PSICOLOGIA ANALÍTICA

DE ONDE VÊM OS BEBÊS?

Não há idade para falar de sexo com as crianças, o importante é saber escutar suas perguntas e responder, sempre de forma adequada à sua idade.

De onde vêm os bebês

Apesar de ser por volta dos 3 anos de vida que as crianças começam a manifestar alguma curiosidade sexual, é a partir do nascimento, e da gradual exploração do próprio corpo, que tem início a sua identidade sexual. O prazer de se tocar, de se mostrar e observar os outros além das perguntas decorrentes vão se sucedendo em etapas adequadas ao desenvolvimento humano, por isso pode se generalizar e dizer que a educação sexual começa no berço.

Notar as características do corpo dos pais, dos irmãos e irmãs, chama a atenção infantil para as diferenças que obviamente criam dúvidas e aí começa um ciclo de perguntas que precisam ser respondidas pelos adultos.

A curiosidade é natural às crianças e jovens e, portanto, não é de se estranhar que indagações sobre o próprio corpo e sua sexualidade aflorem tão cedo. Por isso, estar preparado para oferecer esclarecimentos é uma obrigação das famílias, pois faz parte do processo educativo.

Embora o receio de falar sobre sexo aflija muitos adultos, seja por não saberem o que dizer ou como o fazer de modo adequado à idade da criança, às suas convicções religiosas ou tabus na sua própria educação ou não ter tido acesso a informações mais assertivas, hoje existem vários livros, sites sérios e profissionais que dão orientações sobre o assunto, e os pais não estão mais sozinhos nessas dúvidas.

Mas existe uma regra fundamental em educação: responder somente à pergunta de modo simples e nem sonhar em dar explicações longas, cheias de detalhes que não estão sendo solicitados pela criança. Dúvidas infantis são sempre pontuais e diretivas: falar de modo sucinto, simples, é a melhor maneira de esclarecer, até que surja a próxima indagação por parte da criança.

A partir dos 3 ou 4 anos de idade, a maioria das crianças já se preocupa sobre “de onde vêm os bebês”. É natural que elas se intriguem com o assunto, ainda mais hoje quando as grávidas expõem suas barriguinhas em roupas marcantes e ouvir falar em sexualidade na própria televisão não seja difícil. Percebem a relação entre alguns fatos e, ao perguntar, desejam obter mais que um novo conhecimento: querem “provar” sua hipótese junto aos pais e assim também verificar a confiabilidade de suas respostas!

Em pleno século XXI há ainda quem ache correto contar historinhas facilmente desmistificáveis como a da cegonha, o que realmente é lamentável. Além de não explicar, a criança perderá a confiança no adulto, pois logo saberá que esse lhe mentiu, se sentirá traída e menosprezada em sua inteligência.

Também não se aconselha o hábito de adiar respostas (“mais tarde explico, você ainda é pequeno”) ou mandar perguntar ao pai, ou à mãe ou até à professora. Esquivar-se dos devidos esclarecimentos é a pior opção depois da mentira. A não ser que deseje perder o respeito do   filho, quebrar o elo de ligação natural, criar um desconforto sobre o assunto. É mais indicado dizer de modo natural que os bebês surgem da barriga da mãe. Afinal, a criança não perguntou ainda como é a reprodução em si, o que fará numa ocasião futura e só então terá sua elucidação.

Nessa fase é recomendável introduzir as primeiras ideias de pudor, evitando tomar banho despido com a criança ou deixando a porta do quarto dos pais trancada à noite. Dormir na cama do casal, permitir que manipule o corpo dos pais não são recomendáveis: a criança precisa se acostumar com o fato de que a nudez é natural, mas é também uma questão de intimidade; sem cair em exageros, no entanto, para que não sinta futuramente constrangimento perante, por exemplo, outra pessoa seminua em um vestiário.

Entre 4 e 6 anos, quase todas as crianças gostam de brincar de médico e não raramente se despem para se mostrar e ver o corpo do outro. É a curiosidade natural, que não pode nem deve ser proibida nem revestida de culpa, mas deve ser orientada, pois é preciso que saibam que as pessoas na nossa cultura não andam despidas e que há áreas do corpo que são íntimas, que não devem ser mostradas em público a outras pessoas nem se deixar tocar por outrem.

A mesma orientação deve ser dada quando começam a fase de autoerotismo ou masturbação. Ao se tocarem percebem a sensibilidade da região genital e daí a descobrirem o prazer que vem da manipulação é apenas um passo. Surge por instinto e os pais, embora não devam proibir ou gerar culpa na criança, devem intervir caso o pequeno se masturbe em público.

As crianças devem entender que esse gesto é íntimo, e, portanto, o contexto deve ser outro. O cuidado nesse caso é que se a criança for mal orientada, além de desenvolver problemas futuros com sua sexualidade, poderá entender que é para se esconder, já que não entende a diferença entre pudor e interdição.

Por volta dos 6 a 8 anos, a necessidade de intimidade começa a se mostrar mais forte e isso acarreta mais dúvidas aos pais, caso não tenham acompanhado o crescimento do filho. Perguntas como “o que é fazer amor” ou por que não se deve tocar nos genitais de adultos etc. vão surgir, e da confiança da criança em seus pais e de sua capacidade de terem dado bom andamento a esse aprendizado é que na puberdade e adolescência será ou não mais fácil orientar sua iniciação na vida sexual.

MARIA IRENE MALUF – é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial Neuroaprendizagem, foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos e publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de especialização em Neuroaprendizagem.

irenemaluf@uol.com.br

OUTROS OLHARES

DE LÚDICO A TRÁGICO

Perfil e origem da compulsão por jogos varia entre os sexos. A idade em que os jogadores procuram a primeira ajuda psicológica gira em torno dos 40 anos.

De lúdico a tragico

Aos 17 anos, Márcia (nome fictício) fez sua primeira aposta no “jogo do bicho”. No começo gastava seu próprio salário para sustentar o comportamento compulsivo de jogar. Com o tempo, porém, passou a dispor das economias capitalizadas pela família no banco em que era responsável pela área de aplicações. Movimentava o dinheiro dos parentes entre as contas, até deixá-las negativas. Descoberta por um auditor, acabou demitida por justa causa e prometeu jamais voltar a jogar. O compromisso foi mantido nos quase 20 anos que se seguiram, período em que pôde reorganizar sua vida, cursar faculdade e conseguir bons empregos.

Entretanto, um problema emocional a fez voltar a apostar, desta vez, em máquinas eletrônicas. “Voltei a jogar compulsivamente, perdi tudo o que havia construído. Além do dinheiro, perdi minha dignidade, minha moral, autoestima, caráter, e espirito familiar. Tudo isso coube naquelas máquinas”, enfatiza ela, que chegou a dormir na rua e a passar frio e fome, tendo, inclusive, tentado o suicídio na véspera do aniversário da mãe. Desde julho de 2015, frequenta as reuniões dos Jogadores Anônimos, grupo que funciona segundo os moldes dos Alcoólatras Anônimos e dá suporte aos dependentes. “Desde então nunca mais fiz nenhuma aposta, faz dois anos e 11 meses e dois dias. Tenho o amor da minha família de volta, minha autoestima, minha dignidade, amigos. Hoje, a vida, que não é só o espaço entre nascer e morrer, é curtir cada momento e poder ajudar alguém, finaliza.

Histórias, como as de Márcia, mostram os desdobramentos reais de um problema que ganha vulto nos serviços de saúde mental. Embora não existam estatísticas brasileiras, pesquisas feitas nos Estados Unidos, Canadá, Espanha e Austrália mostram que, nestes países, entre 0,8 e 4% da população vivencia o hábito de jogar de maneira patológica, o que pode ser caracterizado como um comportamento mal adaptativo persistente e recorrente de apostar em jogos de azar, implicando em prejuízo significativo em diferences aspectos da vida. “O jogo perde seu significado lúdico quando o indivíduo joga para recuperar perdas anteriores, perde o controle ao apostar mais que ó programado ou jogar por mais tempo do que o planejado, recorre ao jogo como fuga, se endivida, compromete as relações familiares e sociais e ainda persiste na atividade”, enumera o psiquiatra Hermano Tavares, coordenador do Ambulatório do Jogo Patológico, vinculado ao Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

ENQUADRAMENTO

Reconhecido como transtorno psiquiátrico pela Organização Mundial de Saúde somente em 1992, aparece nos manuais de psiquiatria desde a década de 80. No DSM-IV, faz parre do grupo de Transtornos do Controle dos Impulsos Não Classificados em Outro local, já no CID-10 consta entre os Transtornos de Hábitos e Impulsos. O enquadramento vem justamente pelo fato de existirem similaridades entre o jogar patológico e consumo de substâncias psicoativas. Conceitos como o de tolerância, que pontua a necessidade de se consumir uma quantidade maior de substâncias (nesse caso, de se apostar cada vez mais), para a obtenção do mesmo prazer ou perda de controle são válidos também neste contexto. “A atividade de jogar excita o sistema nervoso central e se reflete no corpo pela aceleração dos batimentos cardíacos, elevação da tensão muscular e aumento da frequência respiratória. Nesse sentido, seus efeitos se assemelham muito às reações produzidas por excitantes químicos como cocaína, anfetamina e ecstasy”, compara o psiquiatra.

Embora cada um traga sua própria bagagem de vida, é possível pontuar algumas características que se combinam significativamente; propiciando o aparecimento destes quadros. ”A impulsividade e a instabilidade emocional são os principais fatores de vulnerabilidade ao jogo. Ambas têm uma determinação compartilhada entre a genética e o ambiente. Estima-se que 30 a 50% dos fatores determinantes sejam herdados e o restante vem do meio,  como estresse no trabalho, na vida familiar e a oferta abundante e progressiva de jogos de azar em nossa sociedade”,  esclarece Tavares, enfatizando também que a expansão do jogo de azar é um fenômeno internacional, comum na cultura Ocidental, em que auto estima e reconhecimento social foram progressivamente alçados à condição de valores intercambiáveis e, de certa forma,  identificados com a questão da posse financeira.

No cenário nacional, a expansão dos Bingos acabou por se tornar um fator decisivo no aumento da demanda por tratamento, assumindo a dianteira como jogo de preferência entre as pessoas que buscam ajuda em programas especializados na cidade de São Paulo.

QUEM É O JOGADOR?

O psiquiatra delimita dois perfis de jogadores, sendo que; muitas vezes é possível reunir características de ambos. O primeiro é predominantemente masculino e começou a jogar no fim da adolescência. Antes de se tornar praticante preferencial de uma modalidade de jogo, transitou por várias, formas, entre sinuca, jogo do bicho, dominó, cartas, cavalos. Em geral; casou-se cedo e logo entrou no mercado de trabalho, tendo um sucesso inicial por ser falante, ágil e extrovertido, o que lhe protegeu por um tempo de envolver-se mais profundamente com jogo.  ”Entre os 30 e 40 anos, contando com uma folga financeira, passa a apostar mais intensamente na busca pela emoção do risco. Aposta grande volume de dinheiro em um curto espaço de tempo visando à excitação. Em torno dos 40 anos tem sua primeira quebra financeira, mas como é orgulhoso é independente ainda vai cair e levantar-se algumas vezes até aceitar o fato de que necessita de ajuda ou tratamento especializado para lidar com seu problema”, delimita o psiquiatra, acrescentando que a média de idade na primeira procura por tratamento dessas pessoas é em torno dos 45 anos.

Quanto ao segundo perfil, que tanto pode ser masculino quanto feminino, engloba os indivíduos que começaram a jogar mais tarde, em torno dos 40 anos, sem ter experiência prévia. Aqui, o jogar aparece como um reflexo do esvaziamento do cotidiano, uma vez que os filhos são mais independentes e a demanda por dinheiro na família se reduz, ou seja, a principal motivação para jogar é o alheamento dos problemas.

“Este paciente dá preferência a caça-níqueis e jogos eletrônicos em geral, e história anterior de depressão ou transtorno de ansiedade é comum nesta população. A progressão para a compulsividade é muito rápida, em geral de 6 meses a 2 anos”, caracteriza o médico, informando ainda que este jogador aposta valores enormes buscando prolongar o seu tempo em frente à máquina.

Nestes casos, a procura por tratamento é mais rápida e muitas vezes vem mascarada como uma queixa de tristeza e nervosismo, acompanhada de reclamações sobre a incompreensão da família, já que neste perfil, o paciente tem vergonha de confessar que joga. “Como a progressão é mais rápida, apesar do início tardio, este paciente chega ao tratamento mais ou menos na mesma época, ou seja, em torno dos 45 anos de idade. A progressão acelerada é chamada de efeito telescópio e seus principais fatores de risco são: gênero feminino, preferência por jogos eletrônicos e início após a quarta década de vida”, esclarece o médico.

A psicóloga Thaís Grade Maluf, integrante do Programa de Atendimento de Jogadores Patológicos do Proad, vinculado à Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), pontua que o pedido de ajuda costuma vir quando “a corda já passou do pescoço”, ou seja, quando houve uma desestruturação financeira significativa e o casamento está comprometido ou desfeito. Para a entrada no programa oferecido pela instituição, a pessoa passa por um grupo de acolhimento que integra outros dependentes não químicos, como compradores, dependentes de sexo ou de internet. O intuito é o de sensibilizar não só o paciente, como também seus familiares para o tratamento, colocando-se em pauta a questão da impulsividade e da compulsividade, presentes de forma contundente nos jogadores, embora manifestos em graus diferentes no decorrer da vida. “O jogador tem um estigma muito parecido com o do viciado em drogas e por isso procura o tratamento com mais frequência”, pondera a psicóloga ao comparar a maior participação desta clientela, em relação ao espectro de dependências reunidos no grupo.

Entre as crenças do jogador patológico está a de que se tem controle sobre o hábito, ou que se “joga só para relaxar”. Há ainda uma tendência em buscar continuamente a experiência vivida numa fase inicial de “euforia’, em que o retorno financeiro ainda era significativo. “Este estado prazeroso do ganho fica na memória por muito tempo e, de uma certa forma, é atrás desta sensação de ganho e poder que se vai”, pontua a psicóloga.

A partir deste ponto, o usuário do serviço passa a receber acompanhamento psiquiátrico e psicoterápico individual ou em grupo, sendo que a equipe segue uma orientação psicodinâmica da dependência. Nesta perspectiva, o foco de atenção se direciona para além dos sintomas, em busca das causas do que não vai bem e que se manifestam através do comportamento compulsivo. Muitas das pessoas que procuram o serviço trazem, no seu histórico familiar e também pessoal, o fato de já terem feito o uso abusivo de droga, muitas vezes apenas “migrando” de uma adição para outra.

Mais do que o ‘cessar a atividade, busca-se a conscientização e a possibilidade do sujeito em responsabilizar-se pela sua condição, reduzindo os inúmeros prejuízos vinculados à dependência de jogar e a possibilidade da construção, de outros vínculos de lazer e possibilidades efetivas de prazer. Enquanto se busca o enfrentamento na gênese do problema, a equipe também traz orientações simples, como a de que o usuário do serviço leve uma quantia determinada ao sair de casa para jogar ou ainda que jogue no computador, em casa, sem apostas.

A psicóloga pontua que boa parte dos homens chegam ao serviço impotentes nas diversas esferas da vida, pois não conseguem gerir o próprio dinheiro, sendo que muitos tiveram sucesso profissional e conseguiram um bom padrão de vida trabalhando. Esta situação acaba favorecendo um novo arranjo de papéis dentro do lar, em que há um certo ganho de poder por parte da mulher, que acaba assumindo um papel central no comando das finanças, por exemplo, o que, de alguma maneira, a torna resistente em partilhar com o companheiro do percurso do tratamento.

O médico Hermano Tavares reitera a importância do processo psicoterápico nestes casos, pelo alto índice de associação com outros transtornos psiquiátricos, principalmente na dependência química, depressão e ansiedade. “É importante uma avaliação psiquiátrica e o tratamento dessas condições associadas”, pontua o psiquiatra, enfatizando que, ainda em fase experimental, estão sendo testadas medicações que possam reduzir a “fissura” que os jogadores sentem ao tentarem parar, ressaltando que os resultados são promissores, mas ainda inconclusivos.

No Instituto de Psiquiatria da USP é oferecido, tratamento gratuito por um ano aos jogadores que são voluntários. O programa inclui psicoterapia individual e existe há dois anos o trabalho com grupos de orientação psiquiátrica, supervisionado por uma psicanalista para investigação e tratamento neste território de atuação. Além do acompanhamento psiquiátrico e orientação familiar; a participação nos Jogadores Anônimos é fortemente encorajada.

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EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

Os grupos de Jogadores Anônimos são o resultado de um encontro, em janeiro de 1957, entre dois homens, que tinham em comum uma trajetória de vida repleta de dificuldades e misérias, relacionadas ao jogo. Começaram a reunir-se regularmente, e, com o passar do tempo, nenhum dos dois voltou a jogar. Como resultado da publicidade favorável por parte de um colunista de jornal e apresentador de televisão, a primeira reunião de Jogadores Anônimos aconteceu numa sexta-feira, 13 de setembro de 1957, em Los Angeles, Califórnia.

Foi o passo inicial para que grupos do gênero fossem fundados pelo mundo. “Em São Paulo comemoramos todo dia primeiro do mês de junho, tendo completado 11 anos em 2006. Hoje, contamos com reuniões todos os dias da semana, inclusive feriados, e somamos um total de 45 grupos de Jogadores Anônimos espalhados pelo Brasil, que têm como objetivo o parar de jogar e ajudar outros jogadores compulsivos a fazerem o mesmo através de nossos depoimentos de vida e do que a doença nos causou”, pontua a Relações Públicas dos Jogadores Anônimos, informando que o Programa de Recuperação segue os “Doze Passos”, que refletem a aplicação de princípios espirituais, praticados cotidianamente, possibilitando o despertar de mudanças interiores. “O jogo compulsivo é uma doença, progressiva por natureza, que não pode ser curada, porém pode ser detida. A pessoa inventa montanhas de problemas aparentemente insolúveis. Criam problemas financeiros, mas também têm que enfrentar questões legais, de emprego e matrimoniais. Descobrem que perderam amigos e são rejeitados por parentes”, enumera, salientando o longo trajeto percorrido pelas pessoas até poderem aceitar ajuda, muitas vezes se entregando a uma deterioração sutil.

A ARTE IMITA A VIDA

“Pelo que diz respeito a adquirir e a ganhar, não fazem os homens outra coisa, não só na roleta como em toda parte, do que tirarem e do que lucrarem-se algo reciprocamente. Outra questão é saber se a aquisição e o proveito são algo feio. (…) Há duas espécies de jogo nitidamente diferentes: o dos gentis homens e o da plebe. Há quem os distinga com muita severidade. Todavia, a falar a verdade, que tolice tal distinção! Um gentil homem pode, por exemplo, arriscar cinco ou dez luízes, raras vezes mais. Podem também arriscar mil francos. Se é muito rico, mas só por causa do jogo propriamente dito, para se divertir, para estudar o processo do ganho e da perda. Mas não       deve, de modo nenhum, interessar-se pelo ganho como tal. Depois de ganhar, pode ele, por exemplo, dar uma boa gargalhada, ou contar uma piada a um dos circunstantes. Pode mesmo tornar a jogar essa quantia toda, duplica-la, mas unicamente por curiosidade, para ver os lances da sorte, para fazer combinações. E nunca movido pelo desejo plebeu de tirar proveito disso. Numa palavra, ele não deve ver no salão de jogo, nas roletas e ‘Trente – et – quarente’ mais do que um simples divertimento. Nem sequer deve suspeitar das possibilidades de ganho e das armadilhas em que se baseia a banca. Não seria mau se, por exemplo, lhe sucedesse que todos os outros jogadores, a plebe, que teme por cada florim, fosse igualmente ricos e jogasse unicamente para seu divertimento. Essa ignorância completa da realidade e da concepção ingênua do homem podem, sem dúvida, ter efeito altamente aristocrático.”

O trecho extraído do livro O Jogador, de Fédor Dostoievski, narra a história de um jovem que joga todas as suas economias na esperança de recuperar sua fortuna. Assim, como o personagem, o escritor russo também conheceu as amarras do jogo, transformando as linhas de seu romance, em contundente tratado sobre a avidez pelas apostas, a crença na sorte e, principalmente, os estragos inerentes ao jogar patológico. Ficção com duras pitadas de realidade.

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UM DIA DE CADA VEZ

Em tratamento há 3 anos, Walter (nome fictício) conta como construiu e destruiu um império financeiro, mas entre perdas e ganhos conseguiu manter a família unida. “Desde jovem queria ser bem-sucedido na vida e galguei os mais altos cargos hierárquicos nas empresas, chegando a vice-presidente de um grupo de empresas com mais de 5.000 funcionários e faturamento anual de mais de 5 bilhões de dólares. Como ganhava bem, cerca de 2 milhões de dólares anuais, podia jogar à vontade, pois não sentia as perdas financeiras”, conta ele que esteve em cassinos mundo afora, além de operar em bolsas de valores nos grandes conglomerados financeiros, pois, como atuava no setor de comércio exterior, pode viajar com frequência aos Estados Unidos e à Europa.

Em 1994, deixou o posto que ocupava para poder conviver mais com a família e construir um cotidiano menos estressante. “Em 1996 montei um pequeno comércio somente para me manter ocupado, pois tinha dinheiro suficiente para viver o resto da minha vida e um patrimônio razoável, com três fazendas, cinco imóveis em São Paulo, diversos terrenos em Palmas, além de dez milhões de reais em conta bancária”, enumera, salientando que as idas aos cassinos e bingos na capital paulistana começaram como um lazer ou extensão do prazer passado. “Quando parei de jogar, em janeiro de 2003, todo o meu patrimônio havia sido perdido no jogo e fiquei até sem casa para morar. Hoje moro de aluguel e só me restou um pequeno comércio que havia montado em 1996. Durante o meu tempo de jogatina, mentia a todos, inclusive a meus familiares, manipulava todo mundo, pois jogador tem uma lábia como ninguém”, completa. Sinaliza, porém, que o maior dano é o moral. “Além de ter perdido tudo o que havia conquistado, em 25 anos de trabalho, estava atolado em uma dívida de 300 mil reais junto aos bancos e cartões de credito. Fui obrigado pela minha esposa a ir em uma reunião de jogadores anônimos e nem mesmo sabia se, queria participar”, lembrando que esta foi a condição para que não fosse expulso de casa.

PREOCUPAÇÃO COM A FAMÍLIA

Após um mês frequentando as reuniões, ficou sabendo que um colega de infância havia se suicidado por causa do jogo. “Nesse dia; chamei os meus filhos e minha esposa e falei tudo que o pai deles havia feito na vida: da destruição financeira que havia causado, das minhas safadezas.  Chorei muito, aliás, choramos todos juntos”, lembra. Foi o momento que aceitou sua impotência diante do jogo. “Como alguém que sempre foi um vencedor havia sido derrotado pelo jogo? Joguei por que não aceitava derrotas, desafiava as máquinas, queria ser também um vencedor, mas não consegui”. Hoje procura melhorar como ser humano., pai, marido, filho e irmão. “Me dedico de corpo e alma ao pequeno comércio que possuo e os frutos foram aparecendo. Todas as minhas dívidas junto aos bancos foram quitadas em 30 meses. Não tenho problemas financeiros, muito pelo contrário, tenho agregado patrimônio na minha vida. Mas o que é mais importante de tudo isso foi a reconquista da minha família, a união impera no nosso lar”, comemora.

Além dos Jogadores Anônimos, faz tratamento no AMJO, do Hospital das Clínicas e terapia. “Sei que para o alcoólatra, a droga é álcool. Para os drogados, a droga. Para mim, é o dinheiro. Então, deixei a parte financeira aos cuidados da minha esposa e a minha obrigação é somente trabalhar. Luto a cada dia para não voltar a jogar, mato um leão a cada dia, mas para mim o mais importante não foi parar de jogar e sim melhorar como ser humano. Minha meta é buscar uma vida mais serena, equilibrada e feliz”, finaliza

GESTÃO E CARREIRA

SEJA UM FORNECEDOR

Com um leque infinito de opções, pequenos e médios empreendedores podem crescer e garantir lucratividade oferecendo produtos e serviços a grandes empresas. Confira o que orientam especialistas sobre o assunto e os principais mercados que estão sempre de portas abertas.

Seja um fornecedor

Em um mercado cada vez mais competitivo, destaca-se quem apresenta diferencial e estratégia de venda, principalmente se o negócio se tratar de uma micro ou pequena empresa almejando voos mais altos. Essas são características apontadas pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) como essenciais aos empreendedores que buscam sucesso. Inovação e capacitação são as chaves para alcançar os objetivos e garantir competitividade.

Prova disso é que mais de seis milhões de empreendedores optaram pelo Simples Nacional, sistema que recolhe taxas e impostos das empresas. O número, disponível no Portal do Empreendedor, do Governo Federal, demonstra o interesse dos empresários em se formalizar e garantir o diferencial que o consumidor/ cliente tanto procura.

Foi o que fez o empresário Wagner Tasso, proprietário da Tass Componentes, com sede em Birigui, interior de São Paulo, distante pouco mais de 500 quilômetros da capital. Com a empresa aberta desde 2015, após outras experiências com sócios, Tasso é responsável por fornecer componentes para calçados, como desenhos, estampas e tecidos, a empresas multinacionais reconhecidas nacionalmente, como Pampili, Pé com Pé e Reflex. Ele conta que para se destacar apostou na atualização constante. “Precisamos estar atentos a todas as tendências e garantir o melhor material, além de bom preço. Fornecer a qualquer empresa, seja ela grande ou pequena, exige organização e planejamento”, diz.

De acordo com o executivo, os contratos com as multinacionais garantem 50% do faturamento total da empresa. “Foi um nicho em que conseguimos entrar e temos nos saído muito bem. Temos outras empresas em negociação que ficaram sabendo do nosso trabalho realizado em Birigui. Ou seja, uma empresa do interior de São Paulo que está destacando-se no cenário nacional”, comenta. Tasso revela, no entanto, que precisou estruturar a empresa com a aquisição de maquinário e showroom que atendesse à expectativa dos clientes. “Não adianta apenas falar que você faz um bom trabalho, é preciso mostrar isso na prática para o cliente. Por isso, invisto bastante no nosso catálogo de produtos e estamos sempre em busca de novidades. Um exemplo é o jeans como tecido para sapatos e vestuário. Ele está em alta hoje, mas eu comecei a trabalhar com ele há mais de seis meses. Isso é o diferencial, e nosso desejo é estar sempre à frente, buscando novidades dentro e fora do País”, explica.

A estratégia tem dado tão certo que, segundo ele, há planos para o futuro de trabalhar também com o setor de decoração. “São produtos aos quais podemos agregar mais valor e garantir materiais personalizados, de acordo com o desejo do cliente”, afirma.

PLANEJAMENTO

Garantir crescimento, solução de problemas e sucesso exigem do empreendedor planejamento e orientação. A consultora de Marketing do Sebrae-SP, Vanessa Heleno de Oliveira Alves, afirma que uma empresa torna-se competitiva no mercado quando investe em organização. “Isso inclui Recursos Humanos, Financeiro, Marketing… É uma série de itens que precisam estar em sintonia para que a empresa ganhe visibilidade. Neste sentido, ela precisa cumprir prazos, investir em inovações e comunicar­ se com o cliente”, explica. A comunicação e até mesmo o investimento em comercial são itens indispensáveis, segundo Vanessa. “O empreendedor precisa ser visto, então orientamos para que ele participe de feiras e eventos onde estão os possíveis clientes”, comenta.

Segundo a especialista, mercados como confecções, componentes calçadistas e de brindes são alguns exemplos que podem oferecer boas oportunidades ao empresário que está em busca de entrar no mercado como fornecedor. “São nichos que ajudam a sustentar uma empresa que tem margem lucrativa baixa, mas com volume alto de pedidos”, disse. Outra orientação do Sebrae para empresas que atendem a setores de Indústria, Comércio e Serviços e Agronegócio é para que elas conheçam ao máximo os mercados externos para seu produto e, assim, consigam atuar neles também. Segundo o órgão, o sucesso depende do cumprimento da previsão orçamentária e do equilíbrio entre o custo, lucro e despesas, oferecendo ainda vantagens de compra ao cliente.

 RELACIONAMENTO

A especialista em Facilitação e Planejamento, Alie Ferreira, garante que comunicação é a chave para o desenvolvimento positivo de uma empresa que fornece para outras empresas de vários portes. Segundo ela, estar presente em redes sociais e apresentar bons resultados são importantes para qualquer mercado. “Uso como exemplo o LinkedIn, uma rede social de relacionamento onde é possível fechar grandes negócios. Por meio do contato digital, a pequena empresa demonstra que é confiável e consegue alcançar o objetivo de agendar uma reunião presencial, por exemplo”, explica.

Alie lembra também a importância da apresentação de cases e depoimentos de sucesso. “As redes sociais são ótimas ferramentas para isso. O vídeo é uma coisa que funciona muito bem também. Disponibilizar tudo isso na internet é uma forma muito eficaz de ser conhecido e reconhecido pelos bons resultados. Essa referência é uma das coisas que funciona muito bem para que pequenas e médias empresas consigam oportunidades”, comenta.

Para a especialista, os relacionamentos dão início a todo o processo de crescimento de uma empresa. “As relações humanas não podem ser deixadas de lado. As pequenas empresas podem e devem destacar-se não só pelo comprometimento e pelos processos, mas também pelos relacionamentos que podem proporcionar com o contato face a face. São características que grandes empresas valorizam muito”, aponta.

A designer Maiara Santos é um exemplo de empreendedora que utiliza-se dos benefícios da internet de olho no futuro. A Fifi – Arte em Tecido surgiu como um trabalho em família para complementar a renda, no ano de 2010, e segue até hoje produzindo bolsas, carteiras, capas para notebooks e, como ela mesma define, o que a criatividade mandar. ”A formalização foi uma das coisas mais importantes para a empresa. Conseguimos emitir nota e comprar matéria-prima de qualidade, que é o que garante a nossa competitividade no mercado, com a oportunidade de produzir e distribuir para o Brasil inteiro”, disse.

Com planos de oferecer os serviços às grandes empresas, a designer garante que tem seguido o caminho de sucesso apresentado por diversos micro e pequenos empreendedores. “Estamos sempre em feiras e de olho nos lançamentos, tanto de tecidos como de aviamentos. Já temos um público bastante fiel, mas conquistar o mercado nacional sempre foi um dos nossos sonhos”, afirma. Ela conta que entre os próximos passos da empresa está a produção de coleções para oferecer às lojas físicas. “Hoje ofereço o meu produto na internet, principalmente nas redes sociais, mas quero fazer algumas aparições físicas, como se fosse uma loja itinerante”, afirma.

ALÉM DO EMPREENDEDORISMO

Para se tornar um empresário de sucesso é preciso planejamento, organização e criatividade. Ao fornecer produtos ou serviços a grandes empresas, o empreendedor compromete-se com prazos e qualidade. Além disso, é preciso:

  •  PROCESSOS DEFINIDOS: garanta a capacidade da equipe de trabalho, estruture departamentos e avalie o estoque para não deixar o cliente na mão
  • INVESTIMENTO: em pessoas e em máquinas, para que a tecnologia seja uma aliada do negócio e garanta competitividade no mercado
  • CERTIFICAÇÕES: quanto melhor for a empresa, mais visibilidade ela ganha e isso inclui especializações na área em que você atua
  • RELACIONAMENTO: esteja onde o cliente estiver, como feiras e eventos voltados à sua área. Investir em publicidade também é importante para o crescimento da empresa.

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ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 24: 4 – 31 – PARTE II

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Predições Terríveis

II – O Senhor prediz guerras e grandes perturbações entre as nações (vv. 6,7). Quando Cristo nasceu, havia uma paz universal no império, o templo do deus Jano estava fechado; mas não pense que Cristo veio para trazer paz, ou dar prosseguimento àquela paz (Lucas 12.51). Não, a sua cidade e o seu muro devem ser construídos até mesmo em tempos difíceis, e até mesmo as guerras contribuirão para o avanço da sua obra. Desde a ocasião em que os judeus rejeitaram a Cristo, e Ele deixou a casa deles desolada, a espada nunca deixou esta casa, a espada do Senhor nunca se aquietou, porque Ele lhe tinha dado uma incumbência contra a nação hipócrita e contra o povo da sua ira, e com ela Ele trouxe a ruína deles.

Aqui temos:

1. Uma predição dos eventos da época: Em breve, “ouvireis de guerras e de rumores de guerras”. Quando houver guerras, elas serão ouvidas; pois cada peleja do guerreiro se dá com confuso ruído (Isaias 9.5). Veja como é terrível (Jeremias 4.19): “Tu, ó minha alma… ouviste o alarido da guerra”. Nem mesmo os quietos na terra, e os menos curiosos sobre as coisas novas, podem deixar de ouvir os mensageiros da guerra. Deus tem uma espada pronta para vingar a disputa do seu concerto, do seu novo concerto, e assim se “levantará nação contra nação”, isto é, uma parte ou província da nação judia contra outra, cidade contra cidade (2 Cr 15.5,6); e na mesma província e cidade, um grupo ou facção se levantará contra outro, de modo que eles se devorarão, e serão despedaçados, um contra o outro (Isaias 9.19-21).

2. A recomendação do dever da época: “Olhai, não vos assusteis”. É possível ouvir notícias tão tristes, e não se assustar? Mas quando o coração está firme e confiante em Deus, ele fica em paz e não se amedronta, nem pelas más novidades das guerras e rumores de guerras, nem pelo alarido de: Armai-vos, armai-vos. “Não vos assusteis”, não sofrais, como uma mulher grávida, com medo. Observe que existe a necessidade de um cuidado e uma vigilância constantes para não perturbar o coração quando há guerras no exterior; e é contra o desejo de Cristo que o seu povo tenha corações perturbados, mesmo em tempos tumultuados.

Nós não devemos nos perturbar, por duas razões:

(1) Porque sabemos que devemos esperar por isso. Os judeus devem ser punidos, a destruição deve ser trazida sobre eles; com isto, ajustiça de Deus e a honra do Redentor devem ser confirmadas; “porque é mister que isso tudo aconteça”. A palavra saiu da boca de Deus, e ela será cumprida no seu tempo. Observe que a consideração da imutabilidade do conselho divino, que governa todos os eventos, deveria compor e aquietar os nossos espíritos, aconteça o que acontecer. Deus está apenas realizando aquilo que nos foi designado, e a nossa perturbação desordenada é uma discussão interpretativa com aquela designação. Devemos, portanto, aquiescer, porque “é mister que isso tudo aconteça”. Não somente como o produto do conselho divino, mas também como um meio para alcançar um fim. A casa antiga deve ser derrubada (embora isto não possa ser feito sem ruído, poeira e perigo), para que a nova construção possa ser edificada; as coisas móveis (e malfeitas) devem ser removidas, “para que as imóveis permaneçam” (Hebreus 12.27).

(2) Porque devemos esperar o pior: “Ainda não é o fim”. O fim dos tempos ainda não chegou, e, enquanto existir o tempo, nós devemos esperar problemas, e o fim de uma aflição será apenas o início de outra; ou: ”Ainda não é o fim desses sofrimentos; deve haver mais julgamentos além daquele utilizado para derrubar o poder judaico; mais cálices de ira devem ser derramados; somente um ‘ai’ já passou, outros ‘ais’ estão por vir, mais flechas ainda deverão ser atiradas da aljava de Deus; portanto, não se perturbem, não deem lugar ao medo e à perturbação, não afundem sob a carga atual, mas, em lugar disso, reúnam toda a força e a coragem que vocês tiverem, para enfrentar o que ainda está à sua espera. Não se perturbem por ouvir de guerras e rumores de guerras. Pois o que acontecerá com vocês, quando vierem as fomes e as pestes?” Se, para nós, somente o “ouvir tal notícia causará grande turbação” (Isaias 28.19), como será sentir o golpe, quando ele tocar o osso e a carne? “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão?” (Jeremias 12.5).

III – Ele prediz outros julgamentos que Deus enviaria em um futuro mais próximo: “fomes, e pestes, e terremotos”. A fome frequentemente é o resultado da guerra, e a peste, da fome. Estes foram os três julgamentos dos quais Davi devia escolher um; e ele estava numa dificuldade séria, pois não sabia qual deles era o pior: mas que desolação terrível eles provocam, quando todos eles recaem juntos sobre um povo! Além da guerra (que já é suficiente), haverá:

1. “Fome”, representada pelo “cavalo preto”, sob o “terceiro selo” (Apocalipse 6.5,6). Nós lemos sobre uma fome na Judéia, pouco tempo depois da época de Jesus, que empobreceu muito a nação (Atos 11.28), mas a pior fome aconteceu em Jerusalém, durante o cerco (veja Lamentações 6.9,10).

2. “Pestes”, representadas pelo “cavalo amarelo”, e a morte assentada sobre ele, e o inferno que o seguia, sob o “quarto selo” (Apocalipse 6.7,8). Isto destrói sem distinção, e em pouco tempo amontoa cadáveres.

3. “Terremotos, em vários lugares”, ou de um lugar a outro, perseguindo aqueles que fogem deles, “como fugiram do terremoto nos dias de Uzias” (Zacarias 14.5). Algumas vezes, os terremotos causaram grande desolação, nos últimos tempos e antigamente; eles foram a causa da morte de muitas pessoas, e o terror de outras. Nas visões do Apocalipse, pode-se notar que os terremotos são prenúncios do bem, e não do mal, para a igreja (Apocalipse 6.12; compare Apocalipse 6.15; 11.12,13,19; 16.17-19). Quando Deus assombrar terrivelmente a terra (Isaias 2.21), será para sacudir dela os ímpios (Jó 38.13), e para apresentar o “Desejado de todas as nações” (Ageu 2.6,7). Mas aqui eles são mencionados como julgamentos terríveis, e apenas “o princípio das dores”, das dores de parto, rápidas, violentas, e também tediosas. Observe que quando Deus julgar, Ele vencerá; quando Ele começar com a sua ira, Ele acabará (1 Samuel 3.12). Quando olhamos adiante, para a eternidade de infelicidade que está diante dos obstinados que recusam a Cristo e ao seu Evangelho, podemos verdadeiramente dizer, a respeito dos maiores julgamentos temporais: Eles são apenas o princípio das dores; ainda que as coisas sejam ruins em meio a esses juízos, serão piores depois deles.

IV – Ele prediz a perseguição do seu próprio povo e dos seus ministros, uma apostasia geral, e uma consequente decadência na religião (vv. 9,10,12). Considere:

1. A predição da própria cruz (v. 9). Note que entre todos os eventos futuros, nós mais nos preocupamos, embora normalmente com um pouco de ansiedade, em saber mais dos nossos sofrimentos do que qualquer outra coisa. Então, quando houver as fomes e as pestes, os incrédulos as atribuirão aos cristãos, fazendo delas um pretexto para persegui-los. Cristo havia dito aos seus discípulos, quando os enviou pela primeira vez, acerca dos sofrimentos que eles iriam passar; mas até então, eles tinham passado por poucos sofrimentos, e por isto Ele os relembra de que quanto menos eles tivessem sofrido, mais aflições teriam que cumprir (veja Colossenses 1.24).

(1)  Os santos serão “atormentados”, sendo amarrados e presos, cruelmente ridicularizados e açoitados, como o bendito apóstolo Paulo (2 Coríntios 11.23-25); não seriam mortos diretamente, mas mortos em todo o tempo, em mortes frequentes, mortos de modo a se sentirem morrendo, “feitos espetáculo ao mundo”(I Coríntios 4.9,11).

(2)  Eles serão “mortos”. Tão cruéis são os inimigos da igreja, que nada menos que o sangue dos santos poderá satisfazê-los, do qual eles são sedentos, e bebem e espalham, como água.

(3)  Eles serão “odiados de todas as gentes” por causa do seu nome, como Ele lhes tinha dito antes (cap. 10.22). O mundo estava, de modo geral, influenciado pela malignidade e pela inimizade aos cristãos; os judeus, embora odiados pelos pagãos, nunca foram perseguidos por estes como os cristãos foram perseguidos pelos judeus; os cristãos eram odiados pelos judeus que estavam dispersos nas nações, eram o alvo comum da maldade do mundo. O que devemos pensar deste mundo, quando os melhores homens eram os mais maltratados nele? Ê a causa que faz o mártir, e o consola; era por causa de Cristo que eles eram odiados dessa maneira; o fato de eles professarem e pregarem o seu nome incitava as nações dessa maneira contra eles; o diabo, percebendo um ataque fatal lançado contra o seu reino, e “sabendo que já tem pouco tempo”, desceu “com grande ira”.

2. “O escândalo da cruz” (vv. 10-12). Satanás trabalha pelos seus próprios interesses através da força dos braços e das suas armas, embora Cristo, no final, traga a glória para si por meio dos sofrimentos do seu povo e dos seus ministros. Três resultados ruins da perseguição são aqui preditos.

(1)  A apostasia de alguns. Quando a profissão do cristianismo começar a custar caro para os homens, então muitos se ofenderão, se debaterão com a sua profissão de fé, e por fim a deixarão; eles começarão a entrar em conflitos com a sua religião, serão indiferentes a ela, se cansarão dela, e no final se revoltarão contra ela. Considere:

[1) Não é novidade (embora seja estranho) que aqueles que conheceram o caminho da justiça se afastem dele. Paulo sempre reclama dos desertores, que começaram bem, mas foram impedidos por alguma coisa. Eles estavam conosco, mas saíram de nós, porque jamais foram nossos verdadeiramente (1 João 2.19). Isto já nos foi dito anteriormente.

[2) Os tempos de sofrimento são tempos de agitação; e na tempestade, caem alguns daqueles que estavam em pé no tempo bom, como os ouvintes cujos corações são como os pedregais (cap. 13.21). Muitos, que não precisam da ajuda de outros, seguirão a Cristo nos dias de sol, e o deixarão nos dias escuros e nublados. Eles gostarão da sua religião se puderem tê-la a um custo baixo, e estarão dispostos a perseverar nela se as exigências forem mínimas; mas quando a sua profissão de fé passar a lhes custar alguma coisa, eles a abandonarão imediatamente.

(2)  A maldade dos ímpios. Quando a perseguição está na moda, a inveja, a inimizade e a maldade estão estranhamente difundidas nas mentes dos homens, por contágio: e a caridade, a ternura e a moderação são consideradas raridades que fazem do homem um pássaro manchado. Então, eles “trair-se-ão uns aos outros”, isto é, aqueles que traiçoeiramente abandonaram a sua religião, irão odiar e trair aqueles que aderirem a ela, por quem fingiram sentir amizade. Os apóstatas, em geral, foram os mais amargos e violentos perseguidores. Observe que os tempos de perseguição são tempos de descobrimento. Os lobos em peles de ovelhas se livrarão do seu disfarce, e aparecerão como lobos; eles “trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão [ou odiarão)”. Os tempos serão necessariamente perigosos, quando a traição e o ódio – duas das piores coisas que pode haver, porque são diretamente opostas a duas das melhores (a verdade e o amor) – serão predominantes. Isto parece se referir ao tratamento bárbaro que as diversas facções entre os judeus dedicavam umas às outras; e aqueles que devoravam o povo de Deus como comiam pão, foram, com justiça, deixados para se morderem e se devorarem uns aos outros, até que se consumissem uns aos outros. Estas palavras também podem se referir aos danos causados aos discípulos de Cristo por aqueles que estavam mais próximos a eles, como descrito em Mateus 10.21: “E o irmão entregará à morte o irmão”.

(3)  O declínio geral e o esfriamento de muitos (v.12). Em tempos enganadores, quando surgem os falsos profetas, e em tempos de perseguição, quando os santos são odiados, deve-se esperar duas coisas:

[1] A “multiplicação” da iniquidade. Embora o mundo sempre esteja mergulhado na maldade, ainda existem ocasiões em que pode-se dizer que a iniquidade abunda de uma maneira especial; como quando ela é mais abrangente do que é usual, como no mundo antigo, quando “toda carne havia corrompido o seu caminho” (Genesis 6.12); e quando é mais excessiva do que é usual, quando “a violência se levanta em vara de impiedade” (Ezequiel 7.11), de modo que o inferno parece estar solto em blasfêmias contra Deus, e em inimigos aos santos.

[2] A diminuição do amor. Isto é consequência da multiplicação da iniquidade: “por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará”. Isto pode ser entendido de maneira geral, referindo-se à santidade séria e verdadeira, que é resumida no amor. É bastante comum que os professores da religião esfriem na sua profissão de fé quando os maus se aquecem na sua maldade. Como a igreja de Éfeso, que, em tempos difíceis, deixou o seu primeiro amor (Apocalipse 2.2-4). Ou isto pode ser entendido, de maneira mais particular, como referindo-se ao amor fraternal. Quando a iniquidade abunda, a iniquidade enganadora, a iniquidade perseguidora, o amor normalmente esfria. Os cristãos começam a se intimidar, e a suspeitar uns dos outros; os afetos se distanciam, as distâncias se criam, formam-se grupos e, desta maneira, o amor resulta em nada. O diabo é o acusador dos irmãos, não somente para os seus inimigos, o que faz abundar a iniquidade perseguidora, mas entre si, o que faz com que o amor de muitos esfrie.

Isto fornece uma perspectiva melancólica dos tempos, pois haverá uma grande decadência de amor. Porém, em primeiro lugar, trata-se do amor de “muitos”, mas não de todos. Nos piores tempos, Deus tem os seus remanescentes que conservam a sua integridade, e retêm o seu zelo, como nos tempos de Elias, quando ele pensava ter sido abandonado. Em segundo lugar, este amor esfriou, mas não morreu; ele diminuiu, mas não se extinguiu. Existe vida na raiz, que se exibirá quando o inverno terminar. A nova natureza pode esfriar, mas não por muito tempo, pois se fosse assim, ela iria degenerar e desaparecer.

3. O consolo administrado em referência a este escândalo da cruz, pelo apoio do povo do Senhor que está sob ela (v. 14): “aquele que perseverar até ao fim será salvo”.

(1) É consolador, para aqueles que desejam o bem da causa de Cristo em geral, que, embora muitos se magoem, ainda assim alguns irão perseverar até o fim. Quando vemos tantos se afastando, temos a tendência de temer que a causa de Cristo vá afundar por falta de quem a apoie, e o seu nome seja abandonado e esquecido por falta de quem o professe; mas mesmo “neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça” (Romanos 11.5). Aqui se trata do mesmo tempo a que esta profecia faz referência; um remanescente que não é “daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma”; eles perseveram até o fim, até o fim das suas vidas, até o fim do atual estado de experiência, ou até o fim deste tempo de provações e sofrimentos, até o último encontro, embora eles sejam chamados a resistir até ao sangue.

(2) É consolador, para aqueles que realmente perseveram desta maneira até o fim, e sofrem por causa da sua perseverança, saber que serão salvos. A perseverança ganha a coroa, por meio da graça, e ela a usará. Eles serão salvos. Talvez eles possam ser resgatados dos seus problemas, e sobrevivam a eles confortavelmente neste mundo; mas o que se pretende aqui é a eterna salvação. Aqueles que perseveram até o fim dos seus dias, alcançarão o fim da sua fé e esperança, a salvação de suas almas (1 Pedro 1.9; Romanos 2.7; Apocalipse 3.20). A coroa da glória irá indenizar a todos; e uma forte consideração por ela, em fé, nos capacitará a escolher morrer em uma estaca, com os perseguidos, em vez de viver em um palácio, com os perseguidores.

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