Por se tratar de uma data onde a sociedade é despertada para um assunto que diz respeito à todos, vitimas ou não, segue artigo em comemoração aos 12 anos da LEI MARIA DA PENHA…Que possamos ler e entender quão grande mal problemas como estes nos afetam ética, moral, emocional e psicologicamente.
ABUSO EMOCIONAL, FÍSICO E SEXUAL
As variadas formas de violência, muitas vezes praticadas por pessoas afetivamente próximas das vítimas, deixam marcas não só no corpo, mas também no psiquismo e podem culminar em desfechos fatais. Mulheres e crianças são as principais afetadas.
UMA HISTÓRIA COMO TANTAS OUTRAS
A tragédia familiar protagonizada por Débora, Pedro e os quatro filhos culminou com o assassinato da mulher cometido pelo marido na frente das crianças. Infelizmente, o caso se confunde com tantos outros semelhantes, com desfechos que também deixam marcas de profundo sofrimento.
Durante as primeiras horas de uma manhã de setembro de 2007, Pedro, de 42 anos, invade a sua casa em um condomínio de classe média alta, armado com uma grande faca de cozinha. Ele tentou entrar pela garagem, mas o sensor não respondeu ao seu comando. Em seguida, forçou a porta da frente, mas a fechadura havia sido mudada. Então, pegou uma cadeira do deck e a atirou através de uma janela da cozinha. Assim que ouviu o barulho do vidro se estilhaçando, sua mulher, Débora, chamou a polícia e disse que o marido tinha entrado à força em sua casa. Ela mandou dois filhos, de 4 e 9 anos, que estavam dormindo em sua cama, permanecerem deitados. Pegou um taco de golfe e correu pelo corredor passando pelos quartos dos outros dois, um menino de 10 e uma garota de 7. E deu de cara com Pedro na escada. Virou-se e correu de volta para seu quarto, batendo a porta, mas ele a alcançou. Com a faca em punho, Pedro se aproximou de Débora e a esfaqueou no estômago. A mulher caiu sobre a cama. Enquanto gritavam e o chutavam, as crianças imploravam: “Pare! Pare!”. Até o cachorro tentou mordê-lo. Débora rolou para o chão, ainda respirando e ele de novo a esfaqueou repetidamente – sete vezes, segundo os jornais. Pedro, então, tapou o nariz e a boca da mulher até que não se movesse mais. Na sequência, se deitou ao lado do corpo de sua vítima e esperou a polícia chegar. “Por quê, papai?”, as crianças indagavam aos prantos. O doutor em sociologia Michael S. Kimmel, pesquisador da Universidade Stony Brook, escreveu: “O tipo de violência mais sistemático, persistente e danoso (…) é esmagadoramente perpetuado por homens (…) em mais de 90% dos casos”. Como tantas mulheres, Débora foi vítima de uma brutalidade implacável. Nem privilégios econômicos poderiam protegê-la das forças psicológicas e sociais que colaboraram com o comportamento do marido.
“VOCÊ É TÃO ESTÚPIDA!”
Débora conheceu Pedro, três anos mais velho que ela, ainda na adolescência. Ambos frequentavam os mesmos círculos sociais. Extremamente inteligente, ele foi um excelente aluno na faculdade. Era do tipo que dizia conhecer tudo e não aceitava a opinião de ninguém, o que não o ajudou a construir laços de amizade. A mãe de Débora recorda-se de Pedro como um garoto religioso e estudante promissor. Débora era extrovertida, amava os animais e tinha muitos amigos, mas não era a melhor aluna. A autoconfiança e o intelecto de Pedro a atraíam. Ele foi seu primeiro namorado, quando ela tinha 16 anos. Ele controlava o relacionamento. Tinha opinião formada sobre praticamente tudo e ditava como deveriam ser a maquiagem e os cabelos da namorada. Extremamente ciumento, não permitia sequer que ela tivesse encontros sociais sem que ele estivesse por perto, mesmo com a própria família. Com o tempo, os amigos se cansaram desse comportamento possessivo e aos poucos foram se afastando dela. Por diversas vezes, o modo de agir de Pedro fazia sua parceira se questionar se queria levar a relação adiante. Nesses momentos, porém, ele sabia ser bondoso e compassivo – e ela reconsiderava. Débora se convencia de que ele era apenas superprotetor e queria o melhor para ela. “Como poderia ser diferente? Ele me ama tanto”, costumava dizer. De fato, as ações de Pedro podem ter atraído Débora de uma maneira perversa. Desde os anos 80, especialistas reconhecem a síndrome de Estocolmo, em que ligações emocionais profundas se desenvolvem a partir de duas características do relacionamento abusivo: desequilíbrio de poder e mudanças imprevisíveis entre cuidado e intenção criminosa (explícita ou não). Nessa dinâmica, a vítima se esforça cada vez mais para fazer feliz seu agressor, na esperança de ganhar um pouco de afeto, mas é acusada de causar problemas. E se sente responsável por corrigi-los. Gradualmente, esse tipo de relacionamento se torna um padrão e começa a parecer aceitável. Os laços se fortificam entre agressor e vítima. Para fortalecer os vínculos, Pedro defendia suas ações com declarações de amor, insistindo que tinha as melhores intenções. Ele não se cansava de dizer à mulher que estava em sua vida para ajudá-la a se tornar uma pessoa melhor. E frisava que, sem ele, ela não chegaria a lugar algum. A verdade é que esse tratamento tóxico não é motivado pelo amor, mas pela insegurança e necessidade de poder e controle. “Esse tipo de homem se sente seguro apenas com pessoas com baixa autoestima”, diz o psiquiatra Rahn Kennedy Bailey, da Escola Médica Meharry, especialista no tratamento de vítimas de violência intrafamiliar. As tentativas de Pedro de isolar Débora de seus amigos e de sua família foram decisivas para deixá-la mais insegura. Comentários humilhantes são outro meio comum de controla a parceira e consolidar o poder. E Pedro dizia constantemente que Débora não passava de uma mulher “estúpida e sem cérebro”. (Mais tarde, quando o segundo filho nasceu, ele começou a chamá-la de “bunda gorda”.) Depois do ensino médio, o casal viveu em um pequeno apartamento, propriedade da família de Pedro. Enquanto ele estudava engenharia civil, Débora decidiu arrumar um trabalho. Depois de se formar, Pedro resolveu fazer pós-graduação. Foi aceito na Escola de Negócios Harvard, uma conquista que o ajudou a convencer a jovem de que teriam um futuro maravilhoso. Eles se casaram em junho de 1983 e se mudaram para Boston. Na época, Pedro decidiu se concentrar nos estudos. Deb, então, resolveu arrumar um emprego como secretária, que ficava a 16 quilômetros de casa. Ele comprou um carro para dirigir por menos de 5 quilômetros até a escola e deu a ela uma bicicleta para chegar ao trabalho. Com sol ou chuva, ela pedalava. E tinha de entregar seu pagamento a ele. Quando a família fazia algum questionamento, Débora respondia: “Ele está focado em fazer o melhor para a nossa família; tenho de apoiá-lo”. “Ele dava ordens a ela constantemente; suspeito de que ela obedecia para evitar sua ira”, relembra Darlene, irmã de Débora. Quando soube que a cunhada desaprovava essa situação, Pedro dizia que ela tinha ciúme da felicidade do casal e tentava prejudicar o relacionamento. Depois que ele terminou os estudos, ambos se mudaram para Nova York. Débora queria ser chef de cozinha e começou a ter aulas em uma escola de culinária local. E Pedro conseguiu seu primeiro emprego no setor bancário. Embora ele não gostasse de que a esposa estudasse, em algumas ocasiões oferecia alguma ajuda. Sua irmã estava feliz ao vê-la circular com mais liberdade, mas permanecia cautelosa em relação ao cunhado. Uma noite, quando Darlene e seu marido foram visitar o casal, viram Pedro dar um tapa no rosto da esposa por ela não compreender uma ordem. “Você é tão estúpida!”, ele gritou aborrecido. Profundamente abalada, Darlene chamou-a para outra sala, e, durante a conversa, Débora admitiu que não era a primeira vez que apanhava.
Darlene se recorda de que as agressões físicas e emocionais tinham começado a deteriorar a relação do casal. Os novos amigos na escola de culinária ajudaram Débora a perceber que aquilo não era saudável. Ela sabia também que, apesar de Pedro bancar financeiramente as aulas, ele estava no controle e não permitiria que ela de fato se tornasse chef. Além disso, tinham uma divergência fundamental: o marido não queria filhos, mas ela decidiu engravidar. Ele, então, disse à esposa que deveria conhecer outra pessoa para ter uma família. Ela deixou sua casa e foi morar com uma amiga. A separação, porém, não durou um mês. Pedro dizia a Débora que não conseguiria viver sem ela e concordou em ser pai.
NINGUÉM ESTÁ A SALVO
Pedro conseguiu uma promoção importante e o casal comprou uma casa espaçosa e um bom carro. Em 1998, já tinham quatro filhos. Débora estava bastante envolvida com os pequenos e sua formação escolar. Nos fins de semana, Pedro levava os mais velhos para jogar futebol. Por trás da aparência de uma vida comum, porém, o marido continuava com os abusos. Apesar de Débora ser a responsável por administrar a rotina da família, Pedro inventou maneiras inteligentes de controlar sutilmente a mulher, geralmente por meio das finanças. Ele deixava pouco dinheiro, que, muitas vezes, não era suficiente para cobrir as despesas. Não era incomum Deb bater na porta da sua vizinha, Elen, para pedir emprestado dinheiro para comprar leite ou outros produtos essenciais para os filhos. Pedro monitorava os gastos minuciosamente. Para evitar conflitos, quando comprava roupas ou brinquedos para as crianças, Débora costumava pedir à irmã que dissesse que eram seus presentes. O marido ficaria furioso se soubesse que ela havia gastado com esses itens. Débora contou a Elen que certa vez ele tirou, sem nenhum remorso, os alimentos preferidos da lancheira das crianças e insistiu que ela devolvesse porque acreditava que eram muito caros, mesmo vendo os pequenos chorando. No entanto, o patrimônio, como carros e casa, foi colocado no nome de Pedro, claro.
Como não queria gastar dinheiro para manter os gramados da casa, o engenheiro comprou um pequeno trator para a esposa. Os vizinhos assistiam Deb capinar e cortar a vasta extensão de grama toda semana. Às vezes, ela pedia ao marido de Elen para ajudá-la a mover os pesados móveis do quintal, como mesas, cadeiras e a cama elástica das crianças, que pesava 70 kg. Quando lhe perguntavam o porquê de não contratar alguém, ela respondia com um sorriso: “Eu não me importo”.
Pedro controlava também o que a família deveria assistir na televisão. Segundo ele, “famílias reprováveis”, com nível socioeconômico baixo, poderiam levar a mulher e as crianças a se acostumar com hábitos inconvenientes. Alegando razões semelhantes, ele tentou se certificar de que seus filhos mantivessem contato apenas com outras crianças da mesma classe social e de nível educacional semelhante.
A estabilidade financeira entre casais pode estar associada com menor violência doméstica. A pobreza, por sua vez, pode ser um fator de risco. Maior nível socioeconômico e educacional pode ajudar a protegeras mulheres de agressões intrafamiliares, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que pesquisou recentemente 19.517 mil voluntárias, de dez países, envolvidas numa relação amorosa. Em outro estudo com casais americanos, uma equipe liderada pela epidemiologista Carol B. Cunradi, do Instituto Pacífico para Pesquisa e Avaliação, constatou que, entre todos os fatores investigados, a baixa renda familiar anual foi um importante preditor de agressão praticada pelo companheiro.
No entanto, é preciso reconhecer que o fenômeno atinge todas as classes sociais. Já atendi aproximadamente mil vítimas desse tipo de violência, tanto por meio de organizações sem fins lucrativos, como em meu consultório particular. A maioria das minhas clientes é mulher, branca e com bom nível de escolaridade. Em minha experiência, entendo que as vítimas com mais recursos financeiros tendem a recorrer a terapeutas privados – e ficam fora das estatísticas. A verdade, porém, é que qualquer uma pode sofrer esse tipo de violência. Ninguém está a salvo.
“POR QUE VOCÊ FICA?”
Ninguém ouvia gritos na casa de Débora e Pedro. Ele usava belos ternos, mostrava-se ser calmo e educado. Os vizinhos o consideravam reservado, mas agradável, embora não fizesse amizades. Moradores do condomínio costumavam se reunir às sextas, nas noites de pizza da casa de Elen, e o casal nunca ia. Às vezes, Deb passava rapidamente, mas logo dizia que precisava voltar. Assim como Elen, outra vizinha, Fran, fez amizade com Débora e também começou a notar comportamentos estranhos. Se as crianças entupissem o vaso sanitário com um brinquedo ou quebrassem uma janela com a bola de beisebol, por exemplo, ela pedia desesperadamente que o marido de Fran consertasse o problema antes que Pedro chegasse do trabalho. Não foram raras as vezes em que, no final da tarde, Débora suplicava a Elen que cuidasse de seus filhos enquanto ela corria para trocar de roupa e se maquiar porque Pedro esperava encontrá-la com boa aparência quando voltasse. Ela pedia também frequentemente à vizinha que deixasse colocar o lixo em sua cesta porque o marido o revirava tentando encontrar evidências de compras para repreendê-la.
Esses pedidos incomuns chamavam atenção dos vizinhos. Muitos acreditavam que ela era simplesmente estranha ou que tinha uma vida conturbada. Deb imaginava que as pessoas faziam esses comentários e temia que o assunto chegasse aos ouvidos do marido, o que poderia fazê-lo isolar ainda mais a família. Ela tinha medo também de que a verdade viesse à tona e sofressem ainda mais com o ostracismo. No entanto, aos poucos, Débora começou a fazer algumas revelações. Em três ou quatro ocasiões, confessou usar mangas compridas para cobrir hematomas nos braços provocados, já que Pedro costumava agarrá-la com força. No início, Elen e Fran achavam que era exagero. Elas não conseguiam imaginar o engenheiro como um homem violento. Mas os relatos de Deb se tornavam cada vez mais assustadores. Durante uma conversa, ela disse às vizinhas que ele a havia jogado no chão e batido sua cabeça repetidas vezes. Ele só parou quando viu geleia esparramada no azulejo e achou que fosse sangue. “Pedro vai acabar me matando”, disse. Elen e Fran perguntavam: “Por que você fica?”. Muitas de minhas clientes chegam a essa pergunta. Sair da relação pode parecer uma escolha óbvia – se a história não é com você. Considere ter de deixar seu parceiro hoje. Para onde você iria? Agora, imagine que não tem acesso ao dinheiro da família nem renda própria. Muitas vítimas de violência intrafamiliar são tão controladas financeiramente que somente a ideia de terminar a relação – o que pode implicar mudar os filhos da escola e de casa – é suficiente para causar enorme angústia.
Grande parte das mulheres se sente responsável por manter a família unida. Se isso falha, independentemente do motivo, não raro, a culpa recai sobre elas. Como resultado, muitas decidem permanecer enquanto tentam descobrir um jeito de melhorar a situação. Principalmente quando sofrem abuso emocional, mas não passam por agressões físicas. Nesses casos, muitas vítimas não encaram a situação como uma violência, mas acreditam que precisam se esforçar mais no casamento.
Os filhos também podem ser usados como armas. Quando discutiam, Pedro costumava dizer que, se ela o deixasse, ele levaria as crianças, e Deb jamais os veria novamente. Ela não tinha nenhuma razão para duvidar. Pedro tinha poder e sempre cumpria suas ameaças. Além de todos esses obstáculos e pressões, ainda há uma terrível dificuldade para uma mulher na posição de Débora: se ela deixa o lar, o marido se torna mais perigoso do que nunca. Nesses casos, a resposta é a agressão. “O uso da violência indica não uma experiência em que há domínio da situação, mas de perda de controle”, escreve Kimmel. Ele destaca três antecedentes: ciúme sexual; a percepção de que a mulher não executou uma tarefa doméstica como ele gostaria em relação à limpeza ou à preparação de refeições; ou sensação de que ela desafia sua autoridade em questões financeiras. “Trata-se de indicadores da quebra de expectativa de dominação e controle masculino”, afirma Kimmel. Quando uma mulher deixa esse tipo de parceiro, ele rapidamente perde o controle sobre ela. E o risco de violência sobe. A probabilidade de uma mulher ser assassinada aumenta significativamente quando ela tenta se afastar, segundo dados recentes da OMS. Por essa razão, muitas de minhas clientes têm mais medo de viver sem o marido do que com ele.
EXATAMENTE 14 DIAS
Elen, Fran e Darlene estavam preocupadas com o que observavam. “Depois de anos de convivência, percebemos que Débora sofria abuso e violência física e que estava com muito medo, mas não sabíamos o que fazer”, relata Fran. “Ela estava tão triste e aflita, mas insistia em dizer que temia que ele levasse seus filhos e que nunca mais os visse.
”Apesar das preocupações, ninguém se atrevia a dizer as palavras “violência doméstica”. Não havia registros de agressões intrafamiliares no condomínio e os moradores tinham a impressão de viver numa espécie de redoma. Mas será que Débora sabia que era uma vítima? Mesmo depois de terem sido fisicamente agredidas, muitas mulheres não acreditam que sofrem violência doméstica. Não raro, enxergam o parceiro apenas como insensível, egoísta ou talvez um canalha. A maioria não considera ter passado por uma ofensa grave, principalmente de alguém que conhece há tanto tempo.
Débora, Pedro e as crianças tinham momentos agradáveis, claro. Ela se mostrava feliz nos fins de semana de passeio e em alguns dias “mais tranquilos”. Mas escondia uma profunda tristeza e se tornava cada vez mais debilitada por enxaquecas graves e frequentes, certamente uma resposta somática para a dor emocional. Enquanto isso, as tarefas de Deb se acumulavam. Ela não cuidava somente do interior da casa e do gramado. Se um degrau do lado de fora quebrasse, por exemplo, ela deveria consertar. Nas manhãs de inverno, costumava se levantar cedo para limpar e aquecer o carro de Pedro antes que ele usasse. Ela lavava e passava a roupa dele com equipamento profissional que o marido comprou, porque ele se recusava a pagar por um serviço de limpeza a seco. Ainda mais perturbador: a mulher dizia a Darlene que tinha de agradá-lo sexualmente, mesmo que estivesse doente ou simplesmente exausta. Era mais fácil não resistir ou seria fortemente repreendida. Ela ainda tentou a psicoterapia de casal, na esperança de obter a confirmação de que o comportamento de Pedro não era saudável. O que ela não sabia é que, em caso de violência doméstica perpetrada pelo companheiro, essa abordagem não costuma ser adequada. O agressor provavelmente irá punir a vítima se ela revelar muitos fatos sobre o casamento, porque isso causa um desequilíbrio de poder. Nessas situações, costuma ser mais adequado o atendimento individual para ambos.
Em momento algum Deb procurou um serviço de proteção contra violência doméstica. Muitas mulheres de classe média alta não consideram esse tipo de ajuda porque acreditam que seja para pessoas de baixa renda que não podem pagar terapeutas particulares. Mas, na verdade, essas organizações oferecem apoio numa perspectiva multidisciplinar (aconselhamento, tratamento psicossocial, orientação jurídica, visita domiciliar, encaminhamento para serviços de saúde mental e para solicitar benefícios sociais etc.) a qualquer pessoa que tenha sofrido agressão no relacionamento, enquanto muitos profissionais privados não são especialistas na área. Débora ficou presa pelo medo. As enxaquecas pioraram. O marido continuava a atormentá-la sobre os gastos e insistia que apresentasse recibos e anotações contábeis. Darlene acredita que Pedro cumpriu a promessa que fez à esposa: “Se não me apresentar o que pedi até a hora que chegar em casa, você está morta”.
Depois de 25 anos sob o controle de Pedro, Débora comentou com sua mãe que queria o divórcio. Ela não ignorava os abusos sofridos pela filha, mas não sabia de sua extensão. Deb planejava pedir uma ordem de afastamento judicial, como foi orientada quando ligou para um advogado local. Ela entrou com o pedido pelo tribunal, onde descreveu os abusos emocional, verbal, sexual, financeiro e físico que sofria. O juiz decidiu que Pedro deveria ficar temporariamente longe de casa, exceto para buscar as crianças (que teria de encontrar na calçada) durante visitas autorizadas. Ele não podia ter nenhum contato com Deb. Ela ficou na casa com os filhos, e Pedro foi obrigado a sair. Policiais o acompanharam quando o engenheiro recolheu seus pertences.
Finalmente, Deb se sentia livre. Elen, Fran e Darlene dizem que nunca tinham visto a amiga tão feliz. Ela poderia ir e vir quando quisesse, sem se preocupar se uma das crianças havia quebrado algo enquanto brincava. Pedro se hospedou na casa de um parente, mas se mostrou arrependido e pediu que Débora o deixasse voltar. Também entrou em contato com Darlene, suplicando para que “colocasse algum juízo” na cabeça da esposa. Deb, porém, não reconsiderou. Ela voltou a sorrir, ter contato com os vizinhos e a controlar a própria vida por exatamente 14 dias.
FATOS DESVENDADOS
Como muitos abusadores, Pedro acreditava ser a vítima. E tentou obstinadamente desenterrar informações sobre Deb: “Ao que tudo indica, ele se tornava cada vez mais obcecado em investigar as atividades da mulher, mas parecia se concentrar principalmente na coleta de dados para conseguir a guarda dos filhos”, segundo uma avaliação psiquiátrica pedida pelo advogado do agressor. Com base nos comentários de um amigo e de uma irmã, entre outros, Pedro desconfiava cada vez mais que Deb mantinha casos extraconjugais. Ele dizia também que ela era dependente de drogas e que machucaria as crianças, expondo-as a comportamentos pouco saudáveis. Darlene diz que Débora se tornou dependente de analgésicos depois de sofrer por anos com enxaquecas lancinantes. Mais tarde, assim que praticou o crime, Pedro usou esse argumento para justificar para os filhos a punhalada fatal.
Enquanto isso, ele tentava diminuir a gravidade das agressões contra a esposa. Admitiu para um profissional de um serviço de proteção à criança, por exemplo, ter agredido Deb apenas uma vez, três anos antes, de acordo com uma avaliação psiquiátrica. Em outra ocasião, disse se recordar de ter chutado Débora, dando a entender que não provocou lesões. “Ela disse que quebrei sua pélvis quando a acertei, mas jamais procurou um médico”, ele citou no documento.
Débora estava em grande perigo após a separação. Não sabemos até que ponto ela calculou a melhor maneira de proteger a si mesma e a família (ou se estava ciente dos riscos que corria). Quando conseguiu a ordem de afastamento, um defensor do tribunal deveria tê-la alertado sobre a ameaça crescente e discutido algum plano de segurança. Débora deveria ter dito aos vizinhos para chamarem a polícia caso vissem Pedro pelas redondezas fora da hora de buscar e trazer as crianças. Poderia ter combinado também uma senha com os filhos que significasse “se escondam ou corram para a casa de vizinhos”. Ela deveria ter sido orientada sobre segurança e abrigos secretos. Tudo o que sabemos é que Débora mudou as fechaduras da casa.
Em 8 de setembro de 2007, o assassino pegou as crianças e as deixou em casa como de costume. Um conhecido se lembra de ter visto o carro de Pedro retornar mais tarde naquele dia, uma violação da ordem de afastamento que poderia mandá-lo para a prisão. Mas o rapaz, que não foi orientado sobre as disposições da lei, não considerou a possibilidade de chamar a polícia.
Os vizinhos ficaram em estado de choque ao saber do assassinato. Muitas vezes, quando alguém percebido como “normal” comete um crime violento, a comunidade conclui que a pessoa “enlouqueceu”. No entanto, assim como a história de Pedro revela, a verdade é bem mais complexa. Em 2009, os criminologistas Russell P. Dobash e Rebecca E., da Universidade de Manchester, e a falecida colega Kate Cavanagh, da Universidade de Stirling, na Inglaterra, publicaram um artigo em que afirmam que homens que cometem assassinatos aparentemente inesperados têm um perfil psicológico muito semelhante ao dos autores com condenações anteriores.
Pessoas de ambos os grupos podem ser possessivas, ciumentas e apresentar falta de empatia ou remorso. Segundo Bailey, homens abusivos também podem ser intempestivos e ter o julgamento e o controle de impulsos extremamente prejudicados. Mesmo os atos que parecem súbitos estão relacionados a uma história pessoal. No caso de Pedro, os sinais estavam lá já havia algum tempo.
PERIGOS DA DISCRIÇÃO
Débora sofreu abuso por vários anos, mas a polícia nunca havia visitado sua casa, até o dia em que Pedro recebeu uma ordem de afastamento. Segundo as estatísticas, apenas cerca de metade de todos os casos de violência praticados pelo companheiro é denunciada. Dados de países europeus indicam um número ainda menor, aproximadamente 14%. Minha experiência de 15 anos como conselheira, advogada e diretora de programas nessa área sugere que vítimas da classe média e alta são especialmente relutantes para compartilhar o que acontece no lar. Em bairros nobres, não se “lava roupa suja” em público. Diferentemente das comunidades com alta criminalidade, a chegada do carro policial em lugares com moradores mais abastados chama muita atenção, trazendo os vizinhos para as calçadas para examinar a situação. No entanto, independentemente do local onde moramos, todos temos razões para evitar chamar a polícia para a pessoa com quem convivemos. Geralmente, as vítimas querem interromper o ciclo de violência, e não mandar o parceiro para a cadeia. Embora os policiais possam simplesmente apartar uma briga para acalmar a situação, a prisão pode ser uma consequência. As vítimas temem também que os serviços sociais retirem as crianças da casa caso sejam detectados sinais de maus-tratos. Infelizmente, essa preocupação não é infundada.
No entanto, é preciso estar atento para não atuar de forma negligente. Policiais que entram numa casa de alto padrão podem ser manipulados e acabar acreditando que um grito de socorro foi um alarme falso ou uma reação exagerada. E assim, deixar a verdadeira vítima em perigo.
Por isso, é fundamental que esses profissionais da saúde, policiais e assistentes sociais sejam treinados para detectar o abuso em suas diversas formas (emocional, verbal, sexual, financeiro e físico) e diferenciar brigas ocasionais ou comentários dolorosos de um padrão crescente de violência. É indispensável que as vítimas sejam encaminhadas para locais que oferecem aconselhamento até que estejam prontas para tomar medidas legais.
Em termos ideais, alguém que passa por esse tipo de situação, mas não está em perigo imediato, pode consultar um psicólogo ou assistente social em uma organização especializada em casos de violência doméstica. O profissional pode ajudar a avaliar as circunstâncias e a decidir como agir. Caso a pessoa opte por deixar o relacionamento, um defensor legal irá acompanhá-la ao tribunal para obter uma ordem de afastamento. A organização pode ajudar a traçar um “plano de segurança” e oferecer serviços como psicoterapia, apoio à carreira, assistência infantil, ajuda jurídica e abrigamento institucional.
Após mais de uma década, a família de Débora ainda luta com o horror do crime. Talvez o que tenha me comovido tanto é que Débora parecia a garota da “porta ao lado”. Ela era a mãe que acompanhava os filhos ao jogo de futebol, a mãe que esperava os filhos na saída da escola. Se pudesse voltar no tempo e conversar com ela, teria dito que o comportamento de Pedro não era sua culpa e que ela tinha o direito de ser tratada com respeito. Acima de tudo, gostaria de ter tentado ajudá-la a sair da relação com segurança.
SEGURANÇA PASSO A PASSO
O momento de deixar um relacionamento violento costuma ser o mais perigoso para as vítimas. Mas, vivendo ou não com o abusador, é conveniente ter um plano para proteger a si mesma e a sua família. Confira as orientações oferecidas em reuniões de aconselhamento:
ROTAS DE FUGA:
- Se não puder evitar algum atrito, procure discutir em uma sala ou área com acesso à saída, e não no banheiro, na cozinha ou lugares com objetos perigosos ou que possam ser usados como armas
- Pratique como sair de casa em segurança. Tenha em mente as janelas, os elevadores e as escadas que permitem uma fuga
- Mantenha uma mala pronta num lugar secreto e acessível que permita uma partida rápida
- Escolha um vizinho a quem possa contar sobre a violência e peça que chame a polícia caso perceba alguma agitação em sua casa
- Invente uma palavra que sirva de código entre os filhos, familiares, amigos e vizinhos para que liguem para o 190
- Planeje para onde ir caso tenha de sair de casa (mesmo que acredite que isso não será necessário)
PARA TERMINAR A RELAÇÃO:
- Saiba quem pode recebê-la em casa ou emprestar algum dinheiro caso precise
- Procure sempre levar os filhos ou deixá-los com pessoas de confiança
- Separe dinheiro, roupas, chaves extras e cópias de documentos importantes e deixe-os aos cuidados de amigos ou parentes
- Abra uma conta poupança em seu próprio nome para aumentar sua independência financeira
- Anote o número de telefone de alguns abrigos no celular
- Desenvolva um plano de segurança com um advogado especialista em violência doméstica para que decidam a forma mais segura de deixar o agressor
DEPOIS DA SEPARAÇÃO:
- Escolha uma pessoa do ambiente profissional para quem possa contar a situação. Não se esqueça de avisar no local de trabalho que o agressor não deve entrar. Se possível, disponibilize uma foto dele
- Providencie para que uma recepcionista ou colega, por exemplo, selecione seus telefonemas no trabalho
- Procure ter companhia até o carro, o ônibus ou o trem. Use rotas diferentes para ir para casa. Tente imaginar como poderá reagir se algo acontecer nesse trajeto
- Se você tem uma ordem de afastamento, certifique-se de que todos os encarregados das instituições que você e seus filhos frequentam tenham uma cópia
- Informe os vizinhos de que seu parceiro já não vive com você e de que devem chamar a polícia caso o vejam perto de casa
- Mude a fechadura ou a senha de bloqueio de portas e janelas o mais rapidamente possível.
A CADA CINCO MINUTOS UMA MULHER É AGREDIDA
O Brasil tem a quinta taxa de violência contra a mulher no mundo, segundo estudo feito pela Organização das Nações Unidas: são 5 mil assassinatos por ano, 13 por dia. A cada cinco minutos uma mulher é agredida – isso contando apenas os casos denunciados, já que muitas vítimas se escondem por vergonha, dor e medo do agressor, que em 70% dos casos é o próprio parceiro. Segundo dados do Balanço 180, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, ligada à Secretaria dos Direitos Humanos, entre 2015 e 2016 houve um aumento de 93,87% nos relatos de violência física no serviço de disque denúncia. O risco de que a violência relatada acarreta a morte da vítima foi constatado em 29% dos casos. Em 66% dos registros, a agressão é cometida por homens com quem a vítima tem ou teve algum vínculo afetivo: cônjuges, namorados ou amantes. O tempo de relacionamento dessas mulheres com seus agressores ultrapassa dez anos em quase 40% das situações. Diferentemente de uma concepção enraizada no imaginário coletivo, a maioria das mulheres que sofreu algum tipo de violência doméstica e a relatou pelo 180 não depende financeiramente de seu agressor. Somente 36,63% declararam ter essa relação de dependência econômica.
Ainda que causem a morte, em muitos casos as agressões chegam a provocar danos cerebrais, ossos quebrados, perda de audição e, em situações extremas, morte. E a violência psicológica pode causar prejuízos tão graves quanto a física. Aproximadamente metade das vítimas sofre de depressão; mais de 60%, de transtorno de estresse pós-traumático; e quase 20% apresentam ideação suicida, segundo uma análise estatística feita pela psicóloga Jacqueline Golding, da Universidade da Califórnia em São Francisco. Grande parte dos atritos entre casais acontece de maneira intermitente, geralmente desencadeada por divergências a respeito de temas tensos, como sexo e dinheiro. Homens e mulheres costumam gritar. Eles, porém, costumam ser mais violentos do que elas e iniciar as agressões físicas. E, por serem mais fortes, tendem a causar mais danos. Mais de 90% das vítimas de violência entre casais são do sexo feminino. A agressão nem sempre é mútua, mas pode, em alguns casos, ser um padrão persistente, crescente e intencionalmente cruel – não raro, instigada pelo sexo masculino.
QUANDO ALGUÉM PRECISA DE AUXÍLIO
Se você conhece uma pessoa em um relacionamento abusivo, fique atento:
- Não se acanhe ao dizer com delicadeza e discrição os sinais e os comportamentos que tem observado e chamado sua atenção
- Ofereça apoio e diga que existem instituições para ajudar mulheres nessa situação
- Demonstre que se preocupa com a segurança, mas não julgue. Ouça
- Evite apresentar soluções prontas. Pergunte de que maneira você pode ajudar
- Evite dizer coisas que sugerem que a mulher tem alguma culpa. Não pergunte, por exemplo, “por que você não o deixa?” ou “o que você faz para irritá-lo?”
- Procure saber que comportamentos do agressor deixaram a parceira assustada. Esse tipo de questionamento ajuda a vítima a ter clareza da situação
- Ofereça apoio sem fazer pressão. Deixe a mulher tomar as decisões em seu próprio ritmo. Ela deve orientar o processo e decidir quando agir, até porque conhece melhor o agressor
- Ofereça-se para se sentar ao lado dela na hora de ligar para o disque denúncia ou para acompanhá-la em um atendimento
SINAIS DE ABUSO
- Presença constante de HEMATOMAS. Quando é questionada, geralmente diz que se machucou acidentalmente
- Parece sempre pedir PERMISSÃO do parceiro para fazer qualquer coisa
- Consulta frequentemente o companheiro e JUSTIFICA onde está o tempo todo
- Tímida, DEMORA mais para responder a perguntas quando está na presença do parceiro
- É PROIBIDA de manter contato social com pessoas do sexo oposto ou de ficar sozinha com as amigas
- Não raro, justifica as ATITUDES rudes ou desagradáveis do companheiro
- Costuma QUESTIONAR comportamentos saudáveis do relacionamento de outros. Por exemplo, “O seu marido não se importa de você ter um amigo homem?” ou “Você pode fazer planos sem a permissão dele?”
- Conta situações de CIÚME extremo do parceiro
- O companheiro liga EXCESSIVAMENTE para o seu celular
- Sempre dá DESCULPAS aos parentes e amigos para não vê-los.
10 TIPOS DE ABUSO
A Lei Maria da Penha (Lei nº11.340/2006) é a principal legislação brasileira para enfrentar a violência contra a mulher. A norma é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento da violência de gênero. Além da Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2015, colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses casos. Mas o que poucos sabem é que a violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro. A Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica. Conheça algumas formas de agressões consideradas violência doméstica no Brasil:
- Humilhar, xingar e diminuir a autoestima.
Agressões como humilhação, desvalorização moral ou deboche público em relação à mulher constam como tipos de violência emocional.
- Tirar a liberdade de crença.
Um homem não pode restringir a ação, a decisão ou a crença de uma mulher. Isso também é considerado como uma forma de violência psicológica.
- Fazer a mulher achar que está ficando louca.
Há um nome para isso: o gaslighting. Uma forma de abuso mental que consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a sua memória e sanidade.
- Controlar e oprimir a mulher.
Aqui o que conta é o comportamento obsessivo do homem em relação à mulher, como querer controlar o que ela faz, não deixá-la sair, isolar sua família e amigos ou procurar mensagens no celular ou e-mail.
- Expor a vida íntima.
Falar sobre a vida do casal para outros é considerado uma forma de violência moral, como, por exemplo, vazar fotos íntimas nas redes sociais como forma de vingança.
- Atirar objetos, sacudir e apertar os braços.
Nem toda violência física é o espancamento. É considerado também abuso físico a tentativa de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar com força uma mulher.
- Forçar atos sexuais desconfortáveis.
Não é só forçar o sexo que consta como violência sexual. Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches, também é violência.
- Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar.
O ato de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da violência sexual. Da mesma forma, obrigar a abortar também é outra forma de abuso.
- Controlar o dinheiro ou reter documentos.
Se o homem tenta controlar, guardar ou tirar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar documentos pessoais da mulher, isso é considerado uma forma de violência patrimonial.
- Quebrar objetos da mulher.
Outra forma de violência ao patrimônio da mulher é causar danos de propósito a objetos dela, ou objetos de que ela goste.
Fonte: Portal Brasil
ONDE PROCURAR AJUDA:
Disque 180
Principal de acesso aos serviços que integram a rede nacional de enfrentamento à violência contra a mulher, sob amparo da Lei Maria da Penha, e base de dados para de políticas nessa área.
http://www.spm.gov.br/ligue-180
Curitiba:
Mais Marias – Contato somente pelo portal www.maismarias.com
Florianópolis:
Casa da Mulher Catarina (48) 3223-8010. www.casadamulhercatarina.com.br
Fortaleza:
Instituto Maria da Penha (85) 4102-5429. http://www.institutomariadapenha.org.br
Porto Alegre:
Mulheres Mirabal (51) 90010-280. www.facebook.com/MulheresMiraba
Recife:
A Casa da Mulher do Nordeste (CMN) (87) 3838-2482. www.casadamulherdonordeste.org.br
Rio de Janeiro:
Ceam Chiquinha Gonzaga (21) 2517-2726. ceam.spmrio@gmail.com
São Paulo:
Casa Eliane de Grammont (11) 5549-9339/5549-0335. caseliane@yahoo.com.br
ALLISON BRESSLER – é advogada especialista em violência doméstica, com pós-graduação em psicologia social.
*Nomes e datas foram alterados para proteção das crianças
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