OS SONS DA LUZ
Estímulos luminosos podem produzir atividade neural bastante precisa no tronco cerebral, similar à provocada pela audição normal, os animais conseguiram ter um elevado grau de discriminação, superior ao que próteses atuais podem alcançar.
O som da orquestra varia do extremamente suave ao mais intenso e os espectadores, todos surdos, apreendem cada nota, graças a implantes cocleares que traduzem sons complexos em um arco-íris de luz óptica. É esse o objetivo de uma equipe de cientistas da Alemanha, do Japão, da Coreia do Sul e de Cingapura. Eles trabalham no desenvolvimento de um dispositivo que usa a óptica em vez de ondas sonoras para desenvolver uma classe reinada de próteses auditivas.
No caso de pessoas sem problemas auditivos, neurônios do gânglio espiral no ouvido interno permitem a discriminação precisa do som. Podemos reconhecer centenas de pessoas pelo som da voz e distinguir entre milhares de diferentes alturas e frequências. Implantes cocleares tradicionais dispõem de um microfone externo para captar o som e transmiti-lo para essas células através de eletrodos, mas com baixíssima resolução. Os neurônios são afinados como teclas de piano no ouvido interno. Usar eletrodos para estimulá-los é como dirigir um concerto com os punhos em vez dos dedos. Os cientistas acreditam que há uma maneira melhor.
Em um estudo publicado no Journal of Clinical Investigation, pesquisadores usaram um vírus para implantar genes com sensibilidade à luz em embriões de camundongos surdos. As unidades agiram nas vias auditivas do cérebro dos ratos, criando manchas sensíveis à luz nas membranas dos neurônios do gânglio espiral e de outras células. Então, os cientistas direcionaram luz LED sobre esses neurônios e gravaram a atividade do tronco cerebral, um passo de integração essencial no processamento auditivo.
A atividade indicou que os ratos surdos perceberam a luz como som com sucesso. Em comparação com a estimulação dos eletrodos de implante coclear tradicionais, a luz produziu atividade neural mais precisa no tronco cerebral, similar à audição normal. Os ratos também exibiram um elevado grau de discriminação de som que próteses atuais não podem alcançar.
Os cientistas acreditam que, no futuro, pessoas surdas poderão se beneficiar de terapia genética semelhante às abordagens atualmente testadas em ensaios clínicos para outras doenças. E caso queiram, poderiam alterar a cóclea para expressar canais sensíveis à luz. Então, uma cadeia de luz LED poderia ser inserida no ouvido, que se acende de acordo com as qualidades de um som externo, permitindo que neurônios auditivos comuniquem ricos detalhes para o cérebro.
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