O LADO BOM DA CRISE
Os anos difíceis de crise exigem o desenvolvimento de habilidades que serão cada vez mais requisitadas pelo mercado. Descubra quais são e como usá-las para crescer profissionalmente.
A crise sempre tem um legado positivo. E um deles é o desenvolvimento de competências que, muitas vezes, são exigidas na marra. De repente, é preciso ser ainda mais produtivo, inovador e resiliente para enfrentar o momento difícil, fazer mais com menos e entregar resultados excepcionais. O lado bom dessa terapia de choque é que os profissionais conseguem acumular novos conhecimentos que representarão uma vantagem competitiva nos momentos de bonança – que podem demorar, mas ainda virão. Confira a seguir algumas competências que ganharam mais relevância nos últimos anos e podem fazer a diferença para quem quiser crescer e aproveitar oportunidades que surgirão.
INOVAÇÃO
A inovação, que já era importante, em tempos de crise virou exigência em todas as áreas. “É preciso antecipar o que pode dar errado e romper padrões paradigmas que já não servem mais”, diz Sérgio Gomes, sócio da Ockam, consultoria de transformação organizacional, de São Paulo. Primeiro, descubra quais são os problemas em sua área; depois, busque a causa; e, então, proponha inovações para resolvê-los, mas não sozinho. Em um cenário de mudanças, junte-se a pessoas com habilidades e competências diferentes para estimular a colaboração, o compartilhamento de ideias e o potencial criativo de cada um. Assim fica mais fácil encontrar as melhores soluções.
INSPIRAR PESSOAS
Essa competência é essencial para lidar com uma demanda geral: fazer mais com menos. “Hoje, com poucos recursos, quem é líder deve ter em mente que, se os empregados fizerem apenas o mínimo, o time poderá ficar para trás. Mas, quando os funcionários estão engajados, entregam o máximo possível mesmo em condições distantes do ideal, o que não é obrigatório, é voluntário”, afirma Sérgio. Quem inspira as equipes são os gestores que colocam a mão na massa e mostram aos liderados porque cada um deles é importante para que a empresa atinja seus grandes objetivos. “Essa conexão, quando é profunda, verdadeira e bem conduzida, inspira a todos”, diz Sérgio.
ENTENDER AMBIGUIDADES
Ambiguidades é uma mensagem que desperta dúvidas. No universo corporativo, se refere a complexidade que dificultam a tomada de decisão e exigem grandes habilidades dos profissionais – os quais, na crise, aprenderam a caminhar no escuro. Nessas situações, é necessário manter o foco no presente e definir prioridades, deixando de lado metodologias do passado. O dia a dia pode trazer previsões que, muitas vezes, nenhuma pesquisa imaginou. Por isso, quando tomar uma decisão, pense nos aspectos contraditórios da situação que você está enfrentando, analise as probabilidades e entenda que nem sempre terá todas as respostas.
ATITUDE DE DONO
Trabalhar como se fosse o dono do negócio é importante em períodos incertos, pois, além de assumir responsabilidade, o profissional com perfil empreendedor costuma motivar os colegas e buscar novas soluções para os problemas, de modo a tornar a organização competitiva. “É importante ter a capacidade de assumir e cumprir os compromissos e objetivos propostos e acordados”, diz Denys. Para isso é preciso analisar cenários e buscar novas oportunidades.
FLEXIBILIDADE
Alguns são mais dispostos a aceitar novas atribuições e a enfrentar mudanças, outros não. Nessa onda de corte de custos e de readequação de equipes, tarefas foram acumuladas e os profissionais se adaptaram ao novo cenário e se destacaram. “Quem tiver a capacidade de se ajustar as novas situações e as novas responsabilidades certamente terá mais chance de ser reconhecido, principalmente se garantir a concretização dos objetivos,” afirma Denys.
AUTOGESTÃO
Essa habilidade diz respeito ao conhecimento dos próprios pontos fortes e fracos. É com base nessa consciência que os profissionais ficam motivados, se disciplinam, cobram e se avaliam. Na crise, ter consciência de suas fortalezas e limitações ajuda a atuar de maneira inteligente, cercando-se de pessoas que completam suas deficiências. Ao admitir que não somos suficientes em determinada área nem excelente em outra é uma das qualidades de profissionais desse tipo – algo necessário na crise e na bonança.
PRIORIZAÇÃO DE TAREFAS
A recessão trouxe as empresas ao encontro de dois opostos: a meta de crescimento e a busca da redução de custos. Os profissionais tiveram de se adaptar a essa realidade e desenvolver a priorização de tarefas. Felipe Battistela, de 42 anos, diretor de pós-vendas do Grupo Volvo américa latina, em Curitiba, faz esse exercício. “Precisei de mais rigidez na definição das prioridades, o que, aliás, tem sido um processo contínuo de mudança na forma de trabalhar”, diz. “Aprenda a priorizar as atividades que, de fato, serão utilizadas por alguém e que trarão melhores resultados, sejam eles financeiros ou de satisfação dos clientes”. Para isso, o executivo costuma questionar bastante. “Só assim é possível saber se aquela tarefa ainda é relevante. Afinal, o ambiente de negócios pode ter mudado.”
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Se controlar as emoções já é difícil durante a bonança, tudo piora em meio a crise. Para lidar com isso, é preciso inteligência emocional – competência muito valorizada porque traz uma dimensão humana para a solução dos problemas. “As pessoas sofreram com as incertezas políticas, a inflação, o desemprego, as demissões, os ajustes – no meio disso tudo, fez melhor quem não deixou o moral cair”, diz Denys Monteiro, CEO no Brasil da ZRG Partner, empresa de recrutamento executivo. Para desenvolver essa habilidade, tente não se abater com os cenários sombrios, pense positivo e seja assertivo para impor limites aos outros.
RESILIÊNCIA
Essa é a capacidade de superar adversidades sem ser afetado de modo negativo e permanente, uma competência que surge e se desenvolve em situações difíceis. “As pessoas conseguem manter a eficiência em momentos de estresse”, afirma Denys. Antecipar tendências, conhecer a dimensão dos problemas, entender que imprevistos acontecem e aproveitar os momentos instáveis para transforma-los em oportunidades de aprendizagem são práticas indicadas para desenvolver essa habilidade.
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