PSICOLOGIA ANALÍTICA

A VERDADE SOBRE A TERAPIA DE CHOQUE

Apesar de a eletroconvulsoterapia ser uma técnica ainda cercada de preconceitos, há casos em que pode ser uma solução razoavelmente segura para algumas doenças mentais graves.

A verdade sobre a terapia de choque

Um paciente agitado é levado à força para uma sala e contido em uma maca num hospital psiquiátrico. Punido por desafiar a autoridade sádica da enfermeira-chefe, é submetido – completamente acordado – à intervenção conduzida por um médico e outros membros da equipe, que colocam eletrodos em ambos os lados da cabeça e disparam uma rápida carga elétrica. Vários enfermeiros o seguram, enquanto o paciente se contorce de dor descontroladamente, caindo em seguida em estado de estupor. A cena do premiado Um estranho no ninho (1975), estrelado por Jack Nicholson como o paciente rebelde, provavelmente influenciou muito mais a percepção do público em geral sobre a terapia eletroconvulsiva (ECT) do que as descrições científicas. Como resultado, muitos leigos a consideram hoje um procedimento perigoso ou até mesmo cruel. No entanto, diversos dados sugerem que, quando administrado de forma correta e cuidadosa, o tratamento, utilizado em situações específicas, é relativamente seguro e pode ser benéfico para casos de depressão grave e outras formas de doença mental.

 OSSOS QUEBRADOS

O clássico dirigido por Randle Patrick McMurphy está longe de ser o único retrato negativo da ECT. Em uma pesquisa de 2001 com 24 filmes que abordam o tratamento, os psiquiatras Andrew McDonald, da Universidade de Sydney, e Garry Walter, da Central Coast Health do Norte de Sydney, em Nova Gales do Sul, apontam que as representações sobre o método são geralmente pejorativas e imprecisas. Na maioria dos casos retratados, a técnica é aplicada em pessoas totalmente conscientes e aterrorizadas, sem seu consentimento e, não raro, como castigo pela desobediência. Após os choques, os pacientes geralmente passam a dizer coisas incoerentes ou permanecem num estado de apatia. Em seis dos filmes analisados, pioram drasticamente ou morrem.

É muito provável que o modo como o assunto é tratado nos filmes colabore com atitudes negativas do público em geral sobre a ECT. Uma pesquisa de 2012, desenvolvida pelas psicólogas Annette Taylor e Patrícia Kowalski, da Universidade de San Diego, com 165 universitários do curso de psicologia (presumidamente mais informados sobre terapias para doença mental), demonstrou que aproximadamente 74% dos participantes concordavam que o procedimento é fisicamente perigoso. Outro estudo de 2006, com 1.737 suíços, coordenado pelo psicólogo Christoph Lauber, na época do Hospital Universitário de Psiquiatria em Zurique, revelou que 57% consideravam a ECT prejudicial; apenas 1,2% apoiavam a utilização.

Coloquialmente chamada de “terapia de choque”, a técnica foi introduzida em 1938 pelos neurologistas italianos Ugo Cerletti e Lucio Bini como um tratamento para a psicose. (Aparentemente, Cerletti se inspirou ao observar que vacas que iam para o abate ficavam sedadas depois de receberem uma carga elétrica.) O tratamento é simples: eletrodos são colocados na cabeça do paciente, por onde passa uma corrente elétrica que provoca mudanças na química e na atividade cerebral.

Assim como muitos temiam, de fato a intervenção era perigosa antes de meados dos anos 50. Na época, os pacientes permaneciam acordados durante a ECT. Os choques causavam convulsões e os movimentos produzidos eram tão bruscos que chegavam a quebrar seus ossos.

Hoje em dia, nos Estados Unidos e em outros países ocidentais, os pacientes recebem a ECT com relaxante muscular e anestesia geral, administrados para conter movimentos desordenados durante o episódio epilético (inerente ao uso da técnica) e diminuir o desconforto geral.

Embora ainda passem por essa crise, permanecem inconscientes durante o procedimento e não sentem dor nem enfrentam convulsões observáveis. Além disso, as ondas cerebrais e outros sinais vitais são monitorados para assegurar o bem-estar da pessoa.

Esses avanços tornaram a ECT mais segura e menos assustadora. Em uma pesquisa de 1986, com 166 pacientes submetidos a eletroconvulsoterapia, os psiquiatras C.P.L. Freeman e R.E. Kendell, da Universidade de Edimburgo, relataram que 68% dos voluntários descreviam a experiência como não mais perturbadora do que uma visita ao dentista. Para os outros, era mais desagradável, porém indolor.

No entanto, o tratamento não é livre de perigos. Em alguns países, muitos médicos ainda administram a ECT como em 1950. Em um estudo de revisão de 2010, o psiquiatra Worrawat Chanpattana e seus colegas, do Hospital Samitivej Srinakarin, em Bangkok, apontam que 56% dos pacientes de 14 países asiáticos receberam o tratamento sem relaxante muscular ou anestésico. Mas, é preciso considerar que, independentemente do país e do método, a ECT pode causar efeitos negativos, como desorientação temporária, e mais seriamente, amnésia retrógrada, o que faz com que a pessoa se esqueça de eventos que ocorreram algumas semanas ou até mesmo meses antes do tratamento. Os efeitos colaterais são menores quando os eletrodos são colocados somente em um dos lados da cabeça. Tecnologias recentes, como máquinas de pulsos breves que permitem calibrar com mais cuidado a dose de energia elétrica, minimizam a extensão da amnésia. No entanto, alguns problemas de memória quase sempre acompanham quem passou pelo procedimento. Além disso, estudos sugerem que a ECT pode, em casos raros, levar a perdas cognitivas permanentes. Embora os dados que sustentam essa hipótese ainda não sejam definitivos, é importante considerar essas informações.

MISTERIOSOS MECANISMOS

Devido aos efeitos adversos na memória, a ECT deve ser considerada somente como último recurso de tratamento. No entanto, muitas pesquisas sugerem que o tratamento pode ser eficaz no alívio de sintomas de várias doenças mentais, como depressão grave e mania no transtorno bipolar. Além disso, parece amenizar a catatonia, uma condição associada à esquizofrenia e ao transtorno bipolar, caracterizada por alterações marcantes do movimento, como permanecer em posição fetal ou gesticular repetidamente.

Argumentos a favor da intervenção seriam ainda mais fortes se os pesquisadores pudessem determinar exatamente como o tratamento funciona. Em uma revisão feita em 2011, o psiquiatra Tom Bolwig do Hospital Universitário de Copenhague observou que a ECT pode aumentar a secreção de determinados hormônios, um processo prejudicado na depressão. Outros pesquisadores sugerem que a eletricidade estimula o crescimento neural e ajuda a reconstruir áreas do cérebro que protegem contra o distúrbio. Uma terceira hipótese é de que as próprias convulsões redefinem fundamentalmente a atividade cerebral, o que pode trazer alívio, conclui Bolwig.

A ECT também pode ajudar no tratamento de algumas patologias, alterando a sensibilidade dos receptores de neurotransmissores, como a serotonina. No entanto, nenhuma dessas teses foi suficiente para que os cientistas conseguissem apoio para pesquisa. À medida que aprendemos mais sobre essa intervenção mal compreendida, podemos reinar nossos métodos de aplicação e os efeitos negativos da ECT. E é importante que os profissionais de saúde tenham em mente que, mesmo em sua forma atual, o tratamento não se trata de um castigo cruel, como muitas vezes retratado. Em determinadas circunstâncias, quando tudo mais falha, vale a pena considerá-lo como opção para aliviar um intenso sofrimento psicológico.

 

SCOTT O. LILIENFELD – é professor de psicologia na Universidade de Emory.

HAL ARKOWITZ – é professor-associado de psicologia na Universidade do Arizona.

OUTROS OLHARES

A FEBRE DO LEITE DOURADO

Chegou ao Brasil o hábito americano de consumir bebidas à base de cúrcuma. As propriedades da especiaria podem ser benéficas – mas estão longe de fazer milagres

A febre do leite dourado

Vitaminas que prometem corpo esbelto e ânimo no cotidiano vêm e vão como ondas no mar. Se não existissem, seria preciso inventá-las. A estrela da hora são as bebidas à base de cúrcuma, vendidas nos Estados Unidos em quantidades garrafais. É o golden milk, ou leite dourado. Em doses pequenas ou maiores, misturado com leite, o preparo de cor alaranjada é consumido sobretudo por quem pratica esportes, está em busca de disposição, bem-estar e, é claro, emagrecimento. O modismo já começou a desembarcar no Brasil. Aqui é possível comprar a mistura pronta em lojas de produtos naturais. Os consumidores dizem que os efeitos do leite dourado podem ser reais. A atriz americana Gwyneth Paltrow, a socialite Kourtney Kardashian e a estilista Victoria Beckham, entre outras, publicaram recentemente nas redes sociais os benefícios experimentados e receitas com o ingrediente. Diz a nutricionista Patrícia Davidson Haiat, do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional: “A cúrcuma tem um potencial enorme para a saúde por ser uma das especiarias mais ricas em qualidades medicinais”.

Também conhecida como açafrão-da-terra, a cúrcuma é uma raiz cultivada desde a Antiguidade na Ásia. Ela é usada especialmente como tempero, dando um sabor picante e ao mesmo tempo adocicado aos alimentos. No leite, o sabor forte se dissipa. Os estudos de benefícios para a saúde ganharam velocidade na última década. Na maior base de dados científicos do mundo, o PubMed, há 4.438 pesquisas publicadas sobre a cúrcuma – o dobro em relação ao número de trabalhos sobre outros temperos. Seu poder está em sua substância mais abundante, a curcumina. Concentram-se nela pelo menos quatro propriedades essenciais para o funcionamento do organismo. Trata-se de um poderoso antioxidante, capaz de reduzir os danos causados pelos radicais livres – partículas que danificam a membrana celular, alteram o DNA e provocam a morte das células -, o que traria como consequência mais disposição. Ela é termogênica, característica que ajuda na aceleração do metabolismo – associada ao emagrecimento. É analgésica, contribuindo para o bem-estar.

E, por fim, é anti-inflamatória, com poder de impactar no tratamento de doenças.

A curcumina é um dos anti-inflamatórios mais potentes já estudados. Tem efeito comparável ao dos corticoides, uma classe de medicamentos com essa ação controlada e estabelecida. Essa sua propriedade foi alvo de um trabalho publicado em março deste ano no The American Journal of Geriatric Psychiatry, que mostrou o papel da especiaria no combate a uma das doenças de origem neurológica mais complexas e de difícil tratamento – o Alzheimer. Em pacientes com problemas de memória, o consumo de cúrcuma ao longo de dezoito meses reduziu os sintomas e diminuiu o nível de duas proteínas cerebrais associadas ao Alzheimer, a tau e a beta­ amiloide. Os resultados do estudo foram atingidos com o equivalente a uma colher de chá diária de cúrcuma. Para os efeitos procurados por pessoas saudáveis, essa porção também seria suficiente. A ingestão de uma quantidade maior, frise-se, não controlada por um médico, pode ser arriscada, provocando agressões ao estômago e alergias. A cúrcuma faz bem – mas está longe de ser milagrosa e, em dose exagerada, faz mal.

GESTÃO E CARREIRA

OS LIMITES DA EMPATIA

Pesquisadores descobriram que, praticada em excesso, essa habilidade pode causar esgotamento mental e prejudicar a carreira.

Os limites da empatia

Na década de 80, a americana Patrícia Moore, então com 26 anos, resolveu vivera rotina de uma senhora idosa durante três anos. Todos os dias a jovem aplicava camadas de látex no rosto para parecer enrugada, colocava óculos que embaçavam sua visão, tapava os ouvidos para escutar pouco e vestia bandagens e talas para diminuir a mobilidade. Com o resultado, Patrícia ficou mundialmente conhecida por revolucionar o design de eletrodomésticos (muito pesados na época) e torná-los mais inclusivas. De lá para cá, sua história é usada como referência para explicar a empatia, definida como a habilidade de se colocar no lugar do outro. Embora esse comportamento tenha uma importância inegável nos dias de hoje – principalmente ante a crescente intolerância, fomentada pelas redes sociais, estudos apontam que não é necessário, nem saudável, ser empático em excesso. De acordo com uma pesquisa publicada no início do ano pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, existem dois Jeitos de manifestar empatia. O primeiro é se colocar no lugar de outra pessoa e assumir os sentimentos dela como seus.

O segundo é reconhecer os sentimentos desse indivíduo e tentar entender a perspectiva dele. Para chegar a essa conclusão, os professores recrutaram 212 voluntários para redigir uma carta com conselhos para alguém que estava com dificuldades financeiras. O detalhe é que essa pessoa, na verdade, era um personagem fictício inventado pelos pesquisadores. Mas ninguém sabia disso. Metade do grupo foi orientada a escrever o texto com distanciamento, pensando apenas sobre a perspectiva do personagem. A outra parte deveria redigir imaginando como se sentiria se es tivesse passando pela mesma situação. Quando mediram a frequência cardíaca e a pressão arterial dos participantes, a surpresa: no segundo grupo, esses índices estavam mais elevados do que no primeiro. A conclusão foi que a empatia, se não for utilizada de forma correta, pode levar a um quadro de estresse crônico no longo prazo. “Em profissões mais emocionalmente exigentes, como medicina, serviço social, psicologia ou coaching, o ônus de testemunhar o sofrimento pode levar ao esgotamento, o que, em alguns casos, impossibilita os indivíduos de seguir exercendo essas funções. É como se eles sentissem o tempo todo que o sofrimento que presenciam acontece em sua vida”, diz Michael Poulin, um dos autores do estudo.

QUESTÃO DE PERSONALIDADE

Muitos estudos de neurociência apontam que a maior parte das pessoas toma as próprias emoções como referência para demonstrar solidariedade. Ou seja, nossa tendência é nos colocar no lugar do outro caso já tenhamos experimentado uma situação parecida em algum momento da vida. “Nesses casos, a empatia vem naturalmente, porque você sabe ou imagina quão difícil determinado contexto pode ser, então é mais fácil se conectar com o sofrimento daquela pessoa”, diz Karen Vogel, psicóloga clínica e professora na The School of Life, de São Paulo. Porém, para alguns, o fato de já terem vivido um episódio semelhante pode fazer com que não consigam entender a fronteira entre seus sentimentos e os do outro, transformando a empatia num processo traumático para ambas as partes. ”Às vezes, adota-se um processo de transferência que faz com que você mergulhe no sofrimento alheio e, em vez de ajudar a outra pessoa a sair do fundo do poço, caia junto com ela”, diz Roberto Debski, psicólogo clinico e coach, de São Paulo.

O modo de lidar com as próprias emoções pode determinar quais serão os limites da empatia de uma pessoa. Um exemplo são indivíduos que tiveram os chamados “pais invalidantes”, que recriminavam manifestações como choro ou tristeza dos filhos. “Essas pessoas aprenderam que a emoção é algo que não se pode expressar, e não entendem quão importantes são os sentimentos. Ou podem buscar o modelo oposto e se tornarem excessivamente empáticas”, diz Karen. As mulheres costumam ser mais propensas a desenvolver uma empatia prejudicial. Isso porque, socialmente, são incentivadas a realizar atividades que envolvam o cuidado com terceiros. “Como a mulher tem esse comportamento estimulado, costuma acreditar que tem de dar conta de tudo sozinha, inclusive trazendo para si questões de outras pessoas, o que gera um estresse que pode desencadear quadros de esgotamento”, afirma.

Encontrar um equilíbrio para a empatia tem sido um desafio na carreira do paulistano Thiago Valadares, de 36 anos. Formado em administração e em relações públicas, ele tem facilidade em se relacionar e escutar demandas alheias. “Faço trabalho voluntário com moradores de rua e sempre me coloquei na posição de ouvir e me colocar no lugar do outro”, afirma. Mas, quando se tornou líder, isso virou uma questão delicada. À frente da Seven Grupo Digital, misto de agência de marketing e aceleradora de startups da qual é sócio, ele percebeu que algumas pessoas tentam tirar vantagem de sua empatia excessiva. “Elas sabem que me sensibilizo e que tenderei a dar permissão para uma demanda. Então, preferem falar comigo na hora de justificar uma falta, por exemplo. Acham que vai ser mais fácil”, diz. Para contornar esse comportamento, Thiago passou a delegar esse tipo de conversa para seu sócio, Fernando Cywinski, diretor financeiro da empresa “Sei que, para o negócio, não é saudável ser assim. Por isso, procuro ajuda. Assim, escapo da minha dificuldade de dizer não.”

 DISTANCIAMENTO

No ambiente profissional, pessoas que não conseguem adotar a medida correta da empatia também podem ficar sobrecarregadas, porque tendem a trazer para si a missão de resolver os problemas dos outros. E o pior é que isso ainda pode ser mal interpretado. “A empatia é confundida com intrometimento. Quando as pessoas estão num momento difícil, querem alguém que as ouça, mas que as deixe descobrir sozinhas o próprio caminho”, afirma Karen.

Além disso, no mundo dos negócios é preciso fazer o balanço entre a perspectiva externa e as necessidades da empresa Só assim é possível tomar decisões racionais e não cair no perigo de justificar uma escolha ruim apenas por pena de alguém da equipe – postura que, aliás, pode ser vista como diferenciação no tratamento aos funcionários. “No trabalho é preciso ser equânime, olhar para todos da mesma maneira”, diz Roberto. Na liderança, a empatia deve ser usada como um recurso para ajudá-lo a conquistar uma visão sistêmica. Para isso, primeiro você tem de entender a si mesmo. Depois, compreender o outro. E, no final, buscar uma visão de fora, de alguém não envolvido com a situação, para criar um contexto geral e fazer julgamentos mais equilibrados. O economista Rubens Augusto Junior, de 59 anos, procura praticar esse distanciamento na presidência da rede de franquias e pizzarias Patroni, de São Paulo, que tem 300 funcionários e um faturamento de 370 milhões de reais. Por trabalhar ao lado dos filhos e da irmã na companhia, de origem familiar, ele diz que procura manter certa frieza para evitar favoritismos e não deixar que a emoção se misture aos negócios. “Não posso deixar de lado a empatia porque somos uma empresa de serviços, porém, tento me afastar e refletir para tomar a decisão correta – chego a demorar um mês em alguns casos”, diz.

CAMINHO DO MEIO

Uma alternativa para exercitar a empatia sem sobrecarregar a si próprio é recorrer à compaixão – sentimento de pesar conectado ao desejo de confortar alguém. Além de ativar áreas do cérebro associadas à recompensa e à Integração a um grupo social, o que desencadeia sensações de bem-estar, a compaixão é útil para se blindar do sofrimento. “É uma maneira de entrar em sintonia. Você percebe a questão do outro e ouve o problema, mas não perde a capacidade de pensar de forma racional”, afirma Roberto.

O Importante é adotar um caminho do meio para usar a empatia de forma saudável. “É preciso ampliar a consciência de nós mesmos, de nossos traumas e conflitos para não cair em modelos de comportamento que nos prejudiquem”, diz Roberto. Ou seja, a chave é não apontar para nós mesmos as armas que poderiam ser usadas a favor dos demais.

 VOCÊ ESTÁ EXAGERANDO?

Os sinais de que você pode estar abusando da empatia.

1 –   Quando alguém compartilha um momento difícil, você automaticamente se imagina no lugar daquela pessoa.

2 – Em vários momentos, você se sente responsável por resolver os problemas dos outros – mesmo que eles não tenham nada a ver com sua vida.

3 – Quase sempre você deixa de fazer coisas por si mesmo porque sente que as outras pessoas necessitam de mais atenção.

4 – Os problemas alheios o afetam emocional e fisicamente. Assim, é comum sentir ansiedade, tristeza e estresse quando alguém lhe conta algo ruim.

5 – Você tende a relevar falhas das outras pessoas com facilidade, preocupando-se com os sentimentos alheios mais do que com os seus.

 

 

ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 21: 33-46

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A Parábola dos Lavradores Maus

Essa parábola define claramente o pecado e a destruição da nação judaica; os judeus e os seus líderes são os lavradores; e o que é dito para condená-los, é dito para advertir a todos os que desfrutam dos benefícios da igreja visível, para que não se limitem aos princípios elevados, mas ao temor.

 

I – Aqui temos os privilégios da nação judaica, representados pelo arrendamento da vinha aos lavrado­ res; eles eram como arrendatários de Deus, o Grande Pai de família, e sujeitos a Ele. Observe:

1. Como Deus estabeleceu uma igreja no mundo para si. O Reino de Deus sobre a terra é aqui comparado a uma vinha, dotada de todas as coisas necessárias para uma administração e aproveitamento vantajosos dela.

(1). Ele plantou uma vinha. A igreja é a “plantação do Senhor” (Isaias 61.3). A formação de uma igreja, por si só, é um trabalho, como a plantação de uma vinha, o que exige custos e cuidados. É a videira que a destra de Deus plantou (Salmos 80.15), que “a plantou de excelentes vides” (Isaias 5.2), uma “vide excelente” (Jeremias 2.21). A própria terra produz espinhos e arbustos espinhosos, mas as vinhas precisam ser plantadas. A existência de uma igreja se deve ao favor distinto de Deus, e à sua manifestação a alguns, e não a outros.

(2). Ele circundou-a de um valado. Observe que a igreja de Deus no mundo está sob a sua proteção especial. Assim como Jó estava cercado de todos os lados (Jó 1.10), há, ao redor da igreja, a vinha do Senhor, um valado, um muro de fogo (Zacarias 2.5). Onde Deus tiver uma igreja, esse é, e sempre será, um lugar merecedor de sua atenção especial. O concerto da circuncisão e a lei cerimonial eram uma cerca, ou um muro separador ao redor da nação judaica, e ele foi derrubado por Cristo. Além disso, o Senhor Jesus indicou uma ordem e uma disciplina do Evangelho que ser viriam como uma cerca de separação da sua igreja. Ele não desejava que a sua vinha fosse comunitária, mas queria impedir que aqueles que estivessem fora dela pudessem ter acesso a ela quando e como quisessem. O Senhor também não desejava que ela fosse isenta de regras, mas queria impedir que aqueles que estivessem dentro dela pudessem açoitá-la quando quisessem. Assim, Ele se preocupou em estabelecer limites ao redor desse monte santo.

(3). Ele “construiu nela um lagar, e edificou uma torre”. O altar dos holocaustos era o lagar, ao qual todas as ofertas eram trazidas. Deus instituiu regulamentações em sua igreja, para a devida supervisão e para a promoção da sua frutificação. O que mais poderia ter sido feito para torná-la mais conveniente?

2. A maneira como Ele confiou esses privilégios visíveis da igreja ao povo judeu, especialmente aos seus principais sacerdotes e anciãos: Ele a arrendou para eles, como lavradores, não porque Ele precisasse deles, da maneira como os fazendeiros precisam de arrendatários, mas porque assim poderia testá-los, e ser honrado por eles. Quando Deus foi conhecido em Judá, e o seu nome foi engrandecido, quando eles foram levados para serem seus, por povo, e por nome, e por louvor (Jeremias 13.11), quando Ele revelou a sua Palavra a Jacó (Salmos 147.19), quando o concerto da vida e da paz foi celebrado com Levi (Malaquias 2.4,5), então essa vinha foi arrendada. Veja uma simplificação desse arrendamento (Cantares 8.11,12). O Senhor da vinha teria “mil peças de prata” (compare com Isaias 7.13); o lucro principal seria dele, mas os arrendatários teriam duzentas, um incentivo competente e cômodo. E então, ele se ausentou para uma terra longínqua. Quando Deus, em uma manifestação visível, estabeleceu a religião judaica no monte Sinai, Ele também se afastou, de maneira similar; eles não tinham mais a visão aberta, mas tinham recebido a Palavra escrita. Eles também podem ter imaginado que Ele tivesse ido a uma nação distante, como Israel, quando fez o bezerro, imaginando que Moisés tivesse ido embora. Eles afastavam de si mesmos o dia mal, utilizando os recursos de que dispunham.

 

II – A expectativa de Deus com o arrendamento a esses lavradores (v. 34). Era uma expectativa razoável, pois “quem planta a vinha e não come do seu fruto?” Observe que Deus espera os frutos daqueles que desfrutam dos privilégios da igreja, tanto os ministros quanto o povo, de maneira proporcional.

1. As suas expectativas não tinham pressa. Ele não exigiu um paga­ mento adiantado, embora tivesse tido tantos gastos com a vinha, mas esperou que chegasse o tempo dos frutos, como quando João pregava que era chegado o Reino dos céus. Deus espera para ter misericórdia, espera para nos dar tempo.

2. Eles não eram nobres, não mostravam ter uma moral elevada. Ele não exigiu que eles viessem, correndo perigos, sob pena de perder a concessão, caso se atrasassem, mas Ele lhes enviou os seus servos, para lembrá-los do seu dever, e do dia do pagamento, e para ajudá-los a colher os frutos e enviar-lhe a sua parte. Esses servos eram os profetas do Antigo Testamento, que foram enviados, algumas vezes diretamente, aos judeus, para repreendê-los e instruí-los.

3. Eles não eram pessoas difíceis; o problema era apenas “receber os frutos”. Ele não exigiu mais do que eles conseguiam produzir, mas apenas uma porção dos frutos, que Ele mesmo tinha plantado, em observância às leis e aos estatutos que Ele lhes tinha dado. O que poderia ser mais razoável? Israel era uma vinha vazia, ou melhor, ela tinha se tornado a planta degenerada, a vide estranha, e produzia uvas bravas.

 

III – A maldade dos lavradores ao maltratarem os mensageiros que lhes tinham sido enviados.

1. Quando Ele lhes enviou os seus servos, eles os maltrataram, embora os servos representassem o próprio senhor, e falassem em seu nome. Os chamados e as reprovações da Palavra, se não envolverem, irão apenas exasperar. Veja aqui o que aconteceu, na prática, com os fiéis mensageiros de Deus:

(1). Eles sofreram; foram perseguidos da mesma maneira como “os profetas” foram perseguidos. Estes foram odiados com ódio cruel. Não somente os desprezaram e censuraram, mas os trataram com o os piores malfeitores – eles os feriram, e os mataram, e os apedrejaram. Eles feriram Jeremias, mataram Isaías e apedrejaram Zacarias, o filho de Joiada, no Templo. Se aqueles que vivem devotamente em Cristo Jesus sofrem perseguições, muito mais aqueles que levam outros a esse tipo de vida. Uma disputa de Deus com os judeus estava relacionada à maneira como mal­ trataram os seus profetas (2 Crônicas 36.16).

(2). Competia a eles sofrer nas mãos dos arrendatários do seu Senhor. Os lavradores que os trataram dessa maneira eram os principais dos sacerdotes e os anciãos, que se sentavam na cadeira de Moisés, que professavam religião e relacionamento com Deus; eram os inimigos mais amargos dos profetas do Senhor, expulsando-os, e matando-os, e dizendo: “O Senhor seja glorificado” (Isaias 66.5; veja Jeremias 20.1,2; 26.11).

Considere:

[1]. Como Deus perseverou na sua bondade para com eles. Ele enviou outros servos, em maior número que os primeiros, mas esses também foram maltratados. Ele lhes tinha enviado João Batista, e eles o tinham decapitado; e ainda assim, Ele lhes enviou os seus discípulos, para preparar o seu caminho. Oh!, As riquezas da paciência e da tolerância de Deus, ao continuar com a sua igreja, em um ministério desprezado e perseguido!

[2]. Como eles persistiram na sua maldade. A esses servos, eles fizeram a mesma coisa que tinham feito aos primeiros. Um pecado abre caminho para outro do mesmo tipo. Aqueles que estão embriagados com o sangue dos santos, acrescentam a embriaguez à sede, a ainda pedem: Dá, dá.

2. Por fim, Ele lhes enviou o seu Filho. Nós vimos a bondade de Deus, nos seus envios, e a maldade dos lavradores, ao maltratar os servos; mas no final, os dois lados se excederam.

(1). Nunca a graça pareceu mais graciosa do que ao enviar o Filho. Isto foi feito no final. Observe que todos os profetas foram precursores e arautos de Cristo. Ele foi enviado por último; pois se nada mais funcionasse com eles, certamente isso funcionaria; por isso, Ele foi deixado para o último recurso. “Terão respeito a meu filho”, e por isso Eu o enviarei. Observe que é razoável esperar que o Filho de Deus, quando viesse aos seus, fosse reverenciado; e reverenciar a Cristo seria um princípio poderoso e efetivo de produtividade e de obediência, para a glória de Deus. Se eles apenas reverenciassem o Filho, o objetivo teria sido alcançado. “Terão respeito a meu filho”, pois Ele vem com mais autoridade que os servos; àquele a quem todos os homens honrarem se deverá o juízo (veja João 5.22,23). Há maior perigo em rejeitá-lo do que em desprezar a lei de Moisés.

(2). O pecado nunca havia se manifestado de uma forma tão terrível quanto o seria através da atitude de maltratar o Filho de Deus, o que deveria acontecer dentro de dois ou três dias. Considere:

[1]. Como tudo foi planejado (v. 38). Eles planejaram tudo quando viram o Filho, quando veio aquele que o povo reconhecia e seguia como o Messias, que receberia o arrendamento, ou tomaria os bens; isto atingia a sua propriedade (a propriedade que eles tinham arrendado), e eles decidiram dar um golpe ousado para defendê-la, e para preservar a sua riqueza e grandeza, removendo do caminho aquele que era o único obstáculo para eles, o seu único rival. “Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo”. Pilatos e Herodes, os príncipes deste mundo, não sabiam disso, pois se tivessem sabido, “nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1 Coríntios 2.8). Porém, os principais dos sacerdotes e os anciãos sabiam que esse era o herdeiro, pelo menos alguns deles; e por isso disseram: “Vinde, matemo-lo”. Muitos são mortos devido àquilo que possuem. A razão principal por que tinham inveja dele, e por isto o odiavam e temiam, era o seu interesse pelo povo e as suas hosanas. Se Ele fosse eliminado, eles esperavam que esses louvores fossem direcionados para si mesmos. Eles pensaram que Ele deveria morrer para salvar o povo dos romanos (João 11.50); mas, na verdade, Ele deveria morrer para salvar o povo da hipocrisia e da tirania daqueles líderes religiosos. O esperado reino do Messias certamente traria esta libertação. Ele expulsa os compradores e vendedores do Templo; por isso, “matemo-lo”. E, como em um caso desses o direito sobre as propriedades certamente deve passar a pertencer àqueles que as ocupam, “apoderemo-nos da sua herança”. Eles pensaram que, se pelo menos conseguissem se livrar desse Jesus, conduziriam a todos na igreja, sem qualquer controle, poderiam impor as tradições que desejassem e forçar as pessoas a se sub­ meterem ao que quisessem. Assim, eles “juntos se manco­ munam contra o Senhor e contra o seu ungido”; mas aquele que está no céu ri por vê-los atirando contra si mesmos; pois, enquanto eles pensavam em matá-lo, e tomar a sua herança, Ele foi receber, por meio da sua cruz, a sua coroa, e Ele os esmigalhará com uma vara de ferro, e se apoderará da sua herança (Salmos 2.2,3,6,9).

[2]. Como esse plano de conspiração foi executado (v. 39). Eles estavam tão decididos a matá-lo, procurando cumprir o seu objetivo de garantir a sua própria pompa e o seu poder, e Ele estava tão decidido a morrer, para cumprir o seu desígnio de derrotar Satanás e salvar os seus eleitos, que não é de admirar que eles o prendessem dentro de pouco tempo, e o assassinassem, quando fosse chegada a sua hora. Embora o poder romano o condenasse, a culpa ainda é dos principais dos sacerdotes e dos anciãos, pois eles foram não apenas os promotores, mas os agentes principais, e cometeram o maior pecado. “Tomando-o vós” (Atos 2.23). Considerando-o indigno de viver, pois não desejavam que Ele vivesse, eles o arrastaram para fora da vinha, para fora da santa igreja, cuja chave, supostamente, eles tinham, e para fora da cidade santa, pois Ele “padeceu fora da porta” (Hebreus 13.12). Tudo se passou como se aquele que era a maior glória do seu povo, Israel, tivesse sido a vergonha e are­ provação da nação. Assim, aqueles que perseguiram os servos, perseguiram o Filho; os homens tratam os ministros de Deus assim como também tratariam o próprio Cristo, se Ele estivesse em seu meio.

 

IV – Aqui é mencionada a ruína dos lavradores maus, pela própria boca dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo (v. 40,41). Jesus lhes pergunta: “Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” Ele lhes pergunta, para a condenação ainda mais severa deles, para que, “conhecendo a justiça de Deus” contra aqueles que fazem tais coisas, eles pudessem ser ainda mais inescusáveis. Observe que os procedimentos de Deus são tão irrepreensíveis, que é necessário apenas um apelo aos próprios pecadores a respeito da justiça de tais procedimentos. Deus é justificado quando fala. Eles puderam prontamente responder: “Dará afrontosa morte aos maus”. Observe que muitos podem, com facilidade, prever as funestas consequências dos pecados dos outros, mas não ver qual será o seu próprio fim.

1. O nosso Salvador, na sua pergunta, diz que o “Senhor da vinha” virá e acertará as contas com eles. Deus é o “Senhor da vinha”; a propriedade é dele, e Ele fará com que saibam disto aqueles que agora governam sobre a sua herança, como se pertencesse a eles. O Senhor da vinha virá. Os perseguidores dirão, no seu íntimo: Ele retarda a sua vinda, Ele não está vendo, Ele não exige nada. Mas eles irão descobrir que, embora Ele os tolere bastante, Ele não os tolerará sempre. O consolo dos santos e dos ministros maltratados é o fato de que o Senhor está próximo, de que o “Juiz está à porta”. Quando Ele vier, o que fará com aqueles que vivem de forma carnal? O que Ele fará com os cruéis perseguidores? Eles serão chamados para o ajuste de contas; esse será o dia deles, mas Ele “vê que vem chegando o seu dia”.

2. Na sua resposta, eles imaginam que será um acerto de contas terrível; o crime parece ser muito sério, vocês podem ter certeza de que:

(1). Ele “dará afrontosa morte aos maus”; o destino deles é a sua destruição. Que os homens nunca esperem fazer o mal, e se saírem bem. Isto se cumpriu com os judeus, naquela infeliz destruição que lhes foi trazida pelos romanos, e que aconteceu aproximadamente depois de quarenta anos; e uma destruição sem paralelos, em que houve as mais tristes circunstâncias agravantes. Isto se cump1irá sobre aqueles que andam na iniquidade; o inferno é a destruição eterna, e será uma destruição pior do que todas as demais. Imagine a situação daqueles que desfrutaram a maior par­ te dos privilégios da igreja, e se descuidaram da sua própria salvação. Os hipócritas e os perseguidores sofrerão terrivelmente no inferno.

(2). Ele “arrendará a vinha a outros lavradores”. Observe que Deus terá uma igreja no mundo, apesar da falta de merecimento e da oposição de muitos que recebem os seus privilégios. A falta de fé e a reprovação do homem não tornarão a Palavra de Deus sem efeito. Se alguém não a aceitar, outro o fará. As migalhas dos judeus eram o banquete dos gentios. Os perseguidores podem destruir os ministros, mas não podem destruir a igreja. Os judeus imaginavam que, sem dúvida, eles eram o povo de Deus, e assim a sabedoria e a santidade lhes pertenciam. E se eles fossem desarraigados, para que Deus precisaria de uma igreja neste mundo? Mas quando Deus usa qualquer pessoa para sustentar o seu nome, não é porque Ele precise desta pessoa, nem porque Ele esteja em dívida para com ela. Ainda que fôssemos destruídos, tornando-nos um motivo de espanto, Deus poderia edificar uma igreja próspera sobre as nossas ruínas, pois Ele nunca se confunde quanto ao que deve fazer pelo seu grandioso nome, a despeito daquilo que possa acontecer conosco, com o nosso lugar, e com a nossa nação.

 

V – O exemplo e a aplicação desse conceito pelo próprio Cristo, dizendo-lhes, com efeito, que tinham julgado de forma correta.

1. Jesus dá um exemplo, referindo-se a uma passagem das Escrituras que assim foi cumprida (v. 42): “Nunca lestes nas Escrituras”. Sim, sem dúvida, eles as liam e cantavam frequentemente, mas não as tinham levado em consideração. Nós perdemos o benefício daquilo que lemos por falta de reflexão. A passagem citada por Jesus é Salmo 118.22,23, o mesmo contexto de onde os meninos tomaram as suas hosanas. A mesma palavra que traduz louvor e consolo aos amigos e seguidores de Cristo, transmite condenação e terror aos seus inimigos. A Palavra de Deus é uma espada de dois gumes. Esta passagem: “A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo”, exemplifica a parábola anterior, especialmente na parte que se refere a Cristo.

(1). A rejeição da pedra pelos edificadores é a mesma coisa que os maus tratos dos lavradores ao Filho que lhes foi enviado. Os principais dos sacerdotes e os anciãos eram os edificadores, e tinham a supervisão da religião dos judeus, que era o edifício de Deus; e eles não iriam conceder um lugar a Cristo no seu edifício, não iriam aceitar a sua doutrina nem as suas leis na sua constituição; eles o deixaram de lado, como um vaso quebrado e desprezado, uma pedra que serviria somente como pedra de tropeço.

(2). O fato de essa pedra chegar a ser cabeça de esquina é a mesma coisa que arrendar a vinha a outros lavradores. Aquele que foi rejeitado pelos judeus foi aceito pelos gentios, e por aquela igreja onde não existe distinção entre circuncisão e incircuncisão, onde “Cristo é tudo em todos”. A sua autoridade sobre a igreja cristã, e a sua influência sobre ela, o fato de Ele governar sobre ela, como a sua Cabeça, e de que a une, como a Cabeça de Esquina, são os grandes símbolos da sua exaltação. Assim, apesar da maldade dos sacerdotes e dos anciãos, Ele dividiu uma porção com os grandes (“Com os poderosos, repartirá ele o despojo”), e recebeu o seu reino, embora eles não desejassem que Ele reinasse sobre eles.

(3). A mão de Deus estava em tudo isso: “Pelo Senhor foi feito isso”. Até mesmo a sua rejeição pelos edificadores judeus se deu com o conselho e o conhecimento prévio de Deus Pai. Ele permitiu e ordenou isso; o Senhor Jesus também assumiu a posição de Pedra Angular. A sua mão direita e o seu santo braço fizeram tudo isso acontecer; foi o próprio Deus que “o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome”; e “é coisa maravilhosa aos nossos olhos”. A maldade dos judeus que o rejeitaram é espantosa. Como é que os homens podem ter tamanho preconceito contra os seus próprios interesses! (veja Isaias 29.9,10,14). A honra que lhe foi dada pelo mundo gentílico, apesar dos maus tratos que o seu próprio povo lhe dirigiu, é algo maravilhoso. O mesmo ocorre com o fato de que aquele que os homens desprezaram e abominaram foi adorado por reis! (Isaias 49.7). Mas “foi o Senhor que fez isto”.

2. Jesus aplica a parábola a eles, e a aplicação é a vida da pregação.

(1). Ele aplica a sentença que os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo tinham determinado (v. 41), voltando-a contra eles mesmos; não a sua primeira parte, que dizia respeito à infeliz destruição dos lavradores (Ele não queria falar disto ), mas a sua parte final, sobre arrendar a vinha a outros; porque embora ela parecesse má aos judeus, ela era boa para os gentios. Perceba:

[1]. Que os judeus ficarão sem igreja: “O Reino de Deus vos será tirado”. Esta demissão dos lavradores representa a mesma destruição que a destruição da vinha “para que sirva de pasto” (Isaias 5.5). Aos judeus, por muito tempo, tinham pertencido a adoção e a glória (Romanos 9.4), a eles foram confiadas as “palavras de Deus” (Romanos 3.2), o depósito sagrado da religião revelada, e o privilégio de serem o povo que se chama pelo nome de Deus no mundo (Salmos 76.1,2). Mas já não será mais assim. Eles não eram apenas improdutivos, no uso dos seus privilégios, mas, com essa desculpa, se opunham ao Evangelho de Cristo, e desta maneira perderam tais privilégios, não tardando muito até que eles fossem removidos. Observe que é justo o fato de Deus remover os privilégios da igreja daqueles que não apenas pecam contra eles, mas que pecam tendo estes privilégios (Apocalipse 2.4,5). O Reino de Deus foi removido dos judeus, não somente pelos julgamentos temporais que lhes aconteciam, mas também pelos julgamentos espirituais a que estavam sujeitos, pela sua cegueira de espírito, pela sua insensibilidade de coração, e pela sua indignação com o Evangelho (Romanos 11.8-10; 1 Tessalonicenses 2.15).

[2]. Que os gentios serão aceitos. Deus não precisa nos pedir permissão para que Ele tenha uma igreja no mundo; embora a sua vinha seja desarraigada de um lugar, Ele encontrará outro para plantá-la, que produzirá frutos. Aqueles que não eram um povo, e não tinham obtido misericórdia, se tornaram os favoritos do Céu. Este é o mistério que tanto influenciou o bem-aventurado Paulo (Romanos 11.30,33), e que tanto revoltou os judeus (Atos 22.21,22). Com a primeira plantação de Israel, em Canaã, a der­ rota dos gentios foi a riqueza de Israel (Salmos 135.10,11), e, portanto, na sua extirpação, a queda de Israel foi a riqueza dos gentios (Romanos 11.12). Ele a dará “a uma nação que dê os seus frutos”. Cristo sabe, de antemão, quem irá produzir frutos usando os meios do Evangelho; por­ que toda a nossa produtividade é um trabalho das suas próprias mãos, e todas as suas obras são conhecidas de Deus Pai. Eles produzirão frutos melhor do que os judeus o fizeram. Deus recebeu mais glória da igreja do Novo Testamento do que da sua congregação do Antigo Testamento. Porque quando Ele modifica alguma coisa, não a modifica para que tenha perdas.

(2). Ele aplica as Escrituras que tinha citado (v. 42) para o terror deles (v. 44). Esta “pedra que os edificadores rejeitaram” está destinada “para a queda de muitos, em Israel”. E temos aqui a destruição de dois tipos de pessoas cujas quedas estão comprovadamente ligadas a Cristo.

[1]. Alguns, por ignorância, tropeçam em Cristo devido ao seu estado de humilhação. Quando essa Pedra está na terra, onde os edificadores a deixam, eles, com a sua cegueira e com os seus descuidos, caem sobre ela, e se destroem. A ofensa que dirigem a Cristo não o ofenderá mais do que o ferimento que uma pedra sofre por parte daqueles que nela tropeçam. Mas eles ferirão a si mesmos; eles cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos (Isaias 8.14; 1 Pedro 2.7,8). A incredulidade dos pecadores será a sua destruição.

[2]. Outros, por meio da maldade, se opõem a Cristo e o desafiam no seu estado de exaltação, quando essa Pedra já é cabeça de esquina; e neles ela cairá, pois eles a colocam sobre suas próprias cabeças, como os judeus fizeram com este desafio: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”; e isto os reduzirá a pó. A primeira parte parece referir-se ao pecado e à destruição de todos os infiéis. Este é o pecado maior, e a pior ruína, dos perseguidores, que vão contra tudo e persistem neste comportamento. O reino de Cristo será uma pedra pesada para todos aqueles que tentarem se livrar dela, ou tirá-la do seu lugar (veja Zacarias 12.3). Essa Pedra, cortada do monte sem o auxílio de mãos, rompeu e esmiuçou todo o poder de oposição (Daniel 2.34,35). Alguns entendem isso como uma alusão ao costume dos judeus de apedrejar até à morte. Os criminosos eram, primeiramente, atirados com violência, de uma plataforma elevada, sobre uma grande pedra, o que deveria feri-los muito; mas depois os judeus atiravam outra grande pedra sobre eles, o que deveria esmagá-los, reduzindo-os a pedacinhos. De uma maneira ou de outra, Cristo irá destruir completamente todos aqueles que lutarem contra Ele. Se eles forem tão intrépidos, a ponto de a queda sobre a pedra não os destruir, ainda assim outra pedra irá cair sobre eles, e os destruirá. Ele ferirá os reis, encherá as nações de cadáveres (Salmos 110.5,6). Jamais alguém endureceu o seu coração contra Deus e, ainda assim, prosperou.

Finalmente, consideremos a recepção que essas palavras de Cristo tiveram entre os principais dos sacerdotes e os anciãos que ouviam as suas parábolas.

1. Eles ”entenderam que falava deles” (v. 45), e que naquilo que tinham dito (v. 41), eles tinham somente descrito a sua própria destruição. Observe que uma consciência culpada não precisa de acusador, e, às vezes, irá poupar um ministro do dever de dizer: “‘Tu és este homem”. Tão rápida e poderosa é a Palavra de Deus, e ela discerne tão bem os pensamentos e as intenções do coração, que é fácil para os homens maus (se a consciência não estiver insensibilizada) perceber que ela está falando deles.

2. Eles pretenderam prender a Jesus. Quando aqueles que ouvem a reprovação do mundo percebem que ela está falando deles, se isso não lhes fizer bem, certamente lhes causará muitas mágoas. Se eles não se compungirem em seus corações com convicção e contrição (Atos 2.37), eles se enfurecerão com indignação (Atos 5.33).

3. Eles não o fizeram por receio do povo, que consideravam Jesus um profeta, embora não o considerassem como o Messias. Isto serviu para assustar os fariseus. O medo que sentiam do povo os tinha impedido de falar mal de João (cap. 5.26), e aqui, de fazer mal a Jesus. Observe que Deus tem muitas maneiras de restringir a ira, como também de fazer com que a ira do homem redunde em seu louvor (Salmos 76.10).

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