JOÃO 9: 13-34 – PARTE – III

A Reprovação dos fariseus. Esta reprovação é refutada
[2] Por isto, eles zombam do homem e o ofendem, v. 28. Quando não puderam resistir à sabedoria e à energia com as quais o homem curado falou, eles se inflamaram e zombaram dele, começaram a ofendê-lo e dizer-lhe palavras vis. Veja o que as testemunhas fiéis de Cristo devem esperar dos adversários à sua verdade e causa, podem ter certeza de que dirão todo o mal contra eles, Mateus 5.11. O método comumente usado pelos homens irracionais é o de compensar com ofensas o que falta em verdade e razão.
Em primeiro lugar, eles ridicularizaram este homem pelo seu afeto por Cristo. Eles lhe disseram: “Discípulo dele sejas tu”, como se isto fosse uma repreensão suficiente, e eles não pudessem dizer nada pior dele. “Nós nos recusamos a ser seus discípulos, e deixaremos esta honra para você, e para outros tolos como você”. Eles fazem o que podem para dar má fama à religião de Cristo, e para apresentar sua profissão como uma coisa escandalosa e desprezível. Eles o injuriaram. A Vulgata apresenta eles o amaldiçoaram. E qual seria sua maldição? Era esta: “Discípulo dele sejas tu”. “Que tal maldição”, diz Agostinho aqui, “possa estar sempre sobre nós e nossos filhos!” Se nós medirmos nossa credibilidade e desgraça a partir do sentimento, ou melhor, dos clamores de um mundo enganado e cego, nós nos glorificaremos na nossa vergonha, e nos envergonharemos na nossa glória. Eles não tinham motivos para chamar este homem de discípulo de Cristo, ele nunca o tinha visto, nem o tinha ouvido pregar. Ele só tinha falado favoravelmente sobre um ato de bondade e misericórdia que Cristo lhe tinha feito, e isto eles não conseguiam suportar.
Em segundo lugar, eles se gloriavam pela sua relação com Moisés como seu mestre: “‘Nós, porém, somos discípulos de Moisés’, e não precisamos de outro mestre, nem desejamos outro”. Observe:
1. Os professores carnais de religião são muito capazes de confiar e de se orgulhar das dignidades e dos privilégios da sua profissão de fé, embora sejam estranhos aos princípios e poderes da sua religião. Estes fariseus tinham, antes, se vangloriado da sua boa ascendência: “Somos descendência de Abraão”. Aqui eles se vangloriam da sua boa educação: “Nós… somos discípulos de Moisés”, como se isto os salvasse.
2. É triste ver o quanto uma parte da religião sofre oposição sob o pretexto do zelo da outra parte. Havia uma harmonia perfeita entre Cristo e Moisés. Moisés ajudou a preparar o caminho para Cristo, e Cristo aperfeiçoou Moisés, de modo que eles poderiam ser discípulos de Moisés e ser também discípulos de Cristo. Mas aqui eles os combatem, pois não poderiam ter persegui do a Cristo, exceto sob o refúgio do nome mal-empregado de Moisés. Assim, aqueles que contradizem a doutrina da graça gratuita procuram valorizar a si mesmos como promotores do dever do homem: “Nós… somos discípulos de Moisés”. Enquanto isto, por outro lado, aqueles que cancelam a obrigação da lei se valorizam como os defensores e os proclamadores da graça gratuita, como se ninguém mais fosse discípulo de Jesus, exceto eles. Mas se compreendermos corretamente o assunto, veremos a graça de Deus e o dever do homem se encontrando, e ajudando um ao outro.
Em terceiro lugar, eles oferecem algum tipo de razão para se unirem a Moisés contra Cristo (v. 29): “Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos ele onde é”. Mas não sabiam eles que entre outras coisas que Deus falou a Moisés estava esta, ele que eles deviam esperar outro profeta, e nas revelações da mente ele Deus? Mas, quando nosso Senhor Jesus, de acordo com o que Deus tinha dito a Moisés, manifestou-se, e deu provas suficientes ele ser aquele profeta, os judeus, sob o pretexto ele se apegarem à antiga religião e à sinagoga estabelecida, não somente perderam o direito às suas próprias graças, mas também abrira m mão delas. Neste argumento dos judeus, observe:
1. Como, ele maneira impertinente, eles alegam, em defesa da sua inimizade contra Cristo, aquilo que nenhum dos seus seguidores jamais negou: “Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés”, e, graças a Deus, nós sabemos também, Ele falou mais claramente a Moisés elo que a qualquer outro dos profetas. Mas, e daí? Deus falou a Moisés, e com base nisto pode-se concluir que Jesus é um impostor? Moisés era um profeta também? Moisés falou honrosamente ele Jesus (cap. 5.46), e Jesus falava honrosa mente ele Moisés (L c 16.29). Ambos eram fiéis à mesma casa ele Deus, Moisés como servo, e Cristo como Filho. Por isto, a defesa à autoridade divina ele Moisés, em oposição à de Cristo, era um artifício, para fazer as pessoas sem discernimento crerem que era tão certo que Jesus fosse um falso profeta quanto era certo que Moisés era um profeta verdadeiro, embora ambos fossem verdadeiros.
2. Como, de maneira absurda, eles apresentam o fato de não conhecerem a Cristo como uma razão para justificar seu desprezo por Ele: “Mas este”. Desta maneira desprezível, eles falam do bendito Jesus, como se não julgassem que valeria a pena carregar suas lembranças com um nome tão insignificante. Eles se expressam com tanto desdém pelo Pastor de Israel, como se Ele não fosse digno ele ser colocado junto aos cães do seu rebanho: “Mas este”, este pobre sujeito, “não sabemos de onde é”. Eles imaginavam ter a chave do conhecimento, de modo que ninguém pudesse pregar sem antes obter uma permissão sua, sob o selo do seu tribunal. Eles esperavam que todos aqueles que se propunham a ser professores os procurassem e lhes dessem satisfação, coisa que Jesus nunca tinha feito, nunca tinha reconheci do seu poder, a ponto de pedir-lhes permissão, e por isto eles o consideravam um intruso, e alguém que não entrava pela porta. Eles não sabiam de onde Ele vinha, nem o que Ele era, e por isto concluíram que Ele era um pecador, embora aqueles sobre os quais nós sabemos poucas coisas devam ser julgados de maneira caridosa. Mas as almas orgulhosas e limitadas não pensarão bem ele ninguém, exceto de si mesmas e daqueles nos quais têm interesse. Não fazia muito tempo que os judeus tinham feito uma objeção contra Cristo, contrária a esta (cap. 7.27): “Bem sabemos de onde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é”. Desta maneira, eles podiam, com a maior segurança, afirmar ou negar a mesma coisa, conforme vissem que ela podia lhes sentir. Eles não sabiam de onde Ele era, e de quem era a culpa?
(1) É certo que eles deveriam ter investigado. O Messias deveria aparecer nesta época, e lhes cabia investigar e examinar toda indicação. Mas estes sacerdotes, como os de Jeremias 2.6, não disseram: “Onde está o Senhor?” (
2) É certo que eles deviam ter sabido de onde Ele era, poderiam não apenas ter sabido, investigando os registros, que Ele tinha nascido em Belém, mas investigando sua doutrina, seus milagres e seu comportamento. Poderiam ter sabido que Ele era o enviado de Deus, e tinha ordens, comissão e instruções muito melhores do que quaisquer que eles lhe pudessem sugerir. Veja como é absurda a infidelidade. Os homens não desejam conhecer a doutrina de Cristo, porque estão decididos a não crer nela, e então decidem não crer nela porque não a conhecem. Tal ignorância e descrença, uma sustentando a outra, agravam uma à outra.
(3) Ele raciocina com eles a respeito deste assunto, e eles o excomungam.
[1] O pobre homem, achando que a razão estava do seu lado, à qual eles não poderiam contestar, fica mais ousado e, continuando com seus argumentos, se aproxima deles.
Em primeiro lugar, ele se admira da sua infidelidade obstinada (v. 30). De maneira nenhuma amedrontado pelas censuras deles, nem abalado pela confiança deles, corajosamente respondeu: “Ora, aqui está uma coisa maravilhosa”, o caso mais estranho de ignorância voluntária e deliberada de que jamais se ouviu entre homens que dizem ter bom senso, o fato de que vocês não sabem de onde Ele vem, e ainda assim Ele me abriu os olhos”. Ele se maravilha de duas coisas:
1. Do fato de que eles pudessem não conhecer alguém tão famoso. Aquele que podia abrir os olhos dos cegos certamente deveria ser um homem importante, e digno de que se prestasse atenção a Ele. Os fariseus eram homens curiosos, cor respondiam se e conheciam muita gente, julgavam ser os olhos da igreja e seus vigias, e ainda assim falavam como se julgassem abaixo deles conhecer um homem como este, e conversar com Ele. Isto realmente é muito estranho. Há muitos que passam por homens instruídos e inteligentes, que entendem de negócios e que podem falar sensatamente sobre outras coisas, mas que são espantosamente ignorantes da doutrina de Cristo, que não se preocupam, nem como curiosidade, em se familiarizar com aquilo que “os anjos desejam bem atentar”.
2. Do fato de que eles questionassem a missão divina de alguém que, indubitavelmente, tinha realizado um milagre divino. Quando disseram: “Este não sabemos de onde é”, eles quiseram dizer: “Nós não conhecemos nenhuma prova de que sua doutrina e seu ministério sejam do céu”. “É estranho”, disse o pobre homem, “que o milagre realizado em mim não tenha convencido vocês, e não tenha deixado a questão fora de dúvidas – que vocês, cuja educação e estudos lhes dão vantagens acima dos outros, de discernimento das coisas de Deus, fechem os olhos, desta maneira, para a luz”. É uma obra maravilhosa e um assombro, “porque a sabedoria dos seus sábios perecerá” (Isaias 29.14), que neguem a verdade cujas evidências não possam negar. Observe que:
(1) A descrença daqueles que têm os meios de conhecimento e convicção é verdadeiramente uma coisa maravilhosa, Marcos 6.6.
(2) Aqueles que sentiram pessoalmente o poder e a graça do Senhor Jesus maravilham-se especialmente com a determinação daqueles que o rejeitam, e, tendo tão bons pensamentos sobre Ele, surpreendem-se de que outros não tenham. Se Cristo tivesse aberto os olhos dos fariseus, eles não teriam duvidado de que Ele fosse um profeta.
Em segundo lugar, ele argumenta vigorosamente contra eles, vv. 31-33. Eles tinham determinado, ares peito de Jesus, que Ele não era de Deus (v. 16), mas um pecador (v. 24), e em resposta a isto, aqui o homem prova não somente que Ele não era um pecador (v. 31), mas que era de Deus, v. 33.
A. Aqui ele argumenta:
(a) Com grande conhecimento. Embora não soubesse ler o livro, ele estava bastante familiarizado com as Escrituras e as coisas de Deus. Ele não tinha o sentido da visão, mas tinha aprimorado o da audição, pelo qual vem a fé. Porém, isto não lhe teria sido útil, se não tivesse uma presença extraordinária de Deus com ele, e auxílios especiais do seu Espírito, nesta ocasião.
(b) Com grande zelo pela honra de Cristo, que ele não conseguiria suportar ouvir sendo destruída e difamada.
(c) Com grande ousadia, e coragem, e destemor, sem se aterrorizar pelo orgulho dos seus adversários. Aqueles que ambicionam os favores de Deus não devem temer as censuras dos homens. “Veja aqui”, diz o Dr Whitby, “um homem cego e sem instrução julgando com mais exatidão as coisas divinas do que todo o erudito conselho dos fariseus, ensinando nos, com isto, que não devemos sempre ser conduzidos pela autoridade dos conselhos, papas ou bispos, e que não é absurdo que os homens leigos algumas vezes tenham opiniões diferentes das deles, pois estes bispos, às vezes, são culpados de grandes negligências”.
B. Seus argumentos podem ser reduzidos a uma forma semelhante à do de Davi, Salmos 66.18-20. A proposta no argumento de Davi é: “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”. Aqui o propósito é o mesmo: “Deus não ouve a pecadores”. A suposição há: “Mas, na verdade, Deus me ouviu”. Aqui temo um resultado positivo, pois, na verdade, Deus ouviu ao Senhor Jesus, Ele foi honrado com a realização do que nunca tinha sido feito antes. A conclusão ali é a da honra: “Bendito seja Deus”. Aqui é a da honra do Senhor Jesus: Ele é “de Deus”.
(a) Ele apresenta, como uma verdade incontestável o fato de que ninguém, exceto os homens bons, são os favoritos do céu (v. 31): “Nós sabemos”, vocês sabem, tão bem quanto eu, “que Deus não ouve a pecadores; mas, SE alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse ouve”. Aqui:
[a] As afirmações, entendidas corretamente, são verdadeiras. Em primeiro lugar, seja dito para o terror dos ímpios: “Deus não ouve a pecadores”, isto é, a pecadores como aqueles a quem os fariseus se referiam quando falavam de Cristo: “Esse homem é pecador”, alguém que, sob a proteção do nome de Deus, cuidava dm interesses do Diabo. Isto não transmite nenhum incentivo para os pecadores arrependidos, mas somente para aqueles que continuam nas suas transgressões, que fazem suas orações não somente consistentes, mas também subservientes, aos seus pecados, como fazem os hipócritas. Deus não os ouvirá, Ele não os reconhecerá, nem dará uma resposta de paz às suas orações. Em segundo lugar, seja dito para o consolo dos justos: “Se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse ouve”. Aqui temos:
1. O caráter completo de um homem bom: ele é aquele que é temente a Deus e faz sua vontade. Ele é constante nas suas devoções, em horários determina dos, e regular no seu comportamento em todas as ocasiões. Ele é aquele que se dedica a glorificar seu Criador com a solene adoração ao seu nome, e uma obediência sincera à sua vontade e à sua lei. As duas coisas devem acontecer em conjunto.
2. O consolo indescritível de um homem assim: “A esse [Deus] ouve”. Ouve suas queixas e as alivia; ouve seus apelos, e o justifica; ouve seu louvor, e o aceita; ouve suas orações, e as atende, Salmos 34.15.
[b] A aplicação destas verdades é muito pertinente para provar que aquele, com cuja palavra foi exercido tal divino poder para curar um cego de nascença, não podia ser um homem mau, mas, tendo manifestadamente tal interesse no santo Deus, que sempre o ouvia (cap. 9.31,32), certamente era santo.
(b) Ele engrandece os milagres que Cristo tinha realizado, para fortalecer ainda mais o argumento (v. 32): “Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença”. Isto mostra, ou:
[a] Que era um milagre verdadeiro, e acima das forças da natureza. Nunca se tinha ouvido que qualquer homem, com uso de meios naturais, tivesse curado a alguém que era cego de nascença. Sem dúvida, este homem e seus pais tinham investigado muitos casos desta natureza, procurando saber se alguém já tinha sido ajudado, e não tinham ouvido falar de nenhum, o que permitia que ele dissesse isto com mais segurança. Ou:
[b] Que era um milagre extraordinário, e além dos precedentes dos milagres anteriores. Nem Moisés, nem nenhum dos profetas, embora fizessem grandes coisas, jamais fizeram coisas como esta, em que o poder e a bondade divinos parecem disputar qual brilharia mais. Moisés trouxe pragas de uma forma miraculosa, mas Cristo realizou curas miraculosas. Observe que, em primeiro lugar, as maravilhosas obras do Senhor Jesus eram tais como jamais haviam sido feitas antes. Em segundo lugar, convém que aqueles que receberam a misericórdia de Deus engrandeçam as graças que receberam, e falem honrosamente delas. O objetivo não é que, com isto, a glória possa redundar sobre os crentes, e assim pareça que são favoritos extraordinários do Céu, mas tudo isto é para que Deus possa ser glorificado cada vez mais.
(e) Ele, portanto, conclui: “Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer”, isto é, nada extraordinário, nada como isto, e, portanto, sem dúvida, Ele é de Deus, embora não esteja em conformidade com suas tradições quanto ao sábado. Observe que aquilo que Cristo fazia na terra demonstrava, suficientemente, que Ele era do céu, pois, se não tivesse sido enviado de Deus, não pode ria ter realizado tais milagres. É verdade que o homem do pecado vem com falsas maravilhas, mas não com ver dadeiros milagres. Da mesma maneira, supõe-se que um falso profeta poderia, com permissão divina, transmitir um sinal ou um prodígio (Deuteronômio 13.1,2), mas o caso é apresentado de modo que trouxesse consigo sua própria contradição, pois ele deve reforçar a tentação de servir a outros deuses, o que significava colocar a Deus contra si mesmo. Da mesma maneira, é verdade que muitas pessoas ímpias têm, em nome de Cristo, realizado muitas obras maravilhosas, que não provavam que quem as realizava fosse de Deus, mas daquele em cujo nome elas eram realizadas. Cada um de nós pode saber, com isto, se é ou não de Deus: O que somos nós? O que nós fazemos por Deus, e pelas nossas almas, ao aceitarmos nossa salvação? O que nós fazemos mais do que os outros?
[2] Os fariseus, achando-se incapazes de responder ao seu raciocínio ou de suportá-lo, se lançaram sobre o homem que fora curado, e com muito orgulho e paixão interromperam suas palavras, v. 34. Aqui lemos:
Em primeiro lugar, o que eles disseram. Não tendo nada para responder a este argumento, eles lançaram-se contra o que dantes fora cego: “Tu és nascido todo em pecados e nos ensinas a nós?” Eles interpretam de maneira errada o que teriam razão para aceitar bem, e seu coração se parte em fúria por aquilo que deveria ter penetrado seu coração, levando-o à penitência. Observe:
1. Como eles o desprezaram, e a censura severa que lhe fizeram: “Você não somente nasceu em peca do, como todos os homens, mas, além disto, é completamente corrupto, e traz no seu corpo, assim como na sua alma, as marcas desta corrupção. Você é alguém que a natureza estigmatizou”. Se ele tivesse permanecido cego, teria sido uma barbaridade censurá-lo assim, e concluir que ele estava mais profundamente contamina do pelo pecado que as outras pessoas. Mas era profundamente injusto observar isto, agora que a cura não somente tinha eliminado a ofensa da sua cegueira, mas também o tinha indicado como um favorito do céu. Alguns assim interpretam: “Você era um mendigo comum, e pessoas deste tipo são frequentemente pecado res comuns, e você, sem dúvida, foi tão mau quanto qual quer um deles”, embora, com suas palavras, ele tivesse provado o contrário, e tivesse evidenciado uma profunda dose de piedade. Mas quando os fariseus arrogantes decidiam subestimar um homem, qualquer coisa servia como pretexto para suas calúnias e fingimentos.
2. Como eles desdenham a possibilidade de aprender com ele, ou de receber instrução dele: “Tu… nos ensinas a nós?” Uma grande ênfase deve ser colocada aqui, sobre “tu” e “nós”. “Como você, um pobre tolo, ignorante e analfabeto, que não viu a luz do sol um dia inteiro, um mendigo de beira de estrada, da parte mais indesejável da cidade, pretende nos ensinar, a nós, que somos os entendidos da lei e os nobres da igreja, que nos sentamos na cadeira de Moisés e que somos mestres em Israel?” Observe que os homens orgulhosos desdenham a possibilidade de serem ensinados, especialmente pelos seus inferiores, mas nós nunca devemos nos considerar velhos demais, nem sábios demais, nem bons demais, para aprender. Aqueles que têm muita riqueza desejam ter ainda mais. E por que isto não acontece com aqueles que têm muito conhecimento? Aqueles por cujo intermédio nós podemos nos aprimorar pelo aprendizado devem ser valorizados. Que pobre desculpa era esta, para a infidelidade dos fariseus, a de que seria uma depreciação para eles ser em instruídos, e informados, e convencidos por um rapaz leigo como este!
Em segundo lugar; o que eles fizeram: eles “expulsaram-no”. Alguns entendem isto somente como uma despedida grosseira e desdenhosa dele, de seu conselho deliberativo. Eles o mandaram embora da sala, empurrando-o pela cabeça e pelos ombros, e, talvez, ordenando seus servos a darem pontapés nele. Eles julgaram que era hora de mandá-lo para longe o bastante, pois ele chegava, deste modo, perto de suas consciências. Mas isto parece ser, mais exatamente, um ato judicial. Eles o excomungaram, provavelmente com o maior grau de excomunhão. Eles o desligaram de ser um membro da igreja de Israel. “Este pobre homem”, diz o Dr. Lightfoot, “foi o primeiro confessor, como João Batista foi o primeiro mártir da Igreja Cristã”. Havia uma lei estabelecida de que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga, v. 22. Mas este homem tinha dito somente, de Jesus, que Ele era um profeta, que Ele era de Deus. E ainda assim eles alargam a lei para colocá-lo sob o domínio dela, como se ele tivesse confessado que Ele era o Cristo. Ser excomungado justamente e expulso de uma igreja para quando a chave não vira para o lado errado, é uma coisa muito pavorosa, pois o que é, deste modo, ligado sobre a terra, é ligado no céu. Mas ser expulso de uma igreja corrupta (da qual é nosso dever sair), e injustamente, embora com um “anátema”, e com todo o fantasma das cerimônias de sino, livro e vela, é o que não temos razão, sob qualquer condição, para temermos, ou nos afligirmos. ”A maldição sem causa não virá”. Se eles expulsam os seguidores de Cristo das suas sinagogas, como Ele prediz (cap. 16.2), não há dano feito, quando elas se tornam as “sinagogas de Satanás”.
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