JOÃO 3: 1-21 – PARTE IV

A Conversa de Cristo com Nicodemos – Parte IV
Em quarto lugar, os grandes incentivos que nos são dados pela fé, para olhar para Ele.
1. Ele foi levantado com a finalidade de que seus seguidores pudessem ser salvos, e Ele irá perseverar rumo a este fim.
2. A oferta de salvação que é feita por Ele é geral, para que qualquer pessoa que crer nele, sem exceção, possa beneficiar-se dele.
3. A salvação oferecida é completa.
(1) Eles não perecerão, não morrerão pelos seus ferimentos. Embora possam sentir dor e muito medo, a iniquidade não será sua ruína. Mas isto não é tudo.
(2) Eles terão a vida eterna. Eles não somente não morrerão dos seus ferimentos no deserto, mas alcançarão Canaã (onde eles estariam prontos para entrar). Eles desfrutarão do descanso prometido.
[2] Jesus Cristo veio para nos salvar, perdoando-nos, para que não morrêssemos pela sentença da lei, vv. 16,17. Aqui há Evangelho verdadeiramente, boas novas, o melhor que já veio do céu para a terra. Aqui há muito, aqui há tudo em poucas palavras, a palavra de reconciliação em miniatura, o resumo da redenção.
Em primeiro lugar, aqui está o amor de Deus: Ele deu seu Filho pelo mundo (v. 16), e nisto temos três aspectos:
1. O grande mistério do Evangelho revelado: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito”. O amor de Deus, o Pai, é a origem da nossa regeneração pelo Espírito e nossa reconciliação pelo levantamento do Filho. Observe:
(1) Jesus Cristo é o Filho unigênito de Deus. Isto engrandece seu amor ao dá-lo por nós, em dá-lo a nós. Uma vez que Ele deu seu Filho unigênito por nós, sabemos que Ele nos ama, o que expressa não apenas sua dignidade em si mesmo, mas o quanto Ele era amado pelo seu Pai. Ele era sempre seu deleite.
(2) Para possibilitar a redenção e a salvação do homem, Deus se alegrou em dar seu Filho unigênito. Ele não apenas o enviou ao mundo, com plenos e amplos poderes para negociar uma paz entre o céu e a terra, mas o entregou, isto é, Ele o entregou para que sofresse e morresse por nós, como o grande sacrifício propiciatório ou expiatório. Este fato mostra a razão pela qual Ele deveria ser levantado, pois assim tinha sido determinado e designado pelo Pai, que o entregou com este objetivo, e preparou para Ele um corpo para esta finalidade. Seus inimigos não poderiam ter lançado mão dele, se seu Pai não o tivesse entregado. Embora Ele ainda não estivesse crucificado, ainda assim Ele “foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus”, Atos 2.23. Na verdade, Deus o tinha entregado, isto é, Ele tinha feito dele uma oferta, a todos, e o entregou a todos os verdadeiros crentes, para todos os objetivos e propósitos do novo concerto. Ele o entregou para ser nosso profeta, uma testemunha para o povo, o sumo sacerdote da nossa profissão de fé, para ser nossa paz, para ser o líder da igreja e governar sobre todas as coisas da igreja, para ser para nós tudo o que necessitamos.
(3) Aqui Deus elogia seu amor pelo mundo: Deus amou muito o mundo, de maneira muito verdadeira, muito rica. Agora suas criaturas verão que Ele as ama, e as quer bem. Ele tanto amou o mundo de homens caídos como não amou o dos anjos caídos. Veja Romanos 5.8; 1 João 4.10. Veja e maravilhe-se com o fato de que Deus ame tanto um mundo tão indigno! Que o Deus santo ame tanto um mundo perdido com um amor que expressa tamanha boa vontade, quando, se quisesse, seria justo por não considerá-lo com nenhuma complacência. Este era um tempo de amores, verdadeiramente, Ezequiel 16.6,8. Os judeus vaidosamente presumiam que o Messias seria enviado somente por amor à sua nação, para fazê-los triunfar sobre as ruínas dos seus vizinhos, mas Cristo lhes diz que Ele veio por amor a todo o mundo, aos gentios, além dos judeus, 1 João 2.2. Embora muitos do mundo da humanidade pereçam, o fato de Deus entregar seu Filho unigênito é um exemplo do seu amor por todo o mundo, porque, por meio dele, existe uma oferta geral de vida e salvação feita a todos. Em vista deste precioso amor, as províncias revoltadas e rebeldes devem promulgar uma proclamação de perdão e anistia a rem, colocando-se de joelhos e retornando à sua fidelidade. Deus amou tanto o mundo apóstata e decaído, a ponto de enviar seu Filho com esta proposta atraente, de que quem crer nele, quem quer que seja, não perecerá. A salvação tinha sido dos judeus, mas agora Cristo é conhecido como a salvação até os confins da terra. Ele oferece a salvação a todos. A salvação agora é de todos.
2. Aqui está o grande dever do Evangelho, que é crer em Jesus Cristo (aquele a quem Deus deu por nós, aquele que Deus deu a nós), aceitar o presente, e corresponder à intenção de quem o deu. Devemos oferecer uma avaliação e um consentimento sincero, reconhecendo o testemunho que Deus deu a este mundo a respeito do seu Filho. Deus o entregou a nós, para ser nosso profeta, sacerdote e rei, e nós devemos nos entregar para ser governados, ensinados e salvos por Ele.
3. Aqui está o grande benefício do Evangelho: “Para que todo aquele que nele crê não pereça”. Jesus tinha dito isso antes, e aqui o repete. A felicidade indescritível de todos os verdadeiros crentes, pela qual eles estão eternamente em dívida com Cristo, é:
(1) Que eles estão salvos das desgraças do inferno, libertados de descer ao poço. Eles não perecerão. Deus removeu seu pecado, eles não morrerão. Um perdão foi comprado, e, desta maneira, a desonra é revertida.
(2) Eles têm direito às alegrias do céu: eles terão a vida eterna. O traidor condenado não é apenas perdoado, mas promovido, e tornado um favorito, e tratado como alguém a quem o Rei dos reis se alegra em honrar. “Um sai do cárcere para reinar”, Eclesiastes 4.14. Se somos crentes, então somos filhos, e, se somos filhos, então somos também herdeiros.
Em segundo lugar, aqui está o desígnio de Deus ao enviar seu Filho ao mundo: “Para que o mundo fosse salvo por Ele”. Ele veio ao mundo tendo a salvação como objetivo, com a salvação na sua mão. Portanto, a oferta previamente mencionada de vida e salvação é sincera, e será cumprida para todos os que, pela fé, a aceitarem (v. 17): “Deus enviou o seu Filho ao mundo”, este mundo culpado, rebelde, apóstata. Enviou-o como seu agente ou embaixador, não corno às vezes Ele tinha enviado anjos ao mundo, corno visitantes, mas como um residente. Desde que o homem pecou, ele temia a chegada e a aparição de qualquer mensageiro especial do céu, corno tendo consciência da culpa, e esperando o julgamento: “Certamente morreremos, porquanto ternos visto Deus”. Se, portanto, o próprio Filho de Deus vem, nós nos preocupamos em descobrir em que missão Ele vem: “E de paz?” Ou, como perguntaram a Samuel, tremendo: “De paz é a tua vinda?”. E esta passagem das Escrituras traz ares posta: “É de paz”.
1. Ele não veio para condenar o mundo. Nós teríamos razões suficientes para esperar que Ele viesse para condenar o mundo, pois este é um mundo culpado. É condenado, e que motivo pode ser apresentado pelo qual o julgamento não deva ocorrer, e a execução realizar-se, de acordo com a lei? Aquele “um só” que fez “toda a geração dos homens” (At 17.26) não somente está corrompido com uma doença que passa de pai para filho através de ensinos e exemplos, como a lepra de Geazi, mas está corrompido com uma culpa que passa de pai para filho através de ensinos e exemplos, como a dos amalequitas, com quem Deus guerreava geração após geração. E, com justiça, um mundo como este todos aqueles que vierem, colocando-se de joelhos e retornando à sua fidelidade. Deus amou tanto o mundo apóstata e decaído, a ponto de enviar seu Filho com esta proposta atraente, de que quem crer nele, quem quer que seja, não perecerá. A salvação tinha sido dos judeus, mas agora Cristo é conhecido como a salvação até os confins da terra. Ele oferece a salvação a todos. A salvação agora é de todos.
2. Aqui está o grande dever do Evangelho, que é crer em Jesus Cristo (aquele a quem Deus deu por nós, aquele que Deus deu a nós), aceitar o presente, e corresponder à intenção de quem o deu. Devemos oferecer uma avaliação e um consentimento sincero, reconhecendo o testemunho que Deus deu a este mundo a respeito do seu Filho. Deus o entregou a nós, para ser nosso profeta, sacerdote e rei, e nós devemos nos entregar para ser governados, ensinados e salvos por Ele.
3. Aqui está o grande benefício do Evangelho: “Para que todo aquele que nele crê não pereça”. Jesus tinha dito isso antes, e aqui o repete. A felicidade indescritível de todos os verdadeiros crentes, pela qual eles estão eternamente em dívida com Cristo, é:
(1) Que eles estão salvos das desgraças do inferno, libertados de descer ao poço. Eles não perecerão. Deus removeu seu pecado, eles não morrerão. Um perdão foi comprado, e, desta maneira, a desonra é revertida.
(2) Eles têm direito às alegrias do céu: eles terão a vida eterna. O traidor condenado não é apenas perdoado, mas promovido, e tornado um favorito, e tratado como alguém a quem o Rei dos reis se alegra em honrar. “Um sai do cárcere para reinar”, Eclesiastes 4.14. Se somos crentes, então somos filhos, e, se somos filhos, então somos também herdeiros.
Em segundo lugar, aqui está o desígnio de Deus ao enviar seu Filho ao mundo: “Para que o mundo fosse salvo por Ele”. Ele veio ao mundo tendo a salvação como objetivo, com a salvação na sua mão. Portanto, a oferta previamente mencionada de vida e salvação é sincera, e será cumprida para todos os que, pela fé, a aceitarem (v. 17): “Deus enviou o seu Filho ao mundo”, este mundo culpado, rebelde, apostata. Enviou-o como seu agente ou embaixador, não como as vezes Ele tinha enviado anjos ao mundo, como visitantes, mas como um residente.
Desde que o homem pecou, ele temia a chegada e a aparição de qualquer mensageiro especial do céu, como tendo consciência da culpa, e esperando o julgamento: “Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus”. Se, portanto, o próprio Filho de Deus vem, nós nos preocupamos em descobrir em que missão Ele vem: “É de paz?” Ou, como perguntaram a Samuel, tremendo: “De paz e a tua vinda?”. E esta passagem das Escrituras traz a resposta: “É de paz”.
1. Ele não veio para condenar o mundo. Nós teríamos razões suficientes para esperar que Ele viesse para condenar o mundo, pois este e um mundo culpado. E condenado, e que motivo pode ser apresentado pelo qual o julgamento não deva ocorrer, e a execução realizar-se, de acordo com a lei? Aquele “um só” que fez “toda a geração dos homens” (At 17.26) não somente está corrompido com uma doença que passa de pai para filho através de ensinos e exemplos, como a lepra de Geazi, mas está corrompido com uma culpa que passa de pai para filho através de ensinos e exemplos, como a dos amalequitas, com quem Deus guerreava geração após geração. E, com justiça, um mundo como este deve ser condenado. E se Deus tivesse desejado condená-lo, Ele teria anjos ao seu dispor, para derramar os vasos da sua ira, um querubim com uma espada flamejante, pronto para a execução. Se o Senhor tivesse se alegrado em nos matar, Ele não teria enviado seu Filho ao nosso meio. Ele veio com plenos poderes, realmente, para realizar o julgamento (cap. 5.22,27), mas não começou com um julgamento de condenação, não começou com a incriminação, nem usou, contra nós, da vantagem do rompimento do concerto da inocência, mas nos colocou em um novo julgamento diante do trono da graça.
2. Ele veio para que o mundo fosse salvo por Ele, para que uma porta para a salvação pudesse ser aberta ao mundo, e quem desejasse pudesse passar por ela. Deus estava em Cristo “reconciliando consigo o mundo”, e, desta maneira, salvando-o. Uma declaração de anistia é aprovada e publicada, por meio de Cristo uma lei reparadora é feita, e o mundo da humanidade é tratado, não de acordo com os rigores do primeiro concerto, mas de acordo com as riquezas do segundo, para que o mundo fosse salvo por Ele, pois ele nunca poderia ser salvo, senão por Ele. Não existe salvação em ninguém mais. O fato de que Cristo, nosso Juiz, veio não para condenar, mas para salvar, são boas novas para uma consciência condenada, a cura para os ossos quebrados e as feridas ensanguentadas.
[3] De tudo isto, pode-se concluir o motivo da felicidade dos verdadeiros crentes: “Quem crê nele não é condenado”, v. 18. Embora tenha sido um pecador, um grande pecador, e permaneça condenado por sua própria confissão), ainda assim, pela sua fé, o processo é interrompido, o julgamento é detido e ele não é condenado. Isto indica mais do que um adiamento. O pecador perdoado não é condenado, isto é, ele é absolvido. Ele considera sua libertação (como dizemos), e se não é condenado, é absolvido, ou ele não é julgado, não é tratado com uma justiça rígida, de acordo com aquilo que seus pecados merecem. O pecador perdoado é acusado, e não pode alegar inocência à acusação, mas ele pode alegar no tribunal, pode alegar à acusação, como faz o bendito Paulo: “Quem os condenará?… é Cristo quem morreu”. O pecador perdoado é atormentado, castigado por Deus, perseguido pelo mundo, mas ele não é condenado. A cruz, talvez, seja pesada sobre o pecador perdoado, mas ele está salvo da maldição: condenado pelo mundo, pode ser, mas não condenado com o mundo, Romanos 8.1; 1 Coríntios 11.32.
3. Cristo, no final, fala sobre a condição deplorável daqueles que persistem na incredulidade e na ignorân cia voluntária, vv. 18-21.
(1) Leia aqui o destino daqueles que não creem em Cristo: eles já estão condenados. Observe:
[1] Como é grande o pecado dos descrentes. Ele é agravado pela dignidade da pessoa a quem eles desprezam. Eles não creem no nome do Filho unigênito de Deus, que é infinitamente fiel, e merece que creiam nele, é infinitamente bom, e merece ser aceito. Deus nos enviou alguém para nos salvar, alguém que Ele amava muito. E será que Ele não deveria ser amado por nós? Não devemos nós crer no nome daquele que tem “um nome que é sobre todo o nome”?
[2] Como é grande a infelicidade dos descrentes: eles já estão condenados, o que significa, em primeiro lugar, uma condenação garantida. Eles serão condenados no julgamento do grande dia com tanta certeza como se já estivessem condenados. Em segundo lugar, uma condenação imediata. A maldição já se apoderou deles. A ira de Deus agora cai sobre eles. Eles já estão condenados, pois seus próprios corações os condenam. Em terceiro lugar, uma condenação fundamentada na sua culpa anterior: eles já estão condenados, pois estão sujeitos à lei por todos os seus pecados. A obrigação da lei está em pleno vigor, poder e virtude contra eles, porque não estão, pela fé, interessados na absolvição proporcionada pelo Evangelho. Eles já estão condenados, porque não creram. A incredulidade pode ser verdadeiramente considerada como o grande pecado condenador, porque nos deixa sob a culpa de todos os outros pecados. E um pecado contra o remédio, contra nossa defesa.
(2) Leia também o destino daqueles que não desejavam conhecer Jesus, v. 19. Muitas pessoas curiosas têm conhecimento de Cristo e da sua doutrina, mas têm preconceitos contra Ele e não desejam crer nele, ao passo que a maioria está entorpecidamente descuidada e ignorante, e não deseja conhecê-lo. E esta é a condenação, o pecado que os destruiu: ”A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz”. Aqui, observe:
[1] Que o Evangelho é luz e, quando o Evangelho veio, a luz veio ao mundo. A luz dá testemunho de si mesma, e também o Evangelho. Ele prova sua própria origem divina. A luz é descoberta, e “verdadeiramente suave é a luz”, e alegra o coração. E “uma luz que alumia em lugar escuro”, e um lugar escuro que o mundo realmente não deveria ter. Ela veio a todo o mundo (Colossenses 1.6), e não está confinada a uma parte dele, como a luz do Antigo Testamento estava.
[2] Que a loucura indescritível da maioria dos homens é o fato de que amem mais as trevas do que a luz, mais do que esta luz. Os judeus amavam as sombras escuras da sua lei, e as instruções dos seus guias cegos, mais do que a doutrina de Cristo. Os gentios amavam seus cultos supersticiosos a um Deus desconhecido, a quem adoravam de uma forma absolutamente ignorante, mais do que o culto racional que o Evangelho requer. Os pecadores que estavam casados com seus desejos amavam mais sua ignorância e seus enganos (que justificavam seus pecados) do que as verdades de Cristo, que os teriam afastado dos seus pecados. A apostasia do homem teve início em uma simulação de conhecimento proibido, mas é mantida por uma simulação de ignorância proibida. O homem miserável está apaixonado pela sua doença, pela sua escravidão, e não deseja ser libertado, não deseja ser curado.
[3] A verdadeira razão pela qual os homens amam as trevas mais do que a luz é porque suas obras são más. Eles amam as trevas porque pensam que são uma desculpa para suas más obras, e odeiam a luz porque ela lhes tira a boa opinião que têm de si mesmos, mostrando-lhes sua infelicidade e iniquidade. Sua situação é triste, e, porque estão determinados a não corrigi-la, eles estão decididos a não ver a luz.
[4] A ignorância voluntária está tão longe de desculpar o pecado, que será encontrada, no grande dia, agravando a condenação: ”A condenação é esta”, é o que destrói almas, que eles fecham seus olhos para a luz, e não desejam ter um relacionamento com Cristo, nem querem viver seu Evangelho. Eles colocam Deus em uma posição tão desafiadora, que não desejam ter conhecimento dos seus caminhos, Jó 21.14. Nós deveremos prestar contas no julgamento, não somente do conhecimento que tínhamos, e que não utilizamos, mas do conhecimento que poderíamos ter tido, e não desejamos; não somente do conhecimento contra o qual pecamos, mas do conhecimento que afastamos, pecando. Para exemplificar mais, o Senhor mostra (vv. 20,21) que os homens serão influenciados pela luz que Cristo trouxe ao mundo, de acordo com a bondade ou com a maldade que haja em suas vidas e em seus corações.
Em primeiro lugar, não é estranho que aqueles que fazem o mal, e decidem persistir nele, odeiem a luz do Evangelho de Cristo, pois é comum observar que “todo aquele que faz o mal aborrece a luz”, v. 20. Os malfeitores procuram um disfarce, por um sentimento de vergonha e temor da punição. Veja Jó 24.13ss. Obras pecaminosas são obras das trevas. O pecado, desde o início, procurou esconderijo, Jó 31.33. A luz sacode os ímpios, Jó 38.12,13. Desta maneira, o Evangelho é um terror para o mundo ímpio: eles não vêm esta luz, mas se afastam tanto quanto podem, para que suas obras não sejam reprovadas. Observe:
1. A luz do Evangelho é enviada ao mundo, para reprovar as más obras dos pecadores, para torná-las manifestas (Efésios 5.13), para mostrar às pessoas suas transgressões, para mostrar que era pecado aquilo que não se pensava ser pecado, e para mostrar-lhes o mal das suas transgressões, para que o pecado, pelo novo mandamento, pudesse parecer excessivamente pecaminoso. O Evangelho tem suas condenações, que abrem caminho para seus consolos.
2. É por este motivo que os malfeitores odeiam a luz do Evangelho. Havia aqueles que tinham agido mal, e que lamentavam por isto, que recebiam esta luz, como os publicanos e as prostitutas. Mas aquele que faz o mal, que o realiza e decide persistir nele, odeia a luz e não pode suportar ouvir falar dos seus erros. Toda esta oposição que o Evangelho de Cristo encontrou no mundo origina-se de corações ímpios, que são influenciados pelo Iníquo. Cristo é odiado por aqueles que amam o pecado.
3. Aqueles que não vêm para a luz evidenciam um ódio secreto da luz. Se eles não tivessem uma antipatia pelo conhecimento que salva, eles não permaneceriam de maneira tão satisfeita na ignorância que condena.
Em segundo lugar, por outro lado, os corações justos, que são aceitos por Deus na sua integridade, recebem esta luz (v. 21): “Quem pratica a verdade vem para a luz”. Parece, então, que embora o Evangelho tivesse muitos inimigos, ele tinha alguns amigos. É comum observar que a verdade não procura subterfúgios. Aqueles que pensam e agem com honestidade não temem um escrutínio, mas o desejam. Isto se aplica à luz do Evangelho. Como ela condena e aterroriza os malfeitores, assim ela confirma e consola aqueles que andam na sua integridade. Observe aqui:
1. O caráter de um homem bom.
(1) É aquele que pratica a verdade, isto é, ele age de modo verdadeiro e sincero em tudo o que faz. Embora, às vezes, ele não consiga fazer o bem, o bem que desejaria fazer, ainda assim ele pratica a verdade, ele de seja honestamente. Ele tem suas fraquezas, mas se apega à sua integridade. Como Gaio, que procedia fielmente (3 João 5), como Paulo (2 Coríntios 1.12), como Natanael (cap. 1.47), como Asa, 1 Reis 15.14.
(2) Ele é aquele que vem para a luz. Ele está pronto para receber e aceitar a revelação divina, até onde ela assim parecer a ele, qualquer que seja o desconforto que ela possa lhe trazer. Aquele que pratica a verdade deseja conhecer a verdade por si mesmo, e ter suas obras manifestas. O homem bom dedica-se muito à auto avaliação, e deseja que Deus o esquadrinhe, Salmos 26.2. Ele deseja saber qual é a vontade de Deus, e decide cumpri-la, embora ela possa ser contrária à sua própria vontade e aos seus interesses.
2. Aqui está o caráter de uma boa obra: ela é desempenhada na presença de Deus, em união com Ele por meio de uma fé empenhada na aliança, e em comunhão com Ele através de afetos devotos. Nossas obras, então, são boas, e resistirão ao teste, quando a vontade de Deus for aquilo que as governar, e a glória de Deus for sua finalidade, quando elas forem realizadas no seu poder, por Ele e para Ele, e não para os homens. E se, pela luz do Evangelho, nos ficar manifesto que nossas obras se realizam desta maneira, então nós teremos glória, Gálatas 6.4; 2 Coríntios 1.12.