ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 12: 22-37

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O Pecado contra o Espírito Santo

 Nestes versículos, temos:

I – A gloriosa derrota de Satanás imposta por Cristo, na cura graciosa daquele que, por permissão divina, estava sob o poder e a possessão de Satanás (v. 22). Aqui observe:

1.O caso desse homem era muito triste, ele estava endemoninhado. Casos desse tipo ocorriam na época de Cristo mais do que era usual, para que o poder de Cristo pudesse ser mais enaltecido, e o seu objetivo de opor-se a Satanás e expulsá-lo, manifesto; e para que pudesse parecer mais evidente que Ele veio para desfazer as obras do diabo. Este pobre homem que estava endemoninhado era cego e mudo; um caso infeliz! Ele nem conseguia ver, para fazer as coisas, nem falar, para que os outros o ajudassem. Uma alma sob o poder de Satanás, e mantida cativa por ele, está cega às coisas de Deus, e muda para o trono da graça; não vê nada e não diz nada quanto a isto. Satanás cega os olhos da fé, e veda os lábios da oração.

2.A sua cura foi muito estranha, e ainda mais, porque foi repentina. Ele o curou. A derrota e a expulsão de Satanás são a cura das almas. E sendo removida a causa, imediatamente cessa o efeito; o cego e mudo viu e falou. A misericórdia de Cristo é diretamente contrária à maldade de Satanás; a sua graça, aos truques do diabo. Quando o poder de Satanás na alma se rompe, os olhos se abrem para ver a glória de Deus, e os lábios se abrem para dizer louvores a Ele.

II – A convicção que isso deu a toda a multidão: “Toda a multidão se admirava”. Cristo tinha realizado vários milagres deste tipo antes. Mas as suas obras não são menos maravilhosas, nem menos admiráveis, por serem frequentemente repetidas. A partir disso, as pessoas deduziram: “Não é este o Filho de Davi?” Em outras palavras: Não é este o Messias prometido, que nasceria de Davi? Este não é aquele que viria? Nós podemos interpretar isso:

1.Como uma pergunta de investigação; eles perguntaram: “Não é este o Filho de Davi?” Mas eles não esperaram uma resposta: as impressões eram convincentes, mas temporárias. A pergunta foi um bom início, mas, aparentemente, logo foi perdida e não se perseverou nela. Convicções como essas devem ser conduzidas à mente, e então provavelmente serão levadas ao coração. Ou:

2.Como uma pergunta afirmativa: “Não é este o Filho de Davi”? “Sim, certamente é, não pode ser outro; milagres como estes evidenciam claramente que o reino do Messias está se estabelecendo”. E essas eram as pessoas, o tipo comum de espectadores, que chegaram a tal conclusão, com base nos milagres de Cristo. Os ateus dirão: “Isto era porque eles eram menos observadores que os fariseus”. Não. A verdade era óbvia, e não exigia muita pesquisa. Mas era porque eles tinham menos preconceitos e eram menos influenciados pelos interesses mundanos. Tão claro e fácil foi feito o caminho para esta grande verdade de Cristo ser o Messias e Salvador deste mundo, que as pessoas comuns não poderiam se enganar; “os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão” (veja Isaias 35.8). Quem o procurou, o encontrou. É um exemplo da condescendência da graça divina, que as coisas que estavam ocultas aos sábios e prudentes fossem reveladas aos pequeninos. O mundo não conheceu a Deus através de sua própria sabedoria, e os sábios foram confundidos pelas coisas mais simples.

III – A crítica blasfema dos fariseus (v. 24). Os fariseus eram homens que aparentavam ter mais conhecimento da lei, e mais zelo por ela, que as demais pessoas; mas eles eram os inimigos mais inveterados de Cristo e da sua doutrina. Eles se orgulhavam da reputação que tinham entre o povo; isso alimentava o seu orgulho, sustentava o seu poder e enchia os seus bolsos; e quando ouviram as pessoas dizendo: “Não é este o Filho de Davi?”, eles ficaram extremamente irritados, mais do que pelo milagre em si – isso os fez sentir inveja do nosso Senhor Jesus, e os deixou apreensivos de que, à medida que crescesse a figura dele na consideração do povo, a deles, naturalmente, seria eclipsada e diminuída. Por isso eles o invejaram, como Saul se sentiu em relação ao seu genro, Davi, por causa do que as mulheres falavam sobre ele (1 Samuel 18.7,8). Aqueles cuja felicidade depende do elogio e do aplauso dos homens se expõem a uma situação de desconforto perpétuo em relação a cada palavra favorável que ouvirem a respeito de outra pessoa. A sombra da honra seguia a Cristo, que fugia dela, e fugia dos fariseus, que ansiosamente a perseguiam. Eles disseram: “‘Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios’, e, portanto, não é o Filho de Davi”. Observe:

1.O menosprezo com que eles falam de Cristo, “este”; como se o seu precioso nome, que é um precioso unguento derramado sobre os seus seguidores, não fosse digno de ser levado aos seus lábios. E um exemplo do orgulho e da arrogância deles, e também da sua inveja diabólica, o fato de que, quanto mais as pessoas enalteciam a Cristo, mais eles se empenhavam para difamá-lo. É uma impiedade falar com desdém de homens bons somente por serem pobres.

2.A maneira blasfema corno eles falam dos milagres de Jesus. Eles não podiam negar a verdade; era tão claro como o sol, que os demônios eram expulsos pela palavra de Cristo; nem podiam negar que era uma coisa extraordinária, e sobrenatural. Sendo, dessa maneira, forçados a aceitar as premissas, eles não tinham outra maneira de evitar a conclusão de que este é o Filho de Davi, exceto sugerir que Cristo expulsava os demônios por Belzebu; que havia um pacto entre Cristo e o diabo – de acordo com este pacto, o demônio não era expulso, mas se afastava voluntariamente e consentia em devolver a pessoa – ou como se, por um acordo com o príncipe dos demônios, Ele tivesse poder para expulsar os demônios inferiores. Nenhuma conjetura poderia ser mais falsa e infame do que esta; que Ele, que é a própria verdade, estivesse de acordo com o pai da mentira, para enganar o mundo. Este era o último refúgio, ou melhor subterfúgio, ou uma infidelidade obstinada, que estava decidida a se opor à mais clara convicção. Observe que entre os demônios há um príncipe, o líder da apostasia contra Deus e da rebelião contra Ele; mas este príncipe é Belzebu, o deus das moscas, ou o deus das esterqueiras. Como tu decaíste, ó Lúcifer! De um anjo de luz para ser o senhor das moscas! Mas este também é o príncipe dos demônios, o líder da gangue dos espíritos infernais.

 IV – A resposta de Cristo a esta insinuação vil (vv. 25- 30). Jesus conheceu os pensamentos deles. Jesus Cristo sabe o que nós estamos pensando em qualquer ocasião, pois Ele conhece o que há nos homens; Ele compreende os nossos pensamentos à distância. Pode ser que os fariseus, por vergonha, não disseram isto, mas guardaram estes pensamentos; eles não podiam esperar satisfazer as pessoas com isto, portanto reservaram este pensamento para silenciar a convicção das suas próprias consciências. Observe que muitos são afastados de seus deveres por aquilo que se envergonham de possuir, mas que não conseguem ocultar de Jesus Cristo; ainda assim, é provável que os fariseus tenham sussurrado entre si o que pensavam, para ajudarem-se, uns aos outros, a permanecerem insensíveis. Mas a resposta de Cristo denunciou os pensamentos daqueles iníquos, porque Ele sabia que com aquele pensamento, e a partir daquele princípio, eles o disseram; eles não disseram nada com afobação, mas aquele era o produto de uma maldade enraizada.

A resposta de Cristo a esta acusação é abundante e convincente, para que cada boca possa ser interrompida com sensatez e razão, antes de ser interrompida com fogo e enxofre. Aqui estão três argumentos pelos quais Ele demonstra a irracionalidade dessa ideia:

1.Seria muito estranho, e altamente improvável, que Satanás fosse expulso por um pacto como este, porque então o reino de Satanás seria dividido contra si mesmo, o que, considerando a sua astúcia, não é algo que se deva imaginar (vv. 25,26).

 (1). Aqui está registrada uma lei conhecida, de que em todas as sociedades uma ruína comum é a consequência de disputas mútuas: “Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa” também: Pois qual família é tão forte, qual comunidade é tão firme, a ponto de não ser arruinada pela inimizade e pelas disputas?  Normalmente, as divisões acabam em devastações; se nós nos chocarmos, nos quebraremos; se nos separarmos uns dos outros, nos tornaremos uma presa fácil para um inimigo comum: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros” (Gálatas 5.15). As igrejas e as nações sabem disso por suas tristes experiências.

(2). A aplicação da lei ao caso em questão (v. 26). Se Satanás expulsa a Satanás, se o príncipe dos demônios estiver em desacordo com os demônios inferiores, todo o reino e os interesses em breve estarão destruídos. Se Satanás viesse a fazer um pacto com Cristo, isto seria a sua própria ruína; pois o desígnio e a tendência manifestos da pregação e dos milagres de Cristo eram para derrotar o reino de Satanás, como um reino de trevas, maldade e inimizade a Deus; e para estabelecer, sobre as ruínas, um reino de luz, santidade e amor. As obras do diabo, como um rebelde contra Deus e um tirano sobre as almas dos homens, foram destruídas por Cristo, e, portanto, era o maior absurdo imaginar ou pensar que Belzebu permitiria tal desígnio, ou se envolveria com ele: se ele concordasse com Cristo, como, então, ficaria o seu reino? Ele mesmo contribuiria para a derrota do seu reino. Observe que o diabo tem um reino, um interesse comum, em oposição a Deus e a Cristo, que ele cuidará, com o máximo de suas forças, para que permaneça, e não concordará nunca com os interesses de Cristo; ele deve ser derrotado e destruído por Cristo, e, portanto, não pode se submeter ou se render a Ele. Que acordo ou comunhão pode existir entre a luz e as trevas, entre Cristo e Belial, entre Cristo e Belzebu? Cristo irá destruir o reino do diabo, mas Ele não precisa fazer isto usando nenhuma artimanha como a de um pacto secreto com Belzebu; não, a sua vitória deve ser obtida por meio de métodos mais nobres. Mesmo que o príncipe dos demônios reúna todas as suas forças, mesmo que ele use todos os seus poderes e toda a sua política, e mantenha os seus interesses em uma confederação fechada, ainda assim Cristo será demais para a sua força reunida, e o seu reino não permanecerá.

2.Não era completamente estranho, ou improvável, que os demônios fossem expulsos pelo Espírito de Deus, pois:

(1) “Por quem os expulsam, então, os vossos filhos?” Havia aqueles, entre os judeus, que, invocando o nome do Deus supremo, ou do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, algumas vezes expulsavam demônios. Josefo fala de alguns que o faziam, na sua época. Nós lemos a respeito de exorcistas judeus (Atos 19.13) e de alguns que expulsavam demônios em nome de Cristo, embora não o seguissem (Marcos 9.38), ou não fossem fiéis a Ele (cap. 7.22). Os fariseus não condenavam essas pessoas, mas atribuíam o que elas faziam ao Espírito de Deus, e com isso valorizavam a si mesmos e à sua nação. Sendo assim, era meramente por despeito e inveja de Cristo que eles admitiam que outras pessoas expulsavam demônios pelo Espírito de Deus, mas sugeriam que Ele o fazia por ter um pacto com Belzebu. Observe que a atitude das pessoas maldosas, especialmente os maldosos perseguidores de Cristo e do cristianismo, é de condenar, nas pessoas a quem odeiam, a mesma coisa que aprovam ou aplaudem naqueles por quem têm alguma amizade ou boa relação. Os julgamentos de inveja se fazem, não pelas coisas, mas pelas pessoas; não por razões, mas por preconceitos. Mas aqueles homens eram muito pouco qualificados para ocupar a cadeira de Moisés, pois só conheciam os rostos e não tinham mais quaisquer elementos para julgar: “Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes”. “Esta contradição que vocês mesmos apresentam se erguerá em julgamento contra vocês no último dia, e condenará a cada um de vocês”. Note que, no juízo final, não somente cada pecado, mas também cada agravação de pecado, será trazido para a prestação de contas, e algumas das nossas noções do que era correto e bom serão postas em evidência contra nós, para nos condenar por parcialidade.

(2) Estas expulsões de demônios eram um sinal e uma indicação certos da aproximação e da manifestação do Reino de Deus (v. 28): “Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus”. Outros milagres que Cristo realizou provaram que Ele tinha sido enviado por Deus, mas isso provava que Ele tinha sido enviado por Deus para destruir o reino do demônio, e as suas obras. Então aquela grande promessa evidentemente se cumpria, a de que a semente da mulher iria ferir a cabeça da serpente (Genesis 3.15). “Portanto, aquela gloriosa revelação do reino de Deus, que durante tanto tempo foi esperada, agora se iniciou; desprezem-na, e correrão riscos”. Observe que:

[1] A destruição do poder do demônio se realiza pelo Espírito de Deus; aquele Espírito que trabalha para a obediência da fé, destrói o interesse do espírito que trabalha nos filhos da descrença e da desobediência.

[2] A expulsão dos demônios é uma apresentação segura do Reino de Deus. Se o interesse do diabo por uma alma for não apenas desafiado pelos costumes ou por restrições morais, mas também destruído e rompido pelo Espírito de Deus, como um Santificador, sem dúvida somente o Reino de Deus virá àquela alma, o reino da graça, uma antecipação bendita do reino da glória.

3.A comparação dos milagres de Cristo (particularmente este da expulsão dos demônios) com a sua doutrina e o desígnio e a tendência da sua santa religião evidenciava que Ele estava muito longe de estar em uma aliança com Satanás, mas sim que Ele estava em inimizade e hostilidade abertas contra ele (v. 29): “Como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa?” Então ele pode fazer o que quiser com os bens. O mundo, que estava nas trevas, e vivia na maldade, era possessão de Satanás, e estava sob o seu poder. Como uma casa possuída por um homem valente, e sob o seu poder; assim é cada alma pecadora; ali vive Satanás, ali ele reina. Agora:

(1) O desígnio do Evangelho de Cristo era saquear a casa do diabo, a qual, como um homem valente, ele tinha no mundo; levar as pessoas das trevas à luz, do pecado à santidade, deste mundo a um melhor, do poder de Satanás a Deus (Atos 26.18); alterar a propriedade das almas.

(2) De acordo com este desígnio, Ele manietou o homem valente, quando expulsou os espíritos imundos pela sua palavra: assim Ele arrancou a espada da mão do diabo, para poder arrancar também o cetro. A doutrina de Cristo nos ensina como interpretar os seus milagres – e quando Ele mostrou com que facilidade e eficácia Ele podia expulsar o demônio dos corpos das pessoas, Ele incentivou todos os crentes a ter esperança de que, qualquer que fosse o poder que Satanás pudesse usurpar e exercer sobre as almas dos homens, Cristo, pela sua graça, romperia tal poder. Ele irá saquear as coisas de Satanás, pois Ele pode manietá-lo. Quando as nações se afastaram da idolatria aos ídolos para servir ao Deus vivo, quando alguns dos piores pecadores foram santificados e justificados e se tornaram os melhores santos, Cristo saqueou a casa do demônio e irá saqueá-la mais e mais.

4.Aqui se sugere que esta guerra santa, que Cristo está conduzindo com vigor contra o diabo e o seu reino, era tal que não admitia neutralidade (v.30): “Quem não é comigo é contra mim”. Nas pequenas diferenças que podem surgir entre os discípulos de Cristo, nós somos ensinados a reduzir as questões de divergência e a procurar a paz, considerando como favoráveis a nós aqueles que não estiverem contra nós (Lucas 9.50). Mas na grande disputa entre Cristo e o diabo, não se deve procurar a paz, nem alguma alternativa favorável, buscando algum tipo de indiferença quanto à questão – aquele que não é por Cristo sinceramente, será considerado como realmente contra Ele: aquele que estiver indiferente à causa, será considerado como um inimigo. Quando a disputa é entre Deus e Baal, não há hesitação entre os dois (1 Reis 18.21), não há adaptações entre Cristo e Belial; pois o reino de Cristo, como é eternamente oposto ao reino do diabo, também será eternamente vitorioso sobre ele. Portanto, nessa questão, não há como estar com Gileade, além do Jordão, ou com Aser, nos portos do mar (Juízes 5.16,17); nós devemos, completa, fiel e firmemente estar do lado de Cristo; este é o lado correto, e será, finalmente, o lado vencedor. Veja Êxodo 32.26.

A última frase tem o mesmo significado: “Quem comigo não ajunta espalha”. Observe:

(1) A tarefa de Cristo neste mundo era reunir, reunir a sua colheita, reunir aqueles que o Pai lhe tinha dado (João 11.52; Efésios 1.20).

(2) Cristo espera e exige daqueles que estão com Ele, que se reúnam com Ele; que não somente se reúnam, a si mesmos, com Ele, mas também que façam tudo o que puderem para reunir os outros com Ele, e assim fortalecer os seus interesses.

(3) Aqueles que não parecerem, e agirem, como seguidores do reino de Cristo, serão considerados e tratados como obstáculos a ele. Se nós não juntamos com Cristo, espalhamos; não basta não fazer o mal, nós devemos fazer o bem. Assim se amplia a brecha entre Cristo e Satanás, para mostrar que não havia pacto entre eles, como os fariseus sussurravam.

V – Aqui está um sermão de Cristo, nessa ocasião, a respeito dos pecados da língua: “Portanto, eu vos digo”. Ele parece se voltar dos fariseus para o povo, parece passar da discussão à instrução; e a partir do pecado dos fariseus, Ele adverte as pessoas a respeito de três tipos de pecados da língua; pois os danos sofridos por outras pessoas são advertências para nós.

1;Palavras blasfemas contra o Espírito Santo são o pior tipo de pecados da língua, e são imperdoáveis (vv. 31, 32).

(1). Aqui há uma garantia graciosa do perdão de todos os pecados, nos termos do Evangelho. Isto Cristo nos diz, e são palavras de consolo, que a grandeza do pecado não será obstáculo para a nossa aceitação por Deus, se realmente nos arrependermos e crermos no Evangelho: “Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens”. ”Ainda que os… pecados sejam como a escarlata” (Isaias 1.18), ainda que sejam de natureza odiosa, e agravados pelas suas circunstâncias, e frequentemente repetidos, ainda que se estendam até o céu, ainda assim existe misericórdia no Senhor, que se estende além do céu; a misericórdia será estendida até mesmo para a blasfêmia, um pecado que toca diretamente o nome e a honra de Deus. Paulo obteve misericórdia, tendo sido um blasfemo (1 Timóteo 1.13). Bem podemos dizer: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade?” (Miquéias 7.18). Mesmo as palavras proferidas contra o Filho do Homem serão perdoadas; entre aqueles que o ofenderam na sua morte, muitos se arrependeram e encontraram misericórdia. Aqui Cristo dá um exemplo a todos os filhos dos homens, para que estejam prontos a perdoar palavras proferidas contra eles: “Eu, como surdo, não ouvia”. Observe que os pecados serão perdoados aos homens, não aos demônios; este é o amor de Deus oferecido a todo o mundo, à humanidade, a um mundo que está acima do mundo dos anjos caídos, o que faz com que todo pecado seja, a eles, perdoável.

(2). Aqui está uma exceção, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, aqui declarada como sendo o único pecado imperdoável. Veja aqui:

[1] O que é este pecado: é falar contra o Espírito Santo. Veja quanta maldade há nos pecados da língua, pois o único pecado imperdoável é um deles. “Mas Jesus conhecia os seus pensamentos” (v. 25). O que se quer dizer aqui não é somente o falar contra a pessoa ou a essência do Espírito Santo como um todo, ou algumas das suas operações mais privadas, ou meramente resistir à sua obra interna no próprio pecador. Pois então, quem seria salvo? Está determinado na nossa lei que um ato de compensação deva sempre ser interpretado em favor da graça e da clemência que é a intenção do ato; portanto, as exceções ao ato não devem ser estendidas além das necessidades. O Evangelho é um ato de compensação; ninguém será excluído por nome, nem por descrição, mas somente aqueles que blasfemam contra o Espírito Santo; portanto, isto deve ser interpretado no sentido mais limitado: todos os supostos pecadores são efetivamente separados pelas condições da compensação, a fé e o arrependimento. Portanto, as outras exceções não devem se estender: e esta blasfêmia é excluída, não por alguma falha na misericórdia de Deus ou do mérito de Cristo, mas porque ela inevitavelmente deixa o pecador na infidelidade e na impenitência. Nós temos motivos para pensar que ninguém que creia que Cristo é o Filho de Deus, e que sinceramente deseje participar do seu mérito e da sua misericórdia, será culpado deste pecado; e aqueles que temem ter come tido este pecado, dão um bom sinal de que não o cometeram. O sábio Dr. Whitby observa muito apropriadamente que Cristo não fala do que poderia ser (Marcos 3.29; Lucas 12.10): “Qualquer que blasfemar”. Quanto àqueles que blasfemaram contra Cristo quando Ele estava na terra, e o chamaram de beberrão, de enganador, de blasfemo, e coisas semelhantes, eles tinham alguma desculpa, por causa da simplicidade da sua aparência e dos preconceitos da nação contra Ele; e a prova da sua missão divina não se aperfeiçoou até de­ pois da sua ascensão. Portanto, eles serão perdoados através do arrependimento; espera-se que aqueles que foram seus traidores e assassinos possam ser convencidos pelo derramamento do Espírito, como muitos deles foram. Mas o problema mais grave ocorre quando o Espírito Santo é dado com os seus dons internos de revelação, como falar em línguas e coisas semelhantes, além das distribuições do Espírito entre os apóstolos; aqueles que continuarem a blasfemar o Espírito da mesma maneira, como um espírito mau, não desfrutarão a esperança de serem levados a crer em Cristo. Pois, em primeiro lugar, estes dons do Espírito Santo aos apóstolos eram uma grande prova que Deus designou fosse usada para a confirmação do Evangelho, os quais foram mantidos em reserva enquanto outros métodos os precederam. Em segundo lugar, esta era a evidência mais poderosa e mais capaz de convencer, superando até mesmo os próprios milagres. Em terceiro lugar, aqueles que blasfemassem dessa distribuição do Espírito não poderiam ser levados a crer em Cristo. O que poderia convencer aqueles que iriam considerar que os apóstolos estavam em aliança com Satanás, aqueles que tiveram o mesmo comportamento que os fariseus tiveram diante dos milagres? Este é um apego tão forte à infidelidade que não pode ser derrotado em um homem, e é, portanto, imperdoável. porque com isto o arrependimento está escondido dos olhos do pecador.

[2]. Qual é a sentença para este pecado: “Não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”. Assim como no estado da religião judaica, naquela época, não havia sacrifício de expiação para a alma que pecasse de forma arrogante, também na revelação da graça do Evangelho, que é frequentemente chamada nas Escrituras de século futuro, não haverá perdão para o ato de pisar sobre o sangue da aliança, e para o desrespeito ao Espírito da graça; não há cura para um pecado tão diretamente contrário ao remédio. Esta é uma regra na nossa lei antiga: não haverá santuário para o sacrilégio. Ou: não será perdoado nem agora, na própria consciência do pecador, nem no grande dia, quando o perdão será promulgado. Ou: este é um pecado que expõe o pecador à punição eterna e à temporal, tanto à ira presente como à ira futura.

2.Aqui Cristo fala a respeito de outras palavras más, os produtos da corrupção que reina no coração, e que dele escapa (vv. 33-35). Foi dito (v. 25) que Jesus conhecia os seus pensamentos, e aqui Ele fala, dirigindo-se a eles, mostrando que não era estranho que eles falassem coisas tão más, quando os seus corações estavam tão cheios de inimizade e maldade, que eles frequentemente se esforçavam para disfarçar e encobrir, aparentando ser apenas homens. O nosso Senhor Jesus, portanto, aponta para as fontes e as cura; deixemos que o coração seja santificado e isto se manifestará nas nossas palavras.

(1). O coração é a raiz. a linguagem é o fruto (v. 33); a árvore é boa, e o seu fruto, bom. Se a graça for o princípio reinante no coração, a linguagem será a linguagem de Canaã; e, por outro lado, qualquer desejo que reine no coração irá se manifestar; pulmões doentes soltarão uma respiração ofensiva; a linguagem dos homens revela de que país eles são, e, da mesma maneira, qual é a sua disposição de espírito. Se a árvore for boa, os frutos serão bons; consigam corações puros e vocês terão lábios puros e vidas puras; se a árvore for má, o seu fruto também o será. Você pode tentar transformar uma árvore má em uma árvore boa, enxertando nela um galho de uma árvore boa, e então o fruto será bom. Mas se a árvore for má, você pode plantá-la onde quiser, e regá-la como quiser; o fruto ainda será mau. Observe que, a menos que o coração se transforme, a vida nunca será completamente transformada. Estes fariseus tinham vergonha de expressar com palavras os seus maus pensamentos a respeito de Jesus Cristo, mas aqui Cristo dá a entender que era inútil que eles tentassem esconder esta raiz de amargura que havia neles, que trazia irritação e rancor; eles deveriam procurar extirpá-la. Observe que a nossa maior preocupação deve ser nos comportarmos como pessoas realmente boas, e não apenas parecermos ser bons.

(2). O coração é a fonte, as palavras são as correntes (v. 34). “Do que há em abundância no coração, disso fala a boca; assim como as correntes são o que transborda da fonte”. Um coração mau produz maldade, como a fonte produz as suas águas (Jeremias 6.7). Uma fonte turva e um manancial corrupto, de que fala Salomão (Provérbio 25.26), deve produzir correntes enlameadas e desagradáveis. As palavras más são o produto natural e autêntico de um coração mau. Nada, exceto o sal da graça, jogado na fonte, irá curar as águas, temperar as palavras, e purificar as comunicações contaminadas. Eles queriam isso, sendo maus. “Como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus?” Eles eram uma geração de víboras; assim os tinha chamado João Batista (cap. 3.7), e ainda eram os mesmos. Pois, “pode o etíope mudar a sua pele?” As pessoas consideravam os fariseus como uma geração de santos, mas Cristo os chama de raça de víboras, a semente da serpente que tinha inimizade com Cristo e o seu Evangelho. O que se pode esperar de uma raça de víboras, exceto o que é venenoso e maligno? Pode a víbora ser outra coisa, além de venenosa? Note que as coisas más podem ser esperadas de pessoas más, como diz o provérbio dos antigos: “Dos ímpios procede a impiedade” (1 Samuel 24.13) ou: “O louco fala loucamente” (Isaias 32.6). Aqueles que são maus não têm a habilidade nem o desejo de falar coisas boas como deveriam ser faladas. Cristo daria a conhecer aos seus discípulos o tipo de homens em meio aos quais eles iriam viver, para que eles pudessem saber o que esperar. Eles eram como Ezequiel entre os escorpiões (Ezequiel 2.6), e não deveriam achar estranho se fossem picados e mordidos.

(3). O coração é o tesouro, as palavras são as coisas tiradas deste tesouro (v. 35); e daí o caráter dos homens pode ser esboçado, e pode ser julgado.

[1]. O caráter de um homem bom é o que lhe dá um bom tesouro no seu coração, e daí ele tira coisas boas quando há oportunidade. Graças, consolos, experiências, bom conhecimento, boas afeições, boas resoluções, são um bom tesouro no coração; a palavra de Deus está escondida ali, a lei de Deus, escrita ali, as verdades divinas residem e governam e são um tesouro ali, valioso e adequado, mantido a salvo e em segredo, como o estoque do bom chefe de família, mas pronto para ser usado em qualquer ocasião. Um bom homem, assim abastecido, produzirá, como José, uma abundância de bens; falará e fará o que é bom, para a glória de Deus e a edificação de outros. Veja Provérbio 10.11,13,14,20,21,31,32. Isto é produzir coisas boas. Alguns fingem – com grandes esforços – não ter um bom tesouro, parecendo que poderão ir à falência em breve; outros fingem ter um bom tesouro interior, mas não dão provas disso: eles esperam tê-lo dentro de si, e agradecem a Deus, quaisquer que sejam suas palavras e ações, por pensarem que têm bons corações. Mas a fé sem obras é morta; e alguns têm um bom tesouro de sabedoria e conhecimentos, mas não são comunicativos, não produzem nada com ele: têm um talento, mas não sabem como negociar com ele. O cristão completo nesse aspecto traz a imagem de Deus, que é ser bom, e também faz o bem.

[2]. O caráter de um homem mau é o que lhe dá um mau tesouro no seu coração, e daí ele tira coisas más. Luxúria, desejos e corrupção residindo no coração, e nele reinando, são um mau tesouro, do qual o pecador produz más palavras e ações que desonram a Deus e magoam os outros. Veja Genesis 6.5,12; cap. 15.18-20; Tiago 1.15. Mas os tesouros da impiedade (Provérbio 10.2) serão os tesouros da ira.

3.Aqui Cristo fala a respeito das palavras ociosas e mostra que há maldade nelas (vv.36, 37); muito mais havia nas palavras más como as que os fariseus pronunciavam. Nós devemos nos preocupar em pensar no dia do juízo, quando poderá haver uma avaliação da nossa língua; e devemos considerar:

(1) Quão particular será a consideração dos pecados da língua naquele dia: “de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo”. Isto significa:

[1] Que Deus observa cada palavra que nós dizemos, mesmo aquelas de que nem nós mesmos nos damos conta. Veja Salmos 139.4: “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor tudo conheces”. Ainda que seja dita sem consideração ou objetivo, Deus toma conhecimento dela.

[2] Que a conversa inútil, ociosa e impertinente é desagradável a Deus – aquela que não leva a nenhum bom objetivo, que não serve para edificar – é o produto de um coração insignificante e vão. Estas palavras ociosas são as mesmas que as torpezas ou parvoíces, ou chocarrices, que não convêm (Efésios 5.4). Este é aquele pecado que raramente falta na abundância de palavras que de nada servem (Jó 15.3).

[3] Dentro de pouco tempo, nós prestaremos contas dessas palavras ociosas; elas serão evidências contra nós, para provar que somos servos inúteis, que não aprimoramos as faculdades da razão e do discurso, que são parte dos talentos que nos foram confiados. Se não nos arrependermos das nossas palavras ociosas, e elas não forem perdoadas pelo sangue de Cristo, estaremos perdidos.

(2) Quão rígido será o julgamento sobre esta prestação de contas (v.37): “Por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado”; uma regra comum nos julgamentos dos homens, e aqui aplicada ao juízo de Deus. Observe que o teor constante do nosso discurso, se for gracioso ou não, será uma evidência a nosso favor ou contra nós naquele grande dia. Aqueles que parecem ser religiosos, mas não dominam a sua língua, precisam atentar para as seguintes palavras: “Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse é vã” (Tiago 1.26). Alguns pensam que aqui Cristo se refere ao que disse Elifaz (Jó 15.6): “A tua boca te condena, e não eu”; ou, ainda, ao que disse Salomão (Provérbio 18.21): ”A morte e a vida estão no poder da língua”.

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Gestores que apostam em estratégias para crescer ganham maior vida útil no mercado e se tornam cada vez mais competitivos.

Planejamento estratégico - vencendo os desafios diários

VENCENDO OS DESAFIOS DIÁRIOS

Assim como é importante planejar a vida sobre como e onde morar, quando engravidar e até mesmo a qual patamar profissional se quer chegar, é fundamental também planejar a organização de uma empresa. Um bom gestor sabe o caminho que quer seguir e os obstáculos que deverá ultrapassar para conquistá-lo. Não bastam apenas planilhas e documentos, também é necessário esforço da equipe e vontade única de crescer.

Muitos planos estratégicos definidos no início de cada ano não saem do papel e isso, segundo especialistas, demonstra falta de planejamento e foco por parte do gestor ou do corpo diretivo da empresa. O mesmo aplica-se a empresas que focam apenas na participação de mercado, esquecendo que o que a mantém é o lucro.

Para o consultor empresarial Celso Bernardi, empresas que não possuem cultura de planejamento estratégico dificilmente colocam em prática os projetos definidos para crescimento. “Entre os problemas enfrentados por empresas que não conseguem efetivar as estratégias de crescimento estão falta de qualificação da diretoria, falta ou deficiência na elaboração do orçamento empresarial, amarrado às estratégias, e falta de dedicação de tempo para soluções de problemas de rotina’, diz Bemardi, que complementa: “Também podemos dizer que a falta de atenção aos aspectos estruturais do negócio pode contribuir, e muito, para o insucesso das estratégias”.

De acordo com o especialista, é preciso que o gestor disponha de muito trabalho e disciplina para efetivar as ações programadas. “Estratégia é para o alto comando da empresa, pois normalmente implica em mudança de cultura na gestão dos negócios, melhoria da governança e entendimento do mercado. Não se deve deixá-la nas mãos de colaboradores sem a devida orientação”, comenta Bernardi.

A partir do momento em que o empresário opta por executar o plano estratégico da empresa, existe a necessidade do auxílio de profissionais especializados no tema. “Eles devem ter vivência e experiência em desenvolvimento de planos estratégicos, dada a complexidade do processo, além de domínio de técnicas adequadas e capacidade de mediação de conflitos pontuou o consultor empresarial. A efetiva prática das estratégias pode representar uma mudança muito grande no posicionamento da empresa perante o mercado. Essa é a diferença que normalmente falta às empresas para continuarem competitivas”, completa Bernardi.

Outra questão apontada pelos especialistas é a falta de análise de custos. Quem consegue gastar menos e produzir mais garante lucratividade e rentabilidade de capital.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) orienta as empresas para que respondam a três questões principais para que o planejamento estratégico seja elaborado, são elas: Onde estamos? Para onde queremos ir? E como chegar lá?

De acordo com o órgão, para que haja a materialização das estratégias, a empresa deve criar um comitê interno de acompanhamento que efetivará o detalhamento do planejamento e o colocará em prática.

PLANEJAMENTO É A CHAVE

O consultor financeiro André Gracia aponta que um dos fatores que dificultam a implementação de estratégias dentro de uma empresa é a falta de planejamento. “Muitas vezes a questão é cultural. O ato de planejar não está inserido totalmente nas rotinas das empresas. Não há um costume em se fazer isso, mesmo porque muitas empresas não têm claros quais são seus objetivos”, explica.

Segundo ele, o objetivo do planejamento não é apenas gerar lucro. “Sabemos que toda empresa precisa de lucro para se manter em atividade. Mas quando falo que a empresa não tem seus objetivos claros, quero dizer que a empresa não sabe para onde ela quer ir, e é isso que torna difícil traçar qualquer estratégia”, afirma.

De acordo com Gracia, as pessoas envolvidas no planejamento devem conhecer ferramentas capazes de desenhar o cenário atual da empresa e criar o cenário futuro. “Neste momento é fundamental a direção da empresa ter conhecimento de ‘aonde ela quer chegar.’ Sem essa informação é muito difícil nortear qualquer ação. Esse norte normalmente é dado pela missão, visão e valores da em presa”, comenta.

As metas de uma organização, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, contribuem para que sua função no mercado fique mais clara, além das características do trabalho oferecido que a coloca à frente da concorrência. De acordo com especialistas, a missão de uma empresa é definida pelos caminhos que ela oferece seus produtos e serviços, e a visão orienta o processo de criação desse caminho, que deveria ter sido estabelecido no planejamento estratégico.

ESTRATÉGIA IMPLEMENTADA. E AGORA?

Muitos gestores acabam perdendo o foco após a implementação do plano estratégico, fazendo com que a empresa deixe de alcançar as metas e de colocar os valores em ação, perdendo em competitividade e qualidade dos produtos.

O consultor empresarial Celso Bernardi lista duas grandes lições sobre estratégia para empresas. “Primeiro, sem planejamento a empresa fica totalmente sujeita a variações, riscos e oportunidades de mercado e, segundo, a definição de estratégias é somente o primeiro passo para qualquer empresa que queira ser competitiva no mercado. O passo mais importante é a implementação das ações para execução das estratégias definidas”, explica.

Isso é válido também para a redefinição das estratégias, ação necessária ao longo do ano. O mercado está em constante mudança e, da mesma forma, as necessidades dos consumidores e fornecedores são atualizadas continuamente, exigindo revisão interna dos objetivos e metas.

COMODEFINIR ESTRATÉGIA?

O consultor financeiro André Gracia explica que planejamento estratégico, segundo a literatura, são planos de ação que deverão levara empresa a atingir os objetivos desejados. “Porém, para que esse planejamento ocorra, se faz necessária uma série de conhecimentos”. De acordo com ele, planejar nada mais é do que fazer a programação dos planos de ação que deverão ser realizados. “Fazer estratégia é claro que irá diferenciar sua empresa no mercado completa.

O especialista explica que o planejamento estratégico deve ser programado pensando-se no futuro. Para isso, segundo ele, as pessoas precisam saber analisar o ambiente interno e externo da empresa.

Gracia aponta a ferramenta Matriz Swot como essencial para aplicabilidade das metas. O termo, em inglês, significa Strenghts, W’eaknesses, Opportuniities e Threats, ou seja, Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. A finalidade do processo é detectar pontos fortes e fracos da empresa, tornando-a mais eficiente e competitiva, sem deficiências. “As pessoas precisam ser criativas em cruzar as informações das oportunidades e ameaças (ambiente externo) com os pontos fortes e fracos da empresa (ambiente interno) e definir ações ofensivas (aproveitando oportunidades e pontos fortes) e ações defensivas (se defender das ameaças)”, comenta Gracia.

A estratégia pode ser definida para alguns como um processo longo, cheio de datas, cronogramas e objetivos que engessam a empresa, por outro lado, muitos gestores enxergam o planejamento de metas como oportunidades de melhoria e como o caminho certo a seguir. “Devemos esclarecer que estratégia não é apenas isso. Hoje, ela precisa ser flexível, mesmo com a exigência de um cronograma e objetivos, pois sem eles é difícil medir se o que era esperado foi alcançado”, explica o especialista. Mas estratégia também é pensar e criar valor para o cliente, se diferenciar do mercado, reforçar o posicionamento da empresa, ou até mesmo redefini-lo, aponta Gracia.

De qualquer forma, segundo o consultor, planejar estrategicamente é ter a oportunidade de tirar a empresa de uma posição de reação para tentar antecipar as mudanças do mercado e superar as regras da competição.

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Fonte: Revista Gestão & Negócios – Edição 97

PSICOLOGIA ANALÍTICA

A NEUROCIÊNCIA DO AFETO

Carinho e cuidado nos primeiros anos de vida são essenciais para a formação dos circuitos cerebrais; caso não sejam ressignificadas, experiências traumáticas podem deflagrar transtornos psíquicos.

A neurociência do afeto

Hiperatividade, déficit de atenção, autismo, transtornos alimentares, esquizofrenia, ansiedade e depressão formam um rosário de problemas sobre os quais se estendia, antigamente, um véu de silêncio. Hoje, ocupam grande espaço na mídia e, em geral, são atribuídos a traumas vividos na primeira infância. Até recentemente, porém, essa afirmação carecia de evidências científicas. No entanto, está cada vez mais claro que, caso não sejam ressignificadas, as experiências traumáticas podem influir decisivamente nas conexões do cérebro infantil e no equilíbrio dos neurotransmissores e, em muitos casos, aumentar a vulnerabilidade a transtornos psíquicos em fases posteriores da vida.

Pesquisas realizadas nas últimas décadas mostram que, na primeira infância, experiências com forte conteúdo afetivo dirigem o desenvolvimento psicológico da criança. Nos anos 40, René Spitz, do Instituto Psicanalítico de Nova York, estudou centenas de bebês nascidos em um orfanato. E observou que um em cada dez manifestava uma atitude de retraimento em relação ao meio. Além disso, a maioria sofreu atraso no desenvolvimento psíquico geral.

 SENSAÇÃO DE VAZIO

Para determinar a causa desses transtornos, Spitz realizou um estudo de longo prazo com crianças de orfanato. Descobriu que, além de estímulos intelectuais, lhes faltava principalmente carinho emocional. Essas primeiras pesquisas sugerem claramente que as crianças adaptam o próprio comportamento ao meio circundante durante as primeiras experiências emocionais após o nascimento. Nos anos 50 e 60, os pesquisadores Harry e Clara Harlow, da Universidade de Wisconsin, estudaram chimpanzés para saber o que ocorria quando a cria perdia precocemente os genitores. Sem entrar na questão do quanto cruéis e antiéticos foram os experimentos, os resultados confirmaram as observações dos estudos com os bebês de orfanato: os chimpanzés que cresceram sem a mãe apresentavam distúrbios comportamentais crônicos. Brincavam menos, eram mais ansiosos e me- nos interessados em explorar o ambiente que os congêneres criados com a família. Entre as fêmeas, poucas procriaram e, quando o fizeram, não souberam cuidar da cria.

Mas uma pergunta intrigava os pesquisadores: como a presença ou ausência de experiências emocionais pode acarretar alterações drásticas de comportamento? Nos últimos anos, neurobiólogos começaram a investigar a influência das experiências emotivas e processos de aprendizagem precoces no cérebro de animais. Já se sabia que os neurônios podem estabelecer conexões distintas quando, em certas fases do desenvolvimento, faltam estímulos para as várias regiões do córtex cerebral. Pesquisadores agora invocam a intervenção do sistema límbico, que desempenha papel fundamental no controle do comporta- mento na aprendizagem e na configuração da memória.

Nosso grupo foi o primeiro a estudar como se formam os vínculos entre filhotes e progenitores, fenômeno conhecido como imprinting filial. Apresentamos a pintinhos recém-nascidos gravações que simulavam os sons de uma galinha, ao mesmo tempo que colocamos uma galinha de pano para que eles se aconchegassem. Como esperado, os pintinhos associaram o estímulo sonoro até então privado de significado – a voz artificial da mãe – à situação emocional, assimilando o imprinting. Logo foram capazes de distinguir os ruídos maternos de outros estímulos acústicos. Corriam em direção à “mãe” tão logo os ouviam.

Queríamos saber o que se passa no cérebro dos animais durante esse processo. Descobrimos mudanças consideráveis na arquitetura neuronal de algumas áreas cerebrais que, nos mamíferos, correspondem ao córtex associativo. O som aprendido ativa muito mais essas zonas nos animais que assimilaram o imprinting que nos animais do grupo de controle, isto é, sem uma mãe artificial substituta. Além disso, os neurônios dos primeiros reagem ao estímulo com impulsos elétricos menos intensos, ou seja, são mais sensíveis.

A mudança provavelmente ocorre por uma reorganização das sinapses. De fato, nos primeiros 90 minutos depois do início do imprinting filial, aumentam as conexões de uma área do cérebro dos animais que nos mamíferos corresponde ao setor anterior do córtex cingular, parte do sistema límbico. O sistema nervoso parece querer captar e fixar no maior número possível de canais o novo estímulo que carrega um valor de sobrevivência.

Durante a aprendizagem, as sinapses diminuem novamente. Com uma semana de vida, os pintinhos com imprinting apresentaram menos sinapses excitatórias nas áreas associativas do córtex que os animais do grupo de controle. Do excesso de ofertas de conexões sinápticas inespecíficas só permanecerão ativas as que processam estímulos emocionais importantes. Elas serão integradas à rede neuronal, podendo ser ainda mais reforçadas. As inúmeras conexões não envolvidas no estímulo, por sua vez, serão eliminadas. Assim, a rede neuronal poderá reagir de forma mais precisa aos estímulos significativos.

CONDIÇÕES ADVERSAS

Nos animais que cresceram sem contatos sociais, a falta dessa seleção de sinapses os impede de otimizar seus circuitos límbicos. O incremento e a eliminação sináptica só ocorrem quando o animal pode associar o estímulo acústico à situação emocional positiva. Um estímulo afetivamente neutro não basta: se os sons não são acompanhados da presença da galinha artificial, as mudanças neurais não ocorrem nos filhotes. Por outro lado, bastam 30 minutos de estímulo acústico e a presença da mãe de pano para iniciar a seleção das sinapses. As primeiras experiências emocionais contribuem para determinar o padrão fundamental dos circuitos neuronais no sistema límbico durante o início do desenvolvimento. Esses padrões determinam quais modelos de comportamento e de aprendizado serão possíveis mais tarde.

A bioquímica cerebral também é alterada no imprinting filial. A mudança afeta principalmente os neurotransmissores. Após ouvir o som da galinha, os pintinhos com imprinting produzem mais glutamato que aqueles para os quais o som carece de sentido. A substância então ativa os receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), o que serve para consolidar o vínculo emocional entre a cria e os progenitores. Se, durante a aprendizagem, o glutamato não se ligar aos receptores NMDA, os animais deixarão de associar o som à situação emocional e assim não há imprinting. Também nos humanos a seleção das sinapses é regida por processos de aprendizagem e aquisição de experiência. Nos primatas, são inúmeras as conexões criadas e de- pois eliminadas em várias áreas cerebrais e no sistema límbico em particular. Entretanto, a capacidade de adaptação do cérebro dos filhotes primatas tem um lado obscuro, pois é eficiente também em condições adversas; quando há, por exemplo, carência afetiva e experiências traumáticas. O resultado pode levar a erros de conexão no sistema límbico, capazes de provocar transtornos comportamentais e psíquicos.

Para verificar essa hipótese, estudamos filhotes de degu (Octodon degus), uma espécie de roedor comum no Chile. Os degus “falam” entre si de forma muito complexa: sua comunicação por meio de sons desempenha um papel importante na família e na colônia. Além disso, os genitores participam ativamente da criação dos filhotes.

CONVÍVIO SOCIAL

Separamos os pequenos degus da família durante períodos relativamente longos e em diversas fases do desenvolvimento. Quando examinamos o consumo de energia no cérebro dos filhotes separados, constatamos uma redução da atividade no sistema límbico. Investigamos as mudanças, ao longo do tempo, nas sinapses desses roedores. Em filhotes que crescem ao lado dos genitores e dos irmãos, o número de sinapses no córtex cerebral inicialmente aumenta, para depois diminuir. Se, ao contrário, nas primeiras se- manas de vida as crias são separadas dos pais por apenas algumas horas, observa-se um número maior dessas conexões. A situação é similar à observada nos pintinhos que não receberam imprinting filial. Também neste caso parece, portanto, que a experiência desagradável afeta as sinapses.

Outras partes do sistema límbico dos degus mudam em função da experiência emocional, como o núcleo accumbens, que colabora na gênese das compulsões; a amígdala, centro do medo e da agressividade; e o hipocampo, porta de entrada para as informações destinadas à memória. A longo prazo, o equilíbrio entre as regiões límbicas pode mu- dar com consequências imprevisíveis para a estabilidade psíquica.

O equilíbrio entre os neurotransmissores também pode ser modificado, particularmente entre dopamina e serotonina, substâncias reguladoras do processamento cerebral das emoções. Nos degus com carências emocionais alteram-se tanto a quantidade das fibras nervosas produtoras de serotonina ou de dopamina como a densidade dos respectivos receptores. Apenas três dias depois de algumas breves separações foram suficientes para aumentar o número de receptores de dopamina e serotonina em algumas partes do sistema límbico. É interessante lembrar que muitos transtornos psíquicos humanos exibem um desequilíbrio justamente dessas moléculas.

Todas essas mudanças biológicas podem influir diretamente no aprendizado e no convívio social e causar transtornos psíquicos, como sugerem os primeiros resultados das pesquisas em degus e ratos em condições de privação. Evidentemente não podemos realizar experimentos similares com humanos. Após a dissolução do bloco soviético, entre- tanto, pesquisadores estudaram bebês de orfanatos romenos e constataram redução análoga da atividade no sistema límbico anterior quando comparada à atividade nos bebês normais. Um déficit similar é encontrado em pacientes que sofrem de transtornos de atenção e de esquizofrenia.

À primeira vista, essas alterações do comportamento se assemelham incrivelmente aos sintomas de bebês hiperativos ou com déficit de atenção. É possível que experiências emocionais influam no desenvolvimento cerebral dos bebês da mesma forma que nos filhotes de outras espécies. Uma consequência dramática destas conexões cerebrais alteradas é a formação de uma rede neural mal estruturada que favoreça distúrbios comportamentais e de aprendizagem. O que poderia parecer ingênuo, portanto, tem sido comprovado: afeto faz bem à saúde mental.

 MEMÓRIA PERSISTENTE

O fenômeno do imprinting se distingue de outros processos de aprendizagem em aspectos característicos: ocorre em “fases sensíveis” da vida, bastando um breve contato com o estímulo, objeto ou situação para que fique fixado permanentemente na memória. Recém-nascidos de mães deprimidas podem se tornar emocionalmente carentes em razão da falta de tonalidade afetiva na voz materna. Os bebês podem distinguir o odor do peito da mãe do de outras mulheres, o que não ocorre naqueles amamentados com mamadeira.

 A neurociência do afeto2

KATHARINA BRAUN – é professora de neurobiologia da Universidade Otto von Guericke de Magdeburgo, Alemanha. JÖRG BOCK é neurocientista, pesquisador na mesma universidade.

 

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