PSICOLOGIA ANALÍTICA

DEJÁ-VU: OUTRA FORMA DE CAPTAR A REALIDADE

Durante a vivência, duvidamos da realidade por uma fração de segundo. Para neurocientistas, observar o fenômeno pode ajudar a entender melhor a consciência, os distúrbios de memória e como o cérebro produz uma imagem continua do que experienciamos.

Dejá-vu - outra forma de captar a realidade

Há mais de um século já se especulava sobre o que seria realmente o déjà-vu. Uma das conquistas recentes da ciência é a diferenciação entre o fenômeno e distúrbios específicos. Por exemplo: alucinações são percepções não associadas a estímulos externos, enquanto as imagens no déjà-vu são sempre vinculadas à realidade. A ilusão, neste último caso, consiste no fato de que, por um curto instante, algo desconhecido desencadeia uma sensação de familiaridade.

Atualmente, os fundamentos neuronais do déjà-vu ainda são conhecidos apenas de forma fragmentada. Durante muito tempo, foi bastante popular a ideia de que uma transmissão neuronal atrasada seria responsável por ele. Naturalmente, nos mais altos centros de processamento do cérebro, as informações ambientais vindas de diferentes regiões precisam ser fundidas a qualquer momento em uma impressão coerente. Seria, portanto, muito plausível que atrasos em um dos caminhos de transmissão causassem uma grande confusão e talvez também um déjà-vu.

O pesquisador Robert Efron já causou sensação em 1963 com uma teoria detalhada, feita no Hospital Administrativo dos Veteranos em Boston, em Massachusetts. Seus experimentos com a percepção temporal o levaram à hipótese de que o hemisfério esquerdo, mais especificamente o lobo temporal, seria responsável pela organização de tempo das impressões que chegam ao cérebro. Ali, todas as imagens apreendidas pela visão chegariam duas vezes, consecutivamente, com um intervalo de poucos milissegundos, uma vez diretamente, outra com um desvio pelo hemisfério direito. Se a transmissão indireta se atrasasse por algum motivo, então o lobo temporal esquerdo perceberia a diferença interpretando a cena, na segunda vez, como algo que já ocorreu.

CONEXÕES COM EPILEPSIA

A ideia básica de Efron da dupla percepção até hoje nunca foi refutada nem comprovada e, por outro lado, sabe-se que os lobos temporais têm um importante papel. Assim, alguns pacientes com dano nessa região cerebral relataram experiências frequentes de déjà-vu. O mesmo ocorreu com pessoas que sofriam de epilepsia. Foi constatado que o foco epilético se encontrava no lobo temporal. A partir daí, alguns estudiosos supuseram que os déjà-vus fossem nada menos que mini acessos do cérebro.

Avanços no campo da neurologia logo reforçaram a importância do lobo temporal. Quando um grupo de pesquisadores. coordenado pelo neurocirurgião Wilder Penfield (1891-1976), em Montreal estimulou eletricamente o cérebro aberto de seus pacientes epiléticos durante uma operação em 1959, alguns deles relataram experiências do tipo déjà-vu. O neurofisiologista Jean Bancaud (1921-1993) e seus colegas do Centro Paul Broca, em Paris, fizeram um relato semelhante em 1994: a estimulação do lobo temporal lateral ou medial desencadeou ocasionalmente em seus pacientes “estados oníricos”, entre os quais o déjà-vu também está incluído.

Apesar de ser questionável o quanto a experiência desencadeada artificialmente se assemelhasse à natural, as descobertas são plausíveis: afinal. o lobo temporal medial comprovadamente participa da memória declarativa e consciente. O hipocampo é fundamental para memorização de eventos específicos, o que nos permite revivê-los mentalmente mais tarde, como um filme. Ao seu lado estão o córtex para hipocampal e o rinal, assim como as amigdalas.

John D. E. Gabrieli e pesquisadores da Universidade Stanford apresentaram na Science resultados que sugerem que o córtex para-hipocampal e o hipocampo cumprem diferentes funções no processo da memória: enquanto o último permite a lembrança consciente de vivências, o giro para-hipocampal poderia distinguir entre estimules conhecidos e não conhecidos, e sem obrigatoriamente recorrer a uma lembrança concreta. A partir disso, Josef Spatt, do Instituto Ludwig Boltzmann, por exemplo, formulou em Viena a hipótese de que um déjà-vu surge quando o para-hipocampo desencadeia uma sensação de familiaridade sem a participação do hipocampo. Nesse instante, uma cena momentaneamente percebida seria entendida como conhecida, mesmo que não possa ter clara referência temporal. Provavelmente, diversas regiões cerebrais participam do déjà-vu: a intensiva sensação de estranhamento de si mesmo e da realidade, por exemplo, assim como a noção de tempo às vezes alterada indicam complexos processos conscientes. Durante um déjà-vu, nós duvidamos da realidade por uma fração de segundo. Ao mesmo tempo, essa pequena falha possibilita aos neurocientistas observar processos da consciência. Talvez as próximas pesquisas sobre déjà-vu ajudem não apenas a explicar como surgem distúrbios de memória, mas também como o cérebro consegue produzir uma nova imagem contínua da realidade

OUTROS OLHARES

COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS: O QUE SÃO E COMO DESENVOLVER

A Base Nacional Comum Curricular prevê que as escolas incluam em seus currículos o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos – o que deve acontecer a partir de 2020. Essas competências, que dizem respeito a aspectos como autonomia, trabalho em equipe e criatividade, no entanto, representam uma novidade e um grande desafio para muitos colégios.

Competências socioemocionais

Mãos suando, tensão, preocupação e insegurança. Esses sintomas atingem 80% dos estudantes brasileiros, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Um estudo da organização entrevistou estudantes brasileiros de 15 anos e chegou à conclusão que os estudantes brasileiros figuram entre os mais ansiosos do mundo. E o que isso interfere sobre as práticas pedagógicas e o grau de inovação de uma escola?

Bastante coisa: traz à tona a importância das chamadas competências socioemocionais, que têm sido apontadas como imprescindíveis à formação integral dos alunos. Essas competências cobrem, principalmente, cinco campos: autoconhecimento, autocontrole, automotivação, empatia e habilidades de relacionamento.

Esses campos, por sua vez, estão relacionados a 4 c’s: comunicação, criatividade, curiosidade e criticidade – competências que, juntas, produzem inovação e preparam o estudante para os desafios do século 21.

E o que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) diz sobre essas competências socioemocionais?

Formulada em dez competências gerais como estrutura para guiar o ensino básico no Brasil, a BNCC também deu destaque à temática de inteligência emocional.

O documento reforça que, assim como o desenvolvimento cognitivo, as competências socioemocionais deverão ser aprendizagens essenciais nas salas de aulas.

De acordo com a BNCC, é essencial que os estudantes sejam capazes de:

  • Respeitar e expressar sentimentos e emoções, atuando com progressiva autonomia emocional;
  • Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros;
  • Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro.

Se as crianças aprendem habilidades socioemocionais, elas vão ter consciência de quem são, quais são seus pontos fortes, como se desenvolver e trabalhar essas áreas.

O intuito desta inclusão é engajar os alunos nas salas de aula e com o seu próprio aprendizado, sabendo que cada um deles tem seus potenciais a serem explorados.

As principais competências que permeiam o aprendizado socioemocional são autoconsciência, autogerenciamento, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável.

É em torno desses pontos que se constrói um aprendizado capaz de orientar o estudante para toda a vida.

O que significa cada um deles?

  • Autoconsciência: Identificar emoções, ter percepção afiada, reconhecer pontos fortes, desenvolver autoconfiança e autoeficácia;
  • Consciência social: Saber olhar as coisas em perspectiva, desenvolver empatia, apreciar diversidade e respeitar os outros;
  • Autogerenciamento: Aprender a controlar impulsos, saber lidar com estresse, ter disciplina, automotivação, buscar objetivos, construir habilidades organizacionais;
  • Habilidades de relacionamento: Comunicação, engajamento social, construir relações e saber trabalhar em grupo;
  • Tomada de decisão responsável: Identificar problemas, analisar e avaliar situações, solucionar problemas, refletir, ter responsabilidade ética.

Com a aplicação destas habilidades nas escolas, as competências socioemocionais geram impactos positivos em várias esferas da vida de um aluno, de acordo com um relatório do Global Education Leader’s Program Brasil:

  • Na aprendizagem: geram ambiente mais favorável à aprendizagem e melhores resultados dos alunos nas disciplinas curriculares tradicionais;
  • No desenvolvimento integral: preparam os estudantes para estar no mundo, compreender os diferentes, ser críticos e atuantes e tomar decisões pautadas na ética. Ajudam-nos a construir seu projeto de vida e a se capacitar para o mundo do trabalho;
  • Na promoção de equidade: dialogam com as necessidades da sociedade civil, mobilizam famílias e contemplam seus anseios, suprem carências de oportunidades e geram impacto nos indicadores sociais;
  • Na mudança cultural: transformam o currículo e a escola, estimulam a atitude cidadã, contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de paz.

É importante ressaltar que a ideia da BNCC não é transformar essas competências, necessariamente, em componente curricular, mas articular a sua aprendizagem à de outras habilidades relacionadas às áreas do conhecimento.

Muitas dizem respeito ao desenvolvimento socioemocional que, para acontecer de fato, deve estar incorporado ao cotidiano escolar, permeando todas as suas disciplinas e ações. O desafio, portanto, é complexo, pois impacta não apenas os currículos, mas processos de ensino e aprendizagem, gestão, formação de professores e avaliação. Mas os resultados, certamente, justificam tamanho desafio – e trazem a inovação que as escolas tanto procuram.

Competências socioemocionais.2

GESTÃO E CARREIRA

ESSA MANIA DE DEIXAR PARA AMANHÃ…

A procrastinação costuma provocar desconfortos emocionais como aumento do estresse, culpa, perda de produtividade e sentimento de vergonha pelo não cumprimento dos compromissos e responsabilidades. Mas podemos aprender a lidar com essa característica.

Essa mania de deixar para amanhã...

De um lado, uma lista de tarefas a serem cumpridas. Do outro, os prazos que ficam a cada hora mais curtos. No meio, aquela “enrolação” que aparece em forma de dificuldade enorme de concentração, navegação absolutamente improdutiva nas redes sociais, sensação de torpor ou agitação. Ou seja: nada que contribua para a realização das atividades com as quais nos comprometemos. E à medida que o tempo passa o desconforto emocional aumenta, marcado pela impressão de que jogamos fora um tempo precioso, que não foi usado de forma produtiva para o trabalho ou estudo no momento adequado. E pior: nem de maneira realmente prazerosa para o lazer ou o descanso. Essa espécie de armadilha da qual pouca gente está imune atende pelo nome de procrastinação, um vocábulo que vem do latim. Procrastinatus (pro significa “à frente” e crastinus é relativo a “amanhã “).

“Esse é um dos grandes problemas da atualidade, em especial entre os mais jovens, diz o psicólogo Tim Pychlyl, pesquisador da Universidade de Carleton, no Canadá, que estuda o fenômeno há mais de duas décadas. Segundo ele, a procrastinação pode ser prejudicial para a saúde mental com o aumento do estresse, da sensação de culpa e sentimento de vergonha pelo não cumprimento dos compromissos e responsabilidades. Na opinião de Pychlyl, a forma como a pessoa com esse comportamento percebe o tempo deve ser considerada, mas a questão tem outras facetas, já que estamos falando da decisão de não fazer algo mesmo se sabendo que a longo prazo isso será pior. “Estamos falando de falta de organização e emocional, da capacidade de controlar impulsos e, em última instância, da dificuldade de cuidar de si mesmo”.

Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, demonstrou que pessoas que acreditam dominar as adversidades e ter alguma possibilidade de escolha, por mais desagradável que fosse a tarefa a ser cumprida, eram mais propensas a insistir em sua realização. Essa conclusão se alinha com as de outros estudos, segundo os quais temos maiores chances de persistir na realização de um trabalho quando sentimos que é uma escolha a sua realização. Ou seja: pode não ser agradável preparar uma apresentação, mas desejamos nos sair bem entre nossos colegas e não fazer uma boa exposição trará consequências negativas.

MUDANÇA DE HÁBITO

Psicólogos cognitivos argumentam que colocar no papel nossas metas, de preferência com detalhes, pode ser muito útil. A técnica consiste em especificar também quais as possíveis dificuldades que a pessoa poderá enfrentar até chegar a seu objetivo e as estratégias que podem ser usadas em cada caso. Com isso. as dificuldades são antecipadas junto com as soluções, o que, para muitas pessoas, ajuda a diminuir o nível de ansiedade. “Identificar comportamentos específicos, decidir quando realizá-los e, depois, insistir em repeti-los costuma ser bastante eficaz, diz a psicóloga e pesquisadora Phillippa Lally, da Universidade College London. Um estudo coordenado por ela mostrou que formar um novo hábito pode levar de 18 até 254 dias. dependendo do comprometimento da pessoa, do grau de motivação, das condições externas e da dificuldade de incorporação do novo comportamento. “Claro que em algum momento vamos nos sentir tentados a desistir, mas, se tivermos planos previamente traçados, teremos menos oportunidade de sabotar as boas intenções, observa. Segundo a pesquisadora, se a proposta é ter uma dieta mais saudável com mais frutas e vegetais no cardápio, por exemplo, é útil definir em que momento do dia vamos comer as porções: talvez uma em cada refeição principal outra no lanche da tarde, a última após o jantar. Também é preciso definir em que ocasião o alimento será comprado, preparado e até transportado, caso as refeições não sejam feitas em casa. Detalhes, com certeza – mas, quando se trata de cuidar de si mesmo, eles podem fazer toda a diferença.

Um dos grandes inimigos da realização dos objetivos no tempo desejado está no pensamento mágico, uma forma primitiva de raciocínio: segundo essa lógica, algo que fazemos, elucubramos ou apenas queremos tem a capacidade de influir no mundo concreto, como que por encanto, ainda que não exista nenhuma relação efetiva entre o que tomamos por causa e por efeito. O psiquiatra Derek Bolton definiu esse funcionamento como “a expressão de fenômenos reais por causas irreais”. Embora essa maneira de pensar seja típica da infância, muitos cultivam na vida adulta a ideia equivocada de que algum fator externo nos trará a realização de um propósito, sem que tenhamos de fazer algo específico para sua concretização – o que nos acomoda e afasta da realização do objetivo.

O fato é que, na contramão das tão almejadas soluções prontas, empenhar-se em realizar o que queremos exige comprometimento e esforço. Mas, seguindo a lógica do imediatismo, cultivamos a ilusão de que tudo deve ser fácil múltiplo, sem perdas. Assim, focar um único objetivo que exija esforço costuma ser considerado entediante, exageradamente sofrido. É como se diante da falta de espaço psíquico para suportar a espera da recompensa buscássemos gratificações menores, ainda que de fato não nos satisfaçam. “Embora seja tentadora a possibilidade de “escolher” entre a aparente profusão de opções que o mundo atual nos oferece, o problema é que a maioria delas leva a lugares distantes da raiz dos nossos conflitos e aflições, impedindo que os enfrentemos”, afirmou o sociólogo Zygmunt Bauman em entrevista, dois anos antes de sua morte, em 2017.

“Felizmente, muitos estudos já comprovam que podemos aprimorar o autocontrole com a prática”, diz o doutor em psicologia Mark Muraven, professor da Universidade do Estado de Nova York, em Albany. Ele compara o processo para aumentar a força de vontade ao do fortalecimento dos músculos. A dificuldade para a realização de uma meta, porém, pode não ser tão óbvia e guiada apenas pela vontade imediata. Processos e crenças inconscientes, dos quais sequer nos damos conta, podem estar por trás do que denominamos “incapacidades”. Nesses casos, a ajuda de um psicanalista costuma ser essencial. Durante a análise, vêm à tona questões latentes, que subjazem ao que parece mais imediato e acessível à compreensão. E mesmo a dificuldade em realizar aquilo a que a pessoa se propôs pode ganhar sentidos que ajudam a entender a dinâmica psíquica.

“Se você se torna impaciente e irritado quando tenta modificar seu jeito de agir, tem poucas chances de ter sucesso. Mas, se encara a situação com calma e de maneira mais flexível é provável que tenha maior abertura para descobrir os caminhos que conduzem aonde quer chegar”, afirma o psicólogo B. J, Fogg, pesquisador da Universidade Stanford.

Essa mania de deixar para amanhã....2

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 13: 1-17 – PARTE III

Alimento diário

Cristo Lavando os Pés dos Discípulos. A Necessidade de Obediência

 

III – Cristo lavou os pés de seus discípulos para que este ato pudesse representar para eles uma lavagem espiritual, e a purificação da alma das contaminações do pecado. Isso é claramente declarado em sua conversa com Pedro sobre este assunto, vv. 6-11, na qual podemos observar:

1. A surpresa de Pedro ao ver seu Mestre cuidando desse serviço degradante (v. 6): Ele se aproximou de Simão Pedro, com sua toalha e uma bacia, e ordenou-lhe que expusesse seus pés para serem lavados. Crisóstomo presume que primeiro Ele lavou os pés de Judas, que prontamente aceitou a honra, e ficou feliz em ver seu Mestre se rebaixar desse modo. Porém, é mais provável que, ao realizar esse serviço (que é expresso pela frase “começou a lavar”, v. 5), o Senhor tenha começado por Pedro, para que os demais não se recusassem, por não terem ouvido a explicação contida no diálogo anterior entre o Senhor e Pedro. Quer Cristo tenha se dirigido primeiro a Pedro ou não, quando se dirigiu a ele, Pedro ficou surpreso com a proposta: “Senhor”, diz ele, “tu lavas me os pés a mim?” Aqui há uma ênfase que deve ser colocada sobre os termos “tu” e “mim”, e a colocação das palavras é notável, Tu lavas-me os pés a mim? O que é esse tu? E quanto a mim? Essas coisas devem ser contempladas mais do que expressadas. “Por que tu, nosso Senhor e Mestre, a quem nós conhecemos e acreditamos ser o Filho de Deus, o Salvador e Soberano do mundo, fazes isso por mim, um inútil verme da terra, um homem pecador, Senhor? Devem lavar meus pés essas mãos que com um toque têm purificado os leprosos, dado a visão aos cegos e ressuscitado aos mortos?” Assim disse Theophylact, e, apoiando-se nele, o Dr. Taylor. De muito bom grado, Pedro teria pego a bacia e a toalha, e lavado os pés de seu Mestre, e ficado orgulhoso dessa honra, Lucas 17.7,8. “Isso teria sido natural e normal. Mas o fato de o meu Mestre lavar meus pés é de uma impropriedade como nunca houve. Permitir isto seria uma falta de delicadeza para com Ele, um paradoxo tão grande, que eu não posso entender. É esse “o costume dos homens?” Observe que as condescendências de Cristo, especialmente suas condescendências para conosco, das quais tomamos conhecimento através da sua graça, são, de forma justa, motivo de nossa admiração, cap. 14.22. Quem sou eu, Senhor Deus? E qual é a casa de meu pai?

2. A imediata resposta que Cristo deu a essa pergunta que indicava surpresa. Isto, ao menos, era suficiente para calar suas objeções (v. 7): “O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois”. Aqui estão duas razões pelas quais Pedro deveria se submeter ao que Cristo estava fazendo:

(1) Porque, no momento, ele estava desinformado no tocante a isso, e não devia opor-se àquilo que ele não entendia, mas concordar com a vontade e a sabedoria de alguém que podia dar uma boa razão para tudo aquilo que dizia e fazia. Cristo ensinaria Pedro a ter uma obediência completa: ‘”O que eu faço, não o sabes tu, agora’, e, consequentemente, não és um juiz adequado para isso, mas deves acreditar que isso é o melhor a ser feito, porque eu o estou fazendo”. Observe que nossa consciência de que trabalhamos sob a ignorância, e nossa incapacidade de avaliar o que Deus faz, deveria nos tornar indulgentes e modestos em nossas censuras aos seus procedimentos. Veja Hebreus 11.8.

(2) Porque, nesse ato, havia alguma coisa importante, cujo significado Pedro saberia mais tarde: ‘”Tu o saberás depois’, por que necessitas ser lavado, quando fores culpado do abominável pecado de me negar”, segundo alguns. “Tu o saberás, quando, no desempenho da função de um apóstolo, fores usado na purificação daqueles que carregam seu fardo de pecados e contaminações, daqueles que estão apegados à iniquidade”, segundo o Dr. Hammond. Observe que:

[1] Nosso Senhor Jesus faz muitas coisas cujo significado nem mesmo seus próprios discípulos conhecem por hora, mas o saberão depois. O que Ele fez quando se tornou homem por nós e o que Ele fez quando se tornou um verme, e não um homem, por nós, o que Ele fez quando viveu nossa vida e o que Ele fez quando renunciou a ela, não podia ser compreendido, senão mais tarde, e parecia, então, que isso convinha a Ele, Hebreus 2.17. Providências subsequentes explicam as anteriores, e nós percebemos posteriormente qual era o objetivo benevolente de eventos que pareciam totalmente opostos, e situações em que o modo como pensávamos estava a ponto de se mostrar correto.

[2] A lavagem dos pés dos discípulos por Cristo tinha um significado que eles próprios só entenderam mais tarde, quando Cristo explicou que ela era uma espécie de lavagem da regeneração, e quando o Espírito foi derramado do céu sobre eles. Devemos deixar que Cristo use seus próprios métodos, tanto em suas leis quanto em suas providências, e assim descobriremos, através dos resultados, que Ele faz tudo da melhor maneira possível.

3. A recusa peremptória de Pedro em permitir que Cristo lavasse seus pés (v. 8): “Nunca me lavarás os pés”. “Não, nunca”. Assim está no original. É a linguagem de uma resolução firme. Sendo assim:

(1) Aqui havia uma demonstração de humildade e modéstia por parte do Senhor. Em vista disto, Pedro parecia ter, e sem dúvida realmente tinha, um grande respeito por seu Mestre, como ele o admitira, Lucas 5.8. Dessa maneira, muitos são enganados pensando que serão recompensados por uma humildade voluntária que está de acordo com seu próprio pensamento, e não de acordo com a vontade do Senhor (Colossenses 2.18,23). Nossa renúncia deve estar de acordo com aquilo que Cristo ordena ou aceita, pois:

(2) Sob essa aparência de humildade, havia uma verdadeira contradição à vontade do Senhor Jesus: “Eu lavarei teus pés”, diz Cristo. “Nunca me lavarás”, diz Pedro. “Isso não é uma coisa apropriada”, querendo se fazer, desse modo, mais sábio do que Cristo. Não é humildade, mas deslealdade, colocar de lado as dádivas do Evangelho, como se fossem preciosas demais para serem concedidas a nós ou boas demais para serem verdadeiras.

4. A persistência de Cristo em sua oferta, e a boa razão pela qual Pedro deveria aceitá-la: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo”. Isto pode ser entendido:

(1) Como uma severa advertência contra a desobediência: “Se eu te não lavar, se tu continuares insubmisso, e não acatares a vontade de seu Mestre em algo tão pequeno, não serás reconhecido como um dos meus discípulos, mas serás merecidamente rejeitado e expulso por não cumprir ordens”. Vários dos antigos entendem isso desse modo. Se Pedro se julgar mais sábio do que seu Mestre, e discutir as ordens que deveria obedecer, ele, na verdade, estará renunciando sua fidelidade, e dizendo aquilo que outros disseram: “‘Que parte temos nós com Davi’, no Filho de Davi?” E assim virá sua perdição, e ele não terá parte com o Senhor. Que ele não tenha mais condutas que lhe serão prejudiciais, pois “o obedecer é melhor do que o sacrificar”, 1 Samuel 15.22. Ou:

(2) Como uma declaração da necessidade da lavagem espiritual, e assim eu penso que deva ser entendido: “Se eu não lavar tua alma da contaminação do pecado, não terás parte comigo, nenhum interesse em mim, nenhuma comunhão comigo, nenhum benefício através de mim”. Observe que todos aqueles, e somente aqueles, que são espiritualmente lavados por Cristo, é que têm parte em Cristo.

[1] Toda a felicidade de um cristão está associada a ter parte em Cristo, ou com Cristo, a ser participante de Cristo (Hebreus 3.14), a compartilhar esses privilégios inestimáveis que resultam da união e do relacionamento com Ele. Esta é aquela boa parte cuja posse é a única coisa indispensável.

[2] Para que tenhamos parte em Cristo, é necessário que Ele nos lave. Todos aqueles a quem Cristo reconhece e salva, Ele justifica e santifica, e estas bênçãos estão incluídas no ato de lavá-los. Não podemos participar de sua glória se não participamos de seu mérito e justiça, como também de seu Espírito e graça.

5. Mais do que a submissão de Pedro, seu fervoroso pedido para ser lavado por Cristo, v. 9. Observe o significado de suas palavras: “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. Como o pensamento de Pedro mudou rapidamente! Quando o erro de sua compreensão foi reparado, a determinação deturpada de sua vontade foi logo modificada. Não devemos ser tão radicais em qualquer decisão (exceto em nossa decisão de seguir a Cristo), porque podemos logo enxergar razões para voltar atrás. Devemos ser cuidadosos ao assumirmos um compromisso que exija persistência. Observe:

(1) Como Pedro está preparado para retroceder naquilo que tinha dito: “Senhor, que tolo fui eu ao proferir algo tão precipitado!” Agora que a lavagem dele parecia ser um ato da autoridade e da graça de Cristo, ele a aceita. Mas Pedro não gostou quando esta lhe parecia apenas um ato de humilhação. Observe que:

[1] Homens bons, quando percebem seus erros, não se recusarão a se retratar.

[2] Cedo ou tarde, Cristo fará com que todos pensem como Ele.

(2) Como ele é inoportuno para a graça purificadora do Senhor Jesus, e o poder universal desta graça maravilhosa precisa estar até mesmo sobre suas mãos e sua cabeça. Observe que a separação de Cristo, e a exclusão de ter participação nele, é o mal mais temível aos olhos de todos os que são esclarecidos, pelo temor do qual eles serão persuadidos a fazer qualquer coisa. E por medo disso, devemos ser sinceros em nossas orações a Deus, para que Ele nos lave, justifique e santifique. “Senhor, que eu não seja removido da tua presença. Torne-me merecedor de ti, pela lavagem da regeneração. Senhor, lave não apenas meus pés, de todas as contaminações que se prendem a eles, mas também minhas mãos e minha cabeça, das manchas que contraíram, e da sujeira imperceptível que se origina na transpiração do meu próprio corpo”. Observe que aqueles que verdadeira­ mente desejam ser santificados, desejam sê-lo por completo, e ter o corpo inteiro, com todas as suas partes e forças, purificado, 1 Tessalonicenses 5.23.

6. A explicação de Cristo deste símbolo, na medida que ele representa uma lavagem espiritual.

(1) Com referência aos seus discípulos que lhes eram fiéis (v. 10): ”Aquele que está lavado”, que é completamente lavado no banho (como era habitualmente praticado nessas regiões), tendo lavadas sua cabeça e suas mãos, e tendo apenas sujado seus pés ao caminhar para casa quando retorna para sua casa, “não necessita de lavar senão os pés”. Pedro havia ido de um extremo ao outro. No princípio, ele não queria deixar Cristo lavar seus pés, e agora ele desconsidera o que Cristo havia feito por ele em seu batismo (o que era expresso através disso), e clama para que suas mãos e sua cabeça sejam lavadas. Agora Cristo o instrui quanto ao significado. Ele precisa lavar seus pés, mas não suas mãos e sua cabeça.

[1] Veja aqui qual é o conforto e o privilégio daqueles que estão em uma condição justificada; Eles são lava­ dos por Cristo, e cada partícula é purificada, isto é, eles são bondosamente aceitos por Deus, como se fossem justos. E, embora pequemos, não precisamos ser justificados exatamente como no início, pois os pecados que cometemos não são voluntários. Por esta razão, não precisamos ser frequentemente batizados quando nos arrependemos de nossas falhas cotidianas. A evidência de uma condição justificada pode estar oculta, e seu conforto, suspenso, apesar de o privilégio ainda não ter sido cancelado ou retirado. Embora tenhamos oportunidade de nos arrependermos diariamente, “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. O coração pode ser varrido e enfeitado, e ainda assim continuar sendo o palácio do Diabo. Mas, se ele for lavado, pertencerá a Cristo, e o Senhor não o desperdiçará, nem o lançará fora.

[2] Veja qual deveria ser a preocupação diária daqueles que, através da graça, estão em uma condição justificada, e isto é lavar os pés. Purificarem-se da culpa que contraem diariamente através das fraquezas e das negligências, pelo renovado exercício do arrependimento, com uma perseverança confiante na virtude do sangue de Cristo. Nós também devemos lavar nossos pés através da vigilância constante contra tudo o que contamina, pois devemos purificar nosso caminho, e lavar nossos pés levando isso em conta, Salmos 119.9. Os sacerdotes, quando eram consagrados, eram purificados com água, e, embora depois não precisassem ser lavados completamente, ainda assim, sempre que iam ministrar, eles deviam lavar seus pés e suas mãos, sob pena de morte, Êxodo 30.19,20. A provisão feita para nossa purificação não deveria nos tornar presunçosos, mas sim ainda mais cautelosos. “Já lavei os meus pés. Como os tornarei a sujar?” Do perdão ele ontem, nós deveríamos extrair um argumento contra a tentação de hoje.

(2) A acusação a Judas: “Vós estais limpos, mas não todos”, v. 10,11. Ele declara seus discípulos limpos, limpos através da palavra que Ele lhes havia falado, cap. 15.3. Ele próprio os lavou e depois disse: “Vós estais limpos”. Mas Ele exclui Judas: “Mas não todos”. Eles eram todos batizados, mesmo Judas, mas não todos limpos. Muitos possuem o símbolo, mas não aquilo que ele representa. Observe que:

[1] Mesmo entre aqueles que são chamados discípulos de Cristo, e manifestam relação com Ele, existem alguns que não estão limpos, Provérbios 30.12.

[2) “O Senhor conhece os que são seus”, e aqueles que não são, 2 Timóteo 2.19. A visão ele Cristo pode distinguir entre o precioso e o vil, o puro e o impuro.

[3] Quando aqueles que chamam a si mesmos de discípulos mais tarde mostram ser traidores, no final, sua apostasia é, até certo ponto, uma evidência de sua hipocrisia desde o princípio.

[4] Cristo percebe que é necessário deixar seus discípulos saberem que não estão completamente limpos, para que possamos todos desconfiar a respeito ele nós mesmos (Sou eu, Senhor? Sou eu que estou entre os limpos, mas ainda assim não estou limpo?), e para que, quando os hipócritas forem descobertos, isso não possa ser surpresa nem obstáculo para nós.

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