medir a ingestão reprimida de comida. Ainda que, segundo a teoria, a pessoa que reprime a alimentação esteja tentando seguir neste momento uma dieta, o questionário para a avaliação da contenção alimentar mede uma atitude mais duradoura. Os comedores reprimidos crônicos seriam pessoas que têm em geral a intenção de emagrecer (ou pelo menos não engordar), mas que não estão naquele momento necessariamente tentando emagrecer e que, assim, nem sempre se impõem regras dietéticas estritas.

Um terceiro ponto débil da teoria é que ela não leva suficientemente em conta a motivação do prazer. Se fosse perguntado por que transgrediram sua dieta, os comedores reprimidos talvez não respondessem que não souberam respeitar as regras que eles mesmos se impuseram. É mais provável que respondessem que comeram em demasia por prazer.

Para eliminar estes pontos fracos, propus, junto com meus colaboradores, um “modelo de objetivos conflitantes do comportamento alimentar”. Segundo nossa teoria, um problema fundamental dos obesos é que gostam de comer bem. Em um estudo clínico, pacientes obesos e de peso normal foram alimentados com uma dieta consistente em um caldo insípido. O consumo calórico dos pacientes obesos diminuiu em tomo de um quarto da quantidade necessária para manter seu peso. Nos de peso normal, pelo contrário, não foram observadas diferenças no consumo.

Até que pontoo gosto pela boa mesa constitui um problema pode depender em muito das preferências de cada um. Pessoas que gostam de peixe e de salada dificilmente terão problemas de peso. Diferente é a situação dos que gostam de hambúrguer, embutidos e outros alimentos ricos em gordura. A maioria dos obesos pertence a este último grupo e, por isso, ingerem mais gordura.

Evidentemente, estes hábitos alimentares aumentam o risco de engordar. A insatisfação com o peso costuma motivar o início de uma dieta, que resultará satisfatória, pelo menos a curto prazo. Mas como estes indivíduos tendem a recuperar o peso em breve, iniciam uma nova dieta. Depois de alguns ciclos, tomam-se comedores reprimidos. Seu comportamento alimentar caracteriza-se assim por um conflito entre objetivos opostos, querem desfrutar comida, mas, ao mesmo tempo, controlar o peso.

Diante de uma situação de conflito entre objetivos, o comportamento dependerá sempre da motivação predominante no momento. Assim, para que um comedor reprimido mantenha uma dieta baixa em calorias, a motivação para controlar o comportamento alimentar deve ser mais intensa que a motivação do prazer. Isto só ocorre quando estão realmente motivados e empenhados em seguir a dieta.

Paradoxos alimentares da obesidade.4

VENCER O MENU

Infelizmente, o desenvolvimento de uma refeição é estruturado de tal forma que, no início, dominam os estímulos que despertam as motivações prazerosas. Temos apetite e a comida exala aromas sedutores. No restaurante, a leitura do menu estimula o apetite e, em um piscar de olhos, o prato está sobre a mesa. Somente quando o prato está vazio ou quando sentimos o cinto apertar é que surge a motivação do controle. Recordamos então, com sentimento de culpa, as boas intenções de seguir rigidamente a dieta nesta noite. Mas, já que a dieta foi deixada de lado, podemos concluir a refeição com uma boa sobremesa!

Neste jogo de alternâncias se misturam fatores cognitivos. É preciso mais atenção para conseguir controlar o peso que para desfrutar a comida. Qualquer distração durante a refeição reduzirá nossa capacidade de controlar as calorias que ingerimos. O hedonismo ganha a partida.

Outro problema aflige ainda os comedores reprimidos. A menos que estejam passando fome neste momento preciso, a motivação que os induz a controlar as calorias provoca o efeito contrário. O leitor, certamente, conhece o fenômeno, quando queremos afastar da mente uma ideia incômoda, esta retorna com mais intensidade. Algo parecido ocorre quando revelamos, na primeira ocasião que surge, algo que queríamos manter em segredo. Assim, supomos que, na ausência de controle cognitivo, a motivação crônica para emagrecer pode ter a consequência paradoxal de favorecer uma maior ingestão de alimentos. Em outras palavras, os comedores reprimidos comem mais justamente porque querem comer menos!

Esta suposição paradoxal baseia-se na “teoria dos processos paradoxais”, publicada em 1994 por Daniel Wegner, hoje da Universidade Harvard. Alguns processos invalidam nossas intenções e provocam até mesmo a situação que pretendíamos evitar. Wegner comprovou, em numerosos estudos, a influência destes processos paradoxais sobre o pensamento e o comportamento. Observou que as pessoas eram capazes de reprimir determinados pensamentos ou tendências comportamentais quando se concentravam nesta tarefa; se distraídas, atuavam de forma contrária. Segundo Wegner, o êxito de nossos esforços para nos controlarmos depende, sobretudo, da quantidade de recursos cognitivos investidos. Em suas pesquisas, obrigou os indivíduos a investirem seus recursos cognitivos em outras tarefas. A origem da diminuição da capacidade cognitiva pode ser consequência de uma redução da motivação para o controle. Seria este o caso dos comedores reprimidos que não estão em fase de dieta.

A comprovação da presença de processos paradoxais em tais circunstâncias foi fornecida por um estudo em que os participantes deviam opinar sobre o sabor de diversos tipos de sorvete. Em seguida foram solicitados a anotar por escrito os pensamentos que tiveram durante o teste. O que interessava para a pesquisa não eram os juízos qualitativos emitidos, mas os pensamentos referentes ao controle das calorias, como por exemplo: “Cuidado com o sorvete, isto engorda”. O resultado confirmou as expectativas: este tipo de pensamento era mais frequente entre os comedores reprimidos, especialmente se neste momento tentavam seguir uma dieta de emagrecimento.

Além disso, os reprimidos comeram tanto menos quanto mais intensos eram os seus pensamentos de controle, ao passo que os não reprimidos que não estavam de dieta consumiram até mesmo mais sorvete. Assim, a vontade crônica de emagrecer, sem uma motivação aguda para controlar o consumo de alimentos, leva a uma ingestão excessiva. Uma variante desta pesquisa (ver quadro abaixo) forneceu resultados similares.

Mas então o que devem fazer os obesos? O melhor conselho não seria comer menos, mas comer de forma diferente. Em vez de reduzir as calorias, deveriam reduzir a gordura de sua alimentação. Ainda que, inicialmente, sua alimentação pareça menos saborosa, a experiência ensina que logo passarão a apreciá-la. Com isto se elimina a necessidade de controle contínuo das calorias.

Além disso, o excesso de peso deve ser enfrentado não só agindo sobre a ingestão de calorias, mas intervindo também sobre o consumo de energia. Isto não quer dizer que é preciso começar a comer agora mesmo. Usar menos o carro e caminhar mais asseguram a redução do peso. Porém, não se deve esperar milagres: a combinação de uma alimentação pobre em gorduras com o exercício físico ajuda a combater a obesidade, mas não a elimina a vantagem desta combinação é que reduz os riscos para a saúde associados à obesidade.

O meio familiar também pode se beneficiar de uma mudança de atitude que favoreça uma alimentação mais saudável. O fato de que pais obesos costumam ter filhos obesos não é só uma questão hereditária, mas também dos hábitos alimentares transmitidos. A obesidade infantil pode ser combatida ou prevenida mediante uma alimentação saudável no âmbito familiar. Na minha opinião, este ponto é crucial para o desenvolvimento posterior do indivíduo.  

  

 

OUTROS OLHARES

A REAÇÃO DAS MINORIAS

Temendo retrocessos em relação a seus direitos no próximo governo, pessoas trans antecipam registro do nome social e casais homossexuais correm para oficializar a união estável.

A reação das minorias

Eles formam um casal há 22 anos. O arquiteto Nivaldo Godoy, 40, e o cenógrafo Panais Bouki, 42, vivem em São Paulo e assumiram seu relacionamento afetivo ainda jovens, passando a morar juntos sem preocupação em formalizar a união. Até agora, isso parecia uma questão secundária. Godoy se sentia num ambiente progressista e a convivência pacífica e produtiva bastava para os dois. Mas diante da eleição de Jair Bolsonaro e da onda conservadora que atinge o País eles decidiram, como medida preventiva, mudar seus planos e registrar sua união estável no cartório ainda este ano. “Essa guinada da política nos deixou sobressaltados”, afirma Godoy. “Não sabemos mais o que pode acontecer num futuro próximo. Há uma força conservadora difusa que pode resultar numa política de cerceamento e retirada de direitos básicos”. Como não existe lei que garanta a união estável – é a jurisprudência que permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o que Godoy e Bouki mais temem é uma mudança abrupta nas regras e a perda de direitos até agora assegurados.

A população LGBTI está em polvorosa com a chegada de Bolsonaro ao poder. E essa inquietude tem fundamento. Em nota divulgada imprensa no dia da vitória do novo presidente, a ONG Anistia Internacional chamava atenção para o risco que essa população corre, assim como os povos indígenas, os quilombolas, as comunidades rurais tradicionais, os jovens negros e as mulheres. “As instituições públicas brasileiras devem tomar medidas firmes e decisivas para proteger os direitos humanos”, disse a diretora para as Américas da Anistia Internacional Erika Cuevara Rosas. No caso dos LGBTI, o problema não é só a questão do casamento, mas também do registro do chamado nome social – aquele pelo qual pessoas transexuais, travestis ou qualquer outro gênero querem ser chamados rotineiramente – e do aumento da violência LGBTI registrou 33 incidentes de violência contra homossexuais entre o primeiro e o segundo turno das eleições.

“Casar agora é um ato político, mas tem que ser por amor”, afirma o professor Toni Reis, diretor executivo do Grupo Dignidade, uma organização LGBTI com sede em Curitiba. “Desde que Bolsonaro disse que preferia um filho morto a um filho gay passamos a ficar muito preocupados”. Reis tem uma união estável com o britânico David Harrad, formalizada em 2011, assim que o STF permitiu casamento entre pessoas do mesmo sexo, o casal, que tem três filhos, decidiu agora se casar no civil e no religioso, provavelmente na Igreja Anglicana, como uma forma de protesto contra qualquer tipo de obscurantismo. Reis teme que no futuro, com uma nova composição mais conservadora do STF, possa acontecer algum retrocesso. “Quero os mesmos direitos de uma família convencional”, diz. “Temos três filhos e precisamos pensar em questões práticas, como a herança, por exemplo”.

Os cartórios estão sobrecarregados de pedidos e há uma corrida da população LGBTI para regularizar sua situação. Isso pode ser verificado, por exemplo, no processo de inscrições para a segunda edição do casamento coletivo igualitário, promovido pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo e que acontecerá na segunda quinzena de dezembro. A inscrições para casais LGBTI que queiram participar da cerimônia foram abertas dia 5 e, possivelmente, serão fechadas antes do prazo previsto, dia 19, por causa da alta demanda. A proposta da cerimônia, promovida pela primeira vez no ano passado e que acontecerá na segunda quinzena de dezembro é dar visibilidade a um direito já conquistado pela comunidade LGBTI, além de promover para essa população, colocada à margem da sociedade, o exercício da cidadania plena. Há 32 vagas e uma média de 40 pedidos de informação por dia e pelo menos oito inscrições.

“Existe um grupo que está com muito medo de um decreto presidencial revogar todos os direitos conquistados”, afirma Marcelo Gallego, assessor jurídico da coordenação de políticas para LGBTI da Secretaria de Direitos Humanos. “Essa histeria se justifica pela onda conservadora e pelo discurso de ódio, mas, juridicamente, não há como mudar a situação só com uma canetada”. Se quiser mudar as regas, Bolsonaro não poderá fazer isso por decreto e precisará aprovar um projeto de lei no Legislativo. Em novembro do ano passado, o Tribunal de Justiça do Rio condenou o então deputado a pagar RS150 mil por declarações contra homossexuais na TV, feitas durante sua participação no programa CQC, em 2011. Bolsonaro disse, na ocasião, que não corria o risco de ter um filho gay porque os seus filhos tiveram boa educação e um pai presente. Mais recentemente, ele assegurou que os “homossexuais serão felizes” no futuro governo.

MUDANÇA DE NOME

Seja como for outra minoria que está agilizando providencias legais, é a dos transexuais. “Nós temos receio que várias conquistas sejam atacadas e suprimidas da realidade e muitos transexuais estão tratando de mudar o nome antes de dezembro”, afirma a travesti Simmy Larrat presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e lntersexos (ABGLT). Em junho, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou as regras para as pessoas trans mudarem nome e gênero em suas certidões de nascimento ou casamento diretamente nos cartórios. Pela nova regra os maiores de 18 anos podem alterar seus dados pessoais a fim de adequá-los à identidade autopercebida”. Mas há sinais de retrocesso. Há um projeto de decreto legislativo de autoria do deputado Victório Calli (PSL) em que susta a portaria 33 do Ministério da Educação e tira o direito de estudantes transexuais e travestis com mais de 18 anos usarem o nome social na escola. Alunos menores de 18 anos também tem esse direito desde que o pedido seja feito pelos representantes legais. O decreto 8727, de 2016, diz que o nome social é a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é, socialmente reconhecida. E a população trans quer exercer o seu direito, antes que seja tarde.

 

OS DIREITOS LGBTI

UNIÃO ESTÁVEL
Desde 2011, por conta de uma decisão do STF, as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo passaram a ser permitidas.

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça publicou uma resolução que proíbe os cartórios de se negarem a registrar casamentos de pessoas do mesmo sexo.

A reversão do direito de casamentos LGBTI não pode ser feita por decreto – seria necessário um projeto de lei aprovado pelo Congresso.

NOME SOCIAL
Um decreto presidencial de 2016 autorizou o uso do nome social de travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal

Em janeiro de 2018 foi aprovada uma resolução do Ministério da Educação que autorizou o uso do nome social nos registros escolares da educação básica.

Em fevereiro de 2018, um outro decreto permitiu que as carteiras de identidade possam incluir o nome social das pessoas transgênero

GESTÃO E CARREIRA

CUIDANDO DO TIME

Desenvolver a equipe é o principal desafio dos líderes no Brasil

Cuidando do time.2

Em tempos de escassez de profissionais qualificados, investir tempo e recursos no desenvolvimento da equipe é uma estratégia eficiente para companhias que desejam elevar a qualidade de seus produtos e serviços, ganhar em produtividade e, consequentemente, se manterem competitivas no mercado. Porém, a missão de desenvolver o time é apontada como o principal desafio do próximo ano (2018) para 33% dos 148 líderes brasileiros entrevistados pela Integração Escola de Negócios, em julho de 2016. 

“Todo líder tem ciência de que o foco nas pessoas deve ser prioridade entre suas atribuições, mas a pressão diária por resultados, aliada à falta de planejamento das ações, faz com que ele passe o dia em busca de resultados”, explica Fernando Cardoso, sócio-diretor da Integração Escola de Negócios. De acordo com a pesquisa Perfil da liderança no Brasil, o tempo das lideranças é prioritariamente ocupado pela rotina (33%), seguida por urgências (26%). Ações relacionadas a pessoas e a planejamento são citadas em terceiro e quarto lugar, respectivamente.

Com relação à administração do próprio tempo, a pesquisa evidencia que 37% dos líderes entrevistados estão atentos a esse ponto de melhoria. Entre outras oportunidades de aprimoramento na função citadas, também estão o empenho para sair do operacional, formar sucessores e desenvolver a equipe.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Confira alguns dos resultados da pesquisa Perfil da liderança no Brasil:

DESAFIOS NO CARGO

Desenvolver a equipe                 33%
Gestão de mudança na área      21%
Implementar melhorias             19%

COMO DISTRIBUI O TEMPO NA LIDERANÇA (ATIVIDADES)

Rotina         33%
Urgências   26%
Pessoas       22%
Futuro         19%

OPORTUNIDADE DE MELHORIA PESSOAL

Administrar melhor o tempo      37%
Sair do operacional                       32%
Formar sucessores                        22%
Desenvolver a equipe                   22%

 OPORTUNIDADE DE MELHORIA DAS LIDERANÇAS DA EMPRESA

Comunicar a estratégia                         31%
Formar sucessores                                28%
Alinhar os objetivos estratégicos       25%
Dar e receber feedback                         24%

COMPETÊNCIAS QUE CONSIDERAM IMPORTANTES PARA ATINGIR OS RESULTADOS ORGANIZACIONAIS

Comunicação                     51%
Gestão de pessoas             41%
Foco em resultados          39%
Trabalho em equipe         34%

COMO DESCREVE O RELACIONAMENTO ENTRE OS LÍDERES DA EMPRESA

Colaborativo        32%
Amistoso              28%
Operacional         22%
Complexo             20%

COMO CLASSIFICA O RELACIONAMENTO COM O RH

Apoio            45%
Distante       29%

Cuidando do time

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 28-40 – PARTE II

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo na audiência. Cristo é acusado diante de Pilatos

 

II – Aqui estão as palavras de Pilatos com o prisioneiro, v. 33ss., em que temos:

1. O prisioneiro trazido ao tribunal. Depois de ter conversado com os principais dos sacerdotes à sua porta, Pilatos entrou na audiência e mandou trazerem a Jesus. Ele não o interrogaria diante da multidão, onde poderia ser perturbado pelo ruído, mas ordenou que Ele fosse trazido à audiência, pois Ele não tinha nenhum problema em estar entre os gentios. Pelo pecado, nós nos tornamos sujeitos ao juízo de Deus, e devemos ser trazidos ao seu tribunal. Portanto, Cristo, tendo sido feito pecado e uma maldição por nós, foi trazido como um criminoso. Pilatos entrou na audiência com Ele, para que Deus não entre em um julga mento conosco.

2. Seu interrogatório. Os outros evangelistas nos dizem que os acusadores de Cristo tinham dito que Ele vinha “pervertendo a nação, proibindo dar o tributo a César”, e com relação a isto Ele é interrogado.

(1) Aqui lhe é proposta uma pergunta, com o desejo de apanhá-lo em uma armadilha e descobrir alguma coisa em que basear uma acusação: “‘Tu és o rei dos judeus?’ – aquele rei dos judeus de quem tanto se falou, e que é tão esperado, O Messias, o príncipe, és tu? Pretendes ser Ele? Tu te denominas assim, e pensas que o és?” Pilatos estava longe de imaginar que Ele realmente o seria, ou não faria esta pergunta. Alguns creem que Pilatos perguntou isto com um ar de desprezo e zombaria: “O que! Você é um rei, com uma aparência tão humilde? Você é o rei dos judeus, aqueles pelos quais é odiado e perseguido desta maneira? Você é o rei de direito, ao passo que o imperador é apenas rei de fato?” Como não se podia provar que Ele tivesse dito isto, ele desejava obrigá-lo a dizer isto agora, para poder prosseguir de acordo com sua própria confissão.

(2) Cristo responde a esta pergunta com outra, não para fugir dela, mas sugerindo que Pilatos considerasse o que estava fazendo, e sobre que terreno estava pisando (v. 34): “‘Tu dizes isso de ti mesmo’, com base em uma suspeita nascida no teu próprio peito, ‘ou disseram-te outros de mim?’, e perguntas somente para satisfazer a eles?”

[1] “Está claro que você não tem motivo para dizer isto de você mesmo”. Pilatos era obrigado, pelo seu cargo, a cuidar dos interesses do governo romano, mas não podia dizer que ele estivesse correndo qualquer risco, nem sofrendo nenhum dano, por qualquer coisa que nosso Senhor Jesus tivesse dito ou feito. Ele nunca apareceu em pompa terrena, nunca se atribuiu nenhuma autoridade secular, nunca agiu como um juiz ou repartidor. Nunca nenhum princípio ou procedimento traidor foi reprovado nele, nem nada que pudesse causar a menor sombra de suspeita.

[2] “Se os outros dizem isto de mim, para incitá-lo contra mim, você deve considerar quem são eles, e em que princípios eles se baseiam, e se aqueles que me apresentam como inimigo de César não o são, eles mesmos, na realidade, e usam isto somente como um pretexto para encobrir sua maldade, pois, se for assim, a questão deve ser bem ponderada por um juiz que faça justiça”. Ou melhor, se Pilatos tivesse sido tão inquisitivo quanto deveria ter sido nesta questão, teria descoberto que a verdadeira razão pela qual os principais dos sacerdotes estavam irados contra Jesus era porque Ele não tinha estabelecido um reino temporal em oposição aos poderes romanos. Se Ele tivesse feito isto, e tivesse realizado milagres para libertar os judeus da escravidão aos romanos, como fez Moisés, para tirá-los do Egito, eles estariam tão longe de aliar-se aos romanos contra Ele, que o teriam feito seu rei, e teriam lutado, sob seu governo, contra os romanos. Mas, como Ele não correspondeu a esta expectativa dos judeus, eles o acusam daquilo de que eles mesmos eram mais notoriamente culpados, o desafeto ao atual governo, e os desejos contrários a ele. E era adequado que uma informação como esta fosse aceita?

(3) Pilatos se ressente da resposta de Cristo e a recebe mal, v. 35. Esta é uma resposta direta à pergunta de Cristo, v. 34.

[1] Cristo lhe tinha perguntado se ele falava de si mesmo. “Não”, responde ele, “porventura sou eu judeu, para que suspeites que eu participo do complô contra ti? Eu nada sei sobre o Messias, nem desejo saber. Portanto, não me interesso pela disputa sobre quem é o Messias e quem não é. Para mim, isto é indiferente”. Observe com que desdém Pilatos pergunta: “Sou eu judeu?” Os judeus eram, sob muitos aspectos, um povo honorável, mas, tendo corrompido o concerto do seu Deus, Ele os fez desprezíveis e indignos diante de todo o povo (Malaquias 2.8,9), de modo que um homem de bom senso e honra julgaria um escândalo ser considerado um judeu. Assim, os bons nomes frequentemente sofrem por causa dos maus homens que os usam. É triste quando alguém suspeito de desonestidade pergunta: “O que! Você me considera um cristão?”

[2] Cristo lhe tinha perguntado se os outros lhe tinham dito. “Sim”, responde ele, “e aquele seu próprio povo, que pensaríamos que estivesse predisposto a seu favor, e os sacerdotes, cujo testemunho – a palavra de um sacerdote, deveria ser levado em consideração. E por isto eu não tenho nada a fazer, exceto prosseguir com base na informação que deles recebi”. Assim, Cristo, na sua religião, ainda sofre por causa de outros que não pertencem à sua própria nação, até mesmo sacerdotes, que professam um relacionamento com Ele, mas que não vivem de acordo com os padrões da sua profissão de fé

[3] Cristo tinha se recusado a responder à pergunta: “Tu és o rei dos judeus?” E por isto Pilatos lhe faz outra pergunta, mais genérica: “‘Que fizeste?’ Que provocação fizeste à tua própria nação, e particularmente aos sacerdotes, para que sejam tão violentos contra ti? Certamente, eles não podem ter toda esta fumaça sem que haja fogo. O que aconteceu?”

(4) Na sua próxima réplica, Cristo dá uma resposta mais direta e completa à pergunta anterior de Pilatos: “Tu és rei?”, explicando em que sentido Ele era rei. O Senhor Jesus não era um rei perigoso para o governo romano, não era um rei secular, pois seus interesses não eram sustentados por métodos seculares, v. 36. Observe:

[1] Uma explicação da natureza e da constituição de reino de Cristo: ele não é deste mundo. Isto é expresse de forma negativa para corrigir os atuais enganos ares­ peito do reino. Mas a afirmativa está implícita, é o reine do céu, e pertence a outro mundo. Cristo é um rei, e tem um reino, mas não deste mundo.

Em primeiro lugar, Ele não surge deste mundo. Os reinos dos homens surgem do mar e da terra (Daniel 7.3; Apocalipse 13.1,11), mas a cidade santa vem de Deus, do céu, Apocalipse 22.2. Seu reino não se dá por sucessão, eleição ou conquista, mas pela designação imediata e especial do conselho e da vontade divina.

Em segundo lugar, sua natureza não é terrena. É um reino que está dentro dos homens (Lucas 16.21), estabelecido nos seus corações e consciências (Romanos 14.17), sua ri queza é espiritual, sua autoridade é espiritual, como também toda a sua glória interior. Os ministros de estado no reino de Cristo não têm o espírito do mundo, 1 Coríntios 2.12.

Em terceiro lugar, seus guardas e sustentadores não são terrenos. Suas armas são espirituais. Não é necessária, nem usada, força secular para mantê-lo e promovê-lo, nem ele se estabelece de uma maneira prejudicial a reis ou províncias. Ele não interfere, em nada, nas prerrogativas dos príncipes, nem nas propriedades dos seus súditos. Ele não pretende alterar nenhuma instituição nacional sobre as coisas seculares, nem se opõe a nenhum reino, exceto o do pecado e Satanás.

Em quarto lugar, sua tendência e seu objetivo não são terrenos. Cristo não desejava, nem permitiria, que seus discípulos desejassem a pompa e o poder dos grandes homens na terra.

Em quinto lugar, seus súditos, embora estejam no mundo, não são do mundo. Eles são chamados e separados do mundo, são nascidos de outro mundo, e se destinam a ele. Eles não são os pupilos nem os prediletos do mundo, nem são governados pela sabedoria do mundo, nem enriquecem com a riqueza do mundo.

[2] Uma evidência da natureza espiritual do reino de Cristo é aqui apresentada. Se Ele tivesse desejado uma oposição ao governo, Ele teria lutado contra eles, com suas próprias armas, e teria combatido força com força, da mesma natureza. Mas Ele não tomou este caminho: “Se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus”, e para que meu rei­ no não fosse destruído por eles. Mas,

Em primeiro lugar, seus seguidores não se ofereceram para lutar. Não houve tumulto, nem tentativa de resgatá-lo, embora a cidade agora estivesse cheia de galileus, seus amigos e compatriotas, e estes geralmente andavam armados. Mas o comportamento pacífico dos seus discípulos, nesta ocasião, era suficiente para “tapar a boca à ignorância dos homens loucos”.

Em segundo lugar, Ele não ordenou que eles lutassem. Na verdade, Ele os proibiu, o que era uma evidência não só de que Ele não dependia da ajuda do mundo (pois Ele poderia ter reunido legiões de anjos ao seu serviço, o que mostraria que seu reino era do alto), como também de que não temia a oposição do mundo, pois estava muito desejoso de ser entregue aos judeus, como se soubesse que aquilo que teria sido a destruição de qualquer reino terreno seria o progresso e o estabelecimento do seu. Com isto, Ele conclui: “Agora, o meu Reino não é daqui”. Ele está no mundo, mas não é do mundo.

(5) Em resposta à pergunta seguinte de Pilatos, Ele responde de maneira ainda mais direta, v. 37, onde temos:

[1] A pergunta clara de Pilatos: “Logo tu és rei?” Tu falas de um reino que tens. Neste sentido, então, tu és um rei? E que fundamento tens para fazer tal reivindicação? Explica-te”.

[2] A boa confissão que nosso Senhor Jesus fez diante de Pôncio Pilatos, em resposta a esta pergunta (1 Timóteo 6.13): “Tu dizes que eu sou rei”, isto é: É como tu dizes, Eu sou rei, pois “vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade”.

Em primeiro lugar, Ele admite ser um rei, embora não no sentido ao qual Pilatos se refere. O Messias era esperado sob a natureza de um rei, o Messias, o príncipe, e, portanto, tendo admitido diante de Caifás que Ele era o Cristo, não podia recusar-se a admitir diante de Pilatos que era rei, para não parecer incoerente. Observe que, embora Cristo assumisse a forma de um servo, ainda assim Ele reivindicava, com razão, a honra e autoridade de um rei. Em segundo lugar, Ele se explica, e mostra como é rei, pois veio “a fim de dar testemunho da verdade”. Ele governa a mente dos homens pelo poder da verdade. Se Ele tivesse desejado declarar-se um príncipe temporal, Ele teria dito: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo”, a fim de governar nações, vencer reis e tomar posse de reinos. Não, Ele veio para ser uma testemunha, uma testemunha a favor do Deus que criou o mundo, e contra o pecado, que destrói o mundo. E por esta palavra do seu testemunho, Ele estabelece e promove seu reino. Estava predito que Ele seria uma testemunha aos povos, e, como tal, um príncipe e governador dos povos, Isaías 55.4. O reino de Cristo não era deste mundo, no qual “a verdade desfalece” (Isaias 59.15 – Aquele que não pode dissimular, não sabe como reinar), mas daquele mundo no qual a verdade reina eternamente. A missão de Cristo no mundo, e seu trabalho no mundo, deviam “dar testemunho da verdade”.

1. Para revelá-la, para expor ao mundo aquilo que, de outra maneira, não poderia ter sido conhecido a respeito de Deus e da sua vontade e boa vontade para os homens, cap. 1.18; 17.26. 2.

2. Para confirmá-la, Romanos 15.8. Pelos seus milagres, Ele deu testemunho da verdade do Evangelho, a verdade da revelação divina, e das perfeições e da providência de Deus, e a verdade da sua promessa e do seu concerto, “para que todos cressem por ele”. Fazendo isto, Ele é um rei, e estabelece um reino.

 (1) A fundação e o poder, o espírito e a genialidade do reino de Cristo são a verdade, a divina verdade. Quando Ele disse: Eu sou a verdade, Ele disse, na verdade: Eu sou rei. Ele conquista pela evidência convincente da verdade. Ele governa pelo poder dominante da verdade: “Neste teu esplendor cavalga prosperamente pela causa da verdade”, Salmos 45.4. É com sua verdade que Ele julgará o povo, Salmos 96.13. Ela é o cetro do seu reino. Ele “atrai com cordas humanas”, com a verdade revelada a nós, e recebida por nós, no amor a Ele. E, desta maneira, Ele traz “cativo todo entendimento à obediência”. Ele veio como uma luz ao mundo, e governa como o sol durante o dia.

(2) Os súditos deste reino são aqueles que são da verdade. Todos aqueles que, pela graça de Deus, são libertados do poder do pai da mentira, e estão dispostos a receber a verdade e submeter-se ao seu poder e influência, ouvirão a voz de Cristo, se tornarão seus súditos e mostrarão fé e verdadeira lealdade por Ele. Todo aquele que tem um senso verdadeiro da religião verdadeira irá receber a religião cristã, e pertencerá ao reino de Cristo. Ele os torna dispostos pelo poder da verdade, Salmos 90.3. Todo aquele que ama a verdade irá ouvir a voz de Cristo, pois, em nenhum lugar, podem ser encontradas verdades maiores, melhores, mais seguras, mais doces, do que as que são encontradas em Cristo, por cujo intermédio vieram a graça e a verdade. De modo que, ao ouvir a voz de Cristo, devemos saber que somos da verdade, 1 João 3.19.

(6) Em seguida, Pilatos lhe propõe uma pergunta, mas não espera uma resposta, v. 38. “Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?” E imediatamente saiu novamente.

[1] É certo que esta era uma boa pergunta, e não havia ninguém melhor para respondê-la. A verdade é aquela pérola de alto preço que o entendimento humano deseja e procura, pois ele não pode descansar, exceto naquilo que é, ou pelo menos se entende ser, verdade. Quando estudamos as Escrituras, e ministramos ao mundo, devemos ter esta pergunta em mente: “Que é a verdade?” E também esta oração: “Guia-me na tua verdade, em toda a verdade”. Mas muitos fazem esta pergunta sem ter a paciência e a constância suficientes para perseverar na sua busca pela verdade, nem a humildade e a sinceridade suficientes para recebê-la quando a encontram, 2 Timóteo 3.7. Assim muitos lidam com suas próprias consciências. Eles lhes fazem estas perguntas necessárias: “Quem sou eu?” “O que eu fiz?”, mas não reservam tempo para uma resposta.

[2] Não se sabe ao certo qual era o desígnio de Pilatos ao fazer esta pergunta.

Em primeiro lugar, talvez ele falasse como um aprendiz, como alguém que começava a pensar bem de Cristo, e a considerá-lo com algum respeito, e desejava ser informado das novas noções que Ele propunha e das melhorias que Ele tinha em mente para a religião e o aprendizado. Mas, embora ele desejasse ou­ vir alguma verdade nova de Cristo, como Herodes desejava ver algum milagre, o clamor e a fúria do grupo dos sacerdotes, à sua porta, o obrigaram a abandonar o discurso abruptamente.

Em segundo lugar, alguns pensam que ele falava como um juiz, investigando ainda mais a causa agora trazida diante de si: “Explique-me este mistério, e diga-me qual é sua verdade, a verdadeira situação deste assunto”.

Em terceiro lugar, outros pensam que ele falava de modo zombeteiro: “Você fala de verdade. Você não pode me dizer o que é a verdade, ou dar-me uma definição de verdade?” Desta maneira, ele faz uma brincadeira do Evangelho eterno, aquela grande verdade que os principais dos sacerdotes odiavam e perseguiam, e pela qual Cristo agora dava testemunho e sofria, e como os homens sem religião, que se divertem em zombar de todas as religiões, ele ridiculariza os dois lados, e por isto Cristo não lhe deu resposta. Não respondam a um tolo segundo sua tolice. Não atirem pérolas aos porcos. Mas, embora Cristo não dissesse a Pilatos o que era a verdade, Ele tinha dito aos seus discípulos, e por meio deles, nos diz, cap. 14.6.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

BAGUNÇA CRIATIVA TRAZ INOVAÇÃO PARA OS NEGÓCIOS

Pesquisas comprovam que a bagunça criativa – não a sujeira – traz inovação para os negócios; especialista em carreira lista 4 dicas sobre o assunto.

Bagunça criativa traz inovação para os negócios.

Já ouviu a frase “É no caos que encontramos a ordem”, de Alpheu Mattos? O autor tem razão nesse pensamento. Essa “ordem” está ligada à criatividade. Segundo um estudo divulgado na Science Daily, canal de ciência mundialmente conhecido, para aguçar a criatividade das pessoas é necessário um ambiente um pouco caótico e que faça com que esse indivíduo saia da sua zona de conforto.

A pesquisa foi desenvolvida pela Doutora Kathleen D. Vohs da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, e consistiu no recrutamento de 48 participantes. Algumas dessas pessoas foram colocadas para trabalharem em ambientes bagunçados e outras em locais organizados. Ao final, os grupos precisavam propor soluções para a seguinte questão: Uma empresa de bolas de ping-pong necessita pensar em novos usos para o objeto. Proponha quantas ideias vocês tiverem para isso. O resultado foi surpreendente, pois ambas turmas apresentaram a mesma quantidade de soluções, porém, o grupo que exerceu a atividade no ambiente caótico foi mais criativo nas soluções em 28%. Essa porcentagem foi comprovada por pesquisadores da Universidade de Northwestern.

É importante ressaltar que Kathleen Vohs comprovou que os efeitos da ordem visual existe para quem precisa ser criativo/inovador, porém, nada tem a ver com sujeira. Sujeira é diferente de bagunça.

bagunça criativa estimula a tomada de decisão mais arriscada, ou seja pode ser ideal para um brainstorm e/ou desenvolvimento de novos produtos, entretanto para as atividades que precisam de foco e produtividade, a organização é primordial.

“Um ambiente organizado é importante para pôr em prática a inovação que veio do caos. Ou seja, do ambiente desordenado. E isso não tem a ver com o nicho que a empresa atua. Na era tecnológica que vivemos precisamos do processo criativo em todas as áreas”, explica Fabiano Castro, especialista em carreiras e diretor da Minds que colocou na rede de idiomas os dois tipos de perfis.

Na rede de idiomas Minds English School há esse tipo de gestão direcionada. As escolas têm os seus espaços destinados a troca de experiência e para proporem ideias. E também tem os ambientes para preparar as aulas, se concentrar e cuidar da parte administrativa. Demorou cerca de um ano para pôr em prática nas 70 escolas da rede. Já que a rede trabalha no sistema de franchising e unificar o que dar certo é uma prioridade.

Para ajudar você a pensar fora da caixa, o especialista em carreiras e diretor da Minds Idiomas, lista 4 ações simples para ser um bagunceiro(a) consciente e ter mais criatividade no dia a dia:

MUDE OS OBJETOS DE LUGAR DA SUA MESA DE TRABALHO

Algo simples e eficiente. Para o cérebro exercer novas conexões neurais é preciso ter estímulos visuais diferentes. Por isso, mudar os itens da mesa que trabalha já faz diferença e ajudará você a pensar diferente.

EXERÇA, SE POSSÍVEL, O SEU TRABALHO EM UM AMBIENTE DIFERENTE DO USUAL

Não são todas as empresas que permitem, mas muitas estão aos poucos liberando o home office uma vez por semana. Seja nesse dia que a empresa liberar ou se você tiver uma flexibilidade maior busque locais diferentes para trabalhar. Ideias, troca de experiência com outras pessoas, e até o trajeto novo para ir ao local escolhido podem fazer a diferença na hora de ter uma grande ideia.

SENTE AO LADO DE UM COLEGA DE TRABALHO E CONCEDA 1 HORA DO SEU TEMPO (SEMANALMENTE).

A ideia aqui é você sentar e observar um colega de preferência de outra área enquanto ele trabalha. Faça isso após o expediente. Absorver outras informações e até o método de trabalho do outro pode lhe ajudar nas suas tarefas do dia a dia. E a melhorar processos como um todo da empresa. Quantas pessoas você já viu fazendo isso? A ideia pode parecer bagunçada e é justamente por isso que ele dá certo.

ALTERE A ORDEM DAS ATIVIDADES DO SEU DIA

É normal em qualquer função criarmos uma rotina das tarefas que temos para entregar no dia e semanalmente. Claro que temos as que são prioridades, mas nas demais tente trocar a ordem que as executa. É como aprender um idioma, o seu cérebro é “forçado” a pensar de uma outra forma. Isso gerará novos fluxos e processos no seu dia a dia.

“Pensar fora da caixa pode ser sinônimo de mudar as coisas do escritório de lugar. Ambiente como o Google e diversas startups já entenderam isso, e muitas adotaram o modelo horizontal em que há troca entre todos os setores. Aprendemos com o caos do outro e com o nosso próprio caos. Essa é a essência da psicologia da bagunça e talvez uma solução para o que as empresas tanto almejam: colaboradores unidos e únicos”, finaliza Fabiano Castro, diretor Nacional da Minds

OUTROS OLHARES

A ESCOLHA DA ESCOLA

Essa é uma das maiores preocupações das famílias, por constituir um fator decisivo de preparação das crianças para as suas futuras oportunidades profissionais e sociais.

A escolha da escola

Uma boa formação pedagógica de base é indispensável para iniciar e fundamentar todo o importante e longo percurso da aprendizagem, formal, do infantil ao final do ensino médio e até depois desse. A atenção à criança na creche, no berçário, na pré-escola se fortaleceu nas últimas décadas devido comprovação científica de que é nessa idade que o cérebro mais aprende e se desenvolve, e ainda que nesse início, se bem cuidado, predispõe a melhores condições posteriores de aquisição de conhecimentos.

Infelizmente e diferentemente de outrora, o ensino público não é mais um modelo e, portanto, quando podem financiar escolas particulares, a maioria do pais preferem apostar nesse tipo de opção, em que as propostas são muitas vezes difíceis de serem compreendidas por leigos, e a  escolha se reveste de múltiplos fatores e dúvidas.

Por esse motivo, hoje, mais do que nunca, vemos os pais tão preocupados com a seleção da escola de seus filhos. Inegavelmente há um custo enorme – e que não é apenas financeiro – envolvendo    essa questão: pesam as aspirações paternas, a pressão social, a responsabilidade na formação dos     filhos, que influenciam na hora de tomar uma decisão de tal porte. Uma escolha como essa exige reflexão dos pais, pois certamente terá sérios reflexos no futuro da criança e na dinâmica familiar.

A seleção em geral se inicia pelas indicações de parentes, de outros pais e de amigos que já passaram por essa fase com seus próprios filhos. Consultas aos profissionais especializados tornaram-se também uma opção cada vez mais utilizada, já que eles possuem melhores condições de avaliar o perfil de cada criança, suas potencialidades, suas necessidades, assim como da família, e como são conhecedores das diferentes metodologias pedagógicas, minimizam os riscos de equívocos na escolha da melhor escola.

Ao buscar informações nas instituições, muitas vezes com visitas presenciais a elas, é importante saber a formação exigida dos profissionais, como professores, orientadores etc., e também que tipo de apoio e incentivo a escola oferece para incrementar a atualização do corpo docente e dos demais funcionários. Hoje existem vários cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização voltados para esses profissionais.

Perguntar sobre as normas disciplinares e o tipo de avaliação que será usado ao longo do ano letivo pode evitar grandes e desagradáveis surpresas aos familiares. Inclusive pode haver sérias dissonâncias entre a educação dada em casa e as normas disciplinares da escola, que evidentemente podem atrapalhar o desenvolvimento do percurso acadêmico e gerar problemas comportamentais.

Uma escola situada em um local iluminado, arejado, arborizado e silencioso oferece aspectos muito favoráveis na hora da seleção, mas não o mais importante, pois, com o passar dos anos essas características, muitas vezes se modificam e ainda têm influência relativa no aproveitamento pedagógico.

Essas visitas à nova escola devem preferencialmente ser feita em horários diferentes para permitir  observar os alunos na entrada e na saída: essa é uma forma de saber como se sentem naquele ambiente.

Conversar com outros. pais, com alguns funcionários, e procurar conhecer pessoalmente os professores tranquilizam a maioria dos pais ansiosos pois nesse contato poderão estabelecer um vínculo com os adultos que olharão pelas crianças enquanto tiverem longe deles.

Uma vez feita a primeira seleção, é importante que as crianças visitem asa escolas, não para decidirem onde vão estudar,  pois essa é uma responsabilidade que está longe de ser delas, mas sim, para que seus pais observem como se sentem no novo ambiente e trocarem ideias com os filhos sobre o assunto, o que  também é um aprendizado de escuta, observação e vínculo desses pais.

Outros aspectos de ordem prática devem ser levados em conta: o valor das mensalidades e a distância de casa.  Pode parecer pouco relevante para quem nunca manteve um filho na escola, mais o custo mensal total ultrapassa o da mensalidade e vai desde uniforme, livros, transporte, lanche às despesas com passeio, entre outras coisas.

O consenso dos pais na escolha traz uma postura de segurança e firmeza, que fará com que a criança se sinta muito mais confiante e se adapte melhor à vida acadêmica.

Cuidado especial deve ser reservado à crianças pequenas: elas precisam de maiores explicações e estímulos para acompanharem com  tranquilidade essa mudança em sua vida, para se sentirem   emocionalmente seguras de sua capacidade de lidar com o novo, e autoconfiança nesse momento em que passam da guarda integral dos pais para um mundo repleto de crianças e adultos  desconhecidos.

Crianças inseguras do afeto que seus familiares têm por elas, apresentam maior dificuldade de adaptação pois se percebem mais frágeis e incapazes de lidar com novas situações pessoais e sociais.

Selecionar a pré-escola ou assumir necessidade de mudar o filho de escola ao longo do percurso são responsabilidades que cabem aos pais, até porque serão eles que arcarão com as consequências de uma escolha pouco adequada. Crianças e adolescentes não devem estar à frente dessa opção, embora possam em um outro momento quando já houver duas ou três opções definidas por seus pais, fazer uma seleção final e enfrentar o desafio com a responsabilidade que esse ato impôs.

GESTÃO E CARREIRA

DO CASULO À BORBOLETA: 

A ERA DIGITAL E A EMPREGABILIDADE DOS NOVOS TEMPOS.

A empregabilidade vira um diferencial tema relevante quando se trata das tendências do trabalho e seu relacionamento com as organizações empresariais

Do casulo à borboleta - a era digital e a empregabilidade dos novos tempos

A quarta revolução industrial gera um efeito determinante sobre o ânimo das empresas em relação à área de RH. A grande mudança contempla a necessidade de que o departamento de Recursos Humanos assuma um papel cada vez mais estratégico nas organizações.

A constatação é do levantamento que fizemos (estudo exclusivo da DOM Strategy Partners), realizado com 594 vice-presidentes e líderes de RH de grandes companhias instaladas no Brasil. A mesma pesquisa aponta que para 78% dos entrevistados a questão humana-profissional nas empresas deverá receber menos investimentos do que o necessário. O foco será em recursos, principalmente os tecnológicos.

Com isso, a empregabilidade vira um diferencial tema relevante quando se trata das tendências do trabalho e seu relacionamento com as organizações empresariais. O próprio termo, por si só, muda o enfoque convencional do emprego e também em como o RH deve se preparar para captar e potencializar o novo colaborador, fruto da era digital.

Empregabilidade relaciona-se à capacidade de um indivíduo manter-se empregável ao longo do tempo, mesmo que potencialmente, e não de estar empregado, ou de simplesmente conseguir um emprego.

Isso requer, dentre outros, atualização contínua, curiosidade focada, abertura ao novo, disciplina, autonomia, diferenciação real percebida em alguma habilidade ou conhecimento e boa dose de empreendedorismo.

Para se ter uma correta ambientação, faz-se necessária uma extrapolação do conceito de empregabilidade no sentido de relacioná-lo também à atividade empresarial que, a cada vez mais, deve se caracterizar como a alternativa mais consistente para muitos dos profissionais de alto nível.

Os efeitos da transformação digital, intimamente ligados à globalização, e internetização e do consequente acirramento da competitividade, geraram e, continuarão gerando, mudanças significativas nas estruturas organizacionais das grandes corporações, que terão consequências importantes de qualificação associada à redução dos quadros de funcionários. Em linhas gerais, menos gente, melhor, fazendo mais coisa que mais gente pior, fazendo menos coisa.

A opção por tentar se empregar em uma corporação parece restrita até porque este efeito de redução qualitativa deverá ser generalizado.

Sendo assim, o termo empregabilidade, no atual contexto, refere-se a manter-se trabalhando e ser remunerado compativelmente por isto. Ou seja, garantir valor pessoal que seja reconhecido e relevado como base de sustentação para a troca financeira representada pela remuneração/compensação.

Este conceito de valor já sugere uma das características importantes da empregabilidade. Se uma empresa deve vender valor e, se todas as pessoas ligadas à mesma devem desempenhar atividades que o incrementem, então empregável será o profissional de iniciativa que conseguir entender o negócio da companhia como um todo e focalizar seu trabalho justamente nas atividades de valor reconhecido.

Um dos aspectos mais discutidos acerca da empregabilidade é a abrangência do conhecimento do profissional. Trata-se da disputa entre a visão generalista e a técnica. O que se percebe, hoje, é que todas as empresas vão precisar de generalistas e técnicos em seus quadros.

O ponto crítico da questão é que não adianta ser um generalista arbitrário e, nem tampouco, um técnico com visão curta.

Em outra análise, é possível se traçar um padrão em que a chave para o sucesso profissional não é o grau de especialização, mas, sim, o grau de adaptabilidade. O que as empresas e o mercado procuram são pessoas que tenham uma alta capacidade de se adaptar, de absorver conhecimentos e incorporar habilidades rapidamente, de modo a se adequar às mudanças, atualmente tão repentinas.

Adicione-se a isto à necessidade de aprendizagem e “desaprendizagem” contínuas e, por que não dizer, instantâneas.

Como característica adicional básica da empregabilidade a ser discutida encontra-se a postura individual, a famosa atitude do profissional em relação ao trabalho. Esta postura é um complemento profissional marcante ao conhecimento e às habilidades.

A base para um processo de delegação de autonomia sem necessidade de muito controle e do estabelecimento consistente de boa liderança é trabalhar com pessoas que façam com que as coisas aconteçam por suas próprias mãos.

No final do dia, somando tudo o que foi dito anteriormente, empregáveis são aquelas pessoas que não precisam esperar uma ordem de alguém, que está esperando a decisão de um superior que, ao que parece, está incomunicável numa viagem de discussões estratégicas nas águas do Caribe

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 28-40 – PARTE I

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo na Audiência. Cristo é acusado diante de Pilatos

 

I – A conversa de Pilatos com os acusadores. Eles foram chamados primeiro, e declararam o que tinham a dizer contra o prisioneiro, da maneira adequada, vv. 29-32.

1. O juiz chama para a acusação. Por não desejarem entrar na audiência, ele saiu para falar com eles no pátio diante da casa. Considerando Pilatos como um magistrado, para que possamos dar a cada um o que lhe é devido, aqui estão três coisas elogiáveis a seu respeito:

(1) Sua dedicação diligente e atenta ao trabalho. Se isto tivesse acontecido em uma boa ocasião, estaria muito bem, pois ele estava disposto a ser chamado cedo para o tribunal. Os homens que ocupam cargos públicos não de­ vem amar a comodidade.

(2) Sua condescendência com o estado de espírito das pessoas, abrindo mão da honra da sua posição para satisfazer seus escrúpulos. Ele poderia ter dito: “Se eles são tão detalhistas, a ponto de não entrar comigo, que vão para casa, da mesma maneira como vieram”. Pela mesma regra que nós poderíamos dizer: “Se o queixoso tiver escrúpulos em descobrir a cabeça diante do magistrado, que não seja ouvida sua queixa”. Mas Pilatos não insiste nisto, ele os tolera, e sai ao encontro deles, pois, quando é para o bem, nós devemos nos fazer “tudo para todos”.

(3) Sua obediência aos preceitos da justiça, pedindo a acusação, suspeitando que o processo fosse mal-intencionado: “Que acusação trazei s contra este homem?” Qual é o crime de que Ele é acusado, e que provas há disto?” Esta era uma lei da natureza, antes que Valério Publícola a transformasse em lei romana – Nenhum homem deve ser condenado sem ser ouvido. Veja Atos 25.16,17. É irracional prender um homem sem alegar algum motivo no mandato, e muito mais é prender um homem quando não há uma acusação formal contra ele.

2. Os acusadores exigem que Ele seja julgado sob a conjetura geral de que Ele fosse um criminoso, sem alegar, e muito menos provar, qualquer coisa em particular merecedora de morte ou de prisão (v. 30): “Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos”. Isto indica que eles foram:

(1) Muito rudes e grosseiros com Pilatos, um grupo de homens de má índole, que fingiam desprezar dominação. Quando Pilatos era tão complacente com eles, a ponto de sair para lidar com eles, eles estavam no pior estado de espírito em relação a ele. Ele lhes fez a pergunta mais razoável possível, mas, por mais absurda que fosse a pergunta, eles não poderiam tê-la respondido com mais desdém.

(2) Muito malévolos e maldosos com relação ao nosso Senhor Jesus: certos ou errados, eles o consideravam um malfeitor, e o tratavam como tal. Nós devemos supor que um homem seja inocente, até que seja provado culpado, mas eles supunham que era culpado aquele que podia provar que era inocente. Eles não podem dizer: “Ele é um traidor, um assassino, um criminoso, uma pessoa que perturba a paz”, mas dizem: “Ele é um malfeitor”. Um malfeitor, Ele, que só se dedicava a fazer o bem! Que sejam chamados aqueles a quem Ele tinha curado, e alimentado, e ensinado, a quem Ele tinha libertado de demônios, e ressuscitado dos mortos, e que respondam se Ele é um malfeitor ou não. Observe que não é novidade que o melhor dos benfeitores seja considerado e perseguido como o pior dos malfeitores.

(2) Muito orgulhosos e convencidos de si mesmos, e do seu próprio julgamento e da sua própria justiça, como se entregar um homem com a descrição geral de ser um malfeitor fosse suficiente para que um magistrado civil pudesse basear uma sentença judicial. Poderia isto ser mais presunçoso?

3. O juiz o devolve ao tribunal deles (v. 31): “‘Levai-o vós e julgai-o segundo a vossa lei’, e não me perturbeis a respeito dele”. Agora:

(1) Alguns opinam que Pilatos aqui os elogiou, reconhecendo os remanescentes da sua autoridade, permitindo que eles a exercessem. Eles podiam infligir a punição corporal, como o açoitamento, nas suas sinagogas. Se era para crimes capitais ou não, não se sabe. “Mas”, diz Pilatos, “vão até onde sua lei lhes permitir, e, se forem mais além, isto lhes será tolerado”. Isto, ele disse, desejando agradar aos judeus, mas sem disposição de fazer-lhes o serviço que eles lhe pediam.

(2) Outros julgam que ele os desafiou, e os reprovou pela sua atual condição de fraqueza e submissão. Eles desejavam ser os únicos juízes da culpa. “Ora”, diz Pilatos, “se vocês desejam isso, prossigam como começaram. Vocês o consideraram culpado pela sua própria lei, então condenem-no, se ousarem fazê-lo, pela sua própria lei, prosseguindo em sua disposição”. Nada é mais absurdo, nem merece mais ser exposto, do que o fato de que aqueles que pretendem mandar, e se orgulham da sua sabedoria, sejam fracos e estejam em posições subordinadas, e cujo destino é receber ordens. Alguns pensam que Pilatos aqui reflete sobre a lei de Moisés, como se ela lhes permitisse o que a lei romana, de nenhuma maneira, lhes permitiria – o julgamento de um homem sem ouvi-lo. “Pode ser que sua lei permita uma coisa como esta, mas a nossa não”. Assim, por meio das suas corrupções, a lei de Deus sofreu blasfêmia, e também seu Evangelho.

4. Eles não possuem nenhuma autoridade como juízes, e (como deve ser) se satisfazem em ser acusadores. Agora eles ficam menos insolentes e mais submissos, e admitem: “A nós não nos é lícito matar pessoa alguma”, independentemente de qualquer castigo menor que possamos infligir, e este é um malfeitor cujo sangue nós desejamos”.

(1) Alguns pensam que eles tinham perdido sua autoridade de julgar as questões de vida e morte somente pelo seu próprio descuido, e covardemente se renderam às iniquidades da época – Não temos a autoridade de condenar ninguém à morte. Se o fizermos, teremos a revolta da multidão imediatamente.

(2) Outros supõem que sua autoridade lhes foi tirada pelos romanos, porque não a usavam bem, ou porque era uma responsabilidade grande demais para estar nas mãos de um povo conquistado, e ainda assim indomado. O fato de que reconhecessem isto pretendia ser um cumprimento a Pilatos, compensando sua rudeza (v. 30), mas acaba sendo uma evidência completa de que o cetro tinha se arredado de Judá, e por isto agora tinha vindo o Messias, Gênesis 49.10. Se os judeus não têm autoridade de condenar ninguém à morte, onde está o cetro? Mas eles não perguntam: Onde está Siló?

(3) No entanto, havia uma providência divina nisto, para que eles não tivessem a autoridade de levar nenhum homem à morte, ou para que não recusassem o exercício desta autoridade nesta ocasião, “para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer”, v. 32. Observe:

[1] Em geral, que isto ocorria para que até mesmo aqueles que desejavam a derrota das palavras de Cristo fossem, além da sua intenção, empregados para o cumprimento delas, pela mão dominadora de Deus. Nem uma só palavra de Cristo caiu por terra. Ele não pode enganar nem ser enganado. Mesmo os principais dos sacerdotes, embora o tivessem perseguido como um enganador, tencionavam, no seu espírito, ajudar a provar que Ele era ver­ dadeiro, quando nós pensaríamos que, tomando outras medidas, eles poderiam ter contrariado suas predições. ”Ainda que ele não cuide assim”, Isaías 10.7.

[2] Em particular, estas palavras de Cristo se cumpriram quando Ele falou da sua própria morte. Duas coisas que Cristo disse a respeito da sua morte se cumpriram, quando os judeus se recusaram a julgá-lo de acordo com sua lei:

Em primeiro lugar, Ele tinha dito que seria entregue aos gentios, e que eles o condenariam à morte (Mateus 20.19; Marcos 10.33; Lucas 18.32,33), e com isto estas palavras se cumpriram.

Em segundo lugar, Ele tinha dito que seria crucificado (Mateus 20.19; 26.2), e levantado, cap. 3.14; 12.32. Se eles o tivessem julgado pela sua lei, Ele teria sido apedrejado. As mortes pelo fogo, pela asfixia e pela decapitação eram, em alguns casos, usadas entre os judeus, mas nunca a crucificação. Por isto, era necessário que Cristo fosse condenado à morte pelos romanos, para que, estando pendurado em um madeiro, pudesse fazer-se maldição por nós (Gálatas 3.13), e suas mãos e seus pés pudessem ser perfurados. Assim como o poder romano o tinha trazido para nascer em Belém, também agora o levava para morrer sobre uma cruz, e nos dois casos, segundo as Escrituras. Da mesma maneira, está determinado a nosso respeito, embora não nos seja revelado, que morte teremos, e isto deve nos libertar de todas as inquietantes preocupações sobre este assunto. “Senhor, o que, e quando, e como tiveres determinado”.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ARMADILHAS DA AUTOEXIGÊNCIA

O esforço para ser impecável, mantendo tudo sob controle – e assim, ilusoriamente, dissipar o fantasma da insatisfação -, pode tanto contribuir para o sucesso quanto levar à angústia; porém, nem sempre nos damos conta de que a forma como vivemos as experiências pode ser mais significativa que as situações em si – principalmente em épocas de grande incerteza.

Armadilhas da autoexigência

O empresário americano David Liu trabalha com desenvolvimento de novas tecnologias em São Francisco. Ele ajudou a estruturar vários empreendimentos para vender produtos que criou. Mas, enquanto sonha com novas invenções, uma voz contínua em sua cabeça contesta suas ideias dizendo que são estupidamente óbvias. E, apesar de suas realizações, Liu oscila em uma tortura mental: “É vergonhoso, estou com 30 anos, deveria ter lançado algo como um Yahoo ou, pelo menos, ter uma empresa que pudesse vender por toneladas de dinheiro”. Embora trabalhe muito e obtenha vários sucessos, sente-se constantemente insatisfeito: exige excelência máxima de si mesmo, criando expectativas que podem levar ao medo do fracasso e à reflexão autocrítica. Mesmo quando está indo bem, ele tem problemas para se sentir em paz consigo mesmo.

Pesquisas mostram que as pessoas tendem a se desencorajar por não atender a padrões muito altos, tornando-se relutantes em assumir novos desafios ou até mesmo completar tarefas. Quando o alto grau de exigência aparece aliado à baixa tolerância à possibilidade de cometer erros, essas reações tendem a ser mais intensas. Na prática, o excesso de auto cobrança costuma produzir ineficiência, causar atrasos, dificuldade de cumprir prazos, sobrecarga de trabalho e até mesmo resultados medíocres, em comparação ao que se poderia produzir se a tranquilidade fosse mantida. A busca constante pela excelência pode ainda prejudicar relacionamentos e até fazer mal à saúde. O comportamento tem sido associado a anorexia, distúrbio obsessivo-compulsivo, ansiedade social, bloqueio de escritor, alcoolismo e depressão. Um estudo americano de 2007 avaliou mais de 1.500 estudantes universitários e revelou que quase um quarto deles apresentava alguma forma não saudável de perfeccionismo. Há, porém, características bastante positivas ligadas ao perfeccionismo – como inclinação para planejamento, organização e capacidade de manter o foco-, que fazem esse aspecto muitas vezes ser exaltado pelos pretendentes a uma vaga de emprego durante entrevistas de seleção.

Embora a constante sensação de insatisfação não caracterize, por si só, um quadro que possa ser diagnosticado, aparece como sintoma que merece receber atenção e um processo psicoterápico. Apostando que tendências perfeccionistas podem ser usadas de maneira saudável, nos últimos anos alguns pesquisadores têm se empenhado em desenvolver ferramentas para analisar e medir tanto benefícios quanto aspectos prejudiciais da constante preocupação de atingir (o que a pessoa supõe ser) a perfeição.

Mas não é de hoje que o perfeccionismo chama a atenção de psicólogos. No artigo “O script perfeito para a autoderrota”, de 1980, o psiquiatra David D. Burns escreveu que, quando alguém busca desesperadamente atingir um objetivo e acertar (em geral tomando como parâmetro um referencial alheio), a qualidade da vivência propriamente dita pode se perder. Segundo ele, o “tiro costuma sair pela culatra”; as pessoas medem o seu próprio valor inteiramente em termos de produtividade e realização, comparando-se com outras pessoas, sem se voltar para os próprios desejos, história e condições em dado momento. Vulneráveis à perda da autoestima e às dolorosas mudanças de humor após qualquer contratempo, os perfeccionistas correm o risco de se dedicar aos objetivos de forma inconsistente, adotar hábitos ineficientes que prejudicam seu real desempenho e trabalhar lentamente, sofrendo para definir cada detalhe e gastando muito mais tempo em um projeto do que ele merece – e, muitas vezes, sem nenhum benefício adicional. Eles podem adiar atividades porque os projetos que deveriam ser perfeitos parecem, muitas vezes, assustadores. Há em alguns casos uma lógica defensiva nessa atitude: ao investir pouco tempo e energia em algo (como estudar para uma prova ou preparar uma apresentação de projeto, por exemplo), a pessoa pode dar a si mesma a justificativa de que se tivesse se empenhado mais poderia atingir seu objetivo. Talvez isso até se comprovasse, mas o que se tem, concretamente, é a frustração. Um estudo de 2003 apontou para os perigos psicológicos de aspirações irracionais, que podem levar as pessoas ao fracasso. Uma equipe liderada pelo psicólogo Peter J. Bieling, da Universidade McMaster, em Ontário, avaliou características de personalidade de 198 estudantes. Em seguida, os pesquisadores perguntaram a nota que gostariam de alcançar em médio prazo. Aqueles que apresentavam traços perfeccionistas traçaram objetivos mais altos que os demais, embora os destes últimos não fossem necessariamente melhores. Os perfeccionistas, porém, eram muito mais propensos a ficar aquém de suas ambições e, em vez de ajustar suas expectativas à realidade quando não conseguiram alcançar as notas planejadas, insistiram em manter ou até mesmo aumentar a dificuldade para o próximo exame – o que fortalecia a sensação de insatisfação.

Diferentemente do que muitos imaginam, ninguém é perfeccionista em todas as situações ou áreas da vida. Algumas pessoas são muito exigentes a respeito da limpeza da casa, outras se concentram no trabalho ou na aparência física, por exemplo. Essas tendências podem ser especialmente evidentes quando as apostas são altas. Em um estudo de1990, o psicólogo Randy O. Geada, da Smith College, e sua então aluna Patricia Marten DiBartolo (atualmente também psicóloga da Smith College) pediram a 51 estudantes universitárias, algumas com altos escores em uma escala que mede perfeccionismo, que reescrevessem um parágrafo de um livro. Os pesquisadores acompanharam as variações do estado emocional das participantes antes e depois da tarefa.

INIMIGOS DO BOM

As voluntárias muito perfeccionistas realizaram a tarefa tranquilamente no momento em que a pressão estava baixa. Mas, quando foi dito a elas que o trabalho seria corrigido e comparado com o de outras pessoas, elas passaram a considerar a tarefa mais importante e se sentiram mais angustiadas que as demais participantes. Em geral, a escrita das perfeccionistas foi inferior, provavelmente porque, temendo críticas, elas evitaram a oportunidade de ter um feedback da edição e, consequentemente, procuraram se expor o mínimo possível.

Essa constatação dos autores corrobora a opinião de outros psicólogos: à medida que aumenta a diferença entre as expectativas e os resultados, os perfeccionistas perdem cada vez mais a autoconfiança, o que os leva a evitar novos desafios. Ironicamente, quanto maior ênfase colocam na excelência, mais se sentem perseguidos e podem minar oportunidades de sucesso. Os pesquisadores Paul L. Hewitt, da Universidade da Colúmbia Britânica, e L. Gordon Flett, da Universidade de York em Toronto, chamam o fenômeno de “paradoxo do perfeccionismo”. Como disse Voltaire: “O melhor é o inimigo do bom”.

A auto exigência extrema tem raízes na infância, podendo aparecer como resultado da forte cobrança dos pais em relação aos filhos ou à sobrecarga emocional suportada por eles. Embora não seja uma regra, é muito frequente que primogênitos encarregados pelas figuras parentais de responsabilidades, muitas vezes excessivas para sua idade, tendam a se sentir incapazes de dar conta do que lhes foi atribuído e a carregar essa marca para a vida adulta, o que acarreta grande sensação de insuficiência – ainda que os dados concretos contradigam essa impressão. Por outro lado, filhos de pais negligentes podem imaginar que se fizerem tudo certo terão maiores chances de serem notados – e amados. Há ainda casos de crianças que vivem em um lar caótico e podem tentar ser perfeitas como uma forma de estabelecer algum controle sobre um ambiente imprevisível e, não raro, assustador. Além disso, costumamos reproduzir modelos: pais perfeccionistas têm grandes possibilidades de criar filhos com a mesma característica.

“Inicialmente, as crianças podem descobrir que o perfeccionismo é útil e se tornam, por exemplo, excelentes alunos para serem recompensados e, de fato, quanto mais se dedicam, mais se tornam meticulosos e melhores no que fazem”, diz a psicóloga Roz Shafran, pesquisadora da Universidade de Londres. Mas, então, a situação muda: as crianças crescem, vão para a universidade, para o mercado de trabalho, e descobrem que há variáveis demais para controlar; percebem que às vezes vão se dar bem, mas não sempre. “É aí que surge o sentimento de que não são bons o suficiente e, para tentar ‘arrumar’ a situação, alguns podem ficar acordados a noite inteira, outros somatizam e muitos caem em depressão”, afirma Roz.

HÁBITOS SAUDÁVEIS

Apesar disso, alguns especialistas argumentam que o perfeccionismo tem suas vantagens. De fato, uma das medidas mais utilizadas na identificação do traço de personalidade desenvolvida no início dos anos 90 avalia características aceitas como positivas, como a tendência de definir padrões elevados e cumprir tarefas às quais se propõe, embora também considere traços que causam desconforto, como o medo de cometer erros e a inclinação de duvidar das próprias realizações e até invalidá-las.

Apesar de não endossada por Frost, a noção de que o perfeccionismo pode ser uma mistura de aspectos benéficos e prejudiciais vem, em parte, de um estudo seu de 1993. Ele e seus colegas avaliaram 553 voluntários usando sua escala e a de Hewitt e Flett e descobriram que certas características se agrupam. Atributos como “evitar cometer erros” e “sentir-se oprimido pelas expectativas de outras pessoas” mostraram forte correlação entre si e também com a depressão. Pesquisadores chamaram o fenômeno de “preocupações de avaliação desajustadas”. Outras tendências, como “estabelecer padrões elevados” e “esforço para atingir metas auto impostas”, demonstraram forte correlação entre si no sentido positivo – o que fez com que Frost as chamasse de agrupamento de “esforço positivo”. Cada indivíduo parece ter um equilíbrio particular entre as características “boas” e “más”.

Muitos psicólogos estão convencidos de que crenças e comportamentos de perfeccionistas podem favorecer seu bem-estar e aumentar suas chances de sucesso – é possível escrever um texto melhor que o anterior, ter uma casa mais atraente, construir um negócio mais bem-sucedido ou mesmo ser mais tolerante com aqueles com quem convivemos. “Bons artesãos, mecânicos, cirurgiões, artistas e líderes espirituais provavelmente seriam considerados perfeccionistas”, observa o psicólogo Joachim Stoeber, pesquisador da Universidade de Kent, na Inglaterra, autor de diversas publicações sobre o tema. “Procurar fazer algo benfeito pode ser muito bom; se você está feliz, não há razão para se preocupar; o problema aparece quando o anseio de se superar se torna uma obsessão, passa a ser motivo de sofrimento na maior parte do tempo e deixamos de ter alegria no que fazemos”, acredita. Aí possivelmente é hora de procurar ajuda psicológica para compreender os sentidos dessa busca idealizada pela perfeição.

Ou seja: a melhor maneira de lidar com o perfeccionismo é a capacidade de buscar a excelência sem ser excessivamente autocrítico. Aqueles que adotam essa estratégia – os perfeccionistas saudáveis – em geral se mantêm mais cuidadosos consigo mesmos, tolerantes com eventuais erros; procuram se concentrar em seus pontos fortes e encontram grande satisfação em suas realizações. De fato, uma pesquisa realizada ao longo dos últimos 15 anos associou o chamado perfeccionismo saudável com maior capacidade de realização pessoal – como alcançar boas notas e melhor desempenho no triatlo. O esforço positivo do perfeccionista pode conduzir à melhora na saúde e no humor, maior sociabilidade e satisfação com a vida de forma geral. Em um estudo, Bieling e seus colegas separaram universitários perfeccionistas que utilizavam essa característica dos que se atormentavam buscando fazer o melhor de forma persecutória e descobriram que os primeiros se sentiam mais bem preparados para provas e obtinham notas superiores do que qualquer perfeccionista não saudável ou um não perfeccionista. Em uma pequena pesquisa feita em 2002, atletas olímpicos avaliados pelo teste de Frost também se mostraram mais propensos a serem perfeccionistas positivos.

Mais recentemente, Stoeber e seus colegas demonstraram que, em situações reais, o perfeccionismo saudável pode ajudar as pessoas a errar menos e a se sentir mais satisfeitas. Primeiro, os pesquisadores avaliaram 121 universitários para determinar se eles eram perfeccionistas positivos, negativos ou não perfeccionistas. Na sequência os voluntários responderam a um teste que supostamente mediria inteligência emocional e social – qualidades que os cientistas enfatizaram como indispensáveis para o sucesso em qualquer área da vida. Então, aleatoriamente, foi escolhida metade dos participantes e dito a eles que tiveram um bom desempenho, e aos outros que tiveram pontuações baixas. Depois de receber a notícia falsa, os examinados preencheram um questionário para avaliação de seu estado emocional. Os perfeccionistas saudáveis mostraram mais orgulho quando informados da alta pontuação no teste e menos emoções negativas ao serem notificados de que tinham ido mal, em comparação aos perfeccionistas não saudáveis e aos não perfeccionistas.

Ainda assim, a noção de que o perfeccionismo pode ser positivo permanece controversa. Muitos especialistas argumentam que a maioria das pessoas que se esforçam para alcançar a perfeição sofre com a preocupação autodestrutiva – e o uso desse traço a seu próprio favor seria uma exceção. Apesar de terem inventado ferramentas que inspiraram o termo “perfeccionismo positivo”, Frost e Hewitt, por exemplo, não acreditam nele. Eles preferem chamar pessoas que frequentemente se empenham, são comprometidas com suas atividades em grande parte das ocasiões e obtêm bons resultados de “altamente conscientes” ou “esforçadas para a realização”.

PRATICANDO A IMPERFEIÇÃO

O perfeccionismo não é um diagnóstico, e é pouco provável que uma pessoa com esse traço exacerbado procure ajuda por esse motivo – em parte porque os pensamentos e os hábitos são tão arraigados que se torna difícil para o próprio indivíduo reconhecer o problema. E mesmo quando o enxerga, reluta em mudar. O que leva essa pessoa buscar ajuda, em geral, são as dificuldades de relacionamento, indiretamente causadas pela inflexibilidade.

Uma vez iniciado o processo, é importante que a pessoa reconheça como o ideal de perfeição afeta – e prejudica – sua vida. Será que tem dificuldade em tomar decisões por medo de repercussões catastróficas se fizer a escolha errada? É doloroso delegar tarefas no trabalho ou dividir os afazeres em casa e por isso ela se sobrecarrega? Porque não confiar que as coisas serão benfeitas pelos outros? Psicólogos cognitivos sugerem a manutenção de um diário de incidentes que provocam os sentimentos. Já os psicanalistas trabalham com associação livre durante as sessões e interpretação de sonhos, ampliando e desdobrando a queixa inicial, o que muitas vezes produz resultados inesperados e transformadores.

Ainda que por caminhos diferentes, nos dois casos a proposta é rever a ideia de que erros estão associados a desastres incontornáveis. “Em geral, perfeccionistas estão convencidos de que ruminar excessivamente sobre os erros é necessário para aprender com eles. Mas, na verdade, a autocrítica exagerada impede as pessoas de mudar; uma coisa é aprender com os enganos, mas a autoflagelação é contra­producente”, afirma a psicóloga cognitiva Roz Shafran. Ela costuma propor a seus pacientes que pratiquem a imperfeição, permitindo-se desafiar padrões para saber se o resultado será realmente tão ruim quanto eles imaginam. Roz os encoraja a errar deliberadamente: “esquecer” de comprar algo em sua lista de compras. No caso de universitários, ela pede que escrevam dois ensaios: no primeiro é necessário trabalhar tão duro quanto normalmente fariam; no segundo, devem obrigatoriamente colocar menos esforço. Depois, Roz entrega os textos para que um professor universitário faça uma classificação informal. Geralmente, os alunos descobrem que o trabalho escrito sem preocupação tem qualidade muito similar à do que foi feito com esforço excessivo.

Os resultados preliminares sugerem que o método pode amenizar características perfeccionistas. Estudos ainda mais recentes desenvolvidos por Tracey Wade, da Universidade de Flinders, na Austrália, Roz Shafran e outros pesquisadores revelaram que, na maioria dos casos, em até oito semanas após o início do tratamento ocorre redução de sintomas de transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e bulimia, além de diminuição da imagem negativa de adolescentes em relação ao próprio corpo. No entanto, o recurso terapêutico não diminui o anseio de buscar a excelência. “Felizmente, parece que somos capazes de lidar com a parte ruim sem reduzir o lado bom do perfeccionismo”, afirma Tracey.

Armadilhas da autoexigência.2

OUTROS OLHARES

MENINAS COM TDAH

Sonhadoras e desorganizadas, mulheres com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade podem passar despercebidas e sofrer por muitos anos, sem tratamento.

Meninas com TDAH

Todo dia era sempre a mesma coisa. Mal começava a aula, a professora se via às voltas com as reações em cadeia provocadas na classe por Joãozinho, aquele menino endiabrado, e ainda assim adorável. Seus movimentos eram rápidos e causavam enorme ansiedade à pobre “tia” que, além de todos os afazeres, ainda precisava localizá-lo durante a aula, já que ele certamente não estaria sentado quieto em sua carteira. O garotinho só podia ser hiperativo! Era preciso falar com a psicopedagoga da escola, pois ele devia ter o chamado transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Totalmente preocupada em pôr fim à guerrinha de bolinhas de papel iniciada pelo aluno, a jovem professora estava alheia à menina sentada lá pelo meio da sala, olhando tão pensativa pela janela que parecia não se dar conta da bagunça. Todos os dias eram assim, e aparentemente não havia por que se preocupar com aquela aluninha tranquila que mal se mexia na cadeira. Mas o que a professora não sabia era que, por baixo da antiga carteira escolar inteiriça de madeira escura, um par de pezinhos balançava irrequieto na mesma velocidade dos pensamentos de sua dona.

O nome dela só era lembrado na hora da chamada. Absorta em sua imaginação, vivia alheia ao ditado que a jovem professora começava a passar. Por causa disso, seria mais tarde duramente repreendida em casa e aceitaria todos os adjetivos com que seus pais a definiam: preguiçosa, relaxada, “abilolada”. Invisível para sua professora, que, preocupada demais com Joãozinho, só a notava momentaneamente quando percebia sua desatenção aos deveres em sala de aula, ela atravessaria os anos sofrendo com sua distração crônica. Ainda que criativa, perderia autoestima à medida que ganhasse altura, peso e hormônios. Seu colega Joãozinho, diagnosticado precocemente, não precisou passar pela mesma carga de sofrimento.

Diferentemente dos homens, mulheres com TDAH podem passar despercebidas, já que nelas predomina a falta de hiperatividade, o contrário do que acontece com seus pares masculinos. Tal característica, determinada por particularidades biológicas e aliada ao componente cultural, pode contribuir para que o número de homens diagnosticados com o transtorno seja maior que o de mulheres; para cada uma delas com o distúrbio, em média há três deles.

Embora o tipo hiperativo seja menos frequente na população feminina, as meninas mais travessas dificilmente passam sem ser notadas. Precocemente diagnosticadas, elas são poupadas. Garotas com o transtorno, mas sem hiperatividade, sofrem com sua desorganização, esquecimentos, sensação de abando no, dificuldade de adaptação e de cumprimento de horários; com tarefas meticulosas, prazos, obrigações e cuidado com os filhos. O preço a ser pago quando o diagnóstico de TDAH não é feito é bastante alto para mulheres, pois diferentemente dos homens, espera-se que elas sejam atentas, calmas e dedicadas, além de organizadas e delicadas nos gestos. Antes de chegarem à vida adulta, sofrem com as constantes reprimendas. Sua letra não é tão benfeita, seu caderno não é muito caprichado, sua mochila contém um amontoado de papeizinhos amassados, lascas de lápis apontados, canetas sem tampa e tampas sem caneta. Sua falta de habilidade para planejar, administrar tarefas e se concentrar causa ansiedade e depressão, não só pela condenação implícita ou explícita de parentes, professores e colegas, mas também pelo próprio desconforto e prejuízo que essas características traze m. Conforme vão crescendo, aumentam a carga de responsabilidade e a exigência das tarefas que devem cumprir, seja no âmbito acadêmico, seja no profissional.

Meninas com TDAH.3

FALTA DECAPRICHO

A dificuldade em manter-se atenta, concentrada e em terminar seus afazeres pode ser agravada pelo grau de complexidade e responsabilidade crescente, inerente às ocupações de adulto. As mulheres com TDAH passam por dificuldades bem específicas durante seu desenvolvimento. Imagine como a adolescência pode ser dolorida para alguém que se vê às voltas com sua atenção inconstante. No entanto, algumas características podem tornar essa adolescente uma figura popular em seu grupo – principalmente a que, quando criança, era do tipo “falante”.

Felizmente, a posição de mãe e dona de casa, anteriormente reservada às mulheres de forma quase exclusiva, certamente não teve o poder de anestesiar essas mentes inquietas e fervilhantes. Elas foram à luta pelo direito de exercer atividades que lhes proporcionassem o estímulo de que tanto necessitavam e, mais do que isso, de abrir as portas do mundo em movimento a todas as que antes só podiam contemplá-lo pelas cortinas da janela. Não é preciso pensar muito para concluir que justamente as características dessas mulheres, mais do que das outras, podem fazê-las sofrer desaprovação. Apesar de em geral serem dinâmicas, é comum que desenvolvam baixa autoestima; afinal, desde cedo foram acostumadas a ouvir observações sobre sua falta de modos, desorganização, desleixo e falta de capricho. Críticas que pessoas do sexo masculino normalmente não costumam ouvir, pois as cobranças sociais e culturais são mais acentuadas em relação às mulheres nesses aspectos. Mas meninas têm um papel a cumprir, e em pleno século 21 muitos ainda pensam que melhor seria se elas não chamassem atenção sobre si, ficas­ sem comportadas em seu canto. Raramente suas qualidades mais evidentes, como criatividade, energia e iniciativa, são devidamente estimuladas e reforçadas. Para evitar isso, a família e os educadores precisariam ter conhecimento do que é o transtorno e como essas meninas devem ser estimuladas e valorizadas.

Na vida adulta, a tendência aos devaneios e os frequentes esquecimentos costumam trazer problemas, principalmente se a mulher exercer função burocrática. No entanto, isso pode ser compensado se for focada sua criatividade. Muitas vezes é importante buscar ajuda especializada para melhorar a capacidade de organização e atenção, tornando sua mente irrequieta mais apta a deixar florescer as vantagens que o “funciona­ mento TDAH” pode proporcionar.

Meninas com TDAH.2 

DISTRAÇÃO, IMPULSIVIDADE E HIPERATIVIDADE

Quando nos referimos a transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, não devemos pensar em um cérebro “defeituoso”, mas em um sistema que trabalha com foco diferenciado do da maioria das pessoas. O sistema neural de homens e mulheres com TDAH tem funcionamento peculiar com comportamento típico, que pode ser responsável tanto por características positivas como por angústias e desacertos. O comportamento TDAH nasce do que se chama “trio de base alterada”, formado por variações da atenção, da impulsividade e da velocidade da atividade física. Essa estrutura mental oscila entre a plenitude criativa e a exaustão, já que esse cérebro parece nunca parar.

A alteração da atenção, o sintoma mais importante do desempenho TDAH, é uma condição para o diagnóstico. A pessoa com o distúrbio nem sempre sofre de hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar tendência à dispersão. Para o adulto com essa característica, manter-se concentrado em algo, por menor tempo que seja, pode ser um desafio tão grande como para um atleta de corrida com obstáculos que precisa transpor barreiras cada vez maiores até chegar ao fim da pista. E várias vezes, o adulto com TDAH é flagrado em lapsos de atenção.

Em relação à impulsividade deve-se ter em mente que a palavra impulso tem um significado próprio: 1) ação de impelir; 2) força com que se impele; 3) estímulo, abalo; 4) ímpeto, impulsão. Todas essas definições literais ajudam a entender a maneira pela qual o portador de TDAH reage diante dos estímulos do mundo externo. Pequenas coisas são capazes de lhe despertar grandes emoções, e a força desses sentimentos gera o combustível aditivado de suas ações. Sua mente funciona como receptor de alta sensibilidade que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem avaliar as características do objeto gerador do estímulo. Um exemplo simples dessa situação seria o caçador que, ao detectar um mero ruído na floresta, dispara sua arma a fim de abater sua caça. Poucos minutos após a rajada de tiros, descobre que a sua grande presa não passava de um inofensivo tatu que abrira um pequeno buraco no solo em busca de abrigo.

Quanta energia em vão! Exagerado! – diria a maioria das pessoas. Mas, na verdade, tudo não passou de um ato impulsivo, ou seja, disparou e só depois pensou. E, com certeza, lamentou! Se pensarmos na vida real, em que tatus podem ser comparados a pessoas e caçadores, isto é, aqueles com o distúrbio, pode-se imaginar quanto sofrimento, culpa, angústia e cansaço um impulso sem filtro pode ocasionar nos relacionamentos cotidianos.

Em especial os meninos com TDAH costumam dizer o que lhes vem à cabeça, envolver-se em brincadeiras perigosas e brigas com os colegas, o que pode render-lhes rótulos desagradáveis como mal-educado, mau, grosseiro, agressivo, autodestrutivo etc. E, é claro, isso será um dos grandes influenciadores na formação de uma autoestima cheia de “buracos”. Toda pessoa com TDAH quando adulta apresentará problemas de autoestima, e esse é o maior de todos os desafios de seu tratamento: a reconstrução dessa função psíquica que, em última análise, constitui o espelho da própria personalidade.

A impulsividade trará outras consequências. A pessoa terá aprendido a diminuir determinados riscos vitais, como olhar antes de atravessar a rua, praticar esportes com proteção adequada ou desligar o gás do aquecedor. No entanto, seu impulso verbal pode continuar a lhe trazer sérios problemas, principalmente em situações em que esteja sob forte impacto afetivo ou pressão pessoal.

Atitudes impensadas podem levar aquele que sofre de TDAH a viver em constante instabilidade: entrar e sair de relacionamentos, empregos e grupos sociais. Para evitar muito sofrimento, informação sobre o distúrbio e acompanha­ mento psicológico são fundamentais.

GESTÃO E CARREIRA

ATITUDES QUE PODEM PREJUDICAR SUA CARREIRA

Confira seis atitudes que podem prejudicar sua carreira profissional

Atitudes que podem prejudicar sua carreira

Há muitos fatores que podem influenciar a demissão de alguém. De pontos externos como a situação econômica e política do País a pontos internos como o comportamento do funcionário. Se não é possível controlar um lado, do outro o profissional pode melhorar para não ter sua carreira prejudicada por uma demissão ou uma estagnação.

Pensando nisso, Lucia Costa, diretora-geral da Stato, consultoria especializada em gestão de carreira, aponta seis comportamentos que comprometem o futuro profissional e devem ser evitados.

FALTA DE INTERESSE

A ausência de curiosidade sobre a empresa, seus clientes, respectivos problemas e objetivos prejudica a carreira. O profissional deve se interessar pela realidade em que está inserido e ser proativo. Em tempos de crise, quem só se realiza as atividades rotineiras podem ser os primeiros na lista de demissão.

NÃO CUMPRIR PRAZOS

Desrespeitar prazos, horários e compromissos pré-estabelecidos coloca em xeque a credibilidade do profissional, por mais competente que ele seja.

USAR O TEMPO DO TRABALHO PARA ASSUNTOS PESSOAIS

Resolver assuntos pessoais no expediente, passar muito tempo nas redes sociais sem razão ligada ao trabalho atrapalham a produtividade e prejudicam a avaliação da empresa sobre o profissional.

NÃO TRABALHAR EM EQUIPE

Ignorar as opiniões de outras pessoas, trabalhar sozinho e enxergar apenas o seu ponto de vista faz com que o profissional perca a oportunidade de crescer e trabalhar com a equipe.

SER O FOFOQIEIRO DO ESCRITÓRIO

Mesmo que pareça comum ter tais comentários nas empresas, ser o fofoqueiro do ambiente de trabalho não colabora para o futuro profissional nem para o relacionamento com os colegas.

FALTA DE ORGANIZAÇÃO

Usar bem o tempo é fundamental para produtividade. Quando ele é mal administrado atividades podem ficar inacabadas, mal- feitas ou sem fazer.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE VI

Alimento diário - Comendo a Bíblia

 

A Queda de Pedro. Cristo é levado a juízo. Pedro nega a Cristo novamente

 

VI – Enquanto os servidores o estavam maltratando desta maneira, Pedro continuava a negá-lo, vv. 25-27. É uma história triste, e não foi o menor dos sofrimentos de Cristo.

1. Ele repetiu o pecado pela segunda vez, v. 25. Enquanto ele estava se aquecendo com os servos, como se fosse um deles, eles lhe perguntaram: “Não és também tu um dos seus discípulos?” O que estás fazendo aqui, no nosso meio? Talvez, ouvindo que Cristo estava sendo interrogado sobre seus discípulos, e temendo que pudesse ser preso, ou, pelo menos, ferido, como seu Mestre, caso o reconhecessem, ele o negou categoricamente, e disse: “Não sou”.

(1) Foi sua grande tolice lançar-se à tentação, permanecendo com aqueles cuja companhia lhe era inadequada, e com quem ele não tinha nada que ver. Ele permaneceu, para se aquecer; mas aqueles que se aquecem com os malfeitores ficam frios com relação às boas pessoas, e às boas coisas, e aqueles que gostam de estar perto do fogo do Diabo estão correndo o risco de sofrer as consequências deste fogo. Pedro poderia ter apoiado seu Mestre, no tribunal, e teria se aquecido melhor do que aqui, no fogo do amor do seu Mestre, que muitas águas não poderiam apagar, Cantares 8.6,7. Ele poderia ter se aquecido com o zelo pelo s eu Mestre, e a indignação pelos seus perseguidores, mas preferiu aquecer-se com eles a aquecer-se contra eles. Porém, um só (discípulo), como se aquentará? Eclesiastes 4.11.

(2) Foi sua grande infelicidade ter sido novamente atacado pela tentação. E não se poderia esperar nada diferente, pois este era o lugar, e est e era o momento, da tentação. Quando o juiz perguntou a Cristo sobre seus discípulos, provavelmente os servidores aproveitaram a oportunidade e desafiaram Pedro como sendo um deles: “Responda ao mencionarem seu nome”. Veja aqui:

[1] A sutileza do tentador, ao procurar derrubar aquele a quem viu caindo, e reunindo uma força ainda maior contra ele. Agora, não somente uma criada, mas todos os servidores. Observe que ceder a uma tentação convida outra, talvez mais forte. Satanás redobra seus ataques quando ganha terreno.

[2] O perigo das más companhias. Comum ente, nós nos empenhamos em ser aceitos por aqueles com quem decidimos nos associar. Nós nos valorizamos com seu bom conceito, e ambicionamos estar bem na opinião deles. Da mesma maneira como escolhemos nosso grupo, também escolhemos nosso louvor, e nos governamos de maneira correspondente. Portanto, devemos nos preocupar em fazer bem a primeira escolha, e não nos mesclarmos com aqueles a quem não poderemos agradar, sem desagradar a Deus.

(3) Foi sua grande fraqueza, ou melhor, foi sua grande perversidade ceder à tentação, e dizer: Eu não sou um dos seus discípulos, corno alguém que se envergonhava daquilo que era sua honra, e temia sofrer por aquilo que teria sido algo ainda mais honroso. Veja corno o temor de um homem lhe traz uma armadilha. Quando Cristo era admirado, e querido, e tratado com respeito, Pedro se contentava, e talvez se orgulhasse com o fato de que ele era um discípulo de Cristo, e, desta maneira, investiu em uma participação nas honras feitas ao seu Mestre. Da mesma maneira, muitos que parecem gostar da reputação da religião, quando ela está na moda, envergonham-se da censura que ela recebe. Mas nós devemos ser firmes, a despeito daquilo que venha a acontecer.

2. Ele repetiu o pecado, pela terceira vez, vv. 26,27. Aqui ele foi atacado por um dos servos, que era parente de Malco, que, ao ouvir que Pedro negava ser um discípulo de Cristo, refutou o que ele dizia, com maior certeza: “‘Não te vi eu no horto com ele?’ A orelha do meu parente é testemunha disto”. Então, Pedro o negou outra vez, como se não soubesse nada de Cristo, nada do jardim, nada de todo este assunto.

(1) Este terceiro ataque da tentação foi mais cerrado do que o anterior. Antes havia somente suspeitas do seu relacionamento com Cristo, mas aqui ele é provado por alguém que o tinha visto com Jesus, e que o tinha visto sacar sua espada para defendê-lo. Observe que aqueles que, pelo pecado, pensam estar se livrando de problemas, somente se envolvem e se embaraçam ainda mais. Ouse ser corajoso, pois a verdade será revelada. Um passarinho talvez conte aquilo que procuramos esconder através de uma mentira. Aqui se menciona que este servidor era parente de Malco, porque esta circunstância causaria maior terror a Pedro. “Agora”, talvez pense ele, “estou acabado, estou destruído, não é necessário ter outra testemunha, nem outro acusador”. Nós não devemos fazer de nenhum homem, em particular, nosso inimigo, se pudermos evitar, porque chegará a ocasião em que ele, ou algum dos seus parentes, poderá nos ter à sua mercê. Aquele que pode precisar de um amigo, não deve fazer um inimigo. Mas observe que, embora aqui houvesse evidências suficientes contra Pedro, e provocações suficientes para acusá-lo, fornecidas pela sua negação, ainda assim ele escapa, nenhum mal lhe é feito, nem tentado. Observe que frequentemente somos levados ao pecado por temores ilógicos e sem fundamentos, para os quais não há oportunidade, e que, com um pequeno grau de sabedoria e determinação, seriam destruídos.

(2) Sua capitulação a este ataque não foi menos vil do que a anterior: “Pedro negou outra vez”. Veja aqui:

[1] A natureza do pecado, em geral: o coração é endurecido pelo engano do pecado, Hebreus 3.13. De repente, Pedro tinha chegado a um estranho grau de insolência, podendo, com tal segurança, sustentar uma mentira contra uma refutação tão clara. Mas o começo do pecado é como o início de um vazamento de água, quando algum ponto em uma barreira se rompe. Assim, os homens vão facilmente de mal a pior.

[2] O pecado de mentir, em particular. É um pecado frutífero, e, sob este aspecto, excessivamente pecaminoso. Uma mentira precisa de outra para sustentá-la, e aquela, precisa de outra. Esta é uma regra da política do Diabo – Cobrir pecado com pecado, para não ser detectado.

(3) A advertência feita a ele para o restabelecimento de sua consciência foi oportuna e feliz: “logo o galo cantou” é tudo o que foi dito sobre seu arrependimento, sendo registrado pelos outros evangelistas também. Isto fez com que ele caísse em si, trazendo-lhe à mente as palavras de Cristo. Observe:

[1] O cuidado que Cristo tem para com os seus, não obstante sua insensatez. Ainda que caiam, eles não ficam completamente prostrados, nem rejeitados.

[2] A vantagem de haver admoestadores fiéis perto de nós, os quais imaginam nada poder dizer que já não saibamos, contudo podem nos lembrar daquilo que sabemos, mas temos esquecido. O canto do galo para os outros foi um acontecimento casual, e não teve significado, entretanto, para Pedro, foi a voz de Deus, e teve uma propulsão abençoada para reavivar sua consciência, ao trazer-lhe à mente a breve conversa de Cristo.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

A CONQUISTA DO EQUILÍBRIO EMOCIONAL

Cada dia ganha mais importância o equilíbrio emocional para o bem-estar da pessoa. Portanto, é imprescindível descobrir como desenvolvê-lo antes que seja tarde.

A conquista do equilíbrio emocional

A busca pelo equilíbrio emocional está cada vez mais frequente, independentemente de sexo e idade. A habilidade em se conhecer e lidar com os próprios sentimentos, sabendo se adaptar às diferentes situações e expressar seus pensamentos e sentimentos de maneira saudável para si mesma e para o outro, faz parte dessa busca. Para nós mulheres, essa busca fica ainda mais forte após a maternidade.

Em meu processo de autoconhecimento tenho percebido uma relação entre equilíbrio emocional e a nossa criança interior.

Acredito que com a maternidade abrimos um portal e entramos em contato com nossos medos, sombras e inseguranças que nos colocam em contato com nossa criança interior. Atravessar esse portal é uma escolha que exige de nós muita coragem e o desejo de se conhecer melhor.

No processo de coaching, trabalho sete passos para despertar sua criança interior, buscar seu autoconhecimento e, enfim, encontrar seu equilíbrio emocional. Talvez a paciência que você procura tanto esteja guardada lá, juntamente a essa “criança”.

O maior presente que podemos dar aos nossos filhos é criar espaços e encorajamento para que saibam lidar com eles mesmos, para que eles possam se conhecer e cuidar de suas emoções. Aprendemos isso à medida que também estamos aprendendo a enfrentar nossas emoções e frustrações. Principalmente essas frustrações.

Esse processo passa por fazer uma viagem à criança interior que fomos, que vive dentro de nós e nomeamos esses sentimentos, assim como validamos o que ela sente. Podem existir raiva reprimida, repressões, desamparo, desamor, etc. Talvez tenhamos a experiência de que sentir raiva é errado ou ruim e vamos nos distanciando de quem realmente podemos ser, idealizando quem deveríamos ser num lugar de uma autoimagem de perfeição. Quantas repressões, rótulos, punições, passamos desde a infância? Como é esse mundo interior de cada um de nós?

O trabalho de acolher a menina que ficava chorando sem saber ou ter recursos para se acalmar; perdoar os gritos ou punições é aprender a ressignificar. Depois que estamos no nosso centro, ficamos livres das emoções conturbadas por feridas internas escondidas que, sem querer, nossos filhos trazem à tona em uma experiência de luz e sombra.

Depois que nos acolhermos e nos encorajamos, conseguiremos ser esse pilar firme e amoroso para auxiliar nossos filhos a atravessar os momentos emocionais desafiadores deles. Sem punir, sem se afastar, sem negligenciar ou adicionar vergonha e culpa. É uma tarefa fácil? Certamente que não. Como você está nesse processo? Somos uma primeira geração de pais e mães repletos de informação e conteúdo; mais são necessárias paciência e persistência, já que estamos limpando séculos de comportamentos pautados na ameaça, na sensação de falta e medo como forma de educar. E, então, esse processo começa com autoconhecimento.

Hoje em dia, contamos com uma gama de informações, conteúdos, técnicas e recursos que abordam como encontrar o equilíbrio para lidar com um mundo frenético.

Também existem técnicas que ensinam a acalmar a mente e os pensamentos, acelerado assim, como a ouvir a própria respiração, a intuição, a alma. A meditação é uma delas.

Segundo 0sho, sempre que seu ego estiver preenchido, você se sentirá feliz. Mas contentamento é outro fenômeno, completamente diferente. Não pode ser prazer, pois não é fisiológico. Não pode ser alegria, pois não há preenchimento de sua entidade. Meditação é isso: a junção, a dissolução em meio ao todo, esquecendo completamente que você é algo separado, lembrando apenas de sua unidade com o todo. É por isso que Gurdjieff costumava chamar seu processo de meditação de “auto- lembrança”. Já Buda chamava sua meditação de “lembrança correta”.

Não importa quanto tempo irá levar ou qual será o preço: é preciso estar pronto. Uma vez que você esteja pronto, não será difícil. É esse estado de espírito que faz com que você se torne merecedor desse enorme contentamento, e as coisas passam a ser então, simples.

BAGAGEM EMOCIONAL

Outros métodos como o processo de coaching, assim como um processo terapêutico podem apoiar e organizar todo o conteúdo interior e começar a eliminar a desordem emocional interior. À medida que verbalizamos passamos a organizar. A escrita também é um recurso curativo que pode ser considerado.

A maioria das pessoas carrega algum tipo de bagagem emocional. Isso nos envelhece prematuramente e se interpõe no caminho de tudo o que queremos fazer.

Uma das piores formas de desordem emocional é a que resulta de mágoas. Olhe profundamente dentro de si mesmo para ver quem ou o que você precisa perdoar. Entre em contato com essa criança interior. Existem alguns segredos guardados a quatro chaves.  Segredos que só você conhece, que só você sabe. Talvez estejam tão bem guardados que você nem se lembra direito quando aconteceram.

Há lembranças bem guardadas em seu coração e que podem fazer muito bem, enquanto outras têm o efeito contrário.

Existem memórias guardadas bem dentro de você, desde a sua infância sobre a falta de amor ou   de cuidado, o desamparo, a solidão, a dor, a insegurança, o abandono, a vergonha, a culpa, e o medo.

Há algumas perguntas que podemos nos fazer para investigar essas memórias e tornar consciente tudo o que nos faz mal, para trabalhar com isso conscientemente. Só assim é possível se libertar.

O processo de autoconhecimento traz luz às suas sombras, pois só temos a oportunidade de trabalhar e evoluir o que vemos claramente. O que está escondido nas sombras não há como ser desenvolvido.

No livro O Milagre da Manhã, o autor menciona sobre o silêncio e ensina técnicas para auxiliar essa organização emocional nos primeiros minutos ou horas da manhã.

O silêncio é uma das melhores maneiras para reduzir o estresse imediatamente, enquanto aumenta sua autoconsciência e proporciona a clareza que lhe permitirá manter o foco em seus objetivos, suas prioridades e o que é mais importante: para sua vida a cada dia.

Algumas atividades para praticar durante seu período de silêncio sem nenhuma ordem específica, seguidas por uma simples meditação para você começar podem ser: meditação, oração, reflexão,   respiração profunda, gratidão.

PERDÃO

Eu incluo nesse processo entrar em contato com o perdão, o processo de se perdoar, afinal, o perdão liberta você!

Você se beneficia imensamente, assim como quem está ao seu redor, quando escolhe perdoar. Quer você precise perdoar outros ou perdoar a você mesma, ao fazê-lo, você se libertai do passado e se permite realizar seu verdadeiro potencial.

O perdão permite que você se livre de crenças e atitudes limitadas. Ele liberta sua energia mental e emocional para que, assim, você possa aplicá-la para criar uma vida melhor.

O perdão ajuda você a alcançar seu objetivo, mesmo os mais práticos e imediatos. Talvez você queira um trabalho melhor para ganhar mais dinheiro, deseja ter relacionamentos melhores ou   viver em um lugar mais agradável. O perdão ajuda você a alcançar tudo isso. Se você não perdoou, uma parte de sua energia interna de vida fica presa ao ressentimento, raiva, dor ou a algum tipo de sofrimento. Então, essa energia de vida que está presa irá limitar você. É como tentar andar de bicicleta freando o tempo todo. Isso atrasa e frustra, fazendo com que seja difícil continuar.

Quando você perdoa, você se torna um marido ou esposa melhor, você se transforma em um aluno ou professor superior, você se faz um melhor empregado ou empregador e se torna uma melhor mãe ou filha. Quando você é capaz de perdoar você se abre ao sucesso, seja o que ele significar para você. Conforme você aprende a perdoar, o que parecia impossível não apenas se torna possível, mas até mesmo mais fácil de alcançar.

Conforme você aprende a perdoar, habilidades que estavam adormecidas irão emergir e você irá descobrir que é muito mais forte e capaz do que imaginava ser. Partes de você – que não podem florescer no solo frígido da falta de perdão – irão começar a crescer. Você começará a livrar-se de    apertos e dificuldades. Encontrará um fluxo fácil e a vida será muito mais prazerosa e muito mais agradável.

O objetivo do meu trabalho é ajudar mães a identificarem as possíveis causais de suas dores passadas e que ainda se fazem presentes. Cada um tem dentro de si uma criança de 3 ou 4 anos e passa a maior parte da vida gritando ou ignorando-a. Ninguém teve uma infância perfeita. Todos nós carregamos questões inconscientes que não foram resolvidas. Sabemos que a maioria das   pessoas não recebeu atenção adequada quando criança. Por isso o resgate da criança interior se torna uma das tarefas mais importantes, pois quando adultos tendemos a nos tratar do mesmo modo como fomos tratados quando criança. A compreensão das vivências de infância depois de adultos pode proporcionar novas e importantes descobertas. É necessário reviver a emoção original para entrar em contato com os reais sentimentos e falar sobre eles, visto que não são os traumas da infância que nos tornam emocionalmente doentes, mas a incapacidade de compreendê-los e expressá-los.

Em termos psicológicos, a criança interior é um símbolo que expressa a totalidade psíquica. A criança por si só tende a ser corajosa, ousada, desafiadora, sendo uma de nossas maiores fontes de criatividade e amor. Quando entramos em contato com nossa criança, por mais que nos lembremos da dor que ela sentiu, também resgatamos a alegria que ela sente de viver, crescer e possa finalmente, ser ela mesma.

A sensação de ter valor – sou uma pessoa de valor – é essencial à saúde mental. O self genuíno é um     tesouro que cada um de nós tem para descobrir.  Encontre sua verdade pessoal, pois ela te pertence! Essa verdade pode provocar muita dor antes de oferecer uma nova dimensão de liberdade interna. Quando crianças, não tínhamos como nos defender nem modificar ou entendermos a realidade, mas agora adultos, podemos. Hoje temos muitos recursos para trabalhar esse resgate da sua criança interior, entre eles o auto­conhecimento e a meditação.

NATUREZA

No livro A Linguagem do Corpo, a autora reforça a importância de estar em contato com a natureza, já que é dela que são tirados todos os recursos e estímulos para a conexão interior. Então, se você tiver recursos para investir em um processo agora, entre em contato com sua   natureza interior. Comece a fazer algo por você agora.

Tudo que você decidir fazer, realize-o imediatamente. Não deixe para o período vespertino aquilo que você pode realizar pela manhã.

A busca pela perfeição exige um esforço constante. Não desanime e saiba que, por pequeno que seja o resultado obtido de seu trabalho, você já estará evoluindo.

Ande descalça sobre a terra, procurando descarregar todas as tensões diárias, pois somos mesmo uma antena captadora de energias e é pelos nossos pés que são eliminadas as energias negativas no plano da terra.

Respire profunda e lentamente para dar tempo ao organismo de realizar perfeitamente as trocas gasosas por meio das células.

Procure manter seu rosto livre de tensões e passe a observá-lo melhor.

Quando você der de cara com aquele sol maravilhoso da manhã, abra os braços como se fosse abraçá-lo e receba dele toda a energia necessária para sua vida.,

Exercite seu pescoço olhando por um bom tempo as nuvens que passam no céu, porque isso o ajudará a sair da depressão e deixará seu pescoço esticadinho.

Ouça os pássaros cantando pois eles possuem harmonia no som que emitem e nosso organismo recebe essa vibração como sinal de saúde e paz.

Nosso corpo é regido por vibrações. Por isso, necessitamos de boas frequências musicais e sonoras para mantermos o ritmo sanguíneo equilibrado.

Os exercícios de relaxamento são desenvolvidos a partir de observações da natureza e dos animais. Sendo assim, cabe a você estar livre de preconceitos para copiar e fundir-se com sabedoria ao ar, à terra, à água e ao fogo.

Mantenha a paz em seu coração em todos os momentos de sua vida e seja prudente ao analisar suas intuições, pois só assim você conseguirá alcançar seu equilíbrio emocional. Sorria sempre! 

A conquista do equilíbrio emocional.2          

TIPOS DE MEDITAÇÃO

Existem vários tipos de meditação e é necessário encontrar a técnica que faz sentido para você, ou seja, que seja coerente com seu estilo de vida. Para que esse silêncio interior não seja um incômodo, um vazio, mas sim um preenchimento. Sobre encontrar quem você realmente é.

Alguns benefícios da meditação segundo o autor do livro Atenção Plena

Estudos mostram que os meditadores regulares são mais felizes e mais satisfeitos do que a média das pessoas.

Esses resultados têm uma importante repercussão na saúde, já que as emoções positivas estão associadas a uma vida mais longa e saudável.

A ansiedade, a depressão e a irritabilidade diminuem com sessões de meditação regulares.

A memória melhora, as reações se tornam mais rápidas e o vigor mental e físico aumenta;

Os meditadores regulares têm relacionamentos melhores e mais gratificantes. Estudos feitos no mundo todo comprovam que a prática da meditação reduz os principais indicadores do estresse crônicos, inclusive a hipertensão.

A meditação é eficaz também para reduzir o impacto de doenças graves como dor crônica e câncer, podendo até auxiliar no combate à dependência de drogas e Álcool.

Além disso, pesquisas mostram que a meditação fortalece o sistema imunológico, ajudando a combater resfriados, gripe e outras doenças;

A atenção plena surge espontaneamente do modo existente quando aprendemos a prestar atenção deliberada no momento presente e sem julgamento, nas coisas como de fato são;

Exercitar, estar presente é um desafio em tempos da era cibernética, quando estamos conectados a pessoas que não estão fisicamente presentes.

CINCO PONTOS

Se fosse para resumir em cinco pontos corno desenvolver seu equilíbrio emocional antes que seja tarde eu diria:

Encontre o seu propósito de vida: viver tem um sentido diferente para cada pessoa. Busque vivenciar o que faz sentido para você. Descubra quais são seus principais valores, busque constantemente seu auto -conhecimento, encontre qual é o seu propósito, qual a sua obra e para que você vive. Escreva a história que você quer contar para os seus netos:

Tenha foco nos seus objetivos e saiba aproveitar o presente: construa metas e sonhos, tanto pessoais quanto profissionais, saiba o que o faz levantar todos os dias. Pratique uma atividade física, se alimente bem, beba bastante água, se cerque das pessoas que você ama e, acima de tudo, tenha tempo par as pessoas que você adora. Quando estiver com elas, esteja de verdade. Fale olhando nos olhos, escute o que elas têm a dizer, desligue o celular e aproveite quem está com você. Quando assumir um compromisso, principalmente com você mesmo, cumpra. Todos os pensamentos e promessas que você faz a si mesmo vão leva-la a construir sua relação com você e com as outras pessoas;

Faça uma gestão estratégica: trabalhe com base em foco, tenha sempre um objetivo claro, planejamento, estruture seu plano de ações para seus objetivos, determine prazos para toda ação que se planejar para fazer pois sem prazo a procrastinação acaba ganhando. Avalie e mensure constantemente se o seu percurso está alinhado com a meta principal. Aprenda a comemorar as pequenas coisas. Isso a motivará a continuar.

Pratique a gratidão até mesmo nos momentos mais desafiadores. Quem reclama, clama por mais problemas, quem agradece, agradece e, com certeza, atrai mais energia e positividade para sua vida.

Nunca se esqueça: você é a pessoa mais importante do seu mundo!

Se você não se priorizar, dificilmente alguém o fará.

Para que seus relacionamentos estejam bem e haja equilíbrio entre todos os setores da sua vida, você precisa olhar para você e avaliar: “Como eu estou hoje? O que me faz feliz? O que me preenche e realiza? Isso vale a pena?”.

A conquista do equilíbrio emocional.3

OUTROS OLHARES

DEUSES NÃO, ABUSADORES DE MULHERES

 Denunciado por assédio sexual e estupros de centenas de pacientes espirituais, João de Deus segue a trilha perversa de Roger Abdelmassih e vê sua reputação aniquilada do dia para a noite.

Deuses não, abusadores de mulheres

O médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, vinha exercendo tranquilamente seus supostos poderes paranormais em Abadiânia, Goiás, há 44 anos. Graças à sua fama, o lugar virou um dos principais polos de peregrinação espiritual do mundo. Chamada de centro de medicina da alma, a Casa de Dom Inácio de Loyola atraia pelo menos dez mil pessoas para a cidade todos os meses, boa parte estrangeiros, e parecia um lugar abençoado, repleto de entidades mágicas onde as pessoas procuravam e encontravam algum tipo de cura e paz de espírito. Pura ilusão. Mostrou-se agora que o lar de João de Deus era também um templo da perdição. Uma sala privativa localizada na saída do espaço de atendimento coletivo funcionava como o covil de um assediador em série.

As mulheres iam buscar consolo para a alma em consultas individuais, normalmente convocadas pelo próprio médium, e se deparavam com ele seminu, fazendo atos obscenos e prometendo a cura para as que tocassem em seu pênis.

João de Deus, de 76 anos, é mais um típico caso de um homem poderoso e protegido que age descontroladamente com a crença na impunidade, sem perceber que o mundo mudou. As primeiras denúncias que vieram a público indicam que ele tem cometido abusos persistentes desde os anos 1990 pelo menos, contra brasileiras e estrangeiras. Seu caso se assemelha muito ao do ex-médico Roger Abdelmassih, que atacou dezenas de mulheres por duas décadas durante as consultas em sua clínica de reprodução assistida, em São Paulo. Como Abdelmassih, João de Deus também se valia de sua condição de superioridade sobre as mulheres para tentar abusar delas. Ambos atacavam suas vítimas em momentos de fragilidade. Se na clínica do ex-médico elas tinham o sonho de um filho, na Casa Dom Inácio elas buscavam uma cura milagrosa. Mas nos dois casos acabaram encontrando o sofrimento e o trauma. Abdelmassih acabou condenado em 2010 a 181 anos de cadeia por 56 casos de violência sexual contra 39 mulheres e hoje cumpre pena em casa. A Promotoria de Justiça de Goiás solicitou, quarta-feira 12, a prisão preventiva de João de Deus.

“Estamos recebendo denúncias contra o médium há três meses e os dois casos são muito semelhantes”, diz a psicóloga Maria do Carmo Santos, presidente da ONG Vítimas Unidas, criada por pacientes abusadas pelo ex-médico e que está dando apoio para as vítimas de João de Deus. “São pessoas que não se conhecem e contam a mesma história. É bem parecido com o que aconteceu no caso de Abdelmassih.” O ritmo inicial de crescimento do número de denúncias contra João de Deus é assombroso e maior que o de Abdelmassih. As primeiras acusações vieram à tona no programa Conversa com Bial, na Rede Globo, na sexta-feira 7. A primeira vítima a se identificar foi a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus, que acusou o médium de estupro. Nos dias seguintes, as acusações se multiplicaram. Outras mulheres como a empresária paulistana Aline Saleh, 29 anos, e a estudante paranaense Sarah Varnier, 24 anos, também mostraram o rosto. O Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás criaram duas forças-tarefas para acelerar o fluxo de denúncias e os trabalhos de investigação. No Ministério Público de São Paulo foi criado um grupo especial que vem sendo procurado por dezenas de mulheres.

Até a última quarta-feira, 258 mulheres haviam entrado em contato por e-mail, telefone ou pessoalmente com a promotoria de Goiás para acusar João de Deus. Em São Paulo, outras 12 vítimas já foram ouvidas, 23 estão agendadas para fazer seus relatos nos próximos dias e 38 enviaram e-mails com pedidos para formalizarem suas denúncias. “Os ataques envolvem desde mulheres muito jovens, pré-adolescentes, até mulheres adultas, todas abusadas num momento de extrema fragilidade”, afirma a promotora Valéria Scarance, coordenadora do núcleo de gênero do Ministério Público de São Paulo, que participa da força-tarefa- “Elas noticiam, de uma forma geral, a prática do abuso sexual e no momento inicial do abuso acreditavam que se tratava de um procedimento espiritual. Sabemos que muitas mulheres que se opuseram a João de Deus sofreram ameaças.”

Uma das vítimas que denunciou o médium na última terça-feira foi a dona de casa Maria (nome fictício), de 41 anos, moradora de Valparaíso, em Goiás, que diz ter sido atacada por João de Deus em 1999, aos 19 anos. Naquele tempo, ela estava deprimida e buscava tratamento na Casa Dom Inácio. Foi selecionada para um encontro individual com o médium, na mesma sala onde todas as mulheres denunciam a prática de abusos. “Ele me apertou contra a parede e começou a me passar a mão, enquanto tremia e gemia ofegante no meu ouvido”, contou Maria à ISTOÉ. “Falou que eu ficaria boa se seguisse suas orientações e colocou a minha mão dentro da calça dele. Depois empurrou meu ombro para eu me ajoelhar e tentou me forçar a fazer sexo oral”. Até hoje, ela vive os traumas do abuso. “Nunca falei nada porque me sentia culpada e não imaginava que houvesse outras vítimas. Assim que soube disso, resolvi imediatamente denunciá-lo”

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FOLHA CORRIDA

“Místicos e religiosos utilizam crenças milenares para cometer abusos”, afirma a ativista Sabrina Bittencourt, que coordena o movimento Combate ao Abuso no Meio Espiritual (Coame) e recebeu as primeiras denúncias contra João de Deus. “Eles seduzem as mulheres dizendo que elas são privilegiadas por serem tocadas por um homem santo.” Sabrina também contribuiu para as denúncias contra o guru Sri Prem Baba, acusado de assédio em agosto passado por várias discípulas de sua comunidade. João de Deus tem uma folha corrida considerável. Além de denúncias de charlatanismo e prática ilegal da medicina, ele já foi acusado de seduzir uma menina menor de idade, em 2012, mas acabou absolvido por falta de provas. Também já foi acusado de atentado violento ao pudor, contrabando de minério e assassinato. O médium tem onze filhos. Há uma ação movida por uma de suas filhas, Dalva Teixeira, por abusos. Dalva diz que foi molestada pelo pai dos 9 aos 14 anos.

Na última quarta-feira, 12, João de Deus esteve na casa Dom Inácio, mas passou pouco tempo por ali. Abatido, mais magro, fez uma rápida oração, alegou uma crise de pressão alta e saiu rapidamente, cercado por um cordão humano de seguidores devotados. Numa curta declaração, reafirmou sua inocência. Deixou também um recado: “Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo”. Seu advogado, Alberto Toron, disse que o médium nega enfaticamente as acusações contra ele, e que está à disposição das autoridades para esclarecimentos. A apresentadora americana Oprah Winfrey, que promoveu o médium internacionalmente, retirou do ar vídeos com João Deus no YouTube depois das denúncias. Oprah disse que tem empatia pelas mulheres e “espera que a Justiça seja feita”.

Em geral, abusadores como João Faria e Abdelmassih acreditam que são seres iluminados, acima do bem e do mal, e se enxergam como semideuses. São homens que se sentem numa condição superior e fazem o que querem, sem temer as consequências. Repetem seus atos condenáveis de uma maneira padronizada e carecem de capacidade de empatia e misericórdia. Para o psicoterapeuta junguiano Marcos Callia tanto o caso de João de Deus como o de Abdelmassih expõem o lado obscuro da natureza humana, o chamado “efeito sombra”. “Eles são tratados como seres iluminados e de repente revelam uma sombra tão potente como seus atributos divinos”, diz Callia. “Isso cria uma efeito devastador sobre a credibilidade desses homens, que se transformam em farsantes.”

Os primeiros sinais de que João de Deus caiu em desgraça são evidentes. A Paris Filmes suspendeu a distribuição do filme “João de Deus – o silêncio é uma prece” e a editora Companhia das Letras interrompeu as vendas da biografia “João de Deus – um médium no coração do Brasil”. A própria existência da Casa Dom Inácio está ameaçada. O Ministério Público de Goiás estuda a interdição do centro. Resta saber como ficará Abadiânia, um município de 19 mil habitantes que é completamente dependente do turismo místico. Tem 1,5 mil quartos de pousadas para hospedagem que registram uma ocupação média de 80%, principalmente entre quarta e sexta-feira, dias de atendimentos espirituais. Sem o carisma do médium, essa economia tende a declinar, na mesma intensidade que a crença de seus adeptos.

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GESTÃO E CARREIRA

5 CUIDADOS PARA A HUMANIZAÇÃO NAS EMPRESAS

Humanização exige cautela, pois praticada sem equilíbrio pode prejudicar a produtividade dos colaboradores.

5 cuidados para a humanização nas empresas.2

Em um mundo onde a tecnologia abriu canais públicos de comunicação e conexão, os recursos humanos enfrentam um novo desafio. As pessoas procuram locais de trabalho mais humanizados, onde a abertura é o padrão para a comunicação, a voz do colaborador é ouvida e os integrantes de cada equipe se sentem especiais, significativos e conectados.

Home office, mesa de bilhar, happy hours, levar o pet para o trabalho, reuniões de feedback e folga no dia do aniversário são alguns benefícios que chamam a atenção para quem está procurando um ambiente de trabalho mais humanizado.

“Embora concentrar-se nos aspectos humanos seja fundamental para que os colaboradores se sintam valorizados, as empresas precisam tomar cuidado para não pecar pela humanização por si só, perdendo o foco do resultado, que pode fazer com que a produtividade dos colaboradores caia, ou colocar em risco o limite entre o que é vida profissional e o que é vida pessoal. Esses dois aspectos devem ser integrados, mas não misturados. Assim, a humanização deixa de ser um aspecto positivo e pode causar problemas para a empresa e para os funcionários”, explica a especialista em desenvolvimento humano Susanne Andrade, autora do best-seller O Segredo do Sucesso é Ser Humano.

TRABALHO x INTEGRAÇÃO DA EQUIPE
Algumas empresas costumam organizar “happy hours” após o expediente para promover a troca de ideias, descontrair, ou até mesmo estreitar os laços entre os colegas de trabalho. “Apesar de ser uma ótima ideia, essa é uma questão à qual o empregador deve se atentar, pois como se sabe, não são todas as pessoas que sabem separar momentos de descontração e trabalho”, comenta a especialista.

Existem casos em que funcionários encerram o expediente mais cedo para começar a organizar o “happy hour”, por exemplo, ou de pessoas que se excedem no entusiasmo ou na bebida. “Deve haver um cuidado para que a confraternização não atrapalhe as atividades da empresa, e não ultrapasse o limite do tolerável em um ambiente corporativo”, comenta Susanne.

FEEDBACK DA FORMA ADEQUADA
Embora dar feedback seja indispensável, algumas empresas ainda hoje pecam nesse quesito. “Muitas companhias ainda utilizam o feedback como sinônimo de avaliação de desempenho, como termômetro para categorizar os funcionários entre ‘promovido’ e ‘não promovido’. Essa visão é ultrapassada e um grande equívoco, pois o feedback vai muito além disso. Ele é uma importante ferramenta para manter a equipe motivada e promove o desenvolvimento de habilidades, além dos ajustes necessários na performance”.

Para a especialista, o feedback deve ser praticado sempre que possível. “Ele ajuda nas relações humanas, tanto pelo reconhecimento quanto pelo redirecionamento de comportamento e quanto mais utilizado, mais motivados ficam os profissionais”, explica ela.

POLÍTICA DE HOME OFFICE
As vantagens do home office são inegáveis e, por isso, cada vez mais profissionais têm procurado vagas que oferecem esse benefício ao menos uma vez na semana. “São diversos motivos que podem levar alguém a procurar funções que permitem trabalhar de casa uma ou mais vezes na semana: pais que acabaram de ter bebês, profissionais que moram distante da empresa e querem evitar trânsito, economia com combustível, flexibilidade no horário de almoço, não ter que se preocupar todos os dias com o visual, entre outras razões”.

Mas, infelizmente, nem todo profissional é produtivo atuando no ambiente doméstico. “Dar aquela olhada no que está passando na TV ou ter um desejo incontrolável de tirar uma soneca pós-almoço, sem disciplina para suas entregas, são algumas das armadilhas para o profissional que atua em home office”, elenca Susanne.

Por isso, esse recurso tão desejado pelos colaboradores muitas vezes não funciona para todos. “É preciso avaliar muito bem o perfil daquele profissional, seu nível de comprometimento, e também se as funções que exerce são compatíveis com o trabalho de casa. Caso contrário, pode ser um ‘tiro no pé’”, diz a especialista.

VIDA PROFISSIONAL x VIDA PESSOAL
Hoje é muito comum encontrar empresas que proporcionam espaços de lazer dentro da própria empresa, como mesas de pebolim ou bilhar, e até mesmo vídeo game, para que seus funcionários possam “desestressar” no horário do almoço ou após o expediente.

“Apesar de ser um meio de promover a integração, deve-se tomar cuidado com esse diferencial, pois é preciso ver até que ponto irá humanizar a empresa, para acabar não virando bagunça. Além disso, esse tipo de iniciativa pode incentivar os colaboradores a ficarem até muito tarde no escritório todos os dias, participando de atividades de lazer com os colegas. Isso pode ser prejudicial, pois manter um limite entre vida profissional e pessoal é necessário e saudável. É essencial o foco no equilíbrio”.

ESCRITÓRIOS “PET FRIENDLY”
Permitir que os colaboradores levem seus pets ao trabalho, ao menos uma vez ao mês, é uma tendência que teve início nos Estados Unidos e acabou vindo para o Brasil. Hoje já é possível encontrar alguns escritórios no país que permitem que o funcionário leve seu cão ao trabalho.

“Apesar de algumas pesquisas apontarem que ter um animal de estimação no ambiente de trabalho alivia o estresse e melhora a produtividade, também é preciso cautela, afinal, não há quem resista a um cãozinho fazendo graça e pedindo carinho, por isso o pet pode acabar distraindo os colaboradores, ou até mesmo incomodar pessoas que têm fobia de animais. Avaliar todo o contexto é essencial”, explica.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE V

Alimento diário - Comendo a Bíblia

A queda de Pedro. Cristo é levado a juízo. Pedro nega a Cristo novamente

 

 V – Enquanto os juízes o interrogavam, os criados que ali estavam o maltratavam, vv. 22,23.

1. Foi uma ofensa vil, aquela que um dos servidores lhe fez. Embora Ele falasse com tanta calma e apresentasse evidências convincentes, este sujeito insolente o esbofeteou com a palma da sua mão, provavelmente na lateral da sua cabeça ou do seu rosto, dizendo: ”Assim respondes ao sumo sacerdote?” Como se Ele tivesse se comportado de maneira rude no tribunal.

(1) Ele o golpeou, ele lhe deu uma bofetada. Alguns pensam que isto significa um golpe com uma vara, ou com o bastão que era o símbolo do seu cargo. Agora se cumpriam as Escrituras (Isaias 50.6): “Dou minha face”, “aos golpes”, esta foi a terminologia utilizada nos originais. E Miquéias 5.1: “Ferirão com a vara no queixo ao juiz de Israel”, e a resposta (Jó 16.10): “Com desprezo me feriram nos queixos”. Era injusto ferir a alguém que não tinha dito ou feito nada de errado. Era insolente que um mero servo golpeasse a alguém que era declaradamente uma pessoa de importância. Era covardia golpear a alguém que tinha suas mãos amarradas, e bárbaro, ferir um prisioneiro no tribunal. Aqui houve uma brecha na paz perante o tribunal, e ainda assim os juízes o permitiram. A confusão no rosto era nossa obrigação, mas aqui Cristo a toma para si: “Sobre mim venham a maldição e a vergonha”.

 (2) Ele o repreendeu de uma maneira imperiosa e insolente: ”Assim respondes ao sumo sacerdote?” Como se o bendito Jesus não fosse suficientemente bom para falar ao seu senhor, nem suficientemente prudente para saber como se dirigir a ele, mas, como um prisioneiro rude e ignorante, devesse ser controlado pelo carcereiro, e ensinado como devia se comportar. Alguns dos antigos sugerem que este servidor era Malco, que devia a Cristo a cura da sua orelha, e a salvação da sua cabeça, e ainda assim lhe faz esta terrível retribuição. Mas, seja como for, isto foi feito para agradar ao sumo sacerdote, e para bajulá-lo, pois o que ele dizia sugeria uma inveja pela dignidade do sumo sacerdote. Aos governantes ímpios, não faltarão servidores ímpios, que irão ajudar a aumentar a aflição daqueles a quem seus senhores per­ seguem. Houve um sucessor deste sumo sacerdote que ordenou que os presentes ferissem a Paulo, desta maneira, na boca, Atos 23.2. Alguns pensam que este servidor julgou-se ofendido pelo apelo de Cristo àqueles presente s a respeito da sua doutrina, como se Ele tivesse garantido que ele poderia ser uma testemunha. E talvez este fosse um daqueles servidores que tinham falado honradamente sobre Ele (cap. 7.46), e, para que não fosse agora julgado um amigo secreto de Cristo, assim parece ser um inimigo amargo.

2. Cristo suportou esta afronta com maravilhosa mansidão e paciência (v. 23): “‘Se falei mal’, no que disse agora, ‘dá testemunho do mal’. Mencione isto ao tribunal, e que eles, que são os juízes apropriados, o julguem. Mas, se bem, e como me convinha, ‘porque me feres?”‘ Cristo poderia ter-lhe respondido com um milagre de ira, poderia tê-lo feito ficar mudo ou morrer, ou ter secado a mão que se erguia contra Ele. Mas este era o dia da sua paciência e do seu sofrimento, e Ele lhes respondeu com a mansidão da sabedoria, para nos ensinar a não nos vingarmos, a não devolvermos insulto por insulto, mas, com a simplicidade da pomba, suportar as ofensas, mesmo quando, com a prudência da serpente, como nosso Salvador, nós mostrarmos como são injustas, e apelamos ao magistrado a respeito delas. Cristo aqui não ofereceu a outra face, e por isto parece que esta regra, Mateus 5.39, não deve ser interpretada de maneira literal. Um homem pode, possivelmente, oferecer a outra face, e ainda ter seu coração cheio de maldade. Mas, comparando o preceito de Cristo com seu padrão, vemos:

(1) Que, em tais casos, nós não devemos vingar a nós mesmos, nem julgar nossa própria causa. Nós devemos receber, e não desferir, o segundo golpe, que cria a disputa. Nós temos permissão de nos defendermos, mas não de nos vingarmos. O magistrado (se for necessário, para a preservação da paz pública, e para a contenção e intimidação dos malfeitores) deve ser o vingador, Romanos 13.4.

(2) Nosso ressentimento pelas ofensas feitas a nós deve sempre ser racional, e nunca passional. Assim era o de Cristo, aqui. Quando Ele sofria, Ele argumentava, mas não ameaçava. Ele admoestou, com razão, àquele que lhe tinha ofendido, e a mesma coisa nós podemos fazer.

(3) Quando somos chamados ao sofrimento, devemos nos acomodar às inconveniências de uma condição de sofrimento, com paciência, e por uma indignidade feita a nós, devemos estar preparados para receber outra, e assim fazer o melhor uso delas.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

AUTOESTIMA EM ALTA

Condicionar o sucesso de projetos pessoais à confiança em si mesmo pode trazer mais problemas que benefícios. Na contramão da literatura de autoajuda e dos pressupostos propagados pela mídia, em especial o mercado publicitário, o caminho mais eficaz para desenvolver e preservar a autovalorização parece ser pensar menos em si e mais nos outros. Estranho? Nem tanto…

Auto estima em alta

Em épocas de dificuldades, a maioria das pessoas tem grande tendência a distorcer o olhar para si mesmo. Dependendo de nossa história de vida e padrões de comportamento, em geral caímos em duas armadilhas: alguns se esquecem dos sucessos que acumularam ao longo da vida e se sentem péssimos, fracassados e incapazes; outros se agarram à supervalorização de conquistas, terminando por se sentirem injustiçados pelas circunstâncias e profundamente insatisfeitos. Na prática, nenhuma dessas atitudes traz satisfação. Pesquisas científicas têm mostrado uma forma mais eficiente – e inusitada – de incrementar a autoestima. Tudo indica que essa característica não depende do sucesso de nossas realizações – que, em geral, garante apenas a sensação frágil e ilusória de bem­ estar. Aliás, em excesso, ter-se em alta conta pode trazer sérias desvantagens.

Em um estudo publicado em 2002, solicitamos a 37 universitários do último período, candidatos a pós-graduação, que preenchessem um questionário para avaliar o quanto baseavam a autoestima no histórico acadêmico, na aparência física, no bom relacionamento com a família e com os amigos etc. Na sequência, os estudantes deveriam continuar registrando a sensação de auto – confiança duas vezes por semana, durante dois meses, nos quais participariam do processo de seleção. Descobrimos que aqueles cuja autoestima estava fortemente ligada ao desempenho acadêmico sentiram pouco aumento na autoconfiança nos dias em que se saíram bem, mas uma grande queda na segurança nos dias de baixo desempenho. Para essas pessoas, a dor do fracasso superou a alegria do sucesso. Aqueles que não dependiam do resultado para preservar a autoconfiança experimentaram claramente flutuações mais amenas: mostraram-se emocionalmente mais estáveis diante de resultados positivos ou negativos. Outros estudos demonstram vulnerabilidade semelhante em relação à aparência ou ao sucesso profissional.

Doses extras de autoconfiança não duram muito tempo, de acordo com nossos estudos. Mesmo depois de desfrutarmos de grandes realizações, geralmente voltamos a nos sentir como de costume. Além disso, a instabilidade que resulta desses altos e baixos tem custos significativos para a saúde mental – e pode colaborar para o desenvolvimento de sintomas de depressão. No caso dos candidatos à pós-graduação, por exemplo, observamos que as flutuações na autoestima experimentadas estavam associadas a distúrbios do apetite e do sono, a perda de motivação, a humor deprimido e a sentimentos de desesperança e impotência.

A dependência de bom desempenho para manter a autoestima não raro leva a evitar o fracasso em vez de buscar o sucesso – uma atitude que pode minar as chances de êxito. Para proteger a autoconfiança, surgem desculpas para o mau desempenho, como “não tentei o suficiente” ou “estava cansado, doente, chateado”. Para ter efeito, a explicação deve ser verossímil. Por exemplo, uma pessoa pode ficar acordada até tarde antes de fazer um teste para validar a afirmação de cansaço caso vá mal na prova; ou adiar os estudos até o último momento para alegar que não pôde se dedicar o suficiente. Os psicólogos sociais Edward E. Jones, da Universidade de Princeton, e Steven Berglas, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, cunharam o termo “auto sabotagem” para descrever o comportamento.

Buscar situações somente para sentir-se com maior autoestima prejudica a motivação intrínseca, ou seja, o interesse pela tarefa em si. Os psicólogos Edward Deci e Richard Ryan, da Universidade de Rochester, argumentam que pessoas com autoestima contingente se concentram a maior parte do tempo na maneira como sucessos e fracassos refletem sobre sua imagem. Sua pesquisa, realizada ao longo de várias décadas, aponta que aqueles com essa característica realizam atividades, como estudar e trabalhar, porque sentem que devem e não porque querem. A pressão e o senso de obrigação terminam por suplantar a satisfação. As relações pessoais também ficam prejudicadas. Pessoas focadas em aumentar a autoestima tendem a sempre colocar suas necessidades antes das dos outros. A preocupação com questões sobre o próprio valor influencia a relação com amigos, familiares e conhecidos, que acabam servindo, principalmente, como fontes de validação ou anulação de méritos – no final das contas, a interação gira em torno de uma única pessoa, o que empobrece e desgasta as relações.

No entanto, escorar a autoestima em valores como fé ou virtude parece ter menos consequências negativas do que em outras circunstâncias nas quais é possível ser avaliado e julgado (como aparência ou alguma habilidade específica). Ainda não sabemos exatamente os motivos dessa discrepância. A hipótese é que pessoas com necessidade de provar que são virtuosas ou fiéis a uma religião são mais propensas a se envolver em atividades úteis, colaborativas ou filantrópicas, recebendo então a aprovação dos outros. Ainda assim, as contingências nos tornam vulneráveis às consequências de deixar a autoestima tão dependente de elementos externos para nos definir.

Embora a busca por autoestima possa trazer consequências negativas, também nos motiva à ação. Sem o desejo de provar nosso valor, poderíamos ficar desanimados. Felizmente, temos opções. Em vez de nos concentrarmos em nossa própria situação, podemos focar em outras pessoas ou no benefício coletivo. Metas construtivas e solidárias tendem a fortalecer o sentimento de confiança e a sensação de pertencimento, o que ajuda a reduzir conflitos e medos.

 

GRAU DE COMPAIXÃO

Projetar metas colocando-se no lugar dos outros parece produzir um senso de intimidade. Na prática, isso costuma ajudar a evitar os efeitos devastadores de algum comentário alheio entendido como crítica, por exemplo. Em um estudo que publicamos em 2011 com a psicóloga Amy Canevello, agora na Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte, analisamos as consequências dessa atitude em calouros universitários e colegas de quarto do mesmo sexo. Cada participante avaliou seu “grau de compaixão”, de acordo com frases como “ser solidário com meu colega de dormitório” ou “estar ciente do impacto que meu comportamento pode ter sobre os sentimentos da pessoa com quem divido o quarto”. Eles também responderam a um questionário sobre autoestima a cada semana do ano letivo. Além disso, os voluntários classificaram em que medida respeitavam seus colegas, o quão responsáveis acreditavam ser em relação ao que eles precisavam e quanta consideração percebiam daqueles com quem dividiam o dormitório em relação a suas próprias necessidades.

Aqueles que desenvolveram postura mais compreensiva demonstraram maior receptividade às necessidades dos colegas de quarto (de acordo com a própria opinião e a do companheiro). Os colegas com quem os voluntários dividiam o ambiente perceberam a atitude e responderam positivamente, criando um ciclo que fortaleceu a relação entre os dois. Curiosamente, quanto mais procuravam ser sensíveis ao outro, maior autoestima demonstravam, de acordo com as avaliações. O sentimento de autoconfiança entre os colegas também ficou mais forte, sugerindo que se manter atento às demandas dos outros pode ser uma estratégia bastante eficaz para reforçar o sentimento de amor-próprio a longo prazo. Por outro lado, aqueles que se preocuparam excessivamente com a ideia que o companheiro fazia de si foram menos atentos aos colegas – um padrão de comportamento que colaborou para tornar mais frágil a autoestima de ambos.

Auto estima em alta.2 

A FÓRMULA DA FELICIDADE

A psicologia costuma definir autoestima como o valor que uma pessoa atribui a si mesma, ou seja, trata-se de uma avaliação inerentemente subjetiva. Geralmente os pesquisadores medem essa característica por meio de escalas de autor relato, baseando-se em declarações como “Tenho atitude positiva em relação a mim mesmo” ou “Costumo me comparar com os outros e me sentir fracassado”. Na década de 80, nos Estados Unidos, alguns políticos, psicólogos, e pesquisadores em geral mostravam-se preocupados com a falta de autoconfiança da população. Eles acreditavam que a solução do problema seria forjar cidadãos mais produtivos a resolver problemas sociais como criminalidade e fracasso escolar. Iniciou-se um verdadeiro movimento pró-autoestima, que coincide com o início do boom de livros de autoajuda que pregam o poder incontestável da autorrealização, insistindo no uso de “fórmulas” de motivação e felicidade.

Escolas e outras instituições americanas investiram em intervenções para aumentar a autoconfiança, principalmente das crianças. Esses programas geralmente focavam em exercícios que possibilitavam a exposição de qualidades e em fornecer retorno positivo (independentemente do desempenho). Lições do tipo “eu me amo” incentivavam alunos a completar frases como “Eu sou…” com as palavras “bonito”, “inteligente” ou “talentoso”, por exemplo. Aqueles com baixo desempenho eram ensinados a se concentrar no potencial em vez de olhar para o que precisavam melhorar. Em 1986, o estado da Califórnia destinou US$ 245 mil para a Força Tarefa para Promover Autoestima e Responsabilidade Social, acreditando que o investimento seria recompensado com a queda da criminalidade, do fracasso escolar, do número de gestações indesejadas e de dependência química.

No entanto, mesmo com o grande impulso do movimento a favor da autoestima – que não ficou restrito aos Estados Unidos, mas influenciou formas de pensar em quase todo o planeta-, dados científicos começaram a minar alguns de seus principais pressupostos e sustentações. Muitas pesquisas mostram que pouca gente sofre disso. Pelo contrário, a maioria de nós já se sente muito bem sobre si. Em um estudo publicado em 1989, o psicólogo Roy F. Baumeister e seus colegas Dianne M. Tice e Debra G. Hutton, na época da Universidade Case Western Reserve, mostraram que, de maneira geral na média das escalas a pontuação dos americanos em relação à autoconfiança está bem acima do ponto que denota visão moderada ou digna a respeito de si.

OUTROS OLHARES

ESSE NÃO É O ANIMAL

Morte da cadela Manchinha, agredida por um funcionário do Carrefour, em Osasco, reforça discussão sobre maus tratos contra animais e mostra que a lei é branda para quem comete esse tipo de crime.

Esse não é o animal

A morte brutal da cadela Manchinha no estacionamento do supermercado Carrefour, em Osasco, na Grande São Paulo, poderia ter sido só mais um dos inúmeros episódios de maus tratos contra animais a passar impunes no Brasil. Não foi assim. A crueldade do ato causou comoção nas redes sociais, mobilizou celebridades e atingiu a imagem da rede varejista, que promove o compromisso do bem­ estar animal entre seus fornecedores de carne e estimula a criação sustentável de bezerros e de galinhas. Enquanto isso, descobriu-se que os cachorros são maltratados por ali. Manchinha circulava pelo estacionamento há vários dias, mas não era bem-vinda. Câmeras registraram as cenas em que, finalmente, um segurança bate nela com uma barra de alumínio. O animal é perseguido e começa a sangrar. “As imagens são claras e sabemos também que a cadela também foi envenenada e capturada por funcionários da Prefeitura com violência desproporcional”, diz a ativista Luísa Mell, que dirige urna ONG de proteção aos animais e divulgou as cenas do crime no Instagram “O que esperamos agora é que essa cadelinha morta se transforme numa espécie de mártir contra esse tipo de abuso”.

COVARDIA HUMANA

As consequências do ataque a Manchinha apareceram rápido. Na segunda-feira 3, um inquérito foi aberto na delegada de Osasco. Um representante do departamento de Fauna e Bem-estar animal da Prefeitura fez a denúncia e solicitou a investigação da morte do cão. No boletim de ocorrência consta que Manchinha foi socorrida por agentes da Prefeitura e teve urna parada cardíaca. Ao mesmo tempo, dois processos estão sendo abertos por iniciativa da Associação de Advogados Criminalistas de São Paulo. O primeiro por danos morais coletivos contra o Carrefour e outro criminal, contra o funcionário, que não teve seu nome identificado. O Ministério Público também abriu uma investigação. “Esse tipo de coisa acontece todo dia, mas as pessoas não denunciam”, diz Carolina Mourão, presidente da Confederação Brasileira de Defesa Animal. “A lei é branda é há um grande campo de impunidade”.

Neste sábado está previsto um ato público na frente da loja do Carrefour em Osasco. Os organizadores da manifestação, que esperam reunir mais de mil pessoas, falam em boicote à rede e no endurecimento da lei O artigo 32 da lei de crimes ambientais prevê pena de três meses a um ano de prisão, além de multa, para quem praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Na prática, esses crimes são considerados de baixo potencial ofensivo e as penas se limitam ao pagamento de cestas básicas. O segurança que atacou Manchinha será indiciado, mas dificilmente preso. Na quarta-feira 6, o senador Randolfe Rodrigues (Rede­ AP) apresentou um projeto de lei em que eleva a pena de maus tratos para até três anos de prisão.

”Existe uma epidemia de crueldade no Brasil e a morte dessa cadela é um sintoma de desajuste social”, afirma a advogada Antília da Monteira Reis, presidente da Comissão de Proteção de Defesa Animal da OAB de São Bernardo do Campo (SP). A morte de Manchinha imobilizou celebridades, corno o apresentador Luciano Huck, que usou suas mídias sociais para denunciar a crueldade, e as atrizes Tata Werneck e Alexia Dechamps. O Carrefour divulgou nota na qual reconheceu que u1n grave problema ocorreu na loja de Osasco e declarou que não irá se eximir de sua responsabilidade.

”Estamos tristes com a morte desse animal. Somos os maiores interessados para que todos os fatos sejam esclarecidos”, informou a nota. “Por isso, aguardamos que as autoridades concluam rapidamente as investigações”. Desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada que agrediu Manchinha foi afastado. A rede informou que “ONGs ligadas a causa animal vão nos auxiliar na construção de uma nova política para a proteção e defesa dos animais”. Os fatos recentes indicam que isso é realmente necessário.

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GESTÃO E CARREIRA

O RESSIGNIFICADO DA LIDERANÇA

Liderança sempre foi um assunto importantíssimo para o ambiente corporativo e no atual momento se tornou crucial.

O ressignificado da liderança

Liderança sempre foi um assunto importantíssimo para o ambiente corporativo e no atual momento se tornou crucial. Em pesquisa recente, o #nowornever, informou que 72% dos CEOs entrevistados acreditavam que os próximos três anos serão mais críticos para seus segmentos do que as últimas décadas. Sem falar que uma entre três empresas correm o risco de quebrar, enquanto há 50 anos este número era de 1 em 20, segundo o Boston Consulting Group (BCG).

Este cenário, então, faz com que as organizações estejam em constante transformação, necessitando assim que as lideranças assumam novos papéis facilitadores da transformação. E quais serão essas novas habilidades tão almejadas pelo mercado?

Antes, conhecer o negócio era essencial para um líder. Já hoje o importe é saber navegar por ambiguidades. Isto porque a liderança muitas vezes, neste contexto de transformação, não terá um norte tão bem definido, o negócio poderá mudar muito rapidamente e também ele terá que utilizar comportamentos e habilidades que nem sempre eram requisitados, e que representavam sua zona de conforto. Por exemplo, a delegação de tarefas, porém, sem perder o controle.

Sem falar que os líderes precisarão envolver-se mais com as operações, mas sem serem controladores. Além disso, precisarão promover a experimentação, mas conter o risco, ou seja, ousar para manter-se competitivo sem deixar de proteger o negócio. E, antes de tudo, terão que buscar pontos de vista distintos, mas impulsionar uma ação unificada. Tal iniciativa requer agilidade para alternância entre diálogo e ação.

Com certeza você já ouviu também que o papel do líder é incentivar o trabalho em equipe bem como a colaboração, mas dentro deste contexto de transformação, ele ganha uma nova tarefa: o de conectar a organização. O objetivo é que todos os membros trabalham em rede.

Com estes desafios, o líder precisará, então, de orientação comportamental para gerenciar em meio ao paradoxo que chamarei de navegação no “núcleo” e na “borda”. Explicando melhor estes conceitos: comportamentos que se referem a “núcleo” impulsionam a geração de resultados consistentes e exatos por meio de conhecimentos, perícia operacional e práticas comprovadas. Exemplo de comportamentos “núcleo”: desenvolvimento de planos com base em dados existentes, desenvolvimento de sistemas e políticas, ênfase em consistência e acuracidade. Enquanto comportamentos que se referem a “borda” empurram criativa e estrategicamente para áreas de risco e possibilidade. Alguns exemplos de comportamentos “borda”: prazer na inovação, tomada de decisões em conjunto, coaching do desempenho de outras pessoas, permitindo-lhes criar soluções e Brainstorming de novas ideias.

Com isso, o líder que então liderava a mudança, terá também que fazer a cultura evoluir. Um papel mais complexo, pois exigirá dele um aprofundamento no DNA da organização. Enfim, a zona de conforto, será um local que este líder nunca mais poderá visitar. Afinal, transformação exige a navegação em ambientes desconhecidos com uma única certeza: o aprendizado será constante, ou seja, estará sempre desaprendendo para aprender!

 

 

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE IV

Alimento diário - Comendo a Bíblia

A Queda de Pedro. Cristo E Levado a Juízo. Pedro Nega a Cristo novamente

IV – Tendo Pedro, o amigo de Cristo, começado a negá-lo, o sumo sacerdote, inimigo de Cristo, começa a acusá-lo, ou, mais exatamente, insiste para que Ele se acuse, vv. 19-21. Aparentemente, a primeira tentativa foi provar que Ele era um enganador, e um professor de falsas doutrinas, que é o que este evangelista relata. E, quando não obtiveram a prova disto, então o acusaram de blasfêmia, o que é relatado pelos outros evangelistas, e, por isto, omitido aqui. Observe:

1. Os assuntos sobre os quais Cristo foi interrogado (v. 19): ”Acerca dos seus discípulos e da sua doutrina”. Observe:

(1) A irregularidade do processo. Era contra toda a lei e justiça. Eles o prenderam como um criminoso, e agora que Ele é seu prisioneiro, eles não têm nada de que acusá-lo, nenhum libelo, nenhum acusador. Mas o próprio juiz deve ser o acusador, e o próprio prisioneiro, a testemunha, e, contra toda razão e justiça, Ele é colocado para ser seu próprio acusador.

(2) A intenção. O sumo sacerdote, então (ou portanto, o que parece se referir ao v. 14), por ter decidido que Cristo deveria ser sacrificado à sua maldade privativa, sob o pretexto do bem comum, o examinou nestes interrogatórios sobre sua vida. Ele o interrogou:

[1] A respeito dos seus discípulos, para poder acusá-lo de sedição, apresentando-o como perigoso ao governo romano, assim como à igreja judaica. Ele lhe perguntou quem eram seus discípulos, quantos eram, de que região, quais eram seus nomes e personalidades, insinuando que estes alunos estavam sendo preparados para serem soldados, e, com o tempo, formariam uma força formidável. Alguns pensam que esta pergunta a respeito dos seus discípulos foi: ”Agora, o que irá acontecer com todos eles? Quem são eles? Por que não aparecem?”, censurando-o pela covardia deles ao abandoná-lo, e, desta forma, piorando a angústia. Havia alguma coisa significativa no fato de Cristo ter chamado e reconhecido seus discípulos? Esta foi a primeira acusação contra o Senhor pois foi pelo bem deles que Ele se santificou e sofreu.

[2] A respeito da sua doutrina, para que pudessem acusá-lo de heresia, e puni-lo segundo a lei contra os falsos profetas, Deuteronômio 13.9,10. Esta era uma questão passível de julgamento neste tribunal (Deuteronômio 17.12). Portanto, um profeta não poderia perecer, exceto em Jerusalém, onde era a sede deste tribunal. Eles não conseguiram provar nenhuma falsa doutrina, mas esperavam extorquir de Jesus alguma coisa que pudessem distorcer para seu prejuízo, e fazê-lo culpado, por uma palavra ou por outra, Isaías 29.21. Eles não lhe disseram nada a respeito dos seus milagres, pelos quais Ele tinha feito tanto bem, provando que sua doutrina estava além de contradições, porque sabiam que não conseguiriam se apoderar deles. Desta maneira, os adversários de Cristo, enquanto estão se esforçando para discutir sua verdade, determinadamente fecham os olhos para as evidências dela, e não se dão conta da clareza de tais evidências.

2. O apelo que Cristo fez, respondendo a estas perguntas.

(1) Quanto aos seus discípulos, Ele não disse nada, porque tinha sido uma pergunta impertinente. Se sua doutrina era sadia e boa, o fato de que Ele tivesse discípulos a quem ensiná-la não era nada além do que era praticado e permitido pelos seus próprios doutores. Se Caifás, ao perguntar-lhe a respeito dos discípulos, pretendia armar-lhes uma cilada, e trazer-lhes problemas, foi por bondade a eles que Cristo nada falou sobre eles, pois Ele tinha dito: “Deixar ir estes”. Se ele pretendia censurá-lo pela covardia dos discípulos, não admira que Ele não tivesse dito nada, pois: A vergonha se apresenta quando se apresentam acusações que não podem ser refutadas.

Ele não desejava dizer nada para condená-los, e não poderia dizer nada para justificá-los.

(2) Quanto à sua doutrina, Ele não disse nada em particular, mas, de maneira geral, referiu-se àqueles que o ouviam, não somente manifestando-se a Deus, o Pai, mas também às consciências das pessoas, vv. 20,21.

[1] Ele acusa tacitamente seus juízes de procedimentos ilegais. Na verdade, Ele não fala mal dos governantes do povo, nem diz agora a estes príncipes: Vocês são ímpios, mas apela às regras estabelecidas do seu próprio tribunal, indagando se elas lidavam com Ele com justiça. ”Julgais retamente?” Salmos 58.1. Da mesma maneira, aqui: “Para que me perguntas a mim?” o, que indica dois absurdos de julgamento. Em primeiro lugar: “Por que me perguntam agora a respeito da minha doutrina, que já condenaram?” Eles tinham expedi­ do uma ordem judicial para excomungar todos aqueles que a reconhecessem (cap. 9.22), tinham emitido uma proclamação para prender Jesus, e agora vinham perguntar o que é sua doutrina! Desta maneira, Ele foi condenado, como sua doutrina e sua causa normalmente o são, sem ser ouvido. Em segundo lugar: “Por que me perguntam? Eu devo acusar a mim mesmo, quando vocês não têm evidências contra mim?”

[2] Ele insiste em tê-los tratado abertamente e com justiça, na divulgação da sua doutrina, e se justifica com isto. O crime que o Sinédrio, pela lei, devia investigar era a propagação clandestina de doutrinas perigosas, que atraísse secretamente, Deuteronômio 13.6. Quanto a isto, portanto, Cristo se explica completamente.

Em primeiro lugar, quanto à maneira da sua pregação. Ele falava abertamente, com liberdade e clareza de expressão. Ele não transmitia as coisas de maneira ambígua, como Apolo fazia, pelos seus oráculos. Aqueles que desejam minar a verdade, e espalhar noções corruptas, procuram alcançar seu objetivo por insinuações furtivas, fazendo perguntas, criando dificuldades, sem afirmar nada. Mas Cristo se explicava completamente, através da expressão: “Em verdade, em verdade vos digo”. Suas censuras eram livres e corajosas, e seus testemunhos, expressos contra as corrupções da época.

Em segundo lugar, quanto às pessoas a quem Ele pregava: Ele falava ao mundo, a todos os que tinham ouvidos para ou­ vir, e estavam desejosos de ouvi-lo, nobre ou humilde, instruído ou não, judeu ou gentio, amigo ou inimigo. Sua doutrina não temia a censura de uma multidão mista, nem era Ele relutante ao transmitir este conhecimento a ninguém (como comumente o fazem os mestres de rara inteligência), mas o transmitia livremente, como o sol faz com seus raios.

Em terceiro lugar, quanto aos lugares onde Ele pregava. Quando estava no interior, Ele pregava, normalmente, nas sinagogas – os lugares de reunião para adoração, e durante o sábado, à assembleia. Quando vinha a Jerusalém, Ele pregava a mesma doutrina no Templo, por ocasião das festas solenes, quando os judeus de todos os lugares ali se reuniam. E embora Ele pregasse com frequência em casas particulares, e em montes, e à beira-mar, para mostrar que sua palavra e a adoração a Ele não deviam ficar confinadas a templos e sinagogas, ainda assim aquilo que Ele pregava privadamente era a mesma coisa que Ele transmitia publicamente. Observe que a doutrina de Cristo, prega­ da puramente e claramente, não deve se envergonhar de aparecer diante da assembleia mais numerosa, pois ela traz consigo sua própria força e sua própria beleza. Os fiéis ministros de Cristo desejam que todo o mundo possa ouvir aquilo que eles dizem. A sabedoria clama onde há muita gente, Provérbios 1.21; 8.3; 9.3.

Em quarto lugar, quanto à doutrina propriamente dita. Ele não dizia, às escondidas, nada contrário ao que dizia em público, exceto para repetir e explicar: “Nada disse em oculto “, como se Ele tivesse sido suspeito pela verdade contida na sua doutrina, ou consciente de algum mau intento nela. Ele não procurava cantos, pois não temia disfarces, nem dizia coisa alguma de que precisasse se envergonhar. Aquilo que Ele dizia, em particular, aos seus discípulos, Ele lhes ordenava que proclamassem sobre os telhados, Mateus 10.27. Deus disse sobre si mesmo (Isaias 45.19): “Não falei em segredo”. Seu mandamento “não é encoberto”, Deuteronômio 30.11. E ajustiça da fé fala de maneira semelhante, Romanos 10.6.

[3] Ele apela àqueles que o tinham ouvido, e deseja que se pergunte a eles qual doutrina Ele tinha pregado, e se ela tinha esta tendência perigosa que se julgava: “‘Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei’. Alguns deles podem estar no tribunal, ou podem ser ordenados a comparecer, saindo de suas camas”. Ele não se referia aos seus amigos e seguidor es, que poderia presumir-se que falariam a seu favor, mas: Perguntem a qualquer ouvinte imparcial, perguntem aos seus próprios servidores. Alguns pensam que Ele os apontou, quando disse: “Eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito”, referindo-se ao relato que tinham feito da sua pregação (cap. 7.46): “Nunca homem algum falou assim como este homem”. Ou melhor: Vocês podem perguntar a alguém no tribunal, pois é provável que alguns deles o tivessem ouvido, e tivessem sido silenciados por Ele. Observe que a doutrina de Cristo pode, segura­ mente, apelar a todos aqueles que a conhecem, e tem tanta justiça e razão do seu lado, que quem desejar julgar imparcialmente não poderá deixar de testificar positivamente a seu respeito.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

COREOGRAFIAS CEREBRAIS

Estudos recentes com uso de técnicas de imageamento do cérebro revelam processos neurais complexos por trás da habilidade de dançar.

Coreografias cerebrais

O ritmo parece algo tão natural que muitos acreditam ser automático ouvir música e marcar o compasso com os pés ou balançar o corpo, às vezes sem se dar conta de que estão se movimentando. Essa habilidade, porém, é uma novidade evolucionária entre os humanos e nada comparável acontece com qualquer outra espécie animal. Nosso dom para a sincronização inconsciente nos permite utilizar a confluência de movimentos, ritmo e representações gestuais – longe da prática coletiva, mas sincronizados. Dançar exige um tipo de coordenação interpessoal no espaço e no tempo quase inexistente em outros contextos sociais. E, embora seja uma forma fundamental de expressão humana, por muito tempo recebeu pouca atenção dos neurocientistas. Entretanto, recentemente, pesquisadores realizaram os primeiros estudos com imageamento do cérebro de dançarinos amadores e profissionais.

Essas investigações esclarecem pontos intrigantes sobre a complicada coordenação mental necessária para executar até mesmo os passos aparentemente mais básicos. Os estudos começaram com a análise de movimentos isolados, como os giros do tornozelo ou o tamborilar dos dedos. Esses trabalhos revelaram informações sobre como o cérebro coordena ações simples. Pular com um pé só exige consciência espacial é equilíbrio, além de intenção e sincronismo (habilidades ligadas ao sistema sensório-motor). O córtex parietal posterior – situado na parte de trás do cérebro – traduz informações visuais em comandos motores, enviando sinais para as regiões de planejamento do movimento no córtex pré-motor e na área motora suplementar. Essas instruções vão para o córtex motor primário, onde são gerados então impulsos neurais que viajam para a medula espinhal e para os músculos, provocando contrações.

Ao mesmo tempo, os órgãos sensoriais nos músculos mandam uma resposta ao cérebro, dando a orientação exata do corpo no espaço por meio de nervos que passam pela medula espinhal até chegar ao córtex. Os circuitos subcorticais do cerebelo e dos gânglios de base também ajudam a atualizar os comandos motores com base na resposta sensorial e no ajuste de movimentos. O que permanece sem resposta é se esses mesmos mecanismos neurais se ampliam para permitir que essas manobras sejam tão graciosas quanto uma pirueta, por exemplo.

Para responder a essa questão, realizamos o primeiro estudo de imageamento cerebral dos movimentos da dança, em conjunto com nosso colega Michael J. Martinez, do Health Science Center da Universidade do Texas em San Antonio, usando dançarinos amadores de tango como voluntários. Escaneamos o cérebro de cinco homens e de cinco mulheres usando a tomografia por emissão de pósitrons, que registra as mudanças no fluxo sanguíneo cerebral seguidas por alterações na atividade cerebral. Os pesquisadores interpretam o aumento no fluxo sanguíneo em uma área específica como sinal de uma atividade maior entre os neurônios da região. Nossos voluntários permaneceram parados dentro da máquina de tomografia, com a cabeça imobilizada, mas movendo as pernas e deslizando os pés por uma superfície inclinada. Primeiro, pedimos que fizessem o passo quadrado, derivado do passo básico do tango argentino chamado salida, sincronizando seus movimentos no ritmo das músicas que ouviam por fones. Em seguida, escaneamos o cérebro dos dançarinos enquanto flexionavam os músculos das pernas no ritmo da música, sem de fato moverem esses membros. Ao subtrair a atividade cerebral obtida por essa simples flexão daquela registrada enquanto “dançavam”, focamos nossa atenção em áreas cerebrais vitais para direcionar as pernas pelo espaço, gerando padrões específicos de movimento.

Como era esperado, essa comparação eliminou muitas das áreas motoras básicas do cérebro. Uma área utilizada foi a parte do lobo parietal que contribui para percepção e orientação espacial. Na dança, a cognição espacial é, primeiro, cinestésica: sentimos o posicionamento do tronco e membros o tempo todo, mesmo com os olhos fechados, graças aos órgãos sensoriais dos músculos. Eles graduam a rotação de cada junta e a tensão dos músculos e retransmitem essas informações para o cérebro, que cria uma representação articulada do corpo como resposta. Mais especificamente, identificamos ativação no precuneus, região do lobo parietal muito próxima de onde fica a representação cinestésica das pernas. Acreditamos que o precuneus contenha um “mapa” cinestésico que permite uma consciência do posicionamento do corpo no espaço enquanto as pessoas se movem à sua volta. Não importa se alguém está dançando uma valsa ou andando em linha reta: o precuneus ajuda a traçar seu caminho e assim o faz a partir de uma perspectiva centrada no corpo.

Em seguida, comparamos as tomografias realizadas durante a dança com aquelas feitas enquanto nossos voluntários faziam os passos do tango sem música. Ao eliminar as imagens das regiões do cérebro em comum ativadas pelas ações, esperávamos identificar áreas críticas para a sincronização dos movimentos com a música. Novamente, essa subtração removeu praticamente todas as áreas motoras do cérebro. A diferença principal estava na parte do cerebelo que recebe informações da medula espinhal. Embora ambas as condições tenham ativado essa área – o vérmis anterior – os passos de dança sincronizados com a música geraram significativamente mais fluxo de sangue no local que a dança auto ritmada.

Embora preliminares, nossos resultados nos levam a crer na hipótese de que essa parte do cerebelo atua como um tipo de maestro, monitorando as informações em várias regiões do cérebro. O cerebelo como um todo atende a todos os critérios para um bom metrônomo neural: recebe uma ampla gama de informações sensoriais dos sistemas corticais auditivo, visual e somatossensório – uma capacidade necessária para sincronizar movimentos a diversos estímulos, desde sons até flashes luminosos e toques; e contém representações sensório-motoras para o corpo inteiro.

Inesperadamente, nossa segunda análise também elucida a tendência dos humanos de mover os pés inconscientemente ao ritmo de uma música. Ao comparar as imagens dos movimentos sincronizados com o som às dos movimentos auto – ritmados, descobrimos que uma parte inferior da via auditiva, uma estrutura subcortical chamada núcleo geniculado medial – MGN, na sigla em inglês -, era ativada apenas durante a primeira ação. No início, partimos do pressuposto de que esse resultado refletia meramente a presença de um estímulo auditivo – isto é, a música – na situação sincronizada, mas outro conjunto de imagens de controle excluiu essa interpretação: quando nossos voluntários escutavam música, mas não moviam as pernas, não detectamos mudança no fluxo sanguíneo do MGN.

Assim, concluímos que a atividade do núcleo refere-se especificamente à sincronização e não apenas ao ato de ouvir. Essa descoberta nos levou a admitir a hipótese de que o sincronismo inconsciente ocorra quando uma mensagem auditiva neural se projeta diretamente nos circuitos auditivos e de ritmo presente no cerebelo, desviando-se de áreas auditivas superiores no córtex cerebral. Outras partes do cérebro são ativadas quando observamos e aprendemos passos de dança. Os pesquisadores Beatriz Calvo-Merino e Patrick Haggard, da Universidade College London, e seus colegas pesquisaram se áreas cerebrais específicas se tornavam ativas preferencialmente quando as pessoas observavam passos que já dominavam. Ou seja, será possível que existam áreas cerebrais que se ativam quando bailarinos assistem a uma apresentação de balé, mas não, por exemplo, quando assistem a uma apresentação de capoeira? Para desvendar esse mistério, a equipe fez ressonâncias magnéticas funcionais de dançarinos, capoeiristas e não praticantes à medida que observavam vídeos de três segundos de movimentos de balé e capoeira, sem áudio. Os pesquisadores descobriram que a experiência dos observadores tinha grande influência no córtex pré-motor: a atividade no local aumentou apenas quando os voluntários observavam as danças que eles mesmos sabiam executar. Outro trabalho oferece uma explicação provável. Os cientistas descobriram que, quando as pessoas observam ações simples, áreas do córtex pré-motor envolvidas na realização dessas ações se ativam, o que sugere que nós mentalmente ensaiamos o que vemos – uma prática que pode nos ajudar a aprender e entender novos movimentos. Os pesquisadores estão avaliando até que ponto os humanos dependem de circuitos de imitação desse tipo.

Em um trabalho posterior, Beatriz comparou o cérebro de bailarinos de ambos os sexos enquanto observavam vídeos de dançarinos homens e mulheres praticando passos específicos para cada gênero. Novamente, os níveis mais altos de atividade no córtex pré-motor eram dos homens que observavam movimentos apenas masculinos, e de mulheres que observavam gestos só femininos.

Na verdade, a capacidade de ensaiar um movimento na mente é vital para as habilidades de aprendizado motor. Emily S. Cross, Scott T. Grafton e seus colegas do Dartmouth College avaliaram se os circuitos de imitação no cérebro aumentam sua atividade à medida que ocorre o aprendizado. Por várias sema nas, a equipe realizou ressonâncias magnéticas funcionais de dançarinos à medida que aprendiam uma sequência complexa de dança moderna. Durante o exame de imageamento, os voluntários observavam vídeos de cinco segundos que mostravam algum movimento que já dominavam ou outros passos diferentes, não relacionados ao contexto. Após cada clipe, os voluntários classificavam sua capacidade de executar satisfatoriamente os movimentos que observaram. Os resultados confirmaram a hipótese de Calvo ­ Merino e de seus colegas. A atividade no córtex pré-motor aumentou durante o treinamento e, de fato, correspondia às avaliações dos voluntários sobre sua capacidade de realizar um segmento de dança observado.

Conclusão: aprender uma sequência motora complexa ativa, além de um sistema motor direto para o controle das contrações dos músculos, um sistema de planejamento motor que contém informações sobre a capacidade do corpo de realizar um movimento específico.

Coreografias cerebrais.4

CONTANDO HISTÓRIAS

Quanto mais experiente a pessoa se torna em determinado padrão motor, melhor consegue imaginar qual a sensação de executá-lo, e, as­ sim, fica mais fácil realizá-lo. Entretanto, como nossa pesquisa demonstra, a capacidade de simular uma sequência de dança – ou fazer um saque no tênis – não é uma atividade simplesmente visual, também é cinestésica. Aliás, a verdadeira aptidão exige, de certo modo, a criação de uma imagem motora nas áreas de planejamento do movimento do cérebro.

Afinal, por que as pessoas dançam? Certamente a música e a dança estão intimamente relacionadas. Em muitos casos, a dança gera som. Os danzantes (ou “dançarinos”) astecas da Cidade do México vestem polainas bordadas com sementes da árvore chachayotes, que emitem um som a cada passo. Em muitas outras culturas, as pessoas usam objetos que produzem sons – de metal na sola dos sapatos a castanholas e guizos – no corpo e nas roupas enquanto dançam. Além disso, os dançarinos frequentemente batem palmas e estalam os dedos. Como resultado, estabelecemos a hipótese da “percussão do corpo” , segundo a qual a dança evoluiu inicialmente como um fenômeno sonoro.

Entretanto, diferentemente da música, a dança é usada para representar e imitar gestos, o que sugere que também possa ter atuado como forma primitiva de linguagem. É interessante observar que durante a execução dos movimentos, em nosso estudo, identificamos ativação em uma região do hemisfério direito correspondente à área de Broca (associada à produção da fala), localizada no hemisfério esquerdo. Nos últimos anos, pesquisas revelaram que essa região também tem uma representação das mãos. A descoberta reforça a teoria gestual da evolução da linguagem. Seus defensores argumentam que a linguagem evoluiu inicialmente como um sistema de sinais antes de se tornar vocal. Nosso estudo está entre os primeiros a demonstrar que o movimento das pernas ativa a área do hemisfério direito correspondente à área de Broca, o que dá mais sustentação à ideia de que a dança se inicia como uma forma de comunicação representativa.

O pesquisador Marco lacoboni, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e seus colegas realizaram estudo no qual aplicaram estímulo magnético no cérebro para interromper o funcionamento da área de Broca ou de sua homóloga. Em ambos os casos, os voluntários foram menos capazes de imitar os movimentos dos dedos com a mão direita. O grupo concluiu que essas áreas são essenciais para a imitação, um ingrediente-chave para o aprendizado e para a difusão da cultura.

Também temos outra hipótese. Embora nosso estudo não envolva exatamente movimentos imitados, tanto dançar tango quanto imitar movimentos com os dedos exige que o cérebro ordene séries de ações interdependentes. Da mesma forma que a área de Broca nos ajuda a combinar corretamente palavras e frases, sua homóloga pode servir para posicionar unidades de ações em sequências contínuas. Essa interação permite que as pessoas não só contem histórias usando o corpo como também façam isso ao mesmo tempo que sincronizam seus movimentos com os de outros, de maneira a estimular a coesão social.

Coreografias cerebrais.2

Para identificar as áreas do cérebro importantes para a dança, os autores analisaram dançarinos amadores de tango com a ajuda de um tomógrafo PET. A cabeça dos dançarinos permaneceu imóvel no aparelho, e suas pernas sobre uma superfície inclinada, enquanto ouviam a música em fones de ouvido (foto).

A máquina escaneou o cérebro em duas condições: quando os dançarinos flexionavam os músculos da perna no ritmo da música, sem mover os membros, e quando executavam um passo básico de tango (destaque) e no ritmo da música. Quando foi retirada a atividade cerebral provocada pela contração muscular (imagem superior) das obtidas durante o passo restou “acesa” só uma parte do lobo parietal conhecida como precuneus (imagem inferior).

Coreografias cerebrais.3

OUTROS OLHARES

RACISMO CRUEL E COVARDE

Crimes de injúria racial e manifestações explícitas de preconceito revelam a incapacidade do Brasil em superar a cultura de discriminação que perdura desde os tempos da escravidão. O que explica esse atraso em um país tão miscigenado?

Racismo cruel e covarde

 

CENA 1.

Racismo cruel e covarde.2

A pequena Ava. de 4 anos, é hostilizada ao entrar na piscina do luxuoso hotel Fasano Boa Vista, em um condomínio de alto padrão em Porto Feliz. interior de São Paulo. Recebida por crianças da sua idade com as frases “Sai daqui” e “Sai da água”, o que seria um banho de piscina em um dia de sol se tornou urna experiência traumática.

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CENA2.

A advogada Valéria Lucia dos Santos foi retirada à força da sala de audiência nas dependências do fórum do Juizado Especial Civil de Duque de Caixas. no Rio de Janeiro, em um episódio com vários componentes racistas. Por ordem da juíza, Valéria foi pega com truculência e algemada pela polícia enquanto reivindicava seu direito de exercer a profissão.

 

CENA 3.

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O turista americano Anthony Barrow foi preso em flagrante no Rio de Janeiro após ter insultado funcionários do Museu do Amanhã. Ele havia solicitado atendimento em inglês. Diante da monitora bilingue e negra, afirmou que não falaria com ela. Preso por um PM também negro, recusou-se a fornecer sua identificação. Estava hospedado em um hotel perto do antigo Cais do Valongo, um dos maiores pontos de desembarque de escravos das Américas.

As três cenas descritas acima ocorreram nas últimas semanas e compõem um retrato dramático da discriminação racial que persiste de forma covarde no Brasil. Passados 130 anos desde que a escravidão foi abolida, o racismo continua arraigado na sociedade brasileira, formada por uma população majoritariamente miscigenada. Ao longo de um dia qualquer, negros brasileiros serão atacados e discriminados por seus concidadãos, em uma rotina de desprezo, exclusão e violência centenários que parece não conhecer limites, apesar dos esforços educacionais, campanhas de conscientização e mudanças na lei que tornaram crime qualquer tipo de intolerância quanto à cor, etnia, credo, origem, gênero, condição social e idade.

Nascida no Malawi, Ava foi adotada pelo casal Maria Klien e Arthur Pinheiro Machado. Eles estavam no condomínio a qual o hotel está integrado a convite de uma amiga que possui residência no local. Indignada, uma amiga do casal manteve a criança na piscina enquanto outros se retiravam. “Naquele momento eu não estava com ela. Se estivesse, teria chamado a polícia na hora”, disse Maria Klien Machado. A babá de Ava, Luzinete Leandro, 41, também negra, diz ter ouvido outras mães comentarem: “Essa gente tem muitas doenças” e “As micoses são difíceis de tratar”.

A incapacidade de aceitar urna pessoa que tem outra cor de pele compartilhando seu ambiente social elitista é um deplorável traço cultural brasileiro. Ela pode se manifestar de forma velada ou explícita, como nas falas do general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL). Ele já afirmou que o subdesenvolvimento do Brasil é causado pela “cultura de privilégio dos ibéricos, a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos”. Ao tentar se explicar, foi mais racista ainda: “Nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso cadinho cultural”. Uma frase que revela o quanto a mentalidade escravocrata se mantém viva no País. Ela também aflora nas redes sociais, como demonstram os ataques a frequentes a figuras públicas como a menina Titi, adotada pelo casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, e a jornalista da TV Globo Maria Júlia Coutinho, a Maju. Ambas foram alvo de injúria racial. Nas agressões a Maju, quatro pessoas foram indiciadas.

CRIME INAFIANÇÁVEL

Pela legislação brasileira, racismo é um crime inafiançável. Mas raramente quem o pratica sofre as devidas consequências penais. Talvez por isso, em vez de retroceder, a violência racial vem crescendo. De acordo com a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo (SSP-SP) entre janeiro e maio deste ano houve um aumento de 30%nos boletins de ocorrência por racismo e injúria racial na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 151 registros em 2017 e 195 este ano. No estado do Rio, o aumento entre 2016 e 2017 foi de 47%. Parte da explicação diz respeito ao crescimento da escolarização da população afrodescendente, segundo afirma o filósofo e teólogo frei David Santos, diretor da Educafro, entidade que fornece bolsas de estudo para estudantes negros. “O racismo não aumentou. O povo negro é que está crescendo em consciência e está denunciando aquilo que sempre aconteceu, mas antes não tinha coragem de denunciar”, diz. Outros dados endossam esse raciocínio. Segundo o último Censo do Ensino Superior, elaborado em 2016 pelo instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (lnep), o percentual de pretos e pardos matriculados subiu para 30%. Em 2011, o índice era de11%.

No futebol, esporte nacional, os casos de ofensas raciais são crescentes. Ficou bem conhecido o caso da torcedora branca que ofendeu o goleiro Aranha, do Santos, em um jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre, em 2014. No ano seguinte, quando Aranha cobrou do Santos direitos trabalhistas, foi ofendido novamente em rede social – só que pela torcida de seu time. “Racismo entre negros mostra a eficácia dessa ideologia”, diz Nelson Inocêncio, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB). Dados do Observatório da Discriminação Racial indicam que em 2018, até abril, foram registradas oito ocorrências de racismo e injúria racial nas competições sul-americanas. Desde 2014, foram 20 casos, a maior parte na Argentina – lá, torcedores do Independiente imitaram macacos diante de torcedores do Flamengo, na final da Copa Sul-Americana do ano passado.

Um estudo das Nações Unidas derrubou o que restava do mito da democracia racial brasileira ao considerar a questão do preconceito contra negros e pardos “estrutural e institucionalizada”. Representando 55% da população, eles possuem uma taxa de analfabetismo três vezes maior (30.7% contra 11%), são vítimas de mais de 70% dos homicídios, ganham R$1.2 mil a menos ao mês, em média, vivem 8 anos menos e representam por volta de 20% do PIB. “Racismo é consequência da ignorância”, diz Nelson Inocêncio. Para o cientista social Jessé Souza, autor de “Subcidadania Brasileira”, nossas mazelas são fruto da escravidão: “A desigualdade, o prazer sádico na humilhação diante dos mais frágeis, o esquecimento e o abandono da maior parte da população. Esse é o grande problema brasileiro”. A julgar pelos casos das últimas semanas, um problema que está longe de ser solucionado

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GESTÃO E CARREIRA

COMO CONQUISTAR A CONFIANÇA DA SUA EQUIPE

Como conquistar a confiança da sua equipe

Por mais que você tente se aproximar dos colaboradores da sua equipe, você não consegue ganhar a confiança deles? Sempre que você toma uma decisão, percebe que eles não concordam, ou sente a necessidade de explicar seus motivos? O ambiente de trabalho é instável e você não consegue motivar os funcionários a darem o seu melhor?

Se você se identificou com essa situação, significa que você precisa fazer com que os seus funcionários confiem mais em você. Líderes são desafiados diariamente a conquistar e manter a confiança dos seus liderados. O problema é que nem sempre é fácil conquistar essa confiança, ou então estabelecer um limite entre a amizade e a relação profissional.

Mas afinal, por que isso é importante? É essencial que os funcionários confiem no seu líder pois só assim eles poderão trabalhar de forma eficiente e aceitar, sem discussões, as decisões da empresa.

A fim de contribuir com esse tema, vamos dar diversas dicas de liderança incríveis, ações que podem ser tomadas e posturas que devem ser adotadas pelos líderes, para que suas equipes o vejam como um verdadeiro líder, e não apenas como um chefe.

Então, quais são as posturas que o líder deve ter para conquistar a equipe? Existem algumas dicas de liderança muito eficazes e práticas, para que você comece hoje mesmo a conquistar a confiança da sua equipe.

CUMPRA O QUE PROMETEU

Não faça nenhuma promessa que não possa cumprir aos seus funcionários. Por menor que seja, uma promessa não cumprida destrói a confiança dos funcionários em você e no seu potencial de liderança. Por exemplo, não oferte uma promoção salarial sem que isso esteja aprovado por todas as esferas competentes, pois revogar esse tipo de promessa pode ocasionar situações muito delicadas. Se a promessa tiver sido menos impactante para o funcionário, chame-o e explique com transparência o motivo do descumprimento daquilo que foi anunciado. Lembre-se: descumprir uma promessa deve ser uma exceção.

SEJA TRANSPARENTE

A transparência está diretamente relacionada à confiança que os colaboradores têm na empresa e nos seus líderes. Isso não significa que você precisa revelar informações confidenciais, dados estratégicos e questões confidenciais. No entanto, é muito importante que os colaboradores tenham clareza da situação da empresa, dos dados que se relacionam com as suas metas, das possibilidades de crescimento profissional e do que a empresa espera dos seus funcionários.

NÃO SEJA UM “CARRASCO”

Se você quer a confiança de sua equipe, trate-os bem e com equidade. Se alguém estiver doente, por exemplo, sugira que ele se recupere em casa. O rendimento de um funcionário doente é muito baixo, e ele irá reconhecer sua atitude mais tarde. Quando você mostra a um funcionário que não é só a produtividade que importa, você se aproxima muito de conquistar a confiança dele.

INVISTA NOS COLABORADORES

Nem sempre é possível reconhecer o bom trabalho de um funcionário com um aumento salarial ou uma promoção de cargo. Palavras tampouco são suficientes em todas as situações. Dessa forma, quando você quer valorizar um funcionário que fez um bom trabalho, procure oferecer um curso para ele, ou então o presenteie com um bom livro que o ajudará no seu crescimento profissional ou pessoal. Essas atitudes demonstram, ao mesmo tempo, que você se importa com o desenvolvimento dele e que o reconhece pelo trabalho realizado. Quando o funcionário se sente valorizado pelo seu líder, a confiança nele só se fortalece.

INCENTIVE AO INVÉS DE APENAS DAR ORDENS

Os colaboradores reconhecem a diferença entre receber uma ordem e ser encorajado. Para estabelecer uma relação de confiança e ter sucesso no longo prazo, trabalhe de forma a motivar os funcionários a tomarem atitudes, ao invés de apenas dar comandos. Isso faz com que eles se sintam capazes de realizar mais e passam a ver que o sucesso da empresa está vinculado ao seu sucesso. Esse sentimento não gera apenas um aumento de confiança, mas faz com que eles trabalhem mais de forma muito mais independente e inteligente. Portanto, delegue tarefas e garanta o maior nível de autonomia aos colaboradores, mas deixe claro quais são suas expectativas e o que está em jogo.

NÃO TENHA FAVORITOS

Essa é uma das dicas de liderança que sempre devem ser relembradas, já que esse tipo de atitude faz com que se perca rapidamente a confiança da equipe. Os colaboradores percebem claramente quando há um favoritismo, e você deve evitar, com todas as forças, escolher favoritos. Cuidado para não passar as informações ou tarefas sempre a uma mesma pessoa, elogiar um único colaborador constantemente na frente dos demais (e não fazer isso com os outros), ou convidar os mesmos para um almoço ou uma partida de futebol. Essas ações prejudicam muito a relação de confiança que você pretende construir. Lembre-se que elogios também podem ser dados em um momento de feedback, quando apenas você e o funcionário estarão presentes.

MOSTRE COMPETÊNCIA

Seja bom no que você faz para fortalecer a confiança dos liderados em você. Por mais que as pessoas gostem de você, isso não basta: é preciso ser muito competente para ser confiável. Como você espera que as pessoas confiem em você se elas têm dúvidas sobre o seu potencial? Seja um perito no que você faz. Nunca deixe de estudar, ler e aprender. Ter humildade para buscar a melhoria contínua serve de exemplo e certamente aumentará a confiança que as pessoas têm em você.

Construir uma relação de confiança demanda tempo e trabalho, mas se você se dedicar e seguir essas dicas, perceberá uma grande diferença no ambiente de trabalho.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE III

Alimento diário - Comendo a Bíblia

A Queda de Pedro.

 

III – Na casa de Caifás, Simão Pedro começou a negar seu Mestre, vv. 15-18.

1. Foi com muita emoção que Pedro entrou na praça onde o tribunal estava reunido, relato que temos nos versículos 15 e 16. Aqui podemos observar:

(1) A amizade de Pedro com Cristo, que (embora não se provasse amizade) foi demonstrada em dois aspectos:

[1] Ele seguiu a Jesus, quando o levaram. Embora, no início, ele tivesse fugido com os demais, depois ele teve um pouco de coragem, e seguiu, a alguma distância, recordando as promessas que tinha feito de permanecer com Ele, não importando o que isto lhe custasse. Aqueles que tinham seguido a Cristo nas suas honras, e que compartilharam com Ele estas honras, quando o povo clamou Hosana a Ele, deveriam tê-lo seguido agora, em meio às suas injúrias, e tê-las compartilhado com Ele. Aqueles que verdadeiramente amam e valorizam a Cristo, o seguirão, em qualquer circunstância.

[2] Quando ele não pôde entrar onde Jesus estava, em meio aos seus inimigos, Ele permaneceu à porta, do lado de fora, desejando estar tão próximo dele quanto possível, esperando por uma oportunidade de aproximar-se mais. Desta maneira, quando nos depararmos com oposição, ao seguir a Cristo, nós devemos mostrar nossa boa vontade. Mas esta amizade de Pedro não foi amizade, porque ele não teve coragem e resistência suficientes para perseverar nela, e assim, como foi provado, ele apenas se deixou apanhar em uma armadilha. E mesmo o fato de que seguisse a Cristo, considerando tudo, merecia repreensão, porque Cristo, que o conhecia melhor do que ele conhecia a si mesmo, tinha lhe dito expressamente (cap. 13.36): “Para onde eu vou não podes, agora, seguir-me”, e lhe tinha dito mais de uma vez que ele o negaria, e recentemente ele tinha experimentado sua própria fraqueza, ao abandoná-lo. Observe que devemos evitar tentar a Deus, correndo riscos além da nossa capacidade, e arriscando-nos demais em um caminho de sofrimentos. Se nosso chamado for claro, de expormo-nos ao risco, podemos esperar que Deus irá nos capacitar para honrá-lo, mas, se não for, nós podemos temer que Deus irá nos deixar para que nos envergonhemos.

(2) A bondade do outro discípulo dirigida à Pedro, que, como foi provado, também não foi bondade. O após­ tolo João, no seu Evangelho, referindo-se diversas vezes si mesmo como outro discípulo, levou muitos intérpretes a imaginar que este outro discípulo aqui era João, e eles têm muitas conjeturas sobre como ele seria conhecido do sumo sacerdote, como se ele tivesse nascido um homem melhor do que seu irmão Tiago, quando ambos eram filhos de Zebedeu, o pescador. Alguns dizem que ele tinha vendido suas propriedades ao sumo sacerdote, outros, que ele fornecia peixe à família do sumo sacerdote, mas ambas as hipóteses são muito improváveis. Porém, eu não vejo motivo para pensar que este outro discípulo fosse João, ou um dos doze. Cristo tinha outras ovelhas, que não pertenciam ao rebanho, e este poderia ser, como diz a versão siríaca, um daqueles outros discípulos que criam em Cristo, mas residiam em Jerusalém, e ali tinham seus postos. Talvez José de Arimatéia, ou Nicodemos, conhecidos do sumo sacerdote, sem que ele soubesse que eram discípulos de Cristo. Observe que, assim como há muitos que parecem discípulos, e não o são, há muitos que são discípulos, e não parecem sê-lo. Há boas pessoas escondidas nas cortes, até mesmo na de Nero, e também escondidas nas multidões. Nós não devemos concluir que um homem não fosse amigo de Cristo simplesmente porque se relacionava e convivia com aqueles que eram seus conhecidos inimigos. Veja:

[1] Este outro discípulo, fosse quem fosse, mostrou respeito por Pedro, ao deixá-lo entrar, não somente para satisfazer sua curiosidade e afeição, mas também para dar-lhe uma oportunidade de ser útil ao seu Mestre, neste julgamento, se houvesse ocasião. Aqueles que têm uma verdadeira amizade com Cristo e seus métodos, embora seu temperamento possa ser reservado, e suas circunstâncias possam levá-los a serem prudentes e retraídos, ainda assim, se sua fé for sincera, eles revelarão, quando forem chamados a fazê-lo, qual é sua inclinação, estando prontos a fazer um favor a um discípulo professo. Talvez Pedro tivesse apresentado este discípulo a Cristo, anteriormente, e agora ele retribuía esta gentileza, e não se envergonha de reconhecê-lo, embora, aparentemente, ele tivesse apenas uma aparência humilde.

[2] Mas esta gentileza provou não ser uma gentileza, antes uma grande crueldade. Permitir que Pedro entrasse na casa do sumo sacerdote deixou-o cair em tentação, e a consequência foi terrível. Observe que a cortesia dos nossos amigos frequentemente prova ser uma armadilha para nós, por intermédio de um afeto equivocado.

2. Depois de entrar, Pedro foi imediatamente atacado pela tentação, e frustrado por ela, v. 17. Observe aqui:

(1) Como foi leve o ataque. Foi apenas uma criada tola, de tão pouca importância que vigiava a porta, que o desafiou, e somente perguntou a ele, de modo descuidado: “Não és tu também dos discípulos deste homem?”, provavelmente suspeitando por causa da sua aparência medrosa, e pela sua entrada temerosa. Muitas vezes, nós manteremos melhor uma boa causa se tivermos bom ânimo nela, e pudermos expressá-la de uma forma positiva. Pedro teria tido algum motivo para alarmar-se se Malco o tivesse visto e se tivesse dito: “Foi este que cortou minha orelha, e eu quero a cabeça dele por isto”. Mas, quando uma criada somente lhe perguntou: “Não és tu também dos discípulos deste homem?”, Ele poderia, sem perigo, ter respondido: “E daí, se for?” Supondo que os servos o tivessem ridicularizado, e insultado, por causa disto, aqueles que podem suportar somente pouco, por Cristo, não podem suportar isto. Isto é apenas correr com homens que vão a pé.

(2) Como foi rápida a capitulação. Sem ter tempo para recuperar-se, subitamente respondeu: “Não sou”. Se ele tivesse tido a coragem de um leão, teria dito: “É minha honra sê-lo”. Ou, se tivesse tido a prudência da serpente, ele teria mantido silêncio neste momento, pois era uma hora ruim. Mas, completamente preocupado com sua própria segurança, ele pensou que não conseguiria assegurá-la, exceto por uma negação incisiva: “Não sou”. Ele não somente nega, mas até mesmo desdenha, e zomba das palavras da criada.

(3) Mas ele ainda vai além, na tentação: “Estavam ali os servos e os criados… e com eles estava Pedro”, v. 18.

[1] Veja como os servos se davam importância. Como a noite estava fria, eles fizeram fogo no pátio, não para seus senhores (que estavam tão ansiosos na perseguição a Cristo, que se esqueceram do frio), mas para si mesmos, para se revigorarem. Eles não se preocupavam com o que aconteceria a Cristo. Toda a sua preocupação era sentar-se e aquecer-se, Amós 6.6.

[2] Veja como Pedro se juntou a eles, e se fez um deles. Ele sentou e aqueceu-se. Em primeiro lugar era uma falta suficientemente grave o fato de que ele não auxilias­ se seu Mestre, e não aparecesse para vê-lo na parte superior do pátio, onde Ele estava sendo interrogado. Ele poderia ter testemunhado por Ele, e ter confrontado as falsas testemunhas que juraram contra Ele, se seu Mestre o tivesse chamado. Pelo menos, ele poderia ter sido uma testemunha por Ele, poderia ter tido uma ideia exata do que estava acontecendo, para que pudesse relatar aos outros discípulos, uma vez que nenhum deles tinha podido entrar para ouvir o julgamento. Ele poderia ter aprendido, com o exemplo do seu Mestre, a como se comportar quando chegasse sua vez de sofrer desta maneira. No entanto, nem sua curiosidade nem sua consciência puderam levá-lo à corte, mas ele se sentou por ali, como se, como Gálio, nada destas coisas o incomodasse. E, ao mesmo tempo, nós temos razão para pensar que seu coração estava tão cheio de tristeza e preocupação como poderia estar, mas ele não tinha coragem de admitir isto. “Senhor, não nos induzas à tentação”. Em segundo lugar, era muito pior que ele se unisse àqueles que eram inimigos do seu Mestre: “Com eles estava Pedro, aquentando-se também”. Esta era uma desculpa pobre para juntar-se a eles. Uma pequena coisa atrairá às más companhias aqueles que forem atraídos pelo amor a um bom fogo. Se o zelo de Pedro pelo seu Mestre não tivesse congelado, mas tivesse permanecido no calor em que parecia estai apenas poucas horas antes, ele não teria tido oportunidade de aquecer-se agora. Pedro merecia ser repreendido:

1. Porque se associou a estes homens maus, e ficou na companhia deles. Sem dúvida, eles estavam se divertindo com a expectativa desta noite, zombando de Cristo, do que Ele tinha dito, do que Ele tinha feito, e triunfando na sua vitória sobre Ele. E que tipo de divertimento isto representaria para Pedro? Se ele dissesse o que eles diziam, ou, pelo seu silêncio, consentisse, ele se envolveria em pecado. Se não, ele se exporia ao perigo. Se Pedro não tinha coragem de aparecer publicamente pelo seu Mestre, ele deveria ter tido devoção suficiente para afastar-se para um canto, e chorar em segredo pelos sofrimentos do seu Mestre, e pelo seu próprio pecado em abandoná-lo. Se ele não podia ter feito o bem, ele devia ter evitado fazer o mal. E melhor esconder-se do que aparecer sem propósito, ou com maus propósitos.

2. Porque desejou ser considerado um deles, para que não suspeitassem que ele era um discípulo de Cristo. Este é Pedro? Que contradição é esta à oração de todo homem justo: “Não colhas a minha alma com a dos pecadores!” Saul, entre os profetas, não é tão absurdo como Davi, entre os filisteus. Aqueles que menosprezam a sorte dos escarnecedores no futuro, devem temer se assentar na roda dos escarnecedores agora, no presente. Não convém que nos aqueçamos com aqueles em cujo meio corremos o risco de nos queimarmos, Salmos 141.4.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ENIGMAS DO SORRISO

Estudos sobre a capacidade de decifrar nuances de expressões faciais revelam como o cérebro acessa memórias e decodifica gestos.

Enigmas do sorriso

Expressões faciais revelam muito sobre nossos interlocutores. Com base em mínimos indícios que às vezes escapam à consciência, somos capazes de avaliar em que medida expressões amigáveis são autênticas ou falsas, se um sorriso é espontâneo ou de conveniência, se uma risada é sincera ou forçada. Essas nossas competências derivam, pelo menos em grande parte, de duas questões geométricas. Sabemos intuitivamente que: 1. a expressão facial espontânea implica uma resposta simétrica das duas metades do rosto; 2. os diversos músculos faciais são ativados de modo simultâneo e rápido. Algo que fuja disso, portanto, costuma – ou pelo menos deveria – fazer piscar nosso “sinal vermelho interno”, avisando que algo ali não parece exatamente sincero.

Porém, nem sempre somos capazes de avaliar objetivamente as expressões dos outros, principalmente quando queremos mentir para nós mesmos – por exemplo, quando contamos uma piada com tanta animação que não percebemos que quem está ouvindo demonstra estar se divertindo só por gentileza ou por conveniência.

De que depende a capacidade de decifrar as expressões faciais? Hoje sabemos que o hemisfério direito tem papel central nesta forma de decodificação: a prova mais evidente é o fato de que as pessoas que sofreram uma lesão na metade direita do cérebro apresentam déficit relativo à compreensão das expressões faciais. Quando o problema se refere especificamente às expressões de medo, a lesão é localizada na amígdala direita. Diante de gente de carne e osso ou de fotografias que retratam expressões de medo ou de terror, os pacientes com uma lesão nessa área cerebral demonstram não entender o significado das expressões faciais, como se fossem impermeáveis à mensagem visual, mesmo que possam descrevê-la com detalhes.

Também no que se refere à compreensão da expressão facial das emoções foi observado o predomínio do córtex motor do hemisfério direito (que controla a metade esquerda do rosto, enquanto o córtex do hemisfério esquerdo controla os músculos faciais do lado oposto). Com um programa de computador capaz de revelar a dinâmica de uma expressão facial é possível observar que em um sorriso forçado (ou dado após a pessoa receber um comando para que sorria) o hemisfério direito está mais capacitado para governar a “metade sorriso” da esquerda, enquanto o esquerdo se mostra menos capaz. Na prática, isso se traduz em maior artificialidade de expressão na metade direita do rosto.

Mas há uma questão a ser considerada: o fato de que nas pessoas que sofreram lesão em qualquer lado do córtex motor o sorriso comandado, controlado pelo córtex, ser obviamente limitado à parte do rosto que corresponde aos comandos do córtex saudio – da direita ou da esquerda – faz com que o sorriso seja, portanto, totalmente assimétrico. Essas mesmas pessoas podem, no entanto, sorrir ou rir de modo pleno, isto é, com as duas metades do rosto se a emoção for espontânea: isso ocorre graças à intervenção dos gânglios da base, núcleos nervosos localizados no interior do cérebro que têm a função de governar gestos automáticos e memórias processuais como caminhar, andar de bicicleta, rir e sorrir.

Considere um paciente que sofre de diminuição das funções do cérebro após uma alteração da circulação do sangue (íctus), o que pode acarretar uma hemiparesia (interrupção parcial dos movimentos de um ou mais membros superiores, inferiores ou ambos conforme o grau do comprometimento). Se o pesquisador lhe pede que sorria ao seu comando ou por conveniência, para ser gentil, seu movimento será parcial. Mas se a mesma pessoa encontra um amigo querido, o sorriso surge de forma normal, novamente simétrico, visto que é relacionado aos automatismos governados pelos gânglios da base, não atingidos. Em alguns casos, bastante raros, é possível observar uma lesão de metade dos gânglios da base (direita ou esquerda): nesta situação, o sorriso comandado emerge graças ao fato de o córtex motor estar íntegro, enquanto o espontâneo, devido aos gânglios da base, falha. Geralmente, porém, apenas as pessoas próximas percebem isso.

Mesmo para quem não tem nenhum problema em nenhum dos dois hemisférios cerebrais, talvez o mais indecifrável dos sorrisos seja o da Mona Lisa. Afinal, qual é o segredo que torna tão mutável a expressão da Gioconda retratada por Leonardo da Vinci?

Em geral, as respostas baseiam-se no pressuposto de que a ambiguidade se deve à técnica do sfumato (“esfumado”, em italiano), que desfoca os cantos dos olhos e da boca dando ao quadro um ar de mistério. Mas a neurobióloga Margaret Livingstone, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, propôs uma explicação baseada nas diferenças da percepção da chamada “frequência espacial” no interior do nosso olho. Trata-se de uma medida de quanto é detalhada uma imagem: se para cada centímetro quadrado da tela de um computador há mais pixeis (isto é, pontinhos que emitem luz), então a representação do objeto é mais nítida. Ou, em outras palavras, a frequência espacial é mais elevada. Quando utilizamos a visão central (mirando diretamente o objeto), apreciamos, sobretudo, as imagens nítidas (frequências elevadas), antes das mal definidas, enquanto a nossa visão periférica é mais apta a perceber os contornos esfumados.

Assim, segundo Margaret, quando não olhamos diretamente a boca da Mona Lisa, percebemos a parte “alegre” escondida nas baixas frequências, isto é, no esfumaçado dos lábios. Mas, se direcionamos o olhar para os lábios, perdemos uma parte de seu sorriso e temos a impressão de que a expressão muda.

No livro A expressão das emoções no homem e nos animais, de 1872, Charles Darwin buscou uma explicação do significado das expressões no reino animal, perguntando ­ se por que se apresentam em certas formas particulares. Segundo o pai da teoria da evolução, nos homens numerosas emoções têm uma expressão universal, isto é, são as mesmas independentemente de raça, cultura e nível de instrução. São inatas, e não adquiridas, um mero produto do nosso caminho evolutivo. Nós, humanos, temos uma gama de expressões complexas cujo significado, ao longo do tempo, se imprimiu na nossa mente. De forma análoga, os animais possuem expressões que lembram as nossas: os répteis, por exemplo, emitem sinais quando abrem a boca mostrando os dentes.

No início do século 20, os behavioristas puseram em dúvida a universalidade das expressões faciais dos estados emocionais, mas depois dos anos 50 alguns estudos confirmaram, sem margem a dúvidas, a existência de expressões universais. Em 1969, o anatomista Carl Hjortsjõ descreveu em detalhe o efeito dos 23 músculos mímicos da face durante os estados emocionais. Com base nisso, ao fim dos anos 70, os psicólogos Paul Ekman e Vincent Friesen criaram o Facs (Facial Action Coding System, ou Sistema Codificador da Ação Facial), um conjunto de todas as ações musculares associadas à expressão de uma dada emoção que inclui a medida da intensidade das contrações e da sua duração. Por exemplo, no caso de um sorriso de alegria, contraem-se o músculo zigomático maior, que ergue os cantos da boca, e o músculo orbicular do olho, que estreita as órbitas oculares.

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NÓ DE CONTATO

Ekman e Friesen usaram depois esses dados para medir o grau de concordância das expressões entre os membros da etnia fore, na Nova Guiné, e em americanos. Depois levaram em conta registros em vídeo e fotografias de expressões faciais efetuadas entre japoneses, brasileiros, chilenos e argentinos. Suas pesquisas confirmaram a concepção evolucionista de Darwin e constituíram a prova da universalidade para oito emoções: surpresa, tristeza, cólera, prazer, desprezo, nojo, vergonha e medo. Os estudos conduzidos nos últimos anos no campo das neurociências mostram que a amígdala, área do cérebro que representa um “nó de contato” entre os sinais cerebrais, contribui para o reconhecimento da sensação suscitada por uma face. Uma pessoa com essa estrutura em forma de amêndoa afetada não reage à visão de um rosto aterrorizado e é incapaz de reconhecer expressões em que emoções como felicidade e surpresa estão misturadas.

Ainda assim, a amígdala não seria essencial para identificar as emoções: segundo alguns experimentos efetuados com PET (tomografia por emissão de pósitrons), método de análise que permite visualizar o afluxo de sangue nas diversas estruturas do cérebro durante a execução de operações mentais, as faces alegres ou tristes provocam aumento de atividade do giro do cíngulo. Parece também que a amígdala, ao contrário do córtex, não reage às expressões de nojo. O riso e o sorriso nos revelam ainda algo mais geral sobre o funcionamento do cérebro: muitas vezes uma função não depende apenas de uma única estrutura, como no caso específico do córtex motor, mas do concurso de mais estruturas, o que nos permite compensar uma perda neurológica com o auxílio da reabilitação. Cabe, de qualquer modo, ao córtex frontal a maior parte das decisões conscientes: por exemplo, a interpretação de um sorriso que reclama discernimento – como o da Mona Lisa.

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OUTROS OLHARES

DIETA DEVASTADORA

Dieta devastadora

O aquecimento global deve elevar a temperatura média da Terra em 2°C até 2100. Além de agravar eventos como secas e inundações, o aumento das temperaturas deve favorecer a reprodução de insetos pelo mundo. Outro fator, no entanto, é mais preocupante: o calor também estimula a taxa metabólica dessas criaturas, fazendo com que elas fiquem mais famintas. O impacto disso será sentido nas lavouras. Segundo um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA), publicado na revista americana Science, o maior apetite dos insetos deve causar perdas de cultivos como arroz, milho e trigo em aproximadamente 213 milhões de toneladas a cada ano.

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GESTÃO E CARREIRA

INIMIGOS DA PRODUTIVIDADE

Especialista em transformação profissional fala sobre os inimigos da produtividade no ambiente corporativo.

Inimigos da Produtividade

Na perspectiva econômica, produtividade é a relação entre o valor e a quantidade produzida, e os recursos consumidos para a sua produção. De acordo com Claudia Klein, especialista em transformação profissional e sócia-diretora da Argumentare, ser produtivo deve ser um compromisso de todos em uma sociedade que valoriza cada vez mais o uso responsável dos recursos do planeta e o equilíbrio entre vida e trabalho.

Em contrapartida, a especialista alega que, quando há uma busca excessiva pela produtividade, os empregadores esperam que se faça cada vez mais com menos, isso pode acarretar em perda de qualidade, de inovação e no rendimento das pessoas. “A liderança deve se preocupar com a definição e o desdobramento de objetivos que combinem resultado de curto prazo e de longo prazo, deve construir planos de incentivo que recompensem aquilo que foi realizado. E, também, a forma como foi entregue e deve ampliar a competência e criatividade entre os seus gestores”, aconselha.

 OS MAIORES INIMIGOS DA PRODUTIVIDADE

Na visão da especialista, os maiores vilões da produtividade são o estresse e condições de trabalho inadequadas. “O estresse em si não é um vilão, sua função é desencadear um conjunto de reações necessárias à adaptação a novas situações ou ao meio em que estamos inseridos. Nesse sentido ele é benéfico, nos põe em movimento. A luz vermelha acende mesmo, quando as mudanças ou o contexto são caracterizados por excessiva tensão, e a pessoa não consegue dar conta do contínuo desequilíbrio gerado. Esse desequilíbrio dificulta o rendimento em casa e no trabalho”, explica.

Segundo Claudia, nessas situações o estresse pode ser desencadeado pelo estilo de comando e controle de um gestor, pressão e cobrança contínuas e intensas, todos os tipos de assédio, sobrecarga de funções e atividades, longos períodos exercendo atividades monótonas e rotineiras, falta de perspectiva ou progresso profissional e a busca excessiva do indivíduo por crescimento ou reconhecimento profissional. As condições de trabalho inadequadas também podem ser possíveis gatilhos para o estresse desmedido. “Elas levam as pessoas a gastarem mais tempo ou ter retrabalho na realização das suas atividades porque não há fluidez no espaço e nas relações”, informa.

Além dessas questões, a especialista menciona outros problemas: como a falta de planejamento, a ausência ou a incipiência do processo de feedback, cultura organizacional nociva, a falta de orientação e de treinamento adequados para realização das suas atividades, a escassez excessiva de recursos, o excesso de burocracia e de controle e as atitudes de pessoas que, por qualquer motivo, não estão comprometidas, não trabalham em equipe ou focam demasiadamente no seu crescimento profissional.

FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO AJUDAM OU ATRAPALHAM?

Para a sócia-diretora da Argumentare são indiscutíveis o número de oportunidades e melhorias na realização das atividades que as ferramentas de comunicação como aplicativos de mensagem instantânea e acesso do e-mail profissional pelo celular trouxeram para o ambiente organizacional. Mas, é fato que elas dependem da forma como cada pessoa escolhe se relacionar com elas. Neste caso, Claudia acredita que a questão é definir regras e limites para checagem das redes sociais e do e-mail e, investir em códigos de conduta e campanhas educativas que orientem a equipe a fazer bom uso dessas ferramentas, de forma que garanta a segurança das informações.

COMO MELHORAR A PRODUTIVIDADE?

A fim de otimizar o rendimento e melhorar o desempenho, Claudia Klein destaca as seguintes alternativas:

  • Planejar os ambientes seguindo a dinâmica das atividades desempenhadas no espaço, uso do design combinando forma e função;
  • Garantir espaço na agenda para o planejamento do mês e das atividades da semana ou mesmo do dia;
  • Abraçar a tecnologia e utilizar ferramentas de produtividade e de colaboração;
  • Compartilhar conhecimento e aprendizado;
  • Cumprir aquilo com que se comprometeu, reportar com antecedência a necessidade de mais prazo;
  • Saber dizer não e aprender a pedir ajuda;
  • Gerar pequenos intervalos ao longo do dia para descansar o cérebro e aumentar a concentração;
  • Transformar atividade física em hábito, seja qual for a modalidade escolhida, o importante é se movimentar.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE II

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo diante de Anás e Caifás.

 

II – Anás não os deteve por muito tempo, estando desejoso, como qualquer um deles, de incitar o processo, e por isto o enviou, amarrado, a Caifás, para sua casa, que foi designada para a reunião do Sinédrio nesta ocasião, ou para o local usual, no Templo, onde o sumo sacerdote tinha seu tribunal. Isto é mencionado no versículo 24. Mas nossos tradutores (versão inglesa KJV) sugerem, em notas de margem, que isto deveria ser incluído aqui, e, em conformidade, lemos ali: ”Anás mandou-o”. Observe aqui:

1. A indicação do poder de Caifás (v. 13). “Caifás… era o sumo sacerdote daquele ano”. A comissão do sumo sacerdote era vitalícia, mas havia agora mudanças tão frequentes, pelos artifícios simoníacos de homens que desejavam o governo, que ele tinha se tornado quase um cargo anual, um presságio da aproximação do seu período final, enquanto eles procuravam se prejudicar uns aos outros. Deus estava derrubando a todos eles, para que pudesse vir aquele a quem isto pertencia, de direito. Caifás era sumo sacerdote no mesmo ano em quem o Messias deveria ser m01to, o que sugere:

(1) Que, quando algo de ruim devia ser feito por um sumo sacerdote, em conformidade com o conhecimento prévio de Deus, a Providência ordenava que um homem mau estivesse ocupando este lugar, para fazê-lo.

(2) Que, quando Deus desejava exibir a corrupção que havia no coração de um homem mau, Ele o colocava em uma posição de poder, onde tivesse a tentação e a oportunidade para exercê-la. O fato de que Caifás fosse o sumo sacerdote naquele ano, e, deste modo, tenha se tornado o chefe do grupo que levou Cristo à morte, foi sua destruição. O progresso de muitos homens os levou a perder sua reputação, e eles não seriam desonrados se não tivessem sido honrados.

2. A maldade de Caifás, que é sugerida (v.14) pela repetição daquilo que ele tinha dito algum tempo antes, que, certo ou errado, culpado ou inocente, “convinha que um homem morresse pelo povo”, o que lembra a história de João 11.50. Isto é mencionado aqui para mostrar:

(1) O homem mau que ele era. Este era aquele Caifás que governava, a si mesmo e à igreja, com regras políticas, a despeito das regras de justiça.

(2) O mau tratamento que Cristo iria provavelmente encontrar no tribunal de Caifás, quando seu caso foi julgado antes que fosse ouvido, e eles já tinham resolvido o que fazer com Ele. Ele deve morrer. Assim, o julgamento de Jesus não foi um julgamento sério. Desta forma, os inimigos do Evangelho de Cristo estão decididos, seja ele verdadeiro ou falso, a destruí-lo.

(3) Um testemunho da inocência do nosso Senhor Jesus, da boca de um dos seus piores inimigos, que reconheceu que Ele seria um sacrifício ao bem comum, e que não era justo que Ele morresse, mas somente conveniente.

3. A cooperação de Anás na acusação de Cristo. Ele se fez participante na culpa:

(1) Com o capitão e os oficiais, que, sem lei nem misericórdia, o tinham amarrado, pois ele deu sua aprovação a isto, deixando-o amarra do, quando devia tê-lo soltado, não tendo Ele sido condenado de nenhum crime, nem tendo tentado escapar. Se não fizermos o que pudermos para desfazer o mal que outros fizeram, nós somos cúmplices depois do fato. Era mais justificável que os soldados rudes o amarrassem do que Anás, que deveria ser mais instruído; este o deixaria amarrado.

(2) Com o principal sacerdote e o conselho que o condenou, e o levou à morte. Anás não esteve presente com eles, mas, deste modo, lhes desejou boa sorte, e tornou-se um participante das suas más obras.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

LINGUAGENS DO CORPO

Por muito tempo os gestos foram menosprezados pelos estudiosos, mas hoje se sabe que um único aceno pode transmitir várias mensagens, até mais sinceras que as palavras.

Linguagens do corpo

Movimento, atitude e postura sempre comunicam alguma mensagem. O corpo se expressa quando estamos em pé ou sentados, se falamos ou simplesmente ouvimos. E poucas vezes mente. Diferentemente da fala, a linguagem involuntária do corpo não recorre à ironia ou à dissimulação. Transmite a verdade nua e crua por meio de sinais que revelam pistas e impressões sobre personalidade e desejos. Um movimento feminino comum, que pode pôr intenções à mostra, é jogar os cabelos para trás. Homens fazem esse gesto mais raramente. Na maioria das vezes ocorre de forma involuntária e justamente por isso é tão revelador: se a mulher sorri- e principalmente se inclina ligeiramente a cabeça-, sinaliza interesse pelo interlocutor. Como mostrou o etologista Karl Grammer, do Instituto Ludwig Boltzmann de Etologia Urbana, na Áustria, caso se mantenha séria, as chances de o parceiro estabelecer um relacionamento amoroso com ela provavelmente não são boas.

Atualmente, muitos pesquisadores consideram que tais movimentos físicos, especialmente gestos, são mais que meros acessórios para a comunicação. Ainda assim, são pouco investigados. Desde os anos 90, graças a diversos trabalhos como o do psicolinguista americano David Mc Neill, da Universidade de Chicago, muitos estudos mostraram como o corpo influencia, enfatiza, atenua ou até mesmo veta decisivamente aquilo que alguém quer transmitir com palavras. Para o pesquisador, “os gestos são janelas do pensamento”.

Segundo Mc Neill, gestualidade e fala compõem uma unidade inseparável e têm por base um processo cognitivo. Ele recorre a um exemplo do cotidiano para embasar sua hipótese: a maioria das pessoas tem muita dificuldade para se comunicar por longo tempo sem recorrer às mãos. Quando explicamos algo, a ação aparece, na maioria das vezes, acompanhando a linguagem verbalizada. “É possível transmitir com gestos informações para as quais fracassa a linguagem sonora”, diz a pesquisadora gestual Cornelia Müller, da Universidade Europeia Viadrina de Frankfurt. Com as mãos descrevemos relações espaciais complexas, percursos ou formas. Podemos desenhar no ar mapas inteiros ou esquematizar com gestos um passeio a um jardim zoológico, por exemplo, evocando tais mapas: “À direita, mais atrás, estão os macacos, e à esquerda, à frente, as zebras”. Quem não gesticula tira de si mesmo um importante canal de informação.

A relação inequívoca entre gesto e fala é corroborada também por pesquisas acerca dos distúrbios da comunicação. A gestualidade que acompanha a linguagem verbal não é prejudicada apenas por lesões cerebrais que paralisam membros. Essa forma de comunicação pode ser comprometida nos casos de afasias (perda da capacidade de falar ou de compreender o que é dito). Portanto, a linguagem gestual é claramente controlada igualmente por áreas cerebrais responsáveis pela fala.

Sons e movimentos aparecem interligados não só quando se deseja transmitir uma mensagem, mas no momento de captar o que o outro tenta comunicar. Os neurocientistas Spencer Kelly, Corinne Kravitz e Michael Hopkins, da Universidade Colgate, em Hamilton, Nova York, mostraram que gesto e palavra são interpretados simultaneamente pelo cérebro. Além disso, eles encontraram confirmações de que o ouvinte compreende imediatamente a linguagem do corpo de seu interlocutor, mesmo que nem sempre essa percepção seja consciente. Por muito tempo, porém, isso pôde ser mostrado apenas indiretamente, quando participantes voluntários de estudos eram interrogados sobre as informações apreendidas de uma manifestação gestual.

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MUITO MAIS QUE UM ACENO

O grupo da Colgate examinou a contribuição semântica de gestos com a ajuda de potenciais relacionados a eventos (ERP, da sigla em inglês) – respostas eletrofisiológicas específicas a estímulos internos ou externos. Esses sinais coordenam etapas de processamento neural em determinadas regiões do cérebro, o que pode ser visto no traçado eletroencefalográfico (EEG). Após aproximadamente 400 milésimos de segundo aparece oscilação máxima negativa, chamada também N400. O fenômeno ocorre, por exemplo, quando ouvimos uma frase como “Ele passou meias no pão” – e tropeçamos na palavra “meia”, um estímulo inadequado e inesperado no contexto.

No experimento, voluntários assistiram a um vídeo com situações típicas de conversa: um ator dizia uma palavra e indicava, ao mesmo tempo, qualidades de um objeto com um gesto. O movimento de mão podia se adequar semanticamente ao que era dito quando, por exemplo, a palavra “grande” era expressa e indicava a dimensão de uma vidraça. Em outra situação o gesto fornecia informações adicionais, que nem sempre pareciam combinar de imediato com o primeiro dado apresentado; para “grande” os dedos faziam movimento que significava “fino”. Outra cena contraditória ligava a palavra “grande” a um sinal correspondente a “pequeno”. Às vezes, o ator não gesticulava, usava apenas palavras para transmitir o conceito.

De cada situação resultaram diferentes “respostas” no eletroencefalograma (EEG): nas contradições semânticas entre fala e gesto os pesquisadores constataram fortes estímulos negativos, ou seja, um efeito N400. De onde o grupo concluiu que o significado do movimento é incluído na interpretação da palavra.

O resultado é apoiado pelo fato de que os ERPs em situação de controle não apontam negatividade comparável. No processamento precoce as curvas do traçado também se diferenciam se o movimento de mão combina com a palavra, se a complementa ou até mesmo se a contradiz. “Gestos não são simplesmente um aceno insignificante, seu conteúdo semântico contribui para o processamento de significados de palavras”, diz Kelly.

É possível fazer algumas suposições a respeito da origem dessa estreita conexão entre gesto e fala. A base dessa ligação reside possivelmente nas origens da própria aquisição da linguagem verbal, já que primatas possuem um rico repertório de gestos. Filhotes de chimpanzé, por exemplo, se dirigem à mãe com um sinal típico, estendendo-lhe a mão aberta.

Estudiosos acreditam que, no homem, o gesto pode ter precedido a fala. O pesquisador Uwe jürgens, coordenador do departamento de neurobiologia do Centro Alemão de Primatas, em Gõttingen, compartilha com alguns colegas a opinião de que o homem desenvolve primeiramente “gestos vocais”, ou seja, sons pouco sofisticados, empregados de forma similar a movimentos de mão ou a caretas, como unidades significantes simples.

Um desenvolvimento comum da comunicação sonora e gestual pode ser observado nas crianças. Entre 9 e 12 meses o bebê usa gestos. Por volta de 1 ano, estende a mão aberta com todos os dedos – como os chimpanzés quando pedem comida – em direção ao objeto desejado. Em torno do 11° mês as meninas – e um pouco mais tarde os meninos – iniciam um processo de amadurecimento neural por meio do qual são capazes de estender a mão não mais com todos os dedos, mas apenas um. O gesto de alcançar o “objeto do desejo” com as mãos estendidas passa a ser a expressão clara da intenção de se dirigir a outra pessoa — e não necessariamente de pedir água, alimento ou brinquedo.

A primeira ordenação de símbolos da fala começa no homem com gestos de apontar algo (“aqui”, “au-au”, “quer”), embora muitas vezes fracasse a clara articulação da palavra. Entre 9 e 14 meses desenvolve-se um vocabulário diferenciado, e o controle motor dos dedos torna-se mais preciso, mas a palavra falada ainda sucede o gesto. Por volta dos 17 meses, paralelamente ao desenvolvimento do repertório de palavras, surgem finalmente combinações sincronizadas de movimentos e verbalizações. Com a ação de mostrar começa o desenvolvimento de uma expressão estreitamente relacionada à fala. Essa forma nos possibilita, mais tarde, “representar” com braços e mãos o formato de objetos e sua posição no espaço, descrições complicadas de caminhos e até mesmo o abstrato e o metafórico.

Uma vez amadurecida essa capacidade, os gestos que acompanham as palavras oferecem aos pesquisadores a possibilidade de observar as pessoas enquanto pensam e falam. No estudo de Cornelia Müller, uma voluntária diz: “Nós nos ouriçamos bem em nossa relação”, formando uma bola com as duas mãos. Ela representou mentalmente algo esférico, referindo-se a uma forma similar à do ouriço – algo que a linguagem sonora não revela imediatamente.

Como há muitas variações desses gestos acompanhantes da fala, David Mc Neill, em seu influente livro Hand and mind: what gestures reveal about thought, (Mão e mente: o que gestos revelam sobre pensamentos), de 1992, distinguiu quatro tipos básicos de gesto: dícticos, icônicos, metafóricos e “beats”. É fácil reconhecer esses últimos movimentos ao observar políticos nas campanhas eleitorais. E, em geral, aparecem estreitamente ligados ao ritmo da fala; golpes de braço ou batida de mãos conferem uma estrutura temporal ao que é dito e enfatizam a “força combativa” do argumento, independentemente do conteúdo expressado.

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CHAPA QUENTE

Gestos dícticos acompanham palavras como “aqui”, “lá” ou “isto”, e também “eu” e “você”. Por meio deles mostra-se algo concreto “este pãozinho” – ou abstrato (“nesse caso”). Quem diz “eu” frequentemente aponta a mão levemente aberta para o próprio peito. Quando faz o mesmo movimento – sem que a palavra “eu” seja pronunciada -, supõe-se também que a pessoa se refere a si mesma.

Gestos icônicos expressam representações figuradas, referências espaciais ou acontecimentos. Surgem, por exemplo, quando alguém conta: “Marina tirou a sujeira da sala” – e, simultaneamente, gesticula como se movimentasse uma vassoura imaginária. O gesto pode oferecer informações complementares, representando mais detalhadamente como o lixo foi recolhido do chão – e até se foi varrido pela esquerda ou pela direita.

Já os gestos metafóricos se parecem exteriormente com os icônicos (como o que acompanhou a palavra “ouriçar”, no exemplo anterior), mas se referem a expressões abstratas. Quando se diz “outro tema…”, muitas vezes um objeto invisível é delimitado com as mãos semiabertas. Nesses casos, a ideia se torna “palpável” à medida que a pessoa se refere espacialmente a ela. E se continua a dizer:”… primeiramente, vamos colocá-lo de lado”, o tema exposto é realmente “empurrado” para o lado com um movimento das mãos.

Tanto os gestos icônicos quanto os metafóricos podem ter significados convencionais. Pense na mão que limpa o suor imaginário da testa com a lateral do dedo indicador: “Como foi cansativo!”. A maior parte das pessoas do nosso círculo cultural compreende a mímica. Tomando por base o cotidiano na cidade de Berlim, o especialista em semiologia Roland Posner coordenou a organização do Léxico berlinense dos gestos. Ele procurou mostrar que é possível reconstituir a origem dos gestos. O pesquisador cita um exemplo: balançamos a mão como se estivéssemos nos queimado numa chapa do fogão, procurando resfriá-la com o ar, para transmitir a mensagem de que estamos lidando com um assunto delicado, que quase deu errado. Com isso utiliza-se metaforicamente um movimento que se origina do contexto cotidiano, a cozinha. Os gestos convencionais funcionam sem que se utilizem palavras.

Assim como o colega David Mc Neill, Adam Kendom, da Universidade da Pensilvânia, já supunha no início dos anos 80 que os dois poderiam surgir das mesmas ideias. De acordo com Kendom, movimentos que acompanham a verbalização são feitos poucos segundos antes ou no máximo ao mesmo tempo em que uma palavra ou frase de referência é pronunciada – como bater com a ponta do dedo na testa para fazer alusão a uma ideia original. Se o lixo é varrido ou um tema é deixado de lado, também são oferecidas simultaneamente às indicações verbais e visuais.

Segundo a teoria formulada por Mc Neill, existe uma fonte mental única responsável pela produção de fala e gesto. A mistura de símbolos pré-verbais e as representações imagéticas compõem o ponto de partida para que a ideia seja expressa. Para o pesquisador, haveria uma espécie de “grão” do qual se desenvolvem palavras ou frases, por um lado, e movimentos significativos de mão, por outro.

As famílias linguísticas se distinguem na forma como dividem determinados componentes semânticos sonoros e gestuais. Nas línguas de origem latina, como português e espanhol, o movimento indica a ação. Na frase “ele escala a montanha”, o gesto geralmente mostra o ato de escalar. Nas línguas germânicas, como alemão e inglês, as mãos são mais usadas para designar o substantivo – nesse caso, a palavra “montanha”.

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PENSAMENTO CHEGA ANTES

“As línguas se diferenciam claramente em relação às unidades de informação de fala e gesto”, diz David Mc Neill. A pesquisadora que estudou a assimilação de uma segunda língua, utiliza essa observação para constatar se um espanhol que aprende inglês passa também a pensar com base no segundo idioma. Enquanto o aluno enfatiza com gesto palavra inglês a climb (escalar), internamente ainda a traduz do espanhol para o inglês. Se o movimento aparece na preposição through (através), isso faz supor que a transição para o pensamento em inglês já se realizou.

O estreito entrelaçamento de língua, pensamento e gesto chamou a atenção de pesquisadores que há muito tempo só se preocupavam com a produção sonora da língua. Um modelo importante nessa área foi apresentado por Willem Levelt, do Instituto Max Planck de Psicolinguística, em Nijmegen, Holanda. Segundo ele, o cérebro elabora a linguagem em três níveis. Num primeiro momento, o que será dito é organizado como informação puramente pré­ linguística (conceito ainda sem formulação). No passo seguinte, num desdobramento do processo interno, que ocorre em frações de segundo, são encontradas palavras e formadas frases para designar o que se pretende expressar. Só na terceira fase é acionado o aparelho de articulação que produz, através dos pulmões e cordas vocais, a fala.

Jan-Peter de Ruiter, aluno de Levelt, estudou o modelo e encaixou nele os gestos. Ele supõe que no primeiro nível (conceitualizador) já surge uma etapa preliminar imagética para gestos: o cérebro “desenha” rascunhos de movimentos. No segundo passo o esboço torna-se um projeto de como gesticular, que no terceiro momento é repassado aos programas motores. Estes levam mãos e braços a agir.

Com tal modelo seria possível explicar por que os gestos muitas vezes se manifestam antes da fala correspondente. Para uma expressão como “o martelo usado para bater o prego na parede”, o movimento de mão poderia descrever primeiro a ferramenta ou o prego e depois a ação de pregar, ou os dois concomitantemente. Mas não existe uma expressão corporal para “martelo para colocar prego na parede”.

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ROBÔ VIRTUAL

De Ruiter pesquisou mais detalhadamente a suposta relação de fala e gesto por meio de ações indicativas (“isto aqui!”). Ele anotou diálogos em que se contavam histórias e confirmou que certamente a fala se adapta ao gesto, mas que também o contrário ocorre. O pesquisador observou que um “percurso de gesto” muito longo – como quando alguém aponta para um ponto muito alto – provoca o adiamento da fala paralela correspondente a ele. A adequação no sentido inverso, do gesto à fala, fica mais clara quando uma pessoa testada se engana e titubeia. Nesse caso, o movimento já preparado parece “esperar” até que a fala flua novamente. Quem realmente quer entender a comunicação falada precisa investigar como o corpo se expressa. Por isso os estudiosos de robótica se interessam pela expressão não verbal, pois querem construir parceiros que pareçam verdadeiros para as pessoas. A ideia do Léxico berlinense dos gestos surgiu quando técnicos em informática da Universidade Técnica de Berlim perguntaram a Roland Posner como as pessoas gesticulam – a fim de ensinar essa arte aos seres artificiais.

Nosso grupo de trabalho na Universidade de Bielefeld criou Max, um robô virtual que entende e produz gestos que acompanham palavras. Ele sabe olhar para uma pessoa que aponta para um objeto virtual e lhe diz: “Monte o componente ali atrás”. Quem se comunica com Max pode fazê-lo de forma natural. E aqui também se vê como a linguagem do corpo é prática e óbvia. Com sua ajuda, evitam-se equívocos: quando digo “esquerda” a Max, para facilitar posso apontar para a direção à qual me refiro, partindo do meu ponto de vista. O robô entende de imediato a mensagem. Ou seja, funciona de modo tão multimodal quanto nós, ao interpretar ou produzir frases e gestos ao mesmo tempo. Isto simplifica a comunicação enormemente. De qualquer forma, ainda vai demorar para mandarmos Max paquerar no bistrô.

OUTROS OLHARES

NOVOS PASSOS

Americano torna-se a primeira pessoa a andar sozinho depois de ficar paraplégico por causa de lesão medular.

Novos passos

Foram 331 passos, 102 metros percorridos e 16 minutos andando sem e com ajuda, mas andando. Foi assim que o americano Jered Chinnock, 29 anos, marcou um fato histórico em sua trajetória pessoal e na medicina. Há cinco anos, Jered ficou paraplégico depois de um acidente. Na última semana, sua história foi destaque da revista cientifica Nature, uma das mais respeitadas do mundo, porque ele se tornou a primeira pessoa do mundo a caminhar de forma independente após sofrer a paralisia completa dos membros inferiores em decorrência de uma lesão de medula.

Especialistas da Clínica Mayo (EUA) foram os responsáveis pelo feito de Jered. Há anos a instituição pesquisa maneiras de devolver a mobilidade a paraplégicos. Jered conferiu a eles sua primeira grande vitória. O trabalho consistiu em preparação muscular e a criação de um eletrodo acionado a partir da simples intenção de Jered de caminhar.

A função do eletrodo é estimular a passagem dos sinais elétricos entre os circuitos neuronais que tiveram essa transmissão interrompida por causa da lesão. Ele foi implantado na medula espinhal por onde passamos feixes nervosos que fazem a ligação do cérebro com o resto do corpo, logo abaixo da lesão sofrida pelo americano.  O artefato está sujeito a um controle preciso para que a intensidade, a frequência e os nervos acionados respondam à necessidade que a execução do movimento exige. O desempenho de Jered mostrou que apesar da lesão os neurônios respondem se estimulados do jeito certo. “A rede de células nervosas ainda pode funcionar depois da paralisia”, afirmou Kenda D Lee, envolvido no projeto. Os cientistas querem agora entender precisamente o que aconteceu.

“Saber como ele conseguiu e identificar pacientes que se beneficiarão é o próximo desafio, disse Klislin Zhao, outro participante do projeto.

GESTÃO E CARREIRA

CALIGRAFIA PODE REVELAR DETALHES DE PERSONALIDADE

O corte da letra ‘T’, por exemplo, pode indicar estilo mais autoritário ou força de vontade pouco desenvolvida.

Caligrafia pode revelar detalhes de personalidade.

Que a nossa personalidade pode ser medida ou revelada por meio de alguns detalhes ou características específicas isso a gente já sabe. No caso de um processo seletivo para uma vaga de emprego, recrutadores estão atentos a detalhes importantes nos candidatos para identificar sua personalidade. Às vezes, o modo de se vestir, o olhar, os gestos com as mãos, o aperto de mão e, na caligrafia também. 

Em uma carta, um cartão de aniversário, um autógrafo ou até mesmo em um formulário de entrevista de emprego, a caligrafia é única e pode mostrar muito mais do que se imagina. E este detalhe pode revelar muito de um candidato e ajudar os recrutadores dos RHs.

Características que podem fazer de alguém um bom subordinado ou forte candidato a um cargo de liderança, tudo pode vir revelado em uma análise grafológica. Os traços na escrita podem ajudar o RH a selecionar pessoas para determinadas vagas ou servirem para identificar traumas e experiências a serem tratadas em terapia, como explica a psicóloga e especialista Salma Cortez. “A Grafologia preocupa-se profundamente com a interpretação da simbologia do signo dentro do espaço gráfico. Este é um conceito estruturante para toda a análise grafológica”, explica a especialista.

Outras análises podem ser feitas também, segundo Salma, como a direção das linhas, que pode sinalizar euforia, depressão, cansaço ou tristeza; a inclinação das letras, que pode indicar extroversão ou introversão; ou o tamanho das letras, que pode indicar baixa autoestima ou comportamento arrogante. O corte da letra ‘T’, por exemplo, pode indicar estilo mais autoritário ou força de vontade pouco desenvolvida. Confira algumas características que podem aparecer em uma carta.

  • Se a pessoa é extrovertida ou introvertida;
  • Capacidade intuitiva, imaginação;
  • Relação com o passado e com o futuro;
  • O quanto a pessoa é organizada, clara e tem autonomia;
  • Agilidade e capacidade de decisão;
  • Se a pessoa é capaz de realizar trabalhos em equipe e tem liderança;
  • Como é a autoimagem, autoconfiança;
  • Qual a capacidade de mentir ou falar a verdade;
  • Características como organização e uso do tempo, planejamento;
  • Capacidade de decisão, ambição e julgamento;

E não adianta treinar no caderninho pautado. Os traços tendem a aparecer mais cedo ou mais tarde. “A grafologia revela na caligrafia traços da personalidade manifestados a partir do inconsciente e pode ser usada para identificar traumas também e assim fazer um tratamento mais eficiente”, conta Salma.

Caligrafia pode revelar detalhes de personalidade.2

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 13-27 – PARTE I

Alimento diário - Comendo a Bíblia

Cristo diante de Anás e Caifás.

I – Depois de prendê-lo, eles “conduziram-no primeira­ mente a Anás”, antes de levá-lo ao tribunal que estava reunido, à sua espera, na casa de Caifás, v. 13.

1. Eles o conduziram em triunfo, como um troféu da sua vitória. Levaram-no “como um cordeiro … ao matadouro”, e o levaram passando pela Porta do Gado, mencionada em Neemias 3.1. Passando por ela, eles foram do monte das Oliveiras a Jerusalém. Eles o levaram com pressa e violência, como se Ele tivesse sido o pior e mais vil dos malfeitores. Nós tínhamos sido levados pelos nossos desejos impetuosos, e feitos cativos por Satanás, segundo sua vontade, e, para que pudéssemos ser resgatados, Cristo foi levado, preso por agentes e instrumentos de Satanás.

2. Eles o levaram aos seus senhores, que os tinham enviado. Era agora aproximadamente meia-noite, e poderíamos pensar que eles o tivessem colocado em custódia (Levíticos 24.12), o tivessem levado a alguma prisão, até que fosse a ocasião adequada para convocar um tribunal. Mas Ele é levado imediatamente, não aos juízes de paz, para ser preso, mas aos juízes, para ser condenado. Tal foi a extrema violência do processo, em parte porque eles temiam um movimento de resgate, ao qual eles não somente não desejavam dar tempo, mas do qual tinham pavor, em parte porque eles tinham uma sede extrema do sangue de Cristo, como “a águia que se lança sobre a presa”.

3. Eles o conduziram primeiramente a Anás. Provavelmente, sua casa ficava no caminho, e era conveniente que eles parassem ali para descansar e, como pensam alguns, para receber o pagamento pelos seus serviços. Eu suponho que Anás estava velho e doente, e não poderia estar presente no conselho com os demais, àquela hora da noite, mas ainda assim desejava ardentemente ver a presa. Para contentá-lo, portanto, com a certeza do seu sucesso, para que o velho pudesse dormir melhor, e para receber sua bênção pelo seu serviço, eles apresentaram o prisioneiro diante dele. Ê triste ver aqueles que são velhos e enfermos, quando não podem cometer pecados como antes, contentando-se com aqueles que podem. Anás não estava presente, porque teria que comparecer cedo na manhã seguinte ao Templo, para examinar os sacrifícios que deviam ser oferecidos naquele dia, se eram sem imperfeições. Se for assim, havia um significado no fato de que Cristo, o grande sacrifício, lhe foi apresentado, e enviado amarrado, como aprovado e pronto para o altar.

4. Este Anás era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote. Este parentesco entre eles, pelo casamento, é apresentado como uma razão por que Caifás ordenou que este respeito fosse prestado a Anás, para favorecê-lo com a primeira visão do prisioneiro, ou por que Anás estava desejoso de satisfazer a Caifás em um assunto no qual seu coração tanto se concentrava. Observe que o conhecimento e as alianças com pessoas más são uma grande confirmação de muitos nos seus métodos maus.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

MOTIVAÇÃO NA MEDIDA CERTA

Alto desempenho nos esportes não é apenas uma questão de preparo físico – muitas vezes, o psiquismo é o principal responsável pelo triunfo ou pela derrota. Por isso, cada vez mais atletas reconhecem a importância do treinamento mental e recorrem a técnicas para exercitar o cérebro.

Motivação na medida certa

Não se ouve uma mosca no estádio. Na pista, os atletas se colocam em posição de partida. Os espectadores prendem a respiração quando o juiz dá o sinal para o início da competição. É o momento de avaliar os resultados de uma preparação que exigiu exaustivos treinos diários nas pistas e nas academias. Mas para ser o primeiro a atravessar a linha de chegada não basta apenas o preparo físico. Pois de que vale a força física se as emoções estremecem no momento mais crítico?

A falta de controle pode surgir justamente nos segundos que antecedem a largada: os mesmos rituais que prendem a atenção do espectador também representam uma tensão às vezes insuportável para o atleta. Se o corredor queimar a largada acaba desclassificado, mas se sair atrasado ou percorrer a pista relaxado demais desperdiça as suas chances. Para vencer essa tensão, precisa que seu corpo e sua mente trabalhem em harmonia. Isso significa manter concentração, tranquilidade, confiança na própria capacidade e o objetivo na cabeça para bloquear os pensamentos que possam comprometer o resultado.

Atingir o equilíbrio almejado muitas vezes requer o trabalho de um psicólogo esportivo, profissional que começa a ser reconhecido por sua importância em vários países. Isso se deve ao fato de que os resultados obtidos pela elite de atletas das mais diversas modalidades estão cada vez mais próximos, e se diferenciar num ambiente assim exige mais que treinamento físico – exige treinamento mental. Pensamentos e sentimentos tornam-se elementos decisivos, principalmente agora que muitos preconceitos estão sendo vencidos, incluindo o medo de parecer louco se recorrer a um psicólogo. E quanto mais limites são vencidos mais fica claro que a vitória é decidida, em grande parte, na cabeça. Desde os anos 80, os “treinadores mentais” são comuns nos Estados Unidos, mas só agora se firmam na Europa e no Brasil.

Não se pode descartar completamente o efeito placebo de ter ao lado alguém empenhado em incentivar o esportista e em tirar dele o melhor rendimento possível, mas o treinamento mental, assim como o físico, bem-sucedido exige o exercício ativo e regular de habilidades. Não se trata de mágica, mas de métodos bastante efetivos.

O psicólogo Hans Eberspacher, coordenador-chefe da seção de psicologia esportiva da Universidade de Heidelberg, cita algumas áreas nas quais os atletas podem tirar proveito do acompanhamento psicológico direcionado: controle da atenção e da concentração; crença na própria capacidade; ativação das reservas físicas. Para tanto, devem-se automatizar os modelos mentais a tal ponto que eles ocorram – assim como os movimentos treinados – sem controle consciente. Assim, principalmente em esportes individuais, a cabeça não fica “livre” apenas para a competição – pelo menos durante o período de duração da prova.

“No momento decisivo, a cabeça deve apoiar e não atrapalhar a ação”, observa Eberspacher. Quanto melhor se consegue sincronizar pensamento e ação, maior a possibilidade de chegar ao ápice de desempenho. “Minha raquete parecia ser a continuação do meu braço e, apesar das linhas demarcadoras, a quadra parecia ser enorme aos meus olhos. Percebi que sentia, ao mesmo tempo, a mais alta concentração e o sentimento excitante de estimulação fervilhante. E mesmo assim, eu estava totalmente tranquilo e me alegrava com toda bola que vinha em minha direção. Eu tinha certeza absoluta de que, na raquetada seguinte, conseguiria colocar a bola praticamente em qualquer lugar”, declarou numa entrevista o tenista Rafael Nadai. Nos anos 70, o psicólogo americano Mihalyi Czikszentmihalyi cunhou um termo que resume bem o estado descrito pelo campeão olímpico: flow – um mergulho completo na própria ação. Despreocupada e sem resistência ou necessidade de impulso externo, a pessoa imerge na sequência de seus gestos – seja num trabalho compensador, num jogo ou numa caminhada no parque.

 

O TÊNIS DE CADA UM

Como um esportista pode se colocar sozinho nesse “estado de desempenho ideal”? O principal pré-requisito para isso é uma alternância razoável entre pressão e relaxamento. O atleta não pode se sentir sobrecarregado nem subaproveitado, para que não surja espaço nem para o medo do fracasso nem para a sensação de enfado. No passo seguinte, ele deve se aprofundar totalmente na sequência de seus movimentos – por exemplo, quando um salta­ dor em altura imagina, com a maior exatidão possível, como toma impulso, salta e faz seu corpo deslizar por cima da barra de metal. E, em vez de apelos gerais – do tipo “concentre-se” -, as indicações sobre como a ação planejada deve decorrer são bem mais úteis. Durante o saque, no tênis, por exemplo, pode-se pensar na sequência: “oscilar, levantar o braço, esticar!”. Com algum treino, é possível imaginar com detalhes o movimento ideal.

A visualização, porém, não serve apenas para a concentração durante a competição; mesmo durante os treinos ela pode ajudar a automatizar exercícios motores complexos. O efeito físico desse método foi comprovado há muito tempo: já no fim do século 19, o fisiologista inglês William Carpenter (1813-1885) afirmou que a mentalização detalhada (e em alguns casos a observação) de movimentos pode desencadear reações musculares. Não raro, nossa perna estremece quando vemos na televisão um jogador de futebol chutando a bola para o gol. Esse “contágio ideomotor”, também denominado efeito Carpenter, faz com que, se a visualização se repetir várias vezes, seja mais fácil imitar o movimento real.

Há pouco tempo, estudiosos do cérebro examinaram esse fenômeno com a ajuda de exames de imagem. Como o psicólogo Stephen Kosslyn, da Universidade Harvard, comprovou há alguns anos, imaginar movimentos torna ativas as áreas motoras responsáveis do córtex cerebral – como se elas realmente estivessem participando da ação. Provavelmente, novas conexões sinápticas entre as células neurais dessa região cerebral produzem o efeito do aprendizado auto- sugestivo. E esportistas estão descobrindo o quanto pode ser útil usar esse recurso. É o caso dos jogadores de basquete, que recapitulam constantemente o movimento ideal ao treinar o lance livre para elevar a porcentagem de acertos. Durante muito tempo, considerava-se que a visualização proporcionava melhores resultados se a pessoa dividisse o movimento em partes: agachar, dobrar o braço, curvar o pulso e rolar a bola pela palma da mão ao lançá-la, por exemplo.

Estudos recentes, no entanto, indicaram que a concentração em pontos -chave, (joelho, braço, mão) também pode atrapalhar a fluência da coordenação, principalmente se ela já está fortemente automatizada. O mais indicado, portanto, é imaginar detalhadamente o objetivo visado pela ação, ou seja, não o movimento, mas seu resultado: por exemplo, a bola entrando na cesta. O campeão americano de golfe Tiger Woods, por exemplo, garante que é mais fácil acertar a jogada quando se imagina concretamente o barulho característico da bola ao entrar na caçapa.

Controlar a própria atenção é comprovadamente indispensável para os es portes. Mas muitas vezes, é justamente essa a maior dificuldade dos chamados “campeões mundiais em treinos”. Eles brilham durante a preparação com os melhores desempenhos – mas quando chega a hora H, quase sempre fracassam. Esse efeito é conhecido por qualquer um que já quis alguma vez apresentar em público piada ou truque de mágica do qual tinha perfeito domínio: olhares ansiosos podem dificultar a apresentação. Podemos imaginar então o quão difícil deve ser manter a calma no burburinho da competição, diante do cenário intimidante do estádio e da necessidade (muitas vezes auto imposta) de vencer.

Nesse caso, monólogos objetivos podem ajudar. Em vez de “Ai, meu Deus, tomara que dê tudo certo”, o lema deve ser: “Eu só preciso me esforçar e vou conseguir!”. Lembrar-se de experiências passadas bem-sucedidas ou pensar nas supostas fraquezas do adversário também impedem pensamentos e sentimentos prejudiciais. O funcionamento certeiro dessa tática, porém, depende da personalidade do atleta. O sapato (ou tênis) de um tipo extrovertido aperta em um lugar; o do tímido, em outro. Para os psicólogos esportivos, isso significa que é preciso realizar sempre um trabalho personalizado e os métodos devem ser adequados a cada indivíduo. A importância das características do temperamento dos esportistas ficou demonstrada de forma impressionante pelo saltador com vara ucraniano Sergej Bubka, que conseguiu seis títulos mundiais entre 1980 e 1990. O fato de Bubka dominar sua área como ninguém não se devia a uma forma física extraordinária. “Ele sai correndo como um louco, como se nunca tivesse sentido medo de nada, e isso faz dele uma exceção”, chegou a comentar outro campeão da mesma modalidade, Tim Lobinger. Nessa prova, de grande exigência técnica, na qual o competidor tem de se lançar a aproximadamente6 metros de altura com a ajuda de um bastão de fibra de vidro, é comum haver relatos de atletas que sentiram as pernas bambas durante a corrida de impulso. Ao que tudo indica, só Bubka não sentia o mesmo.

Além da coragem, muitas vezes outra forma de auto superação é importante: a capacidade de suportar o sofrimento. Principalmente aqueles que praticam esportes de longa duração têm de ser capazes de extenuar o próprio corpo até o limite da dor- e além dele. “Sofre, cachorro!” O drástico apelo do ciclista profissional Udo Bõlz ao seu colega de time Jan Ullrich durante o Tour de France 2003 não foi ouvido. Naquele momento, Ullrich já tinha perdido a visão e a audição.

Quem não possui por natureza o dom de se desligar mentalmente do medo ou da dor ainda pode treinar essa prática. Para tanto, a pessoa precisa se suje it ar constantemente a situações extremas desse tipo até que elas se tornem corriqueiras. Para reduzir a exaustão física e psíquica e o estresse atrelado a elas, existem técnicas como o relaxamento muscular ou o treinamento autógeno. O trabalho para combater o estresse e o medo do fracasso representa um componente importante do treinamento mental. Esportistas de ponta precisam saber conviver com a pressão permanente para evitar consequências como a depressão. Claro que quando o caso se torna mais grave, geralmente um psicólogo é convocado. Mas profissionais como o professor Martin Schweer, do Departamento de Psicologia Esportiva da Faculdade Vechta, Alemanha, criticam exatamente essa atitude: segundo ele, vários treinadores e associações não se preocupam com ações preventivas e acionam especialistas somente quando os danos estão instalados. Uma pesquisa realizada há alguns anos por cientistas esportivos da Universidade Johann Wolfgang, de Frankfurt, indicou que mais de dois terços de todas as medidas adotadas por psicólogos esportivos visam a superação de crises agudas. Segundo Schweer, em vez de chamar bombeiros para apagar o fogo, seria mais importante haver acompanhamento de longo prazo para que problemas psicológicos possam ser reconhecidos e superados a tempo.

De qualquer forma, salvo algumas exceções, os esportistas com alto desempenho em geral já trazem em si os pressupostos psíquicos favoráveis – senão, nunca teriam chegado tão longe. Estudos atestam, por exemplo, que atletas de elite possuem, em comparação com os simples mortais, grande inteligência espacial e capacidade de concentração. Concentrados nos resultados, eles obtêm valores acima da média. E nas competições, demonstrar autoconfiança é quase um pré-requisito exigido pelo treinador e pela torcida.

“Para os atletas, é imprescindível, inicialmente, a imposição de metas altas, mas atingíveis, que desafiem sua capacidade”, esclarece o psicólogo esportivo Jurgen Beckmann, da Universidade de Potsdam. “Essa chamada fase de motivação, porém, transforma-se em algum momento na etapa de volição, na qual é preciso realmente atingir a meta visada. Nesse momento, o esportista deve certamente se livrar de qual­ quer dúvida que tenha em relação a si mesmo.” O modelo de Muhammad Ali – ” Eu sou o maior!” – só serve para o alcance concreto da meta. Durante o estabelecimento prévio do objetivo a ser alcançado é importante uma autoavaliação realista a fim de evitar frustrações permanentes, o que costuma ser extremamente prejudicial. O psicólogo americano Albert Bandura colocou o conceito de auto eficiência – popularmente conhecido como “a fé remove montanhas” – em sua teoria social-cognitiva do aprendizado. Resumidamente, significa que, muitas vezes, apenas aquilo que pensamos poder realizar já restringe nossas possibilidades reais. Inversamente, porém, também se pode dizer: quem está suficientemente convencido de que pode atingir determinada meta consegue superar obstáculos maiores.

 

O MELHOR DE SI

“Eu posso! Eu consigo! Ninguém vai me impedir!” Com frases como essas, o esportista se habitua a apostar na própria capacidade. Monólogos motivadores oferecem a possibilidade de eliminar dúvidas e inseguranças. Os efeitos dessa prática foram comprovados em 1977 em um estudo clássico da psicologia esportiva. O pesquisador Michael Mahoney, da Universidade Estadual da Pensilvânia, entrevistou, na época, junto com o treinador Marshall Avener, um grupo de ginastas sobre os seus pensamentos e monólogos durante as competições. Ficou demonstrado que as esportistas bem-sucedidas, que haviam se qualificado para representar os Estados Unidos nas Olimpíadas, não tinham menos medos do que suas concorrentes não qualificadas. Elas apenas os compensavam melhor na medida em que se auto- encorajavam o tempo todo. Já as esportistas que tiveram pior desempenho estavam claramente menos satisfeitas consigo mesmas.

Na maioria das modalidades esportivas por equipes, por outro lado, a concorrência por desempenho é “mais leve” do que, por exemplo, no atletismo ou natação. Se o time joga bem, mas mesmo assim perde, várias coincidências e variáveis também são consideradas influências decisivas. Para que esses variados aspectos não desanimem o esportista individualmente, é necessário um forte sentimento de solidariedade dentro do time. Por isso, com frequência, treinadores e jogadores enfatizam nas entrevistas a “união da equipe para que cada um dê o melhor de si”. Esportistas de fim de semana (estima-se que existam no Brasil cerca de 4 milhões de corredores profissionais e amadores, dos quais mais de 300 mil participam de corridas de rua) também podem utilizar técnicas como visualização, monólogos motivadores ou técnicas de relaxamento para refinar a coordenação motora, aumentar a autoconfiança ou lidar com reveses como lesões ou sentimentos derrotistas. O desejo frequente de testar os próprios limites d e desempenho faz com que cada vez mais amadores se tornem adeptos do treinamento mental. Nesse campo, como em tantos outros, aliás, também é preciso valorizar a formação profissional, já que muitas pessoas tendem a acreditar que, pelo fato de incentivar o atleta, qualquer amigo ou profissional sem especialização possa ser considerado um “psicólogo esportivo”. Para o ex-piloto de fórmula l Michael Schumacher, o seu cozinheiro particular indiano, Balbir Singh, fazia o papel de “massagista” da alma. Já o ciclista e vencedor do Tour de France Jan Ullrich declarou que recorre a sua fisioterapeuta, Birgit Krohme, não só para massagear seus músculos cansados, mas também quando percebe que está sem motivação.

Mas o que diferencia o especialista do “guru” é, primeiramente, a objetividade. Levar em consideração os objetivos e necessidades individuais sempre é mais promissor do que promessas generalizadas de sucesso. Por esse motivo, todo acompanhamento sério feito por um psicólogo esportivo se inicia com um diagnóstico da situação. Qual o nível de desempenho em que o esportista se encontra? Quais são seus problemas, desejos e objetivos? Só então se inicia a busca por métodos adequados para treinar a concentração, a coordenação ou o desejo de perseverança. Contudo, o preparo físico e o domínio da técnica e das táticas continuam sendo o ponto – chave de qualquer modalidade esportiva. Pelo menos, ninguém ainda ganhou uma maratona apenas com base no treinamento mental.

TÉCNICAS PARA ESTIMULAR A MENTE

Motivação na medida certa.2

VISUALIZAÇÃO dos movimentos, imaginando sua execução da forma mais perfeita possível. As etapas de cada ação são desmembradas e é priorizada a concentração no resultado desejado (como acertar a bola no gol).

MONÓLOGOS DIRIGIDOS nos quais a pessoa “fala” consigo mesma enquanto treina, estimulando a própria performance, com frases como “muito bem, continue assim!”, em uma corrida de distância, por exemplo. O objetivo é anular estímulos externos que distraiam o esportista e afastar pensamentos prejudiciais, reforçando o desejo de perseverança.

RELAXAMENTO MUSCULAR PROGRESSIVO propõe a alternância da contração de partes do corpo, como ombros ou braços. O fisiologista Edmund Jacobson (1885-1976) criou um programa sistemático de exercícios que leva em conta todos os grandes grupos musculares.

TREINAMENTO AUTÓGENO  foi desenvolvido na década de 20 pelo médico Johannes Heinrich Schultz (1884-1970) para eliminar medos e ansiedades de seus pacientes. O ponto central do método são fórmulas auto sugestivas como “eu estou muito calmo!”. As frases são ditas em voz alta, em posição relaxada. A pessoa pode controlar até mesmo funções como a respiração e pulsação.

OUTROS OLHARES

NÃO PARECE, MAS É

Nada de passas nem de frutas cristalizadas. O panetone, tradição da ceia de Natal, agora tem cores, sabores e recheios que passam longe da receita milenar inventada em Milão.

Não parece, mas é

Tradição do natal, o panetone, com sua massa entremeada de passas e frutas cristalizadas, sempre foi um corpo meio estranho na ceia brasileira. A primeira investida para aproximar o pão (sim, ele é um pão) natalino das preferências nacionais se deu há exatos quarenta anos, quando a Bauducco trocou as frutas por gotas de chocolate – e, afinal, quem não gosta de chocolate? O chocotone, hoje empatado em vendas com o original, foi a largada para reinvenções que, neste ano, atingiram um frenesi de criatividade: para onde quer que se olhe, há panetone de todas as cores e sabores – salgados, inclusive. “Queremos satisfazer o gosto dos clientes, e os jovens, principalmente, estão sempre atrás de novidades”, diz Alexandre Martins, diretor da Ofner, marca que tem entre suas catorze receitas o Red Velvet (veludo vermelho, em inglês). Inspirado no famoso bolo americano, esse irreconhecível panetone traz corante vermelho na massa, recheio de cream cheese levemente doce e cobertura de chocolate branco.

Nas prateleiras das lojas e mercados, escolher é um exercício de desapego. Tem panetone de doce de leite, brigadeiro, bem-casado, morango. A Cacau Show lançou o de petit gâteau, com massa de cacau recheada de chocolate cremoso, para ser aquecido antes de servir. Sob o rótulo de “natural”, o pão de Natal pode levar farinha integral, castanha e damasco. Mais heterodoxa ainda, a versão salgada adiciona bacalhau, calabresa e carne-seca, entre outros sabores. Maior produtor da América Latina e segundo do mundo, o Brasil também é o segundo maior consumidor de panetone (perde em ambos os casos para a Itália, onde ele nasceu). De novembro de 2017 a janeiro de 2018, foram vendidas aqui 39.000 toneladas da especialidade, o que movimentou 600 milhões de reais. E a previsão é de um crescimento de 8% neste Natal. O panetone foi trazido para o Brasil pelos imigrantes italianos e popularizado após a II Guerra. Neste ano, o produto brasileiro será exportado para cinquenta países, como Estados Unidos – o maior comprador -, Peru (o terceiro maior consumidor), Angola, Argentina e Japão.

O panettone, com dois “t”, foi inventado em Milão – e esse é o único consenso entre as várias lendas que rondam sua origem. A mais romântica diz que Toni, um padeiro na Milão de Ludovico, o Mouro (1452-1508), apaixonou-se pela filha do dono da padaria, criou um pão doce para impressionar o pai da amada e ecco – o pane diToni vendeu como pão quente.

Há referências ao pão de frutas em rituais celtas em 600 a.c. e em quadros renascentistas. No século IX, o ponto alto da noite de Natal entre as famílias milanesas se dava quando o patriarca repartia o “pão grande” como sinal de comunhão. Seis séculos adiante, aristocratas e plebeus consumiam na ceia natalina o mesmo pão, o pan de ton, ou pão de luxo, feito de trigo, manteiga, mel e uva.

Fazer panetone dá trabalho. O processo leva no mínimo 24 horas e envolve etapas como alimentar o fermento, misturar os ingredientes, deixar a massa descansar, dobrá-la e assar. Para proteger a tradição, o governo italiano baixou um decreto, em 2005, que regulamenta a produção. O formato é de massa aerada de fermentação natural, base redonda e crosta crocante. Os ingredientes são farinha, sal, açúcar, ovos, manteiga, fermento natural e frutas cristalizadas em quantidade não inferior a 20% da receita total. Cedendo aos novos tempos, a norma permite outros sabores, desde que se preserve a massa-padrão. Isso mesmo: os italianos também inventam. Nas confeitarias de Roma, encontram-se opções de pistache, de creme de limão e de chocolate. Em Nápoles, foi lançado até um panetone em forma de pizza. “Mesmo assim, o original continua sendo nosso campeão de vendas”, orgulha-se Fabrizio Galla, membro da Academia Italiana de Mestres Confeiteiros. Toni, se existiu, ficaria feliz.

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GESTÃO E CARREIRA

FATORES QUE AUMENTAM O NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS COLABORADORES

Conheça quatro pontos que fazem com que a empresa esteja acima da média entre as organizações.

Fatores que aumentam o nível de satisfação dos colaboradores

Os colaboradores são quem movem e transformam uma empresa. E saber como seus funcionários se sentem é uma das melhores formas de buscar a melhoria contínua no ambiente de trabalho e crescer ainda mais. Medir estatísticas e obter opiniões que ajudam no assunto através da pesquisa de Gestão de Clima é uma das maneiras mais comuns. A Brandili Têxtil, eleita um dos melhores lugares para trabalhar, segundo o Great Place to Work, instituto de pesquisa que avalia diversas empresas no Brasil e no mundo, divulga os resultados da sua pesquisa de monitoramento, que teve 88% de participação e revelou que 81% de seus colaboradores estão engajados com a empresa. A gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Brandili, Cláudia Orçati Caniceiro, comenta sobre quatro pontos que fazem com que a empresa esteja acima da média entre as organizações. 

TREINAMENTO DE GESTORES
Eles são os olhos e ouvidos dentro da equipe. Capacitar gestores para que entendam que o papel deles vai além de delegar demandas faz diferença no engajamento da equipe e, consequentemente, nos resultados finais que a empresa busca. Um líder se faz pelo bom exemplo, pelas boas atitudes e proximidade com o grupo. Trabalhamos para manter os colaboradores bem informados e conectados ao time, pois acreditamos que isso cria vínculos positivos e gera envolvimento. Um bom líder deve ter voz ativa, mas também ser parceiro. Treinamos e atualizamos nossos gestores com frequência, pois eles precisam estar preparados para ouvir, entender, transmitir informações sem ruídos, cobrar e direcionar.

RECONHECIMENTO
A criação de programas diferenciados que estimulam a equipe é um dos caminhos para o engajamento. Na Brandili Têxtil, através do Mais Você Brandili, são realizados programas de valorização profissional, como o GP (Grande Prêmio) da Melhoria Contínua, uma forma de reconhecimento e também de recompensa destinada aos colaboradores que transformam ideais em ações efetivas de melhoria no ambiente de trabalho. Desde 2015 já foram 75 projetos com a participação de 488 colaboradores que se comprometem sugerindo melhorias. O Valeu! é outro projeto onde os colaboradores podem votar e reconhecer colegas que têm atitudes positivas na equipe.

VALORIZAÇÃO
A empresa aposta em programas que oferecem benefícios também para a família dos colaboradores e que buscam mostrar o zelo dos gestores com quem faz parte da equipe. Como o Mãe Amor Brandili, programa de apoio às gestantes que oferece cursos, acompanhamento médico, auxílio creche, leite e licença-maternidade estendida para seis meses. Já para os pais, é oferecido 20 dias de licença- paternidade.

MELHORIA CONTÍNUA
Apesar do alto nível de satisfação e de termos comemorado esse índice acima da média, acreditamos também que temos um importante caminho a percorrer. Por isso nunca paramos, recentemente lançamos a campanha “Minha Brandili”, que enfatiza que juntos podemos alcançar resultados ainda maiores, e que todos somos semelhantes a pequenos retalhos, cada um com a sua história, singularidade e importância, esses pequenos retalhos unidos constroem uma linda colcha, recheada de significado e também de emoção.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 18: 1-12 – PARTE VI

Alimento diário - Comendo a Bíblia

VI – Tendo se reconciliado completamente com a dispensação, Cristo se entregou calmamente, e se entregou como um prisioneiro, não porque não pudesse ter fugido, mas porque não desejou fazê-lo. Alguém poderia imaginar que a cura da orelha de Malco teria feito com que os inimigos demonstrassem misericórdia, mas nada os dissuadiria. Observe aqui:

1. Como eles o prenderam: eles “prenderam a Jesus”. Somente alguns deles puderam lançar mãos dele, mas isto é dito a respeito de todos, pois todos eles eram ajudantes e cúmplices. Na traição, não há ajudantes. Todos são principais. Agora se cumpriam as Escrituras: “Touros me cercaram” (Salmos 22.12). “Cercaram-me como abelhas”, Salmos 118.12. “O respiro das nossas narinas… foi preso nas suas covas”, Lamentações 4.20. Eles tinham tão frequentemente se frustrado nas suas tentativas de prendê-lo, que agora, tendo-o em suas mãos, podemos imaginar que se lançaram sobre Ele com muito mais violência.

2. Como o ataram: eles “o manietaram”. Este detalhe dos seus sofrimentos é observado somente por este evangelista, o fato de que, imediatamente depois de preso, Ele foi atado, amarrado, algemado. Diz a tradição: “Eles o amarraram com tanta crueldade, que o sangue começou a sair das pontas dos seus dedos. E, tendo amarrado suas mãos às suas costas, eles colocaram rapidamente uma corrente de ferro ao redor do seu pescoço, e com isto o arrastaram”.

(1) Isto mostra a maldade dos seus perseguidores. Eles o manietaram:

[1] Para que pudessem atormentá-lo, e causar-lhe sofrimentos, da mesma maneira como amarraram a Sansão, para atormentá-lo.

[2] Para que pudessem desonrá-lo, e envergonhá-lo. Os escravos eram amarrados, e também o foi Cristo, embora nascido livre.

[3] Para que pudessem evitar a fuga dele, tendo-lhes dito Judas que o amarrassem bem apertado. Vejam a tolice, pois pensavam que poderiam limitar aquele que tinha acabado de provar que é onipotente.

[4] Eles o prenderam como a alguém já condenado, pois estavam decididos a processá-lo até à morte, e Ele deveria morrer como morre um louco, isto é, como um vilão, com suas mãos atadas, 2 Samuel 3.33,34. Cristo tinha atado a consciência dos seus perseguidores através do poder da sua palavra, o que os atormentou, e, para se vingarem dele, eles o ataram com estas amarras.

(2) A prisão na vida de Cristo era algo muito significativo. Nisto, como em outras coisas, havia um mistério.

[1] Antes de eles o prenderem, Ele tinha prendido a si mesmo, pela sua própria incumbência, à obra e ofício de um Mediador. Ele já estava preso aos chifres do altar com as cordas de seu próprio amor pelo homem, e de seu dever para com seu Pai, senão as cordas deles não o teriam segurado.

[2] Nós estávamos presos com as cordas das nossas iniquidades (Provérbios.5.22), com o jugo das nossas transgressões, Lamentações 1.14. A culpa é uma prisão sobre a alma, pela qual nós estamos presos, do começo ao fim, ao juízo de Deus. A corrupção é uma prisão sobre a alma, pela qual nós estamos presos sob o poder de Satanás. Cristo, sendo feito pecado por nós, para nos libertar dessas prisões, apresentou-se, Ele mesmo, para ser preso por nós, senão nós teríamos sido amarrados de mãos e pés, e reservados nas cadeias da escuridão. À sua prisão, devemos nossa liberdade. Seu aprisionamento foi nossa dilatação. Desta maneira, o Filho nos fez livres.

[3] Nisto, os tipos e profecias do Antigo Testamento foram cumpridos. Isaque foi preso, para que ele pudesse ser sacrificado. José foi preso, e os ferros penetraram em sua alma, a fim de que sua vida o levasse do cárcere ao reinado, Salmos 105.18 etc. Sansão foi preso, a fim de que matasse mais dos filisteus em sua morte do que tinha feito em sua vida. E o Messias foi predito como um prisioneiro, Isaías 53.8.

[4] Cristo foi preso, para que Ele pudesse nos prender ao dever e à obediência. Suas prisões por nós são prisões sobre nós, pelas quais somos, para sempre, obrigados a amá-lo e servi-lo. A saudação de Paulo a seus amigos é a de Cristo a todos nós: “Lembrai-vos das minhas prisões” (Colossenses 4.18), lembrai-os como presos com Ele por causa de todo pecado, e a todo dever”.

[5] As prisões de Cristo, por nós, foram designadas para fazer nossas prisões por Ele fáceis para nós, para santificá-las e abrandá-las, e colocar honra sobre elas, se, em qualquer tempo, formos, deste modo, chamados para sofrer por Ele. Elas habilitaram Paulo e Silas a cantarem no tronco, e Inácio, a chamar suas prisões por Cristo de pérolas espirituais.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

ELES PREFEREM (MESMO) AS LOURAS?

Os cabelos claros evocam fantasias de sensualidade, mas também despertam preconceitos que associam a cor dos fios à falta de inteligência, futilidade e grande disponibilidade para envolvimentos sexuais. O que explica o fato de suposições povoarem o imaginário a respeito dessa característica feminina?

Eles preferem (mesmo) as loiras

Conhece aquela piada da loira que ficou feliz da vida quando terminou de montar um quebra-cabeça em “apenas” seis meses, pois na caixa estava escrito: “de 2 a 4 anos”? Ou a da loira que não conseguiu fazer gelo porque esqueceu a receita? Anedotas preconceituosas sobre mulheres de cabelos claros não faltam. Por que tantos preconceitos estigmatizam sua suposta ingenuidade e a baixa capacidade intelectual? Esses estereótipos têm razão de existir? Pesquisas recentes demonstram que não.

O economista David Johnston, da Universidade de Queens­land, na Austrália, por exemplo, apresentou um estudo controverso, no qual concluiu que o salário das loiras tende a ser mais alto que o de outras mulheres com o mesmo nível de instrução. Johnston argumenta que os cabelos claros substituem competência: uma loira com um nível cultural correspondente a dois anos de estudos universitários receberia o mesmo salário que uma morena com três anos do mesmo estudo. Ou seja: outros atributos além a inteligência e da competência seriam característicos das donas de fios platinados.

Obviamente, pesquisas como essa estabelecem correlações superficiais. O próprio Johnston observou que – pelo menos na Austrália, onde predominam pessoas de cabelos e pele claros, maridos de loiras geralmente ganham mais. Pode-se, então, imaginar que as mulheres loiras vivam em um ambiente que lhes permite estabelecer contatos privilegiados e, consequentemente, conseguir salários mais altos. Mais uma vez o preconceito está implícito: a influência masculina, aqui, seria responsável pelo sucesso delas. Mas o próprio pesquisador reconhece que essa é só uma hipótese que não leva em conta o preconceito mais amplo com pessoas de ascendência negra ou oriental.

Se excluirmos os favores dos quais as loiras podem se beneficiar por meio de sua situação conjugal e se nos concentrarmos unicamente no seu “valor” no mercado de trabalho, os resultados vão depender muito do setor levado em consideração. Estudos dirigidos pela psicóloga Margaret Takeda e por seus colegas da Universidade do Tennessee, em Chattanooga, sobre profissões em que o aspecto físico é um requisito importante, ser loira pode constituir vantagem. Já as morenas seriam preferidas nas profissões mais bem remuneradas, que requerem competências cognitivas específicas e nas quais a competição é grande.

Margaret catalogou a cor dos cabelos dos principais analistas de comércio internacional da bolsa de valores de Londres. Nesse ambiente o processo de contratação é muito longo e complexo e o candidato precisa ter uma ampla gama de qualidades para ser aprovado ao final de um longo percurso de seleção. É possível, então, supor que não exista espaço para preconceitos e estereótipos durante uma seleção desse tipo. No entanto, segundo a psicóloga, a avaliação das loiras analisadas dentre as 500 mulheres que se destacam no mercado financeiro é 10% inferior em comparação à das outras candidatas. O estereótipo da loira menos competente poderia explicar esse resultado.

Entretanto, nenhuma pesquisa científica evidenciou diferenças entre a capacidade intelectual associada à cor dos cabelos. Quando se trata de capacidade de sedução, sensualidade (e no polo negativo, de vulgaridade), a coisa muda de figura – pelo menos no imaginário dos homens ingleses. Em um experimento, o pesquisador Viren Swami, da Universidade de Westminster, em Londres, pediu a uma jovem voluntária que usasse uma peruca loira, na sequência uma de cor castanha e depois, ruiva – e passeasse por diversos locais de Londres à noite. A proposta era contar o número de homens que se aproximavam da moça quando estava com cada cor de cabelo. Sozinha, a peruca loira atraiu tantos rapazes quanto a ruiva e a castanha juntas – ao menos nos locais de programação noturna. Na hora de conseguir uma carona as loiras têm mais sucesso que a mulher de cabelos escuros. Em uma variação do teste precedente, realizamos um experimento no qual uma jovem ficava na beira de uma estrada ostentando uma peruca loira, depois ruiva e castanha. Novamente a loira “venceu”. No fim das contas, parece que embora tantas mulheres se empenhem em clarear os fios, ser loira não é exatamente vantajoso, na opinião de Swami. O pesquisador retocou a fotografia de uma jovem, de modo a justapor cabelos de diversas cores, e em seguida pediu a alguns homens que dessem sua opinião sobre sua beleza. Com surpresa, constatou que a garota era considerada mais bonita quando usava a peruca castanha-escura.

É um curioso paradoxo: embora um considerável número de homens ache as loiras menos atraentes, eles tendem a abordá-las com mais frequência. No entanto, o fascínio que elas exercem no imaginário masculino pode ser atribuído a alguns fatores. O primeiro é muito simples: em uma lógica de mercado, o que é raro é mais procurado. Avalia-se, de fato, que as loiras naturais constituem apenas 2% da população mundial: por isso atraem mais a atenção e poderiam tirar alguma vantagem disso. A segunda razão está relacionada à lógica indireta referente à juventude: o psicólogo Davis Matz, do Augsburg College de Minneapolis, em Minnesota, demonstrou que quanto mais claros os cabelos de uma mulher, mais se tende a considerá­la jovem. De forma geral, os homens sentem-se mais atraídos por mulheres mais jovens, provavelmente porque são mais férteis e a evolução favoreceu a busca de parceiros para reprodução. Privilegiando outra hipótese, alguns pesquisadores acreditam que os homens busquem, geralmente, companheiras mais jovens para poder ocupar posição dominante no relacionamento, fazendo prevalecer sua maior experiência.

As duas primeiras hipóteses, porém, não explicam o aparecimento de um estereótipo negativo em relação às mulheres loiras. Um terceiro fator, de ordem social, poderia ser determinante. A imagem da loira foi forjada há mais de meio século, no cinema e em outras mídias, como a de uma mulher fácil, sensual, que explora mais os atributos físicos que os intelectuais. É difícil intuir as razões de uma estratégia que atingiu seu ápice nos anos 50 com Marilyn Monroe e depois avançou nos anos seguintes com Grace Kelly, Brigitte Bardot, Sharon Stone até Scarlett Johansson.

É inegável que a luminosidade e o brilho desempenham um papel essencial nos filmes e que as mulheres com cabelos dourados tenham sido favorecidas nesse contexto. Mas o cinema foi seguido também pelas outras mídias, nas quais as loiras estão muitas vezes presentes em proporção amplamente superior em relação à que encontramos no mundo “de verdade”. Os pesquisadores Melissa Rich e Thomas Cash, da Universidade Old Dominion, de Norfolk, nos Estados Unidos, examinaram revistas publicadas ao longo de 40 anos – como Vogue, de moda, ou destinadas ao público masculino, como Playboy. Constataram que, embora apenas 5% das mulheres americanas tenham os cabelos naturalmente claros, nas revistas de moda 35% das modelos aparecem loiras.

Não há dúvida de que o cinema tenha sacralizado a imagem da blondie, suscitando um desejo de imitação nas leitoras. A indústria de cosméticos, e principalmente a de tinturas de cabelo, tornou-se um dos principais anunciantes das revistas femininas e, naturalmente, criaram uma super-representação da loira apresentando modelos que reforçam o desejo de glamourização.

As revistas femininas não foram as únicas a condicionar os gostos neste campo. Playboy, por exemplo, apresenta 41% de loiras, ou seja, quase oito vezes mais do que a população que representam na realidade. Muitos psicólogos acreditam que esta superexposição leva a associação das loiras a uma imagem feminina vinculada unicamente ao corpo. Se ainda for somado o fato de que muitas atrizes de cinema pornográfico clareiam seus cabelos, a ligação entre a “loirice” e o culto ao corpo parece confirmada. De fato, os homens – quase a totalidade do público de revistas pornográficas – tendem a associar as loiras à disponibilidade sexual. A representação dessas mulheres simplesmente como objeto sexual explicaria a difusão de muitos preconceitos.

A prova de que essa associação é produto de uma construção da mídia consiste no fato de que o equivalente masculino não existe. Aliás, não há nenhum preconceito contra os homens loiros. Os fios dourados masculinos não causam nenhum impacto específico sobre as mulheres. Em nossos experimentos sobre cor de cabelo, observamos que os homens que fingiam pedir carona não tiveram mais sucesso em razão da cor dos cabelos. Da mesma forma, peruca loira ou castanha não influiu na aceitação de convites para dançar feitos a mulheres durante uma festa. Também neste caso, pesquisadores acreditam que existe responsabilidade da mídia, sobretudo porque o cabelo claro é super-representado entre as mulheres, mas o mesmo não ocorre com os homens.

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ARMADILHAS INCONSCIENTES

Em todo caso, os estereótipos criaram raízes. Em nossas pesquisas, constatamos que a jovem de peruca loira sentada à mesa de um bar enquanto lê uma revista provoca maior número de comentários preconceituosos e machistas por parte de homens sentados à sua volta do que a moça morena. Do mesmo modo, Swami demonstrou, usando fotografias retocadas para mudar a cor dos cabelos das mulheres, que os fios dourados induzem os homens a considerar a mulher menos competente, menos inteligente e mais volúvel – independentemente de esses traços terem algo de verdadeiro.

É preciso levar em conta, porém, que estereótipos podem ser, ao menos em alguns casos, “autorrealizantes”: ou seja, acabam realmente provocando comportamentos que estigmatizam. Ao ouvirem dizer que são incompetentes – e se familiarizarem com essa ideia -, algumas loiras podem se sentir pressionadas e inseguras, acabando por duvidar da própria capacidade, mostrando­ se justamente como os outros as veem, criando armadilhas inconscientes para si mesmas.

O fenômeno de autorrealização foi estudado pela psicóloga Clémentine Bry, da Universidade de Nanterre, em Paris. Ela e seus colegas submeteram um grupo de mulheres morenas e loiras a testes de cultura geral. De modo muito discreto, pouco antes da avaliação, lembravam às participantes o estereótipo segundo o qual “as loiras se destacam mais pelo físico do que pela inteligência”, ou mostravam uma série de fotografias de misses loiras. Resultado: no teste realizado em seguida à menção desses estereótipos, as participantes de cabelos claros tiveram pontuação mais baixa, embora sua pontuação tivesse sido normal quando não houve comentários.

Assim ficou evidenciado o poder autorrealizante dos estereótipos – nesse caso específico sobre as loiras. Felizmente, o experimento forneceu também a chave para não ser vítima desse efeito: quando era aconselhado às participantes que se considerassem autônomas, com história única e combinação de capacidades próprias, diferentemente de qualquer outra pessoa, elas mantinham boa pontuação e não sofriam mais o impacto dos preconceitos.

OUTROS OLHARES

DOUTORES HI-TECH

Conheça os planos das gigantes Amazon, Apple e Google para investir em um setor que movimenta trilhões de dólares no mundo.

Doutores hi-tech

No ano passado, a indústria médica movimentou mais de US$ 7 trilhões no mundo. Desse total, US$ 3,3 trilhões vieram dos Estados Unidos. Esses números estão atraindo não apenas empresas que já estão mais do que acostumadas a lidar com negócios trilionários, mas que também já sabem como mudar a vida das pessoas. Nessa seara estão Amazon, Apple e Google. A varejista de Jeff Bezos quer ofertar medicamentos em suas prateleiras digitais. A fabricante do iPhone, comandada por Tim Cook, planeja transformar o smartphone em um prontuário médico digital. Com planos ainda mais ousados está o Google, que pretende antecipar o diagnóstico de doenças graves que matam milhões de pessoas todos os anos. “A inteligência artificial pode realmente ajudar a medicina a prever sintomas e doenças”, disse o CEO Sundar Pichai, durante um evento do Google, em maio. “Vamos dar a eles mais tempo para agir.”

Os passos nesse setor da companhia fundada por Larry Page e Sergey Brin são dados pela Verily. Criada em 2015, dentro da Alphabet, holding que controla o Google, a subsidiária coleta e analisa dados para melhorar a obtenção de diagnósticos e os tratamentos de doenças oculares, problemas cardíacos, Mal de Parkinson, diabetes e esclerose múltipla. No ano passado, a startup recebeu uma injeção de capital de US$ 800 milhões do fundo de investimentos Temasek Holdings. “Se você analisar mais de 100 mil dados por pacientes, poderá prever resultados”, afirmou Pichai. Em fevereiro, a Verily apresentou um algoritmo que usa inteligência artificial para indicar pessoas com propensão a desenvolver problemas cardíacos ou derrames cerebrais, com um nível de acerto de 70%. Isso foi possível graças a um exame de retina feito com 280 mil pacientes. O plano é que a ferramenta possa ser utilizada para exames mais rápidos e baratos no futuro.

A Apple e a Amazon, por sua vez, trabalham em duas frentes diferentes. Em uma delas, criam soluções para seus consumidores. Em outra, buscam alternativas para reduzir o custo de saúde de seus próprios funcionários. A empresa da maçã, por exemplo, está abrindo clínicas médicas chamadas de AC Wellness, para atender a 12 mil funcionários que trabalham na sede da companhia, em Cupertino. Se der certo, esse será um duro golpe da empresa contra o sistema de saúde americano que “nem sempre motiva as melhores e inovadoras práticas”, segundo Cook. Ou seja, poderão virar negócios acessíveis a todos.

Em Seattle, a companhia de Jeff Bezos firmou uma joint venture com o banco JP Morgan e a gestora Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, para gastar menos com a assistência médica dos 1,2 milhão de funcionários dessas três companhias. A ideia é que a parceria possa ajudar as empresas a economizar dinheiro com impostos, já que existem incentivos fiscais nos EUA para empresas que investem em saúde e bem-estar de seus trabalhadores. “A assistência médica nos EUA é extremamente ineficiente”, diz Roger Kay, analista da consultoria americana Endpoint. “O setor é entrincheirado com diversas empresas que ganham dinheiro por serviços prestados. E cada vez mais serviços são realizados.”

Mas, assim como o Google, a Apple e a Amazon também querem cuidar da saúde de seus clientes. A companhia comandada por Cook trabalha em formas de prever anormalidades cardíacas usando dados armazenados no relógio Apple Watch. Em outra iniciativa, ainda não confirmada, a empresa pode permitir, já na próxima atualização do sistema operacional do iPhone, o download de dados médicos dos usuários de hospitais americanos, o que transformaria o smartphone em um prontuário digital. A Amazon aposta na assistente virtual Alexa. Em maio, a emissora americana CNBC reportou que a companhia pretende que o robô virtual faça a leitura de níveis de glicose e de pressão arterial dos usuários.

Enquanto esse plano ainda está em fase embrionária, a Amazon dá passos mais largos na área farmacêutica. Em junho, a companhia comprou a varejista online de remédios PillPack. Fundada em 2013, a empresa se diferencia de uma farmácia online convencional, porque separa os remédios que o paciente precisa tomar por doses distribuídas em pequenos envelopes que são lacrados e contam com informações sobre os medicamentos e o horário em que eles devem ser ingeridos. “É um acordo que permite que a Amazon herde os clientes da PillPack e possa entregar remédios em quase todo o país”, diz Anurag Gupta, diretor de pesquisas da consultoria americana Gartner. Essa será a segunda vez que a varejista de Seattle tenta entrar nesse mercado. Em 1999, a Amazon firmou um acordo semelhante com a empresa Drugstore.com. Sem resultados significativos, a parceria foi dissolvida seis anos depois. Agora, no entanto, a Amazon é uma empresa que já vale US$ 1 trilhão e tem o poder de mudar os mercados em que entra.

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GRESTÃO E CARREIRA

SEMPRE NO MODO BETA

Não é apenas a área que deve se reinventar, o profissional de gestão de pessoas também deve estar em constante transição.

Sempre no modo beta

Nos 30 anos atuando em RH, ou próximo à área, Adriano Lima nunca imaginou que daria uma resposta a um executivo como fez recentemente. Em um evento, encontrou um headhunter conhecido que estava acompanhado de outro profissional. O primeiro o apresentou para mim: ‘Esse é fulano, ele está em transição’.

Respondi rapidamente, com base no que tenho aprendido: ‘Ele e todos nós estamos em transição’. Não é uma escolha, é uma imposição. Não estar empregado não significa estar em transição. ”Todos nós, assalariados ou não, devemos estar em transformação constante”, diz.

Fundador da AL+ People & Performance Solutions, pela qual atua como coach e mentor de executivos, incluindo de RH, Lima destaca a força da nova economia como a mais relevante em termos de impacto em recursos humanos. “Ela vem alterando significativamente a maneira como as empresas fazem negócios. E essas mudanças afetam cultura, modelos de gestão, estruturas organizacionais e, acima de tudo, provocam mudanças em como as pessoas atuam”. E o profissional de RH não está imune a isso. Cabe a ele também estar em constante transformação.

Lima deixou de lado o “uniforme clássico de executivo e se dedica a ajudar outros nesse processo. Três vezes por semana, adota a bicicleta para ir para o local de trabalho. A tarefa de mudança é um caminho cheio de desafios para o RH e de mudanças nas empresas, como veremos. O que não se pode é ficar parado. Os novos tempos exigem ação e nenhuma mudança espera algo para ser iniciada. Estar em estado “beta” é a lei. Ou, aproveitando o meio de transporte de Lima, deve-se trocar o pneu da bike enquanto se pedala.

OS DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS

A disputa pelos talentos é daqueles que não acabam. Atrair e reter esse pessoal, sobretudo na área de TI, não é fácil. “O perfil do profissional de tecnologia é jovem e com muitos ideais de mudanças para o mundo. Para atraí-los é preciso ter um propósito claro”, diz Sheila Nunes, gerente de RH da Finnet, que desenvolve soluções para as áreas financeiras, de logística e de saúde. A executiva destaca, nesse processo, o esforço em identificar quem está alinhado aos valores, à cultura e aos objetivos da organização. Aspectos como remuneração, benefícios ou um escritório sensacional digno de capa de revista ainda são importantes no jogo, mas não garantem a vitória.

Ainda no campo de talentos, a evolução tecnológica traz uma quebra de paradigma. Como Fernanda Pires, diretora de RH da EDP, empresa que atua em todos os segmentos da cadeia elétrica no país, explica, saímos do olhar de escassez (são poucos os talentos ou potenciais), para uma visão de abundância, na qual se entende que não e preciso utilizar somente a inteligência que está dentro da organização mas, sim, uma inteligência ilimitada que está além dos muros da empresa.

“Essa é uma das torças que mexem profundamente com nossa área. Como preparar as pessoas para todos os papéis, que exigirão novos conhecimentos e comportamentos? Como preparar a organização para conectar a inteligência interna com a que está fora da empresa? Quais são as oportunidades que os dados podem nos mostrar e ainda não enxergamos? Como trabalhar em culturas tão diferentes, em um mundo conectado? provoca.

Para Guilherme Rhinow, diretor de RH da Johnson & Johnson Brasil, o desenvolvimento tecnológico e o advento de big-data têm ajudado a concretizar a gestão do capital humano, a transformação cultural e a capacidade de aprendizagem como fontes de vantagem competitiva para as empresas. E isso tem demandado um novo perfil do profissional de RH, que consiga entender esses fatores, bem como traduzi-los para a realidade de negócios.  “Vejo que a área está sendo vista como estratégica, uma vez que provê valor competitivo para a organização e, por isso, tem se tornado cada vez mais fundamental para o sucesso das empresas. No que diz respeito às competências e o papel desse profissional, entendo que ele deve ter visão estratégica, conhecimento sobre o capital humano, e o papel de liderar a transformação cultural, capacidade  de traduzir estes conhecimentos para a realidade dos negócios”, diz.

Outro desafio são as mudanças nas estruturas organizacionais, caracterizadas por equipes enxutas e com um modelo de trabalho ágil. “Na Finnet, alteramos nossa estrutura de departamental para interdepartamental; temos times organizados por produto e sinergia de dinâmica de trabalho. Realizamos a capacitação dos profissionais em metodologias que proporcionam eficiência, agilidade e inovação, como design thinking, design sprint e scrum, diz Sheila, que também entrou na onda de mudanças e hoje vivencia, ainda, a experiência de ser head de um produto da empresa.

A formação de células ágeis, com equipes multidisciplinares, demanda um novo perfil de gestor que o RH tem de identificar. “Sai de cena aquele que exerce um papel de mando e sobem ao palco líderes que ajudam no engajamento e no alinhamento de diversas competências para atingir um objetivo e dar respostas mais rápidas para o mercado”, diz  Marcelo Orticelli, diretor de administração e pessoas do Insper.

VELHAS RESPOSTAS E NOVOS PROBLEMAS

Em outras palavras, as mudanças do mundo VUCA (de volátil, incerto, complexo e ambíguo) numa organização demandam repensar a gestão e seus modelos e, como alerta Danielle Corgozinho Lopes, diretora de RH da Livelo, programa de fidelidade do Grupo Elopar, velhas respostas não fazem sentido para novos problemas. Da forma como muitas organizações estão estruturadas hoje, não é possível ser bem-sucedido nesse novo mundo”, reforça. Para ela, a atual forma de trabalhar ainda é um vestígio da revolução industrial, quando era aceito dividir o trabalho em pequenos pedaços e focar o que o gestor entregava. Hoje, isso já não funciona tão bem. “A empresa precisa apostar na colaboração entre seus profissionais para oferecer novos produtos ou serviços”.

Nesse sentido, o colaborador precisa ter mentalidade adaptativa, estar em constante desenvolvimento, criar um ciclo virtuoso de geração e agregação de valor. Do ponto de vista do RH, é necessário, também, oferecer aprendizado rápido, desenvolver pessoas, ser visionário e estabelecer networking e colaboração fortes. “Não podemos descartar a necessidade de abraçar a diversidade de pensamentos, ter autoconhecimento, foco incansável no cliente e transparência na comunicação”, diz Danielle.

Mas colocar em prática novas formas de trabalho e sair da zona de conforto não é uma tarefa fácil. E a executiva concorda. “Nossas crenças e experiências dizem muito o que somos hoje, moldam nossa forma de pensar e por isso mudar é tão difícil. Mas a velocidade com que as mudanças acontecem exige que tenhamos uma alta capacidade de adaptação”, destaca.

E não é só de adaptação. Há, ainda, outros conceitos que vêm no bojo dessas mudanças, como co- criação. É o que avalia Luciana Depieri, diretora de RH da VMware na América Latina, que oferece soluções em infraestrutura em nuvem e mobilidade corporativa. Esse item instiga a busca de formas de valorizar e empoderar os talentos para que estejam mais engajados, criando práticas mais integradas com a realidade da empresa e mais avançadas em termos de gestão. ”Paralelamente, precisamos, ainda, ajudar a empresa a criar uma cultura de ouvir e aprender, conectar e colaborar, além de influenciar e promover”, destaca.

E, claro, não se pode deixar de lado o desafio de ajudar a empresa a conquistar novos mercados ou a se manter no que está. Estes, por sua vez, oferecem ao RH uma boa oportunidade para liderar as transformações que exigem mais agilidade de processos, maior produtividade dos colaboradores, maior diversidade e uma pressão para tomada de decisão mais assertiva, explica Ana Paula Nunes, diretora-executiva de gestão de pessoas e cultura da Atlântica Hotéis.

No caso da rede em que ela atua, isso passa por repensar a maneira de fazer negócios, quebrar paradigmas em relação aos processos, comportamentos, pela criação de uma cultura próxima ao business. “Outro fator importante é buscar alternativas tecnológicas que nos permitam ser mais eficientes e que suportem os líderes na tomada de decisão”, conta Ana Paula.

Todos esses desafios e tarefas podem ser englobados em grupos, de acordo com o que explica Susan Paiva, gerente da diretoria de desenvolvimento de executivos da Fundação Dom Cabral (FDC) e responsável técnica pelo programa RH Tripie- A, realizado em parceria com a ABRH-Brasil para tornar a contribuição da área cada vez mais relevante e estratégica para as organizações. E todos esses desafios tendem a se acirrar daqui em diante.

Um deles refere-se à “antecipação”: o RH tem de fazer uma leitura ampla de contexto, olhar para o futuro, para a sociedade e para o mercado, identificando proativamente as demandas e desafios pelos quais será responsável na criação de estratégias e soluções para a organização. “O outro está ligado à ‘adaptabilidade’: ter flexibilidade e criatividade para fazer novas perguntas e desafiar o status quo nas empresas, para que elas evoluam em seus mindsets e negócios, no intuito de serem inovadoras”, acrescenta Susan. O terceiro tem a ver com autonomia e protagonismo: liderar com coragem os desafios presentes e futuros das organizações, incluindo processos de transformação de toda ordem.

AINDA BEM QUE ELES EXISTEM

Com tantos desafios, resta ao RH lamentar em um vale de lágrimas, não? Não se deve reclamar dessas “provações”, pois elas sempre existirão e ajudam a fazer a vida valer a pena. Quem afirma é Robert Wong, chairman da Havik, boutique de executive search. “Imagine com seria chato se tudo fosse previsível e uniforme. Não temos controle absoluto sobre os desafios ou, na melhor das hipóteses, muito pouco. Mas uma coisa podemos e devemos ter: controle sobre nossa atitude”, diz. Em outras palavras: diante de um desafio que não controlamos, se nossa atitude for positiva, ele se tornará uma oportunidade; do contrário, teremos um problema. Será que o desafio de se reinventar é uma oportunidade ou um problema? Veremos.

Para se preparar para vencer essas demandas – e as que estio porvir -, o profissional de RH precisa, além de estar a par do que acontece ao seu redor, tanto interna quanto externamente, estudar muito. E a lista de tarefas continua, segundo Wong: esse profissional tem de entender o comportamento humano; fazer intercâmbio cultural; realizar estágios nas diversas áreas da empresa. Ah! E escutar bastante para, assim, t:razer as mudanças, ou melhor, as transformações necessárias. ”Mudança é uma nova forma de agir ou de parecer, já transformação é uma nova forma de ser e de viver. As empresas que se transformaram estão sobrevivendo e crescendo. Isso traz uma lição para o RH: é fundamental transformar-se em uma pessoa de negócios que vê o todo e não apenas ter o foco em RH”, aconselha ‘Wong. Caso contrário, que riscos ele corre?

Em sua trajetória em gestão de pessoas, Adriano Lima sempre ouviu dizer que o RH iria sumir. No entanto, o desafio da gestão da cultura e das pessoas é cada vez maior nas empresas, o que faz com que a área ainda exista. “Mas ela deve se reinventar bastante. Na minha época de executivo, quando me perguntavam se eu era de RH eu respondia que não, eu era de negócios. Mas o interlocutor, surpreso, sempre retrucava: ‘Ué? Mas você não é VP de RH?’. ‘Sim, mas eu sou de negócios; RH é a área em que estou atuando’. Sempre posicionei minhas ‘áreas de RH’ como de negócio”, diz Lima.

NO LUGAR DO CEO, QUEM SABE

Seguindo o caminho de colocar RH como área de negócios, num futuro próximo, Wong a possibilidade de ela se transformar em um centro de lucro, deixando a imagem e o papel de um centro de custos, como o consultor percebe com frequência. “Essa evolução faz muito sentido, pois toda contratação, treinamento e desenvolvimento, programas de retenção e sucessão, enfim todas as iniciativas e atividades de recursos humanos visam o resultado da empresa e podem ser mensuráveis e, portanto, passíveis de recompensas ou penalidades”, diz Wong.

Ao sair da caixa, o profissional de RH pode mirar outros alvos. Ser CEO, quem sabe. Aliás, Wong diz que o perfil mais demandado hoje é o de alguém que efetivamente possa ser um eventual sucessor do principal líder de uma empresa. “Quem deve ter o melhor salário, depois do próprio CEO, é o executivo de RH, pois ele tem a gestão do patrimônio mais importante da empresa: as pessoas. Infelizmente, as estatísticas mostram que são raros os que chegam até o topo. Como mudar esse quadro? preciso que o RH se valorize, pois se ele não o fizer, quem fará? E que se reinvente também.

Nesse processo de reinvenção e de aproximação do CEO, seja como braço direito, seja como alguém que possa ocupar esse cargo, um dos caminhos possíveis é buscar ajuda nas escolas de negócio. De acordo com Orticelli, do lnsper, essas instituições ajudam a trabalhar competências de gestão estratégica, de visão de negócio, de visão financeira, de interpretação e análise de dados e de outras ferramentas que auxiliam o profissional de RH a tomar as melhores decisões. “Procuramos formar líderes de negócios, de business partners. Queremos ampliar a visão desse profissional para além das disciplinas objetivas e técnicas como remuneração, por exemplo. Queremos dar, também, uma visão mais profunda de negócio, de alinhamento estratégico, de como ele influencia os executivos, de como trabalhar a questão de propósito”, observa Orticelli.

Agora, responda rápido: há quanto tempo se fala da necessidade de o profissional falar a linguagem dos negócios? E ser estratégico? Sim, há muito tempo. E se trata de uma demanda tão antiga quanto atual, como avalia Fábio Padovani, managing partner da consultoria Signium. “Pode soar repetitivo, mas os perfis mais procurados e admirados são esses”, diz. Esses profissionais são aqueles que estão conectados às mudanças, entendem e sabem expor claramente o impacto de seu papel no negócio como um todo. Ou seja, se você ainda não pensou em reinventar-se para assumir essa postura, para ajudar a pensar em novas formas de trazer vantagem competitiva aos negócios por meio das pessoas, ainda há tempo. Uma dica de Padovani é se capacitar em competências­ chave como visão de negócios, inovação e novas gerações, por exemplo. “Muitas competências ainda surgirão, passando obrigatoriamente pela área de RH, acredita o consultor.

Uma das consequências das inúmeras mudanças por que passam as empresas é ter cada vez menos colaboradores divididos por funções especializadas; a tendência é que eles passem a atuar de forma mais generalista, conforme a necessidade de cada momento da companhia. Por essa razão, o RH tem de saber cada vez mais sobre o negócio, ir além do seu escopo e conhecer outras áreas para ajudar na composição desses times. E, em meio a tudo isso, ser veloz e estar pronto para fazer todos os ajustes necessários no tempo certo, avalia Juliana Pinho, head de RH da Smiles, programa de multifidelização. Quer mais? “Além disso, é preciso tornar-se provedora de dados e informações para a tomada de decisões estratégicas”, diz.

OS CAMINHOS DO RH ATÉ AQUI

Juliana conta que, antes, em geral, o RH “moldava” as pessoas para que elas se encaixassem às organizações. “O colaborador estava interessado em receber o salário e ter estabilidade e segurança, além do pacote de benefícios que incluía carro, combustível, convênio médico. Ficar muito tempo na mesma empresa era mais do que um desejo”, lembra.

Hoje, o RH “molda as organizações para abrigar as pessoas e suas individualidades. “O colaborador tem foco em resultado, atua em ritmo mais acelerado e se torna motivado ao se sentir parte integrante da tomada de decisão, ele busca um propósito. E fica cada vez menos tempo com um mesmo empregador”, conta a executiva da Smiles. Aliás, a alta rotatividade não é tida como uma falha, ao contrário: “Hoje, as pessoas têm a sensação de que não podem permanecer muito tempo no mesmo lugar. Elas querem aprender e se desenvolver, e caso não encontrem isso na empresa em que atuam, mudam sem hesitar”, diz Juliana. De novo, o nó da atração e retenção.

Ainda falando das mudanças por que tem passado a área, Luciana, da VMware, lembra que, quando começou a atuar nela, o RH apenas administrava recursos humanos – contratava pessoas, administrava operacionalmente esses recursos e os processos de saída delas da organização. “Com o tempo, ele passou a criar práticas para ajudar os colaboradores em suas carreiras e a organização a ter processos mais efetivos”, diz. Com todas as mudanças nas organizações, o RH foi se tornando estratégico – ou havia essa demanda por. “Foi um longo caminho até chegar a ser uma área que agregue valor aos negócios por meio de processos para gestão. Começamos a gerenciar negócios e não mais apenas recursos”, diz.

Atualmente, Luciana vê o RH como uma área de negócios e suas prioridades devem estar alinhadas aos imperativos da companhia, além de estar centrada em pessoas. “Precisamos otimizar nossos investimentos nelas para mobilizar uma comunidade de inovadores comprometidos com o sucesso da empresa, por exemplo, com salas de aula digitais, colaboração online e global, Big Data, inteligência artificial, entre outras tantas ferramentas. Temos de valorizar todos, sendo inclusivos e oferecendo opções diversas. E precisamos ser rápidos na resolução de problemas complexos.”

MENTALIDADE DIGITAL

Agilidade: palavra-chave para RH. O tal futuro tecnológico que aí está presente diante de nós exige profissionais cada vez mais com uma mentalidade digital. Isso significa mais agilidade no tempo de resposta, em pensar em como transformar processos que são analógicos, hoje, para digitais e para a tomada de decisões baseadas em dados. Essa é avaliação de Orticelli, do lnsper. “Isso tem tido impacto importante no RH. Em especial na formação desses profissionais: exige-se alguém mais preparado, mais técnico, que não apenas goste de pessoas, mais que também estude o problema e procure, com base na análise de dados, tomar decisões melhores”, diz.

Mas nem todos os profissionais fizeram essa lição de casa. E o resultado? Ainda vemos muito RH se achando estratégico, quando na verdade…

Quando na verdade ainda estão na era cenozoica da gestão de pessoas. Algo mais ou menos o que Yuri Kruman, consultor e também membro do Forbes Coaches Council e colaborador da revista Forbes, vê no mercado: muita gente ainda usando tecnologias de 15 anos ou mais (em um mundo de mudanças velozes e “furiosas”, cada ano corresponde a quase mil anos), e adotando práticas que não são mais relevantes ou atualizadas para millennials e para a geração Z, por exemplo – além de focarem a conformidade muito mais do que o desenvolvimento e a retenção de talentos. “Alguns RHs são cada vez mais difamados por funcionários e candidatos por comportamentos não profissionais, por não saberem se comunicar. Ao mesmo tempo, os RHs de empresas que estão à frente e que são consistentemente melhores lugares para trabalhar investem muito mais em treinamento, desenvolvimento pessoal, profissional e de liderança, bem como em salários personalizados, benefícios e pacotes de incentivo”, diz ele. Ou seja, é preciso mudar esse quadro e trazer muitos para o século 21.

O QUE SERIA REINVENTAR O RH

Reinventar recursos humanos requer ajudar as organizações a resolverem um paradoxo, adianta  Paul Ferreira, professor de gestão estratégica da FDC e do programa RH Tripie A. Vejamos: por um  lado, as atividades-chaves de RH (como desenhar processos inovadores para atrair, desenvolver e reter os melhores colaboradores, por exemplo, tomaram-se algumas das tarefas estratégicas mais fundamentais pelas quais esses profissionais são responsáveis. “Além disso, vemos apelos crescentes para promover esse gestor para os altos escalões de gestão e fazer dele um parceiro estratégico do CEO”, diz Ferreira. Por outro lado, e aí completa-se o paradoxo, os profissionais de RH ainda são geralmente considerados “low men” na hierarquia gerencial, e raramente são favorecidos para a sucessão do CEO, e enfrentam a crescente concorrência de executivos experientes em negócios, mas com pouca experiência na função de RH.