MEU QUERIDO PLANEJADOR
Assessoria financeira vira moda no Brasil. Por 50 reais ao mês, já é possível contratar um consultor particular para organizar as contas e orientar investimentos.
Aos poucos, o serviço de planejamento financeiro deixa de ser um privilégio dos ricos para se tornar algo acessível a qualquer um que deseje colocaras contas em ordem e criar estratégias para multiplicar seu dinheiro. Um sinal disso é que o Brasil já tem cerca de 3.400 planejadores financeiros certificados, de acordo com a Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Para ter uma ideia, há dez anos o país contava com apenas 185 desses profissionais. “Embora incipiente, há uma tendência de democratização do planejamento financeiro por aqui”, afirma Jan Karsten, presidente da Planejar, de São Paulo.
Muitos fatores impulsionam a área. Para começar, a proliferação de plataformas de investimentos representou uma mudança de paradigma. Diante da maior variedade de aplicações que foram apresentadas, as pessoas passaram a buscar planejadores par dar suporte às escolhas. “Os brasileiros começaram a despertar para o fato deque eles não precisam mais ficar nas mãos dos bancos onde têm conta- corrente”, diz Janser Rojo, sócio da GFAI, consultoria especializada em finanças pessoais, de São Paulo.
Além disso, a concorrência entre as corretoras intensificou propagandas na TV e campanhas digitais. “Excesso de informação, quando as pessoas não têm conhecimento especifico, causa confusão. E isso tem contribuído para que muita gente procure ter seu planejador particular”, afirma André Novaes, fundador e CEO da LifeFP, sediada em campinas(SP). Há ainda aspectos conjunturais que mobilizam os brasileiros a buscar uma orientação financeira, tais como a maior instabilidade no mercado de trabalho e as discussões sobre a reforma da Previdência, com a percepção de que não dá mais para depender apenas do governo. Em paralelo, nos últimos anos, a concentração do setor bancário despejou no mercado muitos especialistas em finanças que decidiram empreender. Nesse cenário, startups que oferecem serviços de planejamento crescem a passos largos.
A Guide Life, braço de planejamento da corretora Guide, lançou até um sistema de franquias. Hoje, são 12 escritórios em seis cidades – até o fim de 2018, a expectativa é que sejam 50. “O fato de a poupança ser a principal opção dos brasileiros demonstra que há grande espaço para diversificação e ampliação da cultura de investimentos”, diz Ivens Gasparotto Filho, diretor da Guide Life, de São Paulo. Já a V10, fundada por três ex-agentes autônomos da XP, viu a busca por seus serviços aumentar 40% neste ano. “Há uma demanda crescente por serviços de consultoria”, afirma Mário Pereira, sócio da V10, com sede em Belo Horizonte.
A contratação de um planejador em 2013 foi um divisor de águas na vida do casal de médicos Gustavo Duarte, de 38 anos, e Cristina Mello, de 40, de Campinas (SP). Nessa época, eles estavam estressados porque, apesar de trabalharem bastante, sentiam que tudo o que ganhavam era suficiente só para cobrir as despesas. Não sobrava nada para o lazer ou para compor uma reserva financeira.
“Colocamos nossas aspirações dentro de um planejamento objetivo e conseguimos fazer mudanças positivas”, diz Gustavo. Uma das primeiras medidas sugeridas pelo planejador foi vender um dos carros – eles tinham dois – para reduzir as despesas com IPVA, seguro e manutenção. O médico foi orientado a modificar sua atuação profissional, passando a atender um público diferente. Hoje, Gustavo diz que trabalha 30% menos e ganha 50% mais. O casal consegue investir de 20% a 30% do que recebe a cada mês. “O maior ganho foi de qualidade de vida. Agora vislumbramos o longo prazo e sabemos o que precisa ser economizado para nos aposentarmos bem lá na frente”, diz. O corretor de Imóveis Davi José da Silva, de 35 anos, de São Paulo, resolveu experimentar os serviços de um planejador financeiro há cinco meses, depois de ouvir seu chefe contar que havia contratado um. A decisão aconteceu porque ele e a mulher, Renata Nunes Patez Silva, de 30 anos, sentiam que, após cinco anos de casamento, ainda não tinham conseguido organizar as finanças em conjunto. Eles já tinham se endividado com o cartão de crédito e estavam terminando os meses no zero a zero. “Com a ajuda dele, enxergamos o que fazíamos de errado: não tínhamos o controle sobre o que gastávamos, por exemplo, com restaurantes, roupas, táxis”, diz Davi. O casal começou a usar uma planilha para cuidar do orçamento. “Ainda temos dificuldade de manter a disciplina, mas, pelo menos, já criamos um colchão de segurança para imprevistos. “Hoje, o dinheiro está em aplicações de renda fixa, um passo que, segundo Davi, não teria sido dado sem a atuação do planejador. “Eu e a Renata viemos de uma família humilde, nossos pais não eram muito instruídos e não existia gestão financeira. Agora, enxergamos o dinheiro de uma maneira diferente, traçando metas.” Se você também tem sentido falta de orientação profissional em sua vida financeira, preparamos uma série de dicas para ajudá-lo a encontrar um planejador idôneo e começar agora mesmo uma administração mais eficiente de seu patrimônio.
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