PSICOLOGIA ANALÍTICA

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

Na era da comunicação e das mídias sociais, nunca foi tão fácil criar uma imagem positiva. Difícil, mesmo, é praticar o que os discursos inflamados conseguem promover.

A sociedade do espetáculo

Inicialmente devo deixar claro que, apesar de usar a expressão cunhada por Guy Debord, não pretendo aqui, discutir o conceito de sociedade do espetáculo como uma fase específica da sociedade capitalista. Não obstante isso, tratarei das relações sociais mediada pela imagem. Mais   do que isso, por imagens que, muito antes de revelarem a verdade dos indivíduos, cumprem o papel de torná-los “vendáveis” a um crescente (e alienado) público consumidor de tolices de toda   sorte. Vivemos uma espécie de show business institucionalizado no qual “parecer” se tornou mais importante do que “ser”.  A partir daí, são vários os desmembramentos. Sou professora há mais de   30 anos e, a julgar pelos questionários por meio dos quais somos avaliados pelos alunos, talvez a expectativa das instituições seja muito mais a de que atuemos no ramo do entretenimento do que no da educação. Afinal, o importante é que o aluno (cliente) “goste” de nós. Já quanto a aprender, ou melhor, ser capaz de transferir aprendizagem para o contexto em que vive… bem, isso não é tão importante assim.

Turbinado pelo poder das mídias sociais, o poder da imagem parece desconhecer limites. Afinal, na medida em que vivemos na era do conhecimento, cada um de nós, mais do que nunca se reduziu a um produto que precisa ser vendido a qualquer custo. Vejo, consternada, profissionais assumirem papéis ridículos nessas mídias, a fim de conseguirem “seguidores”. E, sim, eles sempre aparecem! Nunca foi tão fácil ficar famoso. E nesse sentido, nem é preciso ter consistência teórica no campo em que se atua ou mesmo ser competente. Basta aparecer muitas vezes falando sobre a importância da consistência ou da competência. Nesse sentido penso que, enquanto sociedade do espetáculo, estamos mais perto do que nunca de um verdadeiro show de horror.

As pessoas, anestesiadas que estão pelas imagens, parecem estar perdendo sua capacidade de reflexão. Dia desses estive em um congresso onde vivi uma experiência estarrecedora. Estava assistindo a uma palestra de uma jornalista que dominava perfeitamente a arte do entretenimento. De fato, ela falava muito bem, tinha presença de palco, fazia piadas ensaiadas num timing perfeito. Quanto ao conteúdo, uma avalanche do que chamo de “filosofia vazia de Facebook”, ou seja, sobre a importância do respeito humano, da gentileza, da atenção ao próximo etc.

Tudo estaria perfeito e jamais eu me atreveria a classificar tais temas como “filosofia barata” se não fosse se por um único detalhe: tudo não passava de um grande espetáculo que não tinha o menor compromisso com a autenticidade. Soube disso porque a tal palestrante “incomodada com o fato de que não conseguiria completar sua falsa no tempo que lhe foi designado, soltava, no meio do discurso, frases do tipo: ai meu Deus, não vai dar tempo de eu falar tudo… é tanta coisa importante!” e assim, ela foi habilmente conduzindo o público incauto (e o público é sempre incauto!) até o momento em que seu tempo acabou.

Você, leitor atento, já deve imaginar o desfecho da minha história. De fato, a palestrante estourou em quase 90 minutos o tempo que lhe foi designado, prejudicando o palestrante seguinte que havia atravessado continentes para fazer a sua apresentação. Ou seja, discursar sobre respeito   humano parece ser muito mais fácil do que respeitar o profissional que falaria em seguida. Mas isso não teria sido tema dessa coluna não fosse o fato de que, ao término de seu tempo   regulamentar, a palestrante, no auge de sua manipulação, soltou a frase: Ai, meu Deus, acabou o meu tempo. O que eu faço? Pergunta à qual o público, em uníssono, respondeu: “Continuaaaaa!”.

Naquele momento percebi que, ao longo dos séculos, o “público” é sempre o mesmo: aplaude no   Coliseu, atira pedras nos condenados em praças públicas na Idade Média e … sim … grita: “continua, em 2018, para quem cria imagens de civilidade enquanto, na prática, desrespeita o seu colega. Bem-vindos à sociedade do espetáculo!  

 

LILIAN GRAZIANO – é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA, professora universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área.

graziano@psicologiapositiva.com.br

OUTROS OLHARES

BELEZA MÓRBIDA

Anorexia e bulimia são duas faces da mesma moeda; além dos prejuízos visíveis à saúde, podem causar danos irreparáveis ao cérebro.

Beleza mórbida

A anorexia nervosa é uma das doenças que mais crescem entre a população feminina mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 mulheres de 12 a 18 anos é afetada por esse que é um dos mais temíveis transtornos alimentares. No Brasil, a proporção cai para uma em cada 250 adolescentes. O problema, no entanto, não está restrito ao universo feminino. Cada vez mais pressionados pelos padrões de beleza, um número crescente de rapazes se torna vítima da distorção da própria imagem No Ambulatório de Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo, eles já ocupam pelo menos a metade dos leitos.

Estudos epidemiológicos mostram que, entre as mulheres que desenvolveram a doença na adolescência, a chance de recuperação varia entre 50% e 70%. Já quando o problema surge na fase adulta, apenas uma em cada quatro pacientes se recupera. A anorexia nervosa parece ser o único distúrbio psiquiátrico que mata. Estudo de 2006 feito por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá, indica que até 10% dos pacientes morrem devido a problemas de saúde decorrentes a aversão por alimentos.

As consequências para o organismo são graves. Além dos danos ao trato gastrintestinal – sobretudo quando o indivíduo também tem bulimia, isto é,  induz o vômito depois de comer -, os ossos perdem densidade e, portanto, aumenta o risco de fraturas; o coração não funciona bem porque a pressão arterial está sempre baixa; os cabelos caem; nas mulheres o ciclo menstrual torna-se irregular, ou desaparece, e nos homens, os níveis de testosterona caem e os testículos se atrofiam.

O dano mais terrível, porém, é o cerebral. Está comprovado que vários nutrientes são essenciais para o bom funcionamento do sistema nervoso, e a carência de alguns dela parece diminuir tanto a substância branca – espécie de capa protetora que recobre as conexões neuronais – quanto a substância cinzenta, isto é, os neurônios propriamente ditos. À medida que o paciente retoma o ganho de peso, a substância branca se refaz, mas a cinzenta, não – e as funções cognitiva exercidas por essas células se perdem.

CADA VEZ MAIS CEDO

Corpo cadavérico, cabelos caindo, sem forças. Para quem vê de fora, é impossível entender o que há de tão atraente nesse quadro. O fato é que ele é o ideal de beleza para milhões de jovens no mundo que sofrem de anorexia, com ou sem bulimia “São duas faces de uma mesma moeda”, diz a médica Marial Gabriella Gentile, do centro de tratamento de transtornos alimentares do Hospital Niguarda, em Milão. “Não por acaso o DSM – IV, o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, distingue entre uma forma de anorexia caracterizada pela diminuição das calorias consumidas a cada dia e outra, na qual a pessoa come, mas depois provoca vômito ou faz uso de diuréticos e laxantes para eliminar o alimento ingerido. Esta segunda forma é o que chamamos de bulimia”, explica Gentile. Segundo ela, o diagnóstico de ambos os quadros tem sido feito cada vez mais cedo, muitas vezes em garotas entre 8 e 10 anos. Isto se deve ao início da adolescência em idades cada vez menores e à maior exposição dos jovens aos apelos da mídia e da moda no que diz respeito aos padrões estéticos”, afirma a médica.

A anorexia nervosa é um distúrbio da imagem corporal: como nos espelhos deformados dos parques de diversão, as anoréxicas podem estar magérrimas, mas ainda assim se veem gordas, e o pior, ficam horrorizadas com isso. E não é raro encontrar algumas que reivindiquem o “direito” de serem diferentes em nome da “liberdade de expressão” e de uma ainda pouco definida “cultura anoréxica”. É o que já se vê nos Estados Unidos, na Itália e também no Brasil

O movimento chamado Pro Ana (pró-anorexia) se difunde rapidamente pela internet. São sites que exaltam a beleza dos corpos esquálidos, trazem conselhos e promovem a troca de opinião sobre o melhor laxante ou os alimentos com calorias negativas, para dar alguns exemplos. Em muitos deles, as anoréxicas expõem as imagens que as apavoram: mulheres monstruosamente obesas; bem como as que lhes servem de ideal: delicadas bailarinas pairando no ar, por exemplo.

Não é fácil encontrar os sites pró-anorexia: devido à pressão da sociedade sobre os provedores de internet, tais sites mudam sempre de endereço, que é informado à rede de usuários através de e-mails e listas de discussão muito difíceis de ser controlados.

A situação preocupa as autoridades de saúde porque o principal objetivo do movimento é resistir a qualquer forma de tratamento. O tom dos depoimentos encontrados nas páginas deixa claro o grau de aversão das pacientes. “Não deixarei que me tratem, não permitirei que me enfiem uma sonda pelo nariz para bombear suas nojeiras em mim. Sou melhor do que vocês, sou mais magra do que vocês, tenho mais autocontrole do que vocês”.

Se for verdade que em toda época predomina determinada doença (sífilis no século XVIII e tuberculose no século XIX), então os transtornos alimentares devem ser os representantes de nosso tempo. Os casos de anorexia e bulimia cresceram cerca de 300% na última década, e isso vem demandando novas estratégias terapêuticas para lidar com o distúrbio. “Não é exagero falar em epidemia. Ninguém pensava que pudesse se alastrar tão rapidamente”, diz a psiquiatra Laura Della Ragione, médica-responsável da Clínica Palazzo Francisci, instituição pública com sede em Milão que acolhe pacientes anoréxicos e tem se destacado pela abordagem integrada dos transtornos alimentares, bem como pelos bem-sucedidos índices de recuperação

O trabalho na Clínica Palazzo Francisci remete às ideias da psicoterapeuta italiana Mara Selvini Palazzoli, que nos anos 80 desenvolveu um método terapêutico em cuja base está uma equipe multidisciplinar formada por médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros profissionais, que agem de forma coordenada para vencer a resistência dos pacientes ao tratamento. Segundo Palazzoli, essa recusa que caracteriza absolutamente todos os pacientes revelam a delicada fronteira em que essas pessoas se encontram: entre o sofrimento e a negação dele, entre a emergência médica e a catástrofe psicológica.

“Nosso principal desafio é a adesão do paciente, já que a motivação para o tratamento não existe, explica Della Ragione. “O primeiro obstáculo é convencê-los de que têm um problema que pode levar a sérias consequências. O segundo, ainda mais difícil, é modificar as ideias sobre a imagem corporal.

 

FATORES GENÉTICOS

Para ajudar os pacientes a tomar distância do próprio distúrbio, pede-se que eles mantenham um diário no qual devem escrever cartas a si mesmo, tratando das incertezas sobre a doença e o próprio corpo. Depois o material é discutido em grupo e com o terapeuta

No início da internação os jovens se dedicam a atividades manuais e de expressão corporal cujo objetivo é distraí-los dos pensamentos obsessivos. Não são usados psicofármacos, por razões estritamente científicas. Não há evidências clínicas de que os medicamentos tenham alguma eficácia nos transtornos alimentares, segundo revisão sistemática publicada no New England Journal of Medicine. Segundo Della Ragione, o tratamento farmacológico não funciona porque não existe apenas uma forma de anorexia ou, dito de outra forma, o distúrbio é multifatorial. Dentre os fatores predisponentes, a médica destaca a personalidade perfeccionista e compulsiva, pressões sociais, muita, vezes familiares, por uma aparência impecável. Parece haver também um componente genético, pois não são raros casos numa mesma família. Estudos com gêmeos idênticos indicam que eles têm chances parecidas de desenvolver ou não o distúrbio.

 

IMAGEAMENTO CEREBRAL DO REFLEXO DISTORCIDO

Os transtornos alimentares, particularmente a anorexia e a bulimia, são territórios da psiquiatria em que a terapia farmacológica deixa muito a desejar, ainda que alguns psicofármacos sejam usados corriqueiramente para tratar condições correlatas, como os transtornos de ansiedade. No entanto, diferentemente dos transtornos de humor ou dos quadros ansiosos, para os quais muitos medicamentos promovem alívio indiscutível, ainda que haja dúvidas legítimas sobre o alvo de seu efeito – se nas causas ou nos sintomas -, atualmente o tratamento de anoréxicos e bulímicos depende necessariamente de intervenções comportamentais, psicoterapêuticas ou psicanalíticas.

Como a droga é a principal ferramenta da farmacologia para investigar as bases biológicas das doenças, a ausência de medicamentos específicos para anorexia e bulimia resulta no escasso conhecimento das alterações neuroquímicas subjacentes a esses transtornos. Parte dessa lacuna começa a ser preenchida, entretanto, por estudos de imageamento cerebral que, se não podem dar uma ideia exata dos mecanismos bioquímicos supostamente alterados, pelo menos fornecem uma localização neuroanatômica do problema, com base na qual multo poder inferido, graças ao estágio atual do mapeamento funcional do cérebro.

Um dos estudos mais interessantes nessa área foi publicado no final de 2006 pelos médicos Perminder Sachdev e Naresh Mondraty, ambos professores de neuropsiquiatria da Universidade de New South Wales em Sidney. O ponto central do experimento foi a comparação das imagens cerebrais de dois grupos de garotas na faixa dos 20 anos: um deles era formado por jovens com diagnóstico de anorexia; o segundo grupo, com meninas saudáveis, foi usado como controle. Usando equipamentos de ressonância magnética funcional, cuja Imagem revela a intensidade da atividade metabólica dos tecidos, os pesquisadores expuseram as participantes a duas situações: primeiro elas tinham de visualizar fotos de outras garotas e depois, eram apresentadas fotos delas mesmas.

Anorexia e bulimia são transtornos frequentemente descritos como resultado da percepção distorcida da própria imagem corporal. Por mais magros que estejam os indivíduos se julgam muito acima do peso considerado saudável, e se horrorizam com isso. Se essa distorção perceptiva tem correlato neural, é algo que a o estudo de Sachdev e Mondraty pretendia responder. Os resultados da ressonância revelaram uma situação ambígua. Não houve diferenças entre as imagens cerebrais das jovens anoréxicas e as saudáveis, o que indica que, em geral, o transtorno não comprometia as áreas visuais do cérebro de forma permanente. Em compensação, quando as garotas visualizaram a si mesmas, as discrepâncias se tornaram evidentes. Várias áreas relacionadas ao processamento visual e emocional, ativadas nas voluntárias saudáveis, permaneceram “desligadas” nas anoréxicas. “Talvez essas regiões estejam sob forte influência inibitória”, argumenta Sachdev. Segundo ele, os resultados entusiasmam mais pelo fato de representarem o primeiro olhar, literalmente, sobre os mecanismos da doença”, mas pouco pode se concluir com base nessas imagens. Os próprios pesquisadores ainda não chegaram a um acordo. Para Mondraty, o correlato neural poderia ser conseq0ência de uma predisposição genética sobre a qual atuariam fatores psicossociais desencadeadores. Sachdev pensa diferente: “Creio que a anormalidade funcional é algo posterior e não anterior ao desenvolvimento da anorexia”. Ambos concordam, porém, que, independentemente de estarmos chegando mais perto neurobiologia da causa ou dos sintomas, o imageamento cerebral pode fornecer pistas promissoras para o uso de medicamentos com ação mais específica, ampliando o leque de opções terapêuticas e as chances de recuperação desses graves transtornos e que já ganharam relevância epidêmica.

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A TRAJETÓRIA DOP TRANSTORNO AO LONGO DOS SÉCULOS

A idealização da magreza nas sociedades ocidentais é frequentemente indicada como a principal causa de anorexia nervosa. Além disso, diversos estudos ressaltam a crescente divergência entre o peso médio da população feminina e os referenciais estéticos de atrizes e modelos. No entanto, são inúmeros os relatos de anorexia ao longo da história, o que sugere que o que muda com o tempo na verdade é a motivação que induz o indivíduo a parar de comer.

Na Grécia e no Egito antigos era comum os jovens passarem por períodos de jejum cuja finalidade era obter a benevolência dos deuses. Já no Oriente, várias culturas usavam o jejum ascético como forma de elevação espiritual. Na tradição hindu, por exemplo, há casos de abstinência alimentar com características que hoje se encaixariam nos critérios diagnósticos da anorexia.

Os primeiros cristãos também incentivaram esse tipo de prática para simbolizar a negação extrema do hedonismo dominante na Antiguidade romana tardia. Um dos primeiros a ver a magreza excessiva como sinal de doença foi o médico Italiano Pietro di Abano, que viveu no século XIII. Ele relatou o caso de uma mulher que não comia havia 18 anos.

Depois da queda do Império Romano, a fome e as carestias aparentemente baniram o jejum, hábito que só foi reaparecer no final da Idade Média e no início do Renascimento. Foi a época das santas místicas, canonizadas por uma igreja que via no impulso à privação uma tendência à santidade. Na época da Reforma, porém, a atitude diante das privações auto infligidas mudou: mais do que santas, as anoréxicas eram consideradas bruxas e estavam sujeitas aos tribunais eclesiásticos.

O médico Simone Porta descreveu, em 1551, o caso de Margherita Weiss, uma jovem alemã que recusava alimentos desde a primeira infância e recorria a práticas como o vômito auto induzido. Esse parece ser o primeiro caso de anorexia descrito na literatura médica, ainda que Porta atribuísse os distúrbios da jovem a uma doença de estômago.

Em 1745, o médico lacopo Bartolomeo Beccari publicou uma revisão teológica sobre a natureza milagrosa do jejum, por encomenda de um cardeal. Apesar de concluir que longos períodos de abstinência alimentar caracterizavam a vida dos santos, Beccari reconheceu que a privação de comida estava presente nos distúrbios psiquiátricos como a melancolia (que hoje chamamos de depressão) e nas mulheres ex utero laborantes, isto é, histéricas.

A magreza voltou à moda no século XIX: o ‘look tuberculoso”, exaltado até por óperas como A dama das camélias levou muitas jovens a admirar a aparência pálida e adoentada. É nessa época que a anorexia despertou realmente o interesse da medicina, porque seus sintomas se assemelhavam aos sintomas da atrofiada glândula hipófise, doença neuroendócrina que pode levar à morte por desnutrição. Não demorou muito para os médicos reconhecerem que, no caso das anoréxicas, a causa está associada ao pavor de engordar, não diretamente a problemas orgânicos.

No século XX, a anorexia nervosa passou a ser definida como um distúrbio de causa psicodinâmica. Com a difusão das teorias freudianas, a recusa por comida foi equiparada à recusa da sexualidade. Ao longo dos anos 30 e 40 vários psiquiatras, a maioria alemães, descreveram casos de anorexia ligados à negação do papel feminino. Atualmente, a teoria psicodinâmica aproxima-se da teoria genética, segundo a qual haveria um substrato físico, inscrito nos genes, que dispõe o indivíduo a esse transtorno alimentar.

Não se pode negar também a contribuição da sociologia para a compreensão do problema.

Segundo alguns especialistas, no caso das mulheres, negação do alimento é uma característica das sociedades que impõem ao gênero feminino papéis excessivamente rígidos: nos séculos passados teria sido um modo de fugir do papel de objeto de desejo masculino e do de mãe; hoje seria mais um sinal da dificuldade em conciliar os papéis tipicamente femininos com a demanda social de ser bonita, magra e competitiva.

  

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GESTÃO E CARREIRA

QUER SUCESSO? RELAXE

Expediente sem pausas impede o crescimento profissional

Quer sucesso, relaxe

Trabalhar como um “workaholic” (aquele fanático que excede horas de expediente, ignora folgas e até considera supérfluas as refeições) para obter progresso profissional gera, na verdade, resultados opostos. Em seu novo livro Peak Performance (“Desempenho máximo”, em tradução livre), os autores Brad Stulberg e Steve Magness fornecem a fórmula para se dar bem na profissão: “sucesso + descanso = crescimento”. E se baseiam não em ícones do mercado, mas em atletas de ponta, que evitam a exaustão física programando bons períodos de descanso e relaxamento, sobretudo às vésperas de uma competição muito importante. O mesmo se aplica a qualquer um de nós: o segundo item da fórmula, o descanso, é tão importante quanto o primeiro para qualquer tipo de atividade, física ou mental. Não por acaso, Stulberg é cientista especializado em desempenho mental e Magness leciona educação física na Universidade de Saint Mary, na Inglaterra, o que facilitou unificar suas áreas numa mesma fórmula.

No caso dos atletas de ponta, vários estudos citados no livro demolem aquele mito do “sem dor, sem ganho”, segundo o qual somente o esforço máximo e contínuo leva à vitória. A Universidade de Kristiansand, na Noruega, por exemplo, avaliou o desempenho dos melhores atletas do mundo, constatando que todos eles seguiam a fórmula do “sucesso + descanso”, alternando períodos de intenso treinamento com pausas relaxantes. Já no ambiente profissional, o ciclo de trabalho seguido por um descanso proporciona “momentos de eureca”, isto é, elaborações de novas ideias só possíveis quando nossa mente não está dedicada inteiramente a uma tarefa. E essa fórmula vale tanto para programado- res de computador em uma sala fechada como para agricultores cavando a céu aberto.

Um dos mais conhecidos defensores desta tese é o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, professor na Claremont Graduate University, que durante anos entrevistou os mais renomados inventores, artistas, cientistas e outros gênios, constatando que todos alternavam intensa concentração com relaxamento, o que não só evitava desgaste emocional e fadiga cognitiva, como abria espaço para a criatividade. O descanso nos possibilita desenvolver depois o que Csikszentmihalyi batizou de “fluxo” – um momento de total concentração que nos absorve completamente em uma atividade. Portanto, quando se sentir exaurido ou empacado em uma questão, pare por pelo menos cinco minutos, tirando a mente deste foco para mais tarde permitir o fluxo.

ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 26:  69 – 75

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Pedro Nega Conhecer a Cristo

Temos aqui a história de Pedro negando o seu Mestre, e isto é apresentado como parte dos sofrimentos de Cristo. O nosso Senhor Jesus estava agora no pátio do sumo sacerdote, não para ser julgado, mas, antes, para ser atormentado. Nessa situação, teria sido algum conforto para o Senhor ver os seus amigos perto de si. Mas não vemos qualquer um dos seus amigos perto do pátio, exceto Pedro, e teria sido melhor que este tivesse ficado de longe. Observe como Pedro caiu, e como ele se levantou através do arrependimento.

I – O seu pecado, imparcialmente narrado aqui, para a honra dos escritores das Escrituras, que agiram fielmente. Observe:

1. A ocasião imediata do pecado de Pedro. Ele estava assentado fora, no pátio, entre os criados do sumo sacerdote. Note que a má companhia é, para muitos, uma ocasião de pecado; e aqueles que desnecessariamente se colocam nessa situação entram no território do Diabo, aventuram-se em seus grupos, e podem esperar ser tentados e pegos em alguma armadilha, como foi Pedro, ou ser ridicularizados e abusados, como foi o seu Mestre. Eles dificilmente podem ter tal companhia, sem culpa ou dor, ou ambas. Aquele que guarda os mandamentos de Deus e a sua própria aliança deve dizer aos malfeitores: ”Apartai-vos de mim” (Salmos 119.115). Pedro falou de sua própria experiência, quando advertiu os seus novos convertidos a se guardarem da geração rebelde; pois ele quase arruinou a si mesmo por ter se unido a tais homens em apenas uma ocasião.

2. A tentação. Ele foi acusado de ser um dos que andavam com Jesus da Galileia. Primeiro uma criada, de­ pois uma outra, e então os demais criados o acusaram disso: “Tu também estavas com Jesus, o Galileu” (v. 69). E outra vez: “Este também estava com Jesus, o Nazareno” (v. 71). E outra vez (v. 73): “Verdadeiramente, também tu és deles, pois a tua fala te denuncia”. O dialeto e a pronúncia dele eram diferentes dos outros judeus. Feliz aquele cuja fala o denuncia como sendo um discípulo de Cristo, aquele que pela santidade e seriedade de seu discurso parece ter estado com Jesus! Observe como eles falam com zombaria de Cristo-Jesus, “o Galileu”, e “o Nazareno”, censurando-o pelo lugar do qual Ele procedia; e como eles falam de Pedro de forma desdenhosa – “este”, como se eles achassem uma coisa reprovável ter um homem assim em sua companhia, e ele foi suficientemente bem servido por ficar entre eles. No entanto, eles não tiveram nada de que acusá-lo, além de dizer que ele estava com Jesus, o que, pensavam, era suficiente para julgá-lo como uma pessoa escandalosa e também suspeita.

3. O pecado em si. Quando Pedro foi acusado de ser um dos discípulos de Cristo, ele o negou, e ficou envergonhado e receoso de ser reconhecido, e faria tudo para convencer aqueles que estavam à sua volta de que ele não conhecia Jesus, nem tinha qualquer interesse por Ele.

(1)  Quando isso foi mencionado pela primeira criada, ele disse: “Não sei o que dizes”. Esta foi uma resposta evasiva; ele fingiu não ter entendido a acusação, que não conhecia a pessoa que ela mencionara como Jesus, o galileu, ou o que ela queria dizer com a expressão “estar com Ele”. Assim, ele quis tornar estranho aquilo, que o seu coração era plenamente conhecedor.

[1] É uma falha, portanto, descrever enganosamente as nossas próprias apreensões, pensamentos e afeições, para servir a um propósito; fingir que não entendemos, ou não pensamos, ou não nos lembramos, quando, na realidade, entendemos, pensamos e nos lembramos. Essa é uma espécie de mentira à qual estamos mais propensos do que qualquer outra, porque nisso um homem não é facilmente desmentido. Porque quem conhece o espírito de um homem, a não ser ele mesmo? Mas Deus conhece, e devemos nos afastar dessa iniquidade por temor a Ele (Provérbios 24.12).

[2] É ainda uma falha maior ser tímido com relação a Cristo, esconder o conhecimento que temos dele, e procurar evitar confessá-lo quando somos chamados a fazê-lo; isto é, na realidade, negá-lo.

(2)  Diante do segundo ataque, ele disse, direta e claramente: “Não conheço tal homem”, apoiando a afirmação com um juramento (v. 72). Isto era, com efeito, dizer: Eu não o reconheço, não sou cristão; porque o cristianismo é o conhecimento de Cristo. Por que, Pedro? Podes tu olhar aquele Prisioneiro no tribunal, e dizer que não o conheces? Não deixastes tudo para segui-lo? E não fostes um de seus homens de confiança? Não o conhecestes melhor do que qualquer outro? Não confessastes que Ele é o Cristo, o filho do Deus Bendito? Esquecestes de todos os olhares bondosos e ternos que recebestes dele, e toda a íntima comunhão que tivestes com ele? Podes olhá-lo no rosto, e dizer que não o conheces?

(3)  Diante do terceiro ataque, Pedro “começou a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem” (v. 74). Esse foi o pior de todos, porque o caminho do pecado é morro abaixo. Ele praguejou e jurou:

[1] Para apoiar o que disse, e ganhar crédito com isso, para que eles não pudessem mais questioná-lo; ele não disse, mas jurou; e mesmo assim o que disse era falso. Note que temos razões para suspeitar da verdade daquilo que é apoiado com juramentos e imprecações precipitadas. Somente as palavras do Diabo precisam das provas do Diabo. Aquele que não for impedido, pelo terceiro mandamento, de zombar do seu Deus, não será impedido, pelo nono mandamento, de enganar o seu irmão.

[2] O plano de Pedro era que isso servisse de evidência para ele, de que ele não era um dos discípulos de Cristo, porque essa não era a linguagem deles. Praguejar e jurar eram suficientes para provar que um homem não era discípulo de Cristo; porque tomar o seu nome em vão é a linguagem dos seus inimigos.

Isso está escrito para nos advertir, para que não pequemos à semelhança da transgressão de Pedro; que nós jamais, direta ou indiretamente, neguemos a Cristo, o Senhor que nos comprou, rejeitando as suas ofertas, resistindo ao seu Espírito, escondendo o conhecimento que temos dele, sentindo-nos envergonhados dele e das suas palavras, ou com medo de sofrermos por Ele e com o seu povo sofredor.

4. Os agravos desse pecado. Pode ser útil notar tanto o pecado como os seus agravos, para que possamos observar as transgressões semelhantes em nossos próprios pecados. Considere:

(1)  Quem ele era: um apóstolo, um dos três primeiros que havia estado em todas as ocasiões, o mais fervoroso para falar de uma maneira que honrasse a Cristo. Quanto maior a profissão que fizermos da religião, maior será o nosso pecado, se em qualquer coisa andarmos de uma forma indigna.

(2)  Que clara advertência o Mestre havia lhe dado sobre o perigo. Se Pedro tivesse considerado esse assunto como deveria ter feito, não teria caído em tentação.

(3)  Como ele havia prometido solenemente unir-se a Cristo nessa noite de aflição. Ele havia dito diversas vezes: “Nunca te negarei; não, estou disposto até mesmo a morrer contigo”. No entanto, ele quebrou esses laços de comunhão e união, e a sua palavra foi sim e não.

(4)  Com que rapidez ele caiu nesse pecado depois da Ceia do Senhor. Ali, receber um penhor inestimável do amor redentor, e, contudo, na mesma noite, antes do amanhecer, não reconhecer o seu Redentor. Isso foi, realmente, mudar de lado rapidamente.

(5)  Como a tentação foi comparativamente fraca. Não foi o juiz, nem qualquer um dos oficiais da corte, quem o acusou de ser um discípulo de Jesus, mas uma ou duas criadas simples, que provavelmente não tinham a intenção de prejudicá-lo, nem lhe teriam feito qualquer mal se ele tivesse confessado que era um discípulo do Senhor. Isto era correr com homens que vão a pé (Jeremias 12.5).

(6)  Com que frequência ele repetiu as mesmas palavras. Mesmo depois que o galo cantou uma vez, ele continuou dominado pela tentação, e reincidiu no pecado uma segunda e uma terceira vez. Esse é Pedro? Como está caído!

Assim, o seu pecado foi agravado; mas, por outro lado, existe uma atenuante: tudo o que Pedro disse, foi dito em sua precipitação (Salmos 116.11). Ele caiu no pecado de surpresa, e não como Judas, que chegou a fazer um planejamento. O coração de Pedro estava contra as palavras que ele proferiu; ele falou muito mal, mas o fez de forma impensada, e antes de se dar conta da gravidade daquilo que estava dizendo.

II – O arrependimento de Pedro por seu pecado (v. 75). A forma está escrita para a nossa admoestação, para que não pequemos. Mas, se a qualquer momento formos derrubados, isso está escrito para que imitemos as atitudes corretas, ou seja, para que possamos nos arrepender rapidamente. Agora observe:

1. O que levou Pedro a se arrepender.

(1)  O galo cantou (v. 74). Uma contingência comum; mas, tendo Cristo mencionado o cantar do galo na advertência que fez a Pedro, isso propiciou um meio de trazer o apóstolo a si. A palavra de Cristo pode dar um significado a qualquer sinal que Ele resolva escolher. E Ele pode tornar essa palavra muito benéfica para as almas de seu povo. O cantar de um galo é, para Pedro, a voz de alguém que chama para o arrependimento. Para outros, a voz que chama ao arrependimento é a de João Batista. A consciência deve ser, para nós, como o cantar do galo, para nos fazer lembrar daquilo que esquecemos. Quando o coração de Davi o oprimiu, o galo cantou. Onde houver um princípio vivo da graça na alma, embora no momento esteja dominada pela tentação, uma pequena sugestão servirá apenas como um lembrete – quando Deus o estabelecer – para recuperá-la de um desvio. Aqui foi o cantar de um galo que fez da conversão de uma alma uma ocasião feliz. Às vezes, Cristo vem a cada um de nós, com a sua misericórdia, através do cantar de um galo.

(2)  Ele se lembrou das palavras do Senhor. Foi isso que o trouxe a si, e o derreteu em lágrimas de tristeza, com um coração quebrantado. Um senso de sua ingratidão a Cristo, e a consideração superficial que ele havia tido para com a advertência misericordiosa que Cristo havia lhe dado. Note que uma séria reflexão sobre as palavras do Senhor Jesus será um poderoso estímulo ao arrependimento, e ajudará a quebrantar o coração em relação ao pecado. Nada entristece mais um penitente do que saber que ele pecou contra a graça do Senhor Jesus, e contra os sinais do seu amor.

2. Como o seu arrependimento foi expresso: “E, saindo dali, chorou amargamente”.

(1)  A sua dor era secreta. Ele saiu do pátio do sumo sacerdote, perturbou-se em si mesmo por ter entrado ali, agora que descobrira em que laço havia caído, e saiu dali o mais rápido que pôde. Ele saiu para o vestíbulo (v. 71); e se ele tivesse se retirado logo dali, a sua segunda e terceira negativas teriam sido evitadas; mas então ele entrou novamente. Porém, agora, Pedro saiu e não entrou mais. Ele saiu para algum lugar de solidão e isolamento, onde poderia se lamentar, como as pombas dos vales (Ezequiel 7.16; Jeremias 9.1,2). Pedro saiu para que não pudesse ser perturbado em suas devoções, nessa triste ocasião. Podemos então ser mais livres em nossa comunhão com Deus quando estamos mais livres da conversa e das atividades deste mundo. Ao chorarmos pelo pecado, encontramos as linhagens chorando à parte, e as suas mulheres chorando à parte (Zacarias 12.11,12).

(2)  Sua dor era séria. Pedro “chorou amargamente”. A tristeza pelo pecado não deve ser superficial, mas grande e profunda, como a dor que alguém sente por um filho único. Aqueles que pecaram “docemente”, devem chorar amargamente; porque, mais cedo ou mais tarde, o pecado se transformará em amargura. Essa profunda tristeza é necessária, não para satisfazer a justiça divina (um mar de lágrimas não faria isso), mas para evidenciar que há uma verdadeira mudança de atitude, que é a essência do arrependimento, para tornar o perdão mais aceitável, e o pecado, mais repulsivo, no futuro. Pedro, que chorou amargamente por ter negado a Cristo, nunca mais o negou novamente, mas o confessou frequente e abertamente, inclusive arriscando a sua própria vida. Desde que disse: “Não conheço tal homem”, Pedro fez com que toda a casa de Israel soubesse, através de sua ousadia, que esse mesmo Jesus era o Senhor e o Cristo. O verdadeiro arrependimento por qualquer pecado será melhor evidenciado pela abundância da graça e do dever contra toda e qualquer atitude pecaminosa. Esse é um sinal do nosso choro, não só amargamente, mas sinceramente. Alguns dos antigos dizem que, enquanto Pedro viveu, ele nunca ouviu um galo cantar sem que começasse a chorar. Aqueles que verdadeiramente se entristeceram pelo pecado, se entristecerão cada vez que se lembrarem dele. No entanto, essa lembrança não deve ser um impedimento para o crescimento de cada pecador arrependido no Senhor. Ela deve, antes, servir para aumentar a alegria que cada um deles sente em Deus, e em sua misericórdia e graça.

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