PSICOLOGIA ANALÍTICA

AJA COMO SE JÁ ESTIVESSE ACONTECIDO!

Exames de neuroimagem mostram que quando nos familiarizamos com determinadas emoções, tendemos a desenvolvê-las e repeti-las no dia a dia. Ou seja: imaginar uma situação ou estado mental que desejamos de forma detalhada enganam o cérebro.

aja como se já tivesse acontecido

No budismo tibetano, existe um recurso milenar, muito usado, que se resume no que pode ser denominado “trazer o resultado para o caminho”. Na prática, significa evocar (e sentir, ainda que momentaneamente) as qualidades que queremos alcançar como se já estivessem amplamente desenvolvidas. Por exemplo: se a pessoa deseja ampliar sua capacidade de agir com paciência, deve fazer o exercício de, por alguns instantes, sentir-se plenamente calma, em perfeita harmonia, reconhecendo essa característica em si mesma e permitindo-se identificar profundamente com essa sensação de plenitude. A técnica, usada ao longo dos séculos pelos orientais, encontra hoje respaldo na ciência: exames de neuroimagem revelam que visualizar (que equivale a imaginar uma situação ou estado mental com o máximo possível de detalhes), deflagra no cérebro reações idênticas às desencadeadas quando de fato vivemos a situação. Pois bem: quer cultivar determinada característica? Aja como se de fato a tivesse, afirmam os cientistas.

Em suas pesquisas, o psicólogo inglês Richard Wiseman, professor da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, constatou que quase todos que passaram em dado momento a adotar “atitudes de vencedores” tiveram mudanças perceptíveis em suas vidas, incluindo um melhor grau de bons acontecimentos e surpresas. “É difícil saber se a origem exata desse círculo virtuoso está no comportamento ou na valorização dos bons resultados, mas o fato é que ele parece funcionar”, afirma Wiseman, que trabalhou como ilusionista na época da graduação e, mais tarde, conduziu um complexo estudo sobre os mecanismos possivelmente relacionados à sorte. O projeto. financiado por várias instituições, entre as quais a Associação Britânica para o Avanço da Ciência. resultou num livro, O fator sorte (Record. 2003), já traduzido em mais de 20 idiomas.

Ele afirma que o maior ganho, porém, que se pode obter adotando essa atitude é em relação à autoconfiança e à autoestima – o que é bastante compreensível. Afinal quando nos sentimos mais seguros tendemos a nos arriscar mais, sorrimos mais, nos permitimos viver experiências e ampliamos nosso círculo de contato – o que aumenta a probabilidade de que surjam boas oportunidades. O pesquisador avaliou os resultados de seus estudos e sistematizou alguns princípios psicológicos e atitudes que “atraem” o sucesso. Vale conferir.

1 – APOSTE NA INTUIÇÃO. Do ponto de vista da psicologia, ela não tem nada de sobrenatural, trata-se, na verdade, de uma forma de inteligência, uma maneira menos óbvia de selecionarmos e organizarmos informações (tanto recentes quanto mais antigas, que nos escapam à consciência imediata) e nos guiarmos por elas. Entre os entrevistados de Wiseman, que se diziam bem-sucedidos, 80% afirmaram que sua capacidade intuitiva tinha papel fundamental em suas escolhas práticas, especialmente profissionais, enquanto 90% disseram confiar nela para se orientar em suas relações pessoais e decisões que envolviam emoções.

2 – MUDE O FOCO. Pesquisadores das universidades de Amsterdã e Bolonha já demonstraram que mergulhar em uma atividade completamente diversa à qual estamos acostumados pode ajudar a resolver um problema ou ter uma ideia criativa. Ao nos afastarmos um pouco da questão, conseguimos ampliar o campo de visão e as respostas tendem a emergir. Sorte? A neurociência ensina que essa mudança de foco ativa o córtex cingulado anterior, região do cérebro que controla, entre outras funções, a concentração e o processamento de informações que podem resultar em ideias originais.

3 – FAÇA DIFERENTE. Sortudos gostam de novidades, mesmo aquelas que parecem fúteis. Fazer pequenas mudanças no cotidiano, como mudar o caminho que faz diariamente para chegar todos os dias ao trabalho, usar um novo meio de transporte, começar um curso para aprender algo que nunca pensou em estudar pode ser uma maneira divertida de entrar em contato com lugares, pessoas e experiências diferentes. Wiseman salienta, porém, que esse processo deve ser lento, cuidadoso e, sobretudo, fonte de prazer, e não uma autoimposição que seja vista como motivo de desconforto.

4 – CORRA RISCOS. Quem tem a convicção de ter a proteção de todos os anjos sobre si certamente não titubeará em aceitar quando lhe for oferecida uma rifa, por exemplo. Afinal, sua lógica psíquica o leva a crer que têm enormes chances de ganhar. Da mesma maneira irá confiante para uma entrevista de emprego ou para a apresentação de um trabalho. Se algo sair errado, é porque aquela era só uma possibilidade – e certamente virão outras -, e não a comprovação de que o mundo conspira contra a pessoa. Correr algum risco, portanto, seja de participar de um sorteio ou de se dar mal numa empreitada, se torna menos ameaçador. E ser tudo correr bem, melhor – sinal de bons agouros.

aja como se já tivesse acontecido.2

O psicólogo inglês Richard Wiseman afirma que tanto as pessoas que se dizem bem-sucedidas quanto as que se consideram pouco capazes de realizar seus projetos têm planos e cultivam sonhos. A diferença entre esses dois grupos é que, enquanto os primeiros têm convicção de que é uma questão de tempo concretizá-los, os segundos têm certeza, na maior parte do tempo, de que suas ambições estão fora de seu alcance. O que muda é o olhar para si mesmo e para o futuro. Para saber em que lugar você está na e escala de convicções, faça o teste abaixo. Dê notas de 1 a 100 às probabilidades para os fatos que imagina que podem acontecer (“):

( ) Quando envelhecer, terei boa saúde e aparência jovem para a minha idade

( ) Minhas próximas férias serão fantásticas

( ) Vou desenvolver (ou continuar a ter) uma boa relação com a minha família

( ) Vou encontrar uma pessoa querida que há muito não vejo

( ) Terei sucesso e serei admirado

(¨) Se as suas respostas se situam, em média, entre 350 e 500 pontos, segundo a curva de Wiseman, você tem a mentalidade de pessoa que acredita no sucesso. De 46 a 74, a paisagem é neutra. Abaixo disso, o resultado indica que pode ser útil considerar que sua mente esteja trabalhando mais contra você que a seu favor.

OUTROS OLHARES

A VIRGULA E O PONTO FINAL

Em vias de se tornar· epidêmico em grande parte do mundo, e difícil de identificar, o suicídio de jovens requer informação e vigilância por parte de famílias e escolas.

A vírgula e o ponto final

A tragédia individual de interromper a própria trajetória no mundo. O rastro devastador de sentimento de culpa e dúvida deixado em “quem fica” pelo corte violento da saída de cena abrupta de uma pessoa querida, seus planos, sonhos e capacidade de trocar afeto. Esses dois motivos principais, entre vários outros, gerados por dezenas de fatores, transformaram o suicídio em um problema crescente de saúde pública, capas de atrair atenção obrigatória das partes responsáveis das sociedades no mundo. Aqui no Brasil o fenômeno começa, aos poucos, a ocorrer. Nem mesmo os pesquisadores e especialistas mais refinados conseguem mapear e antecipar em todos os casos na ampla diversidade de fatores existentes, a combinação daqueles que levam a pessoa a colocar ponto final na existência.  A culpa de familiares e de pessoas próximas por não ter percebido o caminho a ser feito pelo suicida ainda no ensaio, não deve, portanto, existir. Mas quando o país estremece diante do suicídio de três jovens de classe média alta em menos de 21 dias, ocorridos e anunciados em abril por dois colégios particulares de elite em São Paulo, dois no Bandeirantes, do bairro da Vila Mariana e um no Agostiniano São José, de Belém, a oportunidade para uma reflexão que ligue o tema ao universo da educação está colocada.  Para além de existirem, ou não, motivações ligadas às escolas nestes casos, o que, afinal, gestores e educadores podem fazer em seus ambientes de trabalho para ajudar a identificar jovens e adolescentes deprimidos, com distúrbios psiquiátricos ou abalados por algum impacto negativo profundo, e encaminhá-los ao tratamento antes que eles resolvam solitária e tragicamente a questão.

Karina Okajima Fukumitsu, pós-doutora pelo Instituto de Psicologia da USP e uma das coordenadoras do Programa de Prevenção e Posvenção do Suicídio, foi chamada pela direção do Bandeirantes em 11 de abril, dia seguinte ao primeiro episódio, de um adolescente de 16 anos, estudante do segundo ano médio. A psicoterapeuta não deu qualquer detalhe sobre a identificação ou ação dos jovens, nos dois episódios, mas outras fontes revelam que o primeiro caso pode ter sido mais estudado e planejado pelo rapaz, envolvido há algum tempo num tratamento para depressão. Tirou a própria vida um dia antes do início das avaliações do bimestre, sem deixar explicação. “Amado, doce, sensível, inteligente. Aplicado, exigente, articulado. Carinhoso, protetor, amigo. Fiel, engajado, questionador e com olhar para as questões do mundo. Não tenho palavras para explicar”, escreveu seu pai no Facebook.

A psicoterapeuta começou a trabalhar no mesmo dia 11 de abril, numa reunião com educadores e gestores para planejar o trabalho de acolhimento dos alunos. Dois dias depois, reuniu a direção e a coordenação em seu consultório para novas orientações. No dia 20, uma sexta-feira, deu palestra para professores e funcionários da escola. Na noite de 21 para 22, abalado por um choque inesperado teria visto a moça por quem era apaixonado com outro jovem, o segundo adolescente, de 17 anos, aluno do terceiro ano médio, voltou para casa e cometeu suicídio, igualmente sem deixar explicações.

Neste momento em que questionam a direção do Bandeirantes, é preciso lembrar: a direção foi transparente no anúncio dos casos que, diga-se, não ocorreram em seus limites. E também responsável desde o primeiro episódio”, enumera Karina. “Além disso, eram dois meninos inteligentes, afetuosos, de famílias esclarecidas. Não sofriam bullying e tampouco se conheciam, o que, a meu ver, invalida a tese de contágio. O colégio, em seus 74 anos de existência, tinha registrado dois casos de suicídio, um há 30 anos e outro, 15 anos atrás. Não parece razoável considerar esse dado uma distorção em uma instituição que trabalha com quase 3 mil alunos a cada ano.”

Mas e o fato conhecido de que o Bandeirantes e o Agostiniano possuem em comum um projeto pedagógico extremamente exigente, voltado à conquista do maior número de vagas e primeiras colocações nos principais centros acadêmicos do país, que provoca a desistência de boa parte dos alunos no meio do caminho? Poderia haver relação entre essa realidade e os episódios recentes?

A psicoterapeuta discorda. “As circunstâncias mostram que não. O Bandeirantes jamais escondeu seus objetivos. Alunos e pais têm orgulho deles, a exemplo dos dois adolescentes. Eles eram preparados, tiravam boas notas, estavam plenamente adaptados ao projeto. Mesmo assim, a direção pareceu-me comprometida com a avaliação constante de suas práticas e a busca de eventuais adequações. Mas abrir mão de um projeto pedagógico consagrado não me parece a melhor alternativa”, analisa. A gestão Agostiniano e a família do aluno da escola não comentaram o episódio.

OS NÚMEROS

Pelo menos 800 mil pessoas tiram a vida por ano no mundo, atesta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma a cada 39 segundos, ou 1.4% das mortes totais. Na medida global, 10,7 a cada grupo de cem mil habitantes, sendo 15 por cem mil homens e 8 por cem mil mulheres. As chances de a estimativa ser modesta são grandes: técnicos da própria OMS acreditam que apenas 60 dos 172 países integrantes enviem dados efetivamente confiáveis. O problema é que 78% dos suicídios registrados, praticamente oito a cada dez, ocorrem justamente nos países suspeitos de remeter informação imprecisa.

A Europa (14,1) lidera o ranking, seguida do Sudeste Asiático (12,9). Os países africanos (8.8) e das Américas (9,5) despertam na OMS as maiores desconfianças quanto à subnotificação. E, apesar da evolução nos últimos dez anos, o Brasil também precisa melhorar sua apuração de dados. A taxa atual, 5,1 por grupo de cem mil, nem está entre as maiores (a de homens nessa faixa e 9 por cem mil e a das mulheres, 2,4). Mas quando projetada sobre a população brasileira, de mais de 207 milhões de habitantes, produz números preocupantes como, por exemplo, os 10.575 suicídios registrados – 29 por dia: um a cada 49 minutos e meio – em 2016m último ano com taxa oficialmente apurada pelo Ministério da Saúde.

A marca anual brasileira subiu ano a ano na década de 2000. Chegou ao pico histórico de 11.736 em 2015 e caiu no ano seguinte. Mesmo com o recuo, o suicídio tornou-se a quarta maior causa de morte da população geral brasileira e a terceira entre homens dos 15 aos 29 anos. Na faixa dos 15 aos 19 anos, que abriga os adolescentes dos episódios de abril, a relação pulou de 2,9 para 4,2 entre 2011 e 2015, um aumento de preocupantes 45%. Entre 10 e 14 anos, o salto foi ainda maior: de 0,5 para 0,8 por grupo de cem mil pessoas, ou 65% a mais. Entre os adultos (20 a 29 anos), o índice também aumentou. Foi de 5,2 para 6,5, um incremento de 23%. A escalada entre os idosos com mais de 70 anos também preocupa, com 8,9 mortes por cem mil. E a dos índios provoca espanto: 15,2 a cada cem mil, a maior de todas as taxas.

Mulheres atentam mais contra a própria vida, mas escolhem métodos de menor poder letal. Por isso, homens formam maioria dos casos em todo o mundo. No Brasil, correspondem a 79% do total. Seis em cada dez episódios de suicídio envolvem solteiros, viúvos, divorciados e solitários. Brancos brasileiros (5,9 por cem mil) interrompem a própria trajetória em escala maior que a dos negros (4,7). A notificação de tentativas e óbitos é obrigatória no país em até 24 horas desde 2011.

O cruzamento de tudo isso revela um cenário incômodo: apesar dos índices não alarmantes se comparados aos mundiais, o volume de suicídio vem crescendo por aqui na média, nos últimos anos, com a preocupante contribuição de adolescentes, jovens e novos adultos. A meta do Ministério da Saúde é reduzir o número total e os índices de todas as faixas em pelo menos 10% até 2020. E aproveitar a arrancada, se ela vier, para continuar depois em trajetória de queda.

DESINFORMAÇÃO E PRECONCEITO

Será possível? Neury Botega, pós-doutor em psiquiatria pela Universidade de Londres, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), escritor e um dos mais sensíveis estudiosos brasileiros do tema, acredita que sim. “Os estudos e pesquisas mostram que é raríssimo, praticamente impossível, encontrar alguém em busca de suicídio ou sobrevivente de tentativas que não esteja atormentado por algum transtorno psiquiátrico, depressão à frente, ou um forte e repentino abalo emocional”, constata. “Abalado por esses problemas, o suicida sofre com uma dor intolerável, destruidora de estrutura. No fundo, não quer se matar, mas deixar de sofrer. Mas sua consciência se estreita a tal ponto que o impede de acreditar que a chave para se livrar do sofrimento crônico é se tratar, não se matar. Só a abordagem profissional reverte essa situa~]ao”, esclarece.

Para isso, reforça Botega, é necessário que as pessoas abandonem conceitos equivocados. “Passem a acreditar: quem diz que deseja se matar realmente poderá fazê-lo. Essa história de que quem anuncia nunca faz não passa de crendice popular sem fundamento. Quem ameaça poderá ou não se matar – exatamente a exemplo de quem jamais fez qualquer ameaça”.

O psiquiatra dá dicas para quem se descobrir diante de alguém com ideias suicidas. “Na escola, entre amigos ou na família, faça todo o esforço possível para ouvir a pessoa sem questionar as fraquezas dela segundo seus valores religiosos, morais ou sociais. Evite qualquer risco de ser visto como alguém preconceituoso. O momento não é para sermões ou proposições éticas”, ensina. “Tente mostrar, com equilíbrio, sem frases feitas ou julgamentos exagerados de valor, que o suicídio não será a melhor saída. E o fundamental: assuma, a partir daquele momento, o compromisso de não abandonar a missão antes de convencer a pessoa a procurar ajuda profissional. Acompanhe agendamentos, converse com familiares se não houver restrições e vá, em companhia, na primeira consulta. São obrigações que o destino e a vida daquela pessoa entregaram a você a partir do início daquela conversa”.

Além dos ensinamentos de Botega, outra atitude importante é abandonar a ideia equivocada de que os sinais dados por quem deseja interromper a vida são sempre perceptíveis e, por isso, quem não os nota antes da atitude deve ser acusado por irresponsabilidade. “Em maior ou menor grau, os sinais sempre existirão. É importante que as pessoas ao menos tentem aprender a identifica-los. Mas daí a imaginar que todos os transtornos graves presentes na vida das pessoas, sobretudo adolescentes e jovens, serão refletidos em manifestações facilmente perceptíveis por qualquer um é uma combinação de preconceito e desinformação”, resume Alexandrina Meleiro, professora do Instituto de Psiquiatria da USP, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), diretora científica da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS).

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RELATO DE UM PAI QUE PERDEU O CHÃO

O oficial de justiça aposentado paulista Ivo Oliveira Faria, 59 anos, é um “sobrevivente” que teve o auxílio dos grupos montados por Karen para se livrar do fardo da culpa e viver livre de preconceitos – os dele e o dos outros. No dia 13 de março de 2014, perdeu Ariele, a mais velha de seus três filhos. Aos 18 anos. Ariele, a “princesa” que pensava em estudar Direito, passara dias atrás num concurso para técnico judiciário e amolecia Ivo com afirmações de que gostaria de seguir sua carreira. Suicidou-se após o almoço e umas tarefas com o pai, que nem de perto sugeririam um final de tarde inesperado.

Faria “perdeu o chão” nos dias seguintes. Apagou da mente datas, horários, detalhes, tudo que pudesse remetê-lo aos últimos momentos com a filha. Mas hoje, renovado pela coragem de tornar pública sua experiência para ajudar a quem sofre com situações semelhantes, parece buscar o oposto. Cita anos, meses, semanas e dias como medidas de distância daquele 13 de março de 2014 (“uma quinta-feira”) toda vez que se refere à data. Lembra que os dois foram a uma oficina deixar o computador do caçula para reparo antes de sentar no restaurante. Descreve o que cada um comeu, destaca a curiosa e inédita opção por suco de manga feita naquele dia pela jovem fã de laranja e não esquece sequer da torta (“de palmito”) antes encomendada em uma loja para que dividissem depois. Não se esquece também que a filha comentou naquele, sua determinação de tirar a carteira de motorista. “Ariele era extremamente carinhosa, amava ler. Um leigo não teria a menor condição de afirmar que ela tenha dado algum sinal com esse perfil e essas realizações. Seria até leviano”, analisa.

Três meses antes do suicídio, Ariele revelou sua vontade de não mais ir à igreja Cristã Gnóstica frequentada desde a infância com ele e a família. Faria admitiu que seria mais feliz na companhia da filha nas orações, mas que respeitaria sua decisão. Naquele 13 de março, ele e a ex-mulher Patrícia, mãe de Ariele, encontraram um bilhete ao lado do corpo da filha. Em poucas palavras, ela afirmou vagamente “não aguentar mais”, disse não haver culpados por sua decisão e encerrou com uma frase enigmática? “gente morta não decepciona ninguém”.

 Tempos depois, uma irmã lésbica de sua ex-mulher contou-lhe que, semanas antes de tirar a vida, Ariele tinha revelado a ela o interesse por uma moça. “Ela namorou dois rapazes, sabíamos disso, mas nunca comentou nada conosco sobre relacionamento com meninas”, conta. Faria ainda tenta juntar peças, como o abandono da igreja e a frase do bilhete, em busca de uma resposta. Olhando pelo retrovisor, desconfia que a atitude de Ariele pode ter mesmo vindo do conflito entre a formação cristã sólida e a vontade de viver um relacionamento com alguém do mesmo sexo. “Mas é apenas um palpite. Poderia ter alguma dificuldade de trabalhar isso na época. Hoje não. Ao contrário: vivo publicamente a saudade da Ariele e sei que ela me vê de onde está e aprova minha atitude”. Acolhimento e orientação profissional livraram Faria da culpa. Melhor assim. Afeto e carinho serão sempre fundamentais, mas não há solução sem conhecimento nesse campo delicado.

 A vírgula e o ponto final.4

 

A vírgula e o ponto final.3

GESTÃO E CARREIRA

O SUPERCOACH

Celebridade mundial, bilionário e motivador de presidentes, o americano Tony Robbins, estrela do universo da autoajuda, faz sua primeira palestra no Brasil.

O Supercoach

Diante de uma plateia de 13.000 pessoas em transe, um homem de mais de 2 metros de altura e músculos de quem se exercita diariamente movimenta-se pelo palco, fala sem parar (em inglês, com tradução simultânea em fones de ouvido) e, em dado momento, põe estranhos para trocar confidências como se fossem amigos de infância. “Conte à pessoa ao lado quais são os piores sentimentos que você experimenta ao longo da semana”, convida. “Depois, abracem-se. “Sentar-se nas primeiras fileiras do espetáculo entremeado de música pop e luzes piscantes custou S500 reais – e todos os assentos foram ocupados. A ocasião era especialíssima: a primeira palestra no Brasil do americano Tony Robbins, 58 anos, o mais bem-sucedido expert em aprimoramento pessoal do mundo – ou coach, como a categoria é chamada hoje.

No competitivo universo do coaching, Robbins reina soberano. Da sua lista de clientes constam os ex-presidentes Nelson Mandela, Bill Clinton e Mijail Gorbachev, a apresentadora Oprah Winfrey, a princesa Diana – até madre Teresa de Calcutá bebeu de sua fonte motivacional. Nascido na Califórnia como Anthony J. Mahavoric (o Robbins atual vem do pai adotivo), ele acumula um patrimônio estimado em 6 bilhões de dólares. A fortuna é fruto das vendas de três best-sellers (mais de 15 milhões de exemplares), dos concorridos seminários em um hotel de Palm Beach, na Flórida, que duram de três a sete dias e prometem “despertar o poder interior” dos participantes, e de palestras esporádicas como a que o trouxe a São Paulo por 24 horas na quinta-feira 9 – Robbins chegou, apresentou-se por quatro horas, dormiu e foi embora em seu jato particular.

O coach dos coaches não presta mais assessoria individual, mas se reúne a cada três meses com um seleto grupo de 300 clientes. Entre estes já figurou a tenista Serena Williams, que credita a Robbins sua recuperação após uma cirurgia complicada em 2011. “Eu me achava superconfiante. Depois de trabalhar com Tony, percebi que era no máximo uma nota 4. Com ele cheguei a 10”, elogia Serena. Robbins não fala sobre ex-clientes, mas abriu exceção no Brasil para contar uma história que ouviu de Gorbachev, quando lhe dava uma carona em seu avião. Contou o ex-presidente soviético que, em 1985, durante uma discussão de ânimos exaltados com o então presidente americano Ronald Reagan, este quebrou o gelo: “Isso não está funcionando. Vamos começar de novo. Oi, eu sou Ron. Posso chamá-lo de Mikhail?”.

Segundo Robbins, a atitude de Reagan demonstra o poder da comunicação emotiva, uma das linhas mestras da controvertida programação neurolinguística, método desenvolvido na década de 70 que propõe a reformatação da mente por meio da linguagem e do qual o coach americano é o maior divulgador. No palco, ele reforça a mensagem: “Quem concorda comigo diga aye (sim, em inglês antigo)”. A resposta é um “ai” retumbante. “Tony é um showman como nunca se viu na história dos palestrantes. Usa técnicas sofisticadas de movimentação no palco para evocar sentimentos e sabe escolher os participantes das demonstrações”, diz Villela da Mata, presidente da Sociedade Brasileira de Coachíng. Apesar da legião de fãs incondicionais que levam a ferro e fogo suas dicas, o californiano recusa o título de guru. “Guru é alguém de quem as pessoas dependem. Não digo o que elas devem fazer, só ensino algumas estratégias. Não quero que ninguém dependa de mim”, disse.

Em matéria de exigências excêntricas, Robbins foi até modesto na vinda ao Brasil –   “A não ser pela segurança, semelhante à dos aeroportos, que contratamos especialmente para ele”, revela a empresária Elany Leão, responsável pelo evento. O coach trouxe a pequena cama elástica onde se exercita antes de subir ao palco e a temperatura no auditório ficou em exatos 16 graus para evitar sonolência na plateia. O cachê não foi revelado, mas o custo da operação girou em torno de 12 milhões de reais – 3 milhões para cada hora de palestra. As mentes reprogramadas agradecem.

ALIMENTO DIÁRIO

JOÃO 9: 1-7

Alimento diário

A Visão é concedida a um cego de nascença

 

Aqui temos a visão concedida a um pobre mendigo que era cego de nascença. Observe:

I – Como nosso Senhor Jesus notou o caso digno de piedade deste pobre cego (v. 1): “Passando Jesus, viu um homem cego de nascença”. As primeiras palavras parecem referir-se ao final do capítulo anterior, e estimulam a opinião daqueles que, na harmonização, colocam esta história imediatamente depois daquela. Ali estava escrito Ele passou por eles, e aqui, mesmo sem repetir seu nome (embora nossos tradutores o incluam) e enquanto Ele passava por eles.

1. Embora os judeus o tivessem maltratado de maneira tão vil, tanto em palavras como em obras lhe tivessem feito as maiores provocações imagináveis, Ele não per­ dia nenhuma oportunidade de fazer o bem entre eles, nem tomou a decisão, como, com razão, poderia ter feito, de nunca favorecê-los com qualquer obra boa. A cura deste cego foi uma bondade para o público, capacitando a trabalhar para ganhar a vida alguém que antes era uma carga e um peso para a vizinhança. É nobre, e gene­ roso, e cristão ter vontade de servir ao público, mesmo quando somos desprezados e incomodados por eles, ou assim julgamos. Embora Jesus estivesse fugindo de um perigo ameaçador, e fugindo para salvar sua vida, de boa vontade Ele parou e permaneceu durante algum tempo para mostrar misericórdia a este pobre homem. Nós acabamos sendo mais precipitados do que bem-sucedidos quando não percebemos as oportunidades de fazer o bem.

2. Quando os fariseus expulsaram Cristo do seu meio, Ele foi até este pobre mendigo cego. Alguns dos antigos fazem disto um modelo da transmissão do Evangelho aos gentios, que estavam nas trevas, quando os judeus o tinham rejeitado e o tinham afastado deles.

3. Cristo tomou este pobre cego que estava no seu caminho e o curou ao passar por ali. Nós também devemos aproveitar as oportunidades de fazer o bem, mesmo ao passarmos, onde quer que estejamos.

Veja:

(1) A condição deste pobre homem era muito triste. Ele era cego, e o tinha sido desde seu nascimento. Se a luz é doce, como deve ser melancólico para um homem, todos os seus dias, comer na escuridão! Aquele que é cego não sente prazer na luz, mas aquele que é cego de nascença não tem ideia do que é a luz. Eu penso que alguém cego daria uma grande fortuna para ter sua curiosidade satisfeita com apenas um dia de visão de luz e cores, formas e figuras, ainda que nunca mais as pudesse ver novamente. “Por que se dá luz [da vida] ao miserável”, que está privado da luz do sol, “cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?” Jó 3.20-23. Bendigamos a Deus por não ser este nosso caso. O olho é uma das partes mais curiosas do corpo, sua estrutura é extremamente fina e preciosa. Na formação de animais, diz-se que é a primeira parte que aparece discernível. Que misericórdia é o fato de que não houve nenhum malogro quando nossos olhos foram feitos! Cristo curou a muitos que eram cegos por motivo de doença ou acidente, mas aqui Ele curou a uma pessoa que era cega de nascença.

[1] Para que pudesse dar um exemplo do seu poder para auxiliar nos casos mais desesperado­ res, e aliviar, quando ninguém mais pode fazê-lo.

[2] Para que pudesse dar uma amostra da obra da sua graça nas almas dos pecadores, a graça que dá a visão aos que são cegos por natureza.

(2) A compaixão do nosso Senhor Jesus pelo homem foi muito terna. Ele o viu, isto é, Ele tomou conhecimento do seu caso, e olhou para ele com interesse. Quando Deus está prestes a realizar uma libertação, diz-se que Ele vê a aflição. Assim, Cristo viu este pobre homem. Outros o viam, mas não como Ele. Este pobre homem não podia ver a Cristo, mas Cristo o viu, e antecipou tanto suas orações quanto suas expectativas com uma cura surpreendente. Cristo é frequentemente encontrado por aqueles que não o buscam, nem o veem, Isaías 65.1. E, se nós conhecemos ou apreendemos alguma coisa sobre Cristo, é porque antes fomos conhecidos dele (Gálatas 4.9) e presos por Ele, Filipenses 3.12.

II – A conversa entre Cristo e seus discípulos a respeito deste homem. Quando Ele deixou o Templo, eles o acompanharam, pois estes eram os que permaneceram com Ele nas suas tentações, e o seguiam onde quer que Ele fosse, e não perdiam nada com seu apego a Ele, mas ganhavam abundante experiência. Observe:

1. A pergunta que os discípulos propõem ao seu Mestre sobre o caso deste cego, v. 2. Quando Cristo olhou para o pobre homem, eles também o observaram.

A compaixão de Cristo deveria despertar a nossa. É provável que Cristo lhes tivesse dito que este pobre homem era cego de nascença, ou eles sabiam disto porque era de conhecimento público, mas eles não comoveram a Cristo para curá-lo. Em vez disto, eles fizeram uma pergunta muito estranha a respeito do homem: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Esta pergunta era:

(1)  Reprovadora e sem caridade. Eles pressupõem que esta calamidade extraordinária era a punição de alguma maldade incomum, e que este homem fosse um pecador, mais do que todos os homens que habitavam em Jerusalém, Lucas 13.4. Que os bárbaros concluíssem: “Certamente este homem é homicida”, não seria tão estranho, mas é imperdoável que os discípulos, que conheciam as Escrituras, que tinham lido que todas as coisas sucedem a todos da mesma maneira, e que conheciam aquilo que foi observado no caso de Jó, pensem que os maiores sofredores devam, por isto, ser considerados os maiores pecadores. A graça do arrependimento chama nossas próprias aflições de punições, mas a graça da caridade chama as aflições dos outros de provações, a menos que o contrário seja muito evidente.

(2)  Apresentava uma curiosidade desnecessária. Concluindo que esta calamidade era causada por algum crime muito hediondo, eles perguntam: “Quem cometeu o crime, este homem ou seus pais?” E o que eles tinham a ver com isto? Ou que bem lhes traria saber isto? Nós podemos ser mais curiosos a respeito dos pecados de outras pessoas do que a respeito dos nossos próprios pecados, embora devamos nos preocupar mais em saber por que Deus luta conosco do que saber por que Ele luta com os outros, pois julgar os outros costuma ser nosso pecado. Eles querem saber:

[1] Se este homem estava sendo punido desta maneira por algum pecado seu, cometido ou previsto antes do seu nascimento. Alguns pensam que os discípulos estavam influenciados pela noção pitagórica da pré-existência das almas, e sua transmigração de um corpo a outro. A alma deste homem estaria condenada à masmorra deste corpo cego, para puni-la por algum grande pecado, cometido em outro corpo que ela teria animado anteriormente? Os fariseus parecem ter tido a mesma opinião sobre o caso do homem, quando disseram: “Tu és nascido todo em peca­ dos” (v. 34), como se todos aqueles a quem a natureza tinha estigmatizado, e somente aqueles, fossem nascidos em pecado. Ou:

[2] Se ele tinha sido punido pelos pecados dos seus pais, que alguns pensam que Deus, às vezes, faz recair sobre os filhos. Aqueles que creem deste modo consideram que esta seja uma boa razão pela qual os pais devam prestar atenção ao pecado, para que os filhos não sofram por ele, depois que os pais tiverem morrido. Não sejamos cruéis com nossos parentes, como o avestruz no deserto. Talvez os discípulos perguntassem isto, não como crendo que esta fosse a punição de algum pecado real, dele mesmo ou dos seus pais, mas por Cristo ter dado a entender, a outro paciente, que seu pecado era a causa da sua paralisia (cap. 5.14). “Mestre”, dizem eles, “de quem é o pecado que é a causa desta deficiência?” Sem saber como interpretar esta providência, eles desejam ser informados. A justiça das dispensações de Deus é sempre certa, pois sua justiça “é como as grandes montanhas”, mas nem sempre se explica, pois os “seus juízos são um grande abismo” (Salmos 36.6).

2. A resposta de Cristo a esta pergunta. Ele sempre está predisposto a ensinar, e a corrigir os enganos dos seus discípulos.

(1) Ele explica a razão da cegueira deste pobre homem: “Nem ele pecou, nem seus pais”, mas ele nasceu cego, e permaneceu assim até hoje, ‘para que se manifestem nele as obras de Deus”‘, v. 3. Aqui Cristo, que conhecia perfeitamente as origens secretas dos conselhos divinos, lhes diz duas coisas a respeito de tais calamidades incomuns:

[1) Que elas nem sempre são infligidas como punições aos pecados. A iniquidade de toda a raça humana realmente justifica a Deus em todas as desgraças da vida humana, para que aqueles que têm a menor parcela delas digam que Deus é bom, e aqueles que têm a maior parcela não digam que Ele é injusto. Mas muitos são feitos muito mais miseráveis do que outros nesta vida, e não são, de nenhuma maneira, mais pecadores do que os outros. Certam ente, este homem era um pecador, e seus pais também eram pecadores, mas Deus não tinha em mente uma culpa incomum ao permitir que ele sofresse aquela cegueira. Observe que nós devemos prestar atenção ao julgar quaisquer pessoas que possam ser grandes pecadores simplesmente porque são grandes sofredores, para que não nos encontremos, não somente perseguindo aquele a quem Deus feriu (Salmos 69.26), mas também acusando aqueles a quem Ele justificou, e condenando aqueles pelos quais Cristo morreu, o que é ousado e perigoso, Romanos 8.33,34.

[2] Que, às vezes, elas visam puramente a glória de Deus, e a manifestação das suas obras. Deus tem a soberania sobre todas as suas criaturas, e o direito exclusivo sobre elas, e pode torná-las úteis, para sua glória, da maneira que julgar adequada, em realizações ou sofrimentos. E se Deus for glorificado, seja por nós ou em nós, nós não teremos sido criados em vão. Este homem nasceu cego, e era adequado que ele assim fosse, e continuasse nas trevas por muito tempo, para que as obras de Deus pudessem se manifestar nele. Isto é, em primeiro lugar, para que os atributos de Deus pudessem se manifestar nele: sua justiça, ao fazer o homem pecador sujeito a tais calamidades dolorosas; seu poder e sua bondade extraordinários, ao assistir a um pobre homem sob tão dolorosa e odiosa aflição, especialmente para que seu poder e sua bondade extraordinários pudessem se manifestar na cura do homem. Observe que as dificuldades da providência, que seriam inexplicáveis de outra maneira, podem ser interpretadas como segue. Deus pretende, nelas, mostrar-se, declarar sua glória, fazer-se notar. Aqueles que não consideram a Deus no curso normal das coisas, às vezes, são alarmados por coisas extraordinárias. Com que satisfação, então, um homem bom pode perder seus confortos, quando tem a certeza de que desta forma Deus receberá, de uma maneira ou de outra, ainda mais glória! Em segundo lugar, para que os conselhos de Deus, a respeito do Redentor, pudessem ser manifestados nele. Ele nasceu cego para que nosso Senhor Jesus pudesse ter a honra de curá-lo, e pudesse, desta maneira, provar que

tinha sido enviado por Deus para ser a verdadeira luz ao mundo. Assim, a queda do homem tinha sido permitida, e a cegueira que a seguiu, para que as obras de Deus pudessem se manifestar ao abrir os olhos dos cegos. Fazia muito tempo que es te homem tinha nascido cego, e nunca se tinha sabido, até agora, por que ele era assim. Observe que as intenções da Providência normalmente não se apresentam, até muito tempo depois do evento, talvez muitos anos depois. As sentenças no livro da providência às vezes são longas, e é necessário ler muito antes de conseguir compreender seu sentido.

(2) Jesus apresenta a razão da sua própria iniciativa e prontidão para ajudar e curar o cego, vv. 4,5. Não era por ostentação, mas para prosseguir com sua missão: “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou”, e esta é uma destas obras, “enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar”. Isto não é apenas uma das razões pelas quais Cristo estava constantemente fazendo o bem aos corpos e almas dos homens, mas por que Ele realizou esta em particular, embora fosse sábado, quando as obras de necessidade podiam ser feitas, e Ele provou que esta era uma obra de necessidade.

[1] Era a vontade do seu Pai: “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou”. Observe que, em primeiro lugar, o Pai, quando enviou seu Filho ao mundo, lhe deu trabalho para fazer. Ele não veio ao mundo para assumir uma posição de autoridade, mas para trabalhar. Aquele a quem Deus envia, Ele usa, pois Ele não envia ninguém para estar ocioso. Em segundo lugar, as obras que Cristo tinha que realizar eram as obras daquele que o tinha enviado, não somente indicadas por Ele, mas realizadas por Ele. Ele era um trabalhador, juntamente com Deus. Em terceiro lugar, Ele se alegrava de colocar-se sob as mais fortes obrigações para realizar a tarefa que tinha sido enviado para fazer: “Convém que eu faça”. Ele tinha se empenhado, no concerto da redenção, para aproximar-se de nós, e de Deus, como Mediador, Jeremias 30.21. Estaremos nós desejosos de ser soltos, quando Cristo estava desejoso de ser preso? Em quarto lugar, Cristo, tendo se colocado sob a obrigação de realizar sua obra, dedicou-se com o máximo vigor e empenho na sua obra. Ele realizava as obras que tinha que realizar – realmente se dedicou àquilo que era seu trabalho. Não é suficiente olhar para nosso trabalho, e falar sobre ele, mas devemos realizá-lo.

[2] Est a era sua oportunidade: “Convém que eu faça as obras… enquanto é dia”, enquanto ainda há o tempo indicado para trabalhar, e enquanto há a luz que é dada para o trabalho. O próprio Cristo tinha seu dia. Em primeiro lugar, todo o trabalho do reino de mediação devia ser realizado dentro dos limites do tempo, e neste mundo, pois, no fim do mundo, quando não houver mais tempo, o reino será entregue a Deus, ao Pai, e o mistério de Deus será concluído. Em segundo lugar, toda a obra que Ele devia fazer na sua própria pessoa aqui na terra devia ser feita antes da sua morte. O período da sua vida neste mundo é o dia de que se fala aqui. Observe que a duração da nossa vida é nosso dia, no qual nos compete realizar o trabalho do dia. O dia é o período adequado para o trabalho (Salmos 104.22,23). Durante o dia da vida, nós devemos estar ocupados, não perder as horas do dia, nem brincar à luz do dia. Haverá tempo suficiente para descansar quando nosso dia tiver acabado, pois é apenas um dia.

[3] O período da sua oportunidade era chegado, e por isto Ele devia se ocupar: ”A noite vem, quando ninguém pode trabalhar”. Observe que a consideração da proximidade da nossa morte deveria nos motivar a aproveitar todas as oportunidades da vida, tanto para fazer o bem como para obtê-lo. ”A noite vem”, ela virá com certeza, ela pode vir de repente, ela se aproxima cada vez mais. Nós não podemos avaliar o quanto nosso sol está próximo, ele pode ser pôr ao meio-dia. Não podemos nos prometer um crepúsculo entre o dia da vida e a noite da morte. Quando a noite vem, não podemos trabalhar, porque a luz que nos permitia trabalhar se extinguiu. O sepulcro é um lugar de trevas, e nossa obra não pode se realizar no escuro. Além disto, o tempo que temos disponível para nosso trabalho terá expirado. Quando nosso Mestre nos prendeu ao trabalho, nos prendeu também ao tempo. Quando a noite vem, ela “chama os trabalhadores”. Nós devemos, então, apresentar nosso trabalho, e receber de acordo com o que fizemos. No mundo de retribuição, nós já não seremos mais aprendizes ou pessoas que estão sofrendo provações. Será tarde demais para fazer alguma proposta quando a candeia estiver apagada. Cristo usou este fato como o motivo pelo qual Ele mesmo deveria ser diligente, embora não tivesse nenhuma oposição interior contra a qual lutar. Nós temos muito mais necessidade de trabalhar, nos nossos corações, com estas e outras considerações semelhantes que nos motivem.

[4] Sua obra no mundo era iluminá-lo (v. 5): “Enquanto estou no mundo”, e não será por muito tempo, “sou a luz do mundo”. Ele tinha dito isto antes, cap. 8.12. Ele é o Sol da Justiça, que não somente tem luz nas suas asas para aqueles que podem ver, mas cura nas suas asas, ou raios, para aqueles que são cegos e não podem ver, excedendo, desta maneira, em virtude aquela grande luz que reina durante o dia. Cristo desejou curar este homem cego, o representante de um mundo cego, porque Ele veio para ser a luz do mundo, não somente para dar luz, mas para dar a visão. Isto nos dá, em primeiro lugar, um grande incentivo para vir até Ele, como uma luz que guia, estimula e revigora. A quem deveríamos procurar, se não a Ele? Para que lado deveríamos voltar nossos olhos, senão à luz? Nós compartilhamos da luz do sol, e também podemos compartilhar da graça de Cristo, sem dinheiro e sem preço. Em segundo lugar, um bom exemplo de utilidade no mundo. O que Cristo diz de si mesmo, Ele diz dos seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo”, e, neste caso, “resplandeça a vossa luz”. Para que foram criadas as candeias, senão para queimar?

III – A forma da cura do cego, vv. 6,7. As circunstâncias do milagre são singulares, e sem dúvida, significativas. Depois de ter falado para instruir seus discípulos, e para abrir seu entendimento, Ele passou a abrir os olhos do cego. Ele não esperou até que pudesse fazê-lo mais privadamente, para sua maior segurança, ou mais publicamente, para sua maior honra, ou até que o sábado tivesse terminado, quando menos ofensa seria causada por esta cura. Devemos fazer depressa qual­ quer bem que tivermos oportunidade de fazer. Aquele que nunca irá realizar uma boa obra, até que não exista nada que possa ser objetado contra ela, deixará muitas boas obras por fazer, para sempre, Eclesiastes 11.4. Na cura, observe:

1. A preparação do colírio para os olhos. Cristo “cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo”. Ele poderia tê-lo curado com uma palavra, como tinha feito com outras pessoas, mas decidiu fazer desta maneira, para mostrar que Ele não se prende a nenhum método. Ele fez lodo da sua própria saliva, porque não havia água nas proximidades. E Ele desejava nos ensinar a não sermos agradáveis ou curiosos, mas, sempre que tivermos oportunidade, estarmos dispostos a aproveitar o que estiver à mão, se servir ao objetivo. Por que devemos nos preocupar com aquilo que pode muito bem ser feito ele uma maneira mais fácil? Cristo, usando sua própria saliva, evidencia que existe uma virtude curativa em tudo o que pertence a Cristo. O lodo feito da saliva de Cristo era muito mais precioso do que o bálsamo de Gileade.

2. A aplicação dele no local: Ele “untou com o lodo os olhos do cego”. Ou, como diz a anotação na margem do texto no idioma original, Ele espalhou, Ele emplastou o lodo sobre os olhos do cego, como um médico gentil. Ele mesmo fez isto, com sua própria mão, embora o paciente fosse um mendigo. Veja que Cristo fez isto:

(1) Para enaltecer seu poder, ao fazer um cego ver por um método que alguém poderia pensar que mais provavelmente faria cego um homem que tivesse visão. Emplastar lodo sobre os olhos os fecharia, mas nunca os abriria. Observe que o poder de Deus frequentemente age de maneira contrária ao esperado, e Ele faz os homens sentir em sua própria cegueira, antes de lhes dar a visão.

(2) Para evidenciar que era sua mão poderosa, a mesma que criou o homem do pó, pois, por Ele, Deus criou os mundos, tanto o grande mundo como o homem, que pode ser considerado como um pequeno mundo. O homem foi feito do lodo, e modelado como o barro, e aqui Cristo usou os mesmos materiais para dar visão ao corpo, os quais, no início, Ele usou para dar-lhe a existência.

(3) Para representar e exemplificar a cura e a abertura dos olhos da mente por meio da graça de Jesus Cristo. O desígnio do Evangelho é abrir os olhos dos homens, Atos 26.18. O remédio que realiza o milagre é preparado por Cristo. É feito, não como este colírio, da sua saliva, mas do seu sangue, o sangue e a água que saíram do seu lado perfurado. Nós devemos ir a Cristo para obter o colírio, Apocalipse 3.18. Somente Ele é capaz de salvar, e somente Ele é indicado para fazê-lo, Lucas 4.18. Os meios usados nesta obra são muito fracos e improváveis, e se fazem efetivos somente pelo poder de Cristo. Quando um mundo escuro devia ser iluminado, e as nações de almas cegas deviam ter seus olhos abertos, Deus escolheu as coisas loucas, e fracas, e desprezadas para fazer isto. E o método que Cristo adota é, em primeiro lugar, fazer os homens se sentirem cegos, como aconteceu com este pobre homem, cujos olhos foram cobertos com o lodo, e então dar-lhes a visão. Na sua conversão, Paulo sofreu de cegueira por três dias, e depois as escamas caíram dos seus olhos. O método prescrito para obter sabedoria espiritual é fazer-se “louco para ser sábio”, 1 Coríntios 3.18. Devemos nos sentir desconfortáveis devido à nossa cegueira, como este homem, e depois disto seremos curados.

3. Ai, orientações que Ele deu ao paciente, v. 7. Seu médico disse a ele: “Vai, lava-te no tanque de Siloé”. Não que lavar os olhos fosse necessário para efetivar a cura, mas:

(1) Com isto, Cristo testaria a obediência do homem, e veria se, com uma fé implícita, ele obedeceria às ordens de alguém que lhe era um estranho.

(2) Da mesma maneira, Ele testou como ele seria influenciado pelas tradições dos anciãos, que ensinavam, e talvez lhe tivessem ensinado (pois há muitos que são cegos e que têm muito conhecimento), que não era lícito lavar os olhos, nem de forma medicinal, com saliva, no sábado, muito menos ir a um tanque de água para lavá-los.

(3) Com isto, Ele desejava apresentar o método da cura espiritual, no qual, embora o efeito seja devido puramente ao seu poder e à sua graça, existe uma obrigação que deve ser feita por nós. Vá, leia as Escrituras, compareça aos cultos, converse com os sábios. Isto equivale a lavar-se no tanque de Siloé. Ai, graças prometidas devem ser esperadas no caminho das ordenanças instituídas. Ai, águas do batismo eram, para aqueles que tinham sido instruídos nas trevas, como o tanque de Siloé, onde eles podiam não somente se lavar e se purificar, mas se lavar e ter seus olhos abertos. Consequentemente, aqueles que eram batizados eram chamados esclarecidos, e os antigos chamavam o batismo de iluminação. A respeito do tanque de Siloé, observe:

[1] Que ele era abastecido com água do monte Sião, de modo que estas eram as águas do santuário (Salmos 46.4), águas vivas, que curavam, Ezequiel 47.9.

[2] Que as águas de Siloé tinham, antigamente, significado o trono e o reino da casa de Davi, apontando para o Messias (Isaias 8.6), e os judeus que recusavam as águas de Siloé, a doutrina e a lei de Cristo, e adotavam a tradição dos anciãos. Cristo iria testar este homem, se ele iria aderir às águas de Siloé ou não.

[3] O evangelista observa o significado do nome, que significa “o enviado”. Cristo é frequentemente chamado de Enviado de Deus, o anjo do concerto (Malaquias 3.1), de modo que quando Cristo o enviou ao tanque de Siloé, na verdade, Ele o enviou a si mesmo, pois Cristo é tudo para a cura das almas. Cristo, como um profeta, nos dirige a si mesmo, como um sacerdote. Vá, lave-se na fonte aberta, uma fonte de vida, não um tanque.

4. A obediência do paciente a esta ordem: ele “foi”, portanto, provavelmente levado por um ou outro amigo. Ou talvez ele conhecesse Jerusalém tão bem, que podia encontrar sozinho o caminho. A natureza frequentemente supre a falta de visão com uma sagacidade incomum, e ele lavou seus olhos. Provavelmente, os discípulos, ou algum espectador, informou-o de que aquele que lhe dizia para fazer isto era aquele Jesus de quem ele tinha ouvido falar tanto, caso contrário ele não teria ido, obedecendo à sua ordem, naquilo que parecia muito como uma tarefa de louco. Confiando no poder de Cristo, assim como em obediência à sua ordem, ele foi, e lavou-se.

5. A cura realizada: ele “voltou vendo”. Há mais glória nesta narrativa concisa: Ele “foi… e lavou-se, e voltou vendo”, do que na frase de César: Veni, vidi, vici – Vim, vi, venci. Quando o lodo foi lavado dos seus olhos, todas as outras limitações foram removidas com ele, de modo que as dores e os sofrimentos do novo nascimento se acabaram, e as dores e terrores passaram, as ligações com o pecado se foram com ele, e uma luz e uma liberdade gloriosas aconteceram. Veja aqui um exemplo:

(1) Do poder de Cristo. O que não poderá fazer aquele que, não somente podia fazer isto, mas podia fazer isto desta maneira? Com um torrão de terra colocado sobre cada olho, e lavado novamente, Ele removeu imediatamente aquelas cataratas que o mais habilidoso oculista, com os melhores instrumentos e a mão mais precisa, não poderia remover. Sem dúvida, este é aquele que havia de vir, pois, por meio dele, os cegos recebem sua visão.

(2) É um exemplo da virtude da fé e da obediência. Este homem deixou Cristo fazer o que quisesse, e fez o que Ele lhe mandou fazer, e assim foi curado. Aqueles que desejam ser curados por Cristo de­ vem ser governados por Ele. Ele voltou do tanque para junto dos seus vizinhos e conhecidos, maravilhando aos outros e maravilhado. Ele “voltou vendo”. Isto representa o benefício que as almas graciosas encontram ao participar das ordenanças instituídas, de acordo com a indicação de Cristo. Eles foram ao tanque de Siloé enfraquecidos, e retornaram fortalecidos; foram duvidosos, e voltaram satisfeitos; foram chorando, e voltaram jubilosos; foram tremendo, e voltaram triunfando; foram cegos, e voltaram vendo e cantando, Isaías 52.8.

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