CARTEIRA DIGITAL
Por meio dos smartphones, hoje as pessoas fazem tudo: telefonam, trocam mensagens, consultam redes sociais, veem e-mails, fazem videoconferências, utilizam-no como GPS e, em um futuro não muito distante, também substituirão o cartão de plástico por ele.

Febre, hábito, mania, moda, vício, dependência… Não importa o que se tomou o uso intensivo dos smartphones, o que vale agora é que essa é uma tecnologia que não tem mais volta. Resta então evoluirmos com eles.
Por falar em evoluir, as pessoas já fazem de tudo com seus smartphones, mas há sempre mais a fazer. Um tipo de serviço que tem grande espaço ainda para crescer por esse meio são as transações financeiras, especialmente o mobile payment.
Uma pesquisa da Febraban de Tecnologia Bancária, realizada pela Deloitte em 2015, diz que o uso dos canais digitais no setor bancário segue em consolidação no Brasil com destaque para a forte expansão registrada pelo mobile banking, de 11,2 bilhões de transações bancárias, um crescimento de 138% em relação a 2014, quando 4,7 bilhões de operações foram feitas pelos clientes.
Além disso, de acordo o “Global Mobile Consumer Survey – GMCS 2016” – estudo da Deloitte que apura o hábito de consumo de equipamentos e serviços de tecnologia móvel em 31 países do mundo e no Brasil realizada com 2.005 pessoas -, oito em cada dez pessoas já possuíam um smartphone. Esses números apenas demonstram o potencial que existe para o mercado de mobile payment no País
EVOLUÇÃO E SEGURANÇA
De acordo com o CEO da Kanamobi – empresa de tecnologia criativa que oferece soluções 360° em serviços de inteligência mobile -, Cristiano Kanashiro, a forma de pagar está mudando através do uso das novas tecnologias, oferecendo facilidade, comodidade e velocidade.
“É um meio seguro, e as empresas devem utilizar essas novas formas para receber e potencializar as vendas, podendo ser uma transação via smartphone, aplicações móveis, bots, pulseira (wearable), entre outras”, afuma.
Contudo, em sua opinião, a segurança ainda é algo que precisa ser explanado com mais intensidade, pois cada vez mais teremos uma gama gigantesca de soluções em meios de pagamentos. E Kanashiro tem razão, pois, em se tratando de segurança, 44 % daqueles que têm um celular afirmaram à pesquisa da Deloitte não ter sequer, nos últimos três meses, acessado pelo aparelho extratos bancários, feito pagamentos de contas ou de serviços, ou realizado transferências de dinheiro local) ou internacionalmente. Para se ter uma ideia, o temor em relação à segurança que envolve as transações financeiras por telefone móvel é a principal justificativa dada por essas pessoas que se negam a fazer pagamentos a lojas por meio do celular.
Hoje ainda temos a internet das coisas (IOT) sendo impulsionada em diversos segmentos e conectando cada vez mais dispositivos entre si, o uso do bluetooth, Wi-Fi, entre outras formas de conexão.
“E isso tudo possibilita que os usuários fiquem mais expostos. abrindo caminho para o desenvolvimento de vírus bem mais inteligentes e maliciosos. Então a segurança é responsabilidade e um assunto que envolve os fabricantes de devices, empresas de pagamento e bancos”, considera Kanashiro.
Mesmo assim, o fundador da MUXI, Alexandre Pi, acredita que o mobile payment faz parte do futuro. “No caso das lojas físicas, acredito que quando o mobile payment começar a oferecer mais conveniência ao consumidor, como diminuir filas exaustivas ou adiantar os pedidos em um estabelecimento de alimentação, por exemplo, eles serão responsáveis pelo aumento de vendas dos micro e pequenos empresários”, aponta.
Já no mercado de e-commerce, é questão de tempo até o consumidor aderir. “Os clientes ainda esperam que o mobile payment ofereça mais segurança nas operações on-line. Mas depois que eles se sentirem mais seguros, com certeza o e-commerce venderá mais por esta modalidade”, estima.
O CEO da Kanamobi, por exemplo, aposta que agora se abre uma nova oportunidade para impulsionar as vendas, uma vez que os micro e pequenos varejistas comecem a adotar essas novas formas de recebimento. “Hoje existem inúmeras soluções de ‘mobile payment’ que podem ser utilizadas no comércio, porém é importante analisar qual se adéqua melhor ao seu negócio, ”afirma.
Uma estratégia para adoção das novas tecnologias e meios de pagamento, segundo ele, deve ser atrelada ao perfil dos clientes. Um ótimo exemplo é o aplicativo BeBlue, que hoje é aceito em mais de 700 lojas participantes, entre restaurantes, postos de gasolina. supermercados, etc. “O aplicativo oferece um sistema de cashback, ou seja, parte da sua compra retorna em dinheiro que é acumulado no aplicativo e pode ser utilizado para novas compras nas redes credenciadas. Hoje são mais de 100 mil usuários. Essa é uma solução aderente a qualquer micro e pequeno varejista, o qual pode utilizar um novo meio de pagamento e ampliar as suas vendas”, exemplifica.
O CEO da Pague Veloz, José Henrique Kracik da Silva, reforça que o mercado de meios de pagamentos está evoluindo de forma extremamente acelerada, e o objetivo é exatamente a dinâmica de recebimentos, especialmente para os empreendedores e para os micro e pequenos empresários. E é isso que acontece com esta modalidade. “O ponto a ser observado é que as regras dos meios de pagamentos (bandeiras, banco emissores de cartões e das credenciadoras) não evoluem na mesma velocidade, o que dificulta o processo de inovação. Uma iniciativa bastante revolucionária, mas embrionária ainda, é o pagamento por contato, porém verifica-se que isso facilita neste momento, apenas para o cliente final, ou seja, para quem efetua o pagamento, pois a maioria das maquininhas já tem nativa esta facilidade’, revela.
REMANDO JUNTO
Segundo Alexandre Pi, como o mobile payment é capaz de oferecer grandes vantagens para os consumidores, os micro e pequenos negócios são diretamente afetados por esses tipos de tecnologia. Ou seja, em tempos de crise, o empreendedor não pode perder a oportunidade de investir em uma tecnologia que ofereça mais segurança e conveniência para o seu consumidor na hora do pagamento, agregando mais valor ao seu negócio.
As vantagens são inúmeras na visão de Cristiano Kanashiro, pois muitos aplicativos, inclusive os de meios de pagamentos, funcionam como mídia e divulgam as parcerias e estabelecimentos. “Além de se criar uma nova forma para venda de produtos e serviços, é possível melhorar o ‘ check-out’. Pois hoje a demora para o pagamento da conta influencia e é um problema em diversos estabelecimentos. Quantas vezes não perdemos tempo para realizar o pagamento? demonstra
Então soluções de pagamento móvel são mais ágeis e possibilitam que você otimize seu fluxo operacional imagine no seu estabelecimento um aplicativo com cardápio e possibilidade de pagamento, sendo assim, o cliente entra no estabelecimento apenas para degustar a sua refeição e o fluxo de clientes aumenta. ”Outro ponto importante é que você conhece melhor os seus clientes, quem são, qual sua frequência. o que consomem e ainda pode criar um novo canal de relacionamento para continuar impulsionando as vendas. É possível aplicar descontos, incentivos e inúmeras outras possibilidades’, afirma o CEO da Kanamobi.
O CEO da Pague Veloz, destaca também que atualmente os equipamentos para recebimentos de pagamentos têm um custo alto, seja de aluguel ou de aquisição, logo, estas novas tecnologias permitem a customização em relação ao porte e segmento de atuação do empresário, de modo a facilitar o acesso e com um custo menor que os atuais.
Mas, antes de pensar em aderir a essa ferramenta, Alexandre Pi da Muxi diz que o lojista e/ou empresário precisa checar se a empresa que oferece o software de automação comercial ao seu negócio está apta a receber o modelo de mobile payment. “Também é necessário que o dono do negócio realize um acordo contratual com as empresas de pagamento que atendem à loja. Já no caso de um e-commerce ou de um negócio que também possui loja virtual, é necessário que o empreendedor confirme se a provedora da loja virtual está adaptada para receber o modelo de mobile payment, ensina.
Além disso, o empreendedor tem que verificar se a empresa que está oferecendo o serviço é confiável, se garante a entrega contratada. Uma maneira de se preparar para isso é pesquisando se a prestadora desse serviço tem condições financeiras de honrar seus acordos.
SERVIÇO
Das grandes marcas no mercado que já oferecem o serviço de mobile payment para as empresas temos o Samsung Pay e o Apple Pay. “Esta última, no entanto, ainda nem chegou ao Brasil. Além dessas, temos iniciativas mobile de pequenas empresas”, afirma Alexandre Pi.
Mas o que está ocorrendo por enquanto é a migração do plástico para o smartphone, relógios inteligentes, pulseiras, etc. “Contudo, a operação que roda por trás e os valores cobrados não têm sido um diferencial no momento para empresas tradicionais que estão atuando no mercado. Por outro lado, temos as fintechs que entram com diferenciais em taxas, como o Nubank, Digio, Neon e por aí vai’, conta Cristiano Kanashiro.
O fundador da MUXI acredita que as soluções de mobile payment que existem hoje funcionam muito bem. mas ainda não oferecem uma conveniência adicional, porque o consumidor precisa esperar na fila e aproximar o seu celular da maquininha de cartão. “‘São modelos que substituem o cartão, mas não trazem um serviço adicional capaz de aumentar o número de clientes”, frisa e completa que as próprias taxas cobradas por este modo ainda são parecidas ou até um pouco maiores do que os modos tradicionais. E imagina que quando o mobile payment oferecer novas conveniências e mais segurança, a taxa poderá aumentar. De acordo com o CEO da Kanamobi, pesquisas mostram que a expectativa é de que em 2030 os meios de pagamentos móveis tenham dominado o mercado. Entretanto, por muito tempo ainda o dinheiro em papel e os cartões de plástico continuarão a existir. ‘Cada dia mais surgem novas formas de pagamento, novas tecnologias, novas startups no mercado de fintechs, criando uma descentralização de tudo. Existe um processo de evolução e isso já é realidade no mundo”, aponta.
No Brasil, ele diz que existe um mercado gigantesco de oportunidades. Contudo, até o pagamento móvel via NFC, que já é realidade em outros países, existe em pouquíssimos estabelecimentos aqui. “O maior problema é que muitos aparelhos não são compatíveis com o NFC. Assim como tudo, é um processo de evolução e, aos poucos, os smartphones e dispositivos móveis devem começar a embarcar nesse tipo de tecnologia em contrapartida novas tecnologias estão chegando ao Brasil e tudo irá mudar, finaliza Kanashiro.
SEM VENDEDOR
A Muxi é uma empresa especializada exatamente em soluções para o mercado de meios eletrônicos de pagamento e, de acordo com Alexandre Pi, acabou de desenvolver uma solução chamada de Selfie PAY”. Inicialmente a tecnologia dará a opção ao consumidor de efetuar o pagamento de uma compra sem a presença de um vendedor. Se adotada em um restaurante, por exemplo, o cliente não precisará esperar o garçom levar a conta e a máquina de cartão até a mesa – nem enfrentar a fila do caixa’ expõe.
Para usufruir da tecnologia, no entanto, será necessário baixar um aplicativo, que está em fase de desenvolvimento. Mas bastará abrir o aplicativo para receber e encerrar a conta. O consumidor poderá escolher no celular entre uma das duas ferramentas de identificação, o QR Code, código de barras em 2D, ou o RFID, um selo de radiofrequência, que estarão presentes na mesa.
Um dos diferenciais, segundo o fundador da empresa, é que essas tecnologias detêm basicamente a informação numérica de onde o cliente está sentado e se conectam por nuvem com um sistema instalado no restaurante. Ao acionar uma dessas ferramentas aproximando o celular, o estabelecimento receberá um alerta de pedido de fechamento de conta e tudo o que foi consumido é enviado automaticamente para o aplicativo. “O pagamento será efetuado pelo usuário por meio do próprio celular, que emulará uma tradicional maquininha de cartão. O comprovante é enviado automaticamente para o caixa do varejista”, demonstra
GESTÃO FINANCEIRA
A fintech Pague Veloz também criou no mercado uma solução para as micro e pequenas empresas. Através da criação de login e senha, o cliente acessa gratuitamente a plataforma e pode emitir e gerenciar boletos, cadastrar e acompanhar diversas contas bancárias, realizar cobranças e pagamentos parcelados no cartão de crédito. Ele paga apenas a tarifa das transações, com preços mais baixos que os dos serviços bancários tradicionais. Enquanto o cliente parcela as compras, a empresa usuária do Pague Veloz recebe o saldo total da venda efetivada em até 24 horas” E os custos são extremamente competitivos em relação aos praticados por outros players atualmente afirma Kracik da Silva.
Em 2016 a empresa atingiu um crescimento de 500 % (mesmo percentual de 2015). Participou do programa Startup SC, projeto catarinense para alavancar negócios inovadores, e foi selecionada para a segunda turma do programa de aceleração Darwin Starter. Além disso, hoje ela já ultrapassou a marca de 2 mil clientes cadastrados.
A fintech Pague Veloz trouxe também uma novidade para o segmento de soluções de gestão financeira do País. Ela lançou no ano passado um aplicativo para iOS com opção de comando de voz. Através da assistente virtual Siri, os usuários poderão realizar pagamentos e transferências.
De acordo com José Henrique Kracik da Silva, da Pague Veloz, o DNA da empresa é alinhar serviços financeiros com a tecnologia de forma a disponibilizar em meios de pagamentos. “‘Atualmente, na mesma plataforma e ambiente, nosso cliente tem acesso à maioria dos serviços de meios de pagamentos e recebimento de forma simplificada e intuitiva. Outra vertical importante que podemos destacar nas soluções é a gestão, pois disponibilizamos diversas ferramentas de conciliação e controle de modo que nosso cliente tenha muito mais tempo para se dedicar ao seu principal negócio e atividade”, pontua.
PAGAMENTO CLÁSSICO E MODERNO
O PagSeguro é uma empresa do grupo UOL que oferece soluções completas para pagamentos on-line e presencial. Pensando no mercado de micro e pequenos empresários, ele já vem há anos lançando produtos que facilitem a vida desse nicho no ponto de venda. A primeira experiência foi com o Leitor de Crédito, um aparelho que era acoplado ao celular.
E uma das últimas soluções criadas foi a Moderninha, em março de 2015, que fez com que a maquininha dispensasse o uso de celular ou tablet para realizar as transações. Em junho de 2016, o PagSeguro promoveu uma evolução ainda maior de conectividade e lançou a Moderninha Wi-Fi, que traz a opção de conexão por chip ou Vili-Fi. Agora foi a vez da Moderninha Pró, que oferece diversas opções de conexão, além de soluções ainda mais completas em capacidade de transação, quantidade de bandeiras, etc. “O que a gente oferece é justamente para o público do micro e pequeno empresário, tentando trazer a sua inclusão no mercado através de um novo modelo de venda, com um custo menor e com maior facilidade de uso”, explicou o diretor do PagSeguro, Juan Fuentes.
Segundo ele, foi uma solução da empresa para resolver os problemas que esse público tinha em contratar máquinas de cartão de crédito e débito no mercado, tendo que adquiri-las por um alto valor, pagar aluguel caro, ou seja, um modelo inviável para micro e pequenas empresas que têm um faturamento baixo. “Imagina um pequeno lojista tendo que pagar o aluguel daquela máquina todo mês. Ou uma pessoa que vende de porta em porta. Então lançamos esse modelo de negócio para um público que estava sendo muito mal atendido. Disponibilizamos o equipamento para o empresário de acordo com o tamanho do negócio dele, perfil do produto e demanda, e ele escolhe o melhor equipamento, adquire e não temos mais nenhum tipo de relação comercial com ele, só cobramos uma pequena taxa em cada venda como em qualquer outra transação”, demonstra o diretor.
Agora, eles caminham cada vez mais para a modernização das máquinas para atender esse público carente dos micro e pequenos por soluções de pagamento para atender seus clientes. “A novidade que lançamos agora junto com a moderninha foi a nossa plataforma gratuita de fluxo de caixa que conversa com as nossas máquinas, não só com a moderninha. como também com todas as outras para o pequeno lojista ter um controle das suas vendas. Ele consegue cadastrar os produtos, e é totalmente free, disponível para download no site do PagSeguro para você começar a gerir o seu negócio. Ajudar o micro e pequeno a crescer, esse é sempre o nosso objetivo, conclui.

SIGA A DICA!
Antes de implementar qualquer tipo de meio de pagamento, o microempreendedor deve analisar alguns pontos:
- Escolher uma solução que aceite as principais bandeiras;
- Analisar as taxas, mensalidades e estudar os benefícios de cada tipo de pagamento disponível no mercado;
- Estudar se as empresas e soluções de meios de pagamentos são aderentes ao perfil do estabelecimento / empresa. As pessoas irão de fato utilizar? Quem são os seus clientes;
- Pensar também na operação, isso de fato facilitará ou gerará um custo? Como mencionei. existem inúmeras soluções que podem ajudar, mas se não for planejado muito bem pode gerar um problema como, por exemplo. a falta de treinamento e capacitação dos funcionários.
Fonte: Revista Gestão & Negócios – Edição 97
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