AUTO LIDERANÇA
Esse é o primeiro passo de um líder eficaz que precisa colocar em prática as avaliações sobre os aspectos humanos, psicológicos, cognitivos, emocionais e espirituais da liderança.
É cada vez mais comum nos depararmos com estudos que abordam a importância da liderança, fato que comprova o quanto esse tema é fundamental para todas as organizações que reúnem pessoas com distintas características e personalidades. Nas muitas definições do assunto que encontramos na literatura, geralmente, são analisados os aspectos mais visíveis e tangíveis de um gestor. Ou seja, abordam os pontos técnicos relacionados à capacidade de guiar os colaboradores em direção aos objetivos, ter uma visão mais clara das metas, saber delegar e tomar decisões.
Outras obras até focam nos processos de como se tornar um líder, como desenvolver determinadas habilidades e como exercitar a liderança. Todos esses itens são muito importantes para um chefe, porém não são os únicos. Cada vez mais é fundamental abordar o tema sobre o “estado interior ideal do líder”, que é como a liderança eficaz se origina, com foco não só na atuação, mas também na compreensão do espaço interior, da maneira como as suas ações ganham força e energia.
Assim, podemos observar que é uma necessidade no contexto atual estudar e colocar em prática as avalições sobre os aspectos humanos, psicológicos, cognitivos, emocionais e espirituais da liderança. É preciso ir além: aprofundar a capacidade do líder de se conhecer, de ter consciência sobre os próprios comportamentos, de estar atento aos seus relacionamentos, de ter competência para lidar com as suas emoções, de fortalecer a auto liderança.
Dessa forma, entendemos que o componente emocional se torna protagonista no processo de liderança. Conseguir entender o fluir da vida emocional, própria e dos outros, é uma premissa indispensável para criar uma liderança eficaz.
Se no passado os aspectos emocionais eram considerados um empecilho na cultura organizacional, hoje já são vistos como algo fundamental para uma gestão eficiente de pessoas, na qual o racional-cognitivo e o emocional precisam, cada vez, caminhar juntos. Podemos então fazer uma reflexão, partindo de considerações muito interessantes do professor e economista americano Otto Shanner, sobre três instrumentos interiores que o líder deve desenvolver para conseguir uma gestão eficaz: uma “mente aberta”, um “coração aberto” e uma “vontade aberta”. Pode-se falar de “mente aberta” quando o líder é capaz de ver a realidade com novos olhos, com a curiosidade de quem está sempre aprendendo. Ela corresponde à habilidade de suspender os julgamentos preestabelecidos e de observar a realidade de outra maneira. Assim, é possível viver de forma mais plena. Do ponto de vista da neurociência, isso significa ser capaz de transformar os paradigmas e modelos automáticos, que nos levam a trilhar caminhos conhecidos em vez de nos impulsionar para uma nova interpretação da realidade e a colocar em discussão a zona de conforto.
Ter o “coração aberto”, por sua vez, significa desenvolver uma inteligência emocional e social que permita compreender o mundo e as pessoas de forma mais ampla. É ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ver e sentir o mundo do ponto de vista de outra pessoa, de ter em pauta. Para criar as habilidades sociais, são necessários: ter uma boa inteligência emocional, ser forte internamente para interagir de maneira positiva, conhecer e lidar com as próprias emoções de forma equilibrada.
Já a “vontade aberta” se refere a trabalhar, a flexibilizar a rigidez na identidade, a ter desenvoltura mais intuitiva, a ampliar a percepção e ao “sentir” – tudo isso em busca de se conseguir uma compreensão mais elevada das situações e, assim, ser impulsionado a agir, alcançar propósitos, objetivos e resultados de excelência.
A revalorização dos fatores emocionais na liderança nasce como exigência de um mercado em rápida transformação, que pede uma visão aberta e uma orientação mirada ao desenvolvimento da criatividade e da inovação. E essas, obviamente, são características e habilidades cada vez mais desejadas e exigidas aos gestores.
Seguindo essas reflexões, podemos compreender que a base para a conquista da maestria na liderança se resume ao entendimento de si mesmo, por meio do profundo conhecimento da natureza interior que permite superar a inércia, desmontar a mentalidade e os hábitos obsoletos, liderar seus projetos e criar percursos e caminhos de transformações, realizações e resultados. Isto é, gerar as condições necessárias para criar cenários de prosperidade e abundância para todos.
Eduardo Shinyashiki é mestre em Neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal. Com mais de 30 anos de experiência no Brasil e na Europa, é referência em ampliar o crescimento e a auto liderança das pessoas. www.edushin.com.br